Você está na página 1de 52

1

SUMÁRIO
1 DROGAS ESTIMULANTES ........................................................................4

1.1 Êxtase (MDMA) ....................................................................................4

1.1 Mefedrona ............................................................................................5

1.2 Anfetaminas .........................................................................................7

1.3 Cocaína .............................................................................................. 11

1.4 Tabaco ............................................................................................... 15

1.5 Tabaco e gravidez .............................................................................. 17

1.6 Tabagismo passivo ............................................................................ 18

1.7 Aspectos gerais .................................................................................. 19

1.8 O INCA - CONTAPP........................................................................... 20

2 DROGAS PERTURBADORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ...... 21

2.1 Maconha – THC – Tetrahidrocanabinol .............................................. 21

2.2 Efeitos da maconha ............................................................................ 22

2.3 Cogumelos e plantas alucinógenas – anticolinérgicos ....................... 25

2.4 Definição e histórico ........................................................................... 25

2.5 Efeitos no cérebro .............................................................................. 26

2.6 Efeitos no resto do corpo.................................................................... 27

2.7 Efeitos tóxicos .................................................................................... 27

2.8 Aspectos gerais .................................................................................. 27

2.9 Perturbadores (alucinógenos) sintéticos – (LSD-25 – ácido; MDMA-


Êxtase) 28

 LSD........................................................................................................ 28

 O MDMA (Metilenodióximetanfetamina), ............................................... 29

2.10 Efeitos no cérebro ........................................................................... 29

2.11 Efeitos no resto do organismo ......................................................... 30

2.12 Efeitos tóxicos ................................................................................. 30


2
2.13 Aspectos gerais............................................................................... 31

2.14 Situação no Brasil ........................................................................... 31

2.15 Esteroides Anabolizantes ................................................................ 31

2.16 Efeitos adversos.............................................................................. 33

3 DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS: UMA TEMÁTICA CONTEMPORÂNEA .. 38

4 ORIGEM DAS DROGAS ........................................................................... 38

4.1 Terapêuticas....................................................................................... 39

5 CONSUMO DE DROGAS NO MUNDO .................................................... 40

5.1 Segundo o Relatório Mundial (UNODC, 2009): .................................. 41

6 O EFEITO DOS DIVERSOS TIPOS DE DROGAS EM USUÁRIOS ......... 42

7 CONSUMO DE DROGAS NO CONTEXTO NACIONAL........................... 44

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 49

3
1 DROGAS ESTIMULANTES

1.1 Êxtase (MDMA)

Fonte: www.angelfire.com

Segundo Xavier, et al (2008) o MDMA é um composto derivado da


metanfetamina, que apresenta propriedades estimulantes, provenientes das
anfetaminas, e alucinógenas, derivadas da mescalina. O MDMA interfere em diversos
neurotransmissores ocasionando liberação de serotonina (5-hidroxitriptamina),
dopamina e norepinefrina no sistema nervoso central, os quais estão envolvidos no
controle do humor, termorregulação, sono, apetite e no controle do sistema nervoso
autônomo.
As mortes provocadas pelo uso de MDMA são, relativamente, raras. No
entanto, os usuários sofrem efeitos secundários bastante desagradáveis,
especialmente, quando utilizam em doses elevadas ou quando misturam com outras
substâncias.
Sinais de alerta de overdose (MDMA):
 Hipertermia (aumento excessivo da temperatura corporal);
 Desidratação;
 Batimento cardíaco, excessivamente, acelerado;

4
 Aumento excessivo da pressão arterial;
 Dificuldades respiratórias;
 Convulsões;
 Náuseas e vómitos;
 Espasmos musculares.

1.1 Mefedrona

Fonte: apertaocinto.wordpress.com

É uma substância que tem vindo a criar polémica nos últimos anos. A
mefedrona (mas também conhecida por Miau Miau, Meow, Blow, MMCAT,Meph ou
Drone).
Esta substância não está legislada, sendo legal em Portugal. No entanto, não
pode ser vendida para uso humano, sendo então comercializada como fertilizante de
plantas ou como sais de banho (daí a mensagem nas embalagens – “imprópria para
uso humano”).

5
A mefedrona é uma droga estimulante sintética que é usada como uma
alternativa legal à cocaína, ao ecstasy e/ou às anfetaminas. Apresenta-se,
normalmente, sob a forma de:
Pó branco ou cristal;
Cápsulas ou comprimidos.
 Via de consumo:
Oral; Snifada.
 Efeitos:
Dilatação das pupilas;
Movimento ocular rápido;
Tensão muscular (especialmente, contração dos músculos da mandíbula -
estrica);
Aumento do ritmo cardíaco;
Aumento da temperatura corporal;
Desidratação;
Dificuldades de concentração e memória;
Euforia;
Diminuição da sensação de cansaço;
Energia;
Sociabilidade (maior capacidade de comunicação);
Promove a sensação de intimidade e proximidade com outras pessoas;
Ansiedade;
Depressão;
Perda da noção de tempo e espaço;
Vasoconstrição (diminuição da espessura dos vasos sanguíneos) nas
extremidades corporais (mãos e pernas);
Diminuição do apetite;
Vontade de consumir mais.
Os efeitos dependem de pessoa para pessoa, da qualidade da substância e da
via de consumo, mas também do contexto.
Via oral: os efeitos surgem entre 15 a 45 minutos após a ingestão e podem
durar entre 3 a 5 horas.

6
Via snifada: os efeitos surgem entre 5 a 10 minutos e podem durar entre 1 a 2
horas.
 Riscos:
Desidratação;
Espasmos musculares (maxilares);
Ansiedade;
Dificuldades de concentração e memória;
Variações de humor (ex: irritabilidade);
Depressão;
Dependência psicológica;
As extremidades corporais (mãos e pernas) podem ficar azuladas devido à
pouca irrigação sanguínea (tanto mais quanto maior for a dose), podendo provocar
formigueiro e dores de cabeça;
Aumento da temperatura corporal (pode chegar aos 42ºC);
Perturbações do sono (ex: insónia);
Fadiga;
Problemas cardíacos

1.2 Anfetaminas

Fonte: ticsproyectoequip.blogspot.com.br

7
As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso
central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas mais
“acesas”, “ligadas” com “menos sono”, “elétricas”, etc. É chamada de rebite
principalmente entre os motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas
sem descanso, a fim de cumprir prazos pré-determinados. Também é conhecida como
bolinha por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que
costumam fazer regimes de emagrecimento sem o acompanhamento médico.
Nos Estados Unidos da América, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido
muito consumida na forma fumada em cachimbos, recebendo o nome de “ICE” (gelo).
Outra anfetamina, metilenodióximetanfetamina (MDMA), também conhecida
pelo nome de “Êxtase”, tem sido uma das drogas com maior aceitação pela juventude
inglesa e agora, também, com um consumo crescente nos USA.
As anfetaminas são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não são,
portanto, produtos naturais. Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo
das anfetaminas e como cada uma delas pode ser comercializada sob a forma de
remédio, por vários laboratórios e com diferentes nomes de fantasia, temos um grande
número destes medicamentos, conforme mostra a tabela abaixo.

Tabela - Nomes comerciais de alguns medicamentos à base de drogas do tipo anfetamina, vendidos
no Brasil. Dados obtidos do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas - DF - ano 1996/1997.

Droga do tipo Anfetamina Produtos (remédios comerciais) vendidos


nas farmácias
Dietilpropiona ou Anfepramona Dualid S; Hipofagin S; Inibex S; Moderine
Fenproporex Desobesi-M; Lipomax AP; Inobesin
Mazindol Dasten; Fagolipo; Absten-Plus; Diazinil;
Dobesix
Metanfetamina Pervitin*
Metifenidato Ritalina
* Retirado do mercado brasileiro, mas encontrado no Brasil graças à importação ilegal de outros
países sul-americanos. Nos EUA cada vez mais usado sob o nome de ICE.

8
 Efeitos no cérebro
As anfetaminas agem de uma maneira ampla afetando vários comportamentos
do ser humano. A pessoa sob sua ação tem insônia (isto é, fica com menos sono)
inapetência (ou seja, perde o apetite), sente-se cheia de energia e fala mais rápido
ficando “ligada”. Assim, em linguagem bem popular, o motorista que toma o “rebite”
para não dormir, o estudante que ingere “bolinha” para varar a noite estudando, um
obeso que as engole regularmente para emagrecer ou ainda uma pessoa que se injeta
com uma ampola de Pervitin ou com comprimidos dissolvidos em água para ficar
“ligadão” ou ter um “baque” estão na realidade tomando drogas anfetamínicas.
A pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer
por mais tempo, sentido menos cansaço. Este só aparece horas mais tarde quando a
droga já se foi do organismo; se nova dose é tomada as energias voltam embora com
menos intensidade. De qualquer maneira as anfetaminas fazem com que um
organismo reaja acima de suas capacidades exercendo esforços excessivos, o que
logicamente é prejudicial para a saúde. E o pior é que a pessoa ao parar de tomar
sente uma grande falta de energia (astenia) ficando bastante deprimida, o que
também é prejudicial, pois não consegue nem realizar as tarefas que normalmente
fazia antes do uso dessas drogas.
 Efeitos no resto do corpo
As anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na
pupila dos nossos olhos produzindo uma dilatação (o que em medicina se chama
midríase); este efeito é prejudicial para os motoristas, pois à noite ficam mais
ofuscados pelos faróis dos carros em direção contrária. Elas também causam um
aumento do número de batimentos do coração (o que se chama taquicardia) e um
aumento da pressão sanguínea. Aqui também podem haver sérios prejuízos à saúde
das pessoas que já têm problemas cardíacos ou de pressão, que façam uso
prolongado dessas drogas sem o acompanhamento médico, ou ainda que se
utilizarem de doses excessivas.
 Efeitos tóxicos
Se uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez)
todos os efeitos acima descritos ficam mais acentuados e podem começar a aparecer
comportamentos diferentes do normal: ela fica mais agressiva, irritadiça, começa a
suspeitar de que outros estão tramando contra ela: é o chamado delírio persecutório.
9
Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa pode aparecer um
verdadeiro estado de paranoia e até alucinações. É a psicose anfetamínica. Os sinais
físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pela pálida (devido à
contração dos vasos sanguíneos) e taquicardia.
Essas intoxicações são graves e a pessoa geralmente precisa ser internada até
a desintoxicação completa. Às vezes durante a intoxicação a temperatura aumenta
muito e isto é bastante perigoso, pois pode levar a convulsões.
Finalmente trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso
continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas células do
cérebro. Este achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas produzir
lesões irreversíveis em pessoas que abusam destas drogas.
 Aspectos gerais
Quando uma anfetamina é continuamente tomada por uma pessoa, esta
começa a perceber com o tempo que a droga faz a cada dia menos efeito; assim, para
obter o que deseja, precisa ir tomando a cada dia doses maiores. Há até casos que
de 1-2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40-60 comprimidos diariamente.
Este é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou
ficar tolerante à droga.
Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempo e
para de tomar, apresentaria sinais desta interrupção da droga, ou seja, se teria uma
Síndrome de abstinência. Ao que se sabe algumas pessoas podem ficar nestas
condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto,
isto não é uma regra geral, isto é, não aconteceria com todas as pessoas.
 Informações sobre consumo
O consumo destas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até a
Organização das Nações Unidas vem alertando o Governo brasileiro a respeito. Por
exemplo, entre estudantes brasileiros do Ensino Fundamental II e Ensino Médio das
10 maiores capitais do país, 4,4% revelaram já ter experimentado pelo menos uma
vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso frequente (6 ou mais vezes no mês) foi
relatado por 0,7% dos estudantes. Este uso foi mais comum entre as meninas.

