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TENÍASE

TENÍASE

PARASITOLOGIA 1
TENÍASE

TENÍASE
CONTEÚDO: CÍNTIA MELLO
CURADORIA: CÍNTIA MELLO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4

EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................... 4

TRANSMISSÃO E CICLO DE VIDA................................................................................ 4

QUADRO CLÍNICO ............................................................................................................... 6

DIAGNÓSTICO....................................................................................................................... 7

TRATAEMNTO....................................................................................................................... 8

VIGILÂNCIA E PROFILAXIA ............................................................................................. 8

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INTRODUÇÃO algumas regiões pode ser explicada ou


pela falta de notificação ou porque os tra-
O Complexo Teníase / Cisticercose é cons- tamentos são realizados nos grandes cen-
tituído por duas entidades mórbidas dis- tros, como Rio de Janeiro, São Paulo, Curi-
tintas, causadas pelas mesmas espécies tiba, Brasília, o que dificulta a investigação
de cestódeos, porém em fases diferentes da procedência do local da infecção.
do seu ciclo de vida. A Teníase é conhecida
popularmente como “solitária”, enquanto TRANSMISSÃO E CICLO DE VIDA
que a Cisticercose é conhecida como “lom-
A teníase humana ou solitária pode ser
briga na cabeça”. Neste resumo, conhece-
causada pela Taenia solium ou Taenia sa-
remos melhor a Teníase. Sua classificação
ginata, formas adultas hermafroditas, que
científica se define por: Reino – Animalia;
parasitam o intestino delgado do ser hu-
Filo – Platyhelmintes; Classe – Cestoda;
mano. Possuem como formas evolutivas:
Ordem – Cyclophyllidea; Família – Taenii-
ovo, cisticerco e verme adulto. Os ovos das
dae; Gênero – Taenia; Espécie – Taenia sp.
duas espécies são morfologicamente in-
EPIDEMIOLOGIA distinguíveis, possuindo as mesmas carac-
terísticas, e por isso, se fala “ovo de tênia”.
Trata-se de uma verminose cosmopolita, Trata-se de um ovo embrionado, apresen-
ou seja, pode ser encontrada em pratica- tando formato esférico, medindo cerca de
mente qualquer lugar do mundo. Possui 300 µm a 400 µm de diâmetro, de cor
alta prevalência (10%) nos países em de- amarelo-amarronzado, com estriações pe-
senvolvimento, onde existem condições riféricas radiais, embrióforo espesso e es-
socioeconômicas desfavoráveis, sanea- triado protegendo o embrião. Esse em-
mento básico precário e vigilância sanitária brião recebe os nomes de Hexacanto ou
falha. O conjunto teníase / cisticercose re- Oncosfera e possui três pares de acúleos
presenta um grande problema de saúde ou ganchos, sendo formado por uma mem-
pública. No Brasil, as espécies de Tênias brana-dupla. Os ovos são liberados no in-
são uns dos parasitas mais comuns, sendo terior das proglotes grávidas juntamente
encontradas em cerca de 5% dos bovinos com as fezes do hospedeiro e sobrevivem
e suínos inspecionados. Sendo a sua pre- viáveis no ambiente externo por meses.
valência variável dependendo da região e Esses ovos liberados, serão então ingeri-
época investigadas. São mais comuns ou dos pelos hospedeiros intermediários (suí-
mais notificadas, nas regiões Sul e Su- nos e bovinos), juntamente com a água e
deste. A provável baixa prevalência em alimentos contaminados.

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Os bovinos serão infectados pela espécie conhecidas popularmente como “carne de


