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Resumo

Imagem no Crânio

Karla Helena Picoli Natário


Universidade de São Caetano do Sul
Resumo de Imagem no Crânio 2

1. Anatomia
A visualização das estruturas encefálicas é importante para identificação correta
das lesões que possam estar presentes e contribuir para o diagnóstico correto.

As principais estruturas anatômicas cerebrais que devem ser avaliadas no exame


de imagem são: ossos, lobos e vascularização. Assim, a partir da determinação do local
da lesão pode-se correlacionar os achados clínicos com a imagem encontrada. A seguir,
descreveremos brevemente as estruturas citadas.

→ Ossos: parietais, temporais, frontal, occipital, esfenoide e etmoide são


facilmente identificados na tomografia.

→ Lobos encefálicos:

o Frontal: é o maior dos lobos, localizado na porção mais anterior, subjacente ao


osso frontal. Apresenta quatro giros: frontal superior, frontal médio, frontal
inferior e pré-central. O giro frontal inferior é ainda subdividido em três porções:
orbitária, triangular e opercular. O limite posterior do lobo frontal é o sulco
central. O giro pré-central representa a área motora primária.

o Parietal: é limitado anteriormente pelo sulco central. No lobo parietal, identifica-


se o giro pós-central imediatamente posterior ao sulco pós-central, que
representa a área somestésica primária. Também identificam-se, no limite
posterior da fissura silviana, o giro supramarginal e, posteriormente a este, o
giro angular, que, juntos, formam o lóbulo parietal inferior. O limite superior é
o sulco intraparietal, e superiormente identifica-se o lóbulo parietal superior. Na
face medial, o limite anatômico é bem mais preciso, podendo ser identificado o
sulco parieto-occipital.

o Occipital: é o mais posterior, localizado subjacente ao osso occipital. Na face


medial, identifica-se o sulco calcarino. Inferiormente a esse sulco, observa-se o
giro lingual e, superiormente, o cúneus. Na face lateral, podem-se identificar o

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sulco occipital lateral e os giros occipital superior e inferior. A principal função


do lobo occipital é o processamento da visão.

o Temporal: localiza-se na fossa média subjacente ao osso temporal. É limitado


superiormente pela fissura silviana e seu limite posterior é impreciso. Apresenta
três giros em sua face lateral: temporal superior, temporal médio e temporal
inferior. A porção mesial do lobo temporal contém a amígdala, o hipocampo e o
giro para-hipocampal, estruturas extremamente importantes nos processos de
memória. O hipocampo é especialmente importante na pesquisa de epilepsia,
em que pode ser observada alteração do sinal e redução volumétrica do
hipocampo. Outra patologia que comumente afeta as regiões mesiais dos lobos
temporais é a doença de Alzheimer, pois ocorre uma redução volumétrica mais
acentuada das formações hipocampais em relação ao restante do encéfalo.

o Ínsula: localiza-se na profundidade da fissura silviana, entre os lobos frontal e


temporal. É limitada inferiormente pelo sulco circular da ínsula.

Aos cortes axiais é identificar estruturas localizadas medialmente, como


tálamos, núcleo caudado, putâmen, globos pálidos interno e externo, claustrum,
núcleo rubro e substância negra. O conjunto dos núcleos caudado e putâmen forma o
núcleo estriado, e o conjunto dos núcleos putâmen e globo pálido forma o lentiforme.
O sistema ventricular é bem visualizado nesses cortes. Deve-se observar os ventrículos
laterais, terceiro e quarto ventrículos, além das cisternas e aqueduto cerebral.

A fossa posterior é um compartimento importante na análise da anatomia


craniana. Está localizada entre o forame magno e a tenda do cerebelo e pode-se
visualizar o cerebelo e o tronco cerebral.

A vascularização encefálica é realizada por dois sistemas vasculares: carotídeo


e o vertebrobasilar. O sistema carotídeo é composto pelas artérias carótidas internas
que se bifurcam para originar a artéria cerebral anterior e a artéria cerebral média. Esse
sistema supre o lobo frontal, ínsula, lobos parietais e occipitais. O sistema
vertebrobasilar é composto pela união das artérias vertebrais, a qual forma a artéria

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basilar que origina as artérias cerebrais posteriores. Esse sistema irriga o tronco cerebral
e porções mediais encefálicas, como tálamo e hipocampo.

O polígono de Willis é a anastomose que une os dois sistemas vasculares através


artérias comunicantes anteriores e posteriores. Está localizado na base do crânio e
circunda o quiasma óptico. Além do sistema arterial, o sistema venoso (seios venosos)
deve ser analisado, devido à trombose venosa cerebral, patologia frequente e grave.