10
Outro dado preocupante diz respeito ao total consumido no Brasil: em 1995
atingiu mais de 20 toneladas, o que significa muitos milhões de doses (CEBRID,
2003).

1.3 Cocaína

Fonte: seligasaude.com

 Definição e histórico
A cocaína (pasta de coca, crack ou merla) é uma substância natural, extraída
das folhas de uma planta que ocorre exclusivamente na América do Sul: a
Erythroxylon coca, conhecida como coca ou epadú, este último nome dado pelos
índios brasileiros. A cocaína pode chegar até o consumidor sob a forma de um sal, o
cloridrato de cocaína, o “pó”, “farinha”, “neve” ou “branquinha” que é solúvel em água
e, portanto, serve para ser aspirado ou dissolvido em água para uso endovenoso
(“pelos canos”); ou sob a forma de uma base, o crack que é pouco solúvel em água,
mas que se volatiliza quando aquecida e, portanto, é fumada em “cachimbos”.

11
Também sob a forma base, a merla (mela, mel ou melado) preparada de forma
diferente do crack, também é fumada. Enquanto o crack ganhou popularidade em São
Paulo, Brasília foi a cidade vítima da merla. De fato, pesquisa recente mostra que mais
de 50% dos usuários de drogas da Capital Federal fazem uso de merla e apenas 2%
de crack (CEBRID, 2005).
Por apresentar um aspecto de “pedra” no caso do crack e “pasta” no caso da
merla, não podendo ser transformado num pó fino, tanto o crack como a merla não
podem ser aspirados como é o caso da cocaína pó (“farinha”), e por não serem
solúveis em água também não podem ser injetados. Por outro lado, para passar do
estado sólido ao de vapor quando aquecido, o crack necessita de uma temperatura
relativamente baixa (95ºC) o mesmo ocorrendo com a merla, ao passo que o “pó”
necessita de 195ºC, por esse motivo que o crack e a merla podem ser fumados e o
“pó” não.
Há ainda a pasta de coca que é um produto grosseiro, obtido das primeiras
fases de separação de cocaína das folhas da planta quando estas são tratadas com
álcali, solvente orgânico como querosene ou gasolina e ácido sulfúrico. Esta pasta
contém muitas impurezas tóxicas e é fumada em cigarros chamados “basukos”.
Antes de se conhecer e de se isolar cocaína da planta, esta era muito usada
sob forma de chá. Ainda hoje este chá é bastante comum em certos países como Peru
e Bolívia, sendo que neste primeiro é permitido por lei, havendo até um órgão do
Governo o “Instituto Peruano da Coca” que controla a qualidade das folhas vendidas
no comércio. Este chá é até servido aos hóspedes nos hotéis. Acontece que sob a
forma de chá, pouca cocaína é extraída das folhas; além do mais, ingere-se (toma-se
pela boca) o tal chá, sendo pouca cocaína absorvida pelos intestinos que começa a
ser metabolizada pelo sangue e, indo ao fígado, é, em boa medida, destruída antes
de chegar ao cérebro. Em outras palavras quando a planta é ingerida sob a forma de
chá, muito pouca cocaína chega ao cérebro.
Todo mundo comenta que vivemos hoje em dia uma epidemia de uso de
cocaína, como se isto estivesse acontecendo pela primeira vez. Mesmo nos Estados
Unidos onde sem dúvida houve uma explosão de uso nestes últimos anos, já houve
fenômeno semelhante no passado. E no Brasil também há cerca de 60-70 anos
utilizou-se aqui muita cocaína.

12
 Efeitos no cérebro
Tanto o crack como a merla também são cocaínas, portanto todos os efeitos
provocados pela cocaína também ocorrem com o crack e a merla. Porém, a via de
uso dessas duas formas (via pulmonar, já que ambos são fumados) faz toda a
diferença do crack e da merla com o “pó”.
Assim que o crack e a merla são fumados alcançam o pulmão, que é um órgão
intensivamente vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção
instantânea. Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação cerebral
chegando rapidamente ao cérebro. Com isto, pela via pulmonar o crack e a merla
“encurtam” o caminho para chegar no cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína
muito mais rápido do que outras vias. Em 10 a 15 segundos os primeiros efeitos já
ocorrem, enquanto que os efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos
e após a injeção, em 3 a 5 minutos. Essa característica faz do crack uma droga
“poderosa” do ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece quase que
instantaneamente após uma “pipada”.
Porém a duração dos efeitos do crack é muito rápida. Em média duram em
torno de 5 minutos, enquanto que a cocaína após injetada ou cheirada, em torno de
20 e 45 minutos, respectivamente. Essa pouca duração dos efeitos faz com que o
usuário volte a utilizar a droga com mais frequência que as outras vias (praticamente
de 5 em 5 minutos) levando-o à dependência muito mais rapidamente que os usuários
da cocaína por outras vias (nasal, endovenosa).
Logo após a “pipada” o usuário sente uma sensação de grande prazer, intensa
euforia e poder. É tão agradável, que logo após o desaparecimento desse efeito (e
isso ocorre muito rapidamente, em 5min), ele volta a usar a droga, fazendo isso
inúmeras vezes até acabar todo o estoque que possui ou o dinheiro para consegui-lo.
A essa compulsão para utilizar a droga repetidamente, dá-se o nome popular de
“fissura” que é uma vontade incontrolável de sentir os efeitos de “prazer” que a droga
provoca. A “fissura” no caso do crack e merla é avassaladora, já que os efeitos da
droga são muito rápidos e intensos.
Além desse “prazer” indescritível, que muitos comparam a um orgasmo, o crack
e a merla também provocam um estado de excitação, hiperatividade, insônia, perda
de sensação do cansaço, falta de apetite. Este último efeito é muito

13
Característico do usuário de crack e merla. Em menos de um mês ele perde
muito peso (8 a 10 kg) e num tempo um pouco maior de uso ele perde todas as noções
básicas de higiene ficando com um aspecto deplorável. Por essas características os
usuários de crack (craqueiros) ou de merla são facilmente identificados.
Após ao uso intenso e repetitivo o usuário experimenta sensações muito
desagradáveis como cansaço e intensa depressão.
 Efeitos tóxicos
A tendência do usuário é aumentar a dose de uso na tentativa de sentir efeitos
mais intensos. Porém essas quantidades maiores acabam por levar o usuário a
comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao
aparecimento de paranoia (chamada entre eles de “Nóia”). Esse efeito provoca um
grande medo nos craqueiros, que passam a vigiar o local onde estão usando a droga
e passam a ter uma grande desconfiança uns dos outros o que acaba levando-os à
situações extremas de agressividade. Eventualmente podem ter alucinações e
delírios. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de “psicose cocaína”. Além
desses sintomas descritos, o craqueiro e o usuário de merla perdem de forma muito
marcante o interesse sexual.
 Efeitos sobre outras partes do corpo:
Os efeitos são os mesmos provocados pela cocaína utilizada por outras vias.
Assim o crack e a merla podem produzir um aumento das pupilas (midríase), afetando
a visão que fica prejudicada, a chamada “visão borrada”. Ainda pode provocar dor no
peito, contrações musculares, convulsões e até coma. Mas é sobre o sistema
cardiovascular que os efeitos são mais intensos. A pressão arterial pode elevar-se e
o coração pode bater muito mais rapidamente (taquicardia). Em casos extremos
chega a produzir uma parada do coração por fibrilação ventricular. A morte também
pode ocorrer devido a diminuição de atividade de centros cerebrais que controlam a
respiração.
O uso crônico da cocaína pode levar a uma degeneração irreversível dos
músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.
 Aspectos gerais

14
É certo que os usuários de cocaína relatam que aumentam a dose quer para
sentir os mesmos efeitos quer para aumentá-los. De qualquer maneira, considera-se
hoje em dia que a cocaína induz tolerância, tanto que os manuais psiquiátricos mais
atuais já admitem a tolerância induzida pela cocaína, sendo que a mesma pode ser
observada em todas as vias de administração.
Não há descrição convincente de uma síndrome de abstinência quando a
pessoa para de tomar cocaína abruptamente: ela não sente dores pelo corpo, cólicas,
náuseas, etc. O que ocorre é que essa pessoa pode ficar tomada de grande “fissura”
desejando tomar de novo para sentir os efeitos agradáveis e não para diminuir ou
abolir o sofrimento que ocorreria se realmente houvesse uma síndrome de
abstinência.

1.4 Tabaco

O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotiana tabacum, da qual é


extraída uma substância chamada nicotina. Seu uso surgiu aproximadamente no ano
1000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágico-religiosos
com objetivo de purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros,
além de acreditar que a mesma tinha o poder de predizer o futuro. A planta chegou
ao Brasil provavelmente pela migração de tribos tupis-guaranis.

