Você está na página 1de 2

NEUROCIRURGIA

HIDROCEFALIA INFANTIL
DIAGNÓSTICO
Clínica: macrocefalia, fontanela tensa e desvio ocular para baixo.
 Veias proeminentes no couro cabeludo;
 Sinal do “pote rachado” à percussão do crânio;
 Estrabismos por paralisias oculares (VI mais frequente);
 Vômitos;
 Prostação;
 Papiledema.

Imagem: a interpretação de exame neuro-radiológico só tem significado se confrontado com dados clínicos no momento do exame.
Ultrassonografia
 É a que deve ser mais utilizada:
o Fácil execução e compreensão;
o Baixo custo;
o Disponibilidade elevada;
o Inócuo;
o Rápido e indolor;
o Permite o diagnóstico etiopatogênico e o acompanhamento da hidrocefalia até os dois anos de idade, ou
enquanto a fontanela bregmática estiver patente;
o Permite aquisição de medidas ventriculares, as quais se alteram significativamente após o tratamento cirúrgico,
podendo ser usadas como índice de bom funcionamento da derivação;
o Aumento o contanto médico/paciente.
 Técnica de exame:
o Não requer sedação;
o Criança permanece todo o tempo no colo da mãe ou é contida por ela;
 Espessura cortical:
o A espessura cortical deve ser criteriosamente medida, uma vez que sua principal utilização será no
acompanhamento da dilatação ventricular e não no diagnóstico isolado de uma dilatação ventricular.
Dilatação ventricular moderada: 2-3cm de espessura cortical
Dilatação ventricular acentuada: 1-2cm de espessura cortical
Dilatação ventricular máxima: <1cm de espessura cortical
 Etiologia:
CONGÊNITA ADQUIRIDA
- Chiari II (mielodisplasia); - Pós hemorragia neonatal (prematuros);
- Dandy-Walker; - Pós infecciosa (meningite/ventriculite/toxoplasmose/CMV);
- Estenose do aqueduto; - Outras (tumores cerebrais).
- Cistos aracnoideos ou ependimários;
- Comunicante (sem causa definida);
- Complexa (cisto prosencefálico mediano, esquizencefalia).

 Avaliação pós-operatória:
o 1. Evolução não complicada: US mostra redução progressiva do tamanho ventricular, expansão concomitante do
córtex cerebral, diminuição da tensão ventricular objetivada pela irregularidade das paredes ventriculares e
reaparecimento dos “ângulos” formados nas paredes ventriculares.
o 2. Evolução patológica: a infecção do sistema deve sempre ser suspeitada clinicamente e confirmada pelo exame
do LCR. Do ponto de vista mecânico, ou seja, como fatores diagnósticos de complicações da derivação liquorica
podemos observar, principalmente, a persistência ou mesmo aumento da dilatação ventricular, tensão
intraventricular aumentada facilmente vista pela “balonização dos ventrículos”. A posição anormal do cateter
ventricular pode ser a causa do mau funcionamento, assim como cistos expansivos, coleções subdurais
significativas, hemorragias intracerebrais ou intraventriculares.
TC e RNM:
 Quando a interpretação do exame ultrassonográfico se torna difícil;
 Quando se suspeita de neoplasia do SNC;
 Após o fechamento da fontanela bregmática;
 Necessidade de sedação em ambos;
 Irradiação na tomografia.
TRATAMENTO NEUROCIRURGICO
 Teoricamente, o ideal para a hidrocefalia seria a restituição do transito liquórico, o que infelizmente é raramente conseguido em
crianças pequenas.
 Neoplasias da fossa posterior: a conduta atual é a não realização rotineira da derivação, uma vez que no PO apenas 1/3 das crianças
necessitarão de derivação definitiva;
 Papiloma de plexo coroide: TU benigno que provoca hidrocefalia precoce e pode incidir em crianças abaixo de 1 ano, geralmente
provoca alterações no espaço subarcnoideo tanto por hemorragias como pela própria cirurgia ou pela alta dosagem proteica do LCR
que, com frequência, mesmo após a remoção total, obrigam a instalação de derivação definitiva;
 DERIVAÇÕES INTERNAS: derivam o LCR para locais dentro do próprio SNC. Indicação: estenose do aqueduto.
 DERIVAÇÕES EXTERNAS: derivam o LCR para locais fora do SNC (peritônio).

COMPLICAÇÕES
 Prevenção de complicações:
1. Indicação correta
2. Momento adequado (sem infecções, sem hemorragias)
3. Técnica adequada
4. Acompanhamento a longo prazo
5. Uso do mesmo sistema de drenagem
6. Uso parcimonioso de exames subsidiários
7. Sistema de derivação é para sempre!

 Infecções:
o Problema mais grave e mais devido – coloca em risco a vida da criança e seu desenvolvimento intelectual futuro;
o Requer a retirada do material contaminado, a exteriorização da drenagem através de um sistema próprio da bolsa e uso de
antibióticos de largo espectro;
o A injeção intratecal de antibióticos deve ser banida, uma vez que provoca loculações intraventriculares de difícil resolução.
 Complicações mecânicas:
o São relacionadas simplesmente ao tempo de uso de uma derivação: com o tempo, praticamente todas as crianças terão
algum tipo de problema e necessitarão em média 3 cirurgias/paciente ao longo de sua vida;
o Classificação:
 Relacionadas a função de drenagem: drenagem insuficiente ou excessiva;
 Relacionadas aos componentes do sistema: cateter, válvula, conectores
 Relacionadas aos mecanismos de drenagem ou à técnica: mau posicionamento do cateter ventricular ou
peritoneal, lesão do tecido subcutâneo, migração do sistema, obstruções das diferentes partes por coágulos,
gordura, material estranho.

Você também pode gostar