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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROMOÇÃO DA SAÚDE

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 19

Brasília – DF
2023  
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROMOÇÃO DA SAÚDE

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 19

Brasília – DF
2023  
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hishan Mohamad Hamida – Conasems Juliana de Almeida Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Leandro Raizer – UFRGS Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Roberta Shirley A. de Oliveira – MS
Coordenação-Geral de Ações Educacionais
Rodrigo dos Santos Santana – MS Colaboração:
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Daniela Riva Knauth - UFRGS
Edifício PO 700, 4º andar
Direção técnica: Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Isabela Cardoso de Matos Pinto - SGTES/MS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-3394
Célia Regina Rodrigues Gil – DEGES/SGTES/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
E-mail: sgtes@saude.gov.br
Roberta S. Alves de Oliveira – DEGES/SGTES/MS Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Rodrigo dos Santos Santana - MS Conasems
Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Departamento de Saúde da Família Rosângela Treichel – Conasems
Esplanada dos Ministérios Bloco G, Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Organização:
7º andar
Núcleo Pedagógico do Conasems
CEP: 70058-90 – Brasília/DF
Assessoria executiva:
Tel.: (61) 3315-9044/9096
Supervisão-geral: Conexões Consultoria em Saúde LTDA
E-mail: aps@saude.gov.br
Rubensmidt Ramos Riani
Coordenação de desenvolvimento gráfico:
Secretaria de Vigilância em Saúde:
Coordenação técnica e pedagógica: Cristina Perrone – Conasems
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Cristina Fatima dos Santos Crespo
Edifício PO 700, 7º andar Valdívia França Marçal Diagramação e projeto gráfico:
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Aidan Bruno – Conasems
Tel.: (61) 3315.3874 Elaboração de texto: Alexandre Itabayana – Conasems
E-mail: svs@saude.gov.br Charles Souza Santos Bárbara Napoleão – Conasems
João Batista Cavalcante Filho Lucas Mendonça – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS
Ygor Baeta Lourenço – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems
Revisão técnica:
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,
Andréa Fachel Leal– UFRGS Fotografias e ilustrações:
Sala 144
Diogo Pilger – UFRGS Biblioteca do Banco de Imagens do
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF
Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Conasems
CEP: 70058-900
Fabiana Schneider Pires – UFRGS
Tel.:(61) 3022-8900
José Braz Damas Padilha – SVS/MS Imagens:
Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Freepik, Brasil Escola e Wikipédia
Núcleo Pedagógico do Conasems
Patrícia Campos – Conasems
Rua Professor Antônio Aleixo, 756
CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG Rubensmidt Ramos Riani – SGTES/MS Revisão ortográfica:
Camila Miranda Evangelista
Tel: (31) 2534-2640
Gehilde Reis Paula de Moura
Keylla Manfili Fioravante
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha - Normalização:
Porto Alegre - Rio Grande do Sul
XXX – Editora MS/CGDI
CEP: 90040-060
Tel: (51) 3308-6000
Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Promoção da Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 19)

Modo de acesso: World Wide Web: xxx


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Promoção da saúde. 3. Política de Redes de Atenção à Saúde. I. Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx


Título para indexação:
Health Promotion
OLÁ, AGENTE!
Este é o seu e-book da disciplina Promoção da Saúde.

Convidamos vocês, Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de


Combate às Endemias (ACE), para ampliarem os seus conhecimentos já
elaborados, por meio de um método prático de identificação e análise
das suas ações específicas para implementação da promoção da saúde.

Neste material, você, agente, verá que todos os profissionais de saúde,


inclusive o ACS e o ACE, possuem a responsabilidade de identificar as
reais necessidades da população e construir estratégias que visam
reduzir os riscos de adoecimento e ampliar a qualidade de vida tanto
individual quanto coletiva.

Não se esqueça: estude este material com atenção e consulte-o sempre


que necessário! Acompanhe também a aula interativa e realize as
atividades propostas para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
ACE | Agente de Combate às Endemias
ACS | Agente Comunitário de Saúde
APS | Atenção Primária à Saúde
DSS | Determinantes Sociais da Saúde
HumanizaSUS | Política Nacional de Humanização
ParticipaSUS | Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa
PICS | Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
PNAB | Política Nacional de Atenção Básica
PNAN | Política Nacional de Alimentação e Nutrição
PNEP-SUS | Política Nacional de Educação Popular em Saúde
PNPIC | Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
PNPS | Política Nacional de Promoção da Saúde
PSE | Programa Saúde na Escola
PTS | Projeto Terapêutico Singular
SUS | Sistema Único de Saúde
LISTA DE FIGURAS
10 | Figura 1 - Infográfico sobre o histórico do conceito de
promoção da saúde.
24 | Figura 2 – Determinantes sociais que podem ter influência
sobre a situação de saúde de uma população determinada.
27 | Figura 3 - Organizações dos serviços de saúde: Piramidal e
Rede.
29 | Figura 4 - Características diferenciais dos sistemas
fragmentados e rede de atenção à saúde.
35 | Figura 5 - DSS e Estratégias de Promoção da Saúde.
39 | Figura 6 - Mapa Mental – APS
40 | Figura 7 - Plano de intervenção dos agentes de saúde
diante dos problemas de saúde do território.
SUMÁRIO