2. Indicações da Tomografia Computadorizada (TC)


Os recursos de imagem disponíveis atualmente possuem indicações específicas
para seu uso. A tomografia sem contraste é o exame padrão para o diagnóstico de
doenças neurológicas ou neurocirúrgicas na sala de emergência. As suas principais
características estão enumeradas a seguir:

→ Método de triagem de escolha no atendimento inicial do paciente, devido à


maior disponibilidade, ao menor custo em relação à ressonância magnética e à
alta sensibilidade para detecção de fraturas e hemorragias intracranianas;
→ Propicia diagnóstico rápido de lesões que ameaçam a vida do paciente;
→ A modernização dos equipamentos permite um menor tempo para a aquisição
da imagem, facilitando avaliação de pacientes pediátricos, agitados,
alcoolizados, confusos e com redução do nível de consciência;
→ Permite a realização de estudos angiográficos quando há suspeita de lesões
vasculares associadas, como a angiotomografia de crânio.

As desvantagens em relação à tomografia é a radiação ionizante, sendo


contraindicada em gestantes e a visualização de estruturas parenquimatosas ainda ser

inferior à ressonância magnética.

Para um estudo melhor da vascularização pode-se administrar contraste por via


endovenosa. Geralmente, o contraste iodado é escolhido para realçar as estruturas a
serem visualizadas.

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FIGURA 1: Angiotomografia cerebral em corte axial com contraste endovenoso visa destacar os vasos,
tanto da circulação arterial como venosa. Fonte: https://bit.ly/31aPlXb

3. Noções de Ressonância Magnética


A ressonância magnética possui resolução superior para tecidos moles em
comparação com a tomografia, mostrando detalhadamente estruturas
parenquimatosas, além de fornecer imagens em qualquer plano anatômico e não
possuir radiação ionizante. As vantagens da ressonância magnética estão listadas
abaixo:

→ Maior detalhamento do parênquima encefálico em diferentes ponderações;


→ Em geral, utilizada após a TC e a estabilização clínica do paciente;
→ Caracteriza melhor lesões não hemorrágicas (edema e infartos isquêmicos),
pequenas lesões hemorrágicas duvidosas à TC (especialmente LAD) e lesões
parenquimatosas profundas na interface óssea e/ou na fossa posterior.
→ Pode utilizar contraste endovenoso, no caso gadolínio, que possui baixas taxas
de reação alérgica.

Apresenta como desvantagens: menor disponibilidade, maior tempo de exame


(pacientes claustrofóbicos não se beneficiam do exame), alto custo em relação à TC e

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campo magnético alto, o que requer cuidados extras com a monitoração do paciente e
com vítimas de projéteis de arma de fogo.

A ressonância magnética possui diferentes ponderações que permitem


analisar com melhor qualidade as estruturas anatômicas. Na prática, veremos as
seguintes ponderações: T1, T2, FLAIR e T2 STIR. A tabela abaixo mostra as diferenças de
coloração encontradas nas diferentes ponderações.

A difusão é outro recurso da ressonância magnética não invasiva que mede a


mobilidade da água no interior dos tecidos. O mapa de coeficiente de difusão aparente
(ADC) mensura a mobilidade das moléculas de água em relação à celularidade do tecido.
Logo, lesões isquêmicas agudas são facilmente visualizadas nessa técnica, pois ocorre
“restrição” das moléculas de água e ocorrerá realce do sinal.

FIGURA 2: Insulto hipóxico. Imagens axiais de ressonância magnética pesadas em difusão (A) e
respectivo mapa de coeficiente aparente de difusão (ADC) (B) mostram restrição à difusão cortical nos
lobos occipitais e nos caudados (A e B) bilateralmente. Fonte: CERRI, Giovanni Guido. LEITE, Claudia
Costa. ROCHA, Manoel de (eds.). Tratado de Radiologia, Volume 1: Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço.
Manole, 2017.