Fonte: www.movenoticias.com
15
A partir do século XVI, o seu uso foi introduzido na Europa, por Jean Nicot,
diplomata francês vindo de Portugal, após ter-lhe cicatrizado uma úlcera de perna, até
então incurável.
No início, utilizado com fins curativos, através do cachimbo, difundiu-se
rapidamente, atingindo Ásia e África, no século XVII. No século seguinte, surgiu a
moda de aspirar rapé, ao qual foram atribuídas qualidades medicinais, pois a rainha
da França, Catarina de Médicis, o utilizava para aliviar suas enxaquecas.
No século XIX, iniciou-se o uso do charuto, através da Espanha atingindo toda
a Europa, Estados Unidos e demais continentes, sendo utilizado para demonstração
de ostentação. Por volta de 1840 a 1850, surgiram as primeiras descrições de homens
e mulheres fumando cigarros, porém somente após a Primeira Guerra Mundial (1914
a 1918) seu consumo apresentou uma grande expansão.
Seu uso espalhou-se por todo mundo a partir de meados do século XX, com
ajuda de técnicas avançadas de publicidade e marketing, que se desenvolveram nesta
época.
A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatórios científicos que
relacionaram o cigarro ao adoecimento do fumante e hoje existem inúmeros trabalhos
comprovando os malefícios do tabagismo à saúde do fumante e do não-fumante
exposto à fumaça do cigarro.
Hoje o fumo é cultivado em todas as partes do mundo e é responsável por uma
atividade econômica que envolve milhões de dólares.
Apesar dos males que o hábito de fumar provoca, a nicotina é uma das drogas
mais consumidas no mundo.
 Efeitos no cérebro
Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões,
chegando ao cérebro geralmente em 9 segundos.
Os principais efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central são: elevação leve
no humor (estimulação) e diminuição do apetite. A nicotina é considerada um
estimulante leve, apesar de um grande número de fumantes relatarem que se sentem
relaxados quando fumam. Essa sensação de relaxamento é provocada pela
diminuição dos tônus musculares.
Essa substância, quando usada ao longo do tempo, pode provocar o
desenvolvimento de tolerância, ou seja, a pessoa tende a consumir um número cada
16
vez maior de cigarros para sentir os mesmos efeitos que originalmente eram
produzidos por doses menores.
Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros,
podem sentir fissura (desejo incontrolável por cigarro), irritabilidade, agitação, prisão
de ventre, dificuldade de concentração, sudorese, tontura, insônia e dor de cabeça.
Esses sintomas caracterizam a síndrome de abstinência, desaparecendo dentro de
uma ou duas semanas.
A tolerância e a síndrome de abstinência são alguns dos sinais que
caracterizam o quadro de dependência provocado pelo uso de tabaco.
 Efeitos no resto do organismo
A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardíaco, na pressão
arterial, na frequência respiratória e na atividade motora.
Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina é imediatamente distribuída
pelos tecidos. No sistema digestivo provoca queda da contração do estômago,
dificultando a digestão. Há um aumento da vasoconstricção e na força das contrações
cardíacas.
 Efeitos tóxicos
A fumaça do cigarro contém um número muito grande de substâncias tóxicas
ao organismo. Dentre as principais, citamos a nicotina, o monóxido de carbono, e o
alcatrão.
O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade da ocorrência
de algumas doenças como, por exemplo, a pneumonia, câncer (pulmão, laringe,
faringe, esôfago, boca, estômago, entre outros), infarto de miocárdio; bronquite
crônica; enfisema pulmonar; derrame cerebral; úlcera digestiva; etc. Entre outros
efeitos tóxicos provocados pela nicotina, podemos destacar ainda náuseas, dores
abdominais, diarreia, vômitos, cefaleia, tontura, bradicardia e fraqueza.

1.5 Tabaco e gravidez

Quando a mãe fuma durante a gravidez, “o feto também fuma”, recebendo as


substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aumento do
batimento cardíaco no feto, redução do peso do recém-nascido, menor estatura, além

17
de alterações neurológicas importantes. O risco de abortamento espontâneo, entre
outras complicações durante a gravidez é maior nas gestantes que fumam.

Fonte: www.abcdobebe.com

Durante a amamentação, as substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas


para o bebê também através do leite materno.

1.6 Tabagismo passivo

Os fumantes não são os únicos expostos à fumaça do cigarro pois os não-


fumantes também são agredidos por ela, tornando-se fumantes passivos.
Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os não-
fumantes próximos ou distantes dos fumantes, inalem também as substâncias tóxicas.

18
Fonte: blogspot.com.br

Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam uma incidência 3


vezes maior de infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos
de pais não-fumantes.

1.7 Aspectos gerais

O hábito de fumar é muito frequente na população. A associação do cigarro


com imagens de pessoas bem-sucedidas, jovens, esportistas foi uma constante nos
meios de comunicação por longos anos. Este tipo de propaganda é um dos principais
fatores que estimularam o uso do cigarro. Por outro lado, os programas de controle
do tabagismo, vêm recebendo um destaque cada vez maior em diversos países,
ganhando apoio de grande parte da população.

19
1.8 O INCA - CONTAPP

Fonte: marcioantoniassi.wordpress.com

O INCA (Instituto Nacional de Câncer) é o órgão do Ministério da Saúde


responsável pelas ações de controle do tabagismo e prevenção primária de câncer no
Brasil, através da Coordenação Nacional de Controle do Tabagismo e Prevenção
Primária de Câncer (Contapp). Essas ações vão desde a comemoração de datas
específicas, como Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio e Dia Nacional de Combate
ao Fumo, 29 de agosto, até a estruturação e realização de programas continuados
para controle do tabagismo e de outros fatores de risco de câncer, em unidades de
saúde, escolas e ambientes de trabalho.
Para isso, o INCA/Contapp, coordena uma rede de 27 coordenadores
estaduais, capacita recursos humanos, desenvolve pesquisas, elabora livros didáticos
sobre o tema, além de folhetos, cartazes e adesivos; presta assessoria técnica nos
projetos de lei sobre tabagismo, que tramitam no Congresso Nacional; e participa de
congressos de todas as áreas do conhecimento relacionadas ao tabagismo (CEBRID,
2002).

20
2 DROGAS PERTURBADORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

2.1 Maconha – THC – Tetrahidrocanabinol

Fonte: ioeste.com.br

A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada


cientificamente de Cannabis sativa. Em outros países ela recebe diferentes nomes
como marihuana, ganja, cânhamo. Ela já era conhecida há pelo menos 5.000 anos,
sendo utilizada quer para fins medicinais quer para “produzir risos”. Talvez a primeira
menção da maconha na nossa língua tenha sido um escrito de 1548 onde está dito
no português daquela época: “e já ouvi a muitas mulheres que, quando iam ver algum
homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavam”.
Até o início do século XX, a maconha era considerada em vários países,
inclusive no Brasil, como um medicamento útil para vários males. Mas também era já
utilizada para fins não médicos por pessoas desejosas de sentir “coisas diferentes”,
ou mesmo utilizavam-na abusivamente. Consequência deste abuso, e de um certo
exagero sobre os seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em praticamente todo
mundo ocidental, nos últimos 50-60 anos. Mas atualmente, graças as pesquisas
recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como
medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e
vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns
21
casos de epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou “ataques”).
Entretanto, é bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta)
têm também efeitos indesejáveis que podem prejudicar uma pessoa.
O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria
maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta. Assim, dependendo
da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima,
estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a
maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Esta
variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta: todos nós
sabemos que há grande variação entre as pessoas; de fato, ninguém é igual a
ninguém. Assim, a dose de maconha que é insuficiente para um pode produzir efeito
nítido em outro e até uma forte intoxicação num terceiro.

2.2 Efeitos da maconha

Para bom entendimento é melhor dividir os efeitos que a maconha produz sobre
o homem em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes dele) e psíquicos (ação
sobre a mente). Esses efeitos físicos e psíquicos sofrerão mudanças de acordo com
o tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos são agudas (isto é, quando
decorre apenas algumas horas após fumar) e crônicas (consequências que aparecem
após o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).
Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados
(o que em linguagem médica chama-se hiperemia das conjuntivas), a boca fica seca
(xerostomia) e o coração dispara de 60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-
140 ou até mesmo mais (taquicardia).
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e
da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas os efeitos são uma
sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos
fadigado, vontade de rir (hilaridade). Para outras pessoas os efeitos são mais para o
lado desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle
da cabeça, trêmulas, suando.
Há ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa em calcular tempo e
espaço e um prejuízo na memória e atenção. Assim sob a ação da maconha a pessoa
22
erra grosseiramente na discriminação do tempo tendo a sensação que se passaram
horas quando na realidade foram alguns minutos; um túnel com 10 metros de
comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros.
Quanto aos efeitos na memória eles se manifestam principalmente na chamada
memória a curto prazo, ou seja, aquela que nos é importante por alguns instantes.
Dois exemplos verídicos auxiliam a entender este efeito: uma telefonista de PABX em
um hotel (que ouvia um dado número pelo fone e no instante seguinte fazia a ligação)
quando sob ação da maconha não era mais capaz de lembrar-se do número que
acabara de ouvir. O outro caso, um bancário que lia numa lista o número de um
documento que tinha que retirar de um arquivo; quando sob ação da maconha já havia
esquecido do número quando chegava em frente ao arquivo.
Pessoas sob esses efeitos não conseguem, ou melhor, não deveriam executar
tarefas que dependem da atenção, bom senso e discernimento, pois correm o risco
de prejudicar outros e/ou a si próprio. Como exemplo disso: dirigir carro, operar
máquinas potencialmente perigosas.
Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos
agudos podem chegar até as alterações mais evidentes, com predominância de
delírios e alucinações. Delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um
juízo errado do que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da maconha uma pessoa ouve
a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que vem prendê-la; ou vê duas
pessoas conversando e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo tramando um
atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguição (delírios
persecutórios) pode levar ao pânico e, consequentemente, a atitudes perigosas (“fugir
pela janela”, agredir as pessoas conversando em “defesa” antecipada contra a
agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação é uma percepção sem
objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou vê duas pessoas conversando
quando não existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinações podem também ter
fundo agradável ou terrificante.
Os efeitos físicos crônicos da maconha já são de maior alcance. De fato, com o
continuar do uso, vários órgãos do nosso corpo são afetados. Os pulmões são um
exemplo disso. Não é difícil imaginar como irão ficar estes órgãos quando passa a
receber cronicamente um uso abusivo, que é muito irritante, dado ser proveniente de
um vegetal que nem chega a ser tratado como é o tabaco comum. Esta irritação
23
constante leva a problemas respiratórios (bronquites), aliás, como ocorre também com
o cigarro comum. Mas o pior é que o fumo de maconha contém alto teor de alcatrão
(maior mesmo que na do cigarro comum) e nele existe uma substância chamada
benzo pireno, conhecido agente cancerígeno; ainda não está provado cientificamente
que a pessoa que fuma maconha cronicamente está sujeita a contrair câncer dos
pulmões com maior facilidade, mas os indícios em animais de laboratório de que
assim pode ser são cada vez mais fortes.
Outro efeito físico adverso (indesejável) do uso crônico da maconha refere-se
à testosterona. Esta é o hormônio masculino; como tal confere ao homem maior
quantidade de músculos, a voz mais grossa, a barba, também é responsável pela
fabricação de espermatozoides pelos testículos. Já existem muitas provas que a
maconha diminui em até 50-60% a quantidade de testosterona. Consequentemente o
homem apresenta um número bem reduzido de espermatozoides no líquido
espermático (medicamente esta diminuição chama-se oligospermia) o que leva a uma
infertilidade. Ou seja, o homem terá mais dificuldade de gerar filhos. Este é um efeito
que desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta. É também importante dizer
que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual; ele fica somente com uma
esterilidade, isto é, fica incapacitado de engravidar sua companheira.
Há ainda a considerar os efeitos psíquicos crônicos produzidos pela maconha.
Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere com a capacidade de
aprendizagem e memorização e pode induzir um estado de amotivação, isto é, não
sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graça e importância. Este efeito
crônico da maconha é chamado de síndrome amotivacional. Além disso, a maconha
pode levar algumas pessoas a um estado de dependência, isto é, elas passam a
organizar sua vida de maneira a facilitar o uso de maconha, sendo que tudo o mais
perde o seu real valor.

