Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VIGILÂNCIA E CONTROLE DE
ZOONOSES, ARBOVIROSES E
COMBATE A ANIMAIS
PEÇONHENTOS
Brasília (DF)
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS)
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE (CONASEMS)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
VIGILÂNCIA E CONTROLE DE
ZOONOSES, ARBOVIROSES E
COMBATE A ANIMAIS
PEÇONHENTOS
Brasília (DF)
2023
2023 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Programa Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da
Saúde: http://bvsms.saude.gov.br
Ficha Catalográfica
1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Doenças e Vetores. 3. Vigilância de zoonoses . I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx
Título para indexação:
Healthcare agent workers' Fundamentals
BEM-VINDA (0)!
Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE -Agente de Combate às Endemias
49 BACTERIOSES E RIQUETSIOSES
85 ANIMAIS PEÇONHENTOS
96 RETROSPECTIVA
98 REFERÊNCIAS
DOENÇAS
TRANSMITIDAS POR
VETORES E
ECTOPARASITAS
Que tal, começarmos
Que tal começarmos por
resgatar alguns conceitos
por resgatar alguns
como agente etiológico, vetor e
conceitos como agente hospedeiro?
etiológico, vetor e
hospedeiro?
8
Qual a importância de saber
o modo de transmissão das
doenças e o seu agente de
transmissão?
9
Que tal começarmos falando
sobre vetores? Você lembra o que
são vetores?
10
A abordagem do conteúdo será separada por doença e / ou agravo e,
consequentemente, pelos agentes infecciosos e vetores envolvidos.
11
O parasitismo é a relação desarmônica
entre espécies diferentes, sendo que um
(parasito) se beneficia, e o outro é
prejudicado (hospedeiro). Ele ocorre,
basicamente, de duas formas:
12
Antes de prosseguir a leitura,
tente se lembrar de alguns outros
parasitos que você conhece e
procure classificá-los como
ectoparasitos ou endoparasitos.
Todos esses parasitos que você
pensou, apresentam a mesma
gravidade na população humana?
13
Veremos que não. Temos duas
ectoparasitoses que são importantes,
por sua frequência na população, mas
que não causam grandes
complicações no ser humano.
PEDICULOSE ESCABIOSE
14
Agora que você já resgatou
alguns conceitos, que tal
conhecermos um pouco mais
sobre a pediculose e a
escabiose?
15
Apesar de encontrarmos a pediculose mais em
meninas, vale a pena verificar se é mito ou
verdade que:
16
Por serem ectoparasitas, os piolhos, conseguem
sobreviver fora do couro cabeludo, por até,
aproximadamente, 2 dias, pois apresentam uma
dependência metabólica apenas parcial, mas não
conseguem “voar” para outro hospedeiro. Sendo
assim, sua transmissão ocorre, preferencialmente,
pelo contato direto com os cabelos da pessoa
infestada.
17
Agora que você estudou um
pouco mais sobre pediculose,
que tal assistir ao vídeo para
saber mais sobre os cuidados
para controlar a pediculose?
E a escabiose? O que é?
O agente etiológico da escabiose é o ácaro Sarcoptes scabiei. É
endêmico em países em desenvolvimento, por sua disseminação ter
associação com pessoas de menor poder aquisitivo (maior
aglomeração), condições sanitárias precárias e compartilhamento de
objetos contaminados. O contágio ocorre, essencialmente, de duas
formas: contato direto, íntimo e duradouro com pessoa infectada, ou
contato duradouro, frequente e íntimo com objetos contaminados,
como roupas, lençóis e toalhas compartilhados. Apesar do termo estar
em desuso, devido às características pejorativas, a escabiose ainda é
popularmente conhecida como sarna, e em algumas regiões do país
como, pereba, curuba, pira e quibá.
18
A sarna que acomete gatos e cachorros não é
a sarna humana. É importante saber que os
ácaros que infestam animais domésticos,
causando escabiose, podem também atingir
o homem, mas o parasito não consegue
completar seu ciclo de vida. Quer saber mais
sobre o modo de transmissão? Acesse:
BRASIL. Ministério da Saúde. Dermatologia na
Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde,
2002. (Série Cadernos de Atenção Básica; n.
09). Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
guiafinal9.pdf . Acesso em: 17 abr. 2023.
