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METAS DE CONTROLE
PARA O INDIVÍDUO COM
DIABETES MELLITUS
TIPO 2 (DM2),
SEGUIMENTO E
PREVENÇÃO DAS
COMPLICAÇÕES
FASCÍCULO 2 DO E-BOOK
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em
Saúde do Ministério da Saúde - bvsms.saude.gov.br
Coordenação-técnica:
Adriana Bosco
Ficha Catalográfica
1. Manejo Clínico. 2. Pré-diabetes. 3. Diabetes Tipo 2 . 4. Metas de controle. 5. Seguimento e prevenção das complicações do DM2. 6. EaD
CDU 614
Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
LISTA DE SIGLAS
ABREVIATURAS
Alb
E ABREVIATURAS
Albumina
AMPA Monitorização residencial por automedida da pressão arterial
APS Prática da Atençāo Primária
AVC Acidente Vascular Cerebral
B6 Piridoxina
BRA Bloqueador do Receptor da Angiotensina II
CARDS Collaborative Atorvastatin Diabetes Study
CKD-EPI Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration
COVID-19 Coronavirus Disease
CRIE Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais
DAP Doença Arterial Periférica
DCV Doença Cardiovascular
DM1 Diabetes Mellitus Tipo 1
DM2 Diabetes Mellitus Tipo 2
EAR Estratificadores de Alto Risco
EAS Elementos Anormais do Sedimento
ECG Eletrocardiograma
ECN Escore de Comprometimento Neuropático
EMAR Estratificadores de Muito Alto Risco
ER Estratificadores de Risco
ERG Escore de Risco Global
HA Hipertensão Arterial
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
HbA1C Hemoglobina Glicada
HDL High Density Lipoproteins
IECA Inibidor da Enzima Conversora da Angiotensina
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
IMC Índice de Massa Corporal
IWGDF International Working Group on the Diabetic Foot
LDL Low Density Lipoprotein
MAPA Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial
MRPA Monitorização Residencial da Pressão Arterial
MS Ministério da Saúde
NAC Neuropatia Autonômica Cardiovascular
ND Neuropatia Diabética
NDP Neuropatia Diabética Periférica
NGSP National Glycohemoglobin Standardization Program
NPDD Neuropatia Periférica Diabética Dolorosa
PA Pressão Arterial
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
PNI Programa Nacional de Imunizações
PSP Perda da Sensibilidade Plantar
RAC Relação Albumina: Creatina
RD Retinopatia Diabética
RFG Ritmo de Filtraçāo Glomerular
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
SUS Sistema Único de Saúde
TFG Taxa de Filtração Glomerular
UBS Unidades Básicas de Saúde
UKPDS United Kingdom Prospective Diabetes Study
VPC13 Pneumocócica Conjugada 13-valente
VPP23 Pneumocócica Polissacarídica 23-valente
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Estudo UKPDS 35. - 12
FIGURA 2 - Critérios para estabelecimento das metas glicêmicas. - 14
FIGURA 3 - Alvos glicêmicos recomendados de acordo com o grau de
comprometimento do idoso. - 15
FIGURA 4 - Porcentagem a média glicêmica. - 17
FIGURA 5 - Aterosclerose. - 20
FIGURA 6 - Categorias de risco cardiovascular em pacientes com
Diabetes. - 24
FIGURA 7 - Estratificadores EAR e EMAR. - 25
FIGURA 8 - Metas de colesterol em pacientes com Diabetes. – 26
FIGURA 9 - Classificação da Pressão Arterial PAS e PAD. - 31
FIGURA 10 - Metas pressóricas e recomendação para início de
tratamento da HA em pessoas com DM. – 33
FIGURA 11 - Excesso de peso e obesidade no Brasil. – 35
FIGURA 12 - Indicadores e metas para fatores de risco. – 39
