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Anatomia do Olho

1. Vítreo

- O corpo vítreo é a estrutura anatômica que preenche o globo ocular, ocupando 80% do seu volume total;

- E composto por um complexo transparente de fibras de colágeno tipo II, ácido hialurônico e água;

- Apesar de 98% do complexo ser constituído por água, a presença do ácido hialurônico faz com que o vítreo tenha
uma viscosidade duas vezes maior que a da água;

- O vítreo central e o córtex vítreo (ou membrana hialoide) se distinguem histologicamente;

- A porção central do vítreo possui uma organização frouxa, em que as fibras de colágeno estão dispostas de modo
esparso, separadas por moléculas de hialuronato e água. Por outro lado, as fibras que se inserem na base vítrea,
apresentam maior concentração de colágeno e uma forte adesão à retina e à pars plana, não podendo ser separadas
mecanicamente desses tecidos;

- No córtex vítreo, o colágeno está agrupado de maneira muito mais densa;

- A hialoide está disposta paralelamente à superfície retiniana e, de acordo com sua posição em relação à base
vítrea, é classificada em hialoide anterior e posterior. Além da base vítrea, outras áreas de maior adesão entre a
hialoide e a retina são a mácula, a cabeça do nervo óptico e os vasos retinianos.

2. Retina neurossensorial

- A retina neurossensorial se desenvolve a partir da parede interna do cálice óptico embrionário, tendo, portanto,
origem neuroectodérmica;

- Constitui a túnica nervosa e mais interna do globo ocular;

- Estende-se desde a cabeça do nervo óptico até a ora serrata, onde apresenta continuidade com o epitélio não
pigmentado da pars plana;

- A espessura da retina neurossensorial varia desde 560 jum em sua porção mais posterior, passando por 180 jum no
equador, até atingir 100 jum na ora serrata;

- São nove as camadas da retina neurossensorial:

 Camada de fotorreceptores: E a camada mais externa. Constituída pelo segmento externo dos cones e
bastonetes, repousa sobre as células do epitélio pigmentar retiniano (EPR), com as quais estabelece íntima relação
anatômica e metabólica.

 Membrana limitante externa: Composta por plexos juncionais das células de Müller, não é exatamente uma
membrana, mas uma lâmina perfurada. Encontra-se entre os segmentos internos e externos dos fotorreceptores.
 Camada nuclear externa: Esta camada é formada pelos segmentos internos dos cones e bastonetes, onde se
encontram os núcleos dessas células.

Camada plexiforme externa: E formada pela sinapse entre os axônios dos fotorreceptores e os dendritos das
células bipolares. Sua espessura é maior na fóvea, onde as fibras mais centrais são mais longas e repousam
radialmente sobre as mais periféricas para alcançar as camadas internas, que estão rebatidas perifericamente nessa
região, formando, assim, a camada de Henle.

Camada nuclear interna: É constituída pelos núcleos das células bipolares, horizontais e células de Müller. As
células bipolares constituem o segundo neurônio das vias ópticas, conectando os fotorreceptores às células
ganglionares. As células horizontais, localizadas mais externamente, estabelecem conexões com os axônios dos
fotorreceptores e com as células bipolares adjacentes. As células de Müller são responsáveis pela sustentação da
retina sensorial.

 Camada plexiforme interna: Formada pelas sinapses entre os axônios das células bipolares e os dendritos das
células ganglionares.

Camada de células ganglionares: Contém os corpos celulares das células ganglionares, que constituem o terceiro
neurônio das vias ópticas. Possui também processos das células de Müller e da neuróglia.

 Camada de fibras nervosas: Formada pelos axônios das células ganglionares. Tem sua espessura aumentada no
sentido posterior, onde suas fibras convergem para formar o nervo óptico.

 Membrana limitante interna: É a camada mais interna da retina, constituída de prolongamentos das células de
Müller.

- A circulação retiniana é responsável pela nutrição da retina interna, que se estende até a porção interna da camada
nuclear interna. A retina externa, que abrange as camadas desde o EPR até a porção externa da camada nuclear
interna, tem suas necessidades metabólicas supridas pela coroide;

- As artérias retinianas são, na verdade, arteríolas, já que não possuem lâmina elástica ou camada muscular;

- A artéria central da retina, que é um ramo da artéria oftálmica, penetra no nervo óptico em um ponto entre 6 e 15
mm distante do globo ocular, na sua face inferior medial, e se projeta anteriormente, emergindo no interior do
globo ocular através da cabeça do nervo óptico, onde se ramifica por dicotomização.