19
ARBOVIROSES:
DENGUE, ZIKA,
CHIKUNGUNYA, FEBRE
AMARELA, FEBRE DO
NILO, FEBRE MAYARO
E FEBRE OROPOUCHE
Abordaremos sobre as principais arboviroses que são listadas como
problemas de Saúde Pública no país e onde o(a) ACE, conjuntamente com
o(a) ACS desenvolvem “atividades de promoção da saúde, de prevenção
de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território,
e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de
ações educativas individuais e coletivas”, sendo terreno comum para o ACE
executar “ações de controle de doenças utilizando as medidas de controle
químico, biológico, manejo ambiental e outras ações de manejo integrado
de vetores”, quando necessário (BRASIL, 2017).
22
Mas por que esses
insetos são de
importância para
Saúde Pública?
23
O trabalho realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil para prevenção
e controle das arboviroses – dengue, Zika, chikungunya e febre
amarela – ganhou destaque, em 2022, na reunião Global Integrated
Arboviruses Initiative, promovida pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
?
Você sabe qual o mosquito de
maior relevância nacional, Se você
que é responsável pela pensou no
transmissão de importantes Aedes
doenças urbanas, sendo uma aegypti,
dessas sem transmissão acertou.
urbana há mais de 80 anos?
24
Aedes aegypti
25
É um mosquito essencialmente
urbano cujo ciclo de vida é completo
após as quatro fases: ovo, larva,
pupa e adultos.
26
As arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti
constituem-se um dos principais problemas de saúde pública no
mundo (BRASIL, 2021), sendo a dengue a arbovirose urbana de
maior relevância nas Américas. “As infecções por arbovírus
podem resultar em um amplo espectro de síndromes clínicas,
desde doença febril branda até febres hemorrágicas e formas
neuroinvasivas. Entretanto a maior parte das infecções humanas
por arbovírus são assintomáticas ou oligossintomáticas (poucos
e leves sintomas)” (BRASIL, 2017, p.7). É um mosquito de hábito
hematófago, pertencente à ordem Diptera, subordem
Nematocera, família Culicidae (BRASIL, 2016, p. 43).
27
Dengue
28
É uma doença infecciosa cuja transmissão ocorre através da
picada da fêmea do Aedes aegypti infectada com vírus da
dengue (DENV), do gênero Flavivirus, pertencente à família
Flaviviridae. É uma doença que acomete pessoas de todas as
idades, mas os casos mais prevalentes são de adultos jovens
(BRASIL, 2009).
29
Por que a presença do
sorotipo DENV4 no Brasil
é preocupante?
30
Outro ponto importante a salientar é que a principal forma de
transmissão é a vetorial. Ela ocorre pela picada de fêmeas de Aedes
aegypti infectadas, no ciclo humano-vetor-humano. Sendo assim, a
transmissão da doença ocorre através da picada da fêmea do
mosquito vetor em uma pessoa sadia. A fêmea do Aedes aegypti
adquire o vírus, através da picada a uma pessoa doente, e uma vez
infectado, esse vetor continua a transmitir a doença durante toda a
sua vida.
OVOS
MOSQUITO
DA DENGUE
LARVA
MOSQUITO
ADULTO
PUPA
Fonte: https://www.freepik.com
31
Seus ovos são depositados pela fêmea, nas
paredes internas dos depósitos que servem como
criadouros. O repasto sanguíneo das fêmeas, assim
como a oviposição, ocorre quase sempre durante o
dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. A
fêmea grávida é atraída por recipientes escuros ou
sombreados, com superfície áspera, nos quais
deposita os ovos – ela distribui cada postura em
vários recipientes.
32
E como está a frequência da
dengue após a pandemia?
33
O diagnóstico pode ser atrasado, pois como as pessoas infectadas
com dengue podem apresentar sinais clínicos semelhantes a outras
arboviroses, os profissionais de saúde podem apresentar dificuldades
na suspeita inicial e, consequentemente, na adoção adequada do
manejo clínico. Isso pode predispor à ocorrência de formas graves da
doença, e de forma mais esporádica, óbitos. Na figura 3, é possível
fazer essa comparação.
34
Outro ponto comum entre a dengue, Chikungunya e Zika é que essas
arboviroses podem ser transmitidas ao homem por via vetorial, vertical
e transfusional, sendo a frequência de cada via diferente entre eles,
conforme podemos ver no quadro 1.
