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1.1. Introdução .......................................................................................................................................... 6
1.2. Manifestações clínicas:...................................................................................................................... 6
1.3. Exame físico na doença cardiovascular: ........................................................................................... 6
1.4. Exames complementares de diagnóstico ......................................................................................... 7
1.5. Doenças mais comuns .................................................................................................................... 11
1.5.1. Valvulopatias ............................................................................................................................ 11
A. Doença da válvula aórtica ............................................................................................... 11
B. Doença da válvula mitral ................................................................................................. 13
C. Doença da válvula tricúspide ........................................................................................... 14
D. Doença da válvula pulmonar ........................................................................................... 16
1.5.2. Endocardite Infecciosa ............................................................................................................ 18
2. FISIOPATOLOGIAS MAIS COMUNS ..................................................................................................... 19
2.1. Angina de Peito ................................................................................................................................ 19
2.2. Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) ................................................................................................. 21
2.3. Insuficiência Cardíaca (IC) .............................................................................................................. 23
3. CHOQUE ................................................................................................................................................. 25
3.1. Definição e Fisiopatologia................................................................................................................ 25
3.2. Classificação Etiológica do Choque ................................................................................................ 26
3.2.1. Choque Hipovolémico .............................................................................................................. 26
3.2.2. Choque Cardiogénico .............................................................................................................. 27
3.2.3. Choque Obstrutivo ................................................................................................................... 27
3.2.4. Choque Distributivo.................................................................................................................. 27
3.3. Quadro Clínico ................................................................................................................................. 28
3.3.1. Sinais de CHOQUE: ................................................................................................................ 28
3.4. Abordagem Terapêutica Geral (para os 4 tipos de Choque) .......................................................... 29
4. HIPERTENSÃO ARTERIAL (HTA).......................................................................................................... 30
4.1. Definição .......................................................................................................................................... 30
4.2. Causas Identificáveis de HTA ......................................................................................................... 30
4.3. Classificação (OMS e JNC VII) ....................................................................................................... 31
4.4. Exames Complementares ............................................................................................................... 31
4.5. Técnicas de Medição da PA ............................................................................................................ 31
4.6. Tensão arterial e gravidez ............................................................................................................... 32
4.7. HTA Resistente ou Refractária ........................................................................................................ 32
4.8. Protocolo para seguimento de doentes com HTA .......................................................................... 32
4.9. HTA no Diabético (TA ≥130/80 mmHg)........................................................................................... 33
4.10. Dados Epidemiológicos ................................................................................................................... 34
4.11. Modificação dos Estilos de Vida ...................................................................................................... 34
4.12. Combater os Factores de Risco ...................................................................................................... 34
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5. INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À PESSOA ADULTA E IDOSA COM
ALTERAÇÕES DE SAÚDE NO SISTEMA CARDIOVASCULAR .................................................................. 34
5.1. Patologia Vascular ........................................................................................................................... 34
5.2. Situação actual das doenças do aparelho circulatório.................................................................... 34
5.3. Intervenções necessárias e objectivos estratégicos ....................................................................... 35
5.4. História clínica em enfermagem ...................................................................................................... 35
5.4.1. Anamnese ................................................................................................................................ 35
5.4.2. Avaliação física ........................................................................................................................ 36
5.4.3. História nutricinonal ................................................................................................................. 36
5.4.4. História farmacológica ............................................................................................................. 36
5.4.5. Grupos de risco – idosos ......................................................................................................... 36
5.5. Estrutura e Função do Sistema Cardiovascular.............................................................................. 37
5.5.1. Artérias Coronárias .................................................................................................................. 37
5.5.2. Propriedades Electrofisiológicas do Coração ......................................................................... 38
5.5.3. Hemodinâmica cardíaca .......................................................................................................... 38
5.6. Meios auxiliares de diagnóstico mais comuns em cardiologia ....................................................... 38
6. PATOLOGIA CARDÍACA - DOENÇA ATEROSCLERÓTICA DAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS (DAC) 40
6.1. Consequências: ............................................................................................................................... 40
6.2. Dados epidemiológicos .................................................................................................................... 40
6.3. Factores de risco ............................................................................................................................. 40
6.4. Manifestações clínicas ..................................................................................................................... 41
6.5. Angina de peito ................................................................................................................................ 41
6.5.1. Classificação da Angina de Peito: ........................................................................................... 41
6.5.2. Diagnóstico: ............................................................................................................................. 41
6.5.3. Cateterismo Esquerdo - Angiografia das Coronárias ............................................................. 42
6.5.4. Planeamento de intervenções em enfermagem ..................................................................... 42
7. ENFERMAGEM CARDIOVASCULAR - Prof Arminda Vieira ................................................................. 43
7.1. Enfarte agudo do miocárdio (EAM) ................................................................................................. 43
7.1.1. Classificação dos enfartes ....................................................................................................... 45
7.1.2. Principais complicações do eam ............................................................................................. 50
7.1.3. Prognóstico .............................................................................................................................. 50
7.1.4. TRATAMENTO - Reabilitação do indivíduo ............................................................................ 51
7.1.5. Protocolos de intervenção no EAM (1 as 12h - importante) ...................................................... 51
7.1.6. Prevenção de complicações: ................................................................................................... 53
7.1.7. Protocolo de reabilitação em internamento – preparação para a alta .................................... 54
7.1.8. EPS – preparação para a alta para o domicílio ...................................................................... 55
7.1.9. Áreas de atenção relevantes para enfermagem ..................................................................... 56
7.1.10. Cirurgia de Bypass Coronário ................................................................................................. 57
7.1.11. Cuidados de enfermagem ao doente com EAM - metodologia da cipe ................................. 58
7.1.12. Intervenções de Enfermagem ................................................................................................. 58
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7.2. Insuficiência cardíaca (ic) ................................................................................................................ 59
7.2.1. Conceito: .................................................................................................................................. 59
7.2.2. Fisiopatologia: .......................................................................................................................... 59
7.2.3. Epidemiologia: ......................................................................................................................... 60
7.2.4. Etiologia: .................................................................................................................................. 61
7.2.5. Exames complementares de diagnóstico ............................................................................... 61
7.2.6. Classificação da ic ................................................................................................................... 62
7.2.7. Mecanismos compensatórios .................................................................................................. 63
7.2.8. Manifestações clínicas ............................................................................................................. 64
7.2.9. Tratamento ............................................................................................................................... 65
7.2.10. Intervenções de enfermagem ao doente com insuficiência cardíaca .................................... 66
8. PATOLOGIA VASCULAR PERIFÉRICA................................................................................................. 69
8.1. Factores condicionantes da circulação ........................................................................................... 69
8.1.1. Factores de Risco .................................................................................................................... 69
8.2. Epidemiologia................................................................................................................................... 70
8.3. Patologia arterial – bloqueio arterial agudo ..................................................................................... 70
8.3.1. Diagnóstico: ............................................................................................................................. 70
8.4. Classificação dos distúrbios arteriais .............................................................................................. 70
8.4.1. Arteriosclerose obliterante ....................................................................................................... 70
8.4.2. Tromboangeíte obliterante....................................................................................................... 71
8.4.3. Fenómeno ou doença de Raynaud ......................................................................................... 72
8.4.4. Embolia arterial (aguda) .......................................................................................................... 73
8.5. Tipos de cirurgia vascular ................................................................................................................ 73
8.6. Avaliação Pré-Operatória - Cirurgia Vascular ................................................................................. 74
8.7. Intervenções de Enfermagem no Pré- Operatório da CV ............................................................... 74
8.8. Intervenções Enfermagem no pós- Operatório ............................................................................... 75
8.9. Cirurgia vascular – amputação ........................................................................................................ 75
8.9.1. Indicação da amputação.......................................................................................................... 75
8.9.2. Complicações da amputação .................................................................................................. 76
8.9.3. Características do coto para a prótese: .................................................................................. 76
8.9.4. Critérios a considerar na moldagem do coto da prótese ........................................................ 76
8.9.5. Focos de enfermagem na pessoa amputada .......................................................................... 76
8.9.6. Intervenções de Enfermagem face à pessoa amputada ........................................................ 77
a) Objectivos: ....................................................................................................................... 77
b) Pré-operatório: ................................................................................................................. 77
c) Pós-operatorio: objectivos ............................................................................................... 77
d) Pós-operatório preparação da alta .................................................................................. 78
8.10. Distúrbios venosos........................................................................................................................... 78
8.10.1. Tipos de distúrbios venosos: ................................................................................................... 78
8.10.2. Tromboflebite ........................................................................................................................... 78
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a) Etiologia: .......................................................................................................................... 79
b) Manifestações clínicas:.................................................................................................... 79
c) Tratamento: ...................................................................................................................... 79
8.10.3. Veias varicosas ........................................................................................................................ 79
a) Manifestações clínicas ..................................................................................................... 79
b) Tratamento: ...................................................................................................................... 80
c) Intervenções de Enfermagem: Promoção do autocuidado............................................. 80
d) Intervenções de enfermagem pré-operatório .................................................................. 80
e) Intervenções de enfermagem pós-operatório: ................................................................ 80
8.10.4. Úlceras venosas ...................................................................................................................... 80
a) Etiologia: .......................................................................................................................... 81
b) Sintomatologia: ................................................................................................................ 81
c) Tratamento: ...................................................................................................................... 81
8.11. Distúrbios do sistema linfático ......................................................................................................... 82
8.11.1. Linfangite .................................................................................................................................. 82
8.11.2. Linfedema ................................................................................................................................ 82
8.11.3. Elefantíase ............................................................................................................................... 82
9. HIPOCOAGULAÇÃO ............................................................................................................................... 83
9.1. Sistema de hemostase .................................................................................................................... 83
9.2. Fases do Processo de Coagulação ................................................................................................ 83
9.3. Hipocoagulação – objectivo:............................................................................................................ 83
9.4. Fármacos Hipocoagulantes ............................................................................................................. 83
9.5. Tratamento ....................................................................................................................................... 83
9.6. Efeitos adversos ao tratamento ....................................................................................................... 84
9.7. Contra-indicações aos tratamentos:................................................................................................ 84
a) Absolutas ................................................................................................................................................. 84
b) Relativas .................................................................................................................................................. 85
9.8. Intervenção de enfermagem ............................................................................................................ 85
10. O DOENTE DO FORO CIRÚRGICO – Prof. Salete Calvinho ................................................................ 85
10.1. Cirurgia: ............................................................................................................................................ 85
10.2. Avanços Tecnológicos: .................................................................................................................... 86
10.3. Objectivos da cirurgia: ..................................................................................................................... 86
10.4. Classificação da cirurgia quanto a: ................................................................................................. 87
10.4.1. Tipos de Cirurgia: ..................................................................................................................... 87
10.4.2. Localização: ............................................................................................................................. 87
10.4.3. Extensão ou Âmbito: ................................................................................................................ 87
10.4.4. Finalidade ou Propósito: .......................................................................................................... 87
10.5. Nomes dos procedimentos cirúrgicos: ............................................................................................ 88
10.6. Existem vários factores que afectam o doente cirúrgico e a própria cirurgia: ................................ 88
10.7. Efeitos no paciente: ......................................................................................................................... 89
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11. PRÉ-OPERATÓRIO: ............................................................................................................................... 90
11.1. Aspectos legais (respeitar os direitos do doente) ........................................................................... 90
11.2. Avaliação do doente ........................................................................................................................ 91
11.2.1. Conhecimento do doente (altura do internamento): ............................................................... 91
11.2.2. Situação Psicológica ................................................................................................................ 91
11.2.3. Factores de Risco .................................................................................................................... 92
11.3. Preparação pré-operatória:.............................................................................................................. 93
12. ENFERMEIRO NO BLOCO OPERATÓRIO (INTRA-OPERATÓRIO) ................................................... 99
12.1. Estrutura ........................................................................................................................................... 99
12.1.1. Salas Operatórias (SO) ......................................................................................................... 100
12.1.2. Mobiliário da Sala Operatória ................................................................................................ 101
12.1.3. Organização do Pessoal........................................................................................................ 101
12.1.4. Vestuário no Bloco Operatório .............................................................................................. 102
12.2. Algumas regras básicas de assepsia cirúrgica ............................................................................. 103
12.3. Função do enfermeiro peri-operatório ........................................................................................... 104
12.4. Medicação pré-anestésica ............................................................................................................. 107
12.5. Medicação prescrita: ...................................................................................................................... 108
12.6. Escolha da anestesia ..................................................................................................................... 108
12.6.1. Tipos de Anestesia ................................................................................................................ 109
12.7. Instrumental ................................................................................................................................... 112
12.8. Sutura ............................................................................................................................................. 113
13. PÓS-OPERATÓRIO: ............................................................................................................................. 114
13.1. Objectivo das intervenções de enfermagem: ................................................................................ 114
13.2. Competências do enfermeiro no pós-operatório: .......................................................................... 114
13.3. Avaliação do doente no bloco operatório ...................................................................................... 115
13.4. Avaliação inicial ............................................................................................................................. 115
13.5. Intervenções de enfermagem ........................................................................................................ 118
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1. CARDIOLOGIA
1.1. Introdução
Exame físico do doente com cardiopatia não se limita às áreas do corpo em que as manifestações de
doença cardíaca são mais observadas.
Em geral, o exame do doente começa no crânio e prossegue até aos membros inferiores.
Exame físico compreende a inspecção, a palpação, a percussão e a auscultação.
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1.4. Exames complementares de diagnóstico
Electrocardiografia (12 derivações) utiliza vários locais dos eléctrodos para medir as diferenças de
potencial – despolarização e repolarização – entre uma série de pontos na superfície corporal,
representando a actividade eléctrica das aurículas e dos ventrículos)
Radiografia do tórax (determinação das dimensões gerais e configuração do coração e calcificação
no músculo, válvulas e grandes vasos cardíacos)
ECG com prova de esforço
Exames laboratoriais (estudo enzimático) – creatinina quinase, troponina I e desidrogenase láctica;
contagem sanguínea completa; estudo da coagulação sanguínea; determinação da uremia e
lipidemia; indicadores da função renal)
Ecocardiografia/Doppler
TAC/RM
Cateterismo cardíaco
Angiografia
...
Legenda:
AD AE
1. Válvula Aórtica 3 4 1 2
3. Válvula Pulmonar
4. Válvula Tricúspide
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1.5. Doenças mais comuns
1.5.1. Valvulopatias
As válvulas são responsáveis por promoverem a passagem unidireccional do sangue através do
coração.
A estenose valvular cardíaca é o aperto do lúmen da válvula, o que impede que o sangue passe
através da válvula.
A insuficiência valvular envolve o encerramento incompleto da válvula, o que leva a regurgitação
ou refluxo retrógrado do sangue pela válvula.
Manifestações clínicas:
Angina de peito (50 a 70% dos casos) ou Anger Pectoris
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Síncope (perda da consciência súbita e imediata devido à estase do fluxo sanguíneo e à
incapacidade do ventrículo esquerdo de satisfazer as necessidades, em mudança, no organismo))
Insuficiência cardíaca
Morte súbita (3 a 5% dos casos)
Achados físicos:
Pulso carotídeo fraco e com atraso
Sopro cardíaco (mau funcionamento da válvula)
Hipertrofia do ventrículo esquerdo
Diagnóstico:
História clínica e exame físico
ECG
Rx do tórax
Ecocardiografia/Doppler
Cateterismo cardíaco
Terapêutica:
Médica (profilaxia da endocardite infecciosa)
Cirúrgica (valvuloplastia vs. prótese valvular)
b) Regurgitação aórtica
É um fluxo de sangue de aorta para o ventrículo esquerdo, que ocorre durante a diástole, devido a
incompetência da válvula aórtica.
