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Agentes e Vetores Patogénicos

MICROSPORÍDEOS

São parasitas intracelulares obrigatórios em quase todos os grupos de animais,


sendo vertebrados ou invertebrados. Na figura 2 é possível observar um esporo
uninucleado de microsporídeo, observando-se o filamento polar característico.

Estes organismos têm a particularidade de ser agentes patogénicos quer de


vertebrados quer de invertebrados, mas as espécies que provocam doença nos
invertebrados não são as mesmas que nos vertebrados.

Epidemiologia

No que toca à transmissão, esta ainda se encontra por esclarecer, ou seja, ainda
não é totalmente percetível de como é que eles são transmitidos aos hospedeiros. Os
indivíduos infetados libertam esporos para o ambiente através de fezes, urina ou
secreções pulmonares.

A transmissão faz-se de um indivíduo para outro e pode ser fecal-oral ou urinária-


oral. Estes organismos, normalmente, situam-se no tubo digestivo dos hospedeiros e,
portanto, juntamente com as excreções sai e, depois no caso de outro hospedeiro estar
em contacto com solo contaminado acaba por ocorrer a transmissão. As fontes de
contaminação também ainda são uma questão, ou seja, questiona-se se estes
microsporídeos serão como os criptosporídeos e que se encontram presentes na água,
alimentos e nos animais?

População de risco

O que se conhece em relação aos humanos é que os doentes com SIDA (ou seja,
indivíduos com HIV, mas que se encontram num estado de doença mais avançado), com
valores inferiores a 100 células/ uL de linfócitos T CD4+. Quando ocorre infeção de
microsporídeos nestes indivíduos, estes apresentam diarreias muito fortes. Atualmente,
os doentes com SIDA encontram-se a ser monitorizados para a presença de
microsporídeos nos seus organismos. A prevalência destes casos em portadores de HIV
pode variar entre os 7-50%.

No entanto, há exceções a este grupo de risco. Existem algumas crianças (até aos
6 anos) com relatos de diarreias intensas e em idosos (acima dos 80 anos), por todo o
Mundo. Estes indivíduos não são imunocompetentes e isto poderá ser justificado por dois
fatores:

• Idosos: pela idade avançada;


• Crianças: pela idade precoce que ainda não permitiu ao indivíduo produzir as suas
próprias defesas.

A grande maioria destes microsporídeos e,


em particular, os que causam mais problemas,
nomeadamente, em indivíduos com HIV são as
seguintes:

• Encephalitozoon intestinalis;
• Encephalitozoon cuniculi;
• Encephalitozoon hellen (conseguem sair do
tubo digestivo);
• Vittaforma corneae (normalmente, localiza-
se nos olhos dos hospedeiros humanos).

Nos pacientes com HIV, a espécie


Encephalitozoon são os microsporídeos mais
frequentes. Para além disso, esta espécie tem sido
encontrada noutros vertebrados como canídeos,
equíneos, suínos, ruminantes e aves (papagaios).
Por este mesmo motivo, a epidemiologia desta espécie ainda não é muito bem conhecida
e estudada. A Vittaforma tem sido encontrada em idosos e crianças, em Portugal.

HELMINTES

Neste grupo inserem-se 3 subgrupos, sendo eles: trematodes, cestodes e


nematodes. Os trematodes e os cestodes, relativamente à morfologia, são aqueles
organismos espalmados (semelhantes a massas compridas e espalmadas).

Os trematodes são considerados uma “máquina de reprodução”. São parasitas


obrigatórios (precisam de um hospedeiro para sobreviver) e, de facto, se não viverem
dentro de um hospedeiro acabam por morrer.
TREMATODES

Fasciolopsis buski
• É o maior parasita em humanos;
• É relativamente raro;
• Tem este ciclo de vida, um pouco diferente do que já foi estudado anteriormente;
• Também existe em porcos (o ciclo é igual aos humanos);
• Se não houver contacto do hospedeiro com águas onde existam estes molúsculos.