Dengue Chikungunya
Zika (ZIKV)
(DENV) (CHIK)
Mais
VETORIAL Mais frequente Mais frequente
frequente
Gestantes
Pode ocorrer
virêmicas podem
durante a
provocar infecção
gestação,
VERTICAL Raros neonatal grave
causando
(raro se <22ª
malformação
semana
fetal e aborto
gestacional)
35
Agora que você já leu sobre
a principal arbovirose
circulante no país, que tal
conhecermos um pouco
sobre a febre chikungunya
e a Zika? Elas são as outras
duas arboviroses
transmitidas pelo mosquito
do Aedes aegypti.
Chikungunya
36
No Brasil, são encontrados apenas os dois últimos genótipos (BRASIL,
2021). A doença apresenta baixa letalidade, mas alta taxa de ataque
(75%-95%), o que pode provocar epidemias, devido à densidade do
vetor, presença de indivíduos susceptíveis e intensa circulação de
pessoas em áreas endêmicas (BRASIL, 2021).
Os primeiros casos confirmados no Brasil foram encontrados nos
estados do Amapá e da Bahia e datam de 2014. Atualmente, é uma
doença disseminada em todo o país (BRASIL, 2017).
37
Por isso o nome chikungunya, que em Makonde significa “aqueles que se
dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com
a artralgia característica da doença (BRASIL, 2017). Quanto à suscetibilidade
e imunidade desenvolvida para o vírus Chikungunya (CHIKV), acredita-se
que também seja duradoura e protetora contra novas infecções, mesmo
que produzidas por diferentes genótipos desse vírus.
Zika
38
Não há evidências
científicas que
permitam assegurar o
tempo de duração da
imunidade conferida às
pessoas infectadas
pelos vírus Zika.
39
Febre Amarela
40
Nas Américas, temos dois ciclos de transmissão: “o urbano, no qual o
vírus é transmitido pelo Aedes aegypti ao homem, que é o hospedeiro
principal, sendo uma transmissão homem/mosquito/homem, e o
silvestre, em que o vírus circula entre mosquitos silvestres (Haemagogus
janthinomys e Haemagogus leucocelaenus) e primatas não humanos”
(BRASIL, 2001), sendo o homem um hospedeiro acidental. A infecção do
mosquito ocorre quando este pica um macaco ou um ser humano
infectado como apresentado na figura 4.
41
Você sabe qual
outro mosquito
atua como vetor de
arbovírus?
O pernilongo.
Febre de Nilo
42
A Febre do Nilo Ocidental apresenta várias linhagens.
Essa febre é uma arbovirose que apresenta a maioria dos casos com
sintomas leves de febre passageira, até casos mais graves com sinais
de acometimento do sistema nervoso central (SNC) ou periférico. Os
casos graves são mais frequentes em pessoas com mais de 50 anos.
43
O ciclo de transmissão do vírus na natureza envolve aves silvestres e
mosquitos, sendo que o VNO pode infectar humanos, equinos, primatas,
outros mamíferos, apesar de algumas espécies de aves atuarem como
reservatórios e amplificadores do vírus. O ser humano e os equídeos são
considerados hospedeiros acidentais e terminais, pois, uma vez
infectados, devido a viremia de curta duração e baixa intensidade, não
conseguem infectar os mosquitos.
44
O Culex apresenta ciclo de vida semelhante ao do Aedes aegypti: ovo,
larva, pupa e adultos, com a diferença que, para haver
desenvolvimento da larva, o criadouro deve ter grande quantidade de
material orgânico. Ou seja, encontra-se larvas de culex em
reservatórios poluídos, com água barrenta e em esgotos (BRASIL, 2016).
São as fêmeas do culex que transmitem a doença, ocorrendo a
infecção, obrigatoriamente, à noite, preferencialmente, durante o
repouso ou ao anoitecer (BRASIL, 2016). São medidas de proteção: uso
de repelentes, uso de tela em janelas, redução dos criadouros, melhoria
de saneamento básico, controle químico e biológico dos criadouros que
não possam ser descartados.
Outras doenças
causadas por
arbovírus, mas
em sua forma
silvestre, são a
febre do Mayaro
e a febre
Oropuche.