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T1 T2 FLAIR T2 STIR ou Gradiente


Facilita a Utilizada para suprimir Suprime o sinal da
Ponderação mais visualização de o sinal intenso de LCR, gordura, sendo mais
anatômica neoplasias, edema e visualiza melhor as sensível a líquidos
outras doenças. patologias. (sangue, edema)
Hipossinal (PRETO) Hiperssinal
LCR Hipossinal Hiperssinal
(BRANCO)
Gordura Hiperssinal Hipossinal Hipossinal Hipossinal

Fonte: Fonte: Fonte:


Fonte:
https://bit.ly/2Kc9ma5 https://bit.ly/2R7UtXo https://bit.ly/2R7UtXo
https://bit.ly/2R7UtXo

4. Sistematização e Principais Patologias


A partir da prevalência das principais doenças neurológicas e neurocirúrgicas na
unidade de emergência, foi criada uma sistematização para analisar a tomografia de
crânio para todos os profissionais médicos, não só os radiologistas. Essa sistematização
baseia-se na sequência ABCDEF, adaptada do ATLS (Advanced trauma life support) e
ACLS (Advanced cardíaca life support), que correspondem a: A (attenuation), B (blood),
C (cavities), D (dilation), E (exterior), F (fisher scale), G (ghosts, drains and artifacts).
Abaixo trataremos de cada tópico e de sua importância.

→ A (attenuation): neste tópico, serão avaliadas as diferenças de atenuação ou


densidade entre substância branca e cinzenta e alterações de atenuação no
parênquima cerebral, como regiões isquêmicas (ex.: AVC isquêmico),
neoplasias e edema.

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As imagens tomográficas são formadas em uma escala de preto e branco, sendo


o cinza, a cor intermediária da escala.

A diferença entre maior ou menor atenuação se dá pela densidade de cada


estrutura anatômica e sua capacidade de atenuar os raio-X, ou seja, uma substância que
consegue atenuar os raio-X se mostrará hiperatenuada (“branca”) e aquela que não
consegue atenuar será hipoatenuada (cinza/preta) na imagem.

Logo, como a substância cinzenta é formada por corpos de neurônios sua


atenuação será maior em relação à substância branca. Já, a substância branca por conter
mielina, substância rica em gordura, será menos atenuada do que a substância cinzenta.
Por isso, que na tomografia dizemos que a substancia branca é hipoatenuada (“mais
preta”) e a substância cinzenta é hiperatenuada (“mais branca”). O mesmo ocorre com
o líquido cefalorraquidiano (LCR), por ele apresentar baixa densidade e menor
capacidade de atenuar os raio-X na imagem ele é hipoatenuante, ou seja, sua cor na
imagem é preta.

Esses conceitos são importantes, pois a partir de alguns sinais precoces podemos
identificar regiões isquêmicas e intervir rapidamente. A TC sem contraste é o exame
padrão para pacientes com suspeita de AVC e excluir a presença de hemorragia ou
outras condições que mimetizem um evento isquêmico, como tumores. Apresenta alta
sensibilidade, a maioria dos serviços dispõe do recurso, é seguro e rápido.

Em um período de até 24 horas a partir do início dos sintomas do AVC, a


tomografia pode se mostrar sem sinais de insulto isquêmico, por isso deve ser repetida
em 48 horas e reavaliar constantemente o paciente. Porém, nas primeiras 3 horas, em
40-60% dos casos, podem-se observar alterações isquêmicas, dentre elas: perda da
diferenciação entre substância branca e cinzenta, hipoatenuação do parênquima
cerebral, assimetria dos sulcos decorrente de edema e o sinal da artéria hiperdensa,
quando há trombo intra-arterial, frequente na artéria cerebral média.

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FIGURA 3: As imagens acima evidenciam sinais precoces de AVC isquêmico na tomografia


computadorizada (TC) sem contraste em pacientes distintos. Em A, nota-se perda da diferenciação entre
as substâncias branca e cinzenta na interface do núcleo lentiforme (apagamento do lentiforme) e da
ínsula (loss of insular ribbon sign) à esquerda. Em B, há perda da diferenciação entre o córtex e a
substância branca, com hipoatenuação e assimetria dos sulcos corticais no território superficial da
artéria cerebral média esquerda. Fonte: 2. CERRI, Giovanni Guido. LEITE, Claudia Costa. ROCHA, Manoel
de (eds.). Tratado de Radiologia, Volume 1: Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço. Manole, 2017.

FIGURA 4: Tomografia sem contraste. A seta mostra o sinal da artéria hiperdensa. Ao lado, o círculo
evidencia a hiperatenuação da mesma artéria, configurando o sinal do ponto (dot sign). Fonte: 2. CERRI,
Giovanni Guido. LEITE, Claudia Costa. ROCHA, Manoel de (eds.). Tratado de Radiologia, Volume 1:
Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço. Manole, 2017.

A redução do fluxo sanguíneo cerebral provocada pela isquemia leva à redução


do oxigênio e à despolarização da membrana celular, com falhas nas bombas de sódio e
potássio e consequente aumento do afluxo de sódio para o interior da célula
acompanhado da entrada de água, ocasionando, dessa forma, edema intracelular ou
citotóxico, e consequentemente, morte celular.