1. Ingestão do parasita e migração para o intestino (duodeno à intestino delgado à


intestino grosso à fezes);
2. Os ovos que se encontram na água vão desenvolver-se como que numa pré-larva
(miracídia), que migra e entra precisamente dentro dos caracóis;
3. Dentro dos caracóis, a miracídia desenvolve-se e origina uma forma tipo larva
completa, denominadas por cercárias;
4. As cercárias (formas móveis) saem do corpo dos caracóis, voltam para a água;
5. Pela ingestão de água ou dos próprios caracóis, o hospedeiro ingere as formas
móveis que depois originam adultos (já dentro do hospedeiro);
6. Desta forma, existe assim o completar do ciclo de vida;

É muito importante que os indivíduos possuam muito cuidado em relação ao


consumo/contacto com águas onde existam este tipo de caracóis e, até mesmo com a
ingestão deste tipo de caracóis.
• Distribuição Geográfica: Ásia e sub-continente indiano, especialmente em zonas de
criação de porcos e consumo de plantas aquáticas (se não forem devidamente lavadas,
podem existir caracóis agarrados).
• Sintomas: maioria são ligeiras e assintomáticas. Infeções severas provocam diarreias,
dor abdominal, febre e oclusão intestinal.
• Diagnóstico: identificação microscópica de ovos e mais raramente de adultos nas
fezes ou vómito; Os ovos não se distinguem dos de Fasciola hepática.

Fasciola hepatica e Fasciola gigantica


• São parasitas de herbívoros, que infetam acidentalmente os humanos;
• São mais pequenos quando comparados com a Fasciolopsis buski;
• Possuem exatamente o mesmo ciclo de vida do que o anteriormente abordado;
• Como hospedeiro alternativo, existe gado bovino e caprino (ovelhas, cabras, vacas,
etc.)
• A Fasciola hepatica é muito mais vulgar que a Fasciolopsis buski

• Distribuição geográfica: Mundial. A Fasciola hepatica é frequente em zonas com


criação de gado e ovelhas, com consumo de carne mal cozinhada. Inclui Europa, Médio
Oriente e Ásia. Infeções com Fasciola gigantica, embora sejam mais raras, também
ocorrem em África, Ásia e Hawai.
§ Também existem casos em Portugal;
• Sintomas
§ Na fase aguda ocorre a migração das larvas no parênquima hepático (problemas
no fígado que pode causar icterícia), ocorre dor abdominal, febre, vómitos,
diarreia, urticária (pode durar meses);
§ Na fase crónica as formas de adultos (formas imaturas) entopem nos ductos
biliares, ocorrem sintomas mais discretos, relacionados com a obstrução e
inflamação intermitente dos ductos.

• Diagnóstico: Identificação microscópica dos ovos (retirados das fezes ou de material


drenado do duodeno ou vesícula biliar). Morfologicamente indistintos de Fasciolopsis
buski. Para evitar falsos positivos, o paciente deve abster-se de ingerir fígado de
animais (eventualmente infetados). Deteção por antigénios é vantajosa nos estadios
mais iniciais da doença, quando ainda não existem ovos nas fezes.

• Deteção de anticorpos: infeções agudas podem preceder o surgimento de ovos nas


fezes, pelo que imunodiagnóstico se revela importante. Pode também ser usado no final
do tratamento como espécie de avaliação do mesmo (eficácia).

Schistosoma haematobium, japonicum, mansoni


• Provocam esquistossomose (muito frequente);
• É um trematode extremamente importante;
• Não existe em Portugal, mas sim na América do Sul;
• O Schistosoma haematobium tende a migrar para a bexiga, desenvolve infeções
crónicas e, por consequência pode vir a originar tumores na bexiga;
• Grupo mais abundante de todos os trematodes.
1. Os trematodes precisam todos de passar pela fase aquática e que o ciclo de vida
se complete dentro destes molúsculos aquáticos;
2. Os Schistosomas não têm como hospedeiro alternativo nenhum animal;
3. Passam diretamente do corpo dos caracóis para a água;
4. Neste caso, a pessoa precisa de se colocar dentro de água para que ocorra
infeção;
5. As cercárias (formas imaturas) penetram através da pele, visto que dentro de água
a pessoa perde ligeiramente a sensibilidade (pelos braços ou pelas pernas);
6. As cercárias entram e são transportadas pela circulação sanguínea, desenvolvem-
se originando adultos;
7. Normalmente, entram para o fígado (onde terminam a sua maturação sexual),
reproduzem-se e depois largam ovos (do fígado passam para os intestinos, bexiga)
8. Libertação dos ovos para as águas e novo ciclo de vida.