45
Febre do Mayoro e Febre do Oropouche
46
O vírus Oropouche (VORO) é transmitido principalmente pelo
mosquito da espécie Culicoides paraensis (borrachudo, maruim ou
pólvora), mas também já foi identificado na espécie Culex
quinquefasciatus (muriçoca ou pernilongo). Acomete principalmente
as pessoas residentes na região Amazônia, sendo as principais
epidemias registradas nos estados do Pará, Acre, Maranhão, Tocantins
e de Rondônia. Os casos mais recentes de notificação datam de 2017.
47
A febre do Mayaro e a Febre do Oropouche compõem a lista nacional
de doenças de notificação compulsória imediata, conforme Portaria
de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017). Como
não há vacina para imunoprevenir as arboviroses Mayaro e
Oropouche, e o seu ciclo silvestre não é possível de ser eliminado, as
medidas de prevenção consistem em: evitar o contato com áreas de
ocorrência e/ou minimizar a exposição à picada do vetor, seja
evitando a exposição em áreas de mata, durante o período de maior
atividade do mosquito transmissor da doença; usar roupas compridas
e repelentes para ajudar a evitar contato com o vetor silvestre e
diminuir o risco de infecção; usar de cortinas, mosquiteiros,
principalmente em área rural e silvestre e, principalmente, se possível,
evitando a exposição em área afetada (com transmissão ativa)
(BRASIL, 2022).
48
BACTERIOSES E
RIQUETSIOSES
Agora vamos tratar das
seguintes zoonoses:
Febre Maculosa,
Doença de Lyme, Peste,
Hantavirose e
Leptospirose.
50
Olá, Camila, bom dia! Que bom encontrá-la aqui!
Você viu a quantidade de hospedeiros
amplificadores que estamos tendo na
comunidade?
Precisamos efetivar o
manejo ambiental.
51
Temos algumas zoonoses, como a peste, leptospirose, febre maculosa
brasileira, hantavirose, febre amarela, e febre do Nilo Ocidental, que
ganharam repercussão brasileira, por serem zoonoses monitoras por
programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde.
São doenças de notoriedade, pelo seu potencial. Quando avaliamos,
especificamente, as riquetsioses, entendemos que são zoonoses,
causadas por bactérias da Família Rickettsiaceae, gêneros Rickettsia.
Pensando no ser humano como hospedeiro, as bactérias do gênero
Rickettsia são os únicos agentes etiológicos, transmitidos por
carrapatos.
Os carrapatos, principalmente da
classe Arachnida, têm como
hospedeiro diversas espécies de
anfíbios, répteis, aves e mamíferos,
sendo divididos em três famílias:
Ixodidae, Argasidae e
Nuttallielidae.
52
Os Carrapatos possuem mecanismos de perfuração e penetração da
pele que auxiliam na sua permanência extracorpórea por períodos
significativos, tornando-se vetores importantes para transmissão de
diversos patógenos a seres humanos e a outros animais. Os carrapatos
são artrópodes ectoparasitas hematófagos, que transmitem elevado
número de agentes etiológicos relacionados a zoonoses, afetando a
saúde do homem, bem como dos animais domésticos e silvestres
(BRASIL, 2022). Ocupa a segunda colocação entre os vetores
transmissores de doenças, perdendo apenas para mosquito/inseto.
53
O que é um
hospedeiro/reservatório
amplificador?
54
Você sabia que depois dos insetos
(dípteros), são os carrapatos que
apresentam maior importância como
vetores de doenças humanas?
Febre Maculosa
55
O hospedeiro adquire imunidade, possivelmente, duradoura contra
reinfecção, após infectado. Para que ocorra a transmissão da
doença, é preciso que o carrapato infectado permaneça entre 4 a 6
horas no ser humano. Os meses de maior atenção são os meses
entre abril e outubro, referentes ao período de aumentos das
atividades dos carrapatos (larval e ninfa), destacando-se o mês de
outubro como de maior incidência. O ciclo biológico do carrapato é
apresentado abaixo.
56
Os sintomas são
inespecíficos, podendo ser
confundidos com outras
doenças: febre elevada, dor
de cabeça, dor no corpo,
mal-estar generalizado,
náuseas e vômitos.
57
O tratamento é através de
antibioticoterapia.
58
Doença de Lyme
59
Para falarmos das próximas zoonoses, é
importante falar dos roedores, pois ganharão
notoriedade, por atuarem como vetor e/ou
reservatório nas doenças que trataremos a
seguir: Hantavirose, Leptospirose e Peste.
