PARASITOLOGIA As tênias pertencem ao filo dos pla- telmintos, classe Cestoda e gênero
Taenia. A teníase se desenvolve pela
forma adulta da tênia, enquanto a cis-
ticercose se forma pela presença da
larva no corpo do hospedeiro. São
vermes hermafroditas. Taenia adulta intestino delgado É uma doença tropical negligencia- da, cosmopolita, causando enorme prejuízo econômico pela presença de cisticercos em carnes de bovinos.
Os cestódeos mais frequentemente
encontrados parasitando os humanos pertencem a família Taeniidae, na qual
são destacadas Taenia solium e Tae-
nia saginata. Essas espécies, popularmente conhecidas como solitárias,
são responsáveis pelo complexo te-
níase-cisticercose, que pode ser defi- nido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros.
A cisticercose é altamente endêmica em áreas
rurais da América Latina. Morfologia Verme adulto → a T. saginata e a T. solium apresentam corpo acha- tado dorsoventralmente, em forma
de fita, dividido em escólex ou ca-
beça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. São de cor branca leitosa
com a extremidade anterior bas-
tante afilada e de difícil visualização. Escólex → pequena dilatação, me- dindo, na T. solium, de 0,6 a 1 mm e, na T. saginata, 1 a 2 mm de diâ- metro, situada na extremidade an- terior, funcionando como órgão de fixação do cestódeo à mucosa do intestino delgado humano. Apre- senta quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e proeminentes. • O colo é responsável pelo crescimento do corpo e portanto é uma região rica em células com grande atividade reprodutiva. • As primeiras proglotes logo após o colo são jovens, seguindo- se as maduras e finalmente as gravídicas, que ao serem eliminadas pelo parasito, vão contaminar o meio externo. • Nas proglotes jovens pode-se observar o início do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e posteriormente dos femininos • As proglotes maduras possuem esses órgãos desenvolvidos e prontos para a fecundação que se dá entre a mesma ou entre proglotes diferentes.
• As proglotes gravídicas possuem características peculiares
para cada espécie, permitindo o diagnóstico diferencial.
• Nelas o sistema reprodutor masculino sofreu regressão e o
feminino permaneceu como útero repleto de ovos • As formas lavárias dessas tênias são conhecidas popularmente como canjiquinha ou pedra. O Cysticercus bovis (C. bovis) é a larva da T.saginata e o Cysticercus cellulosae (C. cellulosae), a larva da Taenia solium.
• Os cisticercos são constituídos por uma vesícula
membranosa contendo no seu interior um líquido e o escólex. As teníases são freqüentes em regiões onde as pessoas têm o hábito de ingerir carne crua ou mal cozida • A coroa de aculhos somente presente na Taenia Sollium. CICLO EVOLUTIVO • Taenia Solium (suino) x Taenia Saginata (bovino) • As proglotes gravídicas cheias de ovos (30 a 80 mil por proglote) são eliminadas para o meio externo, onde vão se romper, ou podem romper-se ao atravessarem o esfíncter anal e os ovos serem eliminados com as fezes
• Um hospedeiro intermediário próprio (suíno para Taenia
solium e bovino para Taenia saginata), ingere os ovos que, no estômago sofrem a ação de enzimas que vão atuar sobre o embrióforo Animal (Intermediario) • Chegando ao intestino delgado e em presença do suco gástrico alcalino, perdem a casca, liberando a oncosfera (embrião hexacanto). • Esse embrião, com ajuda de seus 3 pares de acúleos, atravessa a parede intestinal caindo na corrente circulatória e são arrastados à circulação hepática. • Chegam ao coração e são enviados para todo o organismo, • músculos de maior movimentação e com maior oxigenação de seus hospedeiros intermediários (mastigadores, língua, coração e diafragma). • Perdem os acúleos e começam a crescer até atingirem cerca de 10 a 12 mm de diâmetro, permanecendo viáveis por váriosmeses. • O homem adquire a teníase ao ingerir a carne bovina ou suína contendo esses cisto Homem (definitivo) • O cisto ao chegar ao duodeno, estimulado pela bile, liberta o escólex, que adere à mucosa e começa a desenvolver-se, originando a Taenia adulta. Cerca de três meses após a ingestão da larva, o parasito adulto começa a eliminar as proglotes. As proglotes da T. saginata tem maior atividade locomotora e são liberadas de forma ativa geralmente isoladas nos intervalos das defecações. Transmissão Teníase → o hospedeiro definitivo (humanos) infecta-se ao inge- rir carne suína ou bovina, crua ou Mal cozida, infectada pelo cisticerco de cada espécie de Taenia.
