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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS – CCA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA E CIRURGIA VETERINÁRIA

DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO I

MARIA CLARA BRITO ALMENDRA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEPTOSPIROSE NOTIFICADOS NO


ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

TERESINA/PI
2023
MARIA CLARA BRITO ALMENDRA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEPTOSPIROSE NOTIFICADOS NO


ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

Trabalho apresentado ao Departamento de


Clínica e Cirurgia Veterinária, do Centro
de Ciências Agrárias, como requisito
exigido pela Disciplina Estágio Curricular
Supervisionado Obrigatório I (ECSO I).

Área de Concentração:
Higiene Veterinária e Saúde Pública

Orientador:
Prof. Dr. Bruno Leandro Maranhão Diniz
TERESINA/PI

2023
IDENTIFICAÇÃO

Estagiário: Maria Clara Brito Almendra


Matrícula: 20189035225
Ano: 2023
Período: 2023.1
Curso: Medicina Veterinária
Instituição de Estágio: Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Carga Horária: 90 horas
Docente Orientador: Prof. Dr. Bruno Leandro Maranhão Diniz
Coordenador de Estágio: Profa. Dra. Tania Vasconcelos Cavalcante
Local: Fundação Municipal de Saúde de Teresina (FMS)

ii
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE LEPTOSPIROSE NOTIFICADOS NO
ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL

MARIA CLARA BRITO ALMENDRA

Trabalho apresentado e aprovado em 29 de agosto de 2023 pela banca examinadora composta:

Orientador: _______________________________________________________

Prof. Dr. Bruno Leandro Maranhão Diniz


DCCV/CCA/UFPI

Membro: _________________________________________________________

Profa. Dra. Ana Lys Bezerra Barradas Mineiro


DCCV/CCA/UFPI

Membro: _________________________________________________________

Profa. Dra. Janaína de Fátima Saraiva Cardoso


DCCV/CCA/UFPI

TERESINA/PI
iii
2023

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre iluminar meu caminho para as melhores decisões.
Aos meus pais, Nilma Sá Brito Almendra e Zildenio Lima Almendra, por sempre estarem ao
meu lado e por nunca desacreditarem de mim.
Aos meus amigos e futuros colegas de profissão pelo apoio e incentivo e por toda força e
palavras de conforto durante os momentos difíceis e pelos momentos felizes e tranquilos que
estivemos juntos na graduação.
Ao meu orientador Bruno Leandro Maranhão Diniz pela orientação e conhecimentos
transmitidos.
A Naely Nascimento Lima que fez meus momentos de tensão ficarem mais leves e esteve
sempre pronta para me oferecer um ombro amigo.
Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação e
contribuíram para a conclusão dessa etapa.

iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SVS SECRETÁRIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

SINAN SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE AGRAVOS E NOTIFICAÇÃO

SIM SISTEMA DE INFORMAÇÃO E MORTALIDADE

OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE

CDC CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

v
LISTAS DE TABELAS

Tabela 01 – Notificação da leptospirose por Município

Tabela 02 – Notificação da leptospirose por Evolução dos casos

Tabela 03 – Notificação da leptospirose por Critério de Confirmação dos Casos

Tabela 04 – Notificação da leptospirose por Faixa Etária

Tabela 05 – Notificação da leptospirose por Sexo

Tabela 06 – Notificação da leptospirose por Raça

Tabela 07 - Notificação da leptospirose por Escolaridade

Tabela 08 – Notificação da leptospirose por Características Ambientais da Infecção

Tabela 09 – Notificação da leptospirose por Características da Área da Infecção

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RESUMO
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira. Ela é
transmitida principalmente através do contato com água ou solo contaminado pela urina de
animais infectados, como roedores. A doença pode variar de uma infecção leve a grave e
potencialmente fatal. Os sintomas incluem febre, dores musculares, icterícia e problemas
renais. Essa enfermidade é mais comum em áreas de clima tropical e subtropical, onde as
condições favorecem a sobrevivência da bactéria. A prevenção envolve medidas de higiene,
saneamento, controle de roedores e conscientização pública. O combate eficaz à leptospirose
requer abordagens integradas que considerem a interação entre a saúde humana, animal e
ambiental. O objetivo desse trabalho foi relatar como ocorre a vigilância epidemiológica da
leptospirose na cidade de Teresina, Piauí e concluir que essa vigilância é de extrema
importância para garantir a detecção precoce da doença e a resposta adequada para surtos ou
casos de leptospirose. Com os resultados expostos foi possível concluir que os homens com
idade entre 20 e 39 anos moradores de regiões com infraestrutura precária, são os mais
acometidos pela leptospirose. O objetivo desse trabalho foi descrever o perfil epidemiológico
dos casos de leptospirose humana no estado do Piauí no período de 2019 a 2022.

vii
ABSTRACT

Leptospirosis is an infectious disease caused by bacteria of the genus Leptospira. It is


transmitted mainly through contact with water or soil contaminated by the urine of infected
animals, such as rodents. The disease can range from a mild to severe and potentially fatal
infection. Symptoms include fever, muscle aches, jaundice and kidney problems. This disease
is more common in areas with a tropical and subtropical climate, where conditions favor the
survival of the bacteria. Prevention involves hygiene measures, sanitation, rodent control and
public awareness. Effectively combating leptospirosis requires integrated approaches that
consider the interaction between human, animal and environmental health. The objective of
this study was to report how the epidemiological surveillance of leptospirosis occurs in the
city of Teresina, Piauí and to conclude that this surveillance is extremely important to
guarantee the early detection of the disease and the adequate response to outbreaks or cases of
leptospirosis.With the exposed results, it was possible to conclude that men aged between 20
and 39 years living in regions with poor infrastructure are the most affected by leptospirosis.
The objective of this work was to describe the epidemiological profile of cases of human
leptospirosis in the state of Piauí from 2019 to 2022.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................10