Hantavirose e Leptospirose
60
O agente etiológico da Hantavirose é o vírus RNA, pertencente à família
Bunyaviridae, gênero Hantavirus, transmitido ao ser humano através de
mamíferos, principalmente, roedores silvestres.
61
São eles:
62
Quando paramos para avaliar os
fatores ambientais que estão
associados com o aumento no
registro de casos de hantavirose, é
possível listar, principalmente, o
aumento do desmatamento
desordenado associado à expansão
das cidades para áreas rurais. O
aumento de áreas destinadas para
plantio também está associado ao
de grande plantio.
63
Seguindo as orientações
repassadas pelo Guia de Vigilância
em Saúde (2021), são medidas de
prevenção e controle para
Hantavirose:
64
Peste
65
A peste é uma doença infecciosa
aguda, causada pela bactéria
Yersinia pestis, que é
transmitida, principalmente,
pela picada de pulga infectada a
um mamífero, podendo se
manifestar em três formas
clínicas: bubônica, septicêmica
e pneumônica.
66
Parasitoses:
Doença de Chagas,
Leishmanioses,
Malária, Filariose
Linfática
Doença de Chagas
68
Algumas dessas espécies são de importância regionaL, como Triatoma
rubrovaria (Rio Grande do Sul), Rhodnius neglectus (Goiás), Triatoma
vitticeps (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), Panstrongylus
lutzi (Ceará e Pernambuco), Rhodnius nasutus (Ceará e Rio Grande do
Norte) e Triatoma maculata (Amapá) (BRASIL, 2021, p. 772).
ASSISTA AO VÍDEO
Quer saber mais sobre as fases
aguda e crônica da Doença de
Chagas? Assista ao vídeo:
TORRES, Rosália Morais. As fases
aguda e crônica da doença de
Chagas.
70
O ambiente natural dos barbeiros é o ambiente silvestre (na mata),
sendo encontrados em ninhos de pássaros, buracos de árvores e
em palmeiras, mas quando o ambiente natural é alterado, esses
insetos podem colonizar o ambiente peridomiciliar (galinheiros,
currais, locais que sirvam de armazenamento de grãos) e
domiciliar, desde que encontrem alimentos e o ambiente favorável
ao seu desenvolvimento (MEIS, 2017).
71
Agora que você recordou as
principais informações sobre
a Doença de Chagas, que tal
listar as principais formas de
prevenção que devem ser
reforçadas junto à população?
72
Os cuidados quando o morador encontrar triatomíneos no
domicílio são:
73
Malária
74
Leishmanioses
75
Qual a diferença entre a
Leishmaniose tegumentar
e a visceral?
76
A leishmaniose visceral, devido a sua incidência e alta letalidade,
principalmente em indivíduos não tratados e crianças desnutridas, é
também considerada emergente em indivíduos portadores da
infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), tornando-se
uma das doenças mais importantes da atualidade (BRASIL, 2014).
É uma doença crônica e sistêmica em que 90% dos casos não tratados
evoluem para óbito. É causada por Protozoários tripanossomatídeos do
gênero Leishmania, sendo a Leishmania infantum a espécie mais
comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (BRASIL,
2021). Assim como a Leishmaniose tegumentar, o vetor da leishmaniose
visceral é o mosquito palha (Dípteros da família Psychodidae,
subfamília Phlebotominae), principalmente, Lutzomyia longipalpisser. O
cão é a principal fonte de infecção na área urbana, enquanto que no
ambiente silvestre, destaca-se as raposas e os marsupiais. No Brasil, a
forma de transmissão é através da picada das fêmeas dos vetores (L.
longipalpis ou L. cruzi ) infectados pela Leishmania (L.) chagasi. (BRASIL,
2021). Seu ciclo de vida pode ser visto na figura 9.
78
A transmissão da Filariose Linfática ocorre através da picada da
fêmea do mosquito vetor com larvas infectantes do parasito. Após a
penetração na pele, por meio da picada do mosquito, as larvas
infectantes migram para a região dos linfonodos (gânglios), onde se
desenvolvem até a fase adulta. Os sintomas crônicos da Filariose
Linfática podem evoluir para: acúmulo anormal de líquido (edema)
nos membros, seios e bolsa escrotal; aumento do testículo
(hidrocele) e crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios
e bolsa escrotal (BRASIL, 2021). É importante salientar que a Filariose
Linfática está em fase de eliminação no Brasil. As propostas de
prevenção e controle têm como objetivo diminuir a transmissão, a
distribuição e a ocorrência da doença na população e eliminá-la
como problema de saúde pública. (BRASIL, 2021).
