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CLÍNICA MÉDICA I
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SUMÁRIO
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. Dispneia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.3. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.4. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.5. Achados clínicos e diagnósticos diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.6. Exames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Dor torácica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.4. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.5. Achados clínicos e diagnósticos diferenciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.6. Exames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4. Síncope. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.3. Epidemiologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.4. Achados clínicos e diagnósticos diferenciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.5. Exames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.6. Estratificação de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
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ABORDAGEM DOS PRINCIPAIS
SINTOMAS EM CARDIOLOGIA
importância/prevalência
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Os músculos respiratórios também possuem receptores Existem 2 grandes grupos principais de causas
sensoriais: fusos musculares são abundantes nos mús- de dispneia: o sistema respiratório e o sistema
culos intercostais, assim como no diagrama, e estão
cardiovascular.
envolvidos em reflexos no nível espinal e supraespinhal.
Todos esses sinais aferentes, gerados por mecanorre- Em relação ao sistema respiratório, podem ocorrer
ceptores pulmonares e torácicos, fornecem importantes distúrbios em 3 elementos principais:
informações relacionadas à situação mecânica da bomba u Centro respiratório: determina a frequência e a
ventilatória.
profundidade das ventilações via sinais aferentes
A sensação de dispneia parece surgir pela ativação de enviados para os músculos respiratórios. Fato-
sistemas sensoriais envolvidos com a respiração. A infor- res que estimulam o centro respiratório podem
mação sensorial, por sua vez, seria enviada para centros gerar dispneia, como hipóxia, hipercapnia, estí-
cerebrais superiores, onde o processamento dos sinais
mulo de receptores pulmonares por inflamação
modularia a expressão da sensação evocada, sob a
influência de fatores cognitivos e comportamentais. ou edema intersticial.
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
u Unidade alvéolo-capilar: local onde ocorrem as los de fluídos e material inflamatório no alvéolo.
trocas gasosas. Podem ocorrer patologias que Essas doenças tipicamente causam hipoxemia
destroem diretamente a membrana de difusão e hipercapnia.
de gases (como enfisema, fibrose) ou acúmu-
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Entre 15 a 50% dos pacientes que procuram um Para tornar a classificação da dispneia mais objetiva,
cardiologista têm essa queixa, número que chega várias escalas foram desenvolvidas, sendo as mais
a 60% no caso dos pneumologistas. utilizadas a classificação MRC (Medical Research
Council), geralmente utilizada para dispneia de
A etiologia da dispneia varia de acordo com o local
etiologia pulmonar, e a classificação funcional
onde o paciente é atendido, conforme pode ser
da NYHA (New York Heart Association) utilizada
observado no Quadro 1.
especificamente para pacientes com Insuficiência
Cardíaca (IC).
Quadro 1. Causas de dispneia em relação ao
local de atendimento. Causas mais comuns
estão nas linhas superiores do quadro, Quadro 2. Classificação MRC (Medical
causas mais raras estão nas inferiores. Research Council) para dispneia.
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Nesse caso, geralmente a dispneia tem apresenta- Como já dito, doenças como miastenia gravis, Guil-
ção aguda (poucas horas). Pode ocorrer dor pleurí- lain-Barré e esclerose lateral amiotrófica podem
tica e mais raramente hemoptise. Ao exame físico causar dispneia por incapacidade da “bomba” ven-
é comum encontrar taquicardia e taquipneia, e tilatória exercer pressão negativa suficiente para
ausculta pulmonar geralmente é normal. Podem que ocorra a ventilação adequada. Nesses casos,
ser encontrados sinais de trombose venosa de geralmente o paciente apresenta outros sintomas
membros inferiores, com dor e edema. Buscar neurológicos associados à doença de base.
fatores predisponentes, com cirurgia recente (prin-
cipalmente ortopédica), histórico de neoplasias 2.5.8. Pneumotórax
e de imobilização por tempo prolongado (como
voos prolongados e internações). Existem critérios Início da dispneia é abrupto, com dor torácica, geral-
clínicos para avaliar a probabilidade diagnóstico de mente relacionado ao trauma ou a procedimentos
TEP, sendo os mais utilizados os Critérios de Wells. invasivos (com punção de acesso venoso central
em veia jugular ou subclávia). Mais raramente pode
ocorrer de forma espontânea em pacientes do sexo
Tabela 1. Escore de Wells para probabilidade
de tromboembolismo pulmonar. masculino, magros e longilíneos. Achados de redu-
ção ou de ausência dos sons pulmonares, hipertim-
Achados clínicos Pontos
panismo e, em caso de pneumotórax hipertensivo,
Sintomas clínicos de doença choque, estase jugular e desvio de traqueia.
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tromboembólica
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
u Pneumotórax: a pleura visceral se torna visível Figura 3. Imagem de hiperinsuflação pulmonar, com
como uma fina linha separada da superfície in- retificação de cúpulas diafragmáticas e coração
verticalizado, compatível com diagnóstico de DPOC.
terna da parede torácica, e quando não existe
estrutura pulmonar se estendendo além desta
linha (Figura 5).
u Insuficiência cardíaca: cardiomegalia (índice
cardiotorácica > 0,5), congestão pulmonar (ce-
falização de trama, Linhas B de Kerley), derrame
pleural (Figura 6).
Figura 4. Radiografia em incidência póstero-anterior (PA) mostrando consolidação no lobo médio do pulmão direito.
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Figura 7. Eletrocardiograma de paciente com TEP. Observe frequência cardíaca de 107 bpm
(taquicardia sinusal), padrão S1Q3T3 (onda S em D1, onda Q em D3 e inversão de T em D3).
Observe onda T apiculada (sobrecarga atrial direita), ondas R amplas de V1 a V3 com inversão de onda T e infradesnivelamento de ST
nessas derivações (strain de VD), sugestivo de sobrecarga de câmaras direitas.
