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ATUAÇÃO EM EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL E
INTERSETORIALIDADE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 13
Brasília – DF
2022
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ATUAÇÃO EM EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL E
INTERSETORIALIDADE
PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE
E-BOOK 13
Brasília – DF
2022
2022 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br
Assim, ao final desta disciplina, esperamos que você reflita sobre o trabalho
em equipe multiprofissional como princípio e diretriz para a organização da
Atenção Primária à Saúde (APS) e da Vigilância Sanitária no Brasil;
problematize a importância do trabalho em equipe para garantia da
integralidade do cuidado; compreenda e relacione o conceito de trabalho
interprofissional na APS e VS; apresente estratégias para a qualificação do
trabalho em equipe no cotidiano e reconheça a necessidade da atuação
em equipe multiprofissional e intersetorial para resolução dos problemas de
saúde do território que atua.
Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE - Agente de Combate às Endemias
ACS - Agente Comunitário de Saúde
APS -Atenção Primária à Saúde
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial
CREAS - Centro de Referência Especializado em Assistência Social
PTS - Projeto Terapêutico Singular
PST - Projeto de Saúde no Território
PNAB – Política Nacional de Atenção Básica
PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde
LISTA DE FIGURAS
15 | Figura 1 - A intersetorialidade dos serviços
SUMÁRIO
01
8 INTERSETORIALIDADE EM
SAÚDE
20 O TRABALHO
MULTIPROFISSIONAL EM
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
31
FERRAMENTAS E
ESTRATÉGIAS QUE
FAVORECEM O TRABALHO
MULTIPROFISSIONAL E
INTERDISCIPLINAR
41 RETROSPECTIVA
43 BIBLIOGRAFIA
INTERSETORIALIDADE
EM SAÚDE
O QUE VOCÊ ENTENDE POR
INTERSETORIALIDADE?
8
Quando se trabalha articuladamente com outros setores da sociedade,
aumenta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada
às necessidades de saúde da comunidade. Além disso, consolida-se
ações que possam fomentar o desenvolvimento da atuação
Intersetorial, por meio de parcerias e de recursos, favorecendo a
integração de projetos sociais e setores afins orientados para a
promoção da saúde.
9
Você se lembra que na disciplina Organização da
Atenção à Saúde e Intersetorialidade, vimos o exemplo
do Agente Tião que buscou a aproximação das
equipes de saúde para a resolução em conjunto da
situação vivenciada?
10
O que você achou da resolução
encontrada por Tião? O que você
faria? Veja agora outros
exemplos para compreendermos
melhor a temática estudada!
Durante uma visita domiciliar a uma gestante que faltou à sua consulta
pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS), a ACS Gerusa visualizou
marcas vermelhas e roxas no rosto e corpo da grávida, identificando
tratar-se de hematomas e equimoses. Ao ser perguntada sobre essas
marcas, a mulher respondeu:
11
Você, ACS, é o elo entre a UBS e a comunidade, da mesma forma que
você e sua equipe de saúde são o elo entre a comunidade e os
demais setores necessários para a resolução de algum problema na
comunidade. Desta forma, inicialmente, este caso deve ser levado
imediatamente para sua equipe e discutido em conjunto.
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Podem ser necessários outros parceiros para auxiliar na resolução
desta situação e garantir a proteção e direitos da mulher e da
criança. O marido também precisa de auxílio uma vez que não
está conseguindo se controlar com relação ao uso de álcool e à
agressividade.
CIDADÃO
ONGs COMUNIDADE Conselhos
Redes de Centros
Proteção Comunitários
13
No próximo exemplo, o ACS Tião e a ACE Camila, foram realizar algumas
visitas pelo território a fim de orientar a comunidade sobre a importância
de não se deixar água parada em utensílios, para prevenir a proliferação
da dengue. Veja:
Em uma das suas visitas domiciliares, Tião avista o portão aberto de uma
residência na qual ele nunca conseguia falar com ninguém. Então, Tião
correu com Camila para aproveitar a oportunidade.
14
Tião também orientou sobre a necessidade
de autocuidado e prevenção de doenças.
Os dois falaram muito sobre as condições
visualizadas de acumulação de diferentes
objetos e animais no local e o quanto tudo
isso poderia acarretar no adoecimento das
próprias crianças que ali viviam.
15
A situação citada também extrapolará a atuação da equipe local de
saúde e Vigilância em Saúde, podendo ser necessário o envolvimento
de outros setores e órgãos como:
16
Neste sentido, você tem um enorme e importante papel no que diz
respeito a desenvolver e mediar ações em projetos e programas
intersetoriais e intrassetoriais para a promoção da saúde e para a
prevenção de agravos.
17
Além da inter-relação de diferentes órgãos para a integralidade da
assistência, é indispensável elencar a participação das equipes que
realizam este trabalho. Não há como falar de cuidado integral sem o
envolvimento de diferentes atores, tendo em vista o quanto cada um
deles é importante na construção da totalidade da assistência.