FIGURA 13 - Escore de Comprometimento Neuropático (ENC/NDS). – 52
FIGURA 14 - Teste com monofilamento de Siimmes-Weisteinde 10 g para
avaliação da Sensibilidade Protetora Plantar. – 55
FIGURA 15 - O Sistema de Estratificação de Risco IWGDF 2019 e a
correspondente frequência de triagem do pé. – 56
FIGURA 16 - Orientações sobre o calçado. – 58
FIGURA 17 - Fluxograma de formação de uma úlcera. – 59
FIGURA 18: Infocard Orientações sobre o Pé diabético. – 60
FIGURA 19: Infocard Orientações sobre o Pé diabético. – 60
FIGURA 20 - Periodicidade De Exames E Avaliações No
Acompanhamento de Pessoas com Diabetes. – 62
SUMÁRIO
8 Metas de bom controle e Seguimento
61 Considerações finais
63 Bibliografia
1
Metas de bom
controle e
Seguimento
Essa temática visa contribuir com o profissional
de saúde, que atende nas Unidades Básicas de
O que Saúde e em outras áreas da assistência integral
você verá ao indivíduo com Diabetes tipo 2 (DM2),
atualizando e individualizando as metas de
aqui? bom controle glicêmico, lipídico, de pressão
arterial e de peso corporal, tendo em mente as
características, as especificidades e as
necessidades individuais de cada paciente.
(Significativo)
9
2
Metas de Glicemia
Pré e Pós-prandial
e de Hemoglobina
Glicada
Neste tópico serão apresentados estudos e
dados que demonstram a importância do
O que controle glicêmico mais flexível, levando em
você verá consideração os critérios de comprometimento
do indivíduo para o estabelecimento de metas
aqui? glicêmicas individualizadas, que levem em conta
a segurança, a qualidade de vida dos pacientes e
a prevenção de complicações oriundas do
Diabetes.
Os avanços dos estudos, nas últimas décadas, deixam claro que as morbidades e a
mortalidade causadas pelo Diabetes tipo 2 dependem, em parte, do controle
glicêmico, mas vão muito além da Hiperglicemia, uma vez que a abordagem
glucocêntrica, no manejo do indivíduo com Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), frustrou
as expectativas de redução dos desfechos cardiovasculares.
11
Demonstrou-se, nesse estudo, que a redução
de 1% na Hemoglobina Glicada reduziu em 37% Estudo UKPDS 35:
O QUE
o risco VOCÊ
de amputação, 21% na Retinopatia, 33% A MELHORA DO CONTROLE
VERÁ AQUI? da HbA1C REDUZIU as
na Microalbuminúria, 14% o risco de Infarto, 12%
COMPLICAÇÕES
de Acidente Vascular Cerebral e em 16% o risco
relacionadas ao DIABETES.
de Insuficiência Cardíaca (FIGURA 1).
1% Infartos do 14%
Miocárdio
Complicações
Microvasculares 37%
Amputações ou mortes
por Distúrbios Vasculares 43%
Periféricos
12
Alvos glicêmicos mais rigorosos também
foram avaliados nesses estudos, que
O QUE VOCÊ
incluíram indivíduos com Doença
VERÁ
CardiovascularAQUI? estabelecida Segundo o estudo
(Macroangiopatia instalada), ou fatores de ACCORD , houve
risco, e não houve redução nos desfechos um AUMENTO
cardiovasculares, ao contrário, no estudo DE 22%
na
ACCORD houve um aumento de 22% na
mortalidade por
mortalidade por todas as causas nesses
causas
pacientes.
cardiovasculares.
Os benefícios do bom controle glicêmico são
incontestáveis, mas a lição apreendida
quebrou 2 paradigmas:
13
Em geral, para a prevenção de complicações, e desde que
nāo implique em Hipoglicemias frequentes, as diretrizes
nacionais e algumas internacionais recomendam aos
indivíduos saudáveis:
IDOSOS
Múltiplas comorbidades
Poucas comorbidades
crônicas*. Doença terminal**.
crônicas.
