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Transcrição Hidrocefalia – 82

Anatomia ventricular e da circulação liquórica: o líquor (LCR) é produzido pelo plexo coróide, dos
ventrículos laterais, o LCR alcança o 3º ventrículo através dos forames interventriculares (de Monro),
segue para o 4º ventrículo através do aqueduto mesencefálico (de Sylvius), e por fim alcança o espaço
subaracnoideo através das aberturas mediana (de Magendie) e laterais (de Luschka) do 4º ventrículo. Uma
vez no espaço subaracnoideo, após circular, ele será reabsorvido pelas granulações aracnóideas e será
drenado para o sistema venoso. É possível observar essas estruturas abaixo:

A existência do líquor imprime ao encéfalo um peso aparente 20x menor do que o real, denotando então
uma proteção para o SNC. A hidrocefalia ocorre quando o sistema circulatório ou o sistema de drenagem
do LCR estão deficientes.

Existem diversas etiologias para a hidrocefalia. A mais comum na faixa etária pediátrica é a estenose do
aqueduto mesencefálico, uma causa de hidrocefalia obstrutiva. Outra causa de hidrocefalia obstrutiva,
também mais prevalente na faixa etária pediátrica, são os tumores de fossa posterior.

Existe uma classificação hidrodinâmica das hidrocefalias que as divide em obstrutivas (ou não
comunicantes), quando a causa da doença implica na ausência de comunicação entre o sistema ventricular
e o espaço subaracnoideo (como a estenose de aqueduto ou os tumores de fossa posterior) e as
comunicantes, quando não há essa interferência e o problema originando a hidrocefalia está, por exemplo,
em uma alteração no sistema de drenagem liquórica, nas granulações aracnóideas.

Possível questão da prova: qual é a classificação hidrodinâmica das hidrocefalias.

O quadro clínico da hidrocefalia é heterogêneo porque depende da idade do paciente e da velocidade de


aparecimento da hidrocefalia.

Em recém-nascidos é evidente o aumento do tamanho do crânio em relação à face (pois as suturas


cranianas ainda não estão fundidas), fontanela proeminente e tensa, ingurgitamento do sistema venoso,
sinal do pote rachado (a percussão da cabeça produz um som semelhante ao de um pote rachado),
paralisia do NC VI (atinge em especial o abducente porque é o nervo com o trajeto mais longo pela base
do crânio, desse modo, aquele que mais sofre quando é imposto um regime de hipertensão), sinal do sol
poente (deslocamento da pupila para baixo, devido ao efeito da hipertensão liquórica nos calículos
superiores do mesencéfalo, estruturas relacionadas à visão e aos reflexos visuais), hiperreflexia (pois a
área motora está comprimida e jogada contra o osso), respiração irregular com período de apneia (porque
a hipertensão intracraniana reflete no centro respiratório no bulbo). Nas crianças maiores que um ano as
suturas cranianas já estão fundidas, então elas desenvolverão uma síndrome de hipertensão intracraniana:
cefaleia matinal, vômitos em jato, reflexo de cushing (hipertensão arterial - para tentar vencer a pressão
intracraniana e manter a perfusão cerebral, bradicardia – para aumentar o tempo de enchimento
ventricular, distender mais a câmara cardíaca e impulsionar o sangue com maior força de contração, e
ataxia respiratória – não possui uma explicação benéfica, apenas reflexo da hipertensão no centro
respiratório bulbar).

Possível questão da prova: descreva o quadro clínico da hidrocefalia.

Possível questão da prova: descreva o reflexo de cushing na hidrocefalia.


O diagnóstico da hidrocefalia é clínico e associado à radiologia, são opções de exame de imagem:
ultrassonografia transfontanelar, TC, RNM, entre outros.

O tratamento da hidrocefalia é dividido em temporário ou definitivo, como se segue:

Temporariamente a gente trata a hidrocefalia em 02 condições: infecções intraventriculares ou quando há


sangue dentro dos ventrículos. É possível fazer esse tratamento com uma derivação ventricular externa
(colocação de um cateter que vai drenar o LCR para uma bolsa externa) ou através de punções
tranfontanelares de alívio (requisito obrigatório é que as fontanelas ainda não estejam fundidas).

De forma definitiva, são possibilidades para o tratamento da hidrocefalia as realizações de shunts (realizar
desvio do fluxo liquórico do sistema ventricular para outra cavidade do corpo, normalmente se realiza a
DVP, derivação ventrículo-peritoneal, no caso de impossibilidade de usar o peritônio, devido a infecções
abdominais p. ex., outra possibilidade existente é a DVA, derivação ventrículo-atrial) ou então utilizar a
técnica da neuroendoscopia (através do neuroendoscópio se realiza o procedimento de
terceiroventriculostomia, em que uma abertura é realizada no terceiro ventrículo, criando uma
comunicação adicional entre o sistema ventricular e o espaço subaracnoideo, permitindo assim a
diminuição da quantidade de LCR dentro dos ventrículos, serve apenas para tratar as hidrocefalias
obstrutivas).

Possível questão da prova: descorra sobre o tratamento da hidrocefalia.

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