Manifestações clínicas:
Dispneia de esforço
Ortopneia
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Dispneia paroxística nocturna (acorda sistematicamente com súbita falta de ar)
Achados físicos:
Hipertrofia do ventrículo esquerdo
Cerca de 60% dos doentes com doença reumática da válvula mitral, não apresenta história de
febre reumática.
A cardite reumática aguda é uma pancardite, porque envolve o pericárdio, o miocárdio e o
endocárdio.
Habitualmente, existe um longo intervalo (10 a 20 anos) entre um episódio de febre reumática e
a apresentação clínica da estenose mitral sintomática.
Na estenose mitral, os folhetos da mitral ficam espessados e fibróticos por formação de tecido
necrosado e calcificado. À medida que se tornam rígidos e unidos, o lúmen da válvula estreita-
se progressivamente e torna-se imóvel.
Manifestações clínicas:
Dispneia de esforço
Ortopneia
Dispneia paroxística nocturna
Palpitações
Achados físicos:
Hipertrofia da aurícula esquerda
Sopro cardíaco
Com a estenose mitral progressiva, as pressões da aurícula esquerda aumentam em resultado do
esvaziamento incompleto da aurícula esquerda. Uma pressão auricular esquerda, permanentemente
elevada, obriga o miocárdio a compensar isso com a dilatação da aurícula esquerda e hipertrofia.
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Diagnóstico:
História clínica e exame físico
ECG
Ecocardiografia
Cateterismo cardíaco
Terapêutica:
Médica (profilaxia da endocardite infecciosa e contra a recorrência da febre reumática)
Cirúrgica (valvuloplastia vs. prótese valvular)
b) Regurgitação Mitral:
É caracterizada por uma inversão anormal do fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a
aurícula esquerda, devido a anomalias do aparelho mitral.
Ocorre quando a válvula mitral não fecha completamente durante a sístole ventricular, pelo que
algum sangue retorna à aurícula esquerda.
Achados físicos:
Hipertrofia do ventrículo esquerdo
Hipertrofia da aurícula esquerda
Sopro cardíaco
Na regurgitação mitral, uma quantidade variável de sangue, vindo do ventrículo esquerdo, é enviado
para trás pela válvula mitral até à aurícula esquerda. Esse refluxo de sangue faz com que tanto a aurícula
esquerda como o ventrículo esquerdo se dilatem e fiquem hipertrofiados. Também as pressões venosa e
arterial pulmonares sobem e provocam insuficiência cardíaca do lado direito. À medida que o ventrículo
sofre hipertrofia, fica disfuncional e o débito cardíaco diminui.
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a) Estenose tricúspide
É provocada pela obstrução do fluxo diastólico através da válvula, durante o enchimento do
ventrículo direito.
Corresponde a uma limitação no orifício da válvula tricúspide, que impede a passagem do sangue
da aurícula direita até ao ventrículo direito, durante a diástole ventricular direita.
A estenose tricúspide está habitualmente associada à estenose mitral ou da vávula aórtica concomitante.
Manifestações clínicas:
Dispneia
Fadiga
Pulsações nas veias do pescoço
Achados físicos:
Hipertrofia da aurícula direita
Sopro cardíaco
A estenose da tricúspide faz aumentar a pressão na aurícula direita, que provoca o aumento de volume
da aurícula e hipertrofia.
b) Regurgitação tricúspide
Ocorre quando a válvula tricúspide permite a entrada de sangue na aurícula direita, durante a
contracção ventricular direita.
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Achados físicos:
Hipertrofia do ventrículo direito
Hipertrofia da aurícula direita
Sopro cardíaco
O fluxo sanguíneo de retorno à aurícula direita, durante a sístole, serve para aumentar a carga do
ventrículo direito. Por isso, na regurgitação da tricúspide estão presentes dilatação do ventrículo direito,
hipertrofia e falência.
Manifestações clínicas:
Dispneias
Palpitações
Síncope
Achados físicos:
Hipertrofia do ventrículo direito
Hipertensão pulmonar
Sopro cardíaco
b) Regurgitação mitral
Ocorre habitualmente, na sequência de uma cirurgia cardíaca prévia, numa lesão congénita da
válvula pulmonar. Envolve uma válvula pulmonar incompetente que permite que o sangue retorne ao
ventrículo direito durante a diástole.
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Manifestações clínicas (formas graves):
Polipneia
Fadiga
Síncope
Achados físicos:
Hipertrofia do ventrículo direito
Hipertensão pulmonar
Sopro cardíaco
É uma doença causada pela infecção microbiana do revestimento endotelial do coração. A lesão
característica é uma vegetação (pequeno agregado de plaquetas juntamente com fibrina) que se
desenvolve habitualmente numa válvula cardíaca.
Uma válvula cardíaca com lesão ou um defeito no septo ventricular provocam turbulência no fluxo
sanguíneo, o que vai permitir eu as bactérias se instalem no lado da baixa pressão da válvula ou na zona
do defeito. Os microrganismos rodeiam e fixam-se na válvula cardíaca, resultando excrecências
vegetativas que podem necrosar e perfurar os folhetos. Se essas excrecências se libertarem das válvulas
e entrarem no fluxo sanguíneo, podem ocorrer êmbolos, que se entrarem em órgãos, como o baço e os
rins, podem formar abcessos.
A infecção pode ser aguda ou subaguda (crónica), dependendo da susceptibilidade do hospedeiro,
do abuso de drogas endovenosas e da virulência do microorganismo.
A endocardite infecciosa ocorre na maioria das vezes, em doentes submetidos a cirurgia cardíaca
(valvuloplastias/substituição de válvulas), nos consumidores de drogas por via endovenosa e nos doentes
submetidos a tratamento endovenoso prolongado.
A prevalência é maior nos homens (2:1). A idade média de aparecimento da doença é cerca dos 50
anos.
Os principais agentes patogénicos responsáveis pela doença são:
Estreptococos (S. viridans ou hemolíticos)
Estafilococos (S. aureus e o S. epidermidis)
Fungos (Candida albicans)
Manifestações clínicas:
Febre (geralmente baixa, embora se houver infecção por S. aureus, possa ocorrer febre elevada)
Anemia
Sopro cardíaco
Arrepios
Suores nocturnos
Cefaleias
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Mialgias
Artralgias
Fadiga
Esplenomegalia
Dedos em baqueta de tambor
Diagnóstico:
História clínica e exame físico
ECG
Rx do tórax
Hemocultura (90 a 95% dos casos) (identificação do mecanismo infeccioso e decisão da
necessidade, ou não, de antibioterapia)
Ecocardiografia (comprovação de vegetação valvular)
Cateterismo cardíaco
Prevenção:
Profilaxia antibiótica antes de procedimentos dentários (extracções ou tratamentos de cáries) ou
instrumentação genito-urinária.
Programas sociais e educacionais no âmbito da prevenção da toxicodependência
Terapêutica:
Médica (penicilina)
Cirúrgica
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Manifestações clínicas:
Febre
Anemia
Sopro cardíaco
Arrepios
Suores nocturnos
Cefaleias
Mialgias
Artralgias
Fadiga
Esplenomegalia
Dedos em baqueta de tambor
Diagnóstico :
História clínica e exame físico
ECG
Rx Tórax
Hemocultura (90 a 95% dos casos)
Ecocardiografia
Cateterismo cardíaco
Prevenção :
Profilaxia antibiótica antes de procedimentos dentários (extracções ou tratamentos de cáries) ou
instrumentação genito-urinária.
Programas sociais e educacionais no âmbito da prevenção da toxicodependência.
Terapêutica :
Médica
Cirúrgica
Adriana Neves
Geralmente, é precipitada ou agravada pela actividade física, pelas emoções, pelas refeições ou
pelo frio.
NOTA: Os doentes queixam-se de aperto no peito, dor irradiada que começa no peito e vai até ao
braço, por exemplo. No entanto, o AVC e a angina, apesar de as queixas serem semelhantes, estes
acontecimentos são diferentes.
Tipicamente, o desconforto da angina pectoris é aliviado em poucos minutos, com o repouso ou
com a nitroglicerina sublingual. A dor geralmente, dura entre 10 a 15 minutos (muito raramente pode durar
até 30 minutos).
NOTA: A dor no AVC é + prolongada em termos de tempo.
A angina é classificada como estável, quando as suas características se mantêm inalteradas nos
60 dias anteriores. A presença de angina instável é predictiva de um maior risco, a curto prazo, de um
evento coronário agudo.
A angina estável é a 1ª manifestação de cardiopatia isquémica (angina de peito e EAM) em cerca
de 50% dos doentes.
a) Etiologia
Aterosclerose das coronárias (causa básica por excesso de gordura alimentar)
Anomalias congénitas das artérias coronárias
Espasmo das artérias coronárias
Tromboembolismo coronário
Vasculite coronária
Estenose aórtica
Miocardiopatia hipertrófica (aumento da espessura)
b) Fisiopatologia
A causa básica da angina pectoris consiste no desequilíbrio entre o aporte do fluxo sanguíneo
coronário (levar O2) e as necessidades metabólicas do miocárdio (em termos de O 2). Isto deve-se à
alteração do lúmen da artéria, pelo seu estreitamento, graças à deposição de placas ateroscleróticas. Este
desequilíbrio pode originar manifestações clínicas de isquemia quando as necessidades miocárdicas
excedem a capacidade das artérias coronárias fornecerem uma quantidade adequada de oxigénio.
c) Testes Diagnósticos
História Clínica é fundamental (ouvir o doente)
ECG de 12 derivações e RX Tórax
ECG em prova de esforço (pode não existir quantidade de sange necessário para o esforço físico)
Ecocardiografia
Cintigrafia de perfusão miocárdica
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Angiografia coronária
d) Tratamento
Medidas gerais (avaliação de eventuais factores de risco que podem estar presentes e têm que
ser alterados/corrigidos – lipidemias, diabetes, HTA, sedentarismo)
Agentes anti-plaquetares (Aspirina de 100 mg – apresenta um custo-benefício óptimo, de modo ao
evitar a agregação das plaquetas e, consequentemente, a abstrução)
Agentes hipolipemiantes (Estatinas) Reduzem a frequência cardíaca
Nitratos (Nitroglicerina sublingual) e a contractilidade do miocárdio,
diminuindo as necessidades do
Bloqueadores beta miocárdio em termos de O2
Antagonistas dos canais de cálcio
Inibidores da enzima de conversão da AT1(IECA)
Revascularização miocárdica (cirurgia)
a) Definição:
O EAM consiste no desenvolvimento agudo ou súbito de uma área localizada ou circunscrita de
necrose miocárdica devida a isquemia grave (devido a um coágulo), secundária a um fluxo sanguíneo ou a
uma oxigenação inadequados.
b) Fisiopatologia
O EAM é um processo no qual um segmento do miocárdio se encontra em progressão de isquemia
para necrose efectiva e que geralmente decorre de oclusão de uma artéria coronária. A trombose
coronária é a causa da oclusão do vaso na grande maioria dos casos de EAM. A trombose ocorre devido a
alterações da íntima do endotélio da artéria, geralmente devidas a uma lesão aterosclerótica.
Os trombos geralmente formam-se no local onde uma placa aterosclerótica pré-existente rompe e
expõe o seu conteúdo (fibras de colagénio) em contacto com plaquetas, sendo o resultado final a
agregação plaquetária e a formação do coágulo.
O dano irreversível com morte celular, inicia-se cerca de 30 minutos após a oclusão da artéria
coronária.
NOTA: Na angina de peito não existe progressão nem oclusão por esta placa aterosclerótica, pois
não há rotura da placa pré-existente. Há apenas estreitamento e isquemia.
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Adriana Neves
História familiar de patologia cardíaca (+ risco)
Idade (quanto + avançada, + risco)
Sexo masculino
Tabagismo
Diabetes Mellitus
HTA
Sedentarismo
Obesidade
d) Sintomas
Sintomas atípicos ou ausência de sintomas ocorrem em cerca de 25% dos casos de EAM
(principalmente idosos e diabéticos, devido a alterações na percepção sensorial).
NOTA: A Angina de Peito = EAM, na medida em que ambos são acompanhados por dor e
irradiação, e ainda acompanhados por outros sintomas. No entanto, a duração e a qualidade da dor são
diferentes.
e) Diagnóstico
História Clínica
Diagnóstico electrocardiográfico (ECG)
Inversão da onda T
Supradesnivelamento (elevação) do segmento ST
Ondas Q patológicas (posteriormente)
Bloqueio completo de ramo esquerdo (BCRE)
Enzimas cardíacas alteradas (marcadores bioquímicos muito específicos da lesão do musculo
cardíaco, que são libertadas (aumentam) quando o tecido estiver necrosado)
Creatinaquinase (CK)
+ precoces (1as 3 a 6 horas)
CK-MB (fracção da CK e específica do músculo cardíaco)
Mioglobina
Troponina I
+ tardias
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Adriana Neves
Troponina T
g) Cuidados Pré-hospitalares
Cerca de 50% das mortes por EAM ocorrem na 1ª hora, após o início dos sintomas e antes da
chegada ao hospital.
A maior parte destas mortes são atribuídas à fibrilhação ventricular (característico de paragem
respiratória – ritmo caótico incompatível com o ritmo cardíaco)
Para se obterem reduções mais significativas da mortalidade inicial, são necessários avanços nos
cuidados pré-hospitalares:
Acesso imediato ao 112
Pessoal treinado em desfibrilhação
Início da trombólise pré-hospitalar
i) Tratamento
Administração de O2
Analgésicos (Morfina por via EV)
Nitroglicerina (melhora a isquemia, mas não alivia a dor) – anti-isquémico
Aspirina (se não houver contra-indicações)
Bloqueadores beta-adrenérgicos
Trombólise (se não houver contra-indicações)
b) Fisiopatologia
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Adriana Neves
Quando a lesão do ventrículo esquerdo (VE) for ligeira, ocorrem reparação e adaptações
(remodelação) incluindo a hipertrofia e dilatação VE moderada. Consequentemente, o VE conseguirá
manter um desempenho adequado às necessidades metabólicas e, neste caso, não ocorrem sintomas
relacionados com a função de bombeamento (cansaço e dispneia de esforço).
Se a lesão VE for extensa, irá determinar um compromisso significativo da capacidade de ejecção
do VE (Insuficiência Cardíaca Sistólica). A pressão de enchimento VE aumenta, causando congestão
pulmonar e diminuindo ainda mais o débito cardíaco (Insuficiência Cardíaca Diastólica).
A insuficiência cardíaca diastólica ocorre quando a parede do VE está espessada, devido a
hipertensão ou miocardiopatia hipertrófica. A elevação marcada da pressão de enchimento VE em esforço,
origina dispneia e redução do débito cardíaco e consequentemente, fadiga e intolerância ao esforço.
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Adriana Neves
Resultantes do baixo débito, a jusante da câmara cardíaca comprometida (hipotensão, confusão
mental, isquemia intestinal, insuficiência renal e outros sintomas de perfusão tecidual deficiente) (IC
sistólica).