Comprometimento Comprometimento
Estado funcional
funcional leve a funcional grave.
preservado.
moderado. Comprometimento
Estado cognitivo
Comprometimento cognitivo grave.
preservado.
cognitivo moderado.
*As comorbidades crônicas consideradas incluem: Câncer, Artrite Reumatoide, Insuficiência Cardíaca
Congestiva, Depressão Grave, Enfisema, Doença de Parkinson, Infarto do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral,
Insuficiência Renal Crônica Classe III ou pior.
**Doença terminal entende-se por Câncer Metastático, Insuficiência Cardíaca Classes 4-5, Doença Pulmonar
Crônica, demandando Oxigenoterapia, pacientes em diálise.
14
Figura 3 - Metas individualizadas em diversas situações no Diabetes.
Pacientes
DM1 ou Idoso Idoso Idoso Muito Criança e
Saudável Comprometido Comprometido Adolescente
O QUE VOCÊ
DM2
VERÁ AQUI? Evitar sintomas
HbA1c% < 7,0 < 7,5 < 8,5 de Hiper ou < 7,0
Hipoglicemia.
Glicemia de
Jejum e Pré- 80 - 130 80 - 130 90 - 150 100 - 180 70 - 130
prandial
Glicemia 2h
< 180 < 180 < 180 . < 180
Pós-prandial
Glicemia ao
90 - 150 90 - 150 100 - 180 110 - 200 90 - 150
deitar
15 16
SEGUIMENTO
16
Figura 4 - Correspondência entre HbA1c e Glicemia Média Estimada.
As médias glicêmicas diárias também podem ser calculadas pelos valores aferidos
nos glicosímetros, que são oferecidos aos pacientes em uso de Insulina na maioria
das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Eles possuem um software, que permite
descarregar os dados glicêmicos no computador e calcular as médias.
17
3
Metas de LDL -
Colesterol
Neste tópico serão apresentadas as metas com
foco na diminuição do Colesterol LDL, levando
O que em consideração a estratificação de risco do
você verá indivíduo com DM2, bem como os recursos que
podem ajudar na análise.
aqui?
POR QUE
O Diabetes é uma doença complexa e, na INDIVÍDUOS COM
maioria das vezes, precedida pela
DM2 REQUEREM
Obesidade, principalmente, do tipo central,
MAIS ATENÇÃO?
+
com predomínio da adiposidade abdominal e
por múltiplas alterações metabólicas como a
Dislipidemia Mista e a Hipertensão Arterial.
19
ATEROSCLEROSE
O desenvolvimento da Aterosclerose
depende das Lipoproteínas contendo
Apolipoproteína do Tipo B, e, embora o
Diabetes não cause Hipercolesterolemia,
associa-se a baixos níveis do fator de
proteção HDL, altos níveis de
Triglicérides e a maior quantidade e
oxidação das partículas de LDL
pequenas e densas, mais aterogênicas,
em decorrência da resistência à insulina
e Hiperglicemia.
Figura 5 - Aterosclerose.
20
Como avaliar o risco de
desenvolvimento de
Doença Cardiovascular? CLIQUE AQUI e
veja como
funciona o
Escore de
Para avaliar o risco de desenvolvimento de
Doença Cardiovascular, em 10 anos, em Risco Global
indivíduos com DM2, pode ser usado o “Escore (ERG) de
de Risco de Framingham”, método que Framingham.
utiliza uma pontuação de acordo com a
presença ou não de certos fatores de risco,
idade, sexo, e dados laboratoriais.
Taxa de Filtração
Hipertensão Albuminúria > 30 Glomerular (TFG) Neuropatia Retinopatia
Arterial tratada ou mg/g de estimada abaixo de Autonômica. Diabética.
não tratada. Creatinina. 60 mL/min/1,73 m².