• Distribuição geográfica: Schistosoma mansoni encontra-se em zonas da América do


Sul, Caraíbas, África e Médio Oriente; S. haematobium em África e Médio Oriente;
S.japonicum na Ásia Oriental. Schistosoma mekongi e S. intercalatum regionalmente no
Sudeste Asiático e África Ocidental, respetivamente.

• Sintomas: Muitas infeções são assintomáticas. Febre, tosse, dor abdominal, diarreia.
Ocasionalmente lesões no SNC podem ocorrer com S.japonicum, Schistosoma
mansoni e Schistosoma haematobium. Infeções recorrentes provocam fibrose dos
órgãos afetados (diarreia sanguinolenta, cistite, uretrite com hematúria que pode evoluir
para tumor na bexiga, hipertensão pulmonar e lesões do SNC).

• Diagnóstico: Identificação microscópica dos ovos nas fezes (S. mansoni ou S.


japonicum) ou urina (S. haematobium). Biópsia retal para todas as espécies e da bexiga
(S.heamatobium) devem ser realizadas.
• Deteção de anticorpos: pode ser útil em pacientes que viajaram para zonas endémicas
e ainda não se detetam ovos nas fezes ou urina. Determinação da espécie faz-se pela
zona visitada ou por posterior análise dos ovos.

Controlo da Esquistossomose

• Informar e alertar os indivíduos para não irem para águas onde existam este tipo de
molúsculos;
• Retirar, regularmente destas águas, os molúsculos causadores da transmissão;
• Programas internacionais: adicionar às águas um tratamento (prazinquantel)

CÉSTODES

Taenia solium e Taenia saginata


• É a principal causa de cistocercose em
humanos;
• Adicionalmente, as larvas de outras
espécies de Taenia, que causam
infeções na pele, olhos, fígado e
cérebro;
• Hospedeiros alternativos: humanos,
vaca e porco;
• Ao contrário dos trematodes, os
cestodes são muito maiores;
• Quando um indivíduo está infetado é
apenas por uma ténia (mal dele se
fosse mais do que uma ténia);
• Morfologia da ténia: cabeça com boca
(com ventosas que se agarram às
paredes do intestino delgado e suga os nutrientes);
• Além desta zona cefálica, é constituída por uma espécie de segmentos (corpo) que são
órgãos reprodutores (que estão a produzir continuamente ovos que estão a ser largados
no tubo digestivo e depois vão ser excretados);
• Isto é, alimenta-se do hospedeiro e, simultaneamente, vai produzindo ovos;
• Nas fezes, sai para o exterior, esses mesmos ovos. Nas zonas onde existem porcos ou
vacas, estes ovos são ingeridos por estes animais, completam o ciclo de vida dentro
deles e, no caso dos animais, o consumo de carne que tem lá dentro incorporado estas
formas resistentes;
• O problema é comer carne mal cozinhada (porque o calor destrói);
• Alguns dos ovos podem desenvolver-se e migrar para o cérebro e, isto provoca lesões
neurológicas muito graves e pode, inclusive, provocar a morte;
• Distribuição geográfica: mundial, em zonas com saneamento básico precário. Como
porcos e vacas são o hospedeiro intermediário de, respetivamente, T.solium a
T.saginata, ocorre em regiões de criação de porco/vaca e ingestão de carne mal
cozinhada;

• Sintomas: os sintomas dependem do local de desenvolvimento do agente. A mais


severa é a cistocercose cerebral (distúrbios mentais, lesões intracerebrais, e morte
súbita). A cistocercose extracerebral pode provocar lesões oculares, cardíacas,
espinais. Podem encontrar se nódulos subcutâneos e musculares;

• Diagnóstico: A presença de ovos nas fezes só confirma a infeção, mas a doença


(cistocercose) precisa de confirmação nos tecidos envolvidos por técnicas serológicas.