Resultantes de sobrecarga de volume de sangue, a montante, que inclui os sintomas congestivos
(edema pulmonar, dispneia paroxística nocturna, ortopneia, congestão hepática, ascite e edema periférico)
por acumulação de líquidos.
d) Tratamento
Na ICC aguda com Edema Pulmonar (há que actuar de forma rápida e recidiva):
Na ICC crónica:
Controlo dos factores de risco (HTA, Diabetes, Dislipidemias)
Restrições dietéticas (sal, gorduras…)
Diuréticos (Hidroclorotiazida 25 a 50 mg/dia)
Agentes inotrópicos (Digoxina 0,125 a 0,5 mg/dia)
Agentes vasodilatadores (Dinitrato de isossorbido)
Bloqueadores beta-adrenérgicos
Drogas anti-arrítmicos (Amiodarona)
3. CHOQUE
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DC = VE x FC
DC = Débito cardíaco
VE = Volume de ejecção ventricular
FC = Frequência cardíaca
A capacidade de ejecção sistólica do coração depende do volume de sangue circulante que chega
ao coração durante a diástole (preload ou pré-carga), da capacidade contráctil do miocárdio (capacidade
do coração de bombear o sangue em quantidades adequadas à satisfação das necessidades do
organismo em O2 e metabolismo) e da resistência encontrada à ejecção de sangue durante a sístole
(afterload ou pós-carga).
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O choque hipovolémico resulta de um inadequado volume de líquido no espaço intravascular. Esta
diminuição da volémia conduz a uma diminuição da perfusão de tecidos, dando início a uma resposta geral
de choque.
Pode dever-se a:
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O choque distributivo é provocado por dilatação maciça anormal dos vasos sanguíneos, resultando
numa desproporção entre o tamanho do espaço vascular e a quantidade de sangue circulante. À medida
que os vasos se dilatam, diminui a pressão arterial e o sangue faz estase nos vasos dilatados, o que faz
com que o retorno venoso ao coração e o DC diminua.
As principais causas para este tipo de choque são:
Taquicardia
Hipotensão (PAS < 60 mmHg)
Pulsos periféricos finos (normal 60-100)
Extremidades frias (causa palidez)
Sudação
Taquipneia
Oligúria (volume de urina excretada menor que as necessidades para a eliminação de
catabolitos)/Anúria (diminuição de urina durante um mínimo período de 24h)
Alteração
do estado de
consciência
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3.4. Abordagem Terapêutica Geral (para os 4 tipos de Choque)
Colocar o doente em decúbito dorsal
Manter a permeabilidade das vias aéreas
Oxigénio
Parar hemorragias
Acessos venosos (canalizar 2 veias com G14)
Fluidos EV (cristalóides – ex: soro fisiológico e glicosado - ou colóides)
Monitorização de parâmetros vitais
RESUMINDO:
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4. HIPERTENSÃO ARTERIAL (HTA)
4.1. Definição
Considera-se hipertenso, todo o indivíduo cujas tensões arteriais medidas pelo menos 3 vezes em
2 ocasiões diferentes, excedam sistematicamente o valor ≥ 140/90 mmHg (OMS)
Grupo B:
> 1 factor de risco (mas sem Diabetes Melitus (DM));
Sem lesão de órgãos-alvo;
Sem doença cardiovascular
Grupo C:
DM presente;
Com lesão de órgãos-alvo;
Com doença cardiovascular
NOTA: Atenção aos “hipertensos de bata branca”, através de MAPA (Monitorização Ambulatória da
Pressão Arterial)
NOTA: Os diabéticos apresentam risco elevado de enfarte.
Os hipertensos apresentam risco elevado de AVC.
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Fármacos diuréticos (pela diminuição de potássio como consequência do aumento de sódio)
5. Potássio sérico
6. Ácido úrico (Gota – depósitos de cristais nas articulações por excesso de consumo de proteínas)
7. Colesterol (total e HDL)
8. Triglicerídeos
9. Urina II
10. ECG (pode envolver o sistema cardiovascular)
11. Rx Pulmonar
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2. Não devem ser consumidas bebidas com cafeína ou utilizado tabaco, nos 30 min, que precedem a
medicação
3. O indivíduo deve manter-se na mesma postura, durante 3 a 5 minutos
4. O bordo inferior da braçadeira deve estar colocado cerca de 2cm acima da prega do cotovelo (fossa
ante-cubital)
5. O braço deve estar colocado num ângulo de cerca de 45º com o eixo do corpo, com o indivíduo
sentado e o antebraço deve assentar comodamente na mesa de observação
6. A TA sistólica corresponde ao valor em que se começam a ouvir os sons arteriais de Korotkoff
7. A TA diastólica corresponde ao desaparecimento total dos sons
NOTA: Nas 1 as semanas de gravidez a PA aumenta, sendo que a partir daí tende a baixar.
Quando a utilização correcta dos esquemas terapêuticos habitualmente eficazes, não condiciona a
redução dos níveis tensionais para os valores previamente definidos como desejáveis
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PA Normal Alta ou Pré-HTA: em regra não há necessidade de tratamento farmacológico (anti-
hipertensivo)
Controlo Semestral
Fase 3 – De controlo
Controlo de 6 em 6 meses
Anualmente
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4.10. Dados Epidemiológicos
A HTA é o factor de risco mais importante de doença cérebro e carduovascular.
A prevalência da HTA na população em geral, é elevada (1 em cada 4 adultos é hipertenso)
Só cerca de 10% dos hipertensos estarão controlados
34
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Perfil lipídico da população em risco (cerca 68,5% apresenta risco moderado para doença
cardiovascular);
As doenças cerebrovasculares e a doença isquémica cardíaca são as principais causas de
morbilidade, morte e invalidez em Portugal;
Deficiente coordenação e cobertura pelas intervenções necessárias
Défices na transplantação cardíaca
5.4.1. Anamnese
Identificação da pessoa;
Acolhimento da pessoa e família;
Queixa principal ou problema actual;
História da doença actual;
História anterior;
História familiar;
História pessoal e social;
Percepção do estado de saúde;
Padrões de funcionamento dos sistemas orgânicos
Observação atenta do aspecto físico;
Questionar sobre sintomas Cárdio-Vasculares (CV): Dor (características), factores precipitantes,
sintomas que acompanham o episódio dor;
Identificar perfil sociocultural do indivíduo: Nível cultural e de informação; Hábitos de vida e de
consumo;Tipo de ocupação; Recursos económicos; sistemas de apoio;
Avaliar factores de risco associados: Sexo, idade, HTA, DM,
Obesidade, Padrão de sono/ repouso;
Avaliar - história familiar: DC, EAM, HTA, AVC, DM, Dislipidémias.
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Adriana Neves
5.4.2. Avaliação física
Aparência Geral;
Temperatura corporal;
Pulsos arteriais periféricos;
Circulação vascular periférica;
Presença edemas
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5.5. Estrutura e Função do Sistema Cardiovascular
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Adriana Neves
Artéria Coronária Direita (ACD)- irriga: Aurícula direita; ventrículo direito;1/3 inferior do septo
interventricular; nó sinoauricular e auriculo-ventricular.
Artéria Coronária Esquerda (ACE) – divide-se em dois ramos:
Artéria interventricular anterior - irriga: VE; AE; 2/3 antero- superiores do septo interventricular
Artéria Circunflexa- irriga: face posterior do VE
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Adriana Neves
Estudo do sangue- Hemograma completo, estudo da coagulação, VS, fórmula leucocitária,
componente lipídica, hemoculturas e os estudos enzimáticos: troponima I, creatina quinase (CK,
MB), desidrogenase lática (LDH1).
Estudo da função renal - proteínas séricas, eritrocitos, mioglobinúria
Procedimentos não invasivos:
Exames Radiológicos
Radiografia simples do tórax (póstero- anterior e lateral) – permite determinar a
configuração e as dimensões das câmaras cardíacas;
Fluorscopia Cardíaca – permite observar o coração em várias posições em movimento.
Provas Especiais
Electrocardiograma (ECG)- É a representação gráfica da actividade eléctrica cardíaca. O
ECG padrão é o de 12 derivações
Monitorização com Holter- É utilizado par obter, um traçado gráfico contínuo ( 24h) de um
ECG, durante as AVD do indivíduo.
Prova de Esforço (ECG durante exercício) - é realizada para avaliar a resposta cardíaca a
uma sobrecarga gradual. Pode ser combinada com o ecocardiograma, permite maior
informação sobre a dinâmica cardíaca.
Estudos com ultra sons
Ecocardiografia - utiliza os ultra-sons para avaliar a estrutura e a mobilidade cardíaca. É
considerado muito útil no diagnóstico de diversas patologias cardíacas como seja: derrame
pericárdico; avaliar o Vol. Sistólico e o Débito Cardíaco, alterações valvulares, etc.
Geralmente o doente está em decúbito dorsal com a cabeça elevada cerca de 15 a 20º.
Pode ser realizado directamente sobre o tórax, fazendo deslizar a sonda impregnada de gel,
ou por via esofágica (Eco - transesofágica). Esta técnica permite visualizar com mais
precisão as imagens das estruturas cardíacas e dos vasos mais importantes
Fonocardiografia – permite captar e ampliar sons cardíacos registados em gráfico. Deste
modo, pode-se avaliar as alterações da pressão ao nível do coração e dos grandes vasos.
Procedimentos invasivos:
Cateterismo cardíaco (Dtº e Esqdº)-permite estudar com precisão todas as estruturas internas do
coração ( câmaras, válvulas e artérias). Indicação – Determinação / confirmação da doença
Avaliação pré- operatória (cirg. Cardíaca)
Avaliação da função ventricular, após revascularização cirúrgica
O acesso é venoso, para o estudo do coração direito, e arterial, no caso do coração esquerdo. É um
procedimento invasivo que requer preparação e cuidados de enfermagem especiais ( tema a retomar na
patologia cardíaca).
Estudo electrofisiológico cardíaco – trata- se da colocação de eléctrodos dentro do coração para
registo da actividade eléctrica intra-cardíaca O acesso é feito através da veia femoral, braquial e
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Adriana Neves
basílica. É um procedimento invasivo que requer preparação e cuidados de enfermagem especiais
(tema a retomar na patologia cardíaca).
6.1. Consequências:
NIVEL CEREBRAL – Trombose cerebral
NIVEL INTESTINAL – Trombose do mesentério
NIVEL MEMBROS – Claudicação Intermitente
NIVEL RENAL – trombose das artérias renais
NIVEL da AORTA - aneurismas
NIVEL CARDÍACO – EAM
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Adriana Neves
Obesidade
Stress psicológico
6.5.2. Diagnóstico:
Avaliação objectiva do doente
Estudo analítico ECG
Prova de Esforço
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Adriana Neves
Cateterismo cardíaco esquerdo (Angiografia selectiva das coronária)
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Adriana Neves
dieta
repouso
Identificar o padrão de dor
Monitorizar regularmente, P, TA
Gerir as actividades diárias
a) Conceito:
O termo Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM), “Ataque Cardíaco” ou “Oclusão Coronária”, são termos
utilizados para descrever o bloqueio súbito de uma artéria coronária (AC) ou ramo arterial
(principal/secundário), que vai comprometer as funções cardíacas e hemodinâmicas.
O EAM é um processo pelo qual o tecido do miocárdio é destruído em zonas desprovidas de fluxo
sanguíneo suficiente, em virtude da redução do fluxo sanguíneo coronário. A causa dessa diminuição no
fluxo coronário é o estreitamento súbito de uma artéria coronária pela aterosclerose ou pela obstrução total
por êmbolo ou trombo. Após o enfarte verifica-se uma área de morte celular no músculo cardíaco
resultante da isquemia e anóxia, por oclusão completa e prolongada e/ou por espasmo de uma artéria
coronária
NOTA: As artérias podem encontrar-se bloqueadas devido ao lúmen obstruído, ao estádio persistente que
não permite a circulação ou a placa obstrutora do fluxo sanguíneo.
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Adriana Neves
b) Epidemiologia:
O EAM é considerado uma doença civilizacional, sendo um dos diagnósticos + comuns nos países
industrializados.
Abrange e tem uma incidência maior em adultos jovens e aparentemente saudáveis.
Tem uma mortalidade global de cerca de 50% aos 28 dias. Cerca de metade dessas mortes ocorre
nas primeiras 2 horas após início dos sintomas.
Em Portugal a maioria falece, na comunidade, sem assistência médica, ou a caminho do hospital,
(cerca de 2/3).
Em média levam 3 horas a procurar os cuidados de saúde. Mesmo no hospital há um tempo
considerável que medeia a chegada e o início do tratamento; sendo que o tempo na intervenção faz toda a
diferença.
Os factores de risco geralmente apontados não são a sua causa directa, antes um processo
aterosclerótico que se inicia lentamente e insidiosamente (os factores de risco são os mesmos que para a
DAC, o EAM é o ponto final da DAC).
A maioria dos casos ocorre, quando a deposição de cálcio ou as placas de ateroma fissuram ou
ulceram e quando condições favorecem a activação da trombogénese e um trombo formado oclue a
artéria.
Cerca de 20% não experimentam dor torácica, isto é, são “enfartes surdos” (acontecimentos
patológicos que surgem sem manifestações clínicas).
c) Etiologia:
Aterosclerose (provoca uma diminuição do lúmen dos vasos e redução do fluxo sanguíneo, com
consequente diminuição do aporte de oxigénio ao miocárdio)
Lesões congénitas ou adquiridas;
Embolia pulmonar;
Baixo débito coronário com alterações de condutividade cardíaca (bradicardias e diminuição do
volume sistólico final podem levar a deposição de placas ateromastosas)
d) Fisiopatologia:
e implicações a nível
da ejecção cardíaca
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Adriana Neves
e diminuição da glicose
A lesão aguda evolui ao longo de várias horas. O EAM não é imediatamente total e completo; a
lesão isquémica evolui ao longo de várias horas, até uma necrose completa e enfarte.
A reabilitação da área enfartada, depende da AC atingida, do tempo de isquémia, área afectada, da
existência de circulação colateral e da intervenção médica precoce.
A tríade clássica de EAM é: a “isquémia”, “lesão” e “enfarte”; mas cada uma pode ocorrer
separadamente.
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Adriana Neves
específicas/localizadas. Dividem-se em sub-endocárdicos (se envolvem o endocárdio e o miocárdio) e
sub-epicárdicos (quando envolvem o miocárdio e o epicárdio). Como a necessidade de oxigénio do
endocárdio é superior à do epicárdio, os sub-endocárdicos são os +. Num enfarte sub-endocárdico não se
observam, geralmente, ondas Q anormais (ondas Q patológicas).
a) Localização
A localização e extensão de um EAM depende de:
Local e gravidade do estreitamento da artéria coronária;
Presença, localização e gravidade do espasmo da artéria coronária
Dimensão do leito vascular perfundido pelos vasos afectados
Extensão dos vasos colaterais
Necessidade de oxigénio do miocárdio pouco perfundido
Zona Isquémica: aporte sanguíneo reduzido. É constituída por células viáveis. Pode não existir
enfarte.
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Adriana Neves
No ECG verifica-se inversão da ONDA T (isquémia subepicárdia)
Onda Q patológica persistente (permanece sempre abaixo do considerado normal, pois traduz a área de
necrose do coração e diminuição da continuidade cardíaca)
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Adriana Neves
c) Diagnóstico
Quadro clínico (colheita de dados);
Alterações do traçado do ECG
Alterações naliticas/enzimáticas
Semiologia Clínica
DOR > a 30mm - pré-cordial, subesternal ou epigástrica (não cedendo a nitratos sublinguais)
Sensação de peso
Sensação de ardência
Sensação de esmagamento
Sensação de abertura do tórax
Sensação de aperto
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Adriana Neves
Janela cronológica: diagnóstico precoce 2-6 horas;
Elevada especificidade cardíaca;
Bom desempenho: sensível, rápido, de fácil execução.