21
Para auxiliar o cálculo, acesse
a calculadora para
estratificação de risco
cardiovascular, da
Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
22
SĀO 4 AS CATEGORIAS DE RISCO PARA
O DESENVOLVIMENTO DE UM EVENTO
CARDIOVASCULAR, EM 10 ANOS:
BAIXO
Risco anual de eventos cardiovasculares de 1%.
INTERMEDIÁRIO
Risco anual de eventos cardiovasculares de 1 a 2%.
ALTO
Risco anual de eventos cardiovasculares de 2 a 3%.
É considerado em qualquer idade, se apresentarem 2 dos
fatores de alto risco:
▪ DM 2 > 10 anos.
▪ História familiar de Doença Arterial Coronariana Prematura.
▪ Síndrome Metabólica.
▪ Hipertensão Arterial tratada ou não.
▪ Tabagismo.
▪ Neuropatia Autonômica.
▪ Retinopatia Não Proliferativa Leve; TFG 30 a 59
ml/min/1,73m2 sem Microalbuminúria (Alb/creat <30 mg/g )
ou TFG 45-90 ml/min/1,73m2 e Alb/creat 30 a 299 mg/g.
23
Veja, abaixo, os dados de
forma detalhada:
Figura 6 - Categorias de risco cardiovascular em pacientes com Diabetes.
IDADE (ANOS)
CATEGORIA DE TAXA ANUAL CONDIÇÃO
RISCO DE DCV NECESSÁRIA
DM2 DM1
Homem: <38.
BAIXO < 1%
Mulher: <46.
Sem EAR.
Usar Sem EMAR.
Homem: 38-49.
INTERMEDIÁRIO 1% - 2% calculadora
Mulher: 46-56.
Steno* se DM1
<20 anos de
Homem: 50 ou duração.
mais.
Mulher: 56 ou 1 EAR ou 2 EAR
ALTO 2% - 3% mais. sem EMAR.
EMAR OU > 3
MUITO ALTO > 3% Qualquer idade, se EMAR.
EAR.
Fonte: Diretrizes SBD, 2022 (Adaptado). In: Bertoluci M.C. et. al, 2017, p. 3. Disponível em:
https://diretriz.diabetes.org.br/manejo-do-risco-cardiovascular-dislipidemia/. Acesso em 22
mar. 2023.
24
Na FIGURA 7, a seguir, você encontrará o detalhamento dos dados dos Estratificadores
de Alto Risco (EAR) e dos Estratificadores de Muito Alto Risco (EMAR).
25
Uma vez estratificados, os riscos das metas terapêuticas de LDL Colesterol e
não-HDL, estabelecidos para os indivíduos com DM 2, estão apresentados,
abaixo:
Figura 8 - Metas de colesterol em pacientes com Diabetes.
Metas (mg/dL)
Categoria de Uso de
risco Estatina Colesterol
LDL-c
não-HDL
Fonte: Diretrizes SBD, 2022. In: Bertoluci MC et. al, 2017, p. 15. Disponível em:
https://diretriz.diabetes.org.br/manejo-do-risco-cardiovascular-dislipidemia/f. Acesso em: 22 mar.
2023.
*Desde que a meta seja atingida. Se a meta não for atingida, deve-se intensificar o tratamento. Uma
redução inicial de 30% para risco intermediário e de 50% para risco alto ou muito alto é
recomendada.
Triglicérides/5= VLDL.
26
QUANDO TRATAR?
O tratamento da Hipertrigliceridemia
normalmente não é necessário; as medidas
comportamentais implementadas pela Equipe
Multiprofissional e o tratamento da
resistência à Insulina e da Hiperglicemia, COMO GARANTIR
geralmente, reduzem os níveis de Triglicérides.
Caso isso nāo ocorra, é recomendado o A MANUTENÇÃO
tratamento quando: DAS METAS
ATINGIDAS?
● Triglicérides > 200 mg/dl mediante HDL
-c
< 35 mg/dl, (grau IIa de recomendação e nível
de evidência B).
● Triglicérides > 500 mg/dl. ANUALMENTE
Aferição do perfil
lipídico.
