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INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO DE SAÚDE DE MBANZA KONGO

CURSO TÉCNICO DE ANÁLISES CLÍNICAS

PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM DOADORES ATENDIDOS NA SEÇÂO DA


HEMOTERAPIA DO HOSPITAL PRROVINCIAL DO ZAIRE, COM AS IDADES
COMPREENDIDAS ENTRE 18 A 45 ANOS, NO PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO
DE 2023.

AUTORES:

1. Dilukila Nkilusisa Dialundama

2. Feliciana Vita Madidilua

3. João Chaves Pedro

4. João Mbau Kindanda

5. Mayunga Domingos

M´BANZA KONGO, 2022/2023


PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM DOADORES ATENDIDOS NA SEÇÂO DA
HEMOTERAPIA DO HOSPITAL PRROVINCIAL DO ZAIRE, COM AS IDADES
COMPREENDIDAS ENTRE 18 A 45 ANOS, NO PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO
DE 2023.

AUTORES:

1. Dilukila Nkilusisa Dialundama

2. Feliciana Vita Madidilua

3. João Chaves Pedro

4. João Mbau Kindanda

5. Mayunga Domingos

Orientado por:

Bulungidi Nkondi

M´BANZA KONGO, 2022/2023


FICHA DE APROVAÇÃO

Nomes:

1. Dilukila Nkilusisa Dialundama

2. Feliciana Vita Madidilua

3. João Chaves Pedro

4. João Mbau Kindanda

5. Mayunga Domingos

Tema: PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM DOADORES ATENDIDOS NA SEÇÂO DA


HEMOTERAPIA DO HOSPITAL PRROVINCIAL DO ZAIRE, COM AS IDADES
COMPREENDIDAS ENTRE 18 A 45 ANOS, NO PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO
DE 2023.

Aprovados aos--------/-------/-------- Nº de registo----------/2022

Banca Examinadora

Presidente professor ___________________Assinatura_____________

1º Vogal professor _____________________Assinatura_____________

2º Vogal professor _____________________Assinatura_____________

Secretário professor ___________________Assinatura______________

CLASSIFICAÇÃO________________DATA_____/_____/_____
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................1
Problema de pesquisa........................................................................................................................2
Justificação da escolha do tema.......................................................................................................2
Hipóteses:.............................................................................................................................................3
OBJETIVOS.........................................................................................................................................3
Objetivo Geral..................................................................................................................................3
Objetivos Específicos......................................................................................................................3
CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA.................................................................................4
1.1. Histórico da Sífilis.....................................................................................................................4
1.2. Epidemiologia...........................................................................................................................4
1.3. Etiologia.....................................................................................................................................4
1.4. Síntomas...................................................................................................................................5
1.5. Classificaçâo.............................................................................................................................6
1.5.1. Sífilis primária....................................................................................................................6
1.5.2. Sífilis secundária...............................................................................................................7
1.5.3. Sífilis terciária....................................................................................................................9
1.5.4 Sífilis Congênita...............................................................................................................10
1.5.5 Sífilis tardia.......................................................................................................................11
1.6. Transmissão da sífilis............................................................................................................13
1.7. Tratamento..............................................................................................................................14
1.8. Doação de Sangue................................................................................................................14
1.9. Diagnóstico Laboratorial.......................................................................................................16
1.9.2 Teste não treponêmico...................................................................................................17
1.9.3Testes para Sífilis na doaçâo..........................................................................................19
CAPITULO II: METODOLOGIA.......................................................................................................20
2.1. Tipo de estudo........................................................................................................................20
2.2. Local de estudo......................................................................................................................20
2.3. Populaçâo...............................................................................................................................20
2.4. Amostra...................................................................................................................................20
2.5. Varáveis de estudo................................................................................................................20
2.6. Criteirio de inclusâo...............................................................................................................20
2.7. Criteirio de exclusão..............................................................................................................21
2.8. Procedimentos de coleta de Dados.....................................................................................21
2.9. Aspectos Éticos......................................................................................................................21
2.10. Análise e processamento de Dados..................................................................................21
CONCLUSÕES..................................................................................................................................26
SUGESTÕES:....................................................................................................................................26
INTRODUÇÃO

A sífilis é uma doença sistêmica, exclusiva do ser humano, descoberta no século


XV. O termo sífilis teve sua origem de um poema escrito em 1530 pelo médico e
poeta Girolamo Fracastoro em seu livro intitulado Syphilis Sive Morbus Gallicus
(“A Sífilis ou Mal Gálico”). Somente em 1905 foi descoberto seu agente etiológico
pelo zoologista Fritz Schaudin e pelo dermatologista Paul Erich Hoffman (BRASIL,
2010).

No século XIX, era preocupante o elevado aparecimento de sífilis e, para


combatê-la, a medicina se desenvolvia, trabalhando na elaboração das primeiras
drogas contra a doença. A introdução da penicilina no combate à doença, por sua
eficácia, levou muitos a pensarem que a doença estava controlada e, por
consequência, houve a diminuição do número de estudos sobre ela. Durante
1960, com o surgimento da pílula anticoncepcional, houve a diminuição da
proteção sexual e o aumento de casos de sífilis foi significante. No final dos anos
70, com o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS, do
inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome), houve um redimensionamento das
infecções sexualmente transmissíveis. A sífilis teve o papel de fator facilitador na
transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, do inglês Human
Immunodeficiency Virus) e isso levou a um novo interesse por ela e a
preocupação em se criar estratégias para seu controle (AVELLEIRA; BOTTINO,
2006).