Finalmente, há provas científicas de que se a pessoa tem uma doença psíquica


qualquer, mas que ainda não está evidente (a pessoa consegue “se controlar”) ou a
doença já apareceu, mas está controlada com medicamentos adequados, a maconha
piora o quadro. Ou faz surgir a doença, isto é, a pessoa não consegue mais “se
controlar” ou neutraliza o efeito do medicamento passando a apresentar de novo os

24
sintomas da doença. Este fato tem sido descrito com frequência na doença mental
chamada esquizofrenia.
Em um levantamento feito entre os estudantes do Ensino Fundamental II e
Ensino Médio (antigo 1º e 2º graus) das 10 maiores cidades do país, em 1997, 7,6%
declararam que já haviam experimentado a maconha e 1,7% declararam fazer uso de
pelo menos 6 vezes por mês (CEBRID, 2003).

2.3 Cogumelos e plantas alucinógenas – anticolinérgicos

Fonte: www.hetmeisjedatopdinsdaghetbierschenkt.nl

2.4 Definição e histórico

Em 1866, um médico da Bahia descreve o seguinte quadro em dois escravos:


“Fui chamado a visitar estes doentes no dia seguinte às 8 horas da manhã. Já podiam
caminhar, mas estavam ainda trôpegos e alucinados, vendo objetos imaginários,
fantasmas, ratos a passear pela câmara, etc., de que procuravam fugir dirigindo-se
para a porta. Ambos tinham as pupilas dilatadas... a boca e fauces nada oferecem de
notável.... Na panela que servia para fazer o cozimento estavam dos ramos com
25
muitas folhas e algumas flores rudimentares, de uma planta que conheci ser
trombeteira (Datura arborea, Lin) ”...
Em 1984 um jovem advogado de São Paulo narrou sua experiência. Após
ingerir chá de saia-branca: “Os sintomas iniciam-se cerca de 10 minutos mais tarde
com queixas de não enxergar direito, vendo tudo embaraçado e fora de foco. As
pupilas estão totalmente dilatadas. Seguem-se alucinações terrificantes, visão de
animais e plantas ameaçadoras, cadáveres de índios, pessoas, etc.”. Algumas horas
mais tarde relata que perdeu o pulso e engoliu a língua sendo levado para o pronto
socorro.
Ainda em uma manhã de 1989 um menino de rua com as pupilas muito
dilatadas descreveu o que sentia após tomar 10 comprimidos de Artane®: “via elefante
correndo pela rua e rato saindo do buraco, se olhava para o céu via estrelas de dia.
Estava tudo embaçado e dava medo, mas era também bonito”.
Conforme pode-se ver pelas descrições acima, tanto o chá da planta como o
medicamento Artane® foram capazes de produzir dilatação das pupilas (midríase) e
alterações mentais do tipo percepção sem objetivo (ver ratos, índios e estrelas quando
estes objetos não existiam), isto é, alucinações.
O que existe de comum entre a planta Trombeteira ou Lírio e o medicamento
Artane® para produzirem efeitos físicos e psíquicos semelhantes? É que as duas
substâncias sintetizadas pela planta atropina e/ou escopolamina - e o próprio remédio
tem um efeito no nosso organismo que a medicina chama de efeito anticolinérgico.
E sabe-se que todas as drogas anticolinérgicas são capazes de, em doses
elevadas, além dos efeitos no nosso corpo, alterar as nossas funções psíquicas.
São exemplos mais conhecidos:
Plantas – datura, lírio, trombeta, trombeteira, cartucho, saia-branca e zabumba.
Medicamentos - ARTANE® AKINETON®, BENTYL®

2.5 Efeitos no cérebro

Os anticolinérgicos, tanto de origem vegetal como os sintetizados no


laboratório, atuam principalmente produzindo delírios e alucinações. São comuns as
descrições pelas pessoas intoxicadas de se sentirem perseguidas, de verem pessoas
e bichos, etc. Estes delírios e alucinações dependem bastante da personalidade da
26
pessoa e de sua condição, assim, nas descrições de usuários destas drogas,
encontram-se relatos de visões de santos, animais, estrelas, fantasmas, entre outras
imagens. Os efeitos são bastante intensos, podendo demorar até 2-3 dias. Apesar
disso, o uso de medicamentos anticolinérgicos (com controle médico) é muito útil no
tratamento de algumas doenças como, por exemplo, a Doença de Parkinson.

2.6 Efeitos no resto do corpo

Drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos periféricos.


Assim, as pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o coração pode disparar. Os
intestinos ficam paralisados - tanto que eles são usados medicamente como
antidiarreicos - e a bexiga fica “preguiçosa” ou há retenção de urina.

2.7 Efeitos tóxicos

Os anticolinérgicos podem produzir em doses elevadas grande elevação da


temperatura que chega às vezes até 40-41ºC. Nestes casos, felizmente não muito
comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente com vermelhidão
principalmente no rosto e pescoço. Esta temperatura elevada pode provocar
convulsões e são por isto bastante perigosa. Existem pessoas também que
descrevem ter “engolido a língua” e quase se sufocarem por causa disto. Ainda, em
casos de dosagens elevadas, o número de batimentos do coração sobe
exageradamente, podendo chegar até acima de 150 batimentos por minuto.

2.8 Aspectos gerais

O abuso destas substâncias é relativamente comum no Brasil. O Artane®


chega a ser a terceira droga mais abusada entre meninos em situação de rua de
algumas capitais no Nordeste (após os inalantes e a maconha). Nas demais regiões
o uso de anticolinérgicos é bem menos frequente.
Estas drogas não desenvolvem tolerância no organismo e não há descrição de
Síndrome de Abstinência após a parada de uso contínuo (CEBRID, 2003).

27
2.9 Perturbadores (alucinógenos) sintéticos – (LSD-25 – ácido; MDMA-Êxtase)

Perturbadores ou Alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas


(sintetizadas) em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural, e que são
capazes de promover alucinações no ser humano. Vale a pena recordar um pouco o
significado de alucinação: “é uma percepção sem objeto”. Isto significa que, mesmo
sem ter um estímulo (objeto) a pessoa pode sentir, ver, ouvir. Como exemplo, se uma
pessoa ouve uma sirene tocando e há mesmo uma sirene perto, esta pessoa está
normal; agora se ela ouve a sirene e não existe nenhuma tocando, então a pessoa
está alucinando ou tendo uma alucinação auditiva. Da mesma maneira, sob a ação
de uma droga alucinógena ela pode ver um animal na sala (por exemplo um elefante)
sem que, logicamente, exista o elefante; ou seja, a pessoa está tendo uma alucinação
visual.

 LSD

O LSD-25 (abreviação de dietilamina do ácido lisérgico) é, talvez, a mais


potente droga alucinógena existente. É utilizado habitualmente por via oral, embora
possa ser misturado ocasionalmente com tabaco e fumado. Alguns microgramas (e
Micrograma é um milésimo de um miligrama que, por sua vez, é um milésimo de um
grama) já são suficientes para produzir alucinações no ser humano.
O efeito alucinógeno do LSD-25 foi descoberto em 1943 pelo cientista suíço
Hoffmam, por acaso, ao aspirar pequeníssima quantidade de pó num descuido de
laboratório. Eis o que ele descreveu. “Os objetos e o aspecto dos meus colegas de
laboratório pareciam sofrer mudanças ópticos. Não conseguindo me concentrar em
meu trabalho, num estado de sonambulismo, fui para casa, onde uma vontade
irresistível de me deitar apoderou-se de mim. Fechei as cortinas do quarto e
imediatamente caí em um estado mental peculiar, semelhante à embriaguez, mas
caracterizado por imaginação exagerada. Com os olhos fechados, figuras fantásticas
de extraordinária plasticidade e coloração surgiram diante de meus olhos”. O seu
relato detalhado das experiências alucinatórias levou a uma intensa pesquisa desta
classe de substâncias, culminando, nas décadas de 1950 e 1960, no seu uso
psiquiátrico, embora com resultados pouco satisfatórios.
28
 O MDMA (Metilenodióximetanfetamina),

Conhecido popularmente como ÊXTASE foi sintetizado e patenteado por Merck


em 1914, inicialmente como moderador de apetite. É uma droga de uso relativamente
recente e esporádico no Brasil. Além de seu efeito alucinógeno, caracterizado por
alterações na percepção do tempo, diminuição da sensação de medo, ataques de
pânico, psicoses e alucinações visuais, provoca efeitos estimulantes como o aumento
da frequência cardíaca, da pressão arterial, boca seca, náusea, sudorese e euforia.
Em resumo, o MDMA é a droga que, além de produzir alucinações, pode
também produzir um estado de excitação, o que é duplamente perigoso. Dado que
este produto é ainda pouco usado no nosso meio (e seus efeitos psíquicos não
diferem muito dos do LSD).

2.10 Efeitos no cérebro

O LSD-25 atua produzindo uma série de distorções no funcionamento do


cérebro, trazendo como consequência uma variada gama de alterações psíquicas.
A experiência subjetiva com o LSD-25 e outros alucinógenos depende da
personalidade do usuário, suas expectativas quanto ao uso da droga e o ambiente
onde ela é ingerida. Enquanto alguns indivíduos experimentam um estado de
excitação e atividade, outros tornam-se quietos e passivos. Sentimentos de euforia e
excitação (“boa viagem”) alternam-se com episódios de depressão, ilusões
assustadoras e sensação de pânico (“má viagem”; bode).
LSD-25 é capaz de produzir distorções na percepção do ambiente - cores,
formas e contornos alterados - além de sinestesias, ou seja, estímulos olfativos e
táteis parecem visíveis e cores podem ser ouvidas.
Outro aspecto que caracteriza a ação do LSD-25 no cérebro refere-se aos
delírios. Estes são o que chamamos: “juízos falsos da realidade”, isto é, há uma
realidade, um fato qualquer, mas a pessoa delirante não é capaz de avaliá-la
corretamente. Os delírios causados pelo LSD costumam ser de natureza persecutória
ou de grandiosidade.

