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PLATYHELMINTHES: TREMATODA

CLASSIFICAÇÃO E BIOLOGIA GERAL

CARINA ELISEI DE OLIVEIRA


 Reino ANIMALIA
 Sub-reino METAZOA  organismos multicelulares,
heterotróficos e apresentam motilidade.
 Filo PLATYHELMINTHES

- Metazoários com simetria bilateral e corpo achatado


dorsoventralmente.
- Não apresentam cavidade celômica, sistema esquelético,
respiratório e circulatório.
- Sistema digestório incompleto ou ausente.
- Sistema excretor protonefridial.
- A maioria dos platelmintos é hermafrodita.
- Apresentam grande diversidade de formas, tamanhos,
biologia e habitat.
Filo Platyhelminthes

• Classe Turbellaria (Vida livre)


• Classe Monogenea
• Classe Trematoda parasitas
• Classe Cestoda
 Classe CERCOMERIDAE
 Subclasse TREMATODA
 Infraclasse DIGENEA

- Os digenéticos representam um grupo de indivíduos


endoparasitos de todas as classes de vertebrados.
- Usualmente apresentam duas ventosas musculares para a
fixação.
- O desenvolvimento é indireto e envolve pelo menos dois
hospedeiros para completar o ciclo de vida.
- Em geral, o 1º HI é um molusco, o 2º HI (quando ocorre) é
um artrópode e o HD um vertebrado.
CICLO DE VIDA GENERALIZADO

ADULTOS OVOS MIRACÍDIOS HI

HD ESPOROCISTOS

METACERCÁRIAS CERCÁRIAS RÉDIAS


Figura 19.1 Morfologia geral de Trematoda.
Fonte: adaptada de Roberts et
MORFOLOGIA

- Sistema Reprodutor

• Sistema reprodutor masculino composto pelos testículos


(usualmente 2), vasos eferentes, ductos deferentes, bolsa do cirro e
cirro. Associadas à bolsa do cirro estão as glândulas prostáticas e
vesícula seminal.

• Sistema reprodutor feminino composto por ovário único, oviduto,


receptáculo seminal, canal de Laurer, oótipo, glândulas de Mehlis,
útero e vitelárias.

• As vitelárias fornecem o vitelo e substâncias que atuam na


formação da casca do ovo; enzimas secretadas pelas gls. de Mehlis
são responsáveis pelo endurecimento da casca do ovo. Alguns
autores atribuem ao canal de Laurer a função de eliminar o excesso
de esperma.
MORFOLOGIA

- Sistema Nervoso

O sistema nervoso é composto por um par de gânglios


cerebróides de onde parte um par de cordões nervosos
longitudinais conectados pelas comissuras. Os órgãos dos
sentidos incluem papilas mecanoreceptoras e
químioreceptoras, ocelos podem ocorrer em alguns
miracídios e cercárias.
Protonephridia
• Excreção
• Células flamas (chama)
PATOGENIA

● Moluscos

- Maioria dos estudos direcionada em S. mansoni e F.


hepatica.
- Órgão atingido com maior frequência → hepatopâncreas.
→ alterações degenerativas e destruição celular → altera
drasticamente o metabolismo → resultam em modificações
na estrutura da concha, taxa de reprodução e no
comportamento.
- Em infecções maciças → acometem também as gônadas.
→ redução ou eliminação da capacidade reprodutiva do
molusco → em alguns casos → castração parasitária.
PATOGENIA

● Vertebrados

-Um espécime que penetra nos tecidos será mais patogênico.


-Um espécime grande em relação ao tamanho do hospedeiro
ou do órgão invadido.
-As alterações são, geralmente, proporcionais à intensidade
de infecção.
- Espécies que migram pelos tecidos são mais patogênicas.
-Os ovos nos tecidos provocam reação mais intensa do que
os adultos.
PATOGENIA

● Vertebrados

- Invasão nos tecidos → reação inflamatória → infiltração de


linfócitos, seguido pela formação de granulomas com
infiltrado eosinofílico.

- A presença de espécimes na luz do sistema digestório gera


reação inflamatória → limitada aos pontos de fixação.