Taenia saginata e os suínos pela Taenia canjiquinha” ou “carne com pipoquinha” e
solium. Uma vez dentro dos organismos são muito procuradas por terem o sabor
desses animais, mais precisamente na re- diferenciado. Uma vez ingeridas, che-
gião intestinal, o embrião hexacanto será gando ao estômago, a vesícula será dige-
liberado do ovo e usando seus 3 pares de rida e haverá o desincistamento. A larva
ganchos, irá perfurar a mucosa intestinal, migrará até o intestino delgado e se desen-
chegando á circulação sanguínea e, final- volverá até verme adulto por cerca de 2 se-
mente, alcançando a musculatura do hos- manas.
pedeiro.
Esse verme adulto se fixará à mucosa in-
Nesses músculos, o embrião hexacanto se testinal usando a sua escólex e residirá
desenvolverá até formar a larva ou cisti- nesse ambiente. Seguindo a escólex ou ca-
cerco, que pode sobreviver por anos alo- beça, se localiza o colo ou pescoço do
jado nessa musculatura. No caso da Taenia verme, região mais fina do seu corpo e com
saginata, seu cisticerco é o Cysticercus bo- enorme potencial de multiplicação celular.
vis; e no caso da Taenia solium, seu cisti- A partir do pescoço, se forma o estróbilo
cerco é chamado de Cysticercus celullosae. do verme adulto formado por proglotes
Como a cisticercose humana é raramente imaturas, maduras e grávidas. Cada pro-
causada pelo Cysticercus bovis, deno- glote funcionará como uma unidade indivi-
mina-se que o termo “cisticerco” seja dual, reproduzindo-se de forma indepen-
usado em referência ao Cysticercus celul- dente. Nas proglotes imaturas, são forma-
losae da Taenia solium. Essa larva perma- dos os órgãos sexuais masculinos. Se-
nece na sua forma encistada nos músculos guindo a maturação, nas proglotes madu-
dos animais, sendo constituída por uma ras, são encontrados os dois órgãos sexu-
vesícula com líquido translúcido. No seu in- ais: masculino e feminino, aptos para a re-
terior, é encontrada a escólex ou cabeça da produção. Por fim, na última porção do es-
Taenia com suas quatro ventosas, rostelo tróbilo, são encontradas as proglotes grá-
com acúleos e colo já formados. vidas, contendo os ovos no seu interior.

O ser humano é o único hospedeiro defini- As espécies de Tênia se diferenciam pelas


tivo das Tênias e será infectado ao ingerir características encontradas nas escólex e
a carne crua ou mal cozida dos bovinos nas proglotes grávidas dos vermes adul-
e/ou suínos, contendo essas larvas aloja- tos. No caso da Taenia saginata, a escólex
das na sua musculatura. Essas carnes são é quadrangular, medindo 2 mm de

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comprimento, com quatro ventosas, sem O ciclo biológico da Taenia sp. é heteroxê-
rostelo e sem acúleos. Sua proglote grá- mico, contando com dois tipos de hospe-
vida possui formato retangular, com mui- deiros para se completar – o ser humano
tas ramificações uterinas – 12 a 30 ramos (definitivo) e os suínos e os bovinos (inter-
-, contendo cerca de 160 mil ovos no seu mediários).
interior. Já a Taenia solium possui uma es-
cólex com 1 mm de comprimento, de as-
pecto “solar” devido à presença do rostelo
com acúleos, com 4 ventosas. Sua proglote
grávida apresenta formato mais quadran-
gular, com menos ramificações uterinas –
7 a 12 ramos -, contendo cerca de 80 mil
ovos no seu interior. A Taenia saginata
pode alcançar até 12 metros de compri-
mento (em casos de crescimento exage-
rado, pode chegar a 25 metros), com cerca
de 2 mil proglotes formando o seu estró-
bilo. A Taenia solium pode alcançar até 7
metros de comprimento com cerca de 1 mil
proglotes formando o seu estróbilo. Com
isso e considerando a extensão do intes-
tino humano, somente 1 verme consegue
habitar e parasitar o hospedeiro humano,
por isso recebe o nome popular de “solitá-
ria”. Em ambas, o verme adulto apresenta “Carne de canjiquinha ou com pipoquinha” – con-
o corpo achatado dorso-ventralmente, em tendo as larvas de Taenia sp.

forma de fita.
QUADRO CLÍNICO
Uma vez que as proglotes grávidas são de-
O período de transmissibilidade da doença
senvolvidas, elas podem se desprender do
pode ser de Meses (considerando a viabili-
restante do corpo do verme e migrarem até
dade dos ovos / proglotes liberados no am-
a região anal sendo liberadas espontanea-
biente externo) a Anos (considerando o
mente (6 or dia, em média) ou serem elimi-
tempo em que um indivíduo sem trata-
nadas juntamente com as fezes do ser hu-
mento libera as proglotes / ovos no
mano.