SEGUIMENTO
27
4
Metas de
Pressāo Arterial
Neste tópico serão abordados os pontos
O que
de atenção e as formas de controle
relacionados à Hipertensão Arterial
você verá Sistêmica (HAS) em indivíduos com
aqui? DM2, bem como as orientações para o
tratamento.
Rigidez arterial.
correspondem ao Diabetes Mellitus
Tipo 2 – DM2.
Expansão volêmica
pelo aumento da
reabsorção de
sódio.
Nefropatia
Diabética.
29
O UKPDS (UK Prospective Diabetes Study), um dos maiores estudos com
população com DM2, demonstrou que o controle mais agressivo da Pressão
Arterial (PA) associa-se a uma redução significativa na mortalidade geral, no
Acidente Vascular Cerebral (AVC), na Insuficiência Cardíaca e na Doença
Microvascular (Retinopatia).
RECOMENDAÇÕES DA
SOCIEDADE BRASILEIRA
DE HIPERTENSÃO
(2020):
30 31
CLASSIFICAM-SE
PA COMO:
Hipertensão
(Estágio III)
Hipertensão
(Estágio II)
Hipertensão
(Estágio I)
Pré-hipertensão
Normal
Ótima
31
Os indivíduos com DM2, mesmo sem
complicações, são considerados de alto
risco cardiovascular já na fase de
Pré-hipertensão.
32
RELEMBRE AS ORIENTAÇÕES:
Iniciar
≥140 ≥90
monoterapia.
DM sem DAC <130 <80
Iniciar terapia
≥160 ≥100
dupla.
Evitar reduzir PA
DM com DAC <130 <80 ≥140 ≥90 para baixo de
120/70.
IECA/BRA
DM com <130 <80 preferidos (doses
≥130 ≥80
Albuminúria máximas
toleradas).
DM HAS Redução gradual
<140 <90 Terapia dupla
estágio III da PA.
DM em idoso > Usar medidas de
130-139 70-79 ≥140 ≥90
80 saudável consultório.
DM em idoso Atenção para
140-149 70-79 ≥160 ≥90
frágil NAC.
Fonte: Diretrizes SBD, 2022 (Adaptado por SBD, 2022). Disponível em:
https://diretriz.diabetes.org.br/manejo-da-hipertensao-arterial-no-diabetes/. Acesso em: 08 mar. 2023.
PA: Pressão Arterial; PAS: Pressão Arterial Sistólica; PAD: Pressão Arterial Diastólica; IECA: Inibidor da
Enzima Conversora da Angiotensina; BRA: Bloqueador do Receptor da Angiotensina II; NAC: Neuropatia
Autonômica Cardiovascular. As medidas estão expressas em mmHg.
33
5
Peso corporal e
IMC
Neste tópico serão apresentados dados
O que relacionados ao impacto do peso corporal no
você verá tratamento das pessoas com DM2.
35
Sabemos que a perda de peso é essencial
no tratamento do DM2, e, baseando-se em
um recente estudo, publicado na revista
The Lancet, a perda de peso não só
melhora, consideravelmente, as
alterações metabólicas, como, também,
pode levar à remissão do DM2, com
perda em torno de 15% do peso inicial.
36
O reforço às medidas comportamentais deve ser contínuo e reiterado,
em virtude do substancial impacto na redução glicêmica e no bem-estar.
37
Fique por dentro!
CONFIRA AS METAS
ESTABELECIDAS:
● Reduzir a prevalência de Obesidade em crianças e
adolescentes em 2%.
● Deter o crescimento da Obesidade em adultos.
● Aumentar a prevalência da prática de atividade física, no
tempo livre, em 30%.
● Aumentar o consumo recomendado de frutas e hortaliças em
30%.
● Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados.
● Reduzir em 30% o consumo regular de bebidas adoçadas
(FIGURA 12).
Somos parte
importante para Para acessar o Plano de
que esse plano ações, clique aqui ou
escaneie o QR code.
frutifique!