Promoção da Saúde: aspectos


07 introdutórios

Determinação sociocultural do

19 processo saúde-doença-cuidado:
aspectos introdutórios

25 Política de Redes de Atenção à Saúde


com vistas à integralidade do cuidado

31 Ações de promoção da Saúde,


demandas e intervenções sociais

36 Promoção da Saúde na APS

Promoção da alimentação adequada


42 e saudável; da atividade física e
hábitos de vida saudável

50 Retrospectiva

52 Bibliografia
PROMOÇÃO DA
SAÚDE: ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Promoção da saúde:
aspectos introdutórios
fundamentados no
contexto das políticas de
saúde no Brasil, da
organização dos serviços
de saúde e das condições
de vida e saúde da
população de seu
território.

ACS e ACE, chegou a hora de


iniciarmos nossos diálogos sobre os
conceitos de promoção da saúde.
Você sabia que por muito tempo
pensávamos que a saúde somente
era considerada como ausência da
doença?

8
Para muitos, quando a pessoa não expressava um sintoma, como dor
de cabeça, falta de ar ou qualquer outro sintoma relacionado ao corpo,
ela era considerada saudável.

Este pensamento sobre a saúde como ausência da doença influencia a


nossa comunidade até os dias de hoje, por isso precisamos discutir os
aspectos históricos que colaboraram para a mudança desse
pensamento. Você, agente de saúde, já faz um trabalho que consiste na
elaboração de um novo saber sobre a saúde no seu município, por isso
temos como objetivo familiarizar você com a construção histórica do
conceito de Promoção da Saúde no Brasil, contextualizando este
conceito com as políticas de saúde, a organização dos serviços e a
própria prática.

Vejamos a seguir algumas definições sobre promoção da saúde:

1ª DEFINIÇÃO

A promoção da saúde pode ser definida como um campo de


ações e reflexões que ultrapassam a ideia da saúde como
ausência da doença, ampliando este conceito ao introduzir
elementos e condições que influenciam diretamente na
qualidade de vida da população, como por exemplo, a
habitação, o saneamento básico, a renda, o trabalho, a
alimentação, o meio ambiente, o lazer, entre outros
determinantes sociais da saúde (SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003).

09
2ª DEFINIÇÃO

Promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos


30-35 anos, representa uma estratégia promissora para
enfrentar os problemas de saúde que afetam as populações
humanas. Partindo de uma concepção ampla do processo
saúde-doença e de seus determinantes, essa estratégia propõe
a articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização
de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados a
favor da qualidade de vida (BUSS et.al., 2020).

3ª DEFINIÇÃO

A Promoção da Saúde foi definida pela Organização Mundial da


Saúde (OMS) como um processo cuja finalidade é ampliar as
possibilidades de os indivíduos e suas comunidades possuírem
controle crescente sobre os determinantes sociais da saúde e,
como consequência, melhorarem sua qualidade de vida, sua
saúde (CARVALHO, 2005).

Ao perceber a saúde como um campo


ampliado de infinitas possibilidades para o
cuidado, você, agente de saúde, começa a
incentivar a comunidade, juntamente com
a equipe de saúde, a realizar práticas
voltadas para a promoção da saúde. No
entanto, antes disso, se faz necessário
conhecer a história da construção dos
conceitos sobre promoção da saúde.

10
Vamos apresentar uma
linha do tempo sobre a
promoção da saúde:

Figura 1 – Infográfico sobre o histórico do conceito de promoção da saúde.

1974 – Informe Lalonde: Uma Nova Perspectiva sobre a Saúde dos


Canadenses/ A New Perspective on the Health of Canadians.

1976 – Prevenção e Saúde: Interesse de Todos, DHSS (Grã-Bretanha).

1977 – Saúde para Todos no Ano 2000 – 30a Assembleia Mundial de


Saúde.

1978 – Conferência Internacional sobre Atenção Primária de Saúde –


Declaração de Alma-Ata.

1979 – População Saudável/Healthy People: The Surgeon General’s


Report on Health Promotion and Disease Prevention, US-DHEW (EUA).