79
Raiva
É uma doença que não apresenta distribuição uniforme, visto que nos
casos em que os cães são os reservatórios, a região Norte (27%) e
Nordeste (53%) têm destaque no percentual de casos de raiva, enquanto
a região Sul e alguns estados da região Sudeste (Rio de Janeiro e São
Paulo) e o Distrito Federal, estão sob controle.
81
A evolução da doença é muito rápida no reservatório urbano/doméstico,
sendo o período de transmissibilidade do cão/gato para o ser humano, de
dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e durante toda
a evolução da doença (a morte do animal acontece entre cinco e sete
dias após o aparecimento dos sintomas). Já no reservatório silvestre não
se tem a precisão, podendo permanecer por longos períodos. No ser
humano, a progressão da doença oscila de 2 a 10 dias, após o período de
incubação, com prognóstico negativo: óbito.
82
Toxoplasmose
84
Esporotricose
84
ANIMAIS
PEÇONHENTOS
Quando se fala de animais peçonhentos, automaticamente, vem à
mente: escorpiões, aranhas, serpentes, abelhas, formigas, águas-vivas,
lacraias, entre outros. É importante ressaltar que, apesar de aumentar,
potencialmente, a gravidade dos acidentes causados, nem todo
acidente com animais peçonhentos é de grande repercussão (BRASIL,
2016).
,
86
Quadro 3 – Animais peçonhentos e acidentes causados
87
ATIVIDADES DAS
UNIDADES DE
VIGILÂNCIA DE
ZOONOSES
O que compete às Unidades de
Vigilância de Zoonoses?
As Unidades de Vigilância de Zoonoses, anteriormente, denominadas Centros
de Controle de Zoonoses, são estruturas físicas e técnicas, vinculadas ao
Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela execução de parte ou da
totalidade das atividades, das ações e das estratégias referentes à vigilância, à
prevenção e ao controle de zoonoses e de acidentes causados por animais
peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública, previstas nos
Planos de Saúde e Programações Anuais de Saúde, podendo estar organizadas
de forma municipal, regional e/ou estadual (BRASIL, 2017, p.6).
89
CONTROLE DE
POPULAÇÕES DE ANIMAIS
DE RELEVÂNCIA PARA A
SAÚDE PÚBLICA,
VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO
E CONTROLE DE
ZOONOSES
O controle da população de animais é realizado apenas em situações
excepcionais, em áreas de risco iminente de transmissão de uma zoonose e
por tempo determinado, pois pode implicar em risco de desequilíbrio
ambiental. É importante ressaltar que as ações de vigilância e prevenção de
zoonoses precisam ser executadas de forma permanente, pois possibilitam a
identificação oportuna de risco iminente de ocorrência desses acidentes e de
transmissão de doenças à população humana.
Unidades de
As ações de controle animal oscilam dependendo do tipo de animal,
podendo ser desenvolvidas de forma temporária ou permanente. Assumem o
Vigilância de
caráter excepcional e só podem ser realizadas quando o foco é a promoção
e a proteção da saúde humana, através da redução ou da extinção da
Zoonoses
doença. Sendo assim, seu propósito é reduzir ou eliminar a transmissão de
doenças e/ou risco de acidentes causados por esses animais, através de
medidas que podem ser classificadas como: de controle da população
animal ou medidas de prevenção de doenças / acidentes causados aos
seres humanos.
91
As ações de controle com relevância à
saúde pública são divididas em três
grupos:
Animais domésticos e
domesticados
Eles têm baixa relevância no controle animal, visto que, apesar de serem
muitos, nem todo animal doméstico é de relevância para a saúde
pública. A exceção são animais de áreas endêmicas e/ou epidêmicas
para determinada zoonose. São realizadas apenas ações temporárias,
assim como no grupo de outros animais sinantrópicos (pombos e
morcegos).
Animais peçonhentos e
venenosos
Roedores
sinantrópicos e vetores
92
Que tal saber um pouco
mais sobre roedores
sinantrópicos.
