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Raiva

Curso Técnica Auxiliar de Veterinária


Módulo: Higiene e Sanidade Animal I
Formadora: Natacha Marques
Trabalho de grupo realizado por: Carolina Cipriano, Catarina
Damásio e Catarina Miguel
Introdução

No âmbito do módulo Higiene e Sanidade Animal I iremos abordar o tema sobre uma zoonose à nossa
escolha, a Raiva.

No decorrer deste trabalho iremos aprofundar o tema falando:

● Sobre o que é;
● O seu agente patogénico;
● Ciclos epidemiológicos;
● Transmissão;
● Diagnóstico;
● Sintomas;
● Tratamento;
● Cuidados a ter;
● Prevenção.
O que é a raiva?
A raiva é uma doença que acomete mamíferos, e que pode ser transmitida ao Homem, sendo portanto,
uma zoonose. É causada por um vírus mortal, tanto para o ser humano como para os animais.
Esta envolve o sistema nervoso central, levando ao óbito após curta evolução da doença.
Todos os mamíferos são suscetíveis à doença, sendo que a imunidade pode ser adquirida através da
vacinação.
Agente patogénico
- Vírus do gênero Lyssavirus
- Família Rhabdoviridae.

Resiste a:
- dessecação;
- congelamento e descongelamento;
- pH entre 5 e 9.

É sensível a:

- solventes orgânicos, como os detergentes,


éter, clorofórmio, acetona, etanol 45-70%,
compostos iodados;
- pasteurização;
- radiação ultravioleta.
Ciclos Epidemiológicos
A raiva apresenta quatro ciclos de transmissão:

- urbano: representado principalmente por cães e gatos;


- rural: representado por animais de produção, como: bovinos, eqüinos, suínos, caprinos;
- silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas;
- aéreo: representado pelos morcegos.

Ciclo epidemiológico da raiva e os seus


transmissores.
Transmissão
Ocorre através da penetração do vírus contido na
saliva do animal infectado, principalmente pela
mordedura e raramente pela arranhadura e lambedura de
mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no
ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico
e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí,
dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares,
onde também se replica e é eliminado pela saliva das
pessoas ou animais enfermos.
Existem relatos de casos de transmissão inter-humana
na literatura, que ocorreram através de transplante de
córnea. A via respiratória, transmissão sexual, via
digestiva (em animais) e transmissão vertical também
Patogenia - infeção nos animais.
são possíveis, mas com possibilidade remota.
Mamíferos não carnívoros (porco, vaca, cabra e cavalo) - estão associados a casos de raiva, mas
estes são mais raros.
Coelhos e roedores pequenos (como esquilos, ratos, porquinho-da-índia e hamsters) - não são
transmissores usuais de raiva, não havendo relatos de casos de raiva humana transmitidos por eles.
Animais não mamíferos (como lagartos, peixes e pássaros) - nunca transmitem raiva.
Não existe transmissão entre seres humanos, não havendo nenhum risco para familiares ou para a
equipa médica que cuida dos pacientes. A transmissão também não ocorre por objetos ou alimentos, uma
vez que o vírus não sobrevive no meio ambiente, morrendo rapidamente quando exposto à luz solar ou
quando a saliva contaminada seca.
Tocar em animais contaminados, como fazer carinho em cães ou apenas encostar a mão num
morcego, também não oferece risco de contaminação.
Sintomas
O vírus da raiva tem atração pelo sistema nervoso central, alojando-se frequentemente no cérebro,
após longa viagem pelos nervos periféricos.
A encefalite, inflamação do encéfalo, é o resultado final da instalação e multiplicação do vírus no
sistema nervoso central. Os sintomas da raiva são todos decorrentes do cérebro. São eles:

- Confusão mental;
- Desorientação;
- Agressividade;
- Alucinações;
- Dificuldade de deglutir;
- Paralisia motora;
- Espasmos musculares;
- Salivação excessiva.

Uma vez iniciados os sintomas neurológicos, o paciente evolui para o óbito em 99,99% dos casos.
A evolução da raiva pode ser dividida em 4 partes:

1) Incubação – O vírus propaga-se pelos nervos periféricos lentamente. Desde a mordida até o
aparecimento dos sintomas neurológicos costuma haver um intervalo de 1 a 3 meses. Mordidas na
face ou nas mãos são mais perigosas e apresentam um tempo de incubação mais curto.

2) Pródromos – São os sintomas não específicos que ocorrem antes da encefalite. Em geral, é
constituído por dor de cabeça, mal-estar, febre baixa, dor de garganta e vômitos. Podem haver
também dormência, dor e comichão no local da mordida ou arranhadura.

3) Encefalite – É o quadro de inflamação do sistema nervoso central já descrito anteriormente.

4) Coma e óbito – Ocorrem em média 2 semanas após o início dos sintomas.


Diagnóstico
Os sintomas da raiva podem ser confundidos com outras doenças numa primeira avaliação. Entretanto,
a confirmação laboratorial pode ser feita pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de
córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.

Sinal de alerta de raiva em bovinos.