Fonte: Alencar Neto et al.7
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
À esquerda pulmão normal, sem congestão. Da esquerda para direita, padrões de congestão progressivamente piores, com linhas verticais
(linhas B) em padrão de rabo de cometa.
Fonte: Acervo Sanar.
O Peptídeo Natriurético Cerebral (BNP) e o seu sejam: natriurese, vasodilatação, reduzir fibrose,
pró-hormônio (NT-proBNP) são liberados pelos entre outras.
miócitos ventriculares em situações de aumento de
Os valores de referência estão listados na Tabela 2.
pressão parietal intracavitária (Figura 11). Por essa
BNP acima de 400 tem alto valor preditivo positivo
razão, estarão aumentados quando a etiologia da
para IC. Valores elevados de BNP estão relacionados
dispneia for cardíaca.
a um pior prognóstico em paciente com IC crônica.
Os peptídeos natriuréticos têm funções antagônicas
ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, quais
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Cuidados serem tomados em alguns perfis de prognóstico, como no TEP, sepse, queimaduras
pacientes: graves, entre outros.
u BNP acima do esperado – idosos, doentes re-
nais crônicos.
BNP abaixo do esperado – obesos. DICA
u O BNP elevado é sinal de pior prog-
nóstico na IC crônica e no TEP.
Além disso, o BNP pode aumentar em diversas
situações clínicas, geralmente associado a pior
Pacientes na emergência
Pacientes ambulatoriais
BNP < 35
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
com pressão positiva diminui o risco de intubação W Dor neuropática: nesse caso, o processamento soma-
orotraqueal, quando não houver contraindicação. tossensorial está alterado. Ocorre uma má adaptação
à modulação da dor. Pode ocorrer mesmo na ausência
Detalhes dos tratamentos específicos de cada uma de um dano tecidual ou como uma resposta exacer-
das patologias que entram no diagnóstico diferen- bada a um dano mínimo. Pode ser descrita como
cial serão discutidos nos respectivos capítulos da formigamentos ou “choques”. Pode estar relacionada
apostila de Cardiologia e Pneumologia. ao sistema nervoso central ou periférico.
V Causas periféricas: neuropatia diabética, nevralgia
pós-herpética, doença autoimunes.
3.1. DEFINIÇÃO
A dor tem fisiopatologia complexa e multifatorial,
sendo na maioria das vezes relacionada a um dano
Dor ou sensação de desconforto que acomete a
tecidual ativo ou potencial.
região torácica. Na cardiologia, devemos conside-
rar como “tórax” a região que compreende desde A dor somática, relacionada a causas osteomuscu-
o epigástrio até a região mandibular. lares, é bem localizada e costuma ser reprodutível
à palpação, enquanto a dor torácica visceral é mais
Queixa muito frequente nos serviços de pronto-aten-
difusa, intermitente, de difícil caracterização, cuja
dimento, pode englobar diversas patologias, sendo
etiologia engloba principalmente causas cardíacas,
fundamental a avaliação de causas potencialmente
pulmonares e esofágicas.
fatais, como a síndrome coronariana aguda.
É muito importante caracterizar a dor para tentar
3.2. FISIOPATOLOGIA
encaixá-la em um desses 2 grupos, já que o trata-
mento será completamente diferente. Em caso de
dor somática, o tratamento geralmente é baseado
em analgésicos, enquanto na dor visceral exames
BASES DA MEDICINA
complementares devem ser solicitados para elucidar
a causa e determinar um tratamento específico.
A dor é uma experiência emocional e sensorial des-
prazerosa, que é percebida como um sinal de um dano
tecidual real ou potencial. Sua fisiopatologia pode estar 3.3. EPIDEMIOLOGIA
relacionada a causas orgânicas ou a fatores psicológicos
relacionados a alguma doença, a transtornos de humor
e a fatores sociais.
A dor ou o desconforto torácico ocupa o terceiro
lugar nas causas de procura ao departamento de
Existem 2 grandes grupos principais de dor:
emergência, representando, dessa forma, cerca de
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Em casos mais graves, o paciente pode apresentar bloqueadores de canal de cálcio (como diltiazem)
sinais e sintomas de insuficiência cardíaca descom- para prevenção de crises. Betabloqueadores não
pensada, desde congestão pulmonar (crepitações seletivos (como propranolol) devem ser evitados,
pulmonares) e sistêmica (edema de membros, pois podem precipitar o vasoespasmo.
turgência, jugular) até o choque cardiogênico (hipo-
Lembre-se de que angina vasoespástica é um
tensão, rebaixamento do nível de consciência).
diagnóstico de exclusão, a doença arterial coro-
nariana aterosclerótica sempre deve ser avaliada
3.5.2. Angina vasoespástica em primeiro lugar.
Também chamada de Angina de Prinzmetal ou
3.5.3. Síndrome de Takotsubo
angina variante, ocorre por vasoespasmo arterial
coronariano transitório. A Síndrome de Takotsubo, também conhecida como
Deve-se pensar nessa entidade em situações de cardiomiopatia por estresse, síndrome do balo-
angina em repouso que ocorrem geralmente no namento apical ou síndrome do coração partido
período noturno ou no começo da manhã, asso- (Broken Heart Syndrome), é caracterizada por dor
ciada a alterações eletrocardiográficas isquêmicas anginosa típica após evento traumático (estresse
transitórias (como infra ou supradesnivelamento psicológico é o mais comum), como término de
do segmento ST). relacionamento ou morte de familiar. Mais comum
em mulheres pós-menopausa.
O espasmo coronariano é definido como a contração
transitória de uma artéria coronária, com obstrução Há elevação do segmento ST e da troponina, exata-
total ou subtotal (> 90%) do lúmen durante episódio mente como no IAM com supra de ST. A diferença
de angina ou em resposta a um estímulo provocativo, é que na coronariografia não há lesões obstrutivas
como acetilcolina ou hiperventilação. e na avaliação da ventriculografia encontraremos
o padrão típico de hipercinesia basal com acinesia
O tratamento farmacológico deve ser feito com nitra- apical (balonamento apical).
tos de curta duração durante episódios de angina e
A B C
Comparando-se a diástole (A) com a sístole (B), nota-se hipercinesia na região basal e hipocinesia apical. O formato do ventrículo na sístole
(B) se assemelha ao vaso japonês usado como armadilha para polvos, chamado de Takotsubo (C).
