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PARASITOLOGIA CLÍNICA

Ascaridíase
Ascaris lumbricoides

Elizandra Ap. Britta Stefano


 Reino: Animalae
 Filo: Nematoda
 Classe: Secernentea
 Ordem: Ascaridida
 Família: Ascarididae
 Subfamília: Ascaridinae
 Gênero: Ascaris
 Espécie: Ascaris lumbricoides

Ampla distribuição geográfica


Crianças (1-10 anos). “Lombriga”
Macho
MORFOLOGIA Fêmea
Ovos

 Intestino delgado (jejuno e


íleo)
Fêmea
O tamanho pode variar
dependendo do número de
parasitos albergados e do
estado nutricional do
Macho indivíduo

 Adultos: longos, robustos,


cilíndricos, com
extremidades afiladas 3

Fonte: REY, 2001


MORFOLOGIA
 A boca, na extremidade anterior possui 3 fortes lábios com
serrilha de dentículos
 Cor leitosa
 Macho: 20-30cm x 2-4mm
 Fêmea: 30 – 40cm x 3-6 cm Vive de 1 a 2 anos no
intestino

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Fonte: REY, 2001
OVOS de
A. lumbricoides

Fonte: REY, 2001

Fonte: NEVES, 2016


MORFOLOGIA – OVO FÉRTIL
Quando eliminados não são infectantes.

Membrana externa Membrana interna lipídica


MAMILONADA 50-60 µm
Impermeável a água.
 Permite aderência os Oval RESISTÊNCIA*
ovos, importante na
DISSEMINAÇÃO*

Membrana média, hialina Massa de


e lisa, formada quitina células
associada a proteínas. germinativas
 RESISTÊNCIA*
L3 infectante
MORFOLOGIA – OVO FÉRTIL
• OVOS embrionados contém a larva L3 no seu interior, e
esta é a forma infectante para o homem

S/ membrana Mamilonada:
decorticado
MORFOLOGIA – OVO INFÉRTIL
 Alongado
 Membrana mamilonada fina

 Citoplasma granuloso
Ciclo Biológico
MONOXÊNICO


UMIDADE
O2 Vermes adultos copulam no
intestino do
hospedeiro definitivo e
eliminam ovos nas fezes.

Fonte: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/image/ciclo-de-vida-
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do-ascaris-lumbricoides
TRANSMISSÃO • Alimentos
Ingestão de ovos larvados (L3) • Água
FORMA INFECTANTE do • Mãos (unhas)
parasito. • Poeira
• Insetos
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
Fase aguda (fase de migração larvária):

FÍGADO

 A passagem das larvas pelo fígado, na maioria dos


casos, não produz sintomatologia;
 Pode ocorrer fenômenos hepáticos agudos tais como:
dor no quadrante superior direito, hepatomegalia
dolorosa, icterícia, mal estar geral, febre baixa,
anorexia, náuseas, vômitos, “empachamento
epigástrico”

 Focos hemorrágicos e de necrose que futuramente


tomam-se fibrosados
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
Fase aguda (fase de migração larvária):

PULMÕES

 Ocorrência de pontos hemorrágicos na passagem das


larvas para os alvéolos;
 Há edemaciação dos alvéolos, quadro pneumônico
com febre e tosse, manifestações alérgicas, bronquite
e eosinofilia;
 Síndrome de Loeffler
 Na tosse produtiva (com muco) o escarro pode ser
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sanguinolento e apresentar larvas do helminto.
VERME ADULTO
Ação Ação Ação tóxica
espoliativa mecânica

Carência de lipídeos,
carboidratos,
proteínas e vitamina A
e c (manchas brancas
na pele) Reação antígeno –
anticorpo
Subnutrição e
depauperamento Edema, urticária
Lesões na mucosa
físico e mental
Obstrução intestinal
Diagnóstico

ASSINTOMÁTICO SINTOMÁTICO

INDIVÍDUOS INFECTADOS PODEM APRESENTAR


CLÍNICA VARIADA
Diagnóstico laboratorial

 Pesquisa de ovos nas fezes (40 dias após a


infecção)
 Técnica de Luts ou de Hoffman, Pons e Janer:
sedimentação espontânea.
 Método de Kato modificado por Katz (OMS
recomenda para inquéritos epidemiológicos).
 *vermes fêmeas – ovos inférteis