2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................
2.1. ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO........................................................................
2.2. EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................
2.3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS..........................................................................
2.4. DIAGNÓSTICO...................................................................................................
2.5. TRATAMENTO E PROFILAXIA.......................................................................
2.6. LEPTOSPIROSE EM ANIMAIS.........................................................................
2.7. CONTROLE AMBIENTAL DA LEPTOSPIROSE............................................
3. METODOLOGIA........................................................................................................
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................
5. CONCLUSÃO..............................................................................................................
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................
7. REFERÊNCIAS...........................................................................................................

ix
1. INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira
sp. Essa doença é considerada uma antropozoonose, o que significa que ela pode ser
transmitida entre animais e humanos. A leptospirose é endêmica em várias regiões tropicais e
temperadas do mundo, sendo mais comum em países localizados entre os trópicos. De acordo
com as estatísticas, aproximadamente 73% dos casos de leptospirose ocorrem em países
tropicais. A mortalidade anual estimada da doença é de 0,84 mortes por cem mil habitantes
em todo o mundo. No entanto, esses números podem ser subestimados devido à falta de
diagnóstico adequado e à semelhança dos sintomas com outras doenças (COSTA, 2015).

É verdade que as regiões e países com condições socioeconômicas desfavoráveis e


infraestrutura sanitária precária são os principais focos da leptospirose. Nessas áreas, onde o
saneamento básico, a higiene e as moradias são precárias, as condições favoráveis para a
transmissão da doença são ampliadas. A falta de acesso a água potável e a ausência de
sistemas de esgoto adequados contribuem para a disseminação da bactéria Leptospira sp. Os
locais com condições precárias também tendem a abrigar uma grande população de ratos,
especialmente a espécie Rattus norvegicus, que é um importante reservatório da leptospirose.
A convivência com esses roedores aumenta o risco de exposição à bactéria, uma vez que os
fluidos corporais dos ratos contaminados podem infectar a água e o ambiente circundante. A
falta de atendimento médico adequado nessas regiões, juntamente com a ausência de
profilaxia e a dificuldade de acesso a diagnóstico e tratamento, contribuem para a persistência
da doença. Essa doença muitas vezes é subdiagnosticada e subnotificada em áreas com
recursos limitados de saúde, o que pode resultar em complicações graves e até mesmo em
óbitos evitáveis. Uma condição coadjuvante para a manutenção do status endêmico é a
predominância de regimes de chuva abundantes, condição propícia para a propagação da
leptospira no ambiente. Desastres naturais e clima extremo são encarados como fatores
precipitantes das epidemias. A população masculina e jovem, habitante de regiões pobres, é o
principal grupo de risco urbano e rural para contrair leptospirose (COSTA, 2015).

A vigilância epidemiológica desempenha um papel importante no monitoramento da


leptospirose, permitindo a detecção precoce de surtos, identificação de áreas de maior risco e
orientação de medidas de controle e prevenção. Através da colaboração entre órgãos da saúde
é possível combater a leptospirose e reduzir sua incidência no país.

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No Brasil a vigilância epidemiológica da leptospirose é coordenada pelo Ministério
da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e das Secretarias Estudais e
Municipais de Saúde. Além disso, o Ministério da Saúde realiza a coleta de dados sobre a
leptospirose por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Esses
dados são utilizados para monitorar a tendência da doença, subsidiar políticas públicas e
direcionar ações de prevenção e controle.

Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi descrever o perfil epidemiológico dos
casos de leptospirose humana no estado do Piauí no período de 2019 a 2022.

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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO

A leptospirose é classificada como antropozoonose, devido à capacidade da


bactéria leptospira de colonizar e infectar uma série de espécies de vertebrados, desde
mamíferos aos anfíbios. O agente etiológico é uma bactéria helicoidal (espiroqueta)
aeróbica obrigatória, altamente móvel, com elevada capacidade de sobrevivência no meio
ambiente e se dividem em duas classes principais, com base nas diferenças de
propriedades antigênicas e genéticas: Patógenos, colonizando os túbulos renais de alguns
vertebrados; e saprofíticas, localizadas principalmente em água, superfícies úmidas ou
solo e são pouco susceptíveis de causar doenças (ARAÚJO, 2011).

A classe patogênica pode ser subdividida em mais de 200 tipos de sorotipos,


sendo a espécie mais importante a L. interrogans., e mais de 25 tipos de sorogrupos, de tal
forma que determinados sorovares tendem a habitar hospedeiros específicos. O conceito
de sorovar é importante na definição de virulência relacionada à leptospirose e a divisão
em sorogrupos tem relevância na classificação epidemiológica regional da doença
(SILVA, 2019).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma grande variedade de


animais serve de reservatório para diferentes sorovares da doença, se destacando
principalmente os pequenos mamíferos e roedores, tanto selvagens como periurbanos
(ratos, camundongos, ratazanas), em especial o Rattus norvegicus (ratazana ou rato de
esgoto) e o Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto), nos quais a bactéria pode habitar
por toda sua vida (ARAÚJO, 2011); e reservatórios menos comum, que são os animais
domésticos como cachorros, e de abate, tais como porcos e gado. O ser humano é
considerado hospedeiro incidental para a bactéria, e a transmissão entre humanos, apesar
de já descrita na literatura, é extremamente rara, ocorrendo por via transplacentária
durante a gestação, por via sexual ou ainda através da lactação (HAAKE, 2014).

A infecção humana pode ocorrer de forma direta (pela exposição a fluidos


corporais de animais ou humanos contaminados) ou indireta (através do ambiente físico -
água, solo, alimentos – contaminados com a urina de animais infectados). A penetração do
microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele íntegra imersa por
longos períodos em água contaminada ou através de mucosas (HAAKE, 2014).