18
O TRABALHO
MULTIPROFISSIONAL
EM ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
Um dos grandes desafios para a Atenção Básica à Saúde (ABS) é, sem
dúvida, assegurar a integralidade da assistência de modo que não haja
descontinuidade do processo de cuidado. Por isso, a Política Nacional de
Atenção Básica em Saúde (PNABS) também estimula a formação de
equipes multidisciplinares e interdisciplinares para desenvolver ações de
promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação,
redução de danos, cuidados paliativos, além da vigilância em saúde.
20
Esta interação também aumenta o aproveitamento da capacidade de
cada profissional pela coesão do trabalho desenvolvido. Favorece o
relacionamento Interprofissional de modo que todos assumam uma
corresponsabilidade coletiva, melhorando as relações entre os próprios
profissionais e entre equipe e comunidade.
Integralidade do cuidado?
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É responsabilidade da equipe de saúde a coordenação do cuidado ao
usuário, articulando a resolução de problemas e ações de saúde entre os
diferentes serviços da rede voltado para o alcance do objetivo comum.
Isso deve ser realizado de maneira longitudinal, isto é, presumindo a
existência contínua do cuidado por longos períodos. Além disso,
independe da presença de problemas específicos relacionados ao
processo saúde-doença do indivíduo, ainda que este esteja sob o
cuidado de outros níveis de atenção especializados.
22
Equipe da Atenção Primária: deve ser
composta minimamente por médico
(preferencialmente especialista em
medicina de família e comunidade),
enfermeiro (preferencialmente
especialista em saúde da família),
técnicos e auxiliares de enfermagem.
Outros profissionais como dentistas,
técnicos e auxiliares de saúde bucal,
ACSs e ACEs podem agregar esta
equipe.
23
Equipe de Saúde Bucal:
cirurgião-dentista e técnico ou
auxiliar em saúde bucal.
24
Agora que você já conhece um pouco mais
sobre a atuação da equipe
multidisciplinar, vale lembrar: todos os
profissionais possuem atribuições
específicas e comuns, conforme
qualificação profissional.
25
● Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida no
planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde da
população, para o monitoramento da situação das famílias e
indivíduos do território. Especial atenção deve ser dispensada às
pessoas com agravos e condições que necessitem de maior
número de visitas domiciliares.
● Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
doenças, ou que tenham importância epidemiológica relacionada
aos fatores ambientais. Quando necessário, realizar o bloqueio de
transmissão de doenças infecciosas e agravos.
● Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e
coletiva.
● Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encaminhar os
usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território.
● Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver medidas
simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no
ambiente para o controle de vetores.
● Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu território e
orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de saúde
disponíveis.
● Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
potencializar ações Inter setoriais de relevância para a promoção
da qualidade de vida da população. Dentre elas estão as ações e
programas de educação, esporte e lazer, assistência social, entre
outros.
● Exercer outras atribuições que lhes sejam destinadas por legislação
específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor
federal, municipal ou do Distrito Federal.
26
As atribuições específicas do
ACS, são:
● Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área,
mantendo os dados atualizados no sistema de informação da
Atenção Básica vigente. Tais informações devem ser utilizadas de
forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da situação
de saúde, considerando as características sociais, econômicas,
culturais, demográficas e epidemiológicas do território, e
priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento
local.
● Utilizar instrumentos para a coleta de informações que apoiem no
diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade.
● Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento das ações
de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e outros
agravos à saúde, garantido o sigilo ético.
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● Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de
saúde e a população adscrita, considerando as características e
as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e
grupos sociais.
● Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas e
exames agendados.
● Participar dos processos de regulação a partir da Atenção Básica
para acompanhamento das necessidades dos usuários no que diz
respeito a agendamentos ou desistências de consultas e exames
solicitados.
● Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação
específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor
federal, municipal ou do Distrito Federal.
As atribuições específicas do
ACE, são:
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● Executar ações de campo para pesquisa entomológica,
malacológica ou coleta de reservatórios de doenças.
● Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis para
planejamento e definição de estratégias de prevenção, intervenção
e controle de doenças. Isso inclui, dentre outros, o recenseamento
de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente
indicado.
● Executar ações de controle de doenças utilizando as medidas de
controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ações de
manejo integrado de vetores.
● Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o
reconhecimento geográfico de seu território.
● Executar ações de campo em projetos que visem avaliar novas
metodologias de intervenção para prevenção e controle de
doenças.
● Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação
específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor
federal, municipal ou do Distrito Federal.