Fonte: Roshanzamir et al.10
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
3.5.4. Estenose aórtica por isso pode ser precedida por sintomas infeccio-
sos (tosse, coriza, diarreia, febre).
A dor também tem características anginosas, porém
nesse caso ocorre por aumento da pós-carga que Características:
ocasiona hipertrofia concêntrica e aumento da u Tipo e localização: região anterior do tórax, em
demanda metabólica, levando a um desbalanço entre pontadas ou agulhadas, pode irradiar para o dor-
oferta versus demanda de oxigênio no miocárdio. so e trapézio.
Mais comum em idosos (etiologia degenerativa), u Duração: início súbito, pode durar alguns dias.
mas também podemos encontrar em adultos jovens u Fatores de melhora e piora: piora com a inspi-
(nesse caso por doença congênita – valva aórtica ração profunda (dor pleurítica) e com decúbito
bicúspide). Pode vir acompanhada de outros 2 sin- dorsal, melhora ao sentar e ao inclinar o corpo
tomas típicos: síncopes e dispneia por IC. para frente (posição de prece maometana).
Ao exame físico, fique atento ao sopro sistólico
Nas pericardites não complicadas, os achados de
ejetivo (em crescendo e decrescendo ou em dia-
exame físico não são exuberantes, podendo haver
mante) em focos da base e à redução dos pulsos
febre baixa, taquicardia e atrito pericárdico (som
periféricos.
semelhante à fricção de couro) na ausculta.
3.5.5. Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) Pode estar relacionada à inflamação subjacente
do miocárdio (miopericardite), nesse caso ocorre
Doença cardíaca autossômica dominante deter-
elevação de troponina, indicando injúria do músculo
minada por mutações em genes dos sarcômeros,
cardíaco.
que levam mais comumente à uma hipertrofia con-
cêntrica assimétrica, mais proeminente no septo
3.5.7. Dissecção aguda de aorta
ventricular, com possibilidade de obstrução à via
de saída do ventrículo esquerdo. Condição pouco frequente, porém com alta mor-
A angina ocorre por desbalanço entre oferta (aumen- talidade, por isso sempre deve ser considerada no
tada pela hipertrofia) versus demanda (reduzida por diagnóstico diferencial. Dor súbita, já inicia com
hipertrofia da camada médias da microvasculatura intensidade máxima, lancinante, “em facada”, pode
irradiar para o dorso.
coronária com redução do lúmen do vaso). Mais
comum em adultos jovens. Ao exame físico, na dissecção tipo A de Stanford
(acomete a aorta proximal), é possível encontrar
Na forma obstrutiva ocorre sopro ejetivo em focos
ausculta de insuficiência aórtica (sopro diastólico
da base. A diferença em relação ao sopro da Este-
aspirativo, ou seja, decrescendo), assimetria de
nose Aórtica (EAo) pode ser estabelecida com a pulso e PA, sintomas neurológicos localizatórios
Manobra de Valsalva (expiração forçada com a secundários à disseção de carótidas.
glote fechada): o sopro da EAo diminui com essa
manobra, enquanto o da CMH aumenta. Isso ocorre Fatores de risco: HAS, tabagismo, colagenoses
porque a Manobra de Valsava reduz o Retorno (como Síndrome de Marfan), histórico familiar de
aneurisma de aorta, valva aórtica bicúspide.
Venoso (RV). Como a CMH é uma obstrução dinâ-
mica, a redução do RV aproxima o septo ventricular A American Heart Association (AHA) criou o Acute
hipertrofiado da parede posterior do ventrículo, aortic Dissection Detection Risk Score (ADD-RS),
aumentando a intensidade do sopro. com o objetivo de auxiliar no diagnóstico. Esse
escore é baseado em 3 grupos de características
3.5.6. Pericardite aguda (tipo da dor, achados do exame físico e condições
predisponentes). Pacientes com 2 ou 3 caracterís-
Dor de característica visceral, ocorre por inflamação ticas apresentam alta possibilidade de apresentar
do pericárdio cuja principal etiologia é infecção viral, dissecção, portanto devem ser solicitados os exa-
mes diagnósticos apropriados (Quadro 6).
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Baixo risco (escore = 0), intermediário (escore = 1), alto risco (escore = 2).
Fonte: Hiratzka et al.11
3.5.8. Pneumotórax
Acúmulo de ar entre a pleura visceral e a parietal. moderado. Em casos graves, pode haver redução
Pode ocorrer de forma espontânea em indivíduos da expansibilidade, diminuição da ausculta, hiper-
sadios, geralmente homens longilíneos, ou secun- timpanismo à percussão.
dário à doença pulmonar de base (enfisema) e a
procedimentos invasivos (como punção de acesso No pneumotórax hipertensivo, a pressão intrapleural
venoso central). é maior que a atmosférica, desviando o mediastino
Achados clínicos: dor de início súbito, localizada no para o lado contralateral (Figura 5) e ocasionando
hemitórax afetado, do tipo pleurítica. O exame físico instabilidade hemodinâmica que pode evoluir para
pode ser normal, se o pneumotórax é pequeno, ou parada cardiorrespiratória.
Diagnóstico clínico: sinais clássicos do pneumotórax no paciente com insuficiência respiratória aguda
No TEP, a dor torácica tem início súbito e tem carac- paciente com fatores predisponentes, como antece-
terísticas pleuríticas (piora com a inspiração). Vem dente de neoplasia, pós-operatório ou imobilização
sempre acompanhada por dispneia com intensi- recente.
dades variáveis a depender da gravidade do caso. O quadro abaixo resume as características das
Importante entrar no diagnóstico diferencial em principais causas de dor torácica no pronto-socorro.