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Em geral, o edema vasogênico é consequência de formações tumorais,


processos inflamatórios e infecciosos, pois devido à neovascularização ocorre a quebra
da barreira hematoencefálica e aumento da permeabilidade dos capilares, provocando
extravasamento de líquido para o interstício. A partir do local da lesão, o líquido do
edema espalha-se pela substância branca adjacente.

O edema na TC é evidenciado pela presença de hipoatenuação no local onde


ocorreu a lesão cerebral. Esse método não é o mais preciso para distinguir o edema
vasogênico do citotóxico, porém podemos investigar a causa subjacente do edema. Uma
diferenciação importante é que, em geral, na presença do edema citotóxico ocorre
apagamento dos sulcos e perda da diferenciação entre substância branca e cinzenta,
comum em eventos isquêmicos. Diferentemente, o edema vasogênico circunda os giros
cerebrais. O método mais preciso para diferenciar o edema é a ressonância magnética,
onde em T1 ocorre hipossinal e em T2/Flair, hiperssinal.

Figura 5: Tomografia sem contraste. Evidencia edema citotóxico, com apagamento de sulcos e giros e
perda da diferenciação entre substancia branca e cinzenta. Fonte: https://bit.ly/2ZuXh5d

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FIGURA 6: Tomografia sem contraste. Evidencia edema vasogênico circundando lesão levemente
hiperdensa. Pode-se observar que o edema circunda os giros adjacentes. Fonte: https://bit.ly/31crhmK.

→ B (blood): neste momento, avaliaremos a presença de sangramento no


parênquima, cisternas e ventrículos, diferenciando entre diferentes tipos de
hemorragia, dentre elas: hemorragia extradural, subdural, subaracnoidea e
intraparenquimatosa. Para relembrar, abaixo, a imagem mostra as camadas
meníngeas e a localização das hemorragias.

FIGURA 7: Fonte: https://bit.ly/339TbBV.

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Hemorragia Hemorragia
Hemorragia extradural Hemorragia subdural
subaracnoidea intraparenquimatosa
Trauma, AVC
Causas Trauma Trauma Trauma, aneurismas hemorrágico,
neoplasias.
Veias corticais enquanto
Ramos arteriais
cursam pelo espaço
Origem do meníngeos (artéria Sistema arterial
subdural, antes de Veias corticais
sangramento meníngea) ou seios profundo perfurante
drenarem no seio
venosos durais.
venoso dural adjacente.
Localizada entre a tábua
Espaço subaracnoide
interna da calota Localiza-se no espaço
Localização em meio a sulcos e Parênquima encefálico
craniana e a dura-máter, subdural.
fissuras.
no espaço extradural.
Ausência de
Coleção extra-axial que Lente côncavo-convexa, diferenciação entre
Conteúdo que
afasta o córtex da com sua face côncava substância branca e
preenche as
Morfologia tábua interna da calota amoldando-se cinzenta, apagamento
cisternas e os sulcos
craniana, tendo formato geralmente à de giros e sulcos,
corticais
de uma lente biconvexa convexidade cortical. assimetria hemisférica,
desvio de linha média.
Nos casos agudos é
hiperatenuante, porém
podem ser
Hiperatenuante.
Atenuação heterogêneos, com Hiperatenuante Hiperatenuante
áreas hiperatenuantes e
hipoatenuantes
mescladas.

Exemplos

Fonte: Fonte: Fonte:


Fonte:
https://bit.ly/2Muv8Yq https://bit.ly/2Kbqv3 https://bit.ly/2Kbqv3P
https://bit.ly/2Kbqv3P
P

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A Lesão Axonal Difusa (LAD) pode ser considerada como parte das hemorragias
cerebrais, embora seja menos frequente. Corresponde ao rompimento axonal na
substancia branca nos tratos inter-hemisféricos e no corpo caloso por forças de
cisalhamento. Na TC, é difícil sua visualização, porém observam-se pontos de
hemorrágicos na junção cinza-branco do córtex cerebral e, eventualmente, dentro do
parênquima. A LAD é uma condição neurológica grave com prognóstico reservado.

FIGURA 8: Tomografia sem contraste. Evidencia lesão axonal difusa com hemorragias na junção
substância branca-cinzenta. FONTE: https://bit.ly/2YHhKqh.