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A população de risco é constituída por trabalhadores frequentemente expostos a
água ou fluidos biológicos potencialmente contaminados, como arrozeiros, veterinários,
piscicultores, profissionais de saneamento básico e limpeza coletiva, pecuaristas ou
suinocultores, garimpeiros, dentre outros, além de famílias de regiões carentes ou
moradores com condições de saúde instáveis, o que explica a origem de diversas
denominações da doença como febre dos arrozais ou febre do pântano. Geograficamente,
as áreas tropicais, com alta pluviosidade sazonal ou anual, e as áreas sujeitas a desastres
naturais, como inundações, são aquelas onde a cadeia de transmissão da leptospirose é
favorecida (COSTA, 2015).

2.2. EPIDEMIOLOGIA

De fato, a leptospirose é considerada uma doença endêmica em todo o Brasil,


afetando diferentes regiões do país. A sua incidência é influenciada por fatores climáticos,
como chuvas abundantes e enchentes, que contribuem para a disseminação da bactéria
Leptospira no ambiente. As regiões com maior incidência da doença no Brasil são aquelas
com condições favoráveis para a sobrevivência e disseminação da bactéria, como áreas
urbanas com falta de saneamento básico adequado, acúmulo de lixo e presença de
roedores. Durante os períodos de chuva intensa, as inundações podem contaminar a água e
o solo, aumentando o risco de exposição à bactéria. As pessoas que entram em contato
com água ou lama contaminada, seja por meio de atividades de trabalho ou por situações
de calamidades públicas, têm um maior risco de contrair a doença. Além disso, fatores
socioeconômicos, como condições precárias de moradia e acesso limitado aos serviços de
saúde, podem contribuir para a disseminação da leptospirose em determinadas regiões. A
falta de informações sobre medidas de prevenção e cuidados adequados também pode
aumentar a vulnerabilidade da população (SOUZA, 2011; SILVA, 2020).

É importante ressaltar que a leptospirose não afeta apenas áreas urbanas, mas
também áreas rurais onde a atividade agrícola e o contato com animais são mais comuns.
Trabalhadores rurais, agricultores, veterinários e pessoas que lidam diretamente com
animais têm um risco aumentado de exposição à bactéria. Deve-se destacar que a real
morbidade é apenas parcialmente conhecida devido às dificuldades para confirmação dos
casos, à possibilidade de confusão diagnóstica com outras doenças com sintomas comuns

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e à baixa detecção das formas leves, sendo diagnosticados, em sua maioria, casos
moderados e graves (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

É uma doença de notificação compulsória, e através das notificações os sistemas


de informação como SINAN (Sistema de Informação de Agravos e Notificação) e SIM
(Sistema de Informação de Mortalidade) armazenam dados sobre o paciente, o quadro,
internação e seus custos, causas de óbito, dentre outros elementos importantes para a
vigilância epidemiológica (GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2022).

2.3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas podem variar desde nenhuma manifestação aparente até


formas graves e potencialmente fatais. O período de incubação geralmente dura de 1 a 30
dias, mais comumente 2 semanas. A doença pode ser dividida teoricamente em duas fases:
uma fase inicial ou precoce, também conhecida como leptospirêmica, e uma fase tardia, ou
fase imune (CAGLIERO, 2018).

Aproximadamente 85% dos casos representa a fase precoce da doença, com sintomas
inespecíficos como febre de início súbito, mialgia, cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia,
hemorragia conjuntival e, mais raramente, exantema. Nesses casos, a leptospirose pode ser
confundida com outras doenças como gripe, dengue, malária, febre amarela, etc., o que
dificulta o diagnóstico e a notificação dos casos suspeitos. Portanto, é necessário investigar os
fatores epidemiológicos associados à história recente de exposição à água contaminada. A
condição geralmente é autolimitada e se resolve espontaneamente em uma semana, sem outras
complicações (BRASIL, 2014).

Em 15% dos casos, a condição evolui para uma complicação mais grave, a forma
clássica conhecida como síndrome de Weill, com icterícia, insuficiência renal e sangramento
(principalmente nos pulmões). Adolf Weil descreveu a tríade em 1886, mesmo ano em que
publicou sua descrição do quadro clínico. A icterícia é caracterizada por uma cor
laranjaavermelhada e geralmente se desenvolve entre os dias 3 e 7 dos sintomas. Durante esta
fase, até 40% dos pacientes podem desenvolver insuficiência renal aguda, e alguns pacientes
podem necessitar de diálise. Os fenômenos hemorrágicos afetam a pele, causando aumento de
petéquias, equimoses e sangramentos, além de conjuntivas, mucosas ou órgãos internos. A

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hemorragia pulmonar, com lesão pulmonar aguda e hemorragia maciça, aumenta a
mortalidade para cerca de 50% quando presente (BRASIL, 2014).

O período de recuperação pode durar até 2 meses, eventualmente com sintomas como
febre, fadiga, mialgia ou deterioração geral. A eliminação da Leptospira pela urina
(leptospirúria) pode durar de semanas a meses (BRASIL, 2019).

De acordo com o documento "Leptospirose - Diagnóstico e Manejo Clínico"


elaborado pelo Ministério da Saúde em 2014, um caso suspeito de leptospirose significa que o
paciente deve apresentar sintomas de febre, cefaleia e mialgia e preencher pelo menos um dos
seguintes critérios: 1) Antecedentes epidemiológicos (risco ocupacional, exposição a água
contaminada, vínculo epidemiológico com casos confirmados, residência em áreas de risco);
2) Pelo menos um dos seguintes sintomas: hiperemia conjuntival, eventos hemorrágicos,
sinais de insuficiência renal aguda, icterícia.