A doença é transmitida principalmente por contato sexual, por transfusão


sanguínea (sífilis adquirida) e pela transmissão vertical (sífilis congênita) para o
feto durante o período de gestação de uma mãe portadora da sífilis (BRASIL,
2010). A sífilis é uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) mais
comuns no mundo, com cerca de 6 milhões de novos casos a cada ano (OPAS,
2019). Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, o cenário da sífilis não
é diferente dos outros países.

Trata-se de um problema de saúde pública, tendo uma ampla distribuição


mundial, apresentando em países em desenvolvimento as maiores taxas de
infectados (SILVA; CARDIM, 2017).

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Para reduzir a possibilidade de transmissão de doenças pela transfusão
sanguínea são necessárias ações para proporcionar a segurança do sangue que
será transfundido. Essas ações se iniciam pela captação de doadores, seleção
clínica e epidemiológica e, por fim, a triagem sorológica, sendo o propósito de
todos os bancos de sangue (CARRAZZONE et al., 2004).

Hoje existem diversos programas desenvolvidos pelo governo na prevenção da


sífilis e demais ISTs. A principal prevenção para sífilis é o preservativo feminino
ou masculino. Em relação à sífilis congênita, o acompanhamento das gestantes e
parceiros sexuais durante o pré-natal ajuda no controle da doença (BRASIL,
2015). Embora a sífilis seja uma doença bastante conhecida, existem poucos
estudos recentes sobre o perfil de doadores de sangue infectados por ela.

Atualmente, o crescente aumento de casos de sífilis na população vem sendo


justificado pelo não uso de preservativos nas relações sexuais e falta de
conclusão 15 dos tratamentos de sífilis por parte da população (BRASIL, 2019a).
Devido a essa justificativa. O presente estudo tem a finalidade de investigar a
prevalência de sífilis em testes treponêmicos e não treponêmicos em doadores
de sangue da Seção da Hemoterapia do Hospital provincial da saúde Do Zaire;
Maria Eugénia Neto, no primeiro trimestre do ano de 2023, através da revisão de
dados das doações.

Problema de pesquisa

A doação de sangue é uma prática social que auxilia no tratamento de doenças e


na manutenção da saúde coletiva. Mas o sangue doado não pode estar infetado
de doenças que podem perigar, além de salvar vida, provocando contragimentos,
isto é; doar o sangue contaminado com a sífilis.

Justificação da escolha do tema

Para reduzir a possibilidade de transmissão de doenças pela transfusão


sanguínea são necessárias ações para proporcionar a segurança do sangue que
será transfundido, isso levou a equipa a escolher este tema.

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Hipóteses:

- Conhecendo as causas da sífilis nos doadores do HPZ, no primeiro trimestre do


ano de 2023, pode se reduzir a prevalência da mesma evitando transfundir
sangue contaminado;

- Se, se reforçar os testes de sífilis nos doadores de sangue na secção da


Hemoterapia do HPZ, pode se reduzir os casos de transfusão de sangue
contaminado com essa patologia.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Estimar a prevalência e identificar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis em


doadores de sangue do Hospital Provincial do Zaire; Maria Eugénia Neto, no
primeiro trimestre do ano de 2023.

Objetivos Específicos

- Verificar a prevalência da doença nos doadores de sangue do Hospital


Provincial do Zaire no primeiro trimestre do ano de 2023;

- Investigar se a frequência da doença é influenciada por características dos


doadores como sexo, idade;

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CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

1.1. Histórico da Sífilis

A sífilis é uma doença infecciosa crônica, que afeta há séculos a humanidade.


Mesmo tendo tratamento eficaz e de baixo custo, mantém-se como problema de
saúde pública até os dias atuais. Foi conhecida na Europa no final do século XV e
transformou-se em uma das principais pragas mundiais devido a sua veloz
disseminação. A sífilis não possui uma origem definida, apenas teorias que
tentam explicá-la. Alguns acreditam que a sífilis surgiu no Novo Mundo e teria
sido introduzida na Europa pelos marinheiros que haviam chegado das Américas
(AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).

1.2. Epidemiologia

No mundo, cerca de 12 milhôes de novos casos de sífilis ocorrem por ano, sendo
dois milhôes em gestantes do qual 80 % dos casos ocorrem complicaçôes para
mãe e o feto (DOURADO, et al.,2014).

De acordo com os últimos dados da OMS publicados de 2020, as Mortes por


Sífilis na Angola atingiram 1,316 ou 0.63% do total de mortes. A taxa de morte
ajustada à idade é de 1.81 por 100 000 habitantes classifica a Angola, 12 no
mundo (OMS, 2020).

1.3. Etiologia

A doença é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, subespécie


pallidum, uma espiroqueta (helicoidal) (SILVA; CARDIM, 2017), pertencente à
ordem Spirochaetales, família Spirochaetaceae (ALMEIDA, 2014).

O T. pallidum tem formato de espiral, apresentando comprimento cerca de 5 a


20μm e apenas 0,1 a 0,2μm de espessura. É ausente de membrana celular, mas
sendo revestido por um envelope externo com três camadas ricas em moléculas
de ácido N-acetil murâmico e N-acetil glucosamina. Possui flagelos que se iniciam
na extremidade distal da bactéria e encontram-se junto à camada externa ao
longo do eixo longitudinal. Seu movimento é por rotação do corpo em volta
desses filamentos (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).

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O agente causador da sífilis, T. pallidum, não é cultivável e é um patógeno
exclusivo do homem. Não resiste fora do organismo humano por mais de 24
horas, pois o calor e a falta de umidade o destroem. Sua preferência é por
ambientes com baixo teor de oxigênio (ALMEIDA NETO, 2007).