Autoinfecção externa: ocorre em
portadores de T. solium quando eliminam proglotes e ovos de sua própria tênia levando-os a boca pelas mãos contaminadas Autoinfecção interna: poderá ocor- rer durante vômitos ou movimen- tos retroperistálticos, possibilitan- do presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium no estôma- go. Estes, depois da ação do suco gástrico e posterior ativação das vias voltariam ao intestino delgado, desenvolvendo o ciclo auto-infectante. Heteroinfecção: ocorre quando os humanos ingerem alimentos ou água contaminados com os ovos
da T. solium, disseminados no am-
biente através das dejeções de ou- tro paciente. Patogenia e sintomatologia • A patogenia e a sintomatologia das teníases são pouco significativas. Como vivem muito tempo parasitando o homem, competem com ele pelos suplementos nutricionais e devido às substâncias excretadas, podem causar fenômenos tóxicos alérgicos. • No entanto, podem ser assintomáticas. As manifestações mais comuns relatadas são cefaléia, dor abdominal, em alguns casos inapetência e em outros fome intensa, além de diarréia ou constipação. • Também são relatados fenômenos menos importantes, como fadiga, sensação de mal estar, irritação e insônia. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Tamização do material fecal para separar proglotes caso existentes. Faz-se a identificação da espécie, através da observação do tipo de ramificação uterina das proglotes encontradas nas fezes, nas roupas de uso pessoal ou de cama, após clarificação e prensagem. • Para o diagnóstico de espécie, as proglotes serão comprimidas entre duas lâminas de vidro grosso; o conjunto posto a clarear no ácido acético e, depois, examinado com lupa para ver as estruturas uterinas:
• a) Se com 15 a 30 ramos uterinos em cada lado da haste e aspecto
dicotômico, é T. saginata. A proglote é mais retangular.
• b) Se com 7 a 16 ramificações de cada lado e aspecto dendrítico, é
T. solium . A proglote é mais quadrada. • 2. Demonstração de ovos nas fezes, sem distinção da espécie. Qualquer método de concentração por sedimentação. • 3. Método de Graham (fita gomada) para pesquisa de ovos e proglotes eventualmente retidos na região perianal. • 4. Método imunológico (ELISA) para pesquisa de coproantígeno. Não diferencia as espécies.
• 5. Método imunológico (Western blot) para pesquisa
de anticorpos no soro. Específico para Taenia solium.
• 6. PCR para diferenciar as espécies.
TRATAMENTO
• Praziquantel; Albendazol; Niclosamida;
Mebendazol. CISTICERCOSE HUMANA T SOLLIUM • A zoonose é, atualmente, endêmica em locais subdesenvolvidos e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina,
• Brasil representa importante problema de Saúde Pública, pela
elevada incidência e gravidade dos quadros clínicos causados pela neurocisticercose humana. Essa é a forma mais grave da doença, que apresenta letalidade ainda elevada e acredita-se que o número de casos assintomáticos, não submetidos a critérios de diagnóstico específicos, também seja elevado. INFECTIVIDADE • Após 24 a 72h da ingestão dos ovos, as oncosferas abandonariam o embrióforo e ativadas pela ação dos sucos digestivos, penetrariam através da mucosa intestinal, fazendo uso de seus acúleos e de secreção das glândulas de penetração. • Alcançando os vasos intestinais, seriam arrastados pela corrente circulatória e levadas a diversos pontos do organismo, parando onde a corrente é mais lenta e os vasos tem menor calibre (os da retina, cérebro e músculos). • Aí evoluem para a fase de larva, onde são encontrados com maior freqüência AÇÃO PATOGÊNICA • A patologia e a clínica dependem tanto da localização, número, tamanho e fase de desenvolvimento dos cisticercos, como da reação dos tecidos parasitados. • No tecido celular subcutâneo e nos músculos, provocam reação local e tumoração com calcificação do parasita após sua morte. • No globo ocular podem causar deslocamento da retina e dependendo da localização e resposta inflamatória, cegueira total.
• A forma mais grave é a nervosa. Podem ser encontrados no
• A infecção pode evoluir assintomaticamente por poucos meses e até anos, mas usualmente dentro de 4 a 5 anos manifesta-se de modo polimorfo e grave, comumente por sintomas indicativos de hipertensão intracraniana, crises convulsivas e distúrbios mentais
• Uma forma aguda pode ocorrer logo após a infecção, com
cefaléia, convulsão e coma podendo evoluir para óbito (encefalite por cisticercose). No entanto, a forma intraparenquimatosa ativa é a mais comum, apresentando melhor prognóstico. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Neurocisticercose Reações imunológicas no soro:
• baixa especificidade Avaliação laboratorial do líquor:
pressão aumentada; hipercitose moderada (5-50); eosinofilia; aumento de proteínas totais principalmente globulinas; imunoglobulinas específicas (IgG, IgM)
• Exame anatomopatológico: cisticercose subcutânea e