2.4. DIAGNÓSTICO

A assistência laboratorial é necessária para garantir a confirmação do diagnóstico da


leptospirose, principalmente nas fases iniciais. Os métodos diagnósticos laboratoriais mais
importantes são os métodos sorológicos como ELISA, microaglutinação (MAT), o isolamento
da leptospira e/ou componentes e detecção de bactérias em tecidos. O método a escolher pode
variar de acordo com o estágio da doença que o paciente apresenta (GUIA DE VIGILÂNCIA
EM SAÚDE, 2022)

Na fase precoce, a confirmação pode se dar com a identificação da bactéria através de


visualização em lâminas de sangue, cultura em meios próprios, inoculação em animais
suscetíveis ou detecção do material genético bacteriano a partir da reação em cadeia da
polimerase - PCR. A presença de leptospiras no sangue se mantém entre 4 e 7 dias após a
produção de anticorpos específicos, especialmente os da classe imunoglobulina M (IgM), que
o neutralizam (SANTOS, 2006).

Em casos de fase tardia, a cultura é o método de escolha, mas dada a latência de até 3
meses para resultados e a complexidade do processo, é preferível usar métodos sorológicos
para confirmação imediata e cultura para diagnóstico retrospectivo (BUDIHAL e PERWEZ,
2014). A confirmação do caso se dá através do teste ELISA, que irá apresentar IgM reagente,

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associado a soroconversão no teste de microaglutinação, ou seja, uma primeira amostra não
reagente, seguida por uma segunda amostra coletada entre 14 e 60 dias do início dos sintomas,
com titulação igual ou maior a 200.

Budihal e Perwerz (2014) apontam que a principal limitação dos testes sorológicos
supracitados é o seu uso em locais onde a infecção por leptospirose é comum, pois a titulação
do MAT será elevada na população em geral.

O contexto epidemiológico também é um fator que influi o diagnóstico transitório da


leptospirose. Regiões afetadas por eventos hidrogeológicos severos, como inundações e
inundações, com populações socialmente vulneráveis e suscetíveis infestações de roedores,
tendem a apresentar taxas mais altas de infecção. Certas profissões consideradas de risco para
leptospirose também apresentarão valores de incidência aumentados em comparação com a
população em geral (Haake, 2015). Em situações de desastre que o acesso a métodos de
diagnóstico laboratorial pode ser limitado, a conscientização de uma revisão epidemiológica
regional realizada por profissionais de saúde ajuda a diferenciar a leptospirose de outras
doenças infecciosas endêmicas de regiões tropicais e temperadas, com apresentação clinica
semelhante. A importância de fazer diagnóstico diferencial completo e sucinto se deve à
necessidade de iniciar o tratamento em 5 dias após o início dos sintomas.

2.5. TRATAMENTO E PROFILAXIA

O tratamento da leptospirose consiste de medidas de suporte e antibioticoterapia, que


variam de acordo com a fase da doença. O uso de antibiótico aparenta ter maior eficácia
quando feito na primeira semana de sintomas, principalmente antes do 5º dia, e deve ser
iniciado antes da confirmação sorológica. Na fase precoce, o tratamento consiste em
Doxiciclina e Amoxicilina, via oral por 7 dias (adultos) e somente amoxicilina, no caso de a
contaminação ser em crianças, também VO. Já na fase tardia, é necessária a internação
hospitalar e o tratamento é endovenoso, com os seguintes fármacos de escolha: Penicilina G
cristalina, ampicilina ou ceftriaxona para adultos, e para crianças as mesmas drogas com a
possibilidade de uso de cefotaxima. A duração do tratamento para a fase tardia deve ser de no
mínimo 7 dias. A terapia de suporte deve ser iniciada o quanto antes para evitar complicações,
principalmente em casos moderados e graves (BRASIL, 2014).

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A prevenção da leptospirose requer uma abordagem multidimensional, devido aos
muitos fatores de risco e modos de transmissão, bem como às fontes e oportunidades de
infecção. Devido a tais particularidades, a intervenção local para o controle em regiões
endêmicas se torna necessária, adequada às peculiaridades geográficas e populacionais. Como
linha geral de ação para diminuição da infecção tem-se: 1) realizar o controle das populações
de animais reservatórios para a bactéria espiroqueta, pela imposição de barreiras, ou cercados
entre populações humanas e populações de transmissores, pelo combate às espécies
reservatório com vistas à sua diminuição, como ratos; 2) o controle da infecção entre os
animais transmissores, por medidas de imunização de animais como cachorros, gado, porco;
3) controle da infecção em humanos através da educação e conscientização da população
humana que habita ou visitará locais de risco. As chances de contágio diminuem de maneira
considerável ao evitar-se o contato com urina ou água contaminada, portanto o uso de
barreiras físicas como vestimentas em situações potencialmente perigosas é recomendável
(GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2022).

Nos casos de desastres naturais, como enchentes e inundações, o Ministério da Saúde


incentiva a divulgação de informações para a população com chance de exposição, alertando
quanto ao risco, à proteção, à sintomatologia e à necessidade de buscar auxílio médico. É
preconizado também orientar os profissionais de saúde da área atingida sobre a possibilidade
de aumento nos casos de leptospirose, sua identificação nos estágios iniciais, seu caráter
bifásico, preparo laboratorial para diagnóstico, incremento no arsenal terapêutico, notificação
e tratamento de casos suspeitos (ROCHA, 2019).

2.6. LEPTOSPIROSE EM ANIMAIS

A leptospirose é uma zoonose de ampla distribuição, com significativo impacto


social, econômico e sanitário. Esta enfermidade acomete o ser humano e praticamente todos
os animais domésticos e selvagens, entre os quais se destacam os carnívoros, roedores,
primatas e marsupiais, que podem se tornar portadores e contribuírem para a disseminação do
microrganismo na natureza (ELLIS, 2015)

Os animais acometidos pela infecção da leptospirose podem ser passíveis a duas


modalidades: doentes portadores convalescentes e os portadores assintomáticos. A infecção

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por Leptospira spp. ocorre através das mucosas ou de lesões de pele, seguindo se da sua
multiplicação no sangue e praticamente em todos os órgãos e tecidos. Nos animais que
conseguem sobreviver à fase aguda da leptospirose, os microrganismos alcançam o sistema
renal e passam a ser excretados pela urina por períodos de tempo variados, caracterizando-o
como portador convalescente (VASCONCELLOS, 2002).