A ação do T. pallidum consiste na penetração por meio de pequenas abrasões


decorrentes da relação sexual. Logo após, a bactéria atinge o sistema linfático
regional e dissemina-se através de vias sanguíneas para outras partes do corpo.
Ocorre erosão e exulceração no ponto de inoculação como resposta de defesa
local, enquanto a propagação sistêmica leva a produção de complexos imunes
circulantes que podem se depositar em qualquer órgão. Contudo, a imunidade
humoral não tem capacidade de proteção. A imunidade celular é mais tardia,
permitindo ao T. pallidum multiplicar e sobreviver por longos períodos
(AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).

A sífilis apresenta evolução que alterna períodos de desenvolvimento com


características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas (primária,
secundária e terciária) e períodos de latência (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).

1.4. Síntomas

Seus primeiros sintomas são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas
virilhas (ínguas), que surgem entre 7 e 20 dias após a infecção. Mesmo sem
tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz, mas a pessoa
continua doente e a doença se desenvolve. Ao alcançar certo estágio, podem
surgir manchas em várias partes do corpo e queda dos cabelos. Após certo
tempo, as manchas também desaparecem, dando a ideia de melhora. A doença
pode ficar estática por meses ou anos, até que surgem complicações graves
como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo,
inclusive, levar à morte (SANTA CATARINA, 2018a).

O período de incubação dura, em média, 21 dias, variando de 3 a 90 dias, e a


transmissão é direta.

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1.5. Classificaçâo

A sífilis pode ser classificada em alguns tipos de acordo com o estágio em que a
doença se encontra o que é definido de acordo com os sinais e sintomas
apresentados e desenvolvimento da bactéria. O desenvolvimento dos tipos de
sífilis está principalmente relacionado com a ausência de tratamento ou realização
de tratamento inadequado, já que assim a bactéria não é devidamente eliminada,
permanecendo no organismo por mais tempo e levando ao aparecimento de
formas mais graves da doença. Assim, os tipos de sífilis são:

- sífilis adquirida recente (menos de 1 ano de evolução): primária, secundária e


latente recente

- sífilis adquirida tardia (mais de 1 ano de evolução): latente tardia e terciária;

- sífilis congênita recente (casos diagnosticados até o 2º ano de vida);

- sífilis congênita tardia (casos diagnosticados após o 2º ano de vida).

1.5.1. Sífilis primária

É caracterizada pelo aparecimento de sintomas na região genial cerca de 3


semanas após o contato com a bactéria. Em 1 semana a 3 meses após a
inoculação, forma-se um cancro no local da porta de entrada. Esse cancro ou
pápula costuma ser indolor e ulcera depois, formando a lesão típica do cancro,
com dimensões de 1 a 2 cm com margens elevadas e indurada. Pode haver dor à
palpação desta lesão, que é rósea, de fundo limpo, sem fenômenos inflamatórios,
com bordas infiltradas e duras. É acompanhada invariavelmente de adenopatia
regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla, a denominada adenopatia
satélite. Esta adenopatia não é acompanhada de fenômenos inflamatórios na pele
suprajacente aos linfonodos acometidos.

Estas lesões, também chamadas de cancro duro, tendem à cura espontânea, sem
deixar cicatrizes.

O diagnóstico diferencial principal é com o cancroide que, ao contrário, apresenta


lesão dolorosa, exsudativa, de bordas irregulares e base necrótica, que pode

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sangrar com facilidade. Tanto o cancro da sífilis como do cancroide podem ter
linfonodos, mas neste último, a supuração dos gânglios pode ocorrer.

Apesar de a genitália ser o local mais comum da lesão, outros também podem ser
acometidos, como faringe posterior, ânus e vagina. As lesões cicatrizam
espontaneamente em 3 a 6 semanas.

1.5.2. Sífilis secundária

Surge algumas semanas após o desaparecimento dos sintomas da sífilis primária,


sendo indicativo de desenvolvimento da bactéria.

Após o desaparecimento das lesões do cancro duro, que é um período de


inatividade que pode durar de seis a oito semanas, a doença poderá entrar
novamente em atividade caso não seja identificada e tratada. Desta vez, o
comprometimento ocorrerá na pele e nos órgãos internos, já a bactéria foi capaz
de multiplicar e se espalhar para outros locais do corpo por meio da corrente
sanguínea.

As novas lesões são caracterizadas como manchas rosadas ou pequenos


caroços acastanhados que surgem na pele, na boca, no nariz, nas palmas das
mãos e nas plantas dos pés, podendo haver algumas vezes também descamação
intensa da pele. Outros sintomas que podem surgir são:

 Manchas vermelhas na pele, na boca, no nariz, nas palmas das mãos e


nas plantas dos pés;

 Descamação da pele;

 Ínguas em todo o corpo, mas principalmente na região genital;

 Dor de cabeça;

 Dor muscular;

 Dor de garganta;

 Mal estar;

 Febre leve, geralmente abaixo de 38ºC;

 Falta de apetite;

 Perda de peso.
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Essa fase continua durante os dois primeiros anos da doença, e surge em forma
de surtos que regridem espontaneamente, mas que passam a ser cada vez mais
duradouros.

Algumas semanas a meses após a lesão inicial, em geral 6 a 8 semanas após o


aparecimento do cancro duro, pode ocorrer o secundarismo luético em cerca de
25% dos pacientes. Trata-se de doença sistêmica que eventualmente aparece em
paciente sem história de lesão primária. Podem ocorrer diversos sintomas, como
o rash. Trata-se de um exantema maculopapular pruriginoso difuso, com máculas
ovaladas ou arredondadas, isoladas e/ou confluentes, também denominadas
roséolas, levemente descamativas, que acometem todo o tegumento,
particularmente as regiões palmoplantares (roséola sifilítica); estas lesões
também são denominadas sifilides papulosas.