Marcadores Cardíacos:
1. Mioglobina (marcador específico de toda a área muscular)
Surge nas 1-2 horas após o inicio dos sintomas;
Pico máximo entre as 4-12 horas;
Regride 24-36 horas
2. Troponima T e I
Surge nas 5-8 horas após o inicio dos sintomas;
Pico máximo entre as 24-48 horas;
Desaparece entre o 4º e 10º dia
3. Creatinafosfoquinase (CPK), apesar de ser libertada pelo músculo cardíaco não é específica
Surge nas 1as 3 a 8 horas após o inicio dos sintomas;
Pico máximo entre as 10 - 24 horas;
Valores normais entre o 3º e 4º dia.
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Adriana Neves
Leucocitose - 48 h após (12 000 a 15 000. regride 7º-10º dia)
VS elevada durante várias semanas
Complicações Precoces
Complicações Tardias
7.1.3. Prognóstico
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Adriana Neves
7.1.4. TRATAMENTO - Reabilitação do indivíduo
A reabilitação do EAM deve iniciar-se no momento do evento, com intervenção clínica e de enfermagem
diferenciadas logo nas 1as horas.
Este processo divide-se em 3 fases:
1. Fase Aguda – intervenção pré-hospitalar e SU. A GOLDEN HOUR faz todo o sentido, sendo o
ideal em emergência pré - hospitalar a rentabilização dos primeiros 60 min.
2. Fase Intermédia - recuperação no internamento (fase intra-hospitalar programada durante o
internamento, e em que é necessário monitorização médica e de enfermagem)
3. Fase de Convalescença - preparação para a autonomia no domicílio e alta clínica (equilíbrio em
termos de bem-estar e autonomia – padrão de qualidade de vida)
Objectivos:
Aliviar sintomas (dispneia, cansaço, dor)
Preservar o músculo cardíaco e performance cardíaca
Prevenir complicações:
Através da diminuição das necessidades de O2;
Melhoria da oxigenação.
Diminuição dos factores stressores e favorecimento de condições para que, com o mínimo de
esforço, as células mantenham as suas funções
Diminuição das necessidades em Oxigénio:
Analgesia - Sulfato de morfina até controlo da dor
Sedação – Benzodiazepinas
Repouso (conservar a energia com o mínimo de esforço) – 2-3 dias no Leito
Aumento do aporte de Oxigénio:
O2 a 2- 4l/min (perfusão de O2 de modo continuo por via nasal – inspirar pelo nariz e expirar
pela boca – ou através de cateter binasal ou sonda nasal – a mistura de ar com o O2 não é
tão intensa, sendo a concentração de O2 + elevada)
Terapêutica trombolítica
Anti-agregantes plaquetários (inicialmente por via EV): AAS
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Adriana Neves
Vasodilatadores: nitratos; antagonistas do Ca
Anti-coagulantes
Diuréticos
Inotrópicos (alteram a força ou a resistência das contracções musculares do coração e dos
batimentos cardíacos)
Estabilização hemodinâmica (função renal incluída)
Pacemaker (para regularizar o ritmo cardíaco)
Balão Intra Aórtico (BIA) (para prevenir alterações graves DC e dop lado esquerdo do
coração)
NOTA: Quando se administrar medicação há que explicar ao doente: o que é, para que é, quais os
benefícios e a sua duração.
Tipos:
Cuidados:
Administração precoce (devem ser administrados nas 1 as 6horas após o início dos sintomas, para
uma máxima eficácia no sentido de impedir a evolução do EAM e reduzir as suas complicações);
Atenção às indicações indiscutíveis, relativas e contra-indicações absolutas;
Monitorização permanente:
TA e Pulso, traçado do ECG (despiste de arritmias de reperfusão – arritmias temporárias para
depois voltar ao funcionamento normal)
Hemorragias
Sinais neurológicos (nomeadamente quando há hemorragia cerebral) (avaliação/captação de
áreas de atingimento neurológico e aplicação da Escala de Coma de Glasgow)
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Adriana Neves
Complicações:
Hemorragias
Hipotensão
Reacção alérgica
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Estimulação do auto-cuidado, auto-conceito e auto-estima por si próprio. Promover a autonomia nos
seus cuidados, de modo a fazer a pessoa sentir-se bem também por si própria. Há que individualizar a
pessoa e deixá-la ser ela própria.
Apoio emocional, informação e EPS informal ao doente (dirigida directamente á pessoa e ao seu
contexto). O melhor momento para EPS é o momento dos cuidados de higiene (conhecer os hábitos e
dificuldades)
Informação, apoio e EPS à família/pessoa significativa, aconselhando e propondo não só ao doente
como ao prestador de cuidados. Não impor nem obrigar, mas propor.
FASE I
A – Repouso absoluto - 1as 12 horas
B – Exercícios no leito: flexão dos dedos, rotação dos membros à vez de 2/2h nas 1 as 12horas e nas
2as 12 horas sentar-se no leito de 6/6 horas
C – 24/48 horas
Exercício B durante 5 minutos
Exercícios da anca (rotação e flexão)
Sentar-se na cama (permite a expansão torácica e uma melhor perfusão e função circulatória),
lavar a cara e alimentar-se
Sentar-se no cadeirão 5 min de manhã e 5 min à tarde
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Adriana Neves
Vigilâncias durante os Exercícios:
NOTA: Volta à fase inicial se, durante a fase em curso, surgirem complicações. A pessoa deve parar,
sentar e relaxar ao mínimo sinal de dor ou cansaço. Caso este não edsapareça deve fazer terapêutica
com nitrato sublingual.
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Uso de posições passivas
Não aconselhável no período da digestão
Evitar mudança de parceiro
Desmistificar crenças e medos;
Compreender as expectativas (abordagem da historia sexual antes do evento cardíaco);
Informar sobre as alterações que a doença provoca e explicar os modelos de resposta fisiológica;
Informar sobre diferentes sugestões no âmbito a reabilitação sexual (uso de posições passivas,
não aconselhável no período de digestão, evitar mudança de parceiro)
Encorajar o auto-cuidado
Manutenção de eliminação intestinal regular
Dieta: baixo teor calórico, gorduras, sódio (não tem que ser alterada, apenas adequada à condição e
situação do doente)
Cafeína, bebidas alcoólicas e tabaco – iniciar um percurso de pequenas metas a atingir
Importância da vigilância periódica em saúde e manutenção do regime terapêutico
Identificação de pré-cordialgias (queixa de dor retroesternal relacionada ou não a esforço físico),
aumento da TA, alteração de FC, dispneia sudorese, surgimento de edemas
Providências a tomar (nitratos sublingual em SOS, recurso ao médico de família ou SU).
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Adriana Neves
Débito cardíaco Atitude face à gestão de medicamentos
Obstipação Adesão ao regime terapêutico
Atitude face à dor Conhecimento
c) Tipos de enxertos:
Safena
Artéria mamária interna (Dta ou Esq)
Gastro-epiplóica (recentemente)
e) Tipos de próteses:
Mecânicas
Biológicas ou tecidulares
f) Circulação Extra-corporal
Derivação para o exterior da maior parte da circulação do coração e pulmões durante a cirurgia
cardíaca
Forma mecânica de circular e oxigenar o sangue
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O sangue venoso passa através de um oxigenador e é lançado oxigenado na aorta através de uma
cânula.
O circuito é constantemente heparinizado
É induzida hipotermia sistémica (cerca de 28ºC) reduzindo em cerca de 50% as necessidades de
O2 dos tecidos protegendo os órgãos vitais de lesões isquémicas
O sangue é reaquecido à temperatura normal antes de terminar a cirurgia.
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Adriana Neves
Informar sobre o período de tratamento e Educar para vigilância de perdas
reabilitação; sanguíneas (gengivas, fezes, urina);
Educar sobre a importância de cumprir a Apoiar na adesão de programas de
prescrição farmacológica; reabilitação cardíaca;
Educar sobre possibilidade de Educar, instruir e treinar exercícios de
agravamento da doença e causas; reabilitação;
Informar sobre necessidade de consultas Incentivar para períodos de descanso
periódicas; alternado com actividade;
Identificar o conhecimento sobre a sua Explicar sobre importância de fraccionar a
doença e situação; dieta alimentar;
Encorajar a aceitação do estado e saúde; Motivar para uma alimentação variada
Descrever sinais e sintomas de Ângor (rica em proteínas animal/vegetal, vitaminas, sais
(Angina de peito); minerais e pobre em ácidos gordos complexos);
Explicar factores desencadeantes da dor; Motivar para repouso pós-prandial;
Educar a tomar a terapêutica específica Orientar para as consultas de vigilância
para a crise de dor; periódica;
Explicar a importância do repouso; Elogiar progressos;
Informar sobre a necessidade de andar Encorajar práticas de estilos de vida
acompanhado da terapêutica vasodilatadora saudáveis.
(Nitratos SL);
Educar sobre cuidados especiais de
conservação desta terapêutica;
Educar sobre sinais e sintomas de
toxicidade digitálica;
7.2.1. Conceito:
A Insuficiência Cardíaca (IC), também denominada de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), é
um estado fisiológico, em que o coração apresenta dificuldades em bombear para a circulação sistémica, a
quantidade de sangue necessária para suprir as necessidades metabólicas do organismo. Esta situação
resulta de disfunção sistólica ou diastólica.
7.2.2. Fisiopatologia:
59
Adriana Neves
Com a diminuição da função ventricular esquerda, há uma menor capacidade de bombeamento do
ventrículo, resultando em fracções de ejecção de menos de 40 %. O sangue permanece no ventrículo
esquerdo no fim da sístole. A pressão auricular esquerda aumenta para esvaziar o seu volume para o
ventrículo esquerdo.
Quando a aurícula esquerda não consegue esvaziar totalmente o seu volume, o sangue recua para
a circulação pulmonar. O volume de sangue adicional aumenta a pressão dentro dos capilares
pulmonares. A pressão aumentada impele o sangue para fora dos capilares pulmonares mais pequenos
até ao interstício dos alvéolos. Então, pressões pulmonares elevadas impedem que o sangue vá do
ventrículo direito até aos pulmões. O ventrículo direito tem de fazer mais força para empurrar o sangue
para o sistema pulmonar. O sangue não enviado reflui para a aurícula direita e posteriormente para a
circulação venosa periférica.
Nota: A disfunção do ventrículo direito resulta, na maior parte dos casos, de disfunção do ventrículo
esquerdo.
7.2.3. Epidemiologia:
Situação clínica crónica em crescente aumento.
Progressos no conhecimento da sua fisiopatologia, na terapia médica e cirúrgica o que levou a um
maior controlo da doença e aumento da esperança e qualidade de vida.
A associação com doenças concomitantes: DM, DPCO, IRC (Insuficiencia Renal Crónica)
contribuem para uma maior morbimortalidade principalmente nos idosos.
Os insuficientes cardíacos morrem da evolução da doença ou morte súbita (50%).
A mortalidade por IC aos 5 anos é de cerca de 60% nos Homens e 40% nas Mulheres.
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Adriana Neves
A etiologia de base do IC influencia o prognóstico sendo a causa isquémica + grave do que a
miocardiopatia de dilatação.
Representam um encargo em saúde e social considerável. No RU representa 1% do orçamento
para a saúde.
Estudos apontam para que nos países evoluídos, 1,5 a 2% sofra de IC aumentado a prevalência de
6 a 10% em idades superiores a 65 anos.
7.2.4. Etiologia:
Factores Relacionados com a Diminuição da Contractilidade Cardíaca:
DAC (Doença da Artéria Coronária) (estenose, deposição do trombo, envelhecimento celular,
ateriosclerose e aterosclerose)
Miocardiopatias
Doença vascular
Factores Iatrogénicos (terapêutica) (não por causa da doença em si, mas como consequência
da medicação e prescrição médica)
Lesões Cardíacas:
EAM
Miocardites
Fibrose Miocárdio (por necrose)
Aneurisma Ventricular
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História clínica e exame físico
Rx tórax frente e perfil
Estudos analíticos (hemograma - anemia, ionograma, função tiróide)
ECG
ECG com Holter
Prova de esforço
Cintilografia de reperfusão ou cavitária
Cateterismo cardíaco
7.2.6. Classificação da ic
Insuficiência Cardíaca Esquerda (IVE): resulta da dificuldade do VE bombear o sangue que vem
da circulação pulmonar. A IVE é geralmente acompanhada de edema e congestão pulmonar.
A IC de Alto Débito resulta das condições que aumentam o DC para satisfazer as necessidades
metabólicas do organismo. Pode estar relacionada com a presença de algumas patologias: hipertiroidismo,
fístula artério-venosa, anemia, gravidez
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Classe I: AVD normais - sem sintomatologia
Classe II: AVD normais - sintomas cedem com o repouso
Classe III: AVD mínimas - sintomas cedem com repouso
Classe IV: Qualquer tipo de actividade - sintomatologia mantém-se mesmo em repouso
Sistema Renal
Corrigir hipovolémia (vasoconstrição):
Aumento do mecanismo renina-angiotensina, de modo a corrigir a hipovolémia percepcionada e a
aumentar o fluxo sanguíneo renal
Aumento da noradrenalina nas extremidades nervosas cardíacas e elevação da TA
Cardíacos
Hipertrofia Ventricular: Aumento da câmara dos ventrículos:
As fibras do miocárdio actuam de acordo com a lei de Frank Starling que declara, dentro de certos
limites, a contracção das fibras do músculo cardíaco é mais eficaz quanto maior for a sua distensão antes
da contracção.
Hipertrofia do miocárdio:
O aumento do diâmetro das fibras do miocárdio leva a um espessamento das paredes cardíacas. Este
aumento provoca uma maior força contráctil e aumenta o DC. Este mecanismo compensatório torna-se
ineficaz com o tempo, dado que exige um grande consumo de O 2, resultando em hipóxia dos órgãos e
tecidos.
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Homeostáticos
Quando os mecanismos cardíacos se tornam ineficazes, o organismo activa outros mecanismos que
permitam manter as reacções fisiológicas orgânicas:
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7.2.9. Tratamento
Objectivo:
Reduzir necessidades de O2
Melhorar o débito cardíaco
Intervenções Farmacológicas:
Efeitos Cardiovascasculares:
Bradicardia
Taquicardia
Bigeminismo
Batimentos ectópicos
Défice de pulso
Efeitos Neurológicos
Cefaleias, fadiga
Diplopia
Visão desfocada ou colorida
Entorpecimento, confusão
Agitação, irritabilidade,
Efeitos Gastointestinais
Anorexia, náuseas e vómitos
Gastralgia e diarreia
Intervenções Cirúrgicas
A questão da cirurgia é uma hipótese que se coloca, quando a QV da pessoa está muito comprometida.