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Dissecção Aguda
Diagnóstico Pericardite Aguda SCA TEP
de Aorta
Piora com inspiração, Piora com esforço Início súbito, Início súbito, com
Característica melhora ao sentar, físico e estresse. ventilatório- intensidade máxima,
da dor inclinando tórax Melhora com nitrato. dependente, associado “em facada”, irradia
para frente. Sudorese e náuseas. à dispneia. para dorso.
Atrito pericárdico.
Sopro de insuficiência
Se houver derrame Geralmente normal. Taquicardia, taquipneia,
aórtica. Assimetria de
Exame físico pericárdico, Achados de IC (B3, hipoxemia. Ausculta
pulso e PA. Alterações
abafamento de bulhas crepitação pulmonar). pulmonar limpa.
neurológicas.
e pulso paradoxal.
Normal. Pode
Supra de ST difusa,
Supra de ST apresentar supra de
infra de PR. Se houver Taquicardia sinusal.
ECG localizando parede. ST em parede inferior
derrame, redução SVD. S1Q3T3.
Infra de ST. se houver dissecção
de amplitude.
de óstio de ACD.
Normal. Pode
Normal. Se houver Normal. Pode
apresentar opacidade Alargamento de
Raio-X derrame: coração apresentar congestão
em cunha (infarto mediastino.
em moringa. pulmonar.
pulmonar).
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
u Pericardite aguda
W Achado clássico de supradesnivelameto do
ST difuso, não localiza uma parede específi-
ca e com morfologia convexa (“supra feliz”).
Pode ocorrer também infradesnivelamento do
segmento PR e taquicardia sinusal (Figura 14).
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Figura 14. ECG na pericardite aguda com supra de ST difuso e infra de PR.
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Figura 15. Padrão de elevação da troponina Além dos achados já apresentados na seção sobre
na isquemia do miocárdio. dispneia, fique atento ao aumento do mediastino,
que pode estar relacionado à dissecção de aorta.
A troponina pode demorar 2 a 3 horas para começar a se Note o alargamento do mediastino, típico da dissecção tipo A
elevar; logo, se o paciente se apresenta precocemente, (acomete aorta proximal).
coletas seriadas do marcador são fundamentais para o Fonte: Acervo Sanar.
diagnóstico de SCA.
3.6.4. Ecocardiograma
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
O D-dímero pode ser usado para auxiliar no diagnós- A Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) é determinada
tico de TEP e da DDAo em casos com risco baixo pela seguinte fórmula:
ou intermediário (utilizando o escore de Wells e PPC = PAM – PIC, PAM: pressão arterial média, PIC:
ADD-RS respectivamente). Se baixo risco de acordo pressão intracraniana.
com os escores e D-dímero < 500 ng/mL, podemos Portanto, pode ocorrer síncope em situações de queda
excluir essas patologias do diagnóstico diferencial. súbita da PAM ou aumento súbito da PIC (situação muito
Se dímero elevado, a angiotomografia é o exame rara).
padrão-ouro para o diagnóstico de TEP e da DDAo. A pressão arterial, por sua vez, é determinada da seguinte
forma:
No contexto ambulatorial, pacientes com dor torá-
cica podem ser avaliados para DAC a partir de exa- PA = DC X RVP, onde DC: débito cardíaco e RVP: resistência
mes funcionais (como a cintilografia de perfusão vascular periférica.
do miocárdio) ou anatômicos (angiotomografia O DC, por sua vez, é determinado por duas variáveis: DC
coronária). Esse tópico é abordado no capítulo de = VS X FC, onde VS: volume sistólico e FC: frequência
doença arterial coronariana. cardíaca.
Com isso, sabemos que situações que reduzam o volume
sistólico (como cardiomiopatias), a FC (bradiarritmias) ou
3.7. TRATAMENTO
a RVP (vasodilatação pelo calor, por exemplo) causam
redução na PAM e, por consequência, redução na PPC
Como já dito, o objetivo inicial na avaliação do e síncope.
paciente com dor torácica é avaliar causas poten-
cialmente graves. Por esse motivo, o ECG é o exame
A síncope ocorre por hipoperfusão cerebral global
inicial.
transitória. Fisiopatologicamente podemos dividir
O tratamento varia de acordo com o diagnóstico, as etiologias em 3 grandes grupos:
sendo abordado nos capítulos específicos das apos-
tilas de Cardiologia, Pneumologia e Cirurgia vascular. 4.2.1. Síncope reflexa ou neuromediada
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
u Síndrome do seio carotídeo: ocorre por estímulo ventricular e/ou obstrução à ejeção (como es-
do seio carotídeo, que causa reflexo vagal exacer- tenose aórtica e a cardiomiopatia hipertrófica).
bado, com bradicardia intensa e síncope.
u Formas atípicas: não há um gatilho claro. Diag- 4.3. EPIDEMIOLOGIA
nóstico de exclusão, após outras causas terem
sido afastadas. Síncope é um sintoma comum na população, apre-
sentando 2 picos de incidência.
A forma clássica da síncope vasovagal ocorre
em jovens, geralmente como episódios isolados, O primeiro entre 10 a 30 anos, chegando a 47% de
enquanto as outras formas ocorrem em idades incidência nas mulheres e a 31% nos homens por
mais avançadas, como expressão de uma falha volta dos 15 anos, sendo as síncopes reflexas as
do sistema nervoso autônomo em ativar respostas mais comuns.
compensatórias adequadas. O segundo, após os 65 anos, onde há maior participa-
ção de outras causas, como hipotensão ortostática
4.2.2. Hipotensão ortostática e síncope cardíaca. Causas iatrogênicas por poli-
farmácia e efeito colateral de medicações também
Definida como a queda da PAS ≥ 20 mmHg e/ou da
são prevalentes nessa faixa etária.