As máculas classicamente envolvem as palmas das mãos e plantas dos pés,


localização extremamente sugestiva de sífilis secundária. Este exantema costuma
ser simétrico, às vezes envolvendo tronco e membros inferiores inteiramente. O
rash pode tomar várias formas, exceto lesões vesiculares. As lesões mucosas
podem ocorrer na cavidade oral, especialmente em língua e face interna dos
lábios. Essas lesões são ricas em treponemas e muito contagiosas, podem
ocorrer ainda lesões elevadas em platô, de superfície lisa, nas mucosas (placas
mucosas).

Outra lesão cutânea que pode ocorrer é o condiloma lata ou plano, que é uma
lesão papilomatosa cinza encontrada nas regiões intertriginosas. Como a região
anal é extremamente úmida, as lesões sofrem maceração de sua superfície, com
formação de pápulas hipertróficas também ricas em treponemas.

Os sintomas sistêmicos incluem febre baixa, mal-estar, anorexia, mialgias e perda


de peso. Linfadenomegalia costuma ocorrer na forma de micropoliadenopatia
generalizada não inflamatória e indolor com os linfonodos apresentando
consistência de borracha; na maioria dos casos, há envolvimento das cadeias
cervical posterior, axilar e inguinais. O achado de linfonodos epitrocleares é
sugestivo do diagnóstico.

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Alopecia também pode ocorrer, em geral em forma de placas principalmente no
couro cabeludo, a chamada alopecia em clareira, envolvendo sobrancelhas e
região da barba; é reversível com o tratamento.

Lesões viscerais ocorrem em cerca de 2% dos pacientes com sífilis secundária,


com comprometimento gástrico simulando linfoma com infiltração extensa,
hepatites e, sobretudo, colestase evidenciada por aumento de enzimas
canaliculares. Outra manifestação possível é a síndrome nefrótica, principalmente
na forma de glomerulonefrite membranosa e glomerulonefrite por
imunocomplexos, eventualmente com crescentes, mas tendem a ser transitórias
ou melhoram com o tratamento da sífilis. Ainda podem ocorrer miosites, sinovites,
osteítes, periostites, neurite de auditivo, labirintite sifilítica, anormalidades
oculares como uveíte anterior ou posterior frequentemente granulomatosa e com
coriorretinite multifocal; pode ainda ocorrer necrose retinal e neurite óptica. As
uveítes podem ocorrer ainda na sífilis terciária. Eventualmente, alterações
liquóricas podem ocorrer nos estágios iniciais da doença.

1.5.3. Sífilis terciária

É a forma mais grave de sífilis e cujos sintomas podem aparecer anos após o
contato com a bactéria responsável pela doença.

A sífilis terciária aparece em pessoas que não conseguiram combater


espontaneamente a doença na sua fase secundária ou que não fizeram o
tratamento adequado. Neste estágio, a sífilis é caracterizada por:

 Lesões maiores na pele, boca e nariz;

 Problemas em órgãos internos: coração, nervos, ossos, músculos, fígado e vasos


sanguíneos;

 Dor de cabeça constante;

 Náuseas e vômitos frequentes;

 Rigidez do pescoço, com dificuldade para movimentar a cabeça;

 Convulsões;

 Perda auditiva;

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 Vertigem, insônia e AVC;

 Reflexos exagerados e pupilas dilatadas;

 Delírios, alucinações, diminuição da memória recente, da capacidade de


orientação, de realizar cálculos matemáticos simples e de falar quando há paresia
geral.

1.5.4 Sífilis Congênita

Em que a bactéria é passada da mãe para o bebê durante a gestação ou no


momento do parto, resultando em alterações no desenvolvimento do bebê. A
sífilis congênita acontece quando o bebê adquire sífilis durante a gestação ou no
momento do parto, sendo normalmente devido à mulher que possui sífilis não
fazer o tratamento correto para doença. A sífilis durante a gravidez pode causar
aborto, más formações ou morte do bebê ao nascer. Em bebês vivos, os sintomas
podem surgir desde as primeiras semanas de vida até mais de 2 anos após o
nascimento, e incluem:

 Manchas arredondadas de cor vermelho pálido ou cor de rosa na pele, incluindo a


palma das mãos e a sola dos pés;

 Irritabilidade fácil;

 Perda de apetite e da energia para brincar;

 Pneumonia;

 Anemia

 Problemas nos ossos e nos dentes;

 Perda da audição;

 Deficiência mental.

O tratamento para sífilis congênita costuma ser feito com o uso de 2 injeções de
penicilina por 10 dias ou 2 injeções de penicilina por 14 dias, dependendo da
idade da criança.

A sífilis congênita é a consequência da disseminação hematogênica do T.


pallidum da mãe infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o seu
filho por via transplacentária (transmissão vertical). Pode ocorrer em qualquer
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fase gestacional ou estágio clínico da doença materna. As principais razões que
determinam a probabilidade de transmissão vertical do T. pallidum são o estágio
da sífilis na mãe e o período da exposição do feto no útero. A taxa de infecção da
transmissão vertical do T. pallidum em mulheres não tratadas é de 70 a 100%,
nas fases primária e secundária da doença, diminuindo para aproximadamente
30% nas fases tardias da infecção materna (latente tardia e terciária). Há ainda a
possibilidade de transmissão direta por meio do contato da criança pelo canal
vaginal, se houver lesões genitais maternas. No aleitamento, a transmissão
ocorrerá somente se houver lesão mamária por sífilis (BRASIL, 2005).