- Presença de espécimes em ducto → distensão dos ductos e


hiperplasia de células epiteliais.
COLETA E PREPARAÇÃO DE TREMATODAS

-Obtenção e necropsia dos hospedeiros.


-Coleta doa parasitos.
-Fixação e conservação dos espécimes:
•Se coletados mortos → devem ser fixados em AFA.
•Se coletados vivos → devem ser fixados de forma
distendida.
•Espécimes de pequeno porte podem ser fixados
comprimidos entre lâmina e lamínula.
•Espécimes de grande porte devem ser fixados comprimidos
entre lâminas.
•É recomendável ficarem pelo menos 10Hs no fixador.
•Após, podem ser armazenados em etanol 70º GL.
 Classe CERCOMERIDAE
 Subclasse TREMATODA
 Infraclasse DIGENEA

Família Fasciolidae
Fasciola hepatica

- Parasita dos ductos biliares de ruminantes, sendo os equinos e


humanos hospedeiros acidentais.
- Encontra-se distribuída por diversos países, principalmente em áreas
alagadiças ou que sofram inundações temporárias.
- Os hospedeiros intermediários são os caramujos do gênero
Lymnaea. No Brasil, L. columela e L. viatrix são os principais HI.
Ciclo de vida de Fasciola hepatica
Importância Medico VET
• As formas jovens migram no parênquima hepático,
destruindo-o – é a fase aguda da doença.
• Os adultos provocam espoliação nos ductos biliares e,
na forma crônica da doença, pode haver calcificação
desses ductos.
• A infecção provoca fibrose hepática e hiperplasia dos
canais biliares, além de perdas na produção animal e
mortes, muitas vezes pela migração das formas jovens;
• as vezes não detectado por isso o exame de fezes é
negativo, pois ainda não há eliminação de ovos.
Família PARAMPHISTOMIDAE
Paramphistomum cervi

- Parasita do abomaso ruminantes. RUMÉM


- Distribuição geográfica: Américas, África e Ásia.
- São necessários 2 hospedeiros para completar o ciclo de vida. O
ciclo biológico é semelhante ao de F. hepatica.
- Pode utilizar os mesmos HI que F. hepatica.
Definitivos: bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos
Intermediário: molusco aquático da família Planorbidae. Bulinus,
Planorbis, Lymnaea, Glyptanisus e outros
Espécimes de Paramphistomum cervi.
IMPORTÂNCIA MED. VET.
• Inicialmente, as formas imaturas se desenvolvem no
intestino;
• Após 2 semanas, migram para o rúmen, onde alcançam a
maturidade sexual.
• O ciclo completo é realizado em aproximadamente 110
dias para ovinos e 132 dias para bovinos.

• Os parasitos irritam as mucosas intestinal e gástrica,


provocando diarreias fétidas e escuras, e o animal fica
muito debilitado, apresentando anemia, abatimento e
edema intermaxilar.
Família DICROCOELIIDAE
Eurytrema sp.
- Parasita dos ductos pancreáticos e com menor frequência dos
ductos biliares de ruminantes, podendo parasitar o homem.
- Distribuição geográfica: Leste da Ásia e América do Sul.
- São necessários 3 hospedeiros para completar o ciclo de vida.
- O 1º HI é um molusco terrestre, principalmente as espécies do
gênero Bradybaena.
- O 2º HI é um gafanhoto arborícola do gênero Conocephalus.
Ciclo de vida de Eurytrema coelomaticum.
Gênero Platynosomum
Platynosomum illiciens
Características morfológicas
• Corpo estreito e alongado
• Adultos medem até 8 mm de comprimento
• Testículos volumosos, na mesma linha horizontal, pós-
acetabulares
• Ovário menor que os testículos, abaixo do testículo direito.
Hospedeiros
• Definitivos: felídeos, mas podem parasitar primatas e aves
silvestres
• Intermediários:
• Primeiro: moluscos – Subulina octona
• Segundo: pode ser um lacertídeo (lagartixas) ou um crustáceo
decápode.
Os ovos são ingeridos pelo caramujo terrestre Subulina octona. Ocorrem duas gerações
de esporocistos. As cercárias no interior dos esporocistos da segunda geração, que
emergem dos caramujos em bolas mucilaginosas. O segundo hospedeiro intermediário
artrópode, que ingere os esporocistos com cercárias, as quais evoluem para
metacercárias nos ductos biliares. Os gatos adquirem o parasito ao ingerir hospedeiro
parasitados. O parasito migra pelo ducto colédoco (hepático/direito e esquerdo) para os
canais biliares e a vesícula biliar e alcança a maturidade sexual em 8 a 12 semanas.
Família SCHISTOSOMATIDAE  os membros desta família são
dióicos e apresentam dimorfismo sexual.

