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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: PARASITOLOGIA

Brunna Michelle Fagundes Ribeiro


Dyéssica Ferreira Maia
Marco Aurélio Ferreira da Silva Fonseca
Vitória Alves França

AED- Prevalência de formas larvares de parasitos responsáveis por


condenação de bovinos abatidos em frigoríficos no Brasil: espécies de
parasitos e mecanismos de transmissão

Goiânia - Goiás
2021
1. Introdução

O abatedouro frigorífico se caracteriza como um fator fundamental no diagnóstico de


enfermidades transmitidas aos animais. Nesses abatedouros há a inspeção para examinar
os órgãos e carcaças dos animais abatidos, afim de avaliar se pode aproveitá-los ou não
para o consumo humano.

As doenças mais encontradas são cisticercose, tuberculose, hidatidose, fasciolose,


esofagostomose, euritrematose e paranfistomíase. Em caso de presença de uma dessas
enfermidades ou outras doenças parasitárias não citadas, é feito o descarte dos produtos
(órgãos e carcaças), o qual tem por objetivo eliminar os riscos à saúde pública, pois podem
afetar o ser humano em caso de ingestão da carne parasitada.

Em razão disso, é muito importante realizar a detecção do parasitismo, o controle e


o tratamento de forma correta ainda na propriedade rural, antes dos animais serem
transportados para os frigoríficos, assim também evitando grandes perdas econômicas em
razão do descarte dos órgãos afetados por parasitas (lesionados) e a qualidade inferior dos
produtos oferecidos.

2. Principais agentes envolvidos na condenação de carcaça e vísceras dos animais


abatidos:

Cisticercose

A cisticercose bovina é uma doença causada pela fase larvar da Taenia saginata.
Sua transmissão ocorre através da ingestão dos ovos da Taenia saginata, por meio de água
ou alimentos contaminados. Quando o bovino (hospedeiro intermediário) ingere esses ovos
liberados pelo homem (hospedeiro definitivo), desenvolvem em seu organismo o
Cysticercus bovis, pois os ovos ingeridos se encapsulam e formam esses cistos que ficam
no músculo do bovino.

Nos humanos, a teníase causa náuseas, febre e desconforto abdominal. Já em


bovinos, a Cisticercose geralmente não causam sinais clínicos, entretanto, geram grandes
prejuízos econômicos tanto para a indústria quanto para os pecuaristas, devido a
condenação dos órgãos e carcaças desses animais após a inspeção detectar os
Cysticercus nesses animais abatidos. O descarte desses produtos são necessários porque
o homem é infectado quando ingere carne crua ou mal assada contendo esses Cysticercus
bovis.
Tuberculose

A bactéria Mycobacterium causa a doença chamada tuberculose que atingi


principalmente o pulmão. Essa doença ataca bovinos e possui um caráter zoonótico por
acometer também o homem. A sua transmissão ocorre pela inalação de aerossóis com
bacilos, por isso o cuidado desse ser redobrado com a manipulação dos produtos a serem
consumidos.

A bactéria acometedora de tuberculose causa lesões nos órgãos apresentando uma


cor amarelada, além de nódulos com aspecto purulento, cápsula fibrosa e também necrose
no local. Desse modo, não se deve ingerir a carne de animais acometidos, sendo assim, as
carcaças devem ser eliminadas e há uma grande perda econômica para o produtor.

Fasciola hepática

O caramujo é o hospedeiro intermediário da fascíola hepática, que durante o ciclo


elimina cercárias pelo pasto, essas se transformam em metacercárias. Os ruminantes ao
se alimentarem da pastagem contaminada acabam ingerindo as metacercárias que
penetram na mucosa do intestino fazendo sua migração para a cápsula do fígado até
chegar nos ductos biliares.

Além de atingir o fígado a fascíola hepática também invade os pulmões, sendo


notório a presença de nódulos e cistos rodeado por tecido conjuntivo fibroso. A presença
desse platelminto é devido as boas condições de habitat para os hospedeiros
intermediários, como a temperatura ideal e a presença de umidade.

A fasciolose é uma das doenças mais encontradas nos abatedouros. Sua presença
causa grandes prejuízos econômicos, já que as vísceras infectadas devem ser descartadas.
Além disso, outros danos são causados, como a redução na produção e qualidade do leite,
do ganho de peso, atraso no crescimento, diminuição da fertilidade e custos no tratamento
da doença ou das infecções secundárias.

Hidatidose

O cisto hidático ou hidátide em forma larval de Echinococcus granulosus é um


estoide da classe cestoda, Família Taeniidae, ele parasita o intestino delgado dos cães e
outros canídeos selvagens, mas os metacestoides podem se desenvolver em vários órgão,
principalmente no pulmão e no fígado.

A transmissão ocorre quando o hospedeiro intermediário ingere ovos embrionados


eliminados nas fezes do cão, o hospedeiro intermediário se infecta ao ingerir pastagens,
água ou qualquer alimento contaminado com ovos embrionados. A oncosfera liberada dos
ovos no intestino do hospedeiro intermediário segue pela circulação linfática até o pulmão,
esses locais são os mais comuns para desenvolvimento dos metacestoides, porém
ocasionalmente as oncosferas escpam para a circulação sistêmica e se desenvolvem em
órgãos como o baço, coração, osso, encéfalo e tecido subcutâneo. No hospedeiro
intermediário o desenvolvimento do cisto hidático é lento e a maturidade só é alcançada
entre 6 e 12 meses. No pulmão e fígado o cisto pode atingir de 5 a 10 cm. A capsula do
cisto possui uma membrana externa laminada e um epitélio germinativo interno e dele
brotam capsulas prolígeras e cada uma delas contém vários escólices, isso quando o
desenvolvimento do cisto está quase completo, essas capsulas destacam-se e os escólices
ficam livres no líquido da hidátide, isso é conhecido como areia hidática. Em alguns casos
cistos filhos são formados dentro do cisto materno ou externamente ao cisto, no tecido
circunvizinho, na última hipótese, caso eles se desprendam podem ser levados até outras
partes do organismo para formar novos cistos hidáticos. O hospedeiro definitivo ingere
órgãos do hospedeiro intermediário contendo o cisto hidático, no intestino delgado desse
hospedeiro o cisto hidático contendo a forma larval em seu interior se desenvolve e origina
verme adultos, esses por sua vez vão eliminar nas fezes proglotes gravídicas contendo
ovos embrionados (oncosfera).