Quando não há abordagem adequada, nos países em desenvolvimento


principalmente, a transmissão materno-fetal da sífilis define tanto uma maior
ocorrência de perdas gestacionais como a incidência de doenças congênitas.
Entre 50% e 80% dos casos de sífilis durante gestação terminam de forma
prejudicial: podem provocar aborto, morte fetal, morte neonatal, parto prematuro,
baixo peso ao nascer e infecção congênita com graus variados de morbidade,
ocasionando sequelas importantes e irreversíveis nas crianças afetadas. Ainda,
como a coinfecção HIV e sífilis é comum, as crianças expostas ao T. pallidum ao
longo da gestação têm maior risco de contrair HIV por transmissão vertical
(SANTA CATARINA, 2018b).

1.5.5 Sífilis tardia

Surge após períodos extremamente variados de latência, podendo ocorrer em até


25 a 40% dos pacientes. Clinicamente, o quadro dermatológico se caracteriza por
lesões nodulares, nódulo-ulceradas e gomas, isto é, lesões granulomatosas que
podem ocorrer em pele, ossos e órgãos internos. Quando ocorrem nas mucosas,
as lesões podem produzir alterações na língua, constituindo a glossite intersticial
crônica, podendo ainda provocar perfurações no palato e, destruição do septo
nasal cartilaginoso e de áreas ósseas adjacentes. As lesões ainda podem ser
serpiginosas, mas têm se tornado menos frequentes com o uso da penicilina.

A sífilis cardiovascular representa uma incidência de 10%. Suas principais


manifestações são insuficiência aórtica, aneurismas de aorta torácica e
abdominal, que raramente evoluem com dissecção, e estenose do óstio da

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coronária, resultando em quadros de angina. O aparecimento é tipicamente
insidioso e ocorre de 15 a 30 anos apos a infecção inicial do paciente.

A neurossífilis representa uma incidência de 8%, podendo ser assintomática ou


apresentar quadros de meningite sifilítica aguda, encefalomalacia manifestando-
se afasias e hemiplegias, tabes dorsalis e demência paralítica. A neurossífilis
precoce não apresenta sinais de doença e o diagnóstico se baseia no líquido
cefalorraquidiano com pleiocitose e VDRL positivo. Os pacientes podem
apresentar meningite sintomática com sintomas clássicos de irritação meníngea,
podendo ainda apresentar lesões isquêmicas em coluna vertebral. Outra forma de
acometimento é a sífilis neurovascular, com aparecimento de arterite que pode
apresentar-se como AVC. Pacientes com formas tardias de neurossífilis podem
apresentar quadro associado ao aparecimento de paresias, disartria, tremores e,
em alguns casos, pupilas de Argyl-Robertson, mais comuns nas tabes dorsalis.

As tabes dorsalis é uma doença que acomete a coluna posterior da medula e as


raízes dorsais. Ocorre em média após 20 anos da infecção inicial, embora alguns
casos ocorram em poucos anos. Os pacientes apresentam quadro de ataxia e
dores lancinantes de curta duração. As pupilas de Argyl-Robertson não
respondem à luz, são pequenas, contraem normalmente, dilatam parcialmente
com colírios midriáticos e não dilatam com estímulos dolorosos. Esses pacientes
ainda apresentam diminuição de reflexos em membros inferiores, alteração de
sensações vibratórias.

As principais manifestações da neurossífilis são:

- Mudanças de personalidade, labilidade emocional, descuido com


aparência; delírio, ilusões;

- Alteração de memória e raciocínio

- fala embotada;

- pupilas pequenas e não reativas à luz;

- visão tubular com perda de visão periférica com destruição do nervo óptico;

- Reflexos hiperativos;

- Perda de expressão facial por envolvimento dos pares cranianos VII e VIII;

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Em caso de envolvimento do corno posterior da medula (tabes dorsalis): marcha
com base alargada, marcha talonante, parestesias, incontinência vesical e
intestinal, perda de sensibilidade posicional e vibratória, impotência.

1.6. Transmissão da sífilis

O Treponema pallidum, que é uma espiroqueta, penetra em pele erodida ou


mucosa e se dissemina pelos vasos linfáticos e pela corrente sanguínea, podendo
envolver praticamente todos os sistemas e órgãos. Outras formas de transmissão
são materno-fetal e por transfusões sanguíneas.

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível e, por isso, pode ser


transmitida por meio da relação sexual vaginal, anal ou oral desprotegida, ou seja,
sem camisinha, ao entrar em contato com a secreção das lesões presentes na
região genital e/ ou anal.

Além disso, a sífilis pode ser transmitida ao compartilhar agulhas, já que a


bactéria na fase secundária da doença está circulando no sangue, podendo ser
transmitida de uma pessoa para outra através dessa via. Outra forma de
transmissão é da mãe para o filho durante a gravidez ou no momento do parto,
sendo isso possível de acontecer quando a mulher não faz o tratamento
adequado.

Esse exame normalmente é realizado em cada trimestre de gestação em todas as


grávidas porque a sífilis é uma doença grave que a mãe pode passar para o bebê,
mas que é facilmente curada com antibióticos prescritos pelo médico.

13
1.7. Tratamento

O tratamento para sífilis com o uso da penicilina foi desenvolvido em 1943 por
Mahoney, demonstrando que a droga atuava em todos os estágios da doença. O
tratamento para sífilis deve ser feito de acordo com a orientação do médico,
sendo importante seguir as indicações mesmo que não existam mais sinais ou
sintomas visíveis para garantir a eliminação da bactéria. Para isso, o médico
normalmente indica injeções de penicilina-benzatina, também chamada de
benzetacil. O tempo de tratamento e o número de injeções podem variar de
acordo com a fase da doença que a pessoa se encontra e sintomas
apresentados. A sensibilidade da bactéria à droga, a resposta rápida com
regressão das lesões primárias e secundárias utilizando apenas uma dose são
vantagens que permanecem atualmente (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).