A leptospirose ocorre nos centros urbanos e no campo. Nas cidades, além do ser
humano, pode atingir também os animais domésticos, através do contato com roedores, como
ratazanas, ratos de telhado e camundongos, que são animais que buscam restos de alimento no
lixo e esgoto. Os roedores não apresentam sinais clínicos, mas são os principais transmissores
da leptospirose por excretarem a bactéria em grande quantidade pela urina praticamente por
toda vida. Muitas vezes, o cão é o primeiro a adoecer e transmitir a enfermidade aos tutores.
No período das chuvas, quando ocorrem enchentes, os surtos de leptospirose tornam-se
frequentes, principalmente nos locais de más condições de saneamento básico, com esgoto a
céu aberto e lixões. Ao entrar em contato com as águas contaminadas pela inundação das
tocas repletas de urina de roedores, o homem e os animais domésticos são acometidos pela
doença. Infelizmente, o risco não desaparece depois que a água baixa, pois a bactéria continua
ativa na lama e nos resíduos úmidos (CRMV-SP, 2016).

Na zona rural, as características do ambiente e a presença de roedores e animais


silvestres assumem grande importância na transmissão da leptospirose para as espécies
produtivas, como bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, equinos e suínos. Nestes animais, as
leptospiras, além da urina, estão presentes nas carcaças, nos fetos que são abortados por conta
da doença, na placenta, nas descargas cérvico-vaginais e no sêmen de reprodutores, que
transmitem a enfermidade diretamente para as fêmeas durante a cópula. Uma vez presentes
nas margens de rios, riachos, tanques, bebedouros, alimentos, rações e utensílios, as
leptospiras se mantêm, disseminando a doença. A presença de cães junto aos rebanhos pode
fechar o ciclo de transmissão, tanto para o homem, quanto para o próprio rebanho. Isso
acontece porque os cães têm acesso às excretas de animais doentes e porque se alimentam
com restos placentários e fetais, ricos em leptospiras. Alguns animais podem se recuperar da
infecção, mas continuam eliminando leptospiras pela urina por anos ou até a vida toda. Sendo
assim, eles se mantêm como fontes de infecção constante para o ambiente, o rebanho, os
animais domésticos e o homem (GENOVEZ, 2007).

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Os cães apresentam uma variedade de sinais clínicos, dependendo da espécie
sorológica. Na forma aguda, os cães podem apresentar febre, letargia, depressão, perda de
apetite, vômitos, diarreia, micção frequente, sede, mau hálito, feridas na boca, dor abdominal
ou lombar, dores musculares, icterícia (amarelecimento), sangramento leve e sangrando. A
consequência mais grave da doença é a morte por insuficiência renal e insuficiência hepática.
As bactérias se multiplicam ativamente em órgãos, sangue, linfa e líquido cefalorraquidiano,
atingem os vasos sanguíneos e causam vasculite sistêmica. As bactérias persistem nos rins,
multiplicam-se e são excretadas na urina. Entretanto, a bactéria não é eliminada de uma vez,
há jatos de urina com leptospira e outros sem. Isso começa a ocorrer 72 horas após a infecção
e pode continuar por meses (SCHMITT; JORGENS, 2011). Em animais de produção, a
leptospirose pode causar infertilidade e aborto, resultando em menor número de nascimentos
de animais, o que pode reduzir a produção de leite e carne, causando grandes prejuízos aos
rebanhos. Nos cavalos, além de afetar a reprodução, a doença pode causar problemas oculares
que podem levar à cegueira. As pessoas que entram em contato direto com essas criações são
infectadas pelo contato com animais doentes ou portadores assintomáticos que eliminam a
bactéria na urina (CRMV-SP, 2016).

Nos animais, o diagnóstico da doença não é algo fácil de ser realizado pois necessita
de informações claras de exposição e de avaliação minuciosa dos sinais clínicos realizada pelo
médico–veterinário, já que existem outras doenças com manifestações semelhantes. O teste
laboratorial mais utilizado, tanto em animais quanto em humanos, é a soroaglutinação
microscópica (SAM), que detecta a presença de leptospiras nos tecidos de fígado, pulmão,
cérebro, rim e de fluidos corporais, como sangue, leite, líquor, fluídos torácicos e peritoneais.
O tratamento se dá inicialmente através do uso de fluidoterapia, e após o controle da
desidratação (devido à intensa diurese) é realizada a administração de antibióticos
(SCHMITT; JORGENS, 2011).

Dentro das medidas profiláticas podemos citar o controle da população de roedores,


higienização do ambiente de criação, vacinação, impedimento de que os animais bebam água
de fontes contaminadas, conservação dos alimentos de forma adequada para que possa
impedir o acesso de animais sinantrópicos e evitar deixar sobra de comidas nos
cochos/comedouros dos animais, pois isso atrai roedores (BRASIL, 2019)

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2.7. CONTROLE AMBIENTAL DA LEPTOSPIROSE

O controle ambiental da Leptospirose envolve diversas medidas para prevenir a


disseminação da bactéria e reduzir o risco de infecção. De acordo com a Organização Mundial
de Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) as principais
medidas de controle da leptospirose incluem:

1) Controle de roedores: Os ratos são os principais portadores da bactéria leptospira.