93
Mas o que é esse
manejo integrado de
roedores urbanos?
2 Identificação
infestante(s);
da espécie(s)
94
A desratização visa à eliminação dos roedores através de métodos
mecânicos (ratoeiras, gaiolas, etc.), biológicos (gatos, predadores
naturais) e químicos (raticidas/rodenticidas) que serão nosso foco.
Neste caso, haverá a aplicação de iscas ou substâncias tóxicas em
suas tocas ou nos ambientes infestados. Cada espécie de roedor
demanda de uma estratégia distinta. A esses produtos dá-se o nome
de raticidas ou rodenticidas.
95
RETROSPECTIVA
Nesta aula, foram estudadas várias doenças, seus agentes etiológicos
e principais vetores e agravos, principalmente aqueles que
apresentam significância sanitária no contexto da saúde pública. As
ações educativas na sociedade, certamente, representam importantes
ferramentas para o controle das doenças que se disseminam na
comunidade.
97
REFERÊNCIAS
AMATO, N.V.; AMATO, V.S.; GRYSCHEK, R.C.B.; TUON, F.F. Parasitologia – uma
abordagem clínica. Elsevier, 2008. p.456. 55.
BARBOSA, H.S., MUNO, R.M., and MOURA, M.A. O Ciclo Evolutivo. In: SOUZA,
W., and BELFORT JR., R., comp. Toxoplasmose & Toxoplasma gondii
[online]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014, pp. 33- 45. Disponível em:
https://books.scielo.org/id/p2r7v/pdf/souza-9788575415719-04.pdf.
Acesso em: 18 abr. 2023.
99
BRASIL. Ministério da Saúde. Dengue instruções para pessoal de
combate ao vetor: manual de normas técnicas. - 3. ed., rev.Brasília :
Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 2001. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/man_dengue.pdf .
Acesso em: 17 abr. 2023.
100
BRASIL. Ministério da Saúde. Filariose Linfática: Manual de Coleta de
Amostras Biológicas para Diagnóstico de Filariose Linfática por
Wuchereria bancrofti. Brasília: Ministério da Saúde, 2008a. Disponível
em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/filariose_linfatica_manu
al.pdf. Acesso em: 17 abr. 2023.
101
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para o planejamento das ações de
captura de anofelinos pela técnica de atração por humano protegido
(TAHP) e acompanhamento dos riscos à saúde do profissional
capturador. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. CH: 90 h. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_planejamento_acoes_
captura_anofelinos_tecnica_atracao_humano_protegido.pdf. Acesso em:
17 abr. 2023.
102
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da
leishmaniose visceral. Ministério da Saúde. – 1. ed., 5. reimpr. Brasília:
Ministério da Saúde, 2014. 120 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_cont
role_leishmaniose_visceral_1edicao.pdf . Acesso em: 17 abr. 2023.
103
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação GM/MS no 04 de
28 de setembro de 2017. Brasília: Diário Oficial República Federativa do
Brasil, 2017. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0004_03_10_
2017.html. Acesso em: 17 abr. 2023.
104
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações integradas de
vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de
Saúde Pública de Importância Nacional: procedimentos para
o monitoramento das alterações no crescimento e
desenvolvimento a partir da gestação até a primeira infância,
relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias
infeciosas dentro da capacidade operacional do SUS. Brasília
: Ministério da Saúde, 2017. 158 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_integrad
as_vigilancia_atencao_emergencia_saude_publica.pdf. Acesso
em: 17 abr. 2023.
105
FIOCRUZ. Como é o ciclo de vida do mosquito 'Aedes aegypti'? 2019.
Disponível em:
https://portal.fiocruz.br/pergunta/como-e-o-ciclo-de-vida-do-mosquito-
aedes-aegypti). Acesso em: 17 abr. 2023.
NEVES, DP. Parasitologia Humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.
TRABULSI, L.R. & ALTERTHUM, F.A. Microbiologia. 5 ed. São Paulo: Atheneu,
2008. p.780.
106
USP. UNIVESP. Principais doenças infecciosas e parasitárias e seus
condicionantes em populações humanas. In: Licenciatura em Ciências,
Módulo 5. s.d. p. 179 Disponível em:
https://midia.atp.usp.br/plc/plc0501/impressos/plc0501_08.pdf. Acesso em:
18 abr. 2023.
107
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br
109