Esofagostomose

Pertence ao gênero Oesophagostomum (filo Nemathelminthes, classe Nematoda,


superfamília Strongyloidea) podem infectar ovinos, bovinos, caprinos e suínos.

Os bovinos são parasitados pelo Oesophagostomum radiatum, vermes que possuem


predileção pelo intestino grosso, o radiatum possui ciclo de vida direto, não necessita de
hospedeiro. Os bovinos possuem no intestino grosso as formas adultas do parasita e eles
eliminam ovos embrionados nas fezes que dão origem as larvas no estagio de L1, L2 e L3
no meio ambiente. O bovino ao ingerir larvas do estagio L3 se contamina pois ela é a
infectante, no intestino essa larva ingerida penetra a mucosa do intestino ocasionando a
formação de nódulos que dão origem as larvas L4, elas emergem na superfície da mucosa
e migram para o cólon e se desenvolvem no estágio adulto, começando todo ciclo
novamente.

Os Oesophagostomum radiatum causam lesões em bovinos como nódulos


amarelados e com o tempo calcificam-se, e pode apresentar anemia devido a hemorragia
através da mucosa lesada pelos parasitas no estágio final da doença.

Euritrematose (Eurytrema coelomaticum)

O Eurytrema coelomaticum pertence à classe Trematoda e família Dicrocoeliidae.


Os parasitas adultos habitam o pâncreas e ductos pancreáticos de seus hospedeiros
definitivos, que podem ser bovinos, ovinos, suínos, camelos, veados e ocasionalmente os
seres humanos. Existem duas espécies de Eurytrema que acometem principalmente os
ruminantes: o Eurytrema coelomaticum e o Eurytrema pancreaticum. Porém, o Eurytrema
coelomaticum é a espécie mais comum no Brasil.
O ciclo de vida do parasita consta com um hospedeiro definitivo e dois hospedeiros
intermediários. O hospedeiro definitivo elimina os ovos do verme adulto nas fezes e estes
são ingeridos pelo caramujo da terra do gênero Bradybaena. No caramujo ocorrem duas
gerações de esporocistos. Os esporocistos se transformam em cercárias que são liberadas
do caramujo e permanecem nas pastagens. Estas cercárias são ingeridas pelo gafanhoto
do gênero Conocephalus ou grilos do gênero Oecanthus. No gafanhoto ou grilo, as
cercárias se transformam em metacercárias infectantes. O hospedeiro definitivo,
principalmente os ruminantes e suídeos, ao ingerirem o gafanhoto ou grilo acidentalmente
se infectam e as metacercárias se encistam no pâncreas.
As lesões causadas pelo Eurytrema coleomaticum nos hospedeiros definitivos
podem ser classificadas em três tipos, sendo eles: o Tipo I, o qual é observado lesões
apenas no parênquima; Tipo II, o qual é observado lesões apenas nos ductos e o Tipo III,
em que as lesões são em ambos os parênquimas e ductos. Geralmente, os parasitas
adultos causam espessamento dos ductos pancreáticos levando a atrofia posteriormente.
Essas lesões podem ser detectadas durante a inspeção caso o parasitismo for crônico. Em
casos de parasitismo agudo, observa-se apenas a presença dos parasitas, sem lesão no
órgão.

Paranfistomíase (Paramphistomum spp.)

Os parasitas do gênero Paramphistomum spp. são geralmente conhecidos como


‘fascíolas do rúmen’. Eles pertencem à classe Trematoda e família Paramphistomatidae.
São amplamente distribuídos pelo mundo, porém, causam a doença em trópicos ou em
locais que possuam os hospedeiros. A espécie mais encontrada em abatedouros é a
Paramphistomum cervi.
Os vermes adultos parasitam o rúmem de seus hospedeiros definitivos, que são os
ruminantes em geral e possui como hospedeiro intermediário os caramujos aquáticos,
preferencialmente os da família Lymnaidae, Planorbidae e Bulinudae. O ciclo de vida do
parasita é semelhante ao da Fascíola hepática. O desenvolvimento das metacercárias no
hospedeiro definitivo ocorre no intestino delgado. As formas jovens liberadas pelas
metacercárias se aderem na mucosa duodenal e permanecem aproximadamente 6
semanas no local, após este período, migram para os pré-estômagos, principalmente o
rúmen, local onde amadurecem e se tornam vermes adultos.
Referências

2380-8602-2-PB.pdf

https://www.scielo.br/j/pvb/a/RtWB9v5jz6m3vLRkRTB4gXS/?format=pdf&lang=pt

Microsoft Word - Braga (pubvet.com.br)

https://www.ucs.br/educs/arquivo/ebook/o-que-preciso-saber-sobre-tuberculose-bovina-
um-informativo-tecnico/

rbcv.2015.303 (editoracubo.com.br)

principais-causas-de-condenacao-total-e-parcial-de-carcaca-e-visceras-de-bovinos-e-seus-impactos-para-a-
sociedade-consumidora.pdf (multivix.edu.br)

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