Portanto, é essencial adotar medidas para controlar a população de roedores. Isso inclui
eliminar fontes de alimentos e abrigo para os ratos, evitar alimentar animais em situação de
rua, vedar as aberturas nas estruturas dos edifícios para evitar sua entrada e usar armadilhas
ou produtos químicos adequados para controlar essa população;
2) Higienização de áreas urbanas: É fundamental manter as áreas urbanas limpas e livres
de lixo e entulho, pois esses resíduos podem atrair roedores e outros animais que podem ser
portadores da doença;
3) Controle de enchentes: As inundações podem aumentar o risco de transmissão da
leptospirose, pois as águas contaminadas com urina de animais infectados podem acabar
entrando em contato com pessoas. Medidas de controle de enchentes, como o manejo
adequado do sistema de esgoto e a construção de drenagens adequadas, podem ajudar a
minimizar esse risco;
4) Saneamento básico: O acesso a água potável e o tratamento adequado de esgoto são
medidas essenciais para reduzir a disseminação da leptospirose. O tratamento de água potável
evita a contaminação e o tratamento de esgoto reduz a quantidade de Leptospira no ambiente;
5) Educação em Saúde: A conscientização da população sobre os riscos da leptospirose e as
medidas preventivas a serem tomadas é crucial para a prevenção da doença. Informar sobre os
perigos da exposição à água contaminada, especialmente durante as enchentes, é de suma
importância, assim como alertar sobre o risco de alimentar os animais que vivem em situação
de rua, pois esse tipo de conduta acaba atraindo roedores e insetos para o ambiente.

Essas medidas devem ser implementadas em conjunto e em colaboração com as


autoridades de saúde, órgãos de saneamento básico e comunidade em geral. O controle
ambiental da leptospirose é uma estratégia de saúde pública que pode ajudar a reduzir a
incidência da doença e proteger a população em áreas de risco (OMS, 2001).

20
3. METODOLOGIA

Realizou-se um estudo observacional retrospectivo sobre os casos notificados de


Leptospirose no estado do Piauí ocorrido no período de 2019 a 2022.

O estado do Piauí está localizado a noroeste da região Nordeste, ocupa uma área de
251.755,485 km², com população estimada de 3.281.480 habitantes, e tem como limites a
Bahia (ao Sul e Sudeste), os estados do Ceará e Pernambuco (ao Leste), o estado do Tocantins
(ao Sudoeste), o estado do Maranhão (ao Oeste) e o oceano Atlântico (ao Norte). O estado
possui
224 municípios, 04 mesorregiões, 15 microrregiões e 11 Unidades Regionais de Saúde (IBGE,
2010). A cidade de Teresina é a capital do estado.

Os dados de notificação da leptospirose no estado do Piauí foram obtidos através do


Ministério da Saúde, pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(DATASUS/SINAN). Os dados foram tabulados e analisados no Microsoft Excel 6.0 versão
2010, com valores absolutos e percentuais, considerando o tipo de transmissão, o ano da
notificação, os municípios de registro da notificação, bem como a evolução de cada caso
notificado.

O presente trabalho não foi submetido à avaliação por comitê de ética em pesquisa
por incluir apenas dados secundários e de domínio público, não abrangendo assim
informações que possam identificar os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

21
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse trabalho é resultado de um estudo observacional retrospectivo sobre os casos


notificados de Leptospirose no estado do Piauí nos anos de 2019 a 2022. Nas tabelas a seguir
serão mostrados os números de casos notificados no Piauí, levando em consideração o
município e o ano de notificação, evolução dos casos, critério de confirmação, faixa etária,
sexo, raça, escolaridade e características ambiental e da área de infecção.

Tabela 01 – Notificação de Leptospirose por Município no estado do Piauí, Brasil.


Municípios Ano Notificação Total (%)

A tabela 01 apresenta os valores baseados nas notificações da Leptospirose por


Município no estado do Piauí nos anos de 2019 a 2022. Pode-se observar que no ano de 2019
e 2020 destacam-se com 51,61% e 29,03% dos casos notificados, respectivamente. Outro
dado que merece destaque na análise dos dados é que a maioria dos casos notificados no
estado do Piauí foi realizada na cidade de Teresina no ano de 2019, totalizando 41,93%
(13/31) e 59,91% (13/22) dos casos notificados na capital.

A Cidade de Teresina, capital do estado, possui importante representatividade


epidemiológica nas notificações dos casos de leptospirose no Piauí, apresentando 70,96%
(33/31) dos casos notificados pelos serviços de saúde, seguida pela cidade de Parnaíba, no
litoral do estado, com 16,12% (05/31) das notificações (Tabela 01).

Os municípios de Teresina e Parnaíba apresentam a maior proporção de casos


confirmados de leptospirose, haja vista que são os mais populosos no Estado do Piauí, e locais
de referência para o atendimento à saúde da população piauiense. Contudo a baixa notificação

22
da enfermidade no estado demonstra possíveis índices elevados de subnotificação, trazendo
preocupações acerca da vigilância em Saúde no Piauí.

O Piauí possui o pior índice de saneamento básico da federação com apenas 10,5%
dos domicílios com esgotamento sanitário ligado a uma rede geral (IBGE, 2022). Esse trágico
dado ligado a péssima infraestrutura das cidades, proporciona ambiente mais que propício
para a ampla contaminação ambiental da leptospirose no estado.

Tabela 02 – Notificação de Leptospirose por Evolução dos Casos no estado do Piauí,


Brasil.
Evolução dos Casos
Municípios Total (%)
Cura Ign/Branco
Campo Largo do Piauí 01 00 01 (3,22)
Coivaras 01 00 01 (3,22)
Parnaíba 02 03 05 (16,12)
Picos 01 00 01 (3,22)
São Pedro do Piauí 01 00 01 (3,22)
Teresina 04 22 (70,96)
Total (%) 07 (22,58) 31(100)

Dos casos de leptospirose notificados no estado, nenhum deles evoluiu para a morte
e cerca de 77,41% (24/31) dos usuários do sistema de saúde tiveram a cura registrada no
Sistema de Notificação (Tabela 02). Na cidade de Teresina, 18 casos (81,81%) dos 22 no
quadriênio evoluíram para a cura e nenhuma morte foi notificada na capital.

