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COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE

Parasitose relacionada diretamente às condições sanitárias de alimentação, higiene pessoal e


no modo de criação dos animais (suínos ou bovinos). Ao defecar em locais inadequados, os
humanos acabam por contaminar água, solo e alimentos, perpetuando o complexo teníase-
cisticercose.

Teníase e cisticercose são duas doenças distintas, causadas pela mesma espécie de parasita,
porém em fases de vida diferentes:

 teníase (solitária) – fase adulta da T. solium e T. saginata


 cisticercose (canjiquinha) – fase larval da Taenia solium

Humanos são hospedeiros definitivos de ambas Taenia, sendo os hospedeiros intermediariso


suínos e bovinos:

 Taenia solium  hospedeiros intermediários: suínos


 Taenia saginata  hospedeiros intermediários: bovinos

IMPORTÂNCIA
 zooantroponose altamente endêmica em áreas pobres, pois é uma doença difícil de
ser percebida e diagnosticada (diagnóstico por tomográfica computadorizada é caro)
 causa manifestações generalizadas do aparelho digestório e do sistema nervoso
(ataques convulsivos), deficiências nutricionais, mudanças comportamentais
 alterações no fígado, pulmões, olhos, músculos e tecidos subcutâneos
 alta taxa de mortalidade e morbidade
 30 a 50 milhões de pessoas da América Latina já foram expostas
 50.000 mortes por ano
 inúmeros casos de pacientes incapacitados devido à neurocisticercose

MORFOLOGIA
O corpo da tênia possui formato achatado dorsoventralmente (formato de fita) e é dividido em
3 partes:

 escólex – possui ventosas para fixação


 colo – região que produz novas proglotes
 estróbilo – formado por proglotes, que
responsáveis pelo armazenamento dos ovos e
pela absorção de nutrientes
 dentro de cada proglote, existem gônadas
masculinas e femininas (hermafroditas)
que fazem autofecundação
 depois da fecundação, os ovos são
formados e ficam armazenados dentro
das proglotes, chamadas de proglotes
grávidas
COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE
taenia solium

 pode chegar a 2-3 metros


 escólex arredondado e possui acúleos (espinhos)
 possui de 700 a 1.200 proglotes (cada uma pode ter 30.000 a 40.000 ovos)
 7 a 12 ramificações uterinas
 saem 3 a 6 proglotes nas fezes

taenia saginata

 pode chegar a 15 metros


 escólex quadrangular e sem presença de espinhos
 possui 1.200 a 2.000 proglotes (cada uma pode ter 80.000 a 250.000 ovos)
 15 a 30 ramificações uterinas
 proglotes saem por movimentação ativa, ou seja, não necessitam de fezes para saírem
 é a mais prevalente na população, pela quantidade de ovos, porém não é a mais
patogênica, já que não possui espinhos

CICLO BIOLÓGICO
 ser humano parasitado libera proglotes grávidas nas fezes
 no ambiente, as proglotes liberam os ovos
 hospedeiros intermediários adquirem os ovos ao ingerir alimento ou água
contaminados
 no intestino do boi/porco, o ovo eclode e dá origem aos cisticercos – larvas que
entram na circulação e ficam encistadas na musculatura lisa
 quando o humano se alimenta de carne contaminada com o cisticerco, ele se fixa na
mucosa intestinal do hospedeiro e começa a se transformar em tênias (presença de
proglotes jovens, maduras e grávidas – sairão nas fezes e reiniciarão o ciclo)