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Tomando em consideração a etiologia de base, a cirurgia pode ter como objectivo a intervenção ao nível:
Medidas de suporte
Dieta
Actividade/repouso
Hidratação/eliminação
Diagnósticos de Enfermagem
Fase Aguda:
Débito Cardíaco Diminuído (devido à alteração na pré-carga, na pós-carga, ou alterações
inotrópicas no coração):
Monitorizar ECG;
Monitorizar estado consciência (Escala Comas Glasgow);
Optimizar acessos vasculares;
Optimizar fluidoterapia;
Controlar BH
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Limpeza das Vias aéreas Ineficaz:
Posicionar em Fowller ou semi-Fowller;
Monitorizar padrão respiratório;
Auscultar sons respiratórios;
Observar características das secreções;
Executar aspiração de secreções;
Executar nebulização com soro fisiológico;
Motivar tosse eficaz;
Motivar respiração diafragmática;
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Encorajar progressos;
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Conhecimento sobre factores desencadeantes e formas de prevenir a fadiga:
Explicar sobre as repercussões do esforço excessivo;
Explicar a importância do repouso nocturno de boa qualidade;
Ensinar / Instruir / Treinar exercícios respiratórios;
Motivar para a prática regular de exercício moderado (caminhar);
Aconselhar os períodos do dia mais favoráveis à prática de exercício;
Ensinar sobre os benefícios do repouso intercalado;
Ensinar sobre benefícios da hidratação oral;
Explicar sobre importância de fraccionar a dieta alimentar;
Ensinar a importância do repouso pós-prandial;
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Diabetes Mellitus;
Tabagismo;
Obesidade; sedentarismo; álcool; stresse....
8.2. Epidemiologia
A doença oclusiva arterial crónica está fortemente associada ao envelhecimento
É mais prevalente no sexo masculino
Num estado avançado pode ser dolorosa, incapacitante e ameaçadora da vida
A Diabetes Mellitus não controlada, potencia fortemente o seu desenvolvimento
A alteração de hábitos de vida pode atrasar a sua instalação/evolução
Tende a afectar os vasos distais menores, abaixo do joelho
8.3.1. Diagnóstico:
Atender às queixas do doente
Observação da área afectada
Avaliação dos pulsos periféricos (através do tacto e de ultra sons).
A angiografia pode estar indicada quando há uma evolução súbita da doença.
Auscultação dos pulsos periféricos (poplíteo, pedioso dorsal, tibial posterior)
Ecografia Doppler (frémito )
Prova de esforço
Arteriografia (determinar a localização e extensão da lesão
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A sua incidência é sobretudo ao nível das artérias inferiores (femural, ilíaca e poplítea). A doença
pode ser agravada em presença da DM)
(b) Tratamento
Medidas não Farmacológicas:
Actuar sobre os factores de risco
Medidas Farmacológicas:
Vasodilatadores
Anticoagulantes
Antiagregantes plaquetários
Analgésicos
Cirurgia
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Tromboflebite superficial
Presença de úlceras e gangrena
(b) Tratamento
Medidas de suporte
Ajuda no sentido de DEIXAR DE FUMAR
Prevenir lesões
Aconselhar o uso de roupas adequadas à estação do ano.
Ensinar medidas de saúde que promovam a perfusão tecidular (exercícios de Beurger).
Farmacológico
vasodilatadores,
anti- inflamatórios
analgésicos
anticoagulantes
antiagregantes plaquetárioos
Medidas cirúrgicas
Simpatectomia (Remoção dos Gânglios Simpáticos e Tecidos Nervosos para eliminar o
Vasoespasmo)
Amputação de dedos ulcerados/necrosados dos pés e mãos
(a) Etiologia
A causa exacta é desconhecida, embora esteja relacionada com lúpus, artrite reumatoide, oclusão
arterial, traumatismos, stress emocional e hipersensibilidade ao frio. Afecta cerca de 10% da população
mundial; 93% são mulheres. Incidente entre os 20 e os 40 anos. Mais comum no Inverno, climas frios e
húmidos
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(c) Tratamento
Tratamento Farmacológico:
Antagonista de cálcio
Vasodilatadores
Analgésicos
Relaxantes da parede muscular dos vasos
Medidas de Suporte
EPS sobre factores de risco associados
Aconselhar a proteger-se da exposição ao frio
Motivar o cumprimento do tratamento farmacológico
Prevenir o surgimento de úlceras
Medidas cirúrgicas
Simpatectomia (alivio de sintomas na fase inicial da isquémia avançada)
Amputação (Ulcerações e Gangrena)
(b) Tratamento
Repouso no Leito
Fibrinolíticos (se o doente reunir critérios)
Anti - coagulantes
Cirurgia:
Embolectomia ou Endarterectomia;
Bypass Arterial;
Angioplastia Percutânea Transluminal (PTCA);
Amputação
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Embolectomia – consiste na extracção de um êmbolo; Mais utilizada em grandes vasos arteriais;
O êxito cirúrgico está directamente relacionado com o tempo de isquémia; A incisão cirúrgica é realizada
no vaso afectado para remoção do material tromboembólico.
Endarterectomia - consiste na remoção de um coágulo e placa de ateroma;
Bypass – é uma cirurgia de derivação arterial e reconstrutiva; Indicada quando os processos
arterioscleróticos obliterantes progridem e/ ou a claudicação intermitente é incapacitante; A derivação do
segmento obstruído é feita através de material autólogo (safena interna) ou com material protésico de
substituição. A derivação pode implicar a aorta abdominal, as artérias ilíacas ou outros vasos mais
distantes.
Aneurismectomia - procede-se à exérese cirúrgica da parede aneurismática do vaso (artéria),
prevenindo a sua ruptura e consequente hemorragia, ou à colocação de material aderente (téflon ou
dacrón), à parede da artéria conferindo-lhe maior resistência à pressão sanguínea.
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Monitorizar as funções respiratória, cardíaca, vesical e intestinal,
Avaliar peso, equilíbrio e marcha;
Avaliar pulsos periféricos, presença de edemas, textura, temperatura, coloração da pele e leito
ungueal;
Avaliar qualidade sensitiva: toque, temperatura externa, dor (tipo, frequência e tolerância,
mecanismos de defesa pessoal, tipo de analgesia)
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Preservar a funcionalidade do restante membro;
Criar um coto adequado a uma prótese;
O nível de amputação depende do tipo e estadio da doença vascular e dos requisitos da prótese
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Perfusão dos tecidos Zona de Pressão Coto de Amputação
Hemorragia (risco) Ferida cirúrgica Mobilidade
Perda Sanguínea Ferida traumática
Edema Necrose
b) Pré-operatório:
O paciente necessita de tempo para organizar os seus sentimentos
A amputação pode desencadear vários tipos de reacções inesperadas que podem ir da euforia à
apatia
Informar sobre cirurgia, pós-operatório, dor fantasma
Cuidados gerais
Tricotomia
Enema de limpeza
Desinfecção do campo operatório
Identificar o conhecimento que o doente e família tem acerca da situação e intervenção cirúrgica
Atender ao choque emocional do doente e familiares
Valorizar a possibilidade do uso de prótese
Valorizar os ganhos em saúde com a amputação
Exercícios de fortalecimento dos braços e MI não afectado e abdómen
Contacto com as canadianas e cadeira de rodas
Dar conta do aparecimento da dor fantasma (sensação de formigueiro, ardor, dor ou pressão ou
expressão de sentimentos…
Ensinar como fazer para reorganizar a imagem mental do novo membro
c) Pós-operatorio: objectivos
Reduzir a dor e o edema
Prevenir problemas respiratórios e circulatórios
Prevenir contracturas a nível da coxo - femural e joelho
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Manter a mobilidade de todas as articulações
Manter e melhorar a força muscular
Melhorar o equilíbrio e posturas
8.10.2. Tromboflebite
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A Tromboflebite desenvolve-se tanto em veias superficiais como profundas. As veias femural,
poplítea, safena e as pequenas veias superficiais, são frequentemente afectadas. Os trombos formam -se
nas veias por acúmulo de fibrina, plaquetas e placas de colesterol. Tendem a depositar-se na bifurcação
das grandes veias e a obstruir as de menor calibre. Podem migrar e provocar uma embolia~
a) Etiologia:
Estase venosa
Lesão da parede vascular
Hipercoaguabilidade do sangue
Contraceptivos orais
Gravidez
IC
Repouso prolongado ( cirurgia, fracturas, traumatismos...)
b) Manifestações clínicas:
Dor
Edema
Sinais inflamatórios intensos
c) Tratamento:
Tratamento farmacológico: Intervenções de Enfermagem:
Vasodilatadores Monitorizar o repouso terapêutico com MI elevado
Anticoagulantes Aplicar calor húmido (reduzir edema e mal -estar)
Anti-inflamatórios Vigiar sinais de hemorragia e inflamação
Fibrinolíticos
a) Manifestações clínicas
Inicialmente assintomáticas
Dor tipo cãimbra
Peso e pressão nos MI
Edema gravitacional
Fadiga muscular
Sensação de formigueiros
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b) Tratamento:
1 - Tratamento Farmacológico:
Anti-inflamatórios
Anti -coagulantes
Diuréticos
2 - Autocuidado de suporte
3 - Tratamento Cirúrgico: SAFENECTOMIA – corte e laqueação da grande safena da femural e stripping
da mesma e pequena safena com uma incisão a nível da virilha e face interna do joelho e do tornozelo
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Outras Causas: Queimaduras, Traumatismos e Distúrbios Neurogénicos
Diabéticos- Doentes de Alto Risco (Insuficiência vascular)
Correspondem a cerca de 80% das úlceras vasculares
a) Etiologia:
Resultam da permuta inadequada de oxigénio e outros nutrientes
Surgem no 1/3 inferior da perna, com elevada incidência na região maleolar ( interna e externa)
Geralmente ocorre infecção secundária
b) Sintomatologia:
Dor
Edema e Pigmentação na região circundante
Sinais inflamatórios
c) Tratamento:
Medidas farmacológicas;
Medidas de suporte terapêutico (elevação dos membros, exercícios de pernas, dieta, higiene:
roupa, física e mental
Execução de pensos – técnica de penso oclusivo: produção e acumulação de exsudado favorece a
acção fagocitária digerindo as células mortas, ajudando a reparar a ferida
Desbridamento mecânico, químico e cirúrgico;
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8.11. Distúrbios do sistema linfático
Sistema de vasos valvulados que drenam o plasma e outros fluídos (linfa) não absorvidos, do
espaço intersticial para a rede venosa. Atravessam os nódulos linfáticos (pescoço, axilas e virilhas),
esvaziando a linfa no ducto torácico que se liga à jugular esquerda.
8.11.1. Linfangite
Inflamação aguda dos canais linfáticos – surge a partir de um foco de infecção das extremidades.
Os nódulos linfáticos (gânglios) ao longo do trajecto também ficam ingurgitados – adenopatias.
8.11.2. Linfedema
Resulta da obstrução dos vasos linfáticos ou dos seus nódulos
PRIMÁRIO: congénito – maior grupo, incidência na 2ª década de vida e mais frequente em
mulheres
SECUNDÁRIO: lesão do sistema ou obstrução por patologia (neoplasia, traumatismo, cirurgia,
radiações)
A doença maligna pode ser primária (linfoma de Hodgkin); secundária (mastectomia ou
metástases).
8.11.3. Elefantíase
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Grande aumento crónico do membro provocado por um parasita – filária - levando sintomas de
infecção e se não tratada evolui para fibrose, espessamento dos tecidos subcutâneos e hipertrofia da pele
TRATAMENTO: Não existe um tratamento curativo; Fisioterapia e exercícios específicos que
favoreçam a entrada dos líquidos para o interior dos vasos e elevação do membro são medidas a instituir.
9. HIPOCOAGULAÇÃO
9.5. Tratamento
O tratamento hipocoagulante necessita de um controle laboratorial no sentido de ajustar a dose de
fármaco de acordo com a resposta de cada paciente.
Este tratamento é ajustado à medida que se atingem os valores de INR ( Rácio internacional
Normalizado) esperados.
O valor do INR é obtido através do cálculo matemático que normaliza o tempo de protrombina (PT),
ao corrigir a variabilidade das sensibilidades dos reagentes de tromboplastina usados nos testes.
A variação terapêutica na maioria dos casos situa-se entre 2 e 3,5.
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Adriana Neves
O tratamento das alterações hematológicas, está directamente relacionado com o estudo analítico
dos vários componentes do sangue.
Estudo da Coagulação
Tempo de Tromboplastina Parcial Activado (APTT) - varia entre 30 e 40 segundos, mede o tempo
em que se forma um coágulo.
Tempo de Protrombina ( PT) e INR- varia de 10 a 12,5 segundos e avalia especificamente os
factores I, II, V, VII e X da cascata de coagulação. O TP é usado para avaliar o tratamento com Varfarina,
permite identificar défices de vitamina K e de coagulação intravascular dessiminada ( CID).
O TP pode ser expresso em segundos, de % de actividade de coagulação normal ou como INR. O
INR, reflecte a relação do TP, do paciente, relativamente a um valor normal.
O INR é o grande indicador de referência na gestão do tratamento com hipocoagulantes.
Valores INR
Terapêutica de baixo peso molecular, é de 2,5.
Terapêutica de elevado peso molecular varia entre 2,5 a 3,5.
Os valores de INR, variam de paciente, conforme o objectivo do tratamento anticoagulante.
A Hipocoagulação é utilizada nas seguintes situações:
Tratamento Profilático
a) Prevenção pré – operatória de eventos tromboembólicos;
b) Prevenção do tromboembolismo venoso ( pacientes acamados; repouso terapêutico, cirurgia,
...)
Tratamento decorrente outras patologias
a) Tromboembolismo venoso;
b) Tromboembolismo cardíaco e das coronárias;
c) Angina Instável;
d) EAM; válvulas cardíacas protésicas; cardiomiopatias congénitas; cirurgia cardíaca de bypass;
e) défice de proteína C ou S
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hemorragia intracraniana prévia ou risco de ( tumor, cirurgia)
HTA severa ( PD > 120 mmhg)
b) Relativas
Doença hepática e renal
Pericardite e endocardite bacteriana
10.1. Cirurgia:
Ramo da medicina que compreende, um período constituído por várias fases:
a) Preparação pré-operatória: período que antecede o processo cirúrgico, podendo demorar horas a
meses, consoante o diagnóstico e do estado do doente. É um período que se inicia desde o
momento da decisão cirúrgica até o doente entrar no bloco. Durante este período, o doente é
informado e preparado para a cirurgia, tanto fisicamente como psicologicamente, e para a
anestesia, de modo a que tudo corra da melhor forma possível.
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Adriana Neves
b) Decisão e intervenção intra-operatória: período em que decorre a intervenção cirúrgica
propriamente dita, isto é, corresponde ao período em que o doente está no bloco operatório e
decorre a intervenção cirúrgica.
Estes avanços tecnológicos levaram à evolução da cirurgia (começando-se a fazer cada vez +
cirurgias com um maior grau de complexidade, com menos complicações e + eficiência).
Menor mortalidade;
Maior especialização dos profissionais e técnicos.
Menor morbilidade
Maior facilidade na realização da cirurgia;
Maior precisão quanto a localização de problemas;
Diagnósticos mais fiáveis;
Anestesia cada vez mais segura;
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Adriana Neves
Submeter-se a processos diagnósticos;
Prevenir infecção e favorecer cicatrização;
Restaurar ou reconstruir uma parte/função do corpo;
Proporcionar/obter maior bem-estar.
10.4.2. Localização:
Externa: acessibilidade limitada à pele e tecidos subjacentes, não havendo penetração no
organismo (ex: remoção de um sinal)
Interna: implica penetração no organismo e logo um maior risco (ex: apendicectomia) (maior risco).