1980 – Relatório Black sobre as Desigualdades em Saúde/Black


Report on Inequities in Health, DHSS (Grã-Bretanha).

1984 – Toronto Saudável 2000 – Campanha lançada no Canadá.

1985 – Escritório Europeu da Organização Mundial da Saúde: 38 Metas


para a Saúde na Região Europeia.

1986 – Alcançando Saúde para Todos: Um Marco de Referência para


a Promoção da Saúde/ Achieving Health for All: A Framework for
Health Promotion – Informe do Ministério da Saúde do Canadá. Carta
de Ottawa sobre Promoção da Saúde – I Conferência Internacional
sobre Promoção da Saúde (Canadá).

1986 - VIII Conferência Nacional de Saúde (Brasil).

1987 – Lançamento pela OMS do Projeto Cidades Saudáveis.


11
1988 – Declaração de Adelaide sobre Políticas Públicas Saudáveis – II
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Austrália).
De Alma-Ata ao ano 2000: Reflexões no Meio do Caminho – Reunião
Internacional promovida pela OMS em Riga (URSS).
Brasil – Constituição Brasileira, artigo 196: A saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.

1989 – Uma Chamada para a Ação – Documento da OMS sobre


promoção da saúde em países em desenvolvimento.

1990 – Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre a Criança, NY.

1991 – Declaração de Sundsvall sobre Ambientes Favoráveis à Saúde


– III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Suécia).

1992 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento (Rio-92) Declaração de Santa Fé de Bogotá –
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde na Região das
Américas (Colômbia).

1993 – Carta do Caribe para a Promoção da Saúde – I Conferência de


Promoção da Saúde do Caribe (Trinidad e Tobago) Conferência das
Nações Unidas sobre os Direitos Humanos (Viena).

1994 – Conferência das Nações Unidas sobre População e


Desenvolvimento (Cairo).

1995 – Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher (Pequim)


Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Social
(Copenhague).

1996 – Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos


Humanos (Habitat II) (Istambul).

1997 - Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre Alimentação (Roma).

1997 – Declaração de Jacarta sobre Promoção da Saúde no Século


XXI em diante – IV Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde (Indonésia)2000 - V Conferência Internacional sobre Promoção
da Saúde (Cidade do México).

12
2000 - Conferência das Nações Unidas sobre os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio.

2005 - VI Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde


(Bangkok).

2006 – Política Nacional de Promoção da Saúde (Brasil).

2008 – Informe da Comissão Global sobre Determinantes Sociais da


Saúde (OMS).

2009 - VII Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde (Nairóbi).

2012 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento (Rio +20) (Brasil).

2011 – Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da OMS (Rio


de Janeiro).

2013 - VIII Conferência Mundial de Promoção da Saúde: Saúde em


Todas as Políticas (Helsinque).

2014 - Política Nacional de Promoção da Saúde (Brasil), versão


revisada e atualizada.

2015 – Conferência das Nações Unidas sobre os Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável (ODS) e lançamento da Agenda 2030.

2016 - IX Conferência Mundial de Promoção da Saúde (Shangai).

2018 - Conferência Global de Atenção Primária à Saúde (Astana).

2019 – Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre Cobertura


Universal em Saúde.

Fonte: Adaptado a partir da referência


BUSS, Paulo Marchiori et al. Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva
histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva [online].
2020, v. 25, n. 12 [Acessado 4 Agosto 2022], pp. 4723-4735. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.15902020>. Epub 04 Dez 2020. ISSN 1678-4561.
https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.15902020.

13
A linha do tempo monstrou a evolução do conceito de promoção da
saúde destacando os principais acontecimentos, no Brasil e no mundo,
que colaboraram para a mudança de pensamento sobre como fazer
saúde. Vamos destacar, entre estes acontecimentos, a implantação da
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS).

Chegou o momento de
sabermos mais sobre a
PNPS!

A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) foi instituída


pela Portaria MS/GM n.º 687, de 30 de março de 2006, e
redefinida pela Portaria n.º 2.446, de 11 de novembro de 2014, e
que foi revogada pela Portaria de Consolidação n.º 2, de 28 de
setembro de 2017, que consolida as normas sobre as políticas
nacionais de saúde do SUS. A PNPS ratificou o compromisso do
Estado brasileiro com a ampliação e a qualificação de ações
de promoção da saúde nos serviços e na gestão do SUS; e, a
partir de então, foi inserida na agenda estratégica dos
gestores do SUS e nos Planos Nacionais de Saúde
subsequentes, ampliando as possibilidades das políticas
públicas existentes (BRASIL, 2018).