PAD ≥ 10 mmHg após 3 minutos na posição ortos-
tática, ocorre em pacientes com falha no sistema
nervoso autônomo ou hipovolemia. 4.4. ACHADOS CLÍNICOS E
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Existem variações da forma clássica, com padrão de
queda e recuperação da PA mais rápida (< 30 s) ou
Em paciente com síncopes reflexas, é comum sin-
mais lenta e progressiva (mais comum em idosos).
tomas prodrômicos, como tontura, náuseas e escu-
Pode estar relacionada à insuficiência autonômica recimento visual.
secundária ao diabetes, amiloidose, uremia ou lesão
Nos pacientes com hipotensão ortostática, devemos
da medula espinhal.
procurar sinais de desidratação e avaliar anemia.
Algumas medicações podem induzir esse tipo de O uso de diuréticos deve ser pesquisado.
síncope, como diuréticos, vasodilatadores, anti-
Na síncope cardíaca, em geral não há pródromos,
depressivos.
a síncope é do tipo desliga-liga, geralmente rela-
Por fim, situações que geram hipovolemia também cionada a traumas mais graves que os da síncope
são causas frequentes de hipotensão postural, como reflexa. A perda de consciência pode ser precedida
hemorragia, diarreia, vômitos. por dor torácica ou palpitações. Além disso, os
pacientes em geral já têm comorbidades cardio-
4.2.3. Síncope cardíaca (cardiovascular) vasculares associadas. Podem ser auscultados
sopros ao exame físico.
Nesse caso, a síncope pode ocorrer por:
Para o diagnóstico diferencial é fundamental fazer
u Arritmias: mais comum ocorrer nas bradicar-
uma boa anamnese, avaliando a situação em que
ritmias, como doença do nó sinusal e os BAVs
ocorreu a síncope (deitado, sentado ou pé), pródro-
avançados (2º grau Mobitz II e BAVT). Lembrar
mos, desencadeantes e antecedentes pessoais.
de avaliar se o paciente usa drogas cronotrópi-
cas negativas (bradicardizantes) como betablo-
queadores, bloqueadores do canal de cálcio não
di-hidropiridínicos (diltiazem e verapamil), digo-
xina e amiodarona.
u Doença cardíaca estrutural: doenças que redu-
zem o volume sistólico por redução na função
26
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
• Longa história de síncope recorrente, ocor- O exame complementar inicial mais importante
rendo principalmente antes dos 40 anos. é o eletrocardiograma. O objetivo inicial é avaliar
• Aconteceu após visão, som, cheiro ou distúrbios do ritmo cardíaco (taqui ou bradicardias)
dor desagradáveis. ou sinais de cardiopatia estrutural (bloqueios de
• Estar em lugares lotados e/ou quentes. ramo, sobrecargas, áreas eletricamente inativas).
Síncope
• Durante a refeição.
Reflexa
• Presença de pródromos. Outros exames podem ser necessários nos casos
• Com rotação da cabeça ou pressão no de síncopes recorrentes, episódios graves (que
seio carotídeo (tumores, colares aperta- envolvam lesões ou acidentes) ou em pacientes que
dos, gravata apertada, barbear).
exerçam ocupações de alto risco. A depender dos
• Ausência de doença cardíaca.
achados iniciais, pode ser necessário realizar o teste
• Após se levantar. de inclinação (tilt test) usado para diagnóstico de
• De pé após esforço. síncopes reflexas, ecocardiograma, monitorização
• Hipotensão pós-prandial. contínua do ECG (Holter, looper recorder), teste de
• Relação temporal com início ou alteração isquemia e até cineangiocoronariografia.
Síncope de drogas vasodilatadoras ou diuréticos
Ortostática levando à hipotensão.
• História de hipovolemia (hemorragia,
diarreia, vômitos etc.).
• Presença de neuropatia autonômica ou
parkinsonismo.
27
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Exames
complementares
– os 6 “E”
INDICAÇÕES
• Exame invasivo
• Indicado quando
• Hemograma → os exames não
hemorragia invasivos não
chegaram ao
• Eletrólitos,
• HOLTER 24h ou diagnóstico.
glicemia → • Cardiopatia
mais • Suspeita de • Reservados
anormalidades anterior conhecida síncope reflexa ou para pacientes
metabólicas • Suspeita de
• Suspeita de ortostática, caso com arritmia
• Gasometria → arritmias
cardiopatia não consiga fazer documentada,
hipoxemia e • Não é indicado estrutural • Síncope induzida diagnóstico com
por esforço pré-excitação ou
distúrbios nos casos avaliação inicial.
• Presença de doença cardíaca
ácido-base infrequentes de
sopros • Não deve ser feita subjacente
• Troponinas → IAM síncope
• Área inativa no para diagnosticar • O objetivo
• D-dímero → TEP • Se negativo, não casos clássicos
ECG é descobrir
exclui arritmias
• BNP → ICC possíveis
anormalidades
• Outros → depende
de condução que
de sua suspeita!
predisponham a
taquiarritmias ou
bradiarritmias
28
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Quadro 11. Marcadores potenciais de risco em curto prazo – aumentam a probabilidade de síncope de origem cardíaca.
