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Ancilostomose

Prof. Pedro Paulo Carneiro, PhD


Ancilostomídeos - Epidemiologia
▪ Distribuição mundial
▪ Endêmico nas zonas rurais
▪ Falta de instalações sanitárias e o hábito
de defecar no solo (peridomicílio) e andar
descalço
▪ Maior frequência em crianças > 6 anos,
adolescentes e adultos mais velhos
▪ Desenvolvimento dos ovos: umidade
>90%, ausência de raios solares, solo
arenoso e rico em matéria orgânica,
temperatura de 25 - 35 °C, etc.
▪ Monteiro Lobato (1919):
“ O Jeca não é assim - está assim”
Etiologia
Classe Sercenentea

Família
Ancylostomidae

Placas ou
Apêndices Subfamília Subfamília
lâminas
quitinosos Ancylostominae Bunostominae
quitinosas
em forma de
ao redor da
dentes na
abertura da
cápsula
A. duodenale cápsula
bucal
A. ceylanicum bucal
Necator americanus
A. braziliense
A. caninum
Morfologia

▪ Vermes adultos
Forma do corpo (cilíndricos com dimorfismo sexual)
Tamanho (0,5 – 1,8 cm compr. x 400 – 600 μm largura)
Cauda da fêmea (afilada)
Cápsula bucal (dentes ou laminas cortantes)
▪ Ovos (similares entre as espécies)
Ovais (60 x 40 μm)
▪ Larvas
Rabditoides - esôfago com dilatações
Filarioides (infectantes) – esôfago retilíneo
Ancylostoma duodenale

http://www.nematode.net
Macho Fêmea
Cápsula bucal apresenta 2 pares - 8-11mm x 400µm - 10-18mm x 600µm
de dentes triangulares em sua - Extremidade posterior - Extremidade posterior
margem superior. com bolsa copuladora afilada
Necator americanus
Ancilostomídeo do Novo Mundo

Cápsula bucal larga, apresenta duas


placas ou lâminas cortantes, em
forma de meia-lua.

Macho Fêmea
- 5-9mm x 300µm - 9-11mm x 350µm
- Extremidade caudal com - Extremidade posterior
bolsa bem desenvolvida afilada
A. duodenale A. ceylanicum N. americanus
Extremidade posterior da fêmea de A. duodenale

Extremidade posterior da fêmea de N. americanus

Extremidade posterior do macho


Ciclo bioldgico de Ancylostomidae de humanos:
A) ovo recém-eliminado com as fezes;
B) ovo com larva de primeiro esthdio;
C) eclosão de larva de primeiro esthdio;
D) larva de primeiro esthdio, com tamanho original de
300pm;
E) formação da larva de segundo esthdio com restos de
bainha e
com tamanho original de 400~
F) larva de terceiro esthdio ou infectante, com tamanho
original de 600pm.

As linhas tracejadas e setas indicam as vias


de penetração da larva infectante: 1) transcutãnea:
circulaçáo, cava, coração, pulmão, traquéia, faringe, laringe
(ingestão), esdfago, estdmago e intestino
delgado; 2) oral: ingestão, esdfago, estdmago e intestino
delgado.
Ovos típicos de Ancilostomídeos
(blastômeros)

Oval (60μM X 40μM)


Ovo de Ancilostomídeos
(recém eliminado – sem segmentação)
Larva rabditoide
Primeiro (L 1) e segundo estádio (L 2)

No solo:
Movimentos serpentiformes
Alimentam-se de matéria orgânica e microrganismos
Larva Filarioide
Terceiro estádio (L3 infectante)

No solo:
Movimentos serpentiformes
Não se alimentam (cutícula externa que fecha a cavidade bucal)
Produção de enzimas que facilitam a penetração nos tecidos
Aspectos biológicos
▪ Habitat
Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo)
▪ Transmissão
Penetração da L3 filarioide (infectante):
1 - Ativa (via transcutânea) → ciclo pulmonar
2 - Passiva (via oral) → sem ciclo pulmonar

Formas de transmissão não observadas em humano:


Auto-infecção endógena, infecção intra-uterina ou transmamária (colostro)
Ciclo Biológico
1 - Meio externo → Vida livre
Ovo, ovo embrionado, L1, L2 e L3 (larva infectante filarióide)
Condições favoráveis para embrionia: boa oxigenação,
temperatura elevada, umidade alta (>90%)
Tropismos da larva filarióide: termo e hidrotropismo positivos e
geotropismo negativo
2 - Meio interno → Vida parasitária
L3, L4, L5 e verme adulto
Circulação sanguínea ou linfática → Coração → Pulmões (L4)
→ Árvore brônquica → Intestino delgado (L5 → formas
adultas)
Ancilostomídeos – Ciclo biológico

PELE
1. Circulação: coração,
pulmões;
2. Brônquios, bronquíolos, L3
traquéia (L4);
3. Faringe, laringe, esôfago
4. Intestino delgado (L5)
5. Verme adulto 5d

L1 e L2

INGESTÃO DE LARVAS L3
1. Perda da cutícula no
estômago
2. Intestino delgado (L4 e L5)
3. Verme adulto

A. duodenale – 20.000 ovos/dia


N. americanus – 10.000 ovos/dia
Ancilostomídeos - Patogenia

Fase aguda
Migração das larvas (tecido cutâneo e pulmonar) e instalação
dos vermes adultos no intestino delgado.
Fase crônica
Permanência do verme adulto + espoliação sanguínea +
deficiência nutricional (desnutrição) → alterações fisiológicas,
bioquímicas e hematológicas.
Aspectos clínicos
N. americanus ⮞ 0,01 a 0,04 ml de sangue/dia
A. duodenale ⮞ 0,05 a 0,30 ml de sangue/dia

↓ Reserva de ferro
Perda proteica

Anemia ferropriva secundária a


Ancilostomose
Ancilostomídeos – Quadro Clínico
Manifestações Manifestações Manifestações
Cutâneas Pulmonares Intestinais

Ocorrem nos locais de Febre baixa, tosse ✔Lesões inflamatórias, dor


penetração das larvas seca, e dispnéia; epigástrica, alterações de
L3 (eritrema, finas Síndrome de Loeffler; apetite, náuseas, vômitos;
pápulas pruriginosas, Eosinofilia (escarro e ✔Perda contínua de sangue –
nas reinfecções são sangue). Anemia Ferropriva;
mais violentas);
✔Perda contínua de Proteínas –
Presença de infecções
TGI;
secundárias.
✔Astenia, dispnéia, taquicardia,
cefaléia.
Anemia ancilostomótica crônica
Palidez, cansaço, falta de ar, palpitações,
taquicardia, lassidão e preguiça → retardamento
físico e mental
Rey, 2008
Aspectos imunológicos

• Ancilostomose aguda
Eosinofilia e aumento de anticorpos IgE e IgG (não
protetores)
• Ancilostomose crônica
Eosinofilia e aumento de IgE total e anticorpos
específicos (IgG, IgA e IgM)
Diagnóstico
• Epidemiológico ou coletivo
Observação do quadro geral da população
• Clínico ou individual
Anamnese e associação com sintomatologia
• Diagnóstico direto ou parasitológico:
1 - Exame parasitológico das fezes → Sedimentação
espontânea, centrifugo-flutuação, Willis...
2. Coprocultura → Cultura em ágar
• Diagnóstico indireto ou imunológico:
Precipitação, hemaglutinação, difusão em gel, ELISA, etc.
Sem utilidade na prática
Controle
• Países desenvolvidos
Barateamento e produção de calçados, drogas
anti-helmínticas eficazes e acessíveis → redução dos casos
• Países em desenvolvimento
Falta de saneamento básico e educação sanitária,
alimentação pobre, escassez de medicação anti-helmíntica
→ aumento dos casos
• Medidas preventivas coletivas e individuais
• Tratamento em massa da população
• Busca de uma vacina
Tratamento
▪ Terapia individual
Utilização de anti-helmínticos:
PAMOATO DE PIRANTEL ⮞ Inibe a colinesterase
(Piranver, Combantrin) causando a paralisia do verme.
(10-20mg/kg/3 dias)
MEBENDAZOL ⮞ Age bloqueando a captação de
(Pantelmin, sirben) glicose e aminoácidos.
(100mg/2 vezes ao dia/3 dias)
ALBENDAZOL ⮞ Larvicida
(Zentel) (400mg/dia, dose única)

* Suplemento alimentar ⮞ Rico em proteínas e Ferro


* Anemia ⮞ Sulfato ferroso

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