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ANTIMICROBIANOS
UM BREVE HISTÓRICO
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1. DEFINIÇÕES
Basicamente os agentes antimicrobianos podem ser conceituados como
compostos produzidos por microrganismos que possuem atividade
antimicrobiana bactericida ou bacteriostática. Os antimicrobianos são divididos em
duas categorias quanto a sua toxicidade seletiva, ou seja, a propriedade de uma substância
ser tóxica para a bactéria e ser inócua para o hospedeiro, sendo os antimicrobianos
inespecíficos os que atuam sobre os microrganismos, patogênicos ou não, e nas células
do organismo hospedeiro, por exemplo desinfetantes e antissépticos, enquanto os
antimicrobianos específicos atuam sobre os microrganismos responsáveis pelas doenças
que acometem os animais como os antibióticos e quimioterápicos.
Os antimicrobianos também podem ser classificados quanto a sua origem, sendo
os mais conhecidos:
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crescimento (microbiostático). Existem antimicrobianos de largo espectro, que têm
atividade contra diversos microrganismos, e os de curto espectro que agem contra poucas
espécies e os específicos para determinados grupos bacterianos. Os antimicrobianos
podem ser agrupados
em betalactâmicos, aminoglicosídios, tetraciclinas, rimfamicinas, macrolídios, clora
nfenicol, quinolônicos, sulfonamidas, trimetropim e metronidazol.
A diversidade da estrutura química destas drogas
confere farmacodinâmicas e farmacocinéticas variadas. Certos compostos apresentam
alta toxicidade e são aplicados às vezes apenas topicamente ou após a sua administração,
os pacientes devem receber monitoramento hospitalar. Além disso, deve ser considerada
o tipo e a localização da infecção, tipo de microrganismo envolvido, tipo de infecção, a
via de inoculação (intramuscular, venosa, oral ou parenteral), dose, peso, idade, existência
de gravidez ou outro estado do paciente. A associação de antimicrobianos é realizada em
situações não usuais e esta alternativa deve ser bastante criteriosa. Pode ocorrer um
sinergismo ou antagonismo na atividade antimicrobiana entre as drogas. Em algumas
infecções importantes onde há facilmente o diagnóstico clínico administra-se o
antimicrobiano sem o exame laboratorial, pois alguns antibióticos são de largo espectro
e o controle da doença deve ser rápido.
Em situações menos frequentes ainda, os antimicrobianos podem ser utilizados na
prevenção de infecções como nos procedimentos pré-cirúrgicos ou em indivíduos que se
dirigem a locais onde existe uma epidemia conhecida e a vacinação é ineficaz ou não
existe tempo suficiente para adquirir proteção pela vacina (Ex. militares, grupos de
pesquisadores, expedicionários ou voluntários que se dirigem emergencialmente a um
local com epidemia).
Considerando a importância da toxidade seletiva apresentamos resumidamente os
principais mecanismos de ação dos antimicrobianos contra bactérias e que servem como
modelos. Os mecanismos de ação dos antimicrobianos (antibióticos) possuem os
seguintes principais alvos na célula bacteriana;
a) Síntese da parede celular
b) Interferência na integridade da membrana celular
c) Interferência na síntese proteica
d) Atividade antimetabólica
e) Síntese e integridade de ácidos nucleicos.
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2. MECANISMOS DE AÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS ESPECÍFICOS
PAREDE CELULAR:
Esta estrutura inicia sua síntese intracelularmente na formação de seus percursores
seguida de etapas de transporte através da membrana e a sua finalização. Assim
a penicilina, cefalosporina, monobactâmicos e carbapenemas são conhecidos como
antibióticos betalactâmicos que são estruturalmente semelhantes à transpeptidase enzima
que permite a obtenção da rigidez da parede. Estes antibióticos por competição
substituem a atividade da transpetidase e interferem principalmente na rigidez da parede
levando a célula a lise osmótica. De maneira geral as bactérias gram positivas são
mais sensíveis. Especialmente estafilococos e estreptococos. Outros mecanismos de ação
das penicilinas são descritos como a sua fixação as “proteínas fixadoras de penicilinas
(PBPs) e na ativação de autolisinas. Deve-se, no entanto, lembrar de que, se a bactéria se
encontrar em ambiente isotônico a célula bacteriana pode sobreviver e se multiplicar em
forma de esferoplasto ou protoplasto. Ainda neste contexto temos
os Mollicutes (micoplasmas) que também são resistentes a estes antibióticos por não
possuírem naturalmente a parede celular. A bacitracina, cicloserina, fosfomicina e
vancomicina interferem na síntese da parede celular interferindo nos percursores da
parede celular. A bacitracina por exemplo, interfere na etapa do transporte dos
percursores pela membrana tornando-se, portanto relativamente tóxica para célula do
hospedeiro pois as membranas biológicas são semelhantes. A bacitracina pode ser
utilizada topicamente em forma de pomada nas infecções cutâneas, mas não nas
sistêmicas.
A penicilina em termos de toxicidade seletiva, pelo mecanismo de ação, seria um
antibiótico ideal, pois as células humanas não possuem a parede celular. Os efeitos
colaterais (alergias) das penicilinas são mediados por mecanismos de resposta
imunológica do hospedeiro à droga.