Síncope de esforço
Gênero masculino
Síncope deitado
HF de morte súbita
precoce < 50 anos
Fonte: Adaptado de Velasco et al.9
29
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
História,
exame físico,
PA em posição
supina e
em pé, ECG
Hipotensão ortostática
Síncope inexplicada
ou síncope reflexa
Alta
Estratificação de risco
Acompanhar ambulatório
Episódios recorrentes +
Episódio único ou raros +
baixo risco OU Achados de alto risco
Baixo risco nos escores
Risco ainda indefinido
Internação hospitalar
Orientação
Tratamento imediato
Tranquilização Internação
e conforme a causa
Alta
Avaliar necessidade de UTI
ECG contínuo
Ecocardiograma Doença cardiovascular
Normais Testes de isquemia isquêmica, estrutural
Outros conforme suspeita ou arritmias
ou necessidade
Fonte: Velasco et al.9
30
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
4.7. TRATAMENTO
31
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Dispneia
Coração ( BNP)
IC SCA Valvopatias
• Sopros
• Cardiomegalia (Rx) Dor anginosa • ECG: supra/infra/inversão • Alteração valvar (ECO)
• Ortopneia de T
• Sobrecarga/Arritmia
• DPN
(ECG) • ↑ Troponinna
• B3
• Linhas B (US)
Pulmão (➡ BNP)
• Tosse crônica/Taba-
• Tosse/Febre • Dor aguda e pleurítica gismo
• Consolidação (Rx) • Taqui sinual/S1Q3T3 • Sibilância/Alergias • Hiperinsuflação (Rx)
• Critérios de Wells
(ECG) • Rx normal
• ↓ D-Dímero
32
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Dor torácica
• Estresse emocional
• Mulher pós-
• Dor anginosa • ECG: supra/infra/ -menopausa • Ausência
• Dor súbita unilateral de sons
• Esquivalente inversão de T
• ECG = IAM com supra • Dispneia pulmonares
anginoso • Troponina:
• Coronarias normais • Rx: sem trama
elevação em
ascensão (varia • Balonamento apical vascular
> 20%) (ECO/ventriculografia)
Dissecção aguda
Pericardite TEP
de aorta
• Dor pleurítica • ECG: supra de • Dór súbita e • ADD Risk Score • Dor pleurítica e
intensa • Critérios de Wells
e melhora ao ST difuso, infra • Rx: Aumento de aguda
sentar de PR • Irradia para dorso • ↑ D-dímero
mediastino • Dispneia
• Sopro diastólico • ECG: normal/
• Assimetria de pode ter supra de
pulso/PA ST inferior
33
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Estimulação
Dor
Micção mecânica do
Disfunção do Emoções Falha autonômica pura,
Defecação seio carotídeo
nó sinusal Estresse atrofia de múltiplos
Tosse Barbear Falha auto-
Doença do siste- Bradiarritmias Ambiente quente sistemas, Doença de
Deglutição Colar apertado nômica 1ª
ma de condução Muito tempo Parkinson, demência
Atividade física Gravata apertada
atrioventricular em pé com Corpos de Lewy
Entre outros
Diabetes, amiloidose,
T. supraventricular Síndrome do
Taquiarritmias Vaso-vagal Situacional Falha auto- lesões na medula
T. ventricular seio carotídeo
nômica 2ª espinhal, neuropatia
Arritmias autonômica autoimune
e paraneoplásica,
Estenose aórtica, Cardíaco Reflexa ou Neu- insuf. renal
IAM, cardiomio- estrutural romediada
patias, massas Ingestão inadequada
cardíacas, anomalias Doenças cardiopul- Hipovolemia de líquidos, uso exa-
congênitas, doença monar estrutural gerado de diuréticos,
pericárdica etc. ETIOLOGIAS hemorragia, diarreia
Ortostática
Cardíaca SÍNCOPE e vômitos intensos.
TEP Queda de 20 na PAS e/
Dissecção aorta Vasos car- ou queda de 10 na PAD Antidepressivos
Hipertensão diopulmonares
(tricíclicos, fenotiazina),
pulmonar Uso de agentes anti-hiper-
Causas de perda de cons- medicamentos
Idiopática tensivos, em especial
ciência NÃO SÍNCOPE
vasodilatadores, opiá-
Neurológicas Metabólicas ceos e bromocriptina
Psicogênica Quando após avaliação não
Convulsões Drogas é chegado a uma etiologia Prejudica a va-
Álcool
AIT carotídeo Álcool T. da an- soconstrição
AIT verte- Hipoxemia siedade. Menos de 10% dos casos
brobasilar Hipoglicemia T. somato- Diminuição do reflexo
Envelhecimento
HSA Hiperventilação formes. vestíbulo-simpático
Migrânea com hipocapnia T. conversivos. Avaliação subsequente varia
Outros de acordo com a gravidade
34
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
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PMCID: PMC3780344.
35
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
QUESTÕES COMENTADAS
36
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Questão 3 Questão 5
(HIAE - SP – 2022) Paciente sexo masculino, 54 anos, (PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG - 2021) Mulher de 73
hipertenso, tabagista importante, deu entrada no anos foi levada à UPA após apresentar perda sú-
pronto-socorro com quadro de dor torácica inten- bita da consciência, com recuperação total após 1
sa, associada a sudorese que começou há cerca minuto. Estava sentada almoçando e não apresen-
de 3 horas. À avaliação, a PA: 160 × 100 mmHg, FC: tou sintomas antes ou após o evento. A filha ob-
80 bpm, SatO2: 98% em ar ambiente, FR: 16 ipm, servou discretas contrações no antebraço direito,
pulsos assimétricos. Realizou eletrocardiograma por alguns segundos. É portadora de hipertensão
e radiografia de tórax que seguem abaixo. O diag- arterial sistêmica e insuficiência cardíaca, condi-
nóstico mais provável para esse paciente, dentre ções bem controladas no momento. Ao exame, PA
os abaixo, é: 120x78mmHg, FC 76bpm, FR 14ipm, SpO2 98% (em
ar ambiente). Sem anormalidades aos exames res-
piratório, cardiovascular, abdominal e neurológico.
A propedêutica inicial MAIS ADEQUADA é:
Questão 6
A trombólise química.
Controle da pressão e da frequência cardíaca.
A angioplastia.
Heparina de baixo peso molecular.
37
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Nesse caso clínico, a conduta correta a ser tomada como resultado o valor elevado. Quanto à conduta
com relação a essa paciente é: nesse caso, considere as afirmativas a seguir.