38
Figura 12 - Indicadores e metas para fatores de risco.
Fonte: Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas e agravos não
transmissíveis no Brasil 2021-2030. MS- Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de
Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, 2021, p.72. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/doencas-cron
icas-nao-transmissiveis-dcnt/09-plano-de-dant-2022_2030.pdf/. Acesso em: 22 mar. 2023.
39
É importante destacar, que a perda de peso deve ser
escalonada, gradativa e duradoura, mas, sobretudo,
deve ser realista. Um paciente que nunca pesou 80 kg
dificilmente irá atingir esse peso, caso seja essa a meta
estipulada, por exemplo.
VEJA O
RECOMENDADO
PELA SBD:
A meta de perda de peso para adultos obesos pode ser estipulada em até
10% do peso inicial e, depois, manter a perda em torno de 7%.
40
6
Cronograma
Vacinal:
Imunização no
DM2
O que
Relembraremos, neste tópico, o esquema
de vacinação e as recomendações de
você verá imunização previstas por alguns órgãos,
aqui? além de orientações e procedimentos para
prescrição de vacinas especiais.
correspondem ao Diabetes
Mellitus Tipo 2 – DM2.
42
O Diabetes confere maior propensão a
infecções, à colonização nasofaríngea Confira o artigo
pelo Streptococcus pneumoniae e a completo AQUI.
complicações graves da COVID-19, em GREGORY, Justin M. et.al. A
razão do comprometimento gravidade do COVID-19 é
imunológico e das comorbidades. triplicada na comunidade de
diabetes: uma análise
prospectiva do impacto da
Entretanto, não há na literatura
pandemia no Diabetes Tipo 1 e
contraindicação vacinal baseada nos Tipo 2., 2020. Disponível em:
níveis glicêmicos. Por isso, o .https://doi.org/10.2337/dc20-22
envolvimento de toda a equipe 60. Acesso em: 08 mar. 2023.
multiprofissional (médicos,
enfermeiros, farmacêuticos e
nutricionistas), informando e
incentivando a imunização, é de suma
importância para a adesão e o Influenza.
cumprimento do calendário vacinal.
Pneumocócica Conjugada
A recomendação das Sociedades 13-valente (VPC13).
Americana e Brasileira de Diabetes, e
Pneumocócica Polissacarídica
Brasileira de Imunizaçāo, é de que os 23-valente (VPP23).
pacientes com DM realizem o
esquema vacinal básico proposto Hepatite B.
para a idade e, com base nas
recomendações do Centro de Haemophilus Influenzae do
Tipo B.
Referência de Imunobiológicos
Especiais (CRIE) (2019-2020),
Varicela.
enfatizam algumas vacinas como
essenciais:
Herpes-Zoster.
PARA MAIORES
INFORMAÇÕES, ACESSE O
GUIA DE IMUNIZAÇÃO
SBIm/SBD – DIABETES
2019-2020.
43
No intuito de facilitar a programação e os
registros, a SBD lançou o Cartão de
Vacinação para pessoas com Diabetes,
que pode ser acessado em:
https://diabetes.org.br/wp-content/uploa
ds/2022/09/Carto_Vacinao_SBD.pdf.
CLIQUE PARA
ACESSAR.
44
7
Rastreamento das
complicações
Neste tópico serão abordados o
O que rastreamento das complicações
oriundas do DM2, como, por exemplo, a
você verá Retinopatia Diabética, a Nefropatia
aqui? Diabética, o Pé Diabético, a
Estratificação de Risco Cardiovascular,
bem como suas formas de prevenção.
46
O Diabetes não tratado corretamente é uma
das maiores causas de cegueira, hemodiálise
e amputação, e o empenho da Equipe de
Saúde em identificar fragilidades sociais e de
adesão é fundamental para uma
programação de cuidados individualizada e
pautada na necessidade de cada paciente a
despeito de qualquer protocolo.