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Reparadora: restauração de função ou aspecto de tecidos, para corrigir deformidades, reparar
traumatismos ou melhorar o estado funcional do indivíduo (ex: herniorrafia, osteossíntese)
Paliativa: alívio de sintomas, sem intenção de curar, contribuindo apenas para o bem-estar do
doente. Aplicam-se a doenças oncológicas e terminais para diminuir dor, diminuir oclusão intestinal, etc.
(ex: colostomia)
Estética: melhora a aparência e aspecto externo do individuo com finalidade de cosmética (ex:
rinoplastia)
NOTA: Pode ainda ser utilizada outra nomenclatura atribuída ao nome do cirurgião que
desenvolveu a técnica cirúrgica + específica (ex: gasterctomia de Bilreau)
“Para cuidar o corpo humano, deve-se conhecer o conjunto”. (Hipócrates), isto é, a pessoa deve
ser entendida e atendida numa perspectiva holística, tendo em conta o processo patológico e todas as
outras dimensões do indivíduo.
10.6. Existem vários factores que afectam o doente cirúrgico e a própria cirurgia:
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Adriana Neves
Anestesia: factor causal de + medo e + assustador, pois é um processo que induz um estado de
inconsciência, desconhecimento e perda do controle do que se está a passar; daí a pessoa ter medo de
não acordar ou mesmo de morrer. Este modo de ver a anestesia depende de experiências anteriores e de
conhecimentos acerca do procedimento;
Tipo de cirurgia;
Gravidade da doença/prognóstico;
Idade: a idade pode ser um factor de risco pelas condições/complicações inerentes (quanto +
idade, + risco cirúrgico) e influência na forma como se vivencia a situação cirúrgica (os + idosos, têm +
medo)
Afastamento de negócios e emprego (pelo internamento);
Separação da família e amigos (pelo internamento);
Personalidade do doente;
Cultura;
Vivências anteriores (próprias ou de pessoas relativamente próximas e cujos relatos influenciam a
situação e o pós-operatório, originam complicações)
NOTA: O internamento estabelece a ruptura com o quotidiano, afecta a integridade pessoal e
pressupõe a adaptação ao local, o que deixa o doente, por vezes, sem apoio familiar, sem horários,
disponibilidade e falta de privacidade.
Tudo isto causa influências recíprocas (origina +/- medo) na forma como o doente e família
encaram todo o estado de saúde e, perante o processo cirúrgico, há eu desmistificar certos
conceitos/pressupostos presentes.
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pelo desconhecido, adaptação ao ambiente por horários e espaços novos). Estas 2 reacções podem existir
em consonância (equilíbrio dos 2) ou predominância de um ou outro (fisiológico/psicológico)
11. PRÉ-OPERATÓRIO:
NOTA: As necessidades espirituais são também importantes (dão sentido à vida e à morte),
devendo dar-se resposta às necessidades do doente tendo ele religião ou não.
O médico é responsável legal pela obtenção do consentimento informado, uma vez que é este
quem faz o diagnostico e apresenta o procedimento a implementar). Ao enfermeiro cabe a
responsabilidade de confirmar se a decisão terá sido uma decisão informada, isto é, deve dar continuidade
à situação, esclarecendo dúvidas e encaminhando o doente/família para este esclarecimento.
NOTA: Qualquer doente que seja submetido a uma cirurgia invasiva deve assinar o consentimento
informado.
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11.2. Avaliação do doente
A avaliação do doente permite e facilita os cuidados de enfermagem ao longo de todo o processo.
Inicia-se, no período pré-operatório, pelo contacto inicial entre o doente e enfermeiro, e continua por todo
este período. O 1º contacto é muito importante, para deixar o doente à vontade (em termos de espaço,
etc.) mas também na relação de confiança enfermeiro-utente. Deve ser uma avaliação holística a reflectir
as necessidades fisiológicas, psicológicas, espirituais e sociais, do doente e da sua família ou pessoas
significativas.
A Avaliação Inicial de Enfermagem, através da História Clínica de Enfermagem (HCE), deve
incidir sobre os aspectos relativos ao indivíduo sobretudo o padrão alimentar e de eliminação, patologia
associada, medicação, antecedentes cirúrgicos, de saúde e alérgicos, conhecer a existência de próteses,
etc. Deve-se também ter em conta a resposta individual, no que diz respeito às expectativas, medos,
ansiedade, forma de lidar com a dor e stress, que é variável de caso para caso. Há que conhecer ainda as
pessoas significativas para o doente (ter registos telefónicos dessas pessoa), a sua etnia e factores
culturais.
IMPORTANTE: Saber os conhecimentos que o doente tem antes de dizer seja o que for (o doente
pode não conhecer o diagnóstico). Se for o caso de o doente não saber qual o seu diagnóstico, a
responsabilidade de informar o doente sobre esse diagnóstico não é do enfermeiro isoladamente. É do
médico e o enfermeiro pode cooperar.
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Preocupações e medos (e quais as suas causas), sendo necessário todos os esforços para os
diminuir, pois estes níveis diminuem a resposta imunológica e fisiológica que permitem a recuperação;
Diagnosticar métodos de conforto habituais que o doente tenha e estimular outros (ser criativo) (ex:
musicoterapia);
Crenças culturais e religiosas e o seu significado para o doente, pois estas podem influenciar, por
exemplo, a alimentação, devendo por isso registar essas variantes a fim de se dar ao doente a comida que
ele pode comer e de acordo com a sua religião; ou então não o doente pode não comer por não gostar da
comida e aí devemos procurar saber quais os alimentos que o doente prefere)
Identificar rede de apoio familiar ou outro e relações, e envolver a pessoa significativa no processo
terapêutico (se o utente está num lar, o lar é o responsável pelo cuidado ao doente, bem como família se
ele a tiver).
NOTA: A avaliação é tudo aquilo que o doente diz e não o que pensamos que ele tem (ele pode
estar ansioso não porque vai ser submetido a uma cirurgia mas porque deixou os filhos sozinhos).
Devemos tentar compreender o motivo dos sentimentos que o cliente apresenta, e não devemos, por isso,
fazer juízos de valor quanto aos sentimentos manifestados.
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Alterações da função renal (equilíbrio hidro-electrolítico, eliminação de tóxicos dos
medicamentos anestésicos) e da função hepática (metabolização dos fármacos é feita no
fígado)
Patologia associada (diabetes, alergias – se existem e a quê, a fármacos, nomeadamente a
antibióticos, látex, adesivos, soluções de lavagem ou a alimentares, como é o caso do
marisco, que pressupõe alergia a iodo, dai ter que se ter em conta o uso de medicamentos
com iodo).
Consumo de tabaco (nº de cigarros/dia, há quantos anos é fumador – afecta a função respiratória)
Consumo de álcool (determinar a quantidade de álcool ingerida e fazer um síndrome de
abstinência, pois o álcool acarreta alteração da função renal e da função hepática que são essenciais para
a excreção de fármacos)
Consumo de drogas, pois implica uma maior necessidade e quantidade de anestésicos, no período
pré-operatório e no controlo da dor)
Fármacos em curso (saber quais os fármacos que o doente faz em domicilio, pois certos fármacos
têm que ser retirados ou substituídos antes da cirurgia, por potenciarem complicações na cirurgia, outros
podem ser mantidos)
Dieta (consoante o tempo de preparação para a cirurgia deve fazer-se uma dieta adequada, de
modo a preparar a intervenção) e pausa alimentar (imprescindível para qualquer acto cirúrgico, pois
representa risco de aspiração). São instituídas consoante o tipo de cirurgia e a hora da intervenção, sendo
da responsabilidade do enfermeiro a informação ao doente/família e, consoante o protocolo do serviço,
para fazer planeamento da pausa alimentar
Preparação do intestino (pode ser prescrita antes da cirurgia do sistema GI ou cirurgia nas regiões
pélvica, perineal e perianal, variando de acordo com o tipo de procedimento cirúrgico a realizar. O
objectivo do enema pré-operatório é prevenir lesão no cólon, reduzir o nº de bactérias intestinais e
proporcionar uma melhor visualização da região cirúrgica. As preparações intestinais incluem laxantes
orais, dietas liquidas simples, enemas e antibióticos orais)
Utiliza-se microlax para a preparação intestinal no dia da cirurgia (para cirurgias pequenas)
Enemas – actualmente pouco utilizadas
Klean – preparação ou sela (mesma coisa mas diferentes marcas), utilizadas para grandes
cirurgias e que envolvam o aparelho gastro-intestinal. Depois de preparação deste pó o
doente deve beber um copo de 15 em 15 min.
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Adriana Neves
É responsabilidade do enfermeiro vigiar a toma do líquido pelo utente, bem como a sua tolerância.
Este fármaco provoca sucessivas defecações diarreicas sem cólicas e o utente só está preparado quando
as dejecções já são só água.
Preparação da pele (tem como objectivo reduzir o risco de infecção da ferida operatória, removendo
da pele a sujidade e microrganismos, e reduzindo/inibindo o crescimento repetido e rápido de micróbios. A
preparação cutânea é constituída pela tricotomia/depilação da área operatória, que deve ser alargada, o +
próximo possível da hora de entrada no BO e com máquina eléctrica de preferência, de modo a não
provocar escoriações, pois a pele deve estar o + íntegra possível, para evitar o risco de infecção pelo nº de
bactérias presentes. No duche geral, o cabelo deve ser lavado na véspera, e deve utilizar-se um
desinfectante cutâneo adoptado pelo serviço e repetido na manha da cirurgia)
Preparação psicológica (a eminência de uma cirurgia provoca ansiedade, por estar associada a
medo do desconhecido, dor, alteração da imagem corporal, tratamentos alteração na função, perda de
controlo e morte. O enfermeiro é responsável por assistir o doente, a sua família e pessoas significativas
na identificação das fontes de ansiedade e deve tê-los em conta ao planear o suporte psicológico no pré-
operatório. O envolvimento da família no ensino pré-operatório reduz a ansiedade do doente e da família,
com o resultante aumento na satisfação com os cuidados e a maior colaboração do doente nas rotinas)
Avaliação dos Sinais Vitais (irão constituir a base de identificação de alterações significativas
durante os períodos intra e pós-operatório) e do Peso
Apoiar e Informar o cliente (explicar se pode sair do serviço ou não, se pode em que condições; de
que forma pode contactar pessoas amigas ou família, horário de visita, etc)
Explicar procedimentos/ocorrências e sucessão de acontecimentos de forma doseada, obtendo
consentimento informado
Desenvolver acções para ensinar/instruir e treinar:
Exercícios de respiração profunda (de forma a diminuir a possibilidade de complicações e a
facilitar a cicatrização, pois a inspiração profunda facilita a oxigenação, a remoção do anestésico residual e
previne o colapso alveolar que leva a atelectasia. Se o doente for sujeito a uma cirurgia abdominal alta,
deve-se ensinar o doente a fazer uma respiração torácica profunda, de forma a evitar a acumulação de
secreções causadoras de pneumonias de estase)
Exercícios com membros inferiores
Tosse eficaz (pois os anestésicos produzem + secreções e tossir remove essas secreções que
podem obstruir as vias aéreas)
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Adriana Neves
NOTA: Deve-se ter em conta os hábitos/riscos do doente, daí fazê-lo precocemente. Quanto aos
fumadores, pode ser necessário fazer nebulização com soro fisiológico ou administrar fármacos
broncodilatadores.
NOTA: Quando acaba a cirurgia até as primeiras 48 h ou 72h o doente deve fazer analgésicos a
horas certas independentemente de sentir dor, depois geralmente só em SOS.
O doente sabe:
Dia e hora da intervenção, o que é e porquê;
Exercícios respiratórios e tosse;
Como mobilizar os membros inferiores (quando e como);
O que vai acontecer durante a convalescença (importância da adesão com a sua participação no
processo terapêutico);
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Adriana Neves
Previsão da alta (é sempre muito relativa, pois está dependente da existência de complicações.
Quando se conhece esta é penas geral e não definitiva, daí que se deva dar esperanças, mas não
enganando).
NOTA: Nesta altura o doente já deve estar preparado a nível físico (higiene geral corpo) e
psicológico para a intervenção (medos, ansiedades e preocupações que devem estar ao máximo
minimizados ou afastados)
O doente nunca deve levar para os blocos aditivos nos soros, a menos que seja prescrito pelo
médico e na prescrição tem que ser mesmo a dizer que é para levar para o bloco.
Algaliação ou entubação nasogástrica dependendo da cirurgia (actualmente as técnicas + invasivas
são feitas no bloco operatório, mas é necessário ver o protocolo da instituição). Quando não há protocolo
no serviço tem que haver negociações entre os profissionais.
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Adriana Neves
Quando há necessidade de transfusão sanguínea durante a operação o médico tem que fazer a
requisição e mandá-la para o sistema de sangue com 24h de antecedência. Esse pedido é acompanhado
por uma amostra de sangue para piloto (ADT).
É responsabilidade do enfermeiro registar a reserva de sangue (na tarde da véspera da cirurgia)
Todos os pertences do doente são identificados e guardados
O doente não deve ir com nenhum tipo de adorno (lentes de contacto; brincos; aparelhos auditivos;
ganchos; e ter em atenção as crenças religiosas, na medida em que certas crenças podem levar a
extrema importância de objectos religiosos) ou prótese para o BO, sendo necessário verificar. Se a doente
usar verniz nas unhas ou unhas artificiais, estas deverão ser retiradas e removido o verniz, para avaliação
rigorosa da perfusão capilar e da oximetria de pulso.
Após o banho o doente vai par o BO apenas com uma bata (sem nada por baixo) e acompanhado
por um cobertor (pois vem do BO muito arrefecido) para aquecê-lo rapidamente. Deve levar um resguardo
na cabeceira para o caso de possíveis vómitos.
Preparação intestinal
- Utiliza-se microlax para a preparação intestinal no dia da cirurgia (para cirurgias pequenas)
- Enemas – actualmente pouco utilizadas
- Klean – preparação ou sela (mesma coisa mas diferentes marcas), utilizadas para grandes cirurgias e
que envolvam o aparelho gastro-intestinal. Depois de preparação deste pó o doente deve beber um copo
de 15 em 15 min.
► É responsabilidade do enfermeiro vigiar a toma do líquido pelo utente, bem como a sua tolerância. Este
fármaco provoca sucessivas defecações diarreicas sem cólicas e o utente só está preparado quando as
dejecções já são só água.
O doente nunca deve levar para os blocos aditivos nos soros, a menos que seja prescrito pelo médico
e na prescrição tem que ser mesmo a dizer que é para levar para o bloco.
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Quando há necessidade de transfusão sanguínea durante a operação o médico tem que fazer a
requisição e mandá-la para o sistema de sangue com 24h de antecedência. Esse pedido é acompanhado
por uma amostra de sangue para piloto (ADT).
O doente não deve de ir com nenhum tipo de adorno (lentes de contacto; brincos; aparelhos auditivos;
ganchos; e ter em atenção as crenças religiosas, na medida em que certas crenças podem levar a
extrema importância de objectos religiosos) ou prótese para o BO, sendo necessário verificar. Também
não deve ter unhas pintadas para assim permitir a verificação da oxigenação a camada de verniz podem
interferir no oxímetro.
Vigiar o doente em termos de vestuário e adverti-lo que não vai ter frio nem calor, etc…
11.3.4. Preparação da recepção do doente (na enfermaria, enquanto este se encontra no BO):
Cama feita em barco (lençol de cima, cobertor e colcha) com roupa limpa, cobertor (uma das
complicações que podem surgir no BO é a hipotermia, nas enfermarias pode não ser necessário porque
está muito quente) e um resguardo na cabeceira (para o caso de vómitos)
NOTA: No dia que o doente vai para o bloco as auxiliares devem ser avisadas que devem colocar
roupa da cama limpa para quando este vier do BO.