Questão 8
38
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Questão 9
Questão 10
39
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: Lembre-se sempre dos princi- Y Dica do professor: Na avaliação inicial de todo
pais diagnósticos diferenciais de dor torácica (SCA, paciente com síncope, devemos fazer uma ECG e
TEP, Dissecção aguda de aorta – DAAo, Pericardi- avaliar a possibilidade de hipotensão postural (aferir
te Aguda) e dos achados clássicos da DAAo: dor PA deitado e em pé).
intensa, súbita, rasgante e com irradiação para o Alternativa A: INCORRETA. A paciente não está com
dorso, com assimetria de PA e pulso. Os exames a PA tão elevada.
complementares trazem uma angiotomografia de
Alternativa B: INCORRETA. Não há sinais neurológi-
aorta com o sinal do duplo lúmen, isto é, é possível
cos localizatórios que indique um quadro cerebro-
observar um “traço” de dissecção que divide a luz
vascular a princípio.
do vaso em duas partes (o lúmen falso e o verda-
deiro). A grande pegadinha dessa questão é o ECG, Alternativa C: CORRETA. Buscar arritmias e sinais
que mostra um supra de ST em parede inferior (D2, de doença cardíaca estrutural, como onda Q pato-
D3 e aVF). Por que isso acontece nesse caso? É lógico, bloqueios e sobrecargas.
porque, em cerca de 5% dos casos de DAAo, pode Alternativa D: INCORRETA. Não há indícios de TEP,
haver dissecção para o óstio da coronária direita, embora TEP entre no diagnóstico diferencial de pa-
ocasionando esse achado. ciente de síncope.
Alternativa A: INCORRETA. Não se trata de SCA. Cui- ✔ resposta:
dado ao avaliar o ECG, perceba todo o contexto
clínico do paciente. Além disso, está evidente na
Questão 3 dificuldade:
angiotomografia que há dissecção. Questão de dor
torácica onde é colocada angiotomografia, pense Y Dica do professor: Nem sempre dor torácica é igual
em TEP ou dissecção! à SCA. Fique sempre atento aos diagnósticos dife-
Alternativa B: INCORRETA. Como dito acima, isso renciais, com pericardite, TEP e dissecção aguda
não é uma SCA. de aorta (DDAo). Neste último caso, os achados
Alternativa C: INCORRETA. Se você fizer isso na DAAo, principais são dor súbita, assimetria de pulso e
prejudicará ainda mais o paciente. PA e sopro diastólico aspirativo (de Insuficiência
Aórtica). Na DDAo, o ECG geralmente é normal, e a
Alternativa D: CORRETA. Na dissecção tipo A, que
radiografia de tórax pode mostrar alargamento de
pega a aorta ascendente (como podemos ver na
mediastino nas dissecções tipo A (Que acometem
imagem), a cirurgia de emergência está sempre
a aorta ascendente).
indicada.
Alternativa A: INCORRETA. Não há alterações isquêmi-
Alternativa E: INCORRETA. Novamente, não se trata
cas no ECG. Há assimetria de pulsos e alargamento
de uma SCA, mas sim de DAAo.
de mediastino no raio X, achados típicos de DAAo.
✔ resposta:
Alternativa B: INCORRETA. A estenose aórtica pode
causar dor torácica, porém ela geralmente tem
40
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
características de angina estável (dor a esforços Alternativa D: INCORRETA. Não devemos anticoa-
previsíveis e de curta duração), e nas provas vem gular um paciente com DDAo, sob risco de piora
sempre acompanhada dos outros dois sintomas do quadro.
da tríade clássica da EAo: síncope e dispneia por ✔ resposta:
IC. Além disso, o sopro sistólico efetivo deveria
estar presente.
Alternativa C: INCORRETA. No TEP, a dor geralmen- Questão 5 dificuldade:
te é pleurítica (piora com a inspiração) e existem Y Dica do professor: A avaliação inicial de um pa-
fatores de risco para trombose (imobilização, cirur- ciente que apresentou síncope é baseada no seguin-
gia recente, câncer). Além disso, o raio X habitual- te tripé: anamnese (tentar identificar pródromos,
mente é normal. situação desencadeante), exame físico (buscar
Alternativa D: CORRETA. Como dito, em paciente achados de cardiopatia como sopros e avaliar PA
com dor torácica súbita intensa associada a assime- deitado e em pé) e ECG (buscar arritmias, sobre-
tria de pulso deve-se pensar em DDAo. Nos exames cargas, bloqueios).
complementares, o ECG mostra sobrecarga ventri- Alternativa A: INCORRETA. O doppler é um exame
cular esquerda por critérios de voltagem (Sokolow), para investigar aterosclerose carotídea, ficaria em
mas não há alterações isquêmicas e na radiogra- segundo plano na investigação neste momento.
fia há alargamento de mediastino. Lembre-se que
Alternativa B: CORRETA. Exame inicial fundamental.
o ECG na DDAo geralmente é normal, porém pode
apresentar supra de ST em parede inferior em ca- Alternativa C: INCORRETA. Não se engane: a des-
sos de dissecção para o óstio da coronária direita. crição de discretas contrações no antebraço direito
não deve levar a suspeita de crise convulsiva como
✔ resposta:
primeira hipótese diagnóstica. Como a paciente tem
histórico de IC, é importante investigar arritmias
Questão 4 dificuldade: como causa do quadro.