MEMBRANA CELULAR:
Esta estrutura pode ser outro alvo microbiano, mas a toxicidade seletiva torna-se
mais crítica pela semelhança das membranas celulares entre eucariotos e procariotos. As
polimixinas, por exemplo, são polipeptídios cíclicos e agem como detergentes catiônicos
rompendo a estrutura fosfolipídica das membranas. Estas drogas possuem melhor eficácia
contra bactérias gram negativas, especialmente Pseudomonas aeruginosa.
A Anfotericina B e Nistatina são antifúngicos que apesar de agirem sobre o ergosterol
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das membranas celulares dos fungos, possuem também toxidade ao hospedeiro. A
anfotericina B por exemplo é administrada sob monitoramento hospitalar. Os
Cetoconazóis inibem a síntese do ergosterol e são utilizados no tratamento de micoses
superficiais e sistêmicas.
SÍNTESE PROTÉICA
Diversas drogas interferem a síntese proteica sem interferir nesta maquinaria em
células eucarióticas principalmente pela variação das subunidades ribossomais. Contudo
deve-se lembrar, que os ribossomos de mitocôndrias são semelhantes e por esta razão
alguns antibióticos podem apresentar hepatotoxidade, nefrotoxidade, toxicidade
vestibular no 8° nervo craniano entre outras interferências.
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Cloranfenicol: possui largo espectro de ação (bactérias gram positivas e gram negativas).
Este antimicrobiano é bacteriostático contra Salmonella thyphi, mas é bactericida
contra Haemophylus influenza, Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis.
Basicamente a droga age inibindo o alongamento da cadeia peptídica. Esta droga possui
toxicidade sobre a medula óssea e um a cada 30.000 pacientes que recebem altas doses
podem desenvolver anemia aplástica irreversível.
ANTIMETABÓLITOS
Trimetropim: inibe a síntese do ácido fólico em etapa posterior desta via de síntese
(inibe a enzima dihidrofolato redutase). Usualmente utilizado em associação com
sulfonamida, pois resulta em efeito sinérgico. Com espectro e funções semelhantes das
sulfonamidas a combinação é utilizada também na profilaxia de infecções oportunistas
em pacientes granuloleupênicos.
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ÁCIDOS NUCLEICOS
Quinolonas: bactericidas que inibem a ação das girases bacterianas. As girases de células
procarióticas são diferentes das células eucarióticas e, portanto, apresentam toxicidade
seletiva. As girases impedem o enrolamento do DNA. Assim temos a norfloxacina,
ciproflaxicina entre outras quinolonas. Utilizada em infecções respiratórias, intestinais,
urinárias, tecidos esqueléticos e moles. O ácido nalidíxico é o menos eficaz e pela sua
propriedade de se concentrar na urina é usualmente utilizado no tratamento de
infecções urinárias.
Rifampim: bloqueia a síntese de RNAm inibindo a polimerase das bactérias e não das
células do hospedeiro apresentando também toxicidade seletiva. Inicialmente utilizada no
tratamento da tuberculose em associação com outras drogas e na profilaxia de
contactantes com indivíduos com meningite meningocóccica ou por Haemophilus
influenza. É usada em combinação com outros antimicrobianos contra bactéria mutantes.
É uma droga de cor vermelha e, portanto, um pigmento de cor laranja é eliminado na
saliva e urina de pacientes medicados com este antimicrobiano. Rifabutin, um derivado
do Rifampim, é utilizado na prevenção da tuberculose por Mycobacteruim avium em
pacientes humanos HIV positivos.
A pesquisa de um novo antibiótico normalmente tem seu início no solo – fonte natural
para captar os microrganismos produtores de antibióticos e seguem as seguintes etapas:
- Seleção de estirpes;
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- Teste em instalações piloto;
3. ESCOLHA DE UM ANTIMICROBIANO
Agente etiológico: identificado sempre que possível, senão, presumi-lo com base nos
dados como quadro clínico, localização do processo infeccioso, faixa etária, achados
epidemiológicos e laboratoriais; utiliza-se o antimicrobiano que é sabidamente capaz de
atuar naquele microrganismo;
Paciente: idade, condições patológicas prévias (alguma doença crônica como doença
hepática ou renal), prenhez, fatores genéticos (ausência de alguma enzima no organismo),
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alergias (dos componentes da fórmula), vias de administração disponíveis (oral, tópica,
endovenosa, intramuscular).
Com frequência bactérias utilizam mais de uma estratégia para evitar a ação dos
antimicrobianos; assim, a ação conjunta de múltiplos mecanismos pode produzir um
acentuado aumento da resistência aos antimicrobianos. A resistência a
determinado antimicrobiano pode constituir uma propriedade intrínseca de uma espécie
bacteriana ou uma capacidade adquirida. Para adquirir resistência, a bactéria deve alterar
seu DNA, material genético, que ocorre de duas formas:
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resistência fazem parte de unidades de DNA denominadas transposons que se movem
entre cromossomos e plasmídeos transmissíveis. O DNA estranho pode ser adquirido
mediante transformação, resultando em trocas de DNA cromossômico entre espécies,
com subsequente recombinação interespécies. A seguir você conhecerá os principais
mecanismos de resistência:
1. Alteração de permeabilidade
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3. Bomba de efluxo
4. Mecanismo enzimático
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níveis de β-lactamases, produzindo resistência às cefalosporinas de terceira geração,
cefamicinas e combinações de β-lactâmicos/ácido clavulânico ou sulbactam.
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