 *vermes machos - negativo


Técnica de Hoffman, Pons e Janer

Fonte:
Fonte: https://www.docsity.com/pt/metodos-de- https://www.youtube.com/watch?v=htXB2Q
estudo-em-parasitologia/4893263/
rKe7o

Fonte:
https://www.tiraojaleco.com.br/2018/10/metodo-de-
hoffman-sedimentacao.html
Técnica de Kato-Katz

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Preparation-of-Kato-Katz-slides-Step-1-All-the-required-
tools-are-accommodated-Step-2_fig1_326146068
EPIDEMIOLOGIA

 É o helminto mais frequente em países pobres


 Faixa etária 1-10 anos
 Clima, umidade e inadequadas condições de higiene, alta
densidade populacional

O que favorece a disseminação/ transmissão, são:


 Alta quantidade de ovos produzidos e eliminados
 Ovo infectante  1 ano
 Alta concentração de indivíduos vivendo em condições
precárias de saneamento
 Grande quantidade de ovos no meio  crianças defecam
em qualquer lugar
 Dispersão fácil dos ovos: aves, insetos, chuva, vento
 Falta de informação da população
 Brincadeiras em contato com a terra
Ancilostomose ou Ancilostomíase
Ancylostoma duodenale
Ancylostoma ceylanicum
Necator americanus

• Doença alto impacto mundial


• 440 milhões de pessoas parasitadas
NEVES, 2016.
Classificação taxonômica

 Reino: Animalia  Reino: Animalia


 Filo:Nematoda  Filo: Nematoda

 Classe: Secernentea  Classe: Secernentea

 Ordem: Strongylida  Ordem: Strongylida

 Família: Ancylostomatidae  Família: Ancylostomatidae

 Gênero: Ancylostoma  Gênero: Necator

 Espécie: A. duodenale; A.  Espécie: N. americanus


ceylanicum
Ancylostoma duodenale
Ancylostoma ceylanicum
Necator americanus

• Verme adultos vivem na mucosa do intestino


delgado, preferencialmente do duodeno, onde se
prendem firmemente à mucosa.
FORMAS MORFOLÓGICAS

Vermes adultos

Ovos

Larvas: larva rabditoide, larva filarioide


MORFOLOGIA
Aparelho bucal

Ancylostoma duodenale Necator americanus

Lâminas cortantes (não


Dentes na margem da boca
dentes) que circundam a
margem da boca
MORFOLOGIA Aparelho bucal

Ancylostoma duodenale Necator americanus


2 Pares de dentes ventrais – na 2 lâminas ou placas cortantes
margem interna da boca (semilunares)
Um par de dente triangular (Lanceta) no 1 dente longo (cone) no fundo da boca
fundo da boca 2 dentículos (lancetas)
MORFOLOGIA
Ancylostoma duodenale

Macho Fêmea
• Macho: extremidade posterior • Abertura genital (vulva) no
com bolsa copuladora bem terço posterior do corpo
desenvolvida • Cauda afilada e com um
• Com dois espículos longos processo espiniforme
• Um gubernáculo bem evidente terminal.
MORFOLOGIA
Necator americanus

Macho Fêmea
• Bolsa copuladora bem desenvolvida • Extremidade afilada sem a
• 2 espículos longos presença de processo espiniforme
• Sem gubernáculo
MORFOLOGIA
• Oval
• 60 µm x 40 µm
Ovo • No interior 
BLASTÓMERO
• ECLOSÃO  LARVA L3
MORFOLOGIA Ovo
• Fêmeas, depois de fecundadas, depositam ovos de casca fina que
logo iniciam a segmentação;

• Necator - 6 a 11 mil ovos por dia, medindo entre 64 e 76 µm


• Ancylostoma duodenale - 20 a 30 mil com dimensões entre 56 e 60
µm;

• O embrionamento larvário completa-se no meio exterior em cerca


de 18 horas, e a eclosão dá-se em um ou dois dias, saindo uma
larva rabditoide.