Tratamento
Em caso de mordida por qualquer mamífero, devemos:
1. Lavar bem a ferida com água e sabão para evitar a contaminação pelas bactérias presentes na saliva dos
animais.
2. Depois desta primeira limpeza, o paciente deve procurar um centro médico para que a equipa de saúde possa
avaliar se há necessidade de iniciar tratamento profilático (preventivo) com a vacinação contra raiva.
Assim, o paciente humano deve ser mantido em isolamento, num local com baixa luminosidade e incidência de
ruídos; não pode receber visitas e apenas é permitida a entrada de profissionais envolvidos no tratamento, com uso
de equipamentos de proteção individual.
Sem tratamento específico, a raiva contém terapia de suporte: alimentação por sonda nasogástrica, hidratação,
controle de distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos, da febre e dos vômitos; uso de betabloqueadores na hiperatividade
simpática, entre outros.
Confere-se imunidade pela aplicação da vacina antes e depois da exposição, pois, uma vez manifestado o quadro
sintomático, o paciente evolui para o óbito.
O tratamento contra a raiva é dividido em profilaxia pré-exposição e profilaxia pós-exposição.
Profilaxia pré-exposição
A profilaxia pré-exposição é o tratamento preventivo para os indivíduos que ainda não foram expostos
ao vírus. Ela é feita com a vacina contra raiva e só está indicada para indivíduos com alto risco de
contaminação, como:

- Médicos veterinários;
- Biólogos;
- Agrotécnicos;
- Pessoas que trabalham em laboratórios de virologia;
- Pessoas que trabalham com animais silvestres;
- Pessoas envolvidas na captura e estudo de animais suspeitos de raiva;
- Pessoas que vão viajar para áreas onde ainda não há controle da raiva nos animais.

A vacina contra raiva é administrada em três doses, nos dias 0, 7 e 28. Duas semanas após o fim da
vacinação deve-se colher sangue para avaliar se houve resposta imunológica, com produção adequada
de anticorpos.

Esta pode ser administrada por via subcutânea ou intramuscular. A região glútea, não costuma ser
usada, pois resulta em níveis mais baixos de anticorpos que o desejado.
Profilaxia pós-exposição
A profilaxia pós-exposição é aquela que é feita somente após o indivíduo ter sofrido uma mordida de
um mamífero.
Existem vários esquemas de tratamento profilático, envolvendo vacinas e imunoglobulinas.
Dependendo da gravidade da lesão, o esquema pode incluir até 10 dias seguidos de vacinações diárias
mais a administração de imunoglobulina. Todo paciente agredido por animais deve procurar um posto de
saúde o mais rápido possível para receber orientações sobre o tratamento.
O que fazer quando agredido por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra a raiva:

- lavar imediatamente o ferimento com água e sabão;


- procurar com urgência o Serviço de Saúde mais próximo;
- não matar o animal, e sim deixá-lo em observação durante 10 dias, para que se possa identificar
qualquer sinal indicativo da raiva;
- o animal deverá receber água e alimentação normalmente, num local seguro, para que não possa
fugir ou atacar outras pessoas ou animais;
- se o animal adoecer, morrer, desaparecer ou mudar de comportamento, voltar imediatamente ao
Serviço de Saúde;
- nunca interromper o tratamento preventivo sem ordens médicas;
- quando um animal apresentar comportamento diferente, mesmo que ele não tenha agredido
ninguém, não o mate e procure o Serviço de Saúde.
Prevenção

- levar os animais domésticos para serem vacinados contra a raiva, anualmente;


- procurar sempre o Serviço de Saúde, no caso de agressão por animais;
- manter seu animal em observação se ele agredir alguém;
- não deixar o animal solto na rua e usar coleira/guia no cão ao sair.

Colaborar com os Serviços de Saúde nas medidas de controle de raiva:

- notificar a existência de animais errantes nas vizinhanças de seu domicílio;


- informar o comportamento anormal de animais, sejam eles agressores ou não;
- informar a existência de morcegos de qualquer espécie;
- providenciar a entrega de animais para coleta de material para exames de laboratório, nos
casos de morte dos animais com suspeita de raiva ou por causa desconhecida.
Situação Mundial
A raiva está presente em quase todos os
continentes, exceto na Antártica. A maior mortalidade
em humanos ocorre na Ásia e em África.
De acordo com a estimativa da OMS, mais de 55 000
pessoas morrem por ano devido a esta doença,
sobretudo crianças com menos de 15 anos. Cerca de
10 milhões de pessoas em todo o mundo recebem
tratamento pós-exposição.
A raiva nos humanos é muito rara nos países
desenvolvidos, contudo, tendo em conta a
globalização, um animal proveniente de um país
infetado pode facilmente chegar a
Portugal,constituindo possível fonte de infeção
Risco de raiva no mundo. humana ou animal.
Conclusão
Para concluir, evite tocar em animais estranhos, feridos ou doentes, perturbar animais quando
estiverem comendo, bebendo ou dormindo, separar animais que estejam lutando, entrar em grutas ou
furnas e tocar em qualquer tipo de morcego (vivo ou morto) e criar animais silvestres ou tirá-los de seu
“habitat” natural.
As doses das vacinas, incluindo a vacina de raiva, devem ser atualizadas anualmente. Não arrisque!
Atualize a vacina do seu animal para não deixar que esta doença volte a ser comum entre os bichinhos.
Apenas médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar
tratamentos e receitar remédios. Por isso, devemos seguir as suas ordens para que tudo corra da melhor
maneira possível. Se o animal testar positivo a esta doença poderá ser abatido.
Faça o seu melhor amigo patudo só transmitir alegria! :)
Bibliografia
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/conteudo/2185/raiva.htm
https://bvsms.saude.gov.br/raiva/
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/raiva-o-que-e-transmissao-sintomas-diagnostico-e-prevencao.ghtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raiva_%28doen%C3%A7a%29#Tratamento
https://www.petlove.com.br/dicas/raiva-o-que-e-sintomas-e-tratamento
https://www.dgav.pt/wp-content/uploads/2021/04/Plano_contingencia_Raiva_nov-2020.pdf
https://www.google.com/search?q=raiva+zoonose&tbm=isch&ved=2ahUKEwjP3KnWlYz5AhUHmhoKHV
S-DTIQ2-cCegQIABAA&oq=raiva+zoon&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgUIABCABDIECAAQGDoECCMQJz
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