Dipylidium caninum
• É um cestode que infeta cães e gatos, mas ocasionalmente é encontrado em humanos;
• Ele não existe na água, não precisa dos molúsculos, precisa de outra coisa... pulgas!
• O parasita consegue completar o seu ciclo de vida dentro da pulga;
• Ele entra no hospedeiro, por ingestão;
• As crianças, ao tocarem com as mãos nos cães/gatos e levarem-nas à boca pode
ingeri-la;
• A pulga vai então entrar no intestino e o parasita fica agarrado ao intestino;
• Mais uma vez o parasita vai começar a produzir ovos e a libertá-los, mas aqui existe
uma diferença, os ovos quando saem nas fezes, já se encontram minimamente
desenvolvidos e parecem larvas;
• Distribuição geográfica: Mundial. Registos na Europa, Ásia (Filipinas, China,
Japão) e América (Argentina e EUA);
• Sintomas: Maioria das infeções são assintomáticas. O sinal mais evidente em
animais e crianças é a saída dos proglótides (na região anal, fezes e fraldas) como
são móveis, podem ser confundidos com larvas de moscas;

• Diagnóstico: observação de ovos ou proglótides nas fezes ou meio ambiente (solo,


móveis);

NEMÁTODES

Ascaris lumbricoides
• É o maior nemátode que parasita o intestino humano;
• As fêmeas adultas medem 20-35 cm e o macho 15-30 cm;
• Estes, ao contrário dos outros grupos, são indivíduos redondos;
• São muito mais problemáticos;
• Mais comumente conhecidos por lombrigas;
• Em Portugal, é extremamente raro;
• Não existe intervenção de vetores, nem de hospedeiros secundários, a infeção ocorre
por ingestão direta;
• Isto está associado a falta de cuidados básicos de higiene;
• Normalmente, ocorre por contacto direto com fezes;
• Por vezes, as lombrigas podem migrar para outras zonas do organismo, nomeadamente
os pulmões, podendo provocar sintomas como tosse (por ter, precisamente, larvas ou
adultos a circular);
• Distribuição geográfica: Mundial, com elevada prevalência nas regiões tropicais e
subtropicais. Ocorre nas áreas rurais dos países industrializados.

• Sintomas: Usualmente nemátodes adultos não provocam sintomas agudos . Uma


taxa elevada de indivíduos provoca dor abdominal e obstrução intestinal. Pode
ocorrer expulsão oral. Na fase de migração larvar, podem surgir sintomas
pulmonares : tosse , dispneia, hemoptises.

• Diagnóstico: Identificação microscópica de ovos nas fezes. Durante a migração


pulmonar podem identificar se larvas em aspirados pulmonares. Adultos podem
encontrar se nas fezes ou ser expelidos pela boca.

Trichinella
• Causa a doença denominada por triquineliose;
• Este é um problema mais veterinário, exceto em zonas onde a carne que é consumida
não passa pela vistoria;
• Muito associado a porcos;
• Localiza-se nos músculos dos hospedeiros;

• Distribuição geográfica: Mundial. Mais comum na Europa e EUA;

• Sintomas: Infeções leves são assintomáticas. Infeções graves provocam


problemas gastrointestinais (diarreia, dos abdominal e vómitos). Migração das
larvas para o tecido muscular (1 semana após infeção) pode provocar edema facial
ou periorbital, conjuntivite, febre, mialgias). Raras manifestações podem incluir
miocardites ou infeções do SNC;

• Diagnóstico: Observações microscópicas, deteção de anticorpos ou biópsia aos


músculos;

Wuchereria bancrofti e Brugia malayi


• Causa a doença denominada por filaríase linfática;
• São nemátodes que se localizam nos vasos linfáticos;
• Ocupam o tecido subcutâneo ou vasos linfáticos;

• Vetores: Mansonia e Aedes;


• A elefantíase afeta cerca de 120 milhões de pessoas;
• Entram no hospedeiro, através da picada de um vetor;
• Estes nemátodes sobrevivem dentro do sistema digestivo dos mosquitos;
• As fêmeas, ao fazerem a sua alimentação sanguínea e ao estarem infetadas, injetam
na circulação sanguínea do hospedeiro o parasita;
• Estes nemátodes, saem da corrente sanguínea e invadem os vasos linfáticos e
reproduzem-se dentro dos mesmos;