Unidade o + calma possível e obscurecida (de modo a permitir o repouso do doente) com:
Material de aspiração oro-traqueal;
Material para oxigenoterapia (mesmo quando não está prescrito deve estar disponível para o
uso em caso de emergência);
Termómetro;
Suporte para sacos colectores e outros sistemas de drenagens e perfusão;
Espátulas montadas e copo com água (para limpar e humidificar a mucosa oral, de forma a
proporcionar conforto. Deve-se avisar o doente que não pode beber água do copo, mas apenas
humidificar a boca)
Lenços de papel ou compressas (para limpar a boca e eventuais vómitos).
Após cirurgia:
► Utilizar termómetro e esfignomanómetro consoante as necessidades.
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► Suportes de sacos de drenagem, sistemas de soros devem estar colocados na enfermaria, apostos de
serem utilizados antes do doente chegar à enfermaria.
► A sede é um desconforto do pós-operatório por espátula molhada na mucosa para refrescar.
► Quando o doente sair do bloco a enfermeira deve escurecer o quarto para ele poder repousar e
negociar com os outros utentes, caso esteja numa enfermaria (por exemplo, receber as visitavas na sala
comum se estes andarem bem).
► A oxigenoterapia e aspiração devem estar á mão para uma actuação rápida (material de emergência).
► A avaliação dos sinais vitais deve ser uma prática sistemática, regular dependendo do tipo de cirurgia,
das complicações que podem surgir etc…
► Quando o doente tem que tomar medicamentos via oral pode tomar até duas horas antes da cirurgia
com 10 ml de água.
É uma unidade dinâmica complexa, equipada com tecnologia avançada, que permite cirurgias com
a maior segurança possível. Deve permitir em termos arquitectónicos uma organização física adequada e
coordenação das diversas actividades, proporcionando segurança e diminuindo as infecções.
É sempre constituído por diversas salas com diferentes fins, devendo existir vários serviços e salas
de apoio ao BO (esterilizados, …). Existe sempre uma sala do bloco que está reservada para uma
urgência numa instituição.
12.1. Estrutura
O design da área do BO tem em conta as normas de tráfego, controlo da infecção, segurança e
eficiência. As salas são flexíveis e versáteis dispostas tendo em conta a prevenção da infecção:
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Adriana Neves
Exclusão de contaminação externa por meio de normativa de trânsito dentro do
departamento - a circulação de pessoas e objectos obedece a regras e a circuitos para evitar
contaminações. Assim, não devem entrar pessoas que não estejam relacionadas com a cirurgia, mesmo
que sejam profissionais de saúde. Há que ter em atenção as pessoas que circulam no BO, o material e o
acesso restrito a:
Salas de operações: são terminais de uma porta, aos quais só acedem pessoas devidamente
vestidas e em caso extremamente necessário;
Salas estéreis: acesso restrito, sendo que há critérios diferentes para os limpos e sujos;
Salas limpas: acesso semi-restrito (roupa limpa ou na medicação).
Salas operatórias, de indução, de apoio, corredores de acesso, salas para pessoal, recobro,
salas de stock de material cirúrgico.
NOTA: Respeitos normativos: há áreas onde se pode entrar com máscaras e outras em que não. A
sala de operações é uma área restringida (com máscara e barrete) e sala de stock é uma área limpa (sem
máscara).
Vantagens:
- Menor crescimento microbiano;
- Menor necessidade metabólica do doente a cirurgia;
- Menor cansaço dos profissionais de saúde.
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Adriana Neves
Sem fios pelo chão;
Com distribuição de gases (cada sala) – para a função respiratória dos doentes e controlo da
infecção;
Portas preferivelmente unidireccionais – usam-se portas de correr para evitar entrada/saída
Piso regular, lavável, anti-estático – chão altamente resistente ao desgaste, com superfície anti-
derrapante (para permitir segurança e prevenir traumatismo do pessoal)
Luz artificial (branca semelhante à luz do dia e deve também ser fria) – não tem janelas.
A equipa de SO está dividida em categorias com base nas responsabilidades dos seus membros.
Na parte esterilizada em contacto directo com o doente:
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Adriana Neves
Enfermeiro Recobro (cuidados pós-anestésicos);
Pessoal técnico auxiliar (radiologista e auxiliares de limpeza e manutenção, como por exemplo,
levar sangue ao laboratório…)
Estes são responsáveis pela manutenção de uma técnica asséptica, pelo manuseamento dos
artigos e equipamentos não-esterilizados e por fornecerem à equipa artigos esterilizados.
Barrete: é colocado desde logo para evitar a contaminação da roupa esterilizada, pelo cabelo ou
pela caspa. Esta deve estar limpa, sem fiapos e cobrir por completo a cabeça, o cabelo e pêlos faciais.
Depois de cobrir o cabelo veste-se o
Blusão/Fato: deve ser de tecido em urdidura estreita, para minimizar a passagem de bactérias;
Calçado: próprio/exclusivo para a circulação no BO. Só deve ser posto no bloco operatório e
dentro das salas são utilizados protectores descartáveis de calçado (para qualquer pessoa que entre no
bloco).
Protectores de Calçado: fazem parte do equipamento de protecção pessoal e devem ser
substituídas quando se encontrem rasgados, sujos ou molhados, e retirados ao sair do BO;
Máscara: obrigatória nas zonas restritas do bloco e são necessárias para prevenir contaminação
do ambiente cirúrgico por gotículas provenientes da respiração. Esta deve cobrir totalmente o nariz e a
boca e deve ser presa para evitar ventilação dos lados.
Protecção para a cara e olhos: para diminuição do risco de salpicos de líquidos para as mucosas
da boca, do nariz e dos olhos.
Objectivo:
Evitar a disseminação de microrganismos para o paciente ou para os profissionais envolvidos;
Proteger o pessoal do doente infectado.
NOTA: O pessoal dentro do BO deve ter unhas curtas e sem verniz, cabelo bem apanhado e não
utilizar adornos.
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12.2. Algumas regras básicas de assepsia cirúrgica
Pessoal
Equipamento
No campo esterilizado só podem existir materiais esterilizados, sendo que materiais esterilizados
só contactam com materiais esterilizados;
Mesas cobertas são consideradas esterilizadas apenas na superfície superior (pelo “campo”
espécie de toalha que cobre a mesa);
Manipulação de materiais esterilizados reduzida ao indispensável;
Sem humidade (campo deve ser mantido limpo e sem humidade).
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NOTA: Os pacotes devem ser colocados pelo enfermeiro circulante com a abertura virada para o
instrumentista.
Após ir ao doente, o material é limpo e guardado de forma a não contactar com o material que
ainda não foi ao doente.
Lavagem cirúrgica das mãos - lavagem feita até ao cotovelo; torneira com pedal ou com sensor; a
mão é dividida em 4 lados, começando da ponta dos dedos e vai até 5 cm acima do cotovelo, para a água
escorrer pelo braço; unhas escovadas com uma escova estéril de uso único e depois disto toda a pele
suavemente para não provocar lesões (feita com a mesma escova das unhas). É utilizado desinfectante e
sabão. A secagem das mãos é feita com toalhetes esterilizados ou toalha estéril, no mesmo sentido dos
dedos até ao braço. Utiliza-se creme nas mãos que as lubrificam, facilitando o calçar das luvas e tem
função antibacteriana. A 1ª lavagem do dia deve demorar cerca de 10 minutos e é + rigorosa, as outras
lavagens podem demorar menos. O objectivo é eliminar o máximo possível de microrganismos.
Após a esterilização é a enfermeira circulante que disponibiliza todo o material, uma vez que já não
podem tocar em nada (bata, luvas, cremes).
Vestir bata esterilizada (a enfermeira circulante ajuda a vestir a equipa);
Calçar luvas esterilizadas (não tem talco sendo utilizada um creme para lubrificar, tem acção
bacteriostática e também ajuda a calçar mais facilmente e eliminar as bactérias);
Colocar máscara.
Cuidar no BO:
Monitorizar o doente;
Manter um ambiente físico, emocional e psicológico seguro (prevenção da infecção, conforto e apoio
ao doente);
Avaliar a necessidade de cuidados específicos e implementá-los;
Despistar e actuar em complicações;
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Adriana Neves
Promover a saúde;
Ajudar a recuperação.
NOTA: O enfermeiro do BO deve ser calmo e ter grandes conhecimentos acerca das técnicas e
procedimentos. Deve ter uma acção rápida/eficiente.
Deve ter conhecimentos básicos de anatomia e fisiologia de interesse para o procedimento cirúrgico
e tem que ter conhecimentos sobre a intervenção em questão;
Fornece os necessários e adequados instrumentos, linhas de incisão e outros artigos ao cirurgião
principal;
Deve ter bons conhecimentos do material e técnicas e passos de cada técnica (cirúrgica e que tipo
de material deve passar mesmo antes de o cirurgião o pedir);
É responsável por preparar a mesa e material para a cirurgia na área esterilizada;
Deve manter o ambiente sereno, calmo e sem ruídos para propiciar o máximo de concentração,
integridade e segurança;
Controlo as hemorragias do doente e os líquidos perdidos;
Mantém a assepsia do campo cirúrgico e verifica se há falhas na técnica asséptica por parte dos
membros da equipa esterilizada;
Deve estar atento ao material utilizado (compressas devem ser contadas antes e depois de irem ao
doente para evitar que se percam em cavidades);
É responsável pela transferência do doente da mesa cirúrgica para a maca depois de efectuado o
penso;
É responsável pela colheita de líquido para biopsia;
É responsável por verificar a funcionalidade do material.
Tem a responsabilidade de criar um ambiente seguro para o doente, gerindo as actividades fora da
área esterilizada e prestando cuidados de enfermagem ao doente;
Antes da administração do anestésico e depois dela, presta apoio emocional ao doente e ajuda a
equipa de anestesia durante o período de indução;
Ajuda o instrumentista na preparação do material;
Fornece o material e equipamento do exterior (produtos e material necessário) aos elementos da
equipa esterilizada;
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Assiste em tudo aquilo que foi necessário à equipa cirúrgica, sendo responsável por garantir que os
procedimentos cirúrgicos são identificados e postos em meio adequado;
Ajuda a transferência do doente para a unidade de cuidados pós-anestésicos, após a cirurgia;
Faz registos relativos à cirurgia, sendo responsável por anotar os cuidados de enfermagem intra-
operatórios;
Comunica as informações relevantes a pessoas que não os enfermeiros na sala de operações (ex:
familiares e outros trabalhadores dos cuidados de saúde).
A actuação inicia-se junto do utente na consulta pré-anestésica em conjunto com o anestesista, que
se dá no dia antes e cujo objectivo é retirar dúvidas e medos, escolhendo a melhor técnica de anestesia;
É responsável pela recepção do doente no BO. Deve identificar-se pelo nome, sem máscara, ver
processo, verificar próteses e adornos, exames complementares e consentimento informado. Deve
tranquilizar o doente e retirar medos, esclarecendo-o sobre o percurso que vai ser feito no BO;
Verifica se o doente retirou todos os adornos;
Leva o doente para a sala de operações;
Verifica se o doente fez medicação pré-anestésica ou não;
Transporta o doente para a sala e posiciona-o de acordo com o tipo de cirurgia, tendo em conta o
conforto e o alívio de pressões;
É responsável pela preparação dos fármacos que vão ser usadas, colocando-as de forma funcional a
serem administrados sem grandes demoras;
Junto com o anestesista controla alterações ao doente através da avaliação dos sinais vitais;
Colabora na entubação e extubação do doente;
Mantém o doente aquecido;
Mantém a vigilância do doente para evitar complicações e acompanha-o à unidade de recobro.
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12.3.1. Doente – Complicações pós-operatório
Nesse caso o enfermeiro de recobro transfere o doente para a unidade de internamento de onde veio ou
onde vai ser internado
Objectivo:
Tranquilizar (diminuir a ansiedade) e sedar o doente;
Proporcionar analgesia no qual o doente tem dor presente (narcóticos) ou quando se prevê a
práticas de técnicas invasivas antes da anestesia;
Prevenir náuseas, vómitos, tosse, diminuição das secreções brônquicas.
Sedar o paciente e reduzir a ansiedade – este tipo de medicação (sedativos, hipnóticos) deve ser
prescrita na visita pré-anestásica, e se isto não aconteceu, é sedado à entrada do bloco;
Analgesia – quando existe dor no pré-operatório, quando está prevista ainda com o utente
consciente ou aquando da realização de técnicas invasivas (opióides, narcóticos);
Indução mais suave;
Redução da quantidade de drogas necessárias à anestesia;
Diminuição de reflexos indesejáveis – através de fármacos que inibem as náuseas, vómitos, tosse,
secreções, espasmos… Há que considerar que quando há medicação prescrita para dar na enfermaria
devemos ter em conta que a endovenosa deve ser dada no dia e a por via per os deve ser administrada no
dia anterior à noite e na manhã (30 a 90 minutos antes e com 15 a 30 cc de água);
Diminuição das secreções no sistema respiratório e na boca (anticolinérgico);
Inibição das náuseas e vómitos
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Adriana Neves
12.5. Medicação prescrita:
Relaxantes musculares;
Benzodiazepinas (induzem alguma amnésia e relaxamento muscular);
Narcóticos;
Anti-heméticos (controlam náuseas);
Anti-muscarinicos (diminuição das secreções, previnem alterações cardíacas);
Anti-colinérgicos (previnem as secreções, hipotensão, bradicardia e arritmias)
Este tipo de medicação pode ser prescrita por via oral (deve ser administrada uma quantidade de
água entre 15 a 20 ml), intra-muscular ou intra-venosa (quando o doente está em jejum, mais utilizada no
dia da cirurgia) mas depende sempre da prescrição médica.
NOTA:
A anestesia é considerada pelos doentes como o maior medo inerente à cirurgia. As maiores
preocupações são não adormecer; não acordar e medo da falta de controlo durante a cirurgia.
A anestesia é decidida pelo anestesista e sempre que possível é negociada com o doente.
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Condições mentais e psicológicas do doente - idade, personalidade (se pode ou não estar
consciente durante a cirurgia). De acordo com isto, o anestesista pode negociar com o utente a melhor
técnica
Tipo e duração do procedimento cirúrgico
Recuperação no pós-operatório de determinados anestésicos
NOTA: Dado que um factor que determina o tipo de anestesia é a postura e procedimentos, se o
doente está acordado devemos ter em atenção a forma como nos exprimimos.
Anestesia Geral
Estado de inconsciência reversível caracterizada por amnésia, analgesia, depressão dos reflexos
relaxamento muscular (não implica o relaxamento dos músculos respiratórios). Corresponde à depressão
do SNC pela administração de drogas ou agentes inalantes.
Esta pode ser:
Intravenosa (AGIV) – utiliza exclusivamente fármacos por via endovenosa (barbitúricos, narcóticos,
agentes bloqueadores neuromusculares - miorrelaxantes) que se encontram em perfusão contínua. Estes
conseguem um estado de anestesia seguro, reversível, + rápido e agradável. Os agentes utilizados não
são revertidos rapidamente.