47
QUAL DEVE SER A
FREQUÊNCIA DAS
CONSULTAS?
● Consulta médica 03
Pacientes com lesão vezes ao ano.
de órgão alvo e/ou ● Consulta com
múltiplas doses de enfermagem 2 vezes ao
Insulina: ano.
Classificação de
A AVALIAÇĀO 1 Risco
Cardiovascular.
CLÍNICA DAS
COMPLICAÇŌES Detecção de
48
Para a Classificação de Risco
Cardiovascular pode ser utilizado o
Escore de Framingham ou os
critérios propostos pela SBD
(2022). As metas para LDL, HDL,
Triglicerídeos e PA foram revisadas CLASSIFICAÇÃO DE
no Tópico 1, Aula 2. Na próxima RISCO CARDIOVASCULAR
aula, aprofundaremos mais nesse
assunto.
A urina rotina (ou tipo 1 ou EAS) não serve para rastreio, uma vez que só
demonstra Proteinúria positiva quando em níveis superiores a 300 mg/g,
ou seja, já na condição de Macroproteinúria. Os valores diagnósticos tanto
da TFG quanto da RAC estão apresentados no Tópico 1, Aula 2.
49
O rastreamento da Retinopatia Diabética
(RD) deve ser realizado pelo oftalmologista,
que realiza a Fundoscopia (também
chamada de Mapeamento de Retina), a
Retinografia Simples ou a
Angiofluoresceinografia, a critério. Um
RETINOPATIA encaminhamento contendo os dados sobre
DIABÉTICA o Diabetes e os últimos exames deve ser
considerado.
50
O diagnóstico da Neuropatia Diabética (ND) deve
ser firmado ao diagnóstico de DM2, anualmente,
independentemente dos sintomas, e após
exclusão de outras causas, uma vez que a
deficiência de Vitamina B12, comum nos
diabéticos que utilizam Metformina, assim como
Etilismo, Hipotireoidismo, Síndrome do Túnel do
Carpo, excesso de Vitamina B6 e metais pesados
cursam com os mesmos sintomas.
DIAGNÓSTICO
DO NPDD!
correspondem ao Diabetes
Mellitus Tipo 2 – DM2.
51
Considera-se, pela alta sensibilidade, que os melhores
testes para rastreamento são a Sensibilidade Térmica
(fibras finas) e o Bioestesiômetro (fibras grossas),
dem ao uma vez que o diapasão tem menor sensibilidade, mas
tus Tipo 2
2. acaba sendo mais utilizado pelo fácil manejo e
disponibilidade. Entretanto, para o diagnóstico
definitivo da NPD a SBD recomenda o Escore de
Comprometimento Neuropático (ECN), esquematizado
na FIGURA 13, a seguir:
INTERPRETAÇÃO
SOMA BILATERAL DE PONTOS GRAU DE NEUROPATIA
0-2 Ausente
3-5 Leve
6-8 Moderada
9-10 Severa
52
Na Prática da Atenção Primária (APS)
recomenda-se, para sensibilidade tátil,
o uso do Monofilamento de 10g, que
avalia a Sensibilidade Protetora Plantar,
ou seja, identifica o pé em risco para
VEJA O ulceração.
RECOMENDADO
Seu uso para rastreio precoce da ND
não é recomendado em função de sua
baixa sensibilidade.
Tonturas posturais.
Taquicardia ao repouso.
Disfunção erétil.
53
O Pé Diabético se caracteriza por
uma série de alterações
decorrentes da Neuropatia
Diabética Periférica (NDP),
descrita anteriormente, e de
problemas circulatórios,
principalmente, Doença Arterial
PÉ DIABÉTICO Periférica (DAP), que podem
levar a úlceras, infecções e
culminar em amputações.
COMO AVALIAR O
PÉ DIABÉTICO?