Agente

W.bancrofti B.malayi B.timori

Culex
Anopheles
Anopheles
Vetor Aedes Anopheles
Aedes
Mansonia
Mansonia
• Aedes: Zika e Dengue;
• O facto de existirem os mesmos vetores para várias doenças podem existir
coinfeções;
• As pessoas quando são infetadas vão ficando com edemas;
• Na elefantíase ocorrem, normalmente, edemas unilaterais (pode ocorrer nas
pernas, testículos, braços, mamas);

Onchocerca volvulus
• Provoca a denominada “cegueira
dos rios” ou oncocercose;
• Vetor: Simulium spp.(moscas);
• Invadem maioritariamente os
olhos;
• Quando as moscas fazem a sua
alimentação de sangue elas
injetam o nemátode no organismo do hospedeiro;
• Migram pelo sistema circulatório/linfático = podem provocar escamação da pele,
nódulos e cegueira;
• Distribuição geográfica: África (na zona dos grandes rios) e América do Sul;

Loa Loa
• Provoca a denominada loíase;
• Vetores: Chrysops silacea e
C.dimidiata;
• É uma filaríase e é transmitida
também pela picada (de uma mosca,
neste caso) através da sua refeição
sanguínea;
• A Loa loa vai acumular-se nos vasos
linfáticos;
• Este parasita não é tão grave como os
outros, não provoca entupimento dos vasos linfáticos, não
provoca edemas;
• Possui uma área de distribuição muito mais limitada: São
Tomé e Príncipe; África Ocidental
• A Guerra Colonial trouxe muito este parasita para Portugal;
• As larvas durante a noite têm um comportamento estranho
§ Saem da linfa;
§ Vão para a circulação;
§ Migram para os pulmões;
§ Assim que amanhece a tosse passe = microfilárias saem dos pulmões;

• Existe a assimetria das filaríases: porque andam apenas por um lado do corpo;
• Podem migrar para os olhos (facilmente retirados);
• Afeta as pessoas com sistema imunitário deficiente (isto quando migram para os
olhos).

Mansonella ozzardi
• Provoca a filaríase;
• Vetor: Similium spp.
• São mais leves (a nível de sintomatologia) comparativamente com as outras;

Distribuição geográfica
§ Wuchereria bancrofti encontra se em todo o mundo;
§ Brugia malayi limitado à Ásia; Brugia timori limitado a Timor e algumas ilhas da
Indonésia;
§ Onchocerca volvulus, ocorre principalmente em África, América Latina e Média
Oriente,
§ Loa loa e Mansonella streptocerca encontram se em África;
§ Mansonella perstans em África e na América do Sul;
§ Mansonella ozzardi apenas no continente americano.

Sintomas
§ Filariose linfática normalmente é assintomática. Alguns pacientes apresentam
elefantíase (especialmente nos membros inferiores) e com Wuchereria bancrofti,
elefantíase escrotal. Na Ásia é comum ocorrer tosse e febre.
§ Oncocercose pode causar prurido, dermatite, nódulos subcutâneos, sendo a lesão
mais grave a nível ocular podendo provocar cegueira.
§ Infeções de Loa loa são assintomáticas podendo ocorrer conjuntivites.
§ Mansonella perstans, frequentemente assintomática, pode provocar prurido, febre,
dos de cabeça, artralgias e manifestações neurológicas.
§ Mansonella streptocerca provoca prurido, erupções papulares e alterações
pigmentares.
§ Mansonella ozzardi pode provocar artralgias, dor de cabeça, febre e prurido.

Diagnóstico
§ Observações microscópicas de amostras de sangue permitem a identificação de
Wuchereria bancrofti, Brugia malayi, Brugia timori, Loa loa, Mansonella perstans,
M.ozzardi;
§ Amostras de pele permitem a identificação de Onchocerca volvulus e Mansonella
streptocerca.