Balanceada (AGB) – combinação das 2 anteriores (AGI e AGIV), para produzir hipnose, analgesia e
relaxamento muscular com um mínimo de perturbações fisiológicas. Cada um dos agentes é administrado
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Adriana Neves
para um fim específico. Os barbitúricos iv são usados para indução, os anestésicos regionais para
relaxamento muscular e analgesia, e os inalantes (halogéneos) para manutenção. É a + utilizada.
Entubação (o doente pode apresentar tosse, vómito e agitação e dependendo das drogas pode ter
apneia) durante esta fase o doente tem que ser entubado e ventilado (tubo endotraqueal, máscara
laríngea ou em ventilação assistida – técnicas invasivas) Quando a anestesia é inalatória são entubados
nesta fase com oxigénio a 100% para assegurar a via oral dos doentes e evitar os riscos de hipoxia. É
entubado quando apresenta apneia e pára os movimentos oculares.
Emergência/Recuperação: desde que o doente começa a “emergir” da anestesia até estar pronto
para sair da SÓ. Durante este período tem lugar a extubação e o doente é estimulado a respirar
normalmente. Tem de haver um balanceamento entre a retirada do tubo e a capacidade ventilatória do
doente. São administradas drogas antagonistas das administradas inicialmente, o que faz o doente
começar a reagir. Monitorização de todos os sinais vitais (oximetria, pulsação, gasimetria – pH, CO2, O2 -,
diurese horária, pressão venosa central, temperatura rectal ou esofágica, monitorização respiratória).
Potenciais complicações, nesta fase, são os laringospasmo, o vómito, respirações espontâneas lentas, e
movimento reflexo descontrolado.
O doente vai recuperando os reflexos, retoma o tónus muscular a consciência gradualmente. O
doente é transferido para a unidade de cuidados pós-anestésicos.
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Adriana Neves
Anestesia Loco-regional (doente acordado)
Bloqueio do plexo: anestesia a nível do plexo nervoso, atinge maior área corporal. É utilizada para
interferir nas transmissões sensório-motoras ou do sistema simpático.
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Adriana Neves
Epidural: injecção de anestésico no espaço epidural, em que a principal indicação é a analgesia.
Não há punção da dura-máter, sendo a anestesia conseguida por contacto directo. Há disseminação
vascular pelos buracos intravertrebais mas não há contacto com o LCR. Provoca analgesia com perda
sensitiva, mas não induz perda da função motora. É utilizada em procedimentos abdominais e ortopédicos.
Este tipo de anestesia requer doses maiores de anestésicos locais, tem um início + lento e não esta
dependente da posição do doente para o nível da anestesia. O cateter só fica no máximo 72 horas, pois
ficando + tempo acarreta riscos de infecção.
Desvantagens:
Falta de aceitação por parte do doente – medo do doente de estar acordado durante a intervenção;
Impraticabilidade de se anestesiar certas regiões do corpo;
Duração insuficiente da anestesia – medo do doente de que o anestésicos perca a sua acção,
prematuramente;
A rápida absorção do agente, na circulação, pode levar a paragem cardíaca.
12.7. Instrumental
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Adriana Neves
Material de corte (bisturi eléctrico; bisturi, com diferentes tamanhos, curvas, rectas, seleccionados
de acordo com a cirurgia …);
Material de dissecação (tesouras, pinças, …): para corte, separação e dissecação de tecidos);
Material de hemostase: apertar pontas cortadas do vaso enquanto se vão dissecando os tecidos,
para controlar a hemostase;
Material de preensão: todo o tipo de pinças que serve para segurar tecidos e é também utilizado
para segurar o campo cirúrgico – panos esterilizados que se colocam à volta do campo que vai ser
intervencionado);
Material de separação ou afastamento: afastadores que têm por objectivo afastarem tecidos
próximos (permite melhor visualização) e separar tecidos em que se vai intervir;
Material específico: existem caixas com material específico para cirurgias específicas, por
exemplo, material para cirurgia vascular é diferente do material para uma cirurgia ao nível do estômago.
12.8. Sutura
Objectivos:
Promover a reparação de tecidos;
Evitar complicações, tais como hemorragia ou infecções.
Absorvíveis: estão sujeitos à digestão enzimática e hidrólise. Vão ser absorvidos durante a
cicatrização e são utilizados nos tecidos internos (músculos, …). Escolhe-se de acordo com o
tecido que demores + tempo a suturar.
Catgut plain (5 a 10 dias) ;
Catgut crómico (até 21 dias);
Ácido poliglicólico (2-3 semanas).
113
Adriana Neves
Não absorvíveis: são utilizados em pele ou também se podem utilizar os agrafos
Monofilamentares (Nylon, Propilene) – retirados após o 11º dia; absorvem menos
líquido que os de seda (multifilamentares);
Multiflamentares (sedas) – não ficam tanto tempo na pele; são retirados, tal como os
agrafos, ao 5º ou 6ºdia.
Sem agulha
NOTA: Os fios medem-se em relação ao seu diâmetro em unidades USP e em zeros. Quanto +
zeros tiver, + fino ele é (sendo o zero o + grosso e quanto mais zeros + fino é o fio).
Os mais utilizados em cirurgia geral são os fios 0 e 4-0; nas cirurgias estéticas usam-se os 11-0.
13. PÓS-OPERATÓRIO:
O período pós-operatório inicia-se com a transferência do doente da sala de operações para a
unidade pós-operatória adequada e termina com a alta do doente da instituição cirúrgica ou hospital. Os
cuidados de enfermagem, no período pós-operatório, estão focalizados no retorno do doente a um nível de
funcionamento óptimo e tão rápido quanto possível.
Adriana Neves
Deve ser considerar o indivíduo, individualmente, mas integrado na família.
Motivo de cirurgia;
Tipo de cirurgia mesmo conhecendo o utente (situação de urgência ou emergência);
Tipo de anestesia (determina a vigilância no pós-operatório - reacção do doente durante a operação,
como foi a recuperação anestésica, de que forma o utente recuperou dela, …);
Evolução do doente durante a cirurgia (complicações/estabilidade);
Recuperação pós anestésica (houve ou não complicações)
Complicações ocorridas durante a cirurgia e intervenções médicas e de enfermagem (forma como o
doente recuperou das complicações);
Perdas de líquidos e reposição de sangue
Hora do último analgésico
Estado do doente no período de recobro
Estado Respiratório: estado das vias respiratórias, respiração e ruído (não só relativamente aos
ciclos mas também à qualidade da respiração).
As complicações respiratórias são aquelas que no pós-operatório têm a maior taxa de morbilidade
e de mortalidade. Por esta razão é MUITO IMPORTANTE a monitorização e a vigilância constantes.
Estado Circulatório: avaliar Sinais Vitais (P, TA, T), coloração e temperatura da pele.
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Adriana Neves
Requer a monitorização sistemática pelo menos durante as 2 primeiras horas do pós-operatório (os SV
são monitorizados de 15 em 15 min ou de 1 em 1hora, dependendo do tipo de cirurgia).
Segurança: grades laterais almofadadas, campainha ao alcance do doente (do lado em que o
doente se movimente melhor), resguardo (porque o doente pode vomitar).
NOTA: Os doentes têm muita sede no pós-operatório imediato, mas não podem beber líquidos.
Para aliviar esta sensação pode-se molhar a mucosa oral com espátulas humedecidas ou bochechar com
tantum verde. Deve fazer-se este ensino ao doente e à família.
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Adriana Neves
Dados Subjectivos (colhidos junto do doente):
Como se sente o doente;
Se apresenta dor, qual a sua localização e intensidade;
Tem frio/calor;
Se a posição em que está é confortável (permitir o maior conforto possível e promover o repouso)
Dados objectivos:
Temperatura
Hipertermia (T ) – reacção de stress ou foco de infecção
Hipotermia (T ) – ambiente frio, devido à exposição do doente durante a cirurgia ou à perda de
líquidos. Deve-se aquecer o doente rapidamente, através da utilização de cobertores, aplicação de
cobertura no corpo do doente, administração de soluções iv aquecidas ou elevação da temperatura
ambiente
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Comparar com o momento da recepção – quando o doente sai do recobro tem que já estar
consciente, por isso se houver uma diminuição do estado de consciência após, pode indicar choque,
habitualmente hemorrágico.
Ferida operatória
Hemorragia, drenagens, exsudados, processo de cicatrização a monitorização tem que ser
constante ao longo de todo o processo de cicatrização
Coloração da pele e das mucosas (pálido < níveis de albumina; cianose – ventilação
desadequada)
Complicações Cardiocirculatórias
Arritmias
Hipotensão/hipertensão
Hemorragia
Choque
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Complicações do Pós-operatório Mediato ou Intermédio:
Complicações Respiratórias (quanto melhor o doente respirar e tossir, menor o risco destas
complicações):
Atlectasias
Pneumonia
Hemorragia
Distensão gástrica
Íleo paralítico (ocorre em todo o doente operado, situação em que o intestino perde a peristáltase
devido aos anestésicos e à manipulação cirúrgica. Esta situação normalmente reverte até às 36 horas
após a saída do BO. é importante que o doente faça um levante precoce no leito, ou caso não seja
possível faça uma mobilização no leito. Deve também ser ensinado a fazer a massagem abdominal). O
enfermeiro deve vigiar os movimentos intestinais do doente, vigiar a eliminação de gases e vigiar a 1 a
dejecção.
Retenção urinária – o doente deve urinar nas 1 as 12 horas após a cirurgia se estiver bem
hidratado, se o aporte de líquidos for feito de acordo com o prescrito e se os reflexos estiverem normais. O
enfermeiro deve vigiar a primeira micção.
Infecção da ferida operatória que surge a partir do 3ª ou 4ª dia
Tromboflebite (Trombose Venosa Profunda): desconfiar quando o doente refere dor nos membros
inferiores ou apresenta edema. TVP requer repouso absoluto e hipercoagulação com um menor peso
molecular (aumento da dose de heparina).
Embolia pulmonar – sempre que um doente, após algum tipo de esforço, referir dispneia deve-se
desconfiar de embolia pulmonar mesmo que não apresente sinais. Deve-se deitá-lo, oxigená-lo e chamar
imediatamente o médico.
Deiscência da sutura (sutura que abre): pode ser de novo suturada ou deixar-se que fique aberta
para cicatrizar por 2ª intenção
Evisceração – quando a sutura abrem e ficam expostas as vísceras (é uma situação de
emergência). As vísceras em protrusão são cobertas com um penso húmido em soro fisiológico, colocar o
doente em Fowler baixo e mantê-lo em repouso absoluto e notificar o médico. Neste caso procede-se ao
encerramento imediato da ferida com anestesia local ou geral.
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Eventração – quando as suturas internas se abrem mas as exteriores (cutâneas) mantém-se
fechadas. Pode exteriorizar-se uma pequena porção de víscera ou uma porção maior. Geralmente é
acompanhada por uma drenagem maciça com um líquido rosado.
Luto Disfuncional – é uma complicação que pode demorar muito tempo, por alteração da imagem
corporal e que tem repercussões significativas na auto-imagem.
Intervenções de Enfermagem:
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Dar início à administração oral de líquidos, assim que os ruídos aéreos forem positivos e
estiverem de novo presentes os reflexos de tosse e vómitos. 1º o doente deve beber em pequenos goles.
Manter nutrição adequada consoante o tipo de cirurgia – deve-se estar atento à tolerância do
doente à dieta. Os doentes iniciam com dieta líquida e vão progredindo até uma dieta normal.
Manter eliminação urinária e intestinal – Promover bom aporte hídrico, monitorizar diurese, vigiar
a 1a dejecção e micção.
O débito urinário é controlado atentamente depois da cirurgia até se restabelecer a normal função
urinária; sendo que o doente deve urinar nas 1 as 6horas após a cirurgia.
O débito urinário mínimo deve ser de 30 ml/hora para a manutenção de uma função renal
adequada, sendo o valor desejável de 50 ml/hora. É usual o débito urinário ser inferior à ingestão de
líquidos nas 1as 24horas, devido aos movimentos de líquidos que ocorrem em resposta ao stress da
cirurgia. A densidade da urina também se torna + elevada;
Quando o débito é reduzido, palpa-se a bexiga para verificar se há distensão, sinal de possível
retenção urinária.
A micção nos 1os momentos do pós-operatório pode ser facilitada por medidas, tais como
oferecer líquidos, levantar o doente para ir ao WC, oferecer urinol, …
Se o doente estiver algaliado verificar a quantidade de urina retida no saco colector e prestar os
cuidados necessários à algália.
A 1ª dejecção também faz parte da vigilância, sendo que os anestésicos podem parar o
peristaltismo.
É necessário desde as 48horas após a cirurgia verificar o globo vesical, pelo aumento de gases
e desconforto, e ansiedade.
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Estimular o movimento e massagem abdominal, como formas de promover e sua melhora +
rapidamente, pois a mobilização estimula a dejecção.
Pode ser necessário a administração de laxante em SOS.
Prevenção de lesões e traumatismo – pôr grande ênfase na segurança do doente, até este estar
totalmente acordado ou ter recuperado toda a sensibilidade, depois de bloqueios regionais:
O doente inconsciente deve ser protegido contra quedas e lesão/traumatismo em resultado de
posicionamento incorrecto e as grades almofadadas devem ser mantidas elevadas;
O doente deve ser sujeito a frequentes alterações de decúbitos e com posicionamento do corpo
em alinhamento correcto, para prevenir lesão de nervos e evitar a tensão muscular e articular causadas
por estar em decúbito dorsal muito tempo.
Áreas suspeitas ou ruborizadas devem ser controladas e tratadas;
Aplicar apoios almofadados nas saliências/proeminências ósseas;
A pele exposta a humidade, por sangue ou drenagem de líquido orgânico, deve ser limpa e seca
o + depressa possível. Os pensos devem ser reforçados para poderem absorver os produtos da drenagem
Planear alta para que nesse dia o doente e a pessoa significativa se sintam preparados:
Ensinar o doente sobre a medicação pós-operatória (dose, frequência, técnicas de
administração, efeitos adversos)
Explicar cuidados que o doente deve ter com a ferida cirúrgica (não deve molhar o penso);
Ensinar o tipo de alimentação a fazer, considerando as doenças inerentes à cirurgia associada
(importante na cirurgia digestiva);
Assegurar a eliminação intestinal/urinária, aconselhando a não ingestão de alimentos flatulentos
e a realização de caminhadas.
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Informar sobre reinício da sua actividade profissional (depois da cirurgia geralmente há repouso
de 3-4 semanas)
Ensinar e estimular o doente a evitar esforços durante o período de repouso (varia de 4 a 6
semanas, dependendo da cirurgia, a condução pode estar desaconselhada – principalmente em cirurgia
abdominal baixa)
Ensinar o doente sobre as novas condições de saúde e sua adaptação, desenvolvendo ao longo
do internamento todas as intervenções que podem inferir melhoria do estado corporal (exemplo, os
doentes ostomizados após a alta já devem estar treinados).
Ensinar e alertar o doente e a família para sinais e sintomas de eventuais complicações tardias;
Ensino à pessoa significativa para uma eventual complicação posterior;
Encaminhar o doente para o enfermeiro de cuidados domiciliários, programa de reabilitação,
grupos de apoio e outros profissionais de saúde, consoante as necessidades individuais do doente.
NOTA: Até 48 a 72horas, a dor no pós-operatório deve ser tratada farmacologicamente. As formas
não farmacológicas devem ser associadas e nunca substitutivas das medidas farmacológicas.
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