Alternativa D: INCORRETA. Tilt test é usado na in-
Y Dica do professor: No caso em questão, estamos
vestigação de síncope de baixo risco, com possível
diante de um paciente com dor torácica súbita, as-
etiologia vasovagal. A paciente em questão teve
simetria de pulso, ECG com SVE (Sokolow) e radio-
síncope de alto risco, porque não teve pródromos
grafia com alargamento de mediastino, portanto o
(desliga-liga), foi sentada (vasovagal geralmente
diagnóstico é DAAo. Nesse caso, o tratamento é
ocorre em pé) e tem histórico de IC.
baseado em 4 pilares, nessa sequência: Controle
da dor, FC, PA e chamar a cirurgia cardíaca (sempre ✔ resposta:
nos casos de DDAo tipo A, ou seja, que acometem
a aorta ascendente). dificuldade:
Questão 6
Alternativa A: INCORRETA. Trombólise estaria indica-
da em caso de IAM com supra, o que não é o caso. Y Dica do professor: Questão bastante interessan-
te, abordando o diagnóstico diferencial da dor to-
Alternativa B: CORRETA. Deve-se controlar primei-
rácica. A dor torácica é um dos grandes desafios
ro a FC com um betabloqueador, com metoprolol
no atendimento em unidades de emergência, visto
ou esmolol, com alvo de 50 – 60 bpm. Posterior-
que apresenta uma lista extensa de diagnósticos
mente, se a PA não estiver controlada (PA ≤ 120x80
diferenciais com diversas causas graves. Neste
mmHg), iniciar um vasodilatador, com o nitroprus-
caso, algumas informações bastante elucidativas
siato. Não se deve usar um vasodilatador antes do
do quadro são: a irradiação da dor torácica para o
BB, pelo risco de taquicardia rebote e consequente
dorso, presença de assimetria entre os pulsos dos
piora da dissecção.
membros inferiores e superiores e a presença de
Alternativa C: INCORRETA. Estaria indicada em caso alargamento do mediastino na radiografia de tórax.
de IAM.
41
Abordagem dos principais sintomas em cardiologia Cardiologia
Alternativa A: INCORRETA. Esta alternativa mostra con- TEP). Lembre-se que o d-dímero representa trombo-
dutas adequadas para a abordagem de um paciente se, mas não é específico de um único diagnóstico.
com TEP. No entanto, o quadro clínico do paciente Afirmativa III: CORRETA. O paciente tem alta proba-
não coloca TEP como um diagnóstico provável. A bilidade pré-teste de DAAo, portanto o exame diag-
dor do paciente não é típica do TEP, não há relato nóstico está indicado. O padrão-ouro é a angioto-
de dispneia. O TEP não explicaria as alterações dos mografia de aorta torácica, abdominal e seu ramos.
pulsos periféricos, e o paciente não apresenta alte- Se o paciente estiver instável para ser transferido
rações ao exame físico ou eletrocardiográficas que para a sala de TC, pode-se solicitar um ecocardio-
sejam indicativas do diagnóstico de TEP. grama transesofágico à beira-leito.
Alternativa B: INCORRETA. Esta alternativa indica Afirmativa IV: INCORRETA. O diagnóstico provável
algumas condutas para manejo de IAM. O paciente é DAAo, a angioTC é o exame padrão-ouro.
não apresenta dor típica de IAM tampouco apre-
✔ resposta:
senta presença resultado positivo de marcadores
de necrose miocárdica ou alterações eletrocardio-
gráficas indicativas de isquemia. Neste caso, NÃO Questão 8 dificuldade:
devemos realizar antiagregação plaquetária neste
paciente, visto que essa medida é associada a agra- Y Dica do professor: Na avaliação da síncope, o tripé
vamento do quadro. história, exame físico e ECG determinam a neces-
sidade de internação e investigação ambulatorial.
Alternativa C: CORRETA. Esta é a alternativa ade-
quada, visto que traz medidas que buscam contro- Alternativa A: INCORRETA. Síncope precedida por pal-
lar a pressão arterial para manejo de um aneurisma pitações ou induzidas pelo esforço são merecem
dissecante de aorta, o diagnóstico mais provável investigam complementar de causas cardíacas
do paciente, visto que ele apresenta diversos sin- (arritmias e doença cardíaca estrutural). O Tilt Test
tomas sugestivos dessa patologia. A idade típica, está indicado na investigação na síncope com ca-
a dor com torácica lancinante com irradiação para racterísticas neuromediadas, sem sinais de alarme.
região dorsal, a assimetria dos pulsos periféricos Alternativa B: INCORRETA. As três causas citadas
e o alargamento da aorta na radiografia. devem ser investigadas com ECG e não com ECO.
Alternativa D: INCORRETO. O paciente não apre- Alternativa C: CORRETA. Essas características ci-
senta quadro de angina instável com indicação de tadas estão presentes nas síncopes neurogênicas
angioplastia. ou neuromediadas.
✔ resposta: Alternativa D: INCORRETA. A hipersensibilidade do
seio carotídeo é mais comum na população idosa,
deve ser investigado com Tilt Test, por ser um tipo
Questão 7 dificuldade:
de síncope neuromediada. Durante o teste, o estí-
Y Dica do professor: Questões de dor torácica em mulo ao seio carotídeo leva à bradicardia e síncope.
paciente com sopro de insuficiência aórtica (sopro Alternativa E: INCORRETA. As síncopes neuromedia-
diastólico aspirativo) o diagnóstico sempre é Dis- das são divididas de acordo com o desencadeante
secção Aguda de Aorta (DAAo). em síncope vasovagal, hipersensibilidade do seio
Afirmativa I: CORRETA. Na DAAo, deve-se controlar a carotídeo e a síncope situacional. Elas em geral
FC e a PA. Usar um vasodilatador (como nitropru- são benignas, podem ser investigadas com Tilt Test
ssiato) sem betabloqueador pode levar à taquicar- e o tratamento envolve orientações gerais (evitar
dia secundária e à queda de resistência vascular desencadeantes) e manobras de contrapressão.
periférica. As síncopes de etiologia cardíaca, por outro lado,
podem levar à morte súbita.
Afirmativa II: CORRETA. O D-dímero pode ser usa-
do para exclusão de DAAo em pacientes com baixa ✔ resposta:
probabilidade pré-teste (mesmo uso em situação de
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Abordagem dos principais sintomas em cardiologia
Questão 10 dificuldade:
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Fixe seus conhecimentos!
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