3. Epitélio pigmentado da retina (EPR)

- O EPR tem origem neuroectodérmica, desenvolvendo-se a partir da parede externa do cálice óptico embrionário,
porém se diferencia em um epitélio secretor;

- Consiste em uma camada única de células cuboidais hexagonais, localizada entre a membrana de Bruch e a retina
neurossensorial;

- Em sua porção apical, as células do EPR se relacionam intimamente com os fotorreceptores através de vilosidades
que envolvem os segmentos externos dessas células;

- O extremo grau de especialização atingido pelos fotorreceptores ao longo do processo evolutivo comprometeu a
autossuficiência metabólica dessas células, demandando o desenvolvimento de um tecido que pudesse suprir suas
carências. As células do EPR são vitais à manutenção metabólica dos cones e bastonetes formando com estes, uma
unidade funcional. Portanto, danos causados ao EPR poderão afetar os fotorreceptores e, consequentemente a
função visual;

- Funções do epitélio pigmentar retiniano: absorção da luz, barreira hematorretiniana externa, equilíbrio eletrolítico,
transporte de nutrientes, fagocitose, renovação do pigmento visual e atividade secretora;

- Absorção da luz: Grânulos de melanina conferem ao EPR a propriedade de absorção da luz, funcionando como um
anteparo escuro, que impede a difusão da luz e melhora a função visual;
- Transporte de nutrientes e manutenção do ciclo visual: Outra importante função do EPR é o transporte de
nutrientes e ions entre os fotorreceptores e a coriocapilar. Devido à presença da barreira hematorretiniana, as
células da retina são extremamente dependentes do transporte ativo de substâncias realizado pelo EPR. Esse
transporte ocorre em ambos os sentidos: a retina neurossensorial produz grande quantidade de água, como
resultado da renovação dos fotorreceptores; por outro lado, há um constante movimento de fluido no sentido do
vítreo para a retina, gerado pela pressão intraocular. As células do EPR são responsáveis pela remoção desse fluido
do espaço sub-retiniano através da bomba de sódio e potássio, localizada em sua porção apical, e da bomba de
cloretobicarbonato, na região basal;

- Cicatrização: As células do EPR respondem prontamente ao dano tecidual, desempenhando um papel importante
na cicatrização de feridas. Como parte de seu caráter epitelial, essas células são capazes de migrar, sofrer metaplasia
ou atrofia e se regenerar, determinando o aspecto oftalmoscópico das lesões coriorretinianas.

4. Coroide

- É a porção mais posterior da túnica vascular do globo ocular. Situa-se entre a membrana de Bruch e a esclera;

- Consiste em um tecido ricamente vascularizado, sustentado por um tecido frouxo formado por fibroblastos,
melanócitos, além de fibras elásticas e colágeno;

- Seu intenso fluxo sanguíneo, o maior do corpo humano, protege a retina contra o superaquecimento que ocorreria
devido à concentração de luz pelo cristalino.;

- A coroide se estende desde a cabeça do nervo óptico até o corpo ciliar;

- Os vasos coroidianos estão dispostos em três camadas.

5. Córnea

- Sendo a lente mais importante do sistema óptico do globo, juntamente com o humor aquoso (HA), apresenta
poder dióptrico de uma lente positiva de aproximadamente 43 D no meio aéreo;

- O terço central, de 4 mm, é importante do ponto de vista óptico, sendo quase esférico;

- A superfície posterior apresenta curvatura maior do que a anterior, resultando em um afilamento central e
espessamento periférico;

- A córnea apresenta diminuição de sua curvatura do centro para a periferia de forma assimétrica.

- Epitélio e membrana basal: As células epiteliais se distribuem inicialmente em uma camada basal de células
colunares, aderidas à membrana basal laminar através de hemidesmossomos. A partir dessa camada, erguem-se 2 a
3 camadas de células poligonais, as células aladas, ficando mais achatadas e alongadas à medida que se dirigem à
superfície. O filme lacrimal é o responsável por uma superfície refrativa lisa e regular, uma vez que a superfície das
células epiteliais apresenta-se repleta de micropregas e microvilosidades;

- Camada de Bowman: Antigamente chamada membrana de Bowman, localiza-se logo abaixo da membrana basal
do epitélio, compondo fibrilas colágenas dispersas. Suas bordas posteriores fundem-se ao estroma escleral. Quando
danificada, é substituída por tecido cicatricial, opacificando-se. Não se refaz, ao contrário da membrana de
Descemet;

- Estroma: Composto pelos ceratócitos (fibroblastos produtores de colágeno e mucoproteínas), substância basal (de
mucoproteínas e glicoproteínas), bem como lamelas colágenas, corresponde a 90% da espessura corneana;

- Membrana de Descemet: Compondo a membrana basal das células endoteliais, apresenta uma camada anterior
estriada, formada na vida intrauterina, e outra posterior não estriada, depositada pelo endotélio por meio da vida.
Dessa maneira, sua espessura pode se quadruplicar do nascimento à vida adulta. E por esse motivo que o aspecto da
membrana de Descemet pode ser utilizado como representativo da função das células endoteliais;

- Endotélio: Composto de células hexagonais em única camada, pode ter tamanho, forma e morfologia estudados
por microscopia especular e biomicroscopia. Células jovens possuem núcleo volumoso e mitocôndrias abundantes,
cujo papel no transporte ativo e manutenção da deturgescência estromal é importante. O número de células
endoteliais tende a diminuir com a idade, uma vez que raramente estas produzem mitose. Assim, a lesão durante o
procedimento cirúrgico deve ser evitada, pois, na ausência de regeneração, sua densidade diminuiria, podendo levar
a descompensação endotelial com edema e turvação do estroma.