29
2.11 Efeitos no resto do organismo

O LSD-25 tem poucos efeitos no resto do corpo. Logo de início, 10 a 20 minutos


após tomá-lo, o pulso pode ficar mais rápido, as pupilas podem ficar dilatadas, além
de ocorrer sudoração e a pessoa sentir-se com uma certa excitação. Muito raramente
tem sido descrito casos de convulsão. Mesmo doses muitos grandes do LSD não
chegam a intoxicar seriamente uma pessoa, do ponto de vista físico.

2.12 Efeitos tóxicos

O perigo do LSD-25 não está tanto na sua toxicidade para o organismo, mas
sim no fato de que, pela perturbação psíquica, há perda da habilidade de perceber e
avaliar situações comuns de perigo. Isto ocorre, por exemplo, quando a pessoa com
delírio de grandiosidade julga-se com capacidades ou forças extraordinárias, sendo
capaz de, por exemplo: voar, atirando-se de janelas; com força mental suficiente para
parar um carro numa estrada, ficando na frente do mesmo; andar sobre as águas,
avançando mar a dentro.
Há também descrições de casos de comportamento violento, gerado
principalmente por delírios persecutórios como, por exemplo: o drogado atacar dois
amigos (ou até pessoas estranhas) por julgar que ambos estão tramando contra ele.
Ainda no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas que
após tomarem o LSD-25 passaram a apresentar por longos períodos (o maior que se
conhece é de dois anos) de ansiedade muito grande, depressão ou mesmo acessos
psicóticos. O flashback é uma variante deste efeito a longo prazo: semanas ou até
meses após uma experiência com LSD, a pessoa repentinamente passa a ter todos
os sintomas psíquicos daquela experiência anterior e isto sem ter tomado de novo a
droga. O flashback é geralmente uma vivência psíquica muito dolorosa, pois a pessoa
não estava procurando ou esperando ter aqueles sintomas, e assim os mesmos
acabam por aparecer em momentos bastante impróprios, sem que ela saiba por que,
podendo até pensar que está ficando louca.

30
2.13 Aspectos gerais

O fenômeno da tolerância desenvolve-se muito rapidamente com o LSD-25;


mas também há desaparecimento rápido da mesma com o parar do uso. O LSD-25
não leva comumente a estados de dependência e não há descrição de síndrome de
abstinência se um usuário crônico cessa o uso da droga.
Todavia, o LSD-25, assim como outras drogas alucinógenas, pode provocar
dependência psíquica ou psicológica, uma vez que a pessoa que habitualmente faz
uso destas substâncias como “remédio para todos os males da vida”, acaba por se
alienar da realidade do dia-a-dia, aprisionando-se na ilusão do “paraíso na Terra”.

2.14 Situação no Brasil

Esporadicamente sabe-se do uso de LSD-25 no Brasil, principalmente por


pessoas das classes mais favorecidas do país. Embora raramente, a polícia apreende,
vez por outra, partidas das drogas trazidas do Exterior.
O Ministério da Saúde do Brasil não reconhece nenhum uso do LSD-25 (e de
outros alucinógenos) e proíbe totalmente a produção, comércio e uso do mesmo no
território nacional (CEBRID, 2003).

2.15 Esteroides Anabolizantes

Os esteroides anabolizantes, mais conhecidos com o nome de anabolizantes,


são substitutos sintéticos do hormônio masculino testosterona fabricada pelos
testículos.
Levam ao crescimento da musculatura (efeito anabólico) e ao desenvolvimento
das características sexuais masculinas (efeito androgênico); daí também o nome de
esteroides anabolizantes androgênicos. Os anabolizantes possuem vários usos
clínicos, nos quais sua função principal é a reposição da testosterona nos casos em
que, por algum motivo de doença, tenha ocorrido um déficit.

31
Fonte: blog.multiproteinas.com.br

A propriedade dessas drogas de aumentar os músculos tem feito com que


atletas ou pessoas que querem melhorar o desempenho e a aparência física utilizem
anabolizantes sem necessidade médica, principalmente aquelas que se julgam
pequena e se sentem infelizes por essa condição. Esse uso estético não é médico,
portanto é ilegal e ainda acarreta problemas à saúde.
Os esteroides anabolizantes podem ser tomados na forma de comprimidos ou
injeções, e seu uso ilícito é iniciado com uma dose menor, aumentada com o tempo,
levando os indivíduos a utilizar centenas de doses a mais do que aquela normalmente
recomendada em caso de deficiência de testosterona. Essa prática é denominada de
pirâmide. Frequentemente, combinam diferentes esteroides, supondo que a interação
de vários anabolizantes produziria um aumento maior da musculatura.
Outra forma de uso dessas drogas é tomá-las durante ciclos de 6 a 12 semanas
ou mais e, depois, parar por um tempo semelhante e começar novamente. Esse tempo
sem droga, acredita o usuário, garantirá ao sistema hormonal recuperar-se.
No Brasil, não se tem estimativa desse uso ilícito, mas sabe-se que o
consumidor preferencial está entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo
masculino.
No comércio brasileiro, os principais medicamentos à base dessas drogas e
utilizados com fins ilícitos são: Winstrol®, Androxon®, Durateston®, Deca-Durabolin®.

32
Porém, além destes, existem dezenas de outros produtos que entram
ilegalmente no País e são vendidos em academias e farmácias.
Alguns usuários chegam a utilizar produtos veterinários, à base de esteroides,
sobre os quais não se tem nenhuma ideia dos riscos do uso em humanos.

2.16 Efeitos adversos

Alguns dos principais efeitos do abuso dos esteroides anabolizantes são:


nervosismo, irritação, agressividade, problemas hepáticos, acne grave (em geral
ocorre nas costas e no peito, ocasionando um problema estético sério), problemas
sexuais e cardiovasculares, aumento do HDL (forma boa do colesterol), diminuição da
imunidade.
Além disso, aqueles que se injetam ainda correm o risco de compartilhar
seringas e contaminar-se com o vírus da Aids ou da hepatite.
Além dos efeitos mencionados, outros também graves podem ocorrer:
No homem: os testículos diminuem de tamanho, a contagem de
espermatozoides é reduzida, impotência, infertilidade, calvície, ginecomastia (ou
desenvolvimento de mamas, que podem necessitar de cirurgia para ser eliminada),
dificuldade ou dor para urinar e aumento da próstata.
Na mulher: crescimento de pelos faciais, alterações ou ausência de ciclo
menstrual, aumento do clitóris, voz grossa, diminuição de seios. Alguns desses efeitos
são irreversíveis, ou seja, mesmo na ausência do anabolizante não há retorno da
condição normal.
No adolescente: o anabolizante pode provocar maturação esquelética
prematura e puberdade acelerada, levando a um crescimento raquítico, provocando
estatura baixa.
A variação de humor, incluindo irritabilidade e nervosismo provocados pelo
abuso de anabolizantes, pode chegar à agressividade e à raiva incontroláveis.
Os usuários podem experimentar ainda, um ciúme doentio, ilusões, podendo
apresentar distorção de juízo em relação a sentimentos de invencibilidade, distração,
confusão mental e esquecimentos. Podem desenvolver também distorção de
julgamento do próprio corpo (dismorfia corporal), tendo a falsa sensação de que estão
com a musculatura pouco desenvolvida.
33
Usuários, frequentemente, tornam-se clinicamente deprimidos quando param
de tomar a droga, até porque perdem a massa muscular que adquiriram; um sintoma
que pode contribuir para a dependência.
Atletas, treinadores físicos e mesmo médicos relatam que os anabolizantes
aumentam significantemente massa muscular, força e resistência. Apesar dessas
afirmações, até o momento não existe nenhum estudo científico comprovando que
essas drogas melhoram a capacidade cardiovascular, a agilidade, a destreza ou o
desempenho físico (CEBRID, 2003).
Devido a todos esses efeitos, o Comitê Olímpico Internacional – COI colocou
vinte esteroides anabolizantes e compostos relacionados a eles como drogas banidas,
ficando o atleta que fizer uso delas sujeito a duras sanções.
Os principais esteroides anabolizantes, em sua grande maioria com uso
injetável, são: estanozolol, nandrolona, metenolona, oximetolona, nesterolona,
oxandrolona, sais de testosterona e boldenona (uso veterinário). Os mais utilizados
no Brasil são: estanozolol (Winstrol®) e nandrolona (Deca-Durabolin®) (CEBRID,
2003).

34
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei n. 11.343 de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de
Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11343.htm Acesso em: 10
set. 2010.

BRASIL. Lei n. 11.705 de 19 de junho de 2008. Altera o CTB e dispõe sobre


restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas e dá
outras providências. Disponível em: http://planalto.gov.br Acesso em: 10 set. 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Código Internacional de Doenças. Capítulo XX.


Disponível em: tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/mxcid10.htm Acesso em: 10 set. 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. Disponível em:


http://w3.datasus.gov.br/datasus/index.php?area=0204 Acesso em: 10 set. 2010.

BRITO FILHO, Dilermando. Toxicologia Humana e Geral. Rio de Janeiro: Livraria


Atheneu. 2 ed. Rio de Janeiro, 1988.

CAC, Xavier et al. Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de


ação e abordagem clínica. 3, 2008. Rev Psiq Clín, v. 35, p. 96-103.

CARLINI, E. A.; NAPPO, S. A.; GALDURÓZ, J. C. A cocaína no Brasil ao longo dos


últimos anos. Revista ABP-APAL, 15 (4): 121-127, 1993.

CARLINI, E. A.; RODRIGUES, E.; GALDURÓZ, J. C. F. (eds.). Cannabis sativa L. e


substâncias canabinóides em medicina. São Paulo, CEBRID – Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas, 2005.

