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Atividade avaliativa de Microbiologia B.

3: Divulgação científica sobre resistência bacteriana


Alice Lima, Caio Maximus, Giovanna Gantois, Layse Gomes, Lucas Azevedo e Yuri Lahud.

Supergonorreia: um super problema!

Já ouviu falar da gonorreia? A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível


(IST) causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Ela não é de hoje, tendo registros desde o
século XII e nos dias atuais e em 2016 teve 87 milhões de casos ao redor do globo, segundo a
OMS. Como não há vacina para prevenção, a principal forma de combate é o tratamento com
drogas antimicrobianas: os famosos antibióticos.
Alarmantemente, a bactéria vem desenvolvendo resistência pesada a estas drogas. Em
2009 no Japão uma trabalhadora sexual realizou um exame de rotina e foi detectada a
infecção por N. gonorrhoeae. Contudo, a ceftriaxona, antibiótico padrão para tratar a doença,
não mostrou efeito. Testes foram realizados e descobriu-se que a paciente portava uma cepa
super-resistente da bactéria, denominada H041.
Um artigo, buscando comprovar a resistência antimicrobiana desta cepa, analisou a
ação de 30 diferentes antimicrobianos em dois métodos de testagem. Além disso, a parte do
material genético destas bactérias que conferia resistência foi investigado. Os resultados são
preocupantes…
Felizmente o gene que confere resistência foi detectado pelos pesquisadores.
Entretanto, graças a esse gene a cepa apresenta resistência à esmagadora maioria dos
antimicrobianos, sendo suficientemente sensível apenas a dois deles. Isso significa que só
estes dois remédios são promissores no combate da supergonorreia.
O estudo em questão reforça a necessidade de medidas preventivas e políticas de
saúde pública, especialmente em países menos desenvolvidos. A gonorréia não representa um
grande problema em países de primeiro mundo, havendo maior disponibilidade de exames e
tratamento. Em países mais pobres, no entanto, é bem menos combatida e tratada, tornando-
se um ambiente oportuno para possível epidemia. Ainda assim, países desenvolvidos não
estão isentos desse problema. A própria cepa mencionada no estudo foi, afinal, detectada no
Japão, país detentor de tecnologias e infraestrutura de ponta.
O uso desregulamentado de antibióticos também deve ser combatido, pois acredita-se
ser um dos motivos do surgimento desta bactéria, onde pessoas realizam tratamentos
antibióticos de forma errônea e facilitam a seleção natural de microrganismos resistentes.
Vale ressaltar que o uso de preservativos durante a relação sexual é essencial para não
sermos alvo desta superbactéria. Como já diz o ditado, “é melhor prevenir do que remediar”,
ainda mais se pensarmos que a remediação vem sendo cada vez menos eficaz.

referências bibliográficas

Ohnishi, Makoto et al. “Is Neisseria gonorrhoeae initiating a future era of untreatable gonorrhea?: detailed
characterization of the first strain with high-level resistance to ceftriaxone.”
[https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21576437/]
Kirkcaldy, Robert D et al. “Epidemiology of gonorrhoea: a global perspective.” Sexual health vol. 16,5 (2019):
401-411. doi:10.1071/SH19061 [https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7064409/

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