A evolução dos pacientes com leptospirose depende do diagnóstico oportuno e


tratamento adequado, e poucos casos irão evoluir para uma condição médica séria, podendo
levar à morte devido à condição relatada. Portanto, esta é uma doença de baixa letalidade, mas
causam enormes gastos com saúde pública com hospitalização e medicamentos, considerando
que isso se aplica a pessoas com rendas mais baixas devido a condições precárias de habitação
e saneamento (CALADO, 2017).

23
Tabela 03 – Notificação de Leptospirose por Critério de Confirmação dos casos no estado

Teresina 19 00 03

Total (%) 26 (83,87) 02 (6,45) 03 (9,67) 31(100)


do Piauí, Brasil.

O Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (BRASIL 2022) apresenta os


critérios de confirmação de casos suspeitos de Leptospirose, dentre eles o critério clínico
laboratorial, que prioriza a associação dos casos suspeitos com os resultados reagentes dos
exames ELISA-IgM reagente associado à soroconversão na microaglutinação (MAT) e a
detecção de DNA por PCR em amostra sanguínea em usuários com até dez (10) dias do início
dos sintomas. Os casos suspeitos no estado do Piauí foram confirmados laboratorialmente em
mais de 83% (26/31) deles e apenas 6,45% (02/31) desses não foram coletados material para o
diagnostico laboratorial ou obtiveram resultado não reagente para a amostra coletada,
caracterizando a confirmação como clínico-epidemiológico.

A confirmação laboratorial é importante para a ratificação do diagnóstico, mas o


tratamento deve ser iniciado quando o paciente for classificado como possível suspeito, e a
medicamentação antibiótica deve ser usada antes da confirmação sorológica (LARA, 2019).

24
Teresina 01 01 14 05 01

Total (%) 02(6,45) 01(3,22) 19(61,29) 08(25,8) 01(3,22) 31(100)


Tabela 04 – Notificação de Leptospirose por Faixa Etária no estado do Piauí, Brasil.

Os usuários do sistema de saúde do Piauí mais acometidos pela infecção por


Leptospira, por ocasião da infecção possuíam entre 20 e 39 anos de idade (61,29%)
acompanhados dos indivíduas com 40 a 59 anos (25,8%). As faixas etárias mais afetadas pela
leptospirose no Piauí correspondem a população que mais ocupa o mercado de trabalho no
Brasil, e a mais produtiva (IBGE, 2023) (Tabela 04).

As crianças e adolescentes até os 14 anos de idade correspondem apenas a 9,68%


(03/31) dos casos notificados no estado e os idosos compreendem 3,22% (01/31) das
notificações (Tabela 04).

No Piauí, apesar de baixa letalidade, ainda se nota uma maior prevalência da doença
na faixa etária entre 20 a 39 anos, confirmando a hipótese do risco de evolução com efeitos
sistêmicos, em idade economicamente ativa. Logo, é preciso investir em saneamento básico, a
partir de uma adequada coleta seletiva do lixo e do tratamento correto do esgoto domiciliar
para controlar a propagação desse agravo.

Tabela 05 – Notificação de Leptospirose por Sexo no estado do Piauí, Brasil.


Sexo
Municípios Total (%)
Masculino Feminino
Campo Largo do Piauí 01 00 01 (3,22)

25
Coivaras 01 00 01 (3,22)
Parnaíba 03 02 05 (16,12)
Picos 00 01 01 (3,22)
São Pedro do Piauí 00 01 01 (3,22)
Teresina 19 03 22 (70,96)
Total (%) 24 (77,41) 07 (22,58) 31(100)

A análise epidemiológica da leptospirose no Piauí considerando o sexo dos


indivíduos acometidos pela infecção demonstra que os homens são mais expostos à fatores de
risco liados a doença, considerando que 77,41% (24/31) dos casos notificados eram do sexo
masculino e apenas 07 (22,58%) mulheres tiveram a confirmação notificada (Tabela 05). Na
cidade de Teresina, dos 22 casos notificados 19 (86,36%) eram do sexo masculino.

A prevalência em homens adultos é decorrente do fato de estarem mais expostos aos


fatores de riscos por ficarem mais tempo fora do domicílio, em atividades ocupacionais
insalubres de trabalhos informais, de baixa qualificação nas ruas ou feiras livres, o que facilita
a infecção. No entanto, quando ambos os sexos estão expostos à mesma fonte de infecção, não
há diferença de susceptibilidade. Ainda existe a hipótese de que a leptospirose em mulheres
apresenta uma forma mais branda da doença o que faz com que os sistemas de vigilância, que
visam os casos mais graves, detectem menos casos em indivíduos do sexo feminino,
diminuindo a incidência de manifestações neste sexo (GONÇALVES, 2016)

A tabela 06 retrata uma possível relação da raça parda (61,30%) com a infecção por
Leptospira no estado do Piauí. O estado possui uma miscigenação entre diversas raças, a
exemplo do que acontece na nação brasileira. No Piauí, comunidades quilombolas são
reconhecidas pela sua preservação cultural, contudo apenas 3,22% dos casos notificados eram
de raça preta.

Tabela 06 – Notificação de Leptospirose por Raça no estado do Piauí, Brasil.

26
Total (%) 5(16,12) 1(3,22) 1(3,22) 19(61,3) 5(16,12) 31(100)

A ocorrência da leptospirose está relacionada diretamente as condições precárias de


infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações propiciam a
disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. A
escolaridade ou a inexistência dela pode está relacionada com as ocorrências da doença em
populações menos favorecidas de moradias e saneamento básico.

No Piauí, 32,25% (10/31) dos casos notificados correspondiam a indivíduos com o


ensino médio completo e os portadores de terceiro grau completo correspondeu a apenas
3,22% (01/31). Cerca de 12,9% (04/31) não possuíam o ensino fundamental completo e
apenas 3,22% (01/31) não possuía o ensino superior completo (Tabela 07).