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FERRAMENTAS E
ESTRATÉGIAS QUE
FAVORECEM O TRABALHO
MULTIPROFISSIONAL E
INTERDISCIPLINAR
Agora que você já entendeu a importância da atuação multiprofissional e
intersetorial para a garantia da integralidade do cuidado, vamos
conhecer algumas estratégias e ferramentas que apoiam e orientam a
organização do trabalho das equipes de saúde. São elas: Projeto de
Saúde no Território (PST), Projeto Terapêutico Singular (PTS), Reunião de
equipe, Visita domiciliar e atividades em grupos na unidade ou na
comunidade.
31
A discussão também envolve refletir sobre as ações e as formas de
intervir nos problemas (BRASIL, 2010). O Projeto de Saúde no Território
(PST) tem como objetivo desenvolver ações para qualificação do
cuidado, produção de saúde nos territórios, qualidade de vida e
autonomia de sujeitos e comunidades.
Equipes de Saúde da
Família, Equipes
A No conceito ampliado de
construção saúde; na promoção da
2 do PST deve
saúde; na intersetorialidade,
na participação popular, em
se basear: espaços de cogestão e na
integralidade.
Na identificação de uma
Como
3
área e/ou população
vulnerável ou em risco; na
começar? identificação de um “caso
clínico"; a partir da análise
de situação de saúde.
Quais os
4 passos?
Preparação, planejamento e
implementação, avaliação.
32
5 PREPARAÇÃO PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO AVALIAÇÃO
BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola /
Ministério da Saúde / Secretaria de Atenção à Saúde / Departamento de Atenção Básica: Brasília, Ministério da
Saúde, 2004. 40 páginas.
33
Um paciente recebeu alta após ter sido
internado no hospital e retornou ao seu
domicílio acamado, com dispositivos
como sonda nasogástrica para se
alimentar, sonda vesical de demora
para poder urinar, colostomia para
evacuar e seus familiares não têm
ideia de como lidar com tudo isso.
Neste caso, utilizaremos o PTS para
tratar dos problemas específicos deste
usuário.
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● Definição de metas: definição de metas com propostas de ações
de curto, médio e longo prazo que devem ser negociadas e
pactuadas com a pessoa para a qual o projeto está sendo
pensado, a fim de estimular uma corresponsabilidade e melhor
adesão. Nesse momento, é importante identificar quem na equipe
possui maior vinculação com o usuário, para que seja essa pessoa
a fazer o contato.
● Definição de responsabilidades: de forma clara, simples e
objetiva, é imprescindível definir as tarefas que cada membro ou
pequenos grupos realizará.
● Avaliação: é o momento de rediscutir o caso e reavaliar todas as
ações desenvolvidas, se houve o alcance de cada objetivo, êxito
no desenvolvimento do planejamento, se continuarão realizando
os mesmos processos ou se deve haver correções de rumo,
mudança das ações e tarefas.
35
Reunião de equipe
Visita domiciliar
36
A equipe que está realizando a visita deve aproveitar o momento para
identificar outros agravos ou suspeitas de doenças; identificar situações
de importância epidemiológica e realizar ações de educação em saúde
para promoção da saúde e prevenção de doenças (Brasil, 2018).
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Deve-se estabelecer os objetos da visita que irão orientar a revisão de
conhecimentos necessários para embasar os procedimentos a serem
executados, com ênfase na entrevista e a observação em domicílio.
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Avaliação do processo de visita: a avaliação da visita domiciliar
poderá ser feita por meio de questionamentos em relação aos
procedimentos realizados após o término. Exemplo: Os objetivos
propostos foram alcançados? O preparo para a realização da
atividade foi adequado? O tempo estimado foi cumprido? Fomos
efetivos na resolução de intercorrências? É importante anotar esta
avaliação para que ela seja o ponto de partida das próximas visitas.
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RETROSPECTIVA
Nesta disciplina, você pôde refletir sobre a necessidade da
intersetorialização para a integralidade do cuidado e a importância das
relações multidisciplinares e interdisciplinares para um cuidado de
qualidade e efetivo. Viu que as ferramentas de qualificação favorecem a
construção compartilhada das ações e o trabalho coletivo para as equipes
em saúde.
Fique atento(a)! Para aprovação na disciplina você deve obter 60% dos
pontos distribuídos. Portanto, participe das atividades avaliativas
propostas, e, em caso de dúvidas, acione seu tutor.
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BIBLIOGRAFIA
ARAUJO, M. B. S.; ROCHA, P. M. Trabalho em equipe: um desafio
para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciência
saúde coletiva. v. 12, n. 2, p. 455-464, Rio de Janeiro, abr. 2007.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/vgK3yjGm6fBBxnXj6XZHzzq/abstract/
?lang=pt. Acesso em: 22/08/2022.
43
PEDUZZI, M.; AGRELI, H. F. Trabalho em equipe e prática colaborativa na
Atenção Primária à Saúde. Interface comunicação saúde educação
(Botucatu). vol. 22 supl. 2 p. 1525-34, 2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/icse/a/MR86fMrvpMcJFSR7NNWPbqh/?lang=pt.
Acesso em: 02/06/2022.
44
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br
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