Ovos de
ancilostomídeos em
duas fase de
embrionamento (A e
B) e com uma larva
já formada no seu
interior (C).
TRANSMISSÃO
 Através da penetração da larva L3 na pele a partir do
solo contaminado (via transcutânea)

 Através de água e alimentos contaminados com L3 (via


oral)
CICLO BIOLÓGICO Período pré-patente
35 a 60 dias para A. duodenale.
42 a 60 para N. americanus.
21 a 35 dias para A. ceylanicum
CICLO BIOLÓGICO
Ancilostomídeos

Fezes com ovos


18 horas Intestino delgado (verme adulto)

Ovos embrionados com


L1 Laringe(deglutida ou expelida)
24 horas 2 a 7 dias
Eclosão do ovo no solo Coração, pulmões (L4)
com L1
3 a 4 dias
L2 rabditóide -
solo L3 migra pela circulação
5 dias
sanguínea ou linfática
L3 filarióide - infectante

Penetração da larva L3 na pele,


mucosa, conjuntivas
PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Fase aguda
Lesões cutâneas
 Dermatite pruriginosa ou urticariforme com resolução espontânea (pode ser
graves em casos de reinfecções);
 Sensação de picada, hiperemia, prurido, edema devido processo inflamatório.

Migração no trato respiratório


 Coriza, faringite, laringite, sensação de obstrução na garganta e dor ao falar.

Migração no trato gastrointestinal


 Dor epigástrica, cólicas,
 modificações do apetite,
 indigestão,
 náuseas,
 vômitos,
 flatulências
PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Fase crônica

 Laceração da mucosa e da submucosa


 ANEMIA
 Hipoalbuminemia

Anemia depende:
 quantidade de ferro ingerida na dieta e das reservas de ferro no

organismo = estado nutricional da pessoa


 intensidade da infecção

 espécie de ancilostomídeo envolvido:

 A. duodenale capacidade de sugar 0,05 a 0,3 mL/sangue/dia.

 N. americanus capacidade de sugar 0,01 a 0,04 mL/sangue/dia.


DIAGNÓSTICO
 Clínico: associação de quadro:
- Cutâneo
- Pulmonar
- Intestinal
- Com anemia ou não.

Zona endêmica?
DIAGNÓSTICO
Laboratorial:

 Exame parasitológico de fezes


 Método Hoffman, Pons e Janer (Método de sedimentação
espontânea);
 Método de Willis (Método de flutuação espontânea)

 Coprocultura (Método de Harada e Mori - diferenciação


das espécies e contagem de L3 por grama de fezes)
 Métodos imunológicos: ELISA, hemaglutinação);

 Métodos moleculares: PCR em fezes.


Técnica de Willis

 Na dupla propriedade que apresentam certos ovos de helmintos


de flutuarem na superfície de uma solução de densidade elevada,
como a solução saturada de cloreto de sódio em água e aderirem
ao vidro.

Fonte: https://silo.tips/download/classificaao-taxonomica-de-ectoparasitas-e-endoparasitas-de-felinos
adaptado.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Nome do paciente: Idade: Sexo:

Nome do médico:

Data:

EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

Consistência das fezes: pastosas

Método empregado: Hoffman, Pons e Janer

Resultados: Ovos de Ascaris lumbricoides, Ovos de Ancilostomídeos.

Observação:
EPIDEMIOLOGIA

 Acomete cerca de 440 milhões de pessoas – regiões dos


trópicos e subtrópicos do mundo;
 A ancilostomose ainda remete à uma desigualdade
social exacerbada, diretamente relacionada a
prevalência de doenças tropicais;
 Aumento do número de indivíduos em miséria nas
regiões urbanas (urbanização da pobreza);
 Impacto da ancilostomose não está totalmente claro,
pois o processo de urbanização não é acompanhado
pelo sanitarismo adequado.

NEVES, 2016.
REFERÊNCIAS
DE CARLI, G. A. Parasitologia Clínica: seleção de
métodos e técnicas de laboratório para o diagnóstico
das parasitoses humanas. Editora Atheneu, 2001.

NEVES, D. P. Parasitologia humana. Editora Atheneu,


13ed. 2016.

REY, L. Parasitologia. Editora Guanabara Koogan, 3 ed.,


2001.

ZEIBIG, E. Parasitologia Clínica: uma abordagem


clínico-laboratorial. Editora GEN Guanabara Koogan, 2
ed., 2014
 OBRIGADA...

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