CARLINI, Elisaldo A. III levantamento sobre uso de drogas entre meninos e


meninas em situação de rua de cinco capitais brasileiras. Centro Brasileiro de
Informação sobre drogas psicotrópicas. Departamento de Psicobiologia. São Paulo:

35
EPM, 1994. Disponível em: www.unifesp.br/dpsicobio/boletim/ed21/index.htm Acesso
em: 10 set. 2010.

CEBRID. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. LIVRETO


INFORMATIVO SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS. São Paulo: UNIFESP,
CEBRID, 2003.
COSTA, Maria Conceição, O.; et al. Experimentação e uso regular de bebidas
alcoólicas, cigarros e outras substâncias psicoativas/SPA na adolescência. Ciência &
Saúde Coletiva, 12 (5):1143-1154, 2007. Em: www.scielo.br/pdf/csc/v12n5/05.pdf
Acesso em: 10 set. 2010.

GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R. Uso pesado de álcool entre estudantes de 1º e 2º


graus da rede pública de ensino em dez capitais brasileiras. Jornal Brasileiro de
Dependências Químicas, 1 (1): 26-32, 2000.

GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; NAPPO, S. A.; CARLINI, E. A. I Levantamento


Domiciliar Nacional Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas. Parte A. São Paulo:
CEBRID-UNIFESP, 1999. 193 p.
http://www.cerebromente.org.br/n08/doencas/drugs/abuse.htm. Acesso em: 10 set.
2010.

LIMA, José Mauro Bráz de. Alcoologia: uma visão sistêmica dos problemas
relacionados ao uso e abuso do álcool. Rio de Janeiro UFRJ/EEAN; 2003. Disponível
em: www.fundamentalpsychopathology.org/8_cong_anais/MR_364b.pdf Acesso em:
10 set. 2010.

MARQUES, ACPR; CRUZ MS. O adolescente e o uso de drogas. Rev. Bras.


Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 32-36. ISSN 1516-4446. Disponível em:
www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3794.pdf Acesso em: 10 set. 2010.

MURAD, José Elias. Drogas. O Que é Preciso Saber. 6 ed. Belo Horizonte: Lê, 1995.

36
NAPPO, Solange A. Baqueros e Craqueros. Um estudo etnográfico sobre o
consumo de cocaína na cidade de São Paulo. Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM) para obtenção do título de Doutor em
Ciências. São Paulo, 1996. 300 p.

NAPPO, Solange Aparecida et al. CEBRID. Centro Brasileiro de Informações sobre


Drogas Psicotrópicas. Comportamento de risco de mulheres usuárias de crack
em relação às DST/AIDS. São Paulo: UNIFESP, CEBRID, 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Manual de Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas relacionados à saúde. 10 ed. rev. São
Paulo: Centro Colaborador da OMS para Classificação de Doenças em Português,
1993, v.1. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm Acesso
em: 10 set. 2010.

PINSKY, Ilana; LARANJEIRA, R. O fenômeno de dirigir alcoolizado no Brasil e no


mundo. Revista ABP /APAL 1998; 20 (4): 160-65. [Aproximadamente 6 p.] [Acesso
em 2009 mai 05] disponível em: www.unifesp.br/dpsiq/posgrad/artigos/pinsky.htm

SILBER, T. J; SOUZA, R. P de. Uso e abuso de drogas na adolescência: o que se


deve saber e o que se pode fazer. Adolesc. Latinoam. [online]. out./dez. 1998, vol.1,
no.3 [citado 26 maio 2009], p.148-162. Disponível em: http://ral-
adolec.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141471301998000300004&lng=pt
&nrm=iso Acesso em: 10 set. 2010.

SILVA, Tereza Sollero C; Amaral Julio Rocha. Abuso de drogas. Revista Cérebro &
Mente 3(8), jan/mar 1999. Disponível em:
VALLE, Luiz Biella de Souza, DELUCIA, Roberto, OLIVEIRA FILHO, Ricardo Martins
e outro. Farmacologia Integrada. Princípios Básicos. Rio de Janeiro: Livraria
Atheneu, 1988. Vol. I.

37
3 DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS: UMA TEMÁTICA CONTEMPORÂNEA

As políticas voltadas para o consumo de drogas são de nível mundial. Segundo


Mathiasen (2009) um novo desafio representa a iminência do surgimento de
substâncias psicoativas mais fortes. Esta tendência conduz debates sobre políticas
de drogas.
Todas as drogas tem potencial para modificar o sistema nervoso central (SNC)
e são reforçadoras do uso. A sociedade tem uma postura permissiva e aceita o
consumo de algumas drogas como o álcool e o tabaco.
De um lado, tem-se a tendência da liberação ou legalização do consumo de
drogas e, de outro, as posturas reacionárias de controle e repressão. Em Contagem
observa-se um crescimento de 400% de adolescentes envolvidos em crimes
relacionados às drogas ilegais. No entanto, os impactos maiores no Brasil envolvem
saúde e segurança (SANTOS, 2009- 2010).
Este estudo fundamenta-se no fato de ser um problema de saúde pública
que afeta pessoas de todas as faixas etárias, em todas as sociedades, com
consequências biopsicossociais que precisam ser discutidas nacional e
internacionalmente. Um tema que deve ser constantemente abordado por todos os
profissionais que realizam atendimento a dependentes químicos (LARANJEIRA,
2003).
Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, através do método
de pesquisa literária, que é considerado por Gil (2002), uma abordagem a conteúdos
já publicados por outros autores. Estudos exploratórios como pesquisa bibliográfica,
a partir da técnica de análise de conteúdo.

4 ORIGEM DAS DROGAS

Desde a pré-história, várias substâncias psicoativas vêm sendo usadas para


diferentes finalidades, estados de êxtase místico/ religioso, prazeroso, lúdico até os
curativos. Na década de 60, após a epidemia da AIDS (Síndrome da Imune Deficiência
Humana Adquirida) e de outras doenças transmissíveis é que começou um novo olhar

38
sobre o contexto sociocultural como também do contexto biopsicossocial dos usuários
de drogas.
O mesmo autor enfatiza que no contexto médico-científico da atualidade o
enfoque é farmacológico. Raramente são vistos como ameaçadores à ordem social
Vigente. O olhar de hoje está mais voltado para a prevenção contra o uso,
abuso, mau uso, com tendência ao bem estar do indivíduo, da sociedade onde as
políticas públicas possam contemplar a sua eficácia.

4.1 Terapêuticas

O álcool é a droga mais antiga que muda mentes e emoções. Através do


avanço nas técnicas de fermentação das matérias primas como cevada e frutas
originou-se a produção de bebidas alcoólicas por vários povos. Na idade média como
droga saudável e utilizada para fins terapêuticos foi denominada aqua vitae. No século
XIX, com a revolução industrial ocorreu sua popularidade e consequências. No Brasil
uma bebida de fabricação indígena pela fermentação da mandioca chamada cauim
foi encontrada pelos portugueses. Mais tarde fabricaram a cachaça da cana de
açúcar. Atualmente a bebida alcoólica no país é usada na alegria e na tristeza, em
todas as classes sociais em todos os contextos (ANDRADE et al, 2010).
Para Amaral (2000-2010) o tabaco é uma planta chamada vulgarmente de erva-
santa. Era um remédio para a cura de várias doenças, infalível para as enxaquecas,
pneumonia, chagas, gota, raiva, servindo como lazer. Sua origem é confusa já que
muitos continentes a requerem para si. Cultivada em quase todos os países não
possui a visão curativa e sim nociva ao ser humano.
Para Laranjeira (2003) o consumo de anfetaminas é pouco conhecido.
Sintetizadas na década de 30 para o tratamento de déficit de atenção e hiperatividade,
nos últimos 20 anos fabricadas para fins não médicos. Ecstasy é a mais usada em
festas conhecidas como raves.
O mesmo autor estima que 50 milhões de pessoas usem benzodiazepínicos
(ansiolíticos). Na década de 70 com uso nocivo e dependência. Os opiáceos são
usados desde a pré-história. O natural, ópio, morfina, codeína. O sintético, metadona,
meperidina, petidina ou semissintética a heroína.

39
Para Laranjeira (2003) a cocaína é uma droga que surgiu nos últimos 20 anos.
Dela originam vários subprodutos, a pasta de coca, crack, e a merla, que podem ser
cheirados, injetados ou fumados.
Para o autor a maconha é um arbusto que cresce em regiões tropicais. Efeitos
medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de quatro mil anos. No século XX
foi considerada um “problema social”. Seu uso e abuso estão associados com a
degeneração psíquica, ao crime e à marginalização. No Brasil em 1997 era a droga
mais usada por estudantes do ensino fundamental e do ensino médio.
Os solventes, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos são voláteis, presentes
em produtos como, tinta, gasolina, cola, esmalte, removedor, aerossol, verniz. Na
revolução industrial aperfeiçoados e inalados por trabalhadores apresentavam
problemas neurológicos graves (LARANJEIRA, 2003).

5 CONSUMO DE DROGAS NO MUNDO

São chamadas de drogas psicoativas, as substâncias naturais ou sintéticas


que, absorvidas pelo organismo humano, seja pela ingestão, injeção, inalação ou
absorção da pele, penetram na corrente sanguínea e alcançam o cérebro, afetando o
seu equilíbrio e provocando em seus usuários reações que variam da apatia à
agressividade, segundo o Projeto Vencendo Drogas (2010).
É um problema de ordem social e suas consequências são assustadoras.
Constitui-se em problema para os norte-americanos, com várias vítimas desse tráfico
de drogas. A preocupação é pelo fato das drogas onde 80% é de cocaína e 50% de
heroína entrarem no país com procedência da região andina onde treze milhões de
pessoas consomem cocaína, um índice apontado pelo UNODC - Escritório de Crime
e de Drogas das Nações Unidas, de acordo com Valencia (2005).
Em Boa Saúde (2002) o abuso de drogas é problema de saúde pública
enfrentado por sociedades com consequências biopsicossociais. Assim, o problema
não é local, mas global. Afirmação que corrobora a que é feita por Valencia, acima
citada.
"Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais países
consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os padrões de

40
consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o terrível aumento nos
índices de violência em países como o México [...] (UNODC, 2009).
Se o mercado global de drogas permanece estável ou em declínio, a produção
e o consumo de drogas sintéticas aumentam nos países em desenvolvimento. O
Relatório foi lançado em Washington pelo diretor do ONDCP - Gabinete de Política
Nacional de Fiscalização das Drogas. O aumento da produção nos países em
desenvolvimento tem preocupado. Isto sinaliza um negócio rentável. As rotas de
tráfico também estão mudando, pois na Arábia Saudita foi apreendido um grande
volume de produtos maiores do que as apreensões na China e nos Estados Unidos
(UNODC, 2009).
Por outro lado, "Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais
países consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os padrões
de consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o terrível aumento nos
índices de violência em países como o México [...] (UNODC, 2009).