A benzilpenicilina benzatina é o principal medicamento para o tratamento de


sífilis, sendo a única droga com eficácia documentada no período da gestação.
Não há indícios da resistência de T. pallidum à penicilina no mundo. Outras
opções para não gestantes, essencialmente para alérgicos à penicilina, como a
doxiciclina e a ceftriaxona, devem ser utilizadas somente em conjunto com um
acompanhamento clínico e laboratorial rigoroso, para assegurar resposta clínica e
cura sorológica. Até o momento, não existe vacina contra a sífilis e a infecção não
confere imunidade protetora. Isso significa que novas infecções pelo T. pallidum
podem ocorrer em futuras exposições. Resumindo, a sífilis tem cura e pode ser
facilmente tratada com injeções de penicilina, mas seu tratamento deve ser
iniciado o mais rapidamente possível para evitar o surgimento de complicações
graves em outros órgãos como o cérebro, o coração e os olhos, por exemplo.

1.8. Doação de Sangue

A hemoterapia passou a ter reconhecimento em 1627, quando William Harvey


descobriu a circulação sanguínea no corpo e, com isso, começou a chamar
atenção dos estudiosos da saúde para a possibilidade da transfusão. A primeira
transfusão ocorreu a partir do sangue de um carneiro para um paciente portador
de Tifo, que faleceu. Após descoberta, as tentativas de transfusão ocorreram
várias transformações. Por volta dos anos 1900, o médico austríaco Karl
Landsteiner descobre os grupos sanguíneos ABO, e 40 anos depois descobre
14
também o Fator Rh. Logo após, outros estudiosos como Loitt e Mollison
descobriram anticoagulantes, auxiliando para o avanço da Hemoterapia.
Atualmente, a ciência vem realizando novas descobertas e colaborando para o
auxílio no tratamento de doenças e para a preservação da vida (SANTA
CATARINA, 2019b).

Os critérios gerais que estabelecem a doação de sangue estão definidos por lei
em cada país, define o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. Ela
tem como objetivo regulamentar todas as atividades hemoterápicas e atividade
hemoterápica no País, de acordo com os princípios e diretrizes da Política
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados, no que se refere à captação,
proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem,
distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados,
originados do sangue humano venoso e arterial, para diagnóstico, prevenção e
tratamento de doenças.

A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o


doador, de forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício
em virtude da sua realização. O doador de sangue passa por algumas etapas que
envolvem todo processo da doação, iniciando-se pelo cadastro do candidato à
doação de sangue, pré-triagem, triagem clínica, coleta de sangue, processamento
de sangue, testes laboratoriais de hematologia, imuno-hematologia e sorologia.

Após doação de sangue, são realizados testes de diagnóstico de doenças


transmissíveis pelo sangue previstos por lei, sendo obrigatórios a realização de
exames de alta sensibilidade para detectar marcadores de hepatite B, hepatite C,
HIV1 e 2, doença de Chagas, sífilis e HTLV-I e II, além dos testes de ácido
nucléico (NAT) para HIV, HCV (vírus da hepatite C) e HBV (vírus da hepatite B).
Havendo alguma alteração em qualquer dos testes realizados, as bolsas serão
descartadas automaticamente no momento da liberação, e o doador convocado
para coleta de uma segunda amostra na qual o teste alterado será repetido. Ao
ter a confirmação, o doador recebe o resultado e orientações sobre sua situação
de saúde, sendo encaminhado para acompanhamento/tratamento (BRASIL,
2017b).

15
Os exames reagentes para HIV, HBV, HCV e Sífilis nos testes sorológicos e NAT
são notificados à vigilância epidemiológica. Existe um período chamado de
“janela imunológica” em que as respostas aos agentes infectocontagiosos não
são detectáveis. Por esse fato, a triagem sorológica e o NAT em doadores de
sangue não proporciona segurança total quanto à possibilidade de transmissão
desses agentes. É realizada uma triagem clínica por profissionais capacitados
com objetivo de reduzir ainda mais os riscos de infecção, sendo de vital
importância para a detecção e investigação de situações de risco (LORANDI,
2009).

1.9. Diagnóstico Laboratorial

Para confirmar que se trata de sífilis o médico deve observar a região íntima da
pessoa, avaliar a presença de sinais e sintomas indicativos de infecção e
investigar se houve contato íntimo sem camisinha.

Mesmo se não houver nenhuma ferida da região genital, nem outras partes do
copo o médico pode solicitar um exame chamado VDRL, que é o exame
normalmente indicado para realizar o diagnóstico da sífilis, sendo também capaz
de fornecer informações sobre a gravidade da doença de acordo com a
quantidade de anticorpos contra a bactéria circulantes.

A fase de infecção da sífilis é importante para diagnóstico laboratorial da doença.


Os exames incluem os testes sorológicos não específicos, e os específicos ou
antitreponêmicos (NADAL; FRAMIL, 2007).

A utilização de testes sorológicos pode ser feita a partir da segunda ou terceira


semana após o aparecimento do cancro (feridas), quando os anticorpos começam
a ser detectados (AZULAY, 2004).

A disponibilidade de imunoensaios enzimáticos e quimioluminescentes


treponêmicos automatizados levou alguns laboratórios a praticarem uma
sequência reversa de triagem, utilizando primeiro um teste treponêmico, seguido
por testes de soros reativos com um teste não treponêmico (CDC, 2011).
Atualmente, a pesquisa de teste laboratorial para sífilis é realizada combinando
testes específicos e não específicos. Grande parte dos autores utilizam o VDRL

16
(do inglês Venereal Disease Research Laboratory) ou RPR (do inglês Rapid
Plasm Reagin) e o FTA-ABS (do inglês Fluorescent Treponemal Antibody-
Absorption) ou ELISA (do inglês Enzyme- Linked Immunossorbent Assay). Muitos
laboratórios têm optado pelo VDRL e o ELISA por serem de fácil execução
(NADAL; FRAMIL, 2007).