Global Program to Eliminate Lymphatic Filariasis (GPELF)

Este foi um programa de eliminação/de solução para estes nemátodes. Iniciou-se


há cerca de 20 anos (antes de 2000), pela Organização Mundial de Saúde, com técnicos
por todo o Mundo. O objetivo inicial deste programa era até 2020 eliminar a filaríase em
todo o Mundo (fundamentalmente Wuchereria bancrofti, Brugia malayi, Brugia timori).
Começou a haver programas (em termos económicos é necessário um grande
investimento), com a administração de fármacos que destroem as microfilárias dentro das
pessoas. Por um lado, reduziu-se o reservatório da doença, isto é, existem vetores, mas
não transmitem a doença. Para além disso, faz com que as pessoas também possuam
melhores condições (quando são infetadas com a doença), na medida em que os sintomas
são menos agressivos. Os medicamentos utilizados foram:
• Dietilcarbamazina (DEC);
• Ivermectina: muito eficaz contra a Onchocerca (2017: eliminou a doença em
vários países); No Sudão não foi possível eliminar porque este país entrou em
guerra;
• Albendazole;

Figura 1. - Mapa de doença Onchocerca antes deste plano.

Estratégia da MDA (Mass Drugs Administration): uma dose anual de dois dos
medicamentos combinados, durante 4-6 anos;

Dracunculus medinensis
• Provoca a dranculíase (ou, também
denominada por bitacaia);
• É específica da Angola;
• Este é um nemátode semelhante aos
trematodes porque necessita de
meios aquáticos para completar o seu
ciclo de vida;
• Hospedeiros secundários: copépodes;
• Dentro destes hospedeiros é que eles completam o seu ciclo de vida;
• A infeção é por via oral, ou seja, os indivíduos ingerem água contaminada com
estes copépodes, chegam ao estômago (o copépode é destruído) e as larvas do
nemátode vão sair;
• Passam para a circulação à pele do hospedeiro à deslocação pelos membros
inferiores à provocam orifícios nas pernas ou nos pés à saem para a água à
procuram dos copépodes para completar o ciclo de vida;
• Normalmente, os parasitas saem do corpo do hospedeiro (iniciam a ferida) quando
atingem maturidade sexual; Isto é realizado, essencialmente, pelas fêmeas;

Distribuição geográfica: restrita a áreas rurais e isoladas dos países africanos;

Sintomas: sintomas locais (dor) mas incapacitantes, principalmente devido a infeções


bacterianas que ocorrem secundariamente;

Erradicação

• Redução permanente, a zero, da incidência de uma doença causada por um agente


específico, com resultado de esforços deliberados, não sendo necessárias
intervenções futuras.
• A erradicação da varíola levantou a possibilidade da erradicação de outras
doenças, como a dracunculíase;
• 1981-1990: década internacional da água potável e saneamento (Nações Unidas);
• 1991: erradicação da dracunculíase no final de 1995 (Assembleia Mundial de
Saúde);

Dracunculíase: A possibilidade de erradicação

• Os hospedeiros intermediários (copépodes) apresentam uma mobilidade limitada;


• Não existe nenhum reservatório animal;
• Tempo de permanência do parasita (tanto no hospedeiro definitivo como no
intermediário) é curto;
• O diagnóstico é fácil e não ambíguo;
• Distribuição geográfica limitada;
• É sazonal;
• A transmissão de outros animais para humanos é praticamente inexistente;
• Medidas simples, pouco dispendiosas e eficientes para prevenir a transmissão
da doença;

Este plano foi então levado para a frente. Primeiramente, a população foi
devidamente informada acerca das medidas que deviam de ser tomadas, nomeadamente
a não ingestão de águas que não tivessem sido tratadas. Depois foram construídas
algumas fontes com água tratada, foram também ensinados métodos de
filtração/esterilização da água. Além disso, teve de ser utilizada alguma “arma” para
conseguir destruir os copépodes. Foi então utilizado os temefos que assim que entravam
dentro dos copépodes, estes morriam. Como os crustáceos assumem um ciclo de vida
bastante curto, começou a existir a chamada resistência através de mutações destes
organismos.

Posteriormente começaram a ser utilizados inseticidas como a deltametrina,


cipermetrina, entre outros para os destruir.

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