5.1 Segundo o Relatório Mundial (UNODC, 2009):

O cultivo de ópio no Afeganistão, país responsável por 93% da produção


mundial de ópio, diminuiu 19% em 2008. A Colômbia, país que produz a metade da
cocaína no mundo, observou uma redução de 18% no cultivo e uma redução de 28%
na produção da droga, em comparação com 2007. A produção global de cocaína foi
estimada em 845 toneladas, a mais baixa em cinco anos, apesar de terem sido
observados aumentos no cultivo no Peru e na Bolívia.
A maconha continua sendo a droga mais cultivada e consumida em todo o
mundo. Os dados mostram também que ela é mais danosa à saúde do que o que se
costuma acreditar. O índice médio de THC observado na maconha na América do
Norte quase dobrou na última década. Essa mudança traz grandes implicações à
saúde, evidenciada por um aumento significante no número de pessoas em busca de
tratamento.

41
6 O EFEITO DOS DIVERSOS TIPOS DE DROGAS EM USUÁRIOS

Segundo Boa Saúde (2006) a tolerância, é um estado caracterizado pela


necessidade do uso de drogas em maiores quantidades para se obter os mesmos
efeitos. Evidência científica do uso contínuo ocorre pelo envolvimento
neuropsicológico do usuário. Há riscos de morte súbita paranoia, agressividade,
parada cardíaca. Na abstinência provoca depressão. Cada droga utilizada exerce um
efeito no organismo. O conhecimento destes é de grande importância na prevenção.
Jovens, devem ter conhecimento desses dados antes de se aventurar a experimentá-
las induzidos pela curiosidade.
Os dados a seguir são de Boa Saúde (2006, p.03).
Cocaína – grande potencial de dependência. O crack, derivado da cocaína,
causa dependência compulsiva com rapidez. Provoca a vasoconstrição periférica,
dilatação das pupilas, aumento da temperatura, da frequência cardíaca e da pressão
arterial. Quanto maior for a absorção maior a intensidade dos efeitos
hiperestimulantes, como a euforia.
Ecstasy - possui propriedades estimulantes e alucinógenas. Apresenta efeitos
no SNC, agitação, perda de percepção, da realidade, elevação da temperatura
corporal, lesão muscular, insuficiência renal, cardiovascular, lesão cerebral, podendo
resultar em um tipo de paralisia.
Heroína – leva facilmente à dependência. Está associada a graves distúrbios
físicos, overdose fatal, aborto espontâneo, colapso venoso e doenças infecciosas,
incluindo HIV e hepatite. Causa complicação pulmonar, pneumonia. Provoca a
obstrução dos vasos sanguíneos dos pulmões, fígado, rins e cérebro. Causando
infecção e morte desses órgãos.
Maconha – o composto químico da maconha, o THC (delta-9-
tetrahidrocanabiol) é responsável pelos efeitos causados no SNC. Ao ser fumado,
passa rapidamente dos pulmões para o sangue, e daí ao cérebro. Causa
dependência. Seus efeitos incluem: distúrbios da memória, da aprendizagem, da
percepção, dificuldade reflexivas, laborativas, sociais, perda da coordenação e
aumento da frequência cardíaca. O sistema imune é prejudicado não respondendo às
infecções e o câncer. Transtornos mentais e de comportamento, depressão,
ansiedade e de personalidade também estão associados.
42
Solvente – Para muitos não é droga, mas possui efeito intoxicante. De uso
doméstico, causa efeitos anestésicos reduzindo as funções do organismo levando à
perda de consciência. Pode induzir a parada cardíaca, morte rápida. O abuso crônico
pode causar danos graves ao cérebro, fígado e rins.
O álcool e o tabaco podem matar, embora seja menos perigoso. Neste sentido,
fortes polêmicas remetem às reflexões. O Globo (edição de 19/2003) publicou a frase:
“Alcoolismo e tabagismo matam mais que drogas ilícitas”.
Tanto Carakushansky (2008), quanto Amaral (2009) aborda em seus relatos
sobre a legalização das drogas, como medidas que visam à redução de consumo.
Amaral (2009) comenta que: “Legalizar significa liberar o acesso, tornar legal o
seu uso. Inevitável, então, a discussão quando uma questão tão perturbadora é
lançada. Impossível uma resposta imediata à questão, posto que, é necessário
sopesar os prós e os contras [...].”
Quanto à Carakushansky (2008), os índices de óbitos causados pelo álcool e
tabaco foram superiores aos provocados pelas drogas ilícitas, um comentário que deu
espaços para outras interpretações, tais como: drogas ilícitas são menos perigosas.
Nas duas abordagens, a legalização do uso da droga pode ter dois efeitos, a
redução de consumo por não ser um ato proibido ou o consumo exagerado, por ser
liberado como o são o álcool e o tabaco. Pensar que o álcool e o tabaco “matam mais”,
que as drogas ilícitas, não por serem mais nocivos e sim porque são consumidos em
muito maior escala porque são legais.
Efeitos de álcool e tabaco são desastrosos para o organismo humano.
Álcool –Para a Revista Galileu (2003) o consumo do álcool, apenas cresceu.
Atualmente, é responsável por tragédias, acidentes fatais de trânsito, homicídios,
suicídios, atos de violência. Segundo a OMS (2001) citado por Galassi et al. (2008),
5,5% das vinte doenças na idade de 15 a 45 anos trazem sequelas causadas pelo
consumo de álcool.
Para os mesmos autores estudos epidemiológicos indicam o abuso do álcool
como a causa de morbimortalidade e problemas diretos ou indiretos causados por
esse abuso relacionados à importante prejuízo econômico em todo o mundo
(GALASSI et al., 2008, 08). Tabaco - os cigarros contêm 4.027 substâncias das quais
200 são venenos e 60 são cancerígenos. A Nicotina é o estimulante do vício que
tranquiliza semelhante à cafeína. O alcatrão destrói os alvéolos que o pulmão
43
causando o enfisema pulmonar que, tratada com bronco-dilatadores aumentam as
chances de um infarto como quando associado aos anticoncepcionais. Os fumantes
passivos sofrem os mesmos efeitos nocivos dos que fumam diretamente (GNOSIS,
2007).
Em relação aos efeitos das drogas lícitas ou ilícitas, Carakushansky (2008, p.
02), aponta dado que conduzem às reflexões mais coerentes:
[...] imaginemos uma população de mil doentes brasileiros. Podem-se estimar
razoavelmente, pelos dados da SENAD, que 353 deles são consumidores de álcool,
198 de tabaco e 25 de drogas ilícitas. Por outro lado, não é despropósito pensar que,
pelos dados da OMS, 41 estejam doentes devido ao álcool, 40 devido ao tabaco e 8
devido às drogas ilícitas. Mas então a “malignidade” do álcool é de 41 em 353 (ou
seja, 12%), enquanto a “malignidade” do tabaco é de 40 em 198 (ou seja, 20%), e a
“malignidade” das drogas ilícitas é de 8 em 25 (ou seja, 32%).
Portanto, resta concluir que: ilícita ou lícita, a droga possui consequências
indesejáveis em qualquer idade. Legalizada ou não, o resultado biopsicossocial
destruidor é enorme.

7 CONSUMO DE DROGAS NO CONTEXTO NACIONAL

Noto et al (2003) através do CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre


Drogas Psicotrópicas) relatam levantamentos sobre o uso de drogas entre crianças e
adolescentes em situação de rua. O consumo foi significativo e colaborou para a
criação de programas preventivos mais adequados à realidade brasileira.
Carlini et al (2001) traça o perfil aproximado de consumo de drogas em todas
as regiões do pais, 9.109.000 pessoas (19,4%) já usaram algum tipo de droga,
excluindo o álcool e o tabaco. O uso na vida de álcool foi de 68,7%, porcentagem
maior que 35,5% da Colômbia, menor que Chile com 70,8% e EUA com 81,0%.
Quanto à dependência do álcool é maior para o sexo masculino (17,1%), mas o
feminino com 5,7% é um fator preocupante. Sobre o tabaco constatam o total de
41,1% da população dependente, 46.2% para o sexo masculino e 36,3% para o sexo
feminino. Essas porcentagens são inferiores às observadas no Chile (70,1%) e nos
EUA (70,5%), porém mais que o dobro da Colômbia (18,5%). O álcool, ressalta sua

44
inserção cultural mais acentuada que o tabaco contando com ampla aceitação pela
sociedade, divulgado na mídia com valorização social, atingindo 76% dos
pesquisados.
Carlini et al (2001) aponta uso da maconha no Brasil em 6,9% da população
pesquisada. A cocaína e o crack foram de 2,3% equivalente a 1.076.000 pessoas. Os
solventes apenas 5,8% do total. A análise sobre os medicamentos usados com fins
de abuso como os estimulantes tipo anfetaminas, e anorexígenos foram 1,5%. Os
ansiolíticos, como os benzodiazepínicos apresentam porcentagem de 3,3%.
Segundo os autores acima citados, os alucinógenos em especial o chá de
cogumelo e o LSD foram de 0,6% igual a 295.000 pessoas. A heroína 0,04%
comparada aos EUA com 1,2% merece maior reflexão, pois existe no Brasil grande
alarde quanto a um maior consumo.
Noto et al (2003) e Carlini (2001) relatam um aumento do uso do tabaco entre
crianças e adolescentes em situação de rua. Constatam 41,1% de dependentes.
Essas porcentagens são inferiores às do Chile (70,1%), USA (70,5%), mais que da
Colômbia (18,5%). O consumo de solventes entre os 2.807 entrevistados com uso na
vida foi de 44,4%. Porto Velho é a única capital onde o consumo foi nulo. São Paulo
e Recife com cerca de 60% de uso diário.
Os autores relatam 40,4% de consumo de maconha em todas as capitais
brasileiras. Os derivados da coca 24,5%. Os medicamentos psicotrópicos (Rohypnol,
Artame, Benflogin) com 13,4% na região nordeste do país com aquisição clandestina
como o tráfico das ilegais.
Segundo a ONU pela Globo.com (2007), o Brasil consolidou como centro de
distribuição da cocaína colombiana e boliviana para outros mercados consumidores
por acumular intervenções isoladas com baixa efetividade necessitando de
abordagens compatíveis com seu contexto social. É atraente para traficantes por sua
população jovem, sendo alvo fácil.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2008 informa que o Brasil tem cerca de
870 mil usuários de cocaína, o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas
de 12 a 65 anos, entre 2001 e 2004. É o segundo maior mercado das Américas, com
índice menor apenas para os USA que soma cerca de seis milhões de consumidores
(CARVALHO, 2008).