1.9.1. Teste treponêmico

Os testes treponêmicos utilizam como antígeno T. pallidum, e detectam


anticorpos antitreponêmicos. Esses testes são feitos apenas qualitativamente. Os
testes treponêmicos mais conhecidos são os testes rápidos (TR) que utilizam
principalmente a metodologia de imunocromatografia de fluxo lateral ou de
plataforma de duplo percurso (DPP); testes de hemaglutinação (TPH, do inglês T.
Pallidum Haemagglutination Test) e de aglutinação de partículas (TPPA, do
inglês T. Pallidum Particle Agglutination Assay); ensaios de micro-
hemaglutinação (MHA-TP, do inglês Micro-Haemagglutination Assay); teste de
imunofluorescência indireta FTAAbs; Ensaios imunoenzimáticos como os testes
ELISA, e suas variações, como os ensaios de quimioluminescência (CMIA,
Chemiluminescent Microparticle Immunoassay). Os testes de hemaglutinação
(TPH), aglutinação de partículas (TPPA) e de imunofluorescência indireta (FTA-
abs) são fabricados com antígenos naturais de T. pallidum. São antígenos difíceis
de obter e, por isso, tornam tais testes mais caros. As metodologias do tipo
ELISA, CMIA e os testes rápidos são produzidos com antígenos sintéticos ou
recombinantes, favorecendo sua comercialização por menores preços. A
vantagem dos ensaios imunoenzimáticos é sua elevada sensibilidade e
automação (BRASIL, 2019a).

17
1.9.2 Teste não treponêmico

São testes que identificam anticorpos não treponêmicos, anteriormente


chamados de anticardiolipínicos, reaginícos ou lipoídicos G. Esses anticorpos
não são específicos para T. pallidum, porém estão existentes na sífilis. Os testes
não treponêmicos podem ser qualitativos ou quantitativos. Os qualitativos
geralmente são aplicados como testes de triagem para determinar se uma
amostra é reagente ou não. Por outro lado, os quantitativos são empregados para
determinar o título dos anticorpos presentes nas amostras que tiveram resultado
reagente no teste qualitativo e também para o monitoramento da resposta ao
tratamento.

Os testes não treponêmicos mais frequentemente utilizados são o VDRL, o RPR


e o USR (do inglês Unheated-Serum Reagin). Os testes não treponêmicos são
aplicados para o diagnóstico, sendo um primeiro teste ou teste complementar, e
também para o monitoramento da resposta ao tratamento e controle de cura

18
1.9.3 Testes para Sífilis na doaçâo

Para detecção de sífilis nas amostras de sangue que são coletadas durante a
doação, através de seu laboratório de sorologia, aplica primeiramente o teste de
quimioluminescência (CMIA), sendo esse totalmente automatizado na detecção
de anticorpos específicos, apresentando melhor sensibilidade e especificidade
(BAIÃO, 2013).

Em doações que apresentam amostra reagente para sífilis, são realizados mais
três testes em segunda amostra do doador. Neste caso, faz-se o teste de
quimioluminescência (CMIA) e, logo após, são realizados mais dois testes, um
não treponêmico (RPR) e outro treponêmico (ELISA), que são utilizados como
testes confirmatórios. Esse processo serve para fazer a triagem de sangue do
doador. O RPR é o teste não treponêmico utilizado. É um teste de floculação que
detecta anticorpos inespecíficos, as reaginas, produzidos pelo organismo em
resposta a antígenos fosfolipídicos presentes na superfície dos treponemas
(SÁEZALQUÉZAR et al., 2007).

A cardiolipina sódica obtida de coração de boi é utilizada no preparo do antígeno


RPR. Quando combinada com a lecitina e o colesterol, forma antígeno
sorologicamente ativo para detecção de anticorpos não treponêmicos nas
amostras de pacientes com sífilis. Anticorpos anticardiolipinas podem estar
presentes em outras doenças.

19
CAPITULO II: METODOLOGIA

2.1. Tipo de estudo

O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo,


com dados secundários obtidos pelo setor de Sorologia do HPZ. Essa pesquisa
procurou estabelecer relações entre as variáveis analisadas, promovendo uma
nova visão sobre os dados existentes.

2.2. Local de estudo

Opresente trabalho de pesquisa foi realisado na Secçâo da Hemoterapia do


Hospital Provincial do Zaire; Maria Eugenia Neto, munícipio de Mbanza Kongo,
província do Zaire.

2.3. Populaçâo

A população envolvida foi estudada e analisada com base na quantidade de


coletas de sangue de doadores considerados aptos no primeiro trimestre do ano
de 2023, totalizando 764 doações de sangue.

A pesquisa utilizou dados provenientes da base de dados da Secçâo da


Hemoterapia do HPZ. Foram analisados os dados de doadores com
soropositividade para sífilis através dos exames sorológicos das amostras de
doadores de sangue, para estimar a prevalência da infecção dos casos de sífilis.

2.4. Amostra

Todas as amostras de sangue (764) fizeram parte da amostra em estudo.

2.5. Varáveis de estudo

As variáveis analisadas na pesquisa originaram-se dos exames confirmatórios e


triagem para sífilis (VDRL) e foram categorizadas por características dos
doadores como sexo (masculino ou feminino), idade (18-23, 24 - 29, 30-35, 36-
41 e 42 - 45).

20
2.6. Criteirio de inclusâo

Todas as amostras de sangue dos doadores (764) com a faixa etária de 18 a 45


anos de idade que foram selecionados e submetidos ao exame da sífilis.

2.7. Criteirio de exclusão

Todas as amostras de sangue dos doadores de 16-17 anos de idade e 46-60


anos de idade não fizeram parte do nosso estudo.