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ambiente e o tempo de sobrevivência do Excepcionalmente, com há crescimento


verme adulto no organismo do hospe- exagerado do cestódeo, pode ocorrer inva-
deiro). O período de incubação é de 3 a 4 são e obstrução de outras regiões. Nessas
meses. situações, podemos ter acometidos: o
apêndice, colédoco e ducto pancreático.
Na maioria das vezes, o parasito perma-
nece na luz intestinal sem causar sintomas DIAGNÓSTICO
ou apenas poucos sintomas, sendo o para-
sitismo considerado “benigno”. Normal- O diagnóstico será realizado com base nos
mente, desconfia-se da infestação quando aspectos clínico-epidemiológicos, imuno-
o indivíduo procura o serviço médico por lógicos e, dependendo do caso, com exa-
ter percebido a eliminação espontânea das mes de imagem.
proglotes do verme, juntamente com as fe-
Como a maioria dos casos de teníase é oli-
zes ou nas roupas íntimas.
gossintomático ou assintomático, a sus-
peita ocorrerá comumente pela própria ob-
servação do paciente ou dos seus respon-
sáveis (crianças), de proglotes sendo elimi-
nadas juntamente com as fezes ou nas
roupas íntimas.

Podem ser realizados exames laboratoriais


para confirmação, como: tamisação fecal e
fita gomada.

• Tamisação fecal: Amostra de fezes é


Proglote de tênia eliminada espontaneamente.
peneirada com o objetivo de encontrar
Quando ocorrem sintomas, estão mais re- proglotes para posterior separação dos
lacionados ao trato gastrointestinal, sendo ovos e análise pela microscopia óptica.
muito comuns em outras parasitoses in- • Fita gomada ou Método de Graham ou
testinais. Tais como: dor ou desconforto Swab perianal: utilizando uma fita go-
abdominal, náuseas e vômitos, debilidade, mada com a sua parte adesiva evertida
anorexia, perda de peso, flatulências, diar- sobre uma lâmina ou swab ou palito,
reia ou constipação. Em algumas crianças, pressiona-se o conjunto nas pregas
pode haver atraso no desenvolvimento e anais do paciente e, inverte-se a parte
crescimento. adesiva colando-a numa lâmina para

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posterior observação na microscopia Secretarias de Agricultura, para adoção de


óptica. É a mesma técnica utilizada medidas sanitárias preventivas. Embora os
para pesquisa de ovos de Enterobius casos de teníase são sejam de notificação
vermiculares. compulsória, devem ser informados aos
Serviços de Saúde para mapeamento das
TRATAEMNTO áreas acometidas e implementação das
medidas de controle e prevenção.
O tratamento da teníase se baseia na utili-
zação de antiparasitários. Um caso confirmado de teníase é aquele
onde o indivíduo elimina proglotes de tê-
• Como 1ª opção: Praziquantel, 5 a 10
nia.
mg/kg, dose única juntamente com a
refeição – objetivo de eliminar o verme As medidas de controle são em torno do
adulto, com eficácia de mais de 95% no portador (identificação, tratamento e blo-
tratamento. queio dos focos de transmissão) e das con-
• Como 2ª opção: Niclosamida, 500 mg, dições de transmissão (educação em sa-
dose única de 2 g para adultos e maio- úde com orientações sobre a doença e sua
res de 8 anos e dose única de 1 g para forma de transmissão e prevenção, ge-
crianças de 2 a 8 anos. rando mobilização comunitária, sanea-
mento domiciliar e ambiental nos focos da
Outras opções, porém, com menor eficácia
doença; vigilância sanitária sobre os bovi-
(50 a 70%): Albendazol, 400 mg, dose
nos e suínos, bem como na qualidade das
única por dia, por 3 dias; Mebendazol, 200
suas carnes. Reduzindo assim, ao menor
mg, a cada 12 horas, por 3 dias, após as
nível possível, a comercialização ou o con-
refeições. O tratamento será considerado
sumo da carne contaminada pelos cisticer-
bem sucedido quando após 1 a 3 meses do
cos; Orientação dos produtores sobre as
seu início, não for encontrado ovo de tênia
medidas de aproveitamento da carcaça
nas fezes.
desses animais, reduzindo suas perdas fi-
VIGILÂNCIA E PROFILAXIA nanceiras e fornecendo segurança ao con-
sumidor; Estímulo ao consumo de somente
A vigilância epidemiológica deve ser rea- de carne bem cozida). Utilizar somente
lizada visando manter constante articula- água potável para consumo, lavagem dos
ção e trocas de informações entre a Vigi- alimentos e cozimento.
lância Sanitária dos Setores de Saúde e as

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