6. Esclera

- Assim como a córnea, a esclera é avascular exceto pelos vasos superficiais da episclera (tecido conjuntivo vascular
denso fundido à esclera superficial e à cápsula de Tenon) e do plexo vascular intraescleral, localizado imediatamente
posterior ao limbo;

- O estroma escleral é composto por fibroblastos, feixes de colágeno e substância basal;

- A aparência de porcelana esbranquiçada se contrapõe à córnea transparente devido ao maior conteúdo de água e
orientação menos uniforme das fibras colágenas.

7. Íris

- Composta de melanócitos, vasos e tecido conjuntivo, seu diafragma divide o segmento anterior nas câmaras
anterior e posterior;

- Seu estroma possui células pigmentadas (melanócitos) e não pigmentadas, fibras colágenas e matriz de
mucopolissacarídeos;

- A estrutura estromal é a mesma na íris de todas as cores; o que as diferencia é a quantidade de pigmento na
camada mais anterior e no estroma profundo;

- Vasos sanguíneos percorrem o estroma iriano, em geral com orientação radial da periferia à pupila, além de alguns
com trajeto espiral ao redor da pupila;

- A superfície posterior da íris, densamente pigmentada, continua-se como o epitélio não pigmentar do corpo ciliar
(CC), e é composta pelo epitélio pigmentar posterior da íris, que tem sua lâmina basal voltada à câmara posterior e
sua face apical voltada ao músculo dilatador da pupila;

- Este último orienta-se paralelamente ao epitélio, anterior a ele, e se contrai em resposta a estímulos simpáticos
adrenérgicos, além de provável inibição parassimpática colinérgica. Seu antagonista, o esfíncter da íris, é composto
por uma faixa circular de músculo liso no estroma profundo rodeando a margem pupilar, e recebe inervação
parassimpática, respondendo também farmacologicamente a estímulos colinérgicos como o do carbacol.

8. Corpo ciliar

- Apresenta duas funções: produção de HA e acomodação do cristalino;

- Conecta os segmentos anterior e posterior do globo ocular e divide-se em pars plana e pars plicata ponto de
abordagem cirúrgica posterior mais seguro, sendo utilizada em vitrectomias e injeções intraoculares, entre 3,5 e 4
mm do limbo;

- A pars pliccita contém os processos ciliares, onde se produz o HA nas células epiteliais não pigmentares, e onde se
inserem as fibras zonulares que sustentam o cristalino;

- O músculo ciliar, em suas três porções (longitudinal, circular e radial), é um músculo liso inervado pelo
parassimpático, sendo que mióticos causam também sua contração. Os efeitos da presbiopia parecem estar muito
mais relacionados a alterações do cristalino com a idade do que com o músculo ciliar.

9. Cristalino

- É uma lente biconvexa da câmara posterior localizada atrás da pupila, sendo a segunda lente do sistema refrativo
do globo ocular e mais fraca do que a córnea;

- Seu diâmetro anteroposterior aumenta gradativamente com a idade;


- Durante a acomodação, ocorre o relaxamento do músculo ciliar e afrouxamento das fibras zonulares, com
espessamento momentâneo do cristalino;

- É um tecido avascular, dependendo do aquoso e vítreo para sua nutrição, após a regressão do sistema vascular
hialoide na vida fetal.

- Cápsula: Membrana basal que recobre a superfície do cristalino, é formada a partir do epitélio do cristalino,
apresentando-se 2 vezes mais espessa na cápsula anterior do que na posterior, o que a torna suscetível a roturas
durante a cirurgia de catarata.;

- Epitélio: Localizado logo abaixo da cápsula anterior e equatorial, não é encontrado junto à cápsula posterior. Suas
células sofrem mitose na região equatorial formando continuamente as fibras do cristalino, que inicialmente são
nucleadas, mas perdem seus núcleos à medida que afundam no córtex, formando camadas semelhantes às lamelas
de uma cebola. A ausência de células epiteliais na cápsula posterior torna possível sua transparência após cirurgia de
catarata, no entanto a migração e proliferação de células epiteliais após a cirurgia pode formar uma opacificação
granular da cápsula posterior.

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