45
Os programas educativos contra drogas devem ser intensificados. Neste
sentido,
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere a utilização do modelo
Habilidades de Vida, o qual se configura como um processo de desenvolvimento de
competências psicossociais consideradas essenciais para o desenvolvimento
humano. Nesta perspectiva, a instituição escolar tem sido apontada como palco
privilegiado para a realização de intervenções de tal natureza (PAIVA E RODRIGUES,
2008, p. 03)
Os jovens começam a consumir álcool e outras drogas na infância, no ambiente
familiar associadas a fatores socioeconômicos e culturais (PAIVA E RODRIGUES,
2008).
Para Sanchez et al (2005) os fatores para uso de drogas, são os aspectos sócio
demográficos, estado civil, família, religião, trabalho, local em que mora se são pobres
e violentos sujeitos às condições impostas pelo tráfico, uso de drogas pelos pais,
relacionamento com o pai, grupo de jovens, pratica religiosa, atividade física
(TAVARES et al, 2004).
Silva e Matos (2004) complementam, a falta de empatia, as pressões exercidas
pelo grupo, acesso às drogas, baixa autoestima, agressividade doméstica, situação
econômica político-culturais, normas, genética, personalidade, exclusão social, mau
desempenho escolar, entre outros como fatores de risco ao uso e abuso de drogas.
O National Institute on Drug Abuse dos USA (NIDA, 2003), salienta a proteção
contra o uso de drogas através do controle das impulsões, enfrentando situações
adversas, competência acadêmica, religiosidade, conhecimentos e efeitos das
drogas.
Conforme Paiva e Rodrigues (2008, p.08), outros aspectos devem ser
salientados:
[...] instituições como a família, através de uma consistente monitoração
parental, a implementação de programas escolares contra o uso de drogas, além da
situação econômica e o fortalecimento das redes de suporte social na comunidade,
acrescentando-se que a relação estabelecida entre os fatores familiares, micro e
macrossociais e estruturais tornam o indivíduo mais suscetível às influências
adversas, ou mais resistentes a seus influxos.

46
Para a Organização Pan-americana de Saúde (OPS, 2005, Apud Rodrigues e
Paiva, 2008), a escola é o local adequado para a criação de programas preventivos
envolvendo a qualidade de vida. Como agente transformador social, moral e ético,
principalmente quando há baixa motivação, insuficiência no aproveitamento,
desvalorização da educação. A escola oferecendo serviços especiais, em detrimento
de punições pode ser o começo para a prevenção. (RODRIGUES e PAIVA 2008).
Zago (1999) alerta para olhar o adolescente com suas alterações hormonais e
emocionais. Nessa fase uma sensação de vazio interior, um viver sem sentido, que
não sabe como preencher senão com o consumismo. A sociedade em que vive é de
consumo, motivada pela mídia. Busca a droga como a solução mágica para seus
conflitos interiores, e seu contato com ela ocorre quando está buscando mais
intensamente o conceito de si mesmo, a sua identidade psicossocial. Acredita que a
resposta está no exterior, sem tentar buscá-la em si mesmo.
O Relatório Mundial de Drogas (UNODC, 2009) alerta que a questão da droga
deve ser vista como uma doença, pois "Quem usa drogas necessita de assistência
médica e não de uma sanção criminal.". Os dependentes necessitam ser tratadas
como doentes, são adictos.
Para Zago (1999) conhecer efeitos de drogas e deixar de consumi-las não
curam o dependente. Os tratamentos desintoxicantes têm poder temporal. Parar de
consumir para pensar, refletir, resgatar valores. Assim poderá encontrar um novo
projeto de vida.
Muitas alterações biopsicossociais levam jovens a buscar saídas drásticas que
acreditam ser a solução, sem saber que está sendo enredados em armadilhas de si
mesmo. Outros passam por mudanças e se mantém saudáveis. São diferentes formas
de viver a adolescência.
Este estudo abordou diversos aspectos, sem, criar polêmicas ou fazer apologia
aos que defendem a liberação do consumo de drogas como solução de controle e
uso. Apenas foram apontados os diversos fatores predisponentes ao uso na opinião
dos autores consultados.
No entanto, é necessário enfatizar que as medidas preventivas podem ser
tomadas a partir de estudos epidemiológicos e programas educativos, de
conscientização sem esquecer que a escola é a essencialidade nos momentos em
que se pensa em soluções.
47
Se a educação é a ferramenta do desenvolvimento do ser humano rumo à
cidadania, que ela seja capaz de levar o jovem a pensar criticamente, a refletir sobre
suas ações, a inseri- ló no contexto social ao qual pertence, criando em cada mente
o senso de responsabilidade.

48
BIBLIOGRAFIA

AMARAL, M. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Bibliográfico, Numismático


e Artístico, Vol. VII, págs. 5 e 6. Portugal. Ed. Electrónica. 2000-2010. Disponível em:
HTTP://www.arqnet.pt/dicionario/tabaco.html. Acesso em Abr. de 2010.

AMARAL, R. S. D. Prós e contras da legalização das drogas: uma discussão. Julho


de 2009. http://www.artigonal.com/psicologia. Acesso em Março de 2010

ANDRADE, T. M.; ESPINHEIRA, C. G. D. A presença das bebidas alcoólicas e


outras substâncias psicoativas na cultura brasileira. 2010. Disponível em:
HTTP:/www.obid.senad.gov.br/portais/obid/biblioteca/documentos. Acesso em mar
2010.

BOA SAÚDE. Os efeitos do abuso de drogas ilícitas na saúde. Jun./2006.


Disponível em: http://boasaude.uol.com.br/lib/. Acesso em Março de 2010
CARAKUSHANSHY, m. S. Quem mata mais: a droga lícita e ilícita? Políticas de
Drogas. Publicado por Editor BRAHA: Brasileiros Unitários em Ação. Outubro 2008.
Disponível em http// www.braha.org Acesso em mar 2010

CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; I Levantamento domiciliar


sobre o uso de drogas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do
país. SENAD. São Paulo. 2002
Disponível em: www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/levantamentos. Acesso em fev. 2010.

CARVALHO, J. Brasil tem 870 mil usuários de cocaína; relatório da ONU indica
aumento no número de usuários de drogas. In O Globo Online, 26/06/2008.
Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008. Acesso em Março de 2010

FEDERAÇÃO DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS. Drogas e Álcool; Prevenção


e Tratamento. Campinas: Komedi, 2001.

49
GALLASSI, A. D. et al. Custos dos problemas causados pelo abuso do álcool. In:
Revista de Psiquiatria Clínica, Nº 35. Suplem. 01, 2008. p. 25-30

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GLOBO. Com. Consumo de drogas no Brasil aumentou, diz ONU. 26/06/07. Disponível
em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/. Acesso em Março de 2010.

GNOSIS. Os efeitos nocivos do cigarro. Centro Gnóstico Anael, 2007. Disponível


em http://www.anael.org/. Acesso em Março de 2010.

LARANJEIRAS, R.; OLIVEIRA, R. A, NOBRE, M. R. C.; BERNARDO, W. M.;


Usuários de substâncias psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento. 2ª
Ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo/ Associação
Médica Brasileira, 2003. 120 p.

MACRAE, EDWARD. Aspectos socioculturais do uso de drogas e políticas de


redução de danos .2003. Disponível em: www.google.com.br. Acesso em Abril de
2010.

MATHIASEN, B. Representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e


Crimes (UNODC) para o Brasil e o Cone Sul. Publicação original:
www.diariodonordeste.globo.com/

50
MORENO, R. S; VENTURA, R. N.; BRÊTAS, R. S. Anbiente familiar e consumo de
álcool e tabaco entre adolescentes. Revista Paulista de Pediatria. Vol. 27 nº4. São
Paulo. 2009.
Disponível em: HTTP:www.scielo.br?scielo.php? Acesso em 23 fev.2010.

NOTO, A. R; GALDURÓZ, J. C; NAPPO, S. A; FONSECA, A. M; CARLINA, C. M. A;


MOURA, Y. G; CARLINI, E. A. Levantamento nacional sobre o uso de drogas entre
crianças e adolescentes em situação de rua nas 27 capitais brasileiras. CEBRID.
2003.

Políticas de drogas. Editora BRAHA. Out/2009. Disponível em:


http://www.braha.org/pt/. Acesso em Março de 2010.

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE LA SALUD. Enfoque de habilidades para a


vida para um de desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.
Washington, OPS, 2001.

PROJETO VENCENDO AS DROGAS. Disponível em:


http://www.vencendoasdrogas.com/DROGAS.htm. Acesso em Março de2010

PAIVA, F. S.; RODRIGUES, M. C. Habilidades de vida: uma estratégia preventiva ao


consumo de substâncias psicoativas no contexto educativo. Universidade Federal de
Juiz de Fora/UFJF. Juiz de Fora, 2008 (Dissertação publicada).

Revista Galileu n° 3- Ago. 2003. Breve História de danos.


www.antidrogas.com.br/historia.php

UNODC - Nações Unidas: Escritório sobre Drogas e Crime. O Relatório Mundial


sobre Drogas 2009. Disponível em: http://www.antidrogas.com.br/ind_unodc.php.
Acesso em Março de 2010.

51
SANCHEZ, Z. M.; OLIVEIRA, L. G.; NAPPO, S. A. Razoes para o não uso de drogas
ilícitas entre jovens em situação de risco. UNIFESP. Revista Saúde Pública,
2005;39(4):599-605. Disponível em: www.scielosp.org/scielo.php. Acesso em fev
2010.

Santos, G. A. O. Drogas, subjetividade e cidadania: sobre a cidadania dos usuários


de drogas não-legais. Jornal do Psicólogo. CRP- Mg. Ano 26. Nº 95. nov/dez 2009 e
jan 2010.

SILVA, V. A.; MATTOS, H. F. Os jovens são mais vulneráveis às drogas? In: PINSK,
I.; BESSA, M. A (Orgs.). Adolescência e Drogas. São Paulo: Contexto, 2004.

TAVARES, B. F.; BÉRIA, J. U.; LIMA, M. S. Fatores associados ao uso de drogas


entre adolescentes escolares. Revista Saúde Pública 2004;38(6):787-96. Disponível
em: http://www.scielo.org/pdf/rsp/v36n6/06.pdf. Acesso em fev 2010.

VALENCIA, L. Drogas, conflito e os EUA: a Colômbia no início do século. In: Estudos


Avançados. Nº 55. Vol.19. São Paulo, Dez/2005.

ZAGO, J. A. Sociedade de Consumo e Droga. In Impulso - Revista de Ciências


Sociais e Humanas, 11(25). Piracicaba: UNIMEP, 1999.

52

Você também pode gostar