observações

 ao chegar na circulação, os cisticercos conseguem acesso a todo o corpo dos


hospedeiros
 para se transformar em tênia, os cisticercos “exibem” o escólex para fora, para que
consigam se fixar na mucosa
 processo de transformação de cisticerco para tênia demora 3 meses
 ovo pode sobreviver durante 1 ano no ambiente
 no hospedeiro, o ovo se fixa em órgãos de intensa movimentação: coração, diafragma,
músculos mastigadores, língua, cérebro e paleta
 suínos não liberam ovos nas fezes, portanto, o homem pode ter cisticercose por:
 ingerir ovos de fezes de humanos
 retroperistaltismo – humano vomita as próprias fezes e se contamina com as
oncosferas liberadas após a digestão da proglote, que se arrebenta durante o
processo
 cisticerco vivo – possui uma bolha de água (proteção)
 cisticerco morto – calcificado (pode causar infecção crônica após 8 meses)
 tempo de sobrevivência da Taenia solium – 3 a 25 anos; tempo de sobrevivência da
Taenia saginata – 10 a 30 anos
 cisticerco do bovino – Cysticercus bovis; cisticerco do suínos – Cysticercus cellulosae
COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE
DECRETO Nº 10.468/2020
Na inspeção sanitária observa-se a presença de larvas de Taenia nos tecidos dos animais. É
uma medida de extrema importância, pois identifica as carcaças com infecções intensas e
leves, desde que exista alguma alteração visível a olho; além de impedir a disseminação de
agentes zoonóticos.

O regulamento de inspeção industrial dos produtos com origem animal (RIISPOA) ordena que
estabelecimentos que abatem animais devem, obrigatoriamente, realizar a inspeção ante e
post mortem dos animais, bem como suas carcaças e vísceras. A inspeção pode ser realizada
por serviços de inspeção federal (SIF), serviços de inspeção estadual (SIE) ou serviços de
inspeção municipal (SIM).

 toalete – retirada da área do cisticerco


 graxaria – fazer ração
 salga – salgar a carne faz que os cisticercos morram

Com o novo decreto, ao se encontrar único cisto de Cysticercus bovis (cisticercose bovina),
viável ou calcificado, a carcaça será destinada ao tratamento condicional pelo frio ou pelo calor
após a remoção e a condenação da área atingida. A referida mudança foi realizada diante da
necessidade de dar garantias da destruição do Cysticercus bovis, garantindo que o consumidor
não seja acometido pela enfermidade, prezando pelos cuidados para a saúde pública.

Para o produtor rural, o impacto da medida pode ser sentido diretamente na rentabilidade da
atividade, uma vez que a destinação das carcaças com cistos viáveis ou calcificados gera
descontos pelas unidades frigoríficas, que são obrigadas a acondicionar as carcaças por 10 dias
para o tratamento pelo frio, ou descartá-las na graxaria.

CONTROLE E PREVENÇÃO
 tratamento para teníase – Albendazol, Praziqunatel ou Metrifonato
 cisticercose não possui tratamento
 saneamento básico e higiene; inspeção dos frigoríficos
 ração de boa qualidade; água tratada
COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE
 não ingerir carne crua, mal-passada ou de procedência desconhecida

SINTOMAS TENÍASE
 desconforto abdominal
 náuseas
 vômitos
 diarreia ou constipação do intestino
 cólicas intestinais
 alterações no apetite
 indisposição e mal estar
 fadiga
 perda de peso
 sinais nervosos – insônia, irritabilidade e inquietação

SINTOMAS E SINAIS DA NEUROCISTICERCOSE


Cisticerco no cérebro de humanos – cefalia, convulsões, hipertensão craniana, loucura,
epilepsia e outros danos neurológicos. Quando presente nos olhos, pode causar deficiência
visual ou cegueira.

Os suínos não apresentam sinais clínicos.

DIAGNOSTICO SOLIUM (CISCTICERCOSE)


 exame de fezes – pesquisa de proglotes nas fezes de humanos
 verificação de cisticerco na carcaça dos hospedeiros intermediários
 detecção do cisticerco no homem por tomografia ou por pesquisa de anticorpos

DIAGNOSTICO SAGINATA (TENÍASE)


 exame parasitológico de fezes
 verificar se há proglotes nas fezes ou nas roupas de cama

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