Schistosoma mansoni

- Parasita do sistema porta e vasos mesentéricos de humanos,


podendo infectar bovinos e outros mamíferos silvestres.
- Agente etiológico da equistosomose, xistose, barriga d’água
ou mal do caramujo.
- Acredita-se que S. mansoni tenha chegado à América durante
o tráfico de escravos e com os imigrantes orientais. Nesta
época teriam sido encontrados numerosos indivíduos
infectados por S. mansoni, S. haematobium e S. japonicum,
entretanto apenas S. mansoni conseguiu se estabelecer pela
presença do hospedeiro intermediário.
- Distribuição geográfica: África, Antilhas e América do Sul.
MORFOLOGIA

- Macho: mede cerca de 1cm de comprimento. Apresenta


ventosa oral e ventral. Após a ventosa ventral, ocorre o canal
ginecóforo (projeção das margens laterais do corpo formando
um sulco). Possui de sete a nove massas testiculares que se
abrem no canal ginecóforo (não apresenta órgão copulador).
- Fêmea: mede cerca de 1,5cm. Apresenta ventosa oral e
ventral. A metade posterior do corpo é preenchida pelas
glândulas vitelárias.
- O ovo não apresenta opérculo, apresentando um espículo.
- As cercárias são chamadas de furcocercárias devido à
bifurcação da extremidade posterior da cauda.
CICLO BIOLÓGICO

- Utilizam 2 hospedeiros para completar o ciclo de vida.


- Os ovos são eliminados com as fezes do HD  em contato com
a água eclodem os miracídios  penetram no HI molusco  dão
origem a duas gerações de esporocistos  da 2ª geração de
esporocistos originam as cercárias  saem ativamente do
molusco e são livre natantes  penetram ativamente pela pele
do HD (podendo penetrar na mucosa do sistema digestório 
ingestão de água)  perdem a cauda e tranformam-se em
esquistosômulos  que ganham a circulação e chegam ao
fígado  nos vasos do sistema porta, atingem a maturidade
sexual
CICLO BIOLÓGICO

 migram para os vasos mesentéricos onde ocorre a


fecundação  as fêmeas fecundadas atingem os vasos das
mucosa intestinal e eliminam os ovos nos capilares 
atravessam a parede intestinal e chegam na luz do intestino
grosso.
- Os moluscos do gênero Biomphalaria são os hospedeiros
intermediários de S. mansoni no Brasil (B. glabrata, B.
tenagophila e B. straminea)
EPIDEMIOLOGIA

- O clima de país tropical favorece a existência de condições


necessárias para o desenvolvimento da doença.
- O problema central da presença de focos de transmissão se
relaciona com a contaminação fecal humana das coleções de
água.
- O clima e topografia são propícios para práticas recreativas
em águas naturais.
- Algumas atividades profissionais exigem contato direto de
trabalhadores com águas contaminadas (lavadeiras,
rizicultores, etc.)
PATOGENIA

- Síndrome intestinal aguda.


- Síndrome hepática crônica.

PROFILAXIA

- Tratamento dos indivíduos parasitados.


- Saneamento básico  implantação de sistema de coleta e
tratamento de esgotos e água.
IMPORTÂNCIA MÉDICO VETERINÁRIA

Cirrose hepática; fibrose cística; cálculos biliares; atrofia


pancreática e gastroenterite hemorrágica
COLETA E PREPARAÇÃO DE TREMATODAS

-Coloração.
-Montagem de lâminas permanentes.

● Uma preparação permanente pode durar 100 ou mais anos.


● Para o processo de identificação, preparações totais são
usualmente suficientes. Em alguns casos é necessário fazer
cortes histológicos em série, em planos frontal e transversal.

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