→ C (cavities): nesse ponto, são avaliadas as estruturas cranianas que contêm


líquido cefalorraquidiano: cisternas, ventrículos, sulcos e fissuras. Visualizamos
se os ventrículos estão presentes, ausentes ou dilatados (analisado no próximo
item), com sangue em seu interior, indicando hemorragias mais severas.
Também são analisadas a presença ou ausência de cisternas, sendo a ausência
consequência de herniação encefálica.

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FIGURA 9: A figura acima mostra esquematicamente as principais cisternas. FONTE:


https://bit.ly/2GIHOay.

FIGURA 10: Tomografia de crânio com contraste em corte coronal. Observa-se ausência do ventrículo
lateral esquerdo devido à presença de tumor em região temporal, o que provocou n insinuação da
porção mais medial do uncus para a cisterna ambiens, ou perimesencefálica (hérnia de uncus), com
discreta compressão do pedúnculo cerebral ipsilateral. FONTE: https://bit.ly/2YmOwO7.

→ D (dilation): nesse item, devemos observar a dilatação dos ventrículos e


cisternas. A principal patologia evidenciada nesse tópico é a hidrocefalia
definida como um distúrbio da dinâmica do líquido cefalorraquidiano que
determina uma expansão do compartimento liquórico encefálico, especialmente
do sistema ventricular. Diversas doenças podem provocar hidrocefalia, como
malformações congênitas ou tumores e infecções.

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O ponto importante é diferenciar a hidrocefalia ex vácuo das demais


hidorcefalias. A hidrocefalia ex vácuo é a dilatação ventricular secundária a atrofia
cortical, vista principalmente em idosos. As imagens abaixo demonstram tal diferença.

FIGURA 11: A figura ao lado mostra hidrocefalia importante, com dilatação dos ventrículos laterais e
apagamento dos sulcos e giros. Fonte: https://bit.ly/2yF7rnT.

FIGURA 12: A imagem demonstra a hidrocefalia ex vácuo, com dilatação dos ventrículos secundária à
atrofia cortical (sulcos mais profundos). Fonte: https://bit.ly/31fzF4S

→ E (exterior): posterior à análise do parênquima cerebral, devemos observar os


ossos do crânio, sua linearidade, presença de fraturas, em especial a fratura de
base de crânio. As estruturas ósseas são bem visualizadas na TC, podemos nesse
caso, solicitar janela óssea para analisar melhor as lesões.

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FIGURA 13: Tomografia de crânio sem contraste e com janela óssea. Fratura linear em região temporal
direita. Fonte: https://bit.ly/31ctmiy

→ F (fisher scale): a escala de Fisher é utilizada na presença de hemorragia


subaracnóidea, na qual podemos definir a quantidade do sangramento e a
conduta terapêutica mais adequada.

FIGURA 14: Escala de fisher. Fonte: https://bit.ly/2YCoxO1.

→ G (ghosts, drains and artifacts): por fim, devemos verificar se o paciente possui
drenos, cateteres e se o que estamos visualizando é uma imagem real e não um
artefato, área visual com aspecto diferente do esperado na estrutura examinada.

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FIGURA 14: Tomografia de crânio sem contraste, demonstrando artefatos em riscas relacionados aos
clipes de aneurisma. Fonte: https://bit.ly/330nPxk

Referências Bibliográficas

1. BRANT, William E. HELMS, Clyde A. Fundamentos de Radiologia. 4 ed. Guanabara


Koogan, 2015.
2. CERRI, Giovanni Guido. LEITE, Claudia Costa. ROCHA, Manoel de (eds.). Tratado de
Radiologia, Volume 1: Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço. Manole, 2017.
3. FUNARI, Marcelo Buarque Gusmão. FRANCISCO NETO, Miguel José. AMARO JR.,
Edson. BARONI, Ronaldo Hu. Tópicos Relevantes no Diagnóstico por Imagem.
Manole, 2017.
4. GARCIA, Luiz Henrique Costa. FERREIRA, Bruna Cortez. ABC... para a tomada de
decisões. Radiol Bras. 2015 Mar/Abr;48(2):101–110
5. GUTIÉRREZ-CABRERA, José de Jesús. Edema cerebral I: fisiopatología,
manifestaciones clínicas, diagnóstico y monitoreo neurológico. Med Int Méx
2014;30:584-590.
6. JUNIORA, Edson Amaro. YAMASHITA, Helio. Aspectos básicos de tomografia
computadorizada e ressonância magnética. Rev Bras Psiquiatr 2001;23(Supl I):2-3
7. SZEJNFELD, Jacob. ABDALA, Nitamar. AJZEN, Sergio (coords.). Diagnóstico por
Imagem. 2 ed. Manole, 2016.

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