55
INSPECIONAR E EXAMINAR
REGULARMENTE O PÉ EM RISCO:
Risco de
Categoria Características Frequência*
ulceração
0 Muito baixo Sem PSP e SEM DAP. Uma vez ao ano.
Uma vez a cada
1 Baixo PSP ou DAP.
6-12 meses.
PSP + DAP, ou
Uma vez a cada 3-6
2 Moderado PSP + deformidade no pé ou
meses.
DAP + deformidade no pé.
PSP ou DAP, e um ou mais dos seguintes:
- Histórico de Úlcera no pé.
- Uma amputação de membro inferior Uma vez a cada 1-3
3 Alto
(menor ou maior). meses.
- Doença Renal em estágio terminal
(DRET).
Fonte: Diretrizes Práticas do IWGDF, 2019. Disponível em:
https://iwgdfguidelines.org/wp-content/uploads/2020/12/Brazilian-Portuguese-translation-IWGDF-Guid
elines-2019.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
*A frequência de triagem é baseada na opinião de especialistas, uma vez que não há evidências publicadas
que apoiem esses intervalos de tempo.
PSP: perda de sensibilidade protetora; DAP: Doença Arterial Periférica. 56
EDUCAR PACIENTES,
A informação estruturada e
FAMILIARES E
reiterada e a devida motivação
PROFISSIONAIS DE podem mudar o comportamento, e
SAÚDE SOBRE O melhorar o comprometimento dos
CUIDADO COM OS PÉS. pacientes em relação ao
autocuidado com os pés.
AUTOEXAME
TIPO DE CORTE DAS HIGIENE E SECAGEM (RECONHECER AS
CALÇADO. UNHAS INTERDIGITA ALTERAÇÕES QUE
DEVEM LEVÁ-LO A
BUSCAR AJUDA)
57
Veja as orientações: .
TRATAMENTO E FATORES DE
RISCO PARA ULCERAÇÃO:
INSPECIONAR E EXAMINAR
REGULARMENTE O PÉ EM RISCO:
58
Herpes-zoster.
DIABETES
MELLITUS
POLINEUROPATIA NEUROPATIA
DAP
SENSITIVO-MOTORA AUTONÔMICA
PÉ EM RISCO
FATORES EXTERNOS
(CAMINHAR DESCALÇO,
ULCERAÇÃO CALÇADOS
INADEQUADOS).
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, diretrizes do Pé Diabético, 2019. (Adaptado por Conasems).
Disponível em:
https://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/02/Diretrizes-Sociedade-Brasileira-de-Di
abetes-2019-2020.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
59
Os dois primeiros Cartões de Informação disponibilizados sāo: “Como gerir
pessoas em risco de ulceração do Pé Diabético” e “Como classificar a
infecção do Pé Diabético”, conforme podemos verificar nas FIGURAS 18 e
19, que se seguem:
60
8
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Em síntese, o tratamento do DM2 evoluiu para uma abordagem que visa,
sobretudo, a redução da mortalidade. De forma ampla e global, o manejo do
paciente com DM2 não se restringe ao controle glicêmico.
(*)LDL Colesterol pode ser calculado pela seguinte fórmula, desde que os valores de
Triglicerídeos sejam <400mg/dl: LDL Colesterol = Colesterol Total – HDL Colesterol
(Triglicerídeos/5).
(**)A Taxa de Filtração Glomerular (TFG) deve, de preferência, ser estimada pela equação do
CKD-Epi, que representa melhor todo o espectro da função renal
(http://www.kidney.org/proficionals/kdoqi/gfr_calculator.cfm. Acesso em: 08 mar. 2023).
Na impossibilidade de acesso à calculadora, pode ser estimada pela fórmula TFG =
[(140-idade(anos) x peso (kg))/ 72 x Creatinina) ( x 0,85 se mulher).
(***) Valores normais: Albuminúria em amostra isolada <17mg/L, Albuminúria em urina de
24horas < 30mg, relação Albumina: Creatinina (RAC) <30 mg/g. 62
M2.
9
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Material Complementar
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