2.8. Procedimentos de coleta de Dados.

Os dados sorológicos armazenados no banco de dados da Seçâo da


Hemoterapia do HPZ são provenientes dos resultados dos exames realizados
nas amostras dos doadores após todo processo de triagem que os candidatos
foram submetidos. Trata-se de dados fornecidos pelo banco de dados da
Instituição em forma de planilha de dados.

2.9. Aspectos Éticos

Os dados recolhidos irâo contar com o sigílo dos pesquisadores garantindo


profissionalismo e ética. Todos os dados coletados e a identificaçâo dos
doadores permaneceram em sigílo, sem derespeito com eles. Os mesmos serão
utilisados somente para realização de trabalho de pesquisa.

2.10. Análise e processamento de Dados

Os dados obtidos foram analisados segundo sua frequência absoluta e relativa,


com os respectivos intervalos de confiança. Posteriormente foi aplicado o cálculo
da prevalência da doença. As tabelas, gráficos e cálculos utilizados para analisar
os dados desta pesquisa foram realizados utilizando a Microsoft Office Excel
2013.

21
RESULTADOS E DISCUSSÃO CAPITULAM III:

No período de janeiro a março de 2023, o Hospital Provincial do Zaire recebeu


764(100%) doações de sangue dasquais 124 amostras provenientes de doadores
do sexo feminino correspondentes a 16,23%. O sexo masculino com 640 doacões
correspondentes a 83,77% (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição de doadores segundo o sexo.

SEXO Fr %

FEMININO 124 16,23

MASCULINO 640 83,77

TOTAL 764 100

Fonte: Elaboração própria

Na Tabela 1, Vê-se que no primeiro trimestre do ano de 2023, no total das


amostras dos doadores de sangue seleccionados, predominou amostras
provenientes dos doadores do sexo masculino.

22
Tabela 2. Distribuição de doadores segundo a Faixa etária.

DOADORES SEGUNDO FAIXA ETÁRIA

FAIXA ETÁRIA Fr %

18 - 23 165 21,6

24 - 29 247 32,3

30 – 35 169 22,1

36 – 41 137 17,9

42 - 45 46 6,1

TOTAL 764 100

Fonte: Elaboração própria

A distribuição de doadores segundo a faixa etária, demostra que a variável idade


apresentou maior índice na escala de 24 a 29 anos (32,3%), seguida pela escala
de 30 a 35 anos (22,1%) , de 18 a 23 anos (21,6%), de 36 a 41 anos (17,9%) e
por último 6,1% para a faixa de 42 a 45 anos (Tabela 2).

23
Tabela 3. Distribuição de doadores com positividade para sífilis.

DOADORES COM
POSITIVIDADE PARA SÍFILIS

FAIXA ETÁRIA Fr %

18 - 23 10 40

24 - 29 7 28

30 – 35 4 16

36 – 41 4 16

42 - 45 0 0

TOTAL 25 100

Fonte: Elaboração própria

Analizando a tabela 3, vê-se que a escala de 18 a 23 anos predomina com 10


casos positivos, correspondentes a 40%, seguida pela escala de 24 a 29 anos,
com 7 casos (28%),30 a 35 com 4 casos (16%), 36 a 41 com 4 casos (16%) e por
fim, 42 a 45 com 0 caso (0%).

24
Tabela 4. Distribuição segundo o sexo de doadores com positividade para sífilis.

DOADORES COM
POSITIVIDADE PARA SÍFILIS
SEXO
Fr %

FEMININO 8 32

MASCULINO 17 68

TOTAL 25 100

Fonte: Elaboração própria

No total de 25 (100 %) casos positivos para sífilis, 17 (68 %) para o sexo


masculino e 8 (32%) para o sexo feminino. Sabendo que no total de doadores
seleccionados para testes de sífilis eram 764(100%), nas doações de sangue, 25
(3,27%) de casos positivos. Assim sendo a prevalência da sífilis em doadores que
foram atendidos na seccão da Hemoterapia do HPZ, no primeiro trimestre do ano
de 2023 foi de 3,27%.

25
CONCLUSÕES

A sífilis sendo uma doença sexualmente transmissível é preciso ser diagnosticada


durante a doação de sangue para se evitar transfundir sangue contaminado com
essa patologia.

Ao longo do trabalho de pesquisa, chegamos as seguintes conclusões:

- A maior incidência de sífilis ocorreu em indivíduos, com as idades


compreendidas entre 24 a 29 anos correspondentes a 32,3%.

- Quanto ao sexo na composiçâo da amostra, predominou o sexo masculino com


640 doadores, correspondentes a 83,77. Isto leva dizer que os homens doam
mais do que mulheres.

- Quanto a positividade para sífilis, registou-se maior incidência na faixa de jovens


com as idades compreendidas entre 18 a 23 anos, com 10 casos,
correspondentes a 40 %.

- No total de 25 casos positivos para sífilis, o sexo masculino predomina com 17


casos (68%), isto levar a dizer que há maior incidência para o sexo masculino.

- No total de 764 (100%) doadores seleccionados, só 25 (3,27%) positivaram.


Assim sendo a prevalência da sífilis em doadores que foram atendidos na seccão
da Hemoterapia do HPZ, no primeiro trimestre do ano de 2023 foi de 3,27%.

26
SUGESTÕES:

- Reforçar a educação para a saúde dos doadres de sangue da secção da


Hemoterapia do HPZ;

- A secção da Hemoterapia deve continuar a realizar os testes para sífilis nos


doadores para se evitara transfusão de sangue contaminadocom essa patologia,

- Sugerimos ainda que se fizessem o registo das moradias dos utentes.

27
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