Tabela 07 – Notificação de Leptospirose por Escolaridade no estado do Piauí, Brasil.


|Município de Notificação
Campo São
Escolaridade Total (%)

EF: Ensino Fundamental; EM: Ensino Médio; ES: Ensino Superior.

27
O nível de escolaridade é um fator importante para o acometimento da infecção, visto
que nem todos podem ter acesso igualitário às informações, o que diminui a disseminação do
conhecimento sobre prevenção e cuidados com a leptospirose.

Vale ressaltar que, segundo Rodrigues 2019, pessoas com maior nível de escolaridade
tendem a adotar atitudes para reduzir as chances de contrair leptospirose, como evitar o
acúmulo de entulho, beber água tratada, caminhar calçados e evitar tomar banho em
enchentes, rios e córregos poluídos por esgoto.

Tabela 08 – Notificação de Leptospirose por Características Ambientais da Infecção no

Característica Ambiental da Infecção


Municípios Ign/ Total (%)
Domiciliar Trabalho Lazer Outro
Branco
Campo Largo Piauí 00 00 01 00 00 01(3,22)
Coivaras 01 00 00 00 00 01(3,22)
Parnaíba 02 01 00 02 00 05(16,12)

Picos 01 00 00 00 00 01(3,22)
estado do Piauí, Brasil.
01 00 00 00 00 01(3,22)
Teresina 06 02 00 11 03 22(70,96)
Total (%) 11(35,48) 03(9,67) 01(3,22) 13(41,9) 03(9,67) 31(100) S
ão Pedro do Piauí

Tabela 09 – Notificação de Leptospirose por Características da Área da Infecção no


estado do Piauí, Brasil.
Características da Área da Infecção
Municípios Ign/ Total (%)
Urbana Rural Periurbana
Branco
Campo Largo Piauí 00 01 00 00 01(3,22)
Coivaras 00 00 01 00
Parnaíba 03 00 00 02

Picos 01 00 00 00 01(3,22)

28
00 00 01(3,22)
Teresina 07 07 00 08 22(70,96)
Total (%) 12(38,70) 08(25,80) 01(3,32) 10(32,25) 31(100) São
Pedro do Piauí 01 00

Em relação ao ambiente onde ocorreu a infecção (Tabela 08), a maior porcentagem


dos casos ocorreu em ambiente domiciliar (35,48%) e 9,67% dos casos ocorreu no local de
trabalho ou outros locais, a menor porcentagem ficou com ambientes de lazer (3,32%). Já em
relação com as áreas de residências (Tabela 09), o maior número de casos confirmados foi
encontrado na área urbana (38,70%), enquanto o menor percentual ocorreu na área periurbana
(3,32%) e isso se reflete pelo grande número de pessoas que vivem em áreas urbanas.

A frequência de casos no ambiente doméstico pode indicar a precariedade dos locais


das residências e a probabilidade de inundações durante a chuva. Quando a infecção é
decorrente de exposição ocupacional, ocorre principalmente em locais com presença de
roedores, próximo a rios, córregos ou represas, em criadouros, em espaços abertos, em locais
de armazenamento de grãos, lixo e entulho (CLAZER, 2015; BUSATO, 2017).

A ocorrência de leptospirose em áreas urbanas está relacionada às precárias


condições de infraestrutura sanitária, condições socioeconômicas e urbanização
desordenada, principalmente em favelas e periferias dos centros das grandes cidades, e muitas
vezes estão expostas à poluição ambiental durante os períodos de precipitação, e às altas
infestações de roedores em aglomerações populacionais de baixa renda, são fatores
fundamentais para ocorrência da leptospirose em áreas urbanas (LARA, 2019; SOARES,
2010; VASCONCELOS, 2012).

5. CONCLUSÃO

Epidemiologicamente, a leptospirose no estado do Piauí possui elevados índices de


subnotificações, onde o sistema de saúde da capital Teresina demonstra possuir uma

29
vigilância em saúde mais eficiente, mesmo diante da precariedade sanitária do estado, que
possui o menor indicador de saneamento básico da federação.

Conclui-se que os homens com idade entre 20 e 39 anos moradores de regiões com
infraestrutura precária, são os mais acometidos pela leptospirose, sendo que a maioria dos
casos evolui para a cura, inexistindo óbitos por leptospirose no estado do Piauí entre os anos
de 2018 à 2022.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, a leptospirose é uma doença severa e amplamente disseminada em todo o


mundo, especialmente em regiões de clima tropical e subtropical, onde as condições
ambientais favorecem a sobrevivência da bactéria causadora da doença, Leptospira. A
transmissão ocorre principalmente através do contato direto ou indireto com água
contaminada pela urina de animais infectados, tornando-a uma preocupação significativa para
áreas urbanas e rurais onde há interação próxima entre humanos, animais domésticos e
animais selvagens.

Todos os animais são susceptíveis à doença e podem atuar como fonte de infecção.
Conhecer os sorovares prevalentes em uma população e os hospedeiros que permitem a
manutenção do ciclo da doença em cada região são estratégias importantes para o
entendimento epidemiológico da doença, pois as infecções humanas resultam da exposição à
urina dos animais portadores.

Do exposto conclui-se que traçar o perfil epidemiológico da leptospirose é essencial


para monitorar e controlar a propagação da doença. Através da coleta e análise de dados sobre
casos, a sua localização geográfica, e possíveis fontes de contaminação, é possível identificar
surtos e adotar medidas preventivas adequadas. Ações de vigilância também permitem o
desenvolvimento de estratégias de conscientização e educação da população, além de
contribuir para o aprimoramento das políticas de saúde pública relacionas à leptospirose.

30
REFERÊNCIAS

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