14
Portanto, você Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de
Combate às Endemias (ACE), lembre-se de que para se operar a
política de saúde, incluindo a de promoção da saúde, é necessária a
consolidação de práticas voltadas para indivíduos e coletividades, em
uma perspectiva de trabalho multidisciplinar, integrado e em redes,
de forma que considere as necessidades em saúde da população.

A PNPS traz, em sua essência, a necessidade de estabelecer relação


com as demais políticas públicas conquistadas pela população,
incluindo aquelas do setor Saúde, tais como:

• Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)


• Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)
• Política nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEP-SUS)
• Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP-SUS)
• Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS)
• Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa
(ParticipaSUS)
• Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC)
• Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e
Violências
• Política Nacional de Atenção às Urgências
• Políticas Nacionais de Saúde Integral de Populações Específicas.

15
Vamos aprender juntos!!
Curioso para ler informações
sobre as políticas públicas
citadas?

Clique nos links:

Política Nacional de Redução da


PNAB Morbimortalidade por Acidentes e Violências

PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNEP-SUS Política Nacional de Educação Popular em Saúde

HumanizaSUS Política Nacional de Humanização

Política Nacional de Gestão Estratégica e


ParticipaSUS Participativa

Política Nacional de Práticas Integrativas e


PNPIC Complementares

A PNPS foi reelaborada a partir de 2014 com as discussões em diversos


acontecimentos no cenário nacional e internacional:

As agendas sociais coordenadas pela Casa


Civil da Presidência da República; a
Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável – RIO +20; a
Estratégia Global para Alimentação, Atividade
Física e Saúde; a 8ª Conferência Internacional
de Promoção da Saúde, com a Declaração de
Helsinque com o tema Saúde em Todas as

EXEMPLO
Políticas; o Plano Brasil Sem Miséria; o Plano da
Década de Segurança Viária – 2011 a 2020; e o
Fórum Econômico Mundial, com a discussão
sobre o desafio de enfrentar as doenças
crônicas não transmissíveis.

16
Ocorreram também mudanças na legislação,
incluindo a publicação do Decreto n.º 7.508, de 2011,
que regulamentou a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.º
8.080/1990), dispondo sobre a articulação
interfederativa, com ênfase na equidade entre as
regiões de saúde; e a publicação da Lei
Complementar n.º 141, de 2012, que normatizou a
Emenda Constitucional n.º 29 (BRASIL, 2018).
Para saber mais, sobre
a PNPS, clique aqui .

Observou-se a necessidade de identificar como a promoção da saúde no


SUS vinha sendo operacionalizada nos territórios para, então, rever de que
modo a PNPS, como política pública, mobilizava os atores na busca de
sua efetivação prática. Ficou evidente a importância de incluir novos
elementos indutores para a sua concretização, como a explicitação de
valores, a definição de temas transversais e de eixos operacionais, bem
como a adequação e a atualização dos temas prioritários da política.

Dessa forma, a Portaria de Consolidação n.º 2, de 28 de


setembro de 2017, definiu como eixos operacionais:
territorialização; articulação e cooperação
intrassetorial e intersetorial; Rede de Atenção à Saúde;
participação e controle social; Gestão; Educação e
Formação; vigilância, monitoramento e avaliação;
produção e disseminação de conhecimentos e saberes
e comunicação social e mídia. E temas transversais:
Determinantes Sociais da Saúde (DSS), Equidade e
Respeito à Diversidade; Desenvolvimento Sustentável;
Produção de Saúde e Cuidado; Ambientes e Territórios
Saudáveis; Vida no Trabalho; Cultura da Paz e Direitos
Humanos (BRASIL, 2018).

17
Após essa breve retrospectiva, podemos
pensar em algumas mudanças em nossas
práticas durante o trabalho na área de
abrangência da Unidade de Saúde?

O que os agentes de saúde (ACS e


ACE) podem fazer em conjunto
para compartilhar as ideias do
conceito de promoção da saúde?

A acessibilidade dos agentes de saúde junto à comunidade e o vínculo


construído durante seu trabalho são instrumentos que podem facilitar o
diálogo com a população adscrita na tentativa de mostrar as diversas
possibilidades de ações individuais e coletivas de promoção da saúde.

Não seria interessante, por exemplo, se o ACS e


o ACE realizassem a visita domiciliar ao
mesmo tempo para avaliação do
conhecimento da comunidade sobre os
cuidados no combate ao mosquito Aedes
aegypti, vetor da dengue, chikungunya e Zika?

E se os agentes perceberem
situações tais como: pessoas em
situação de violência, em situação
de rua, fazendo uso abusivo de
álcool, entre outros?

18
Os agentes podem levar para discussão na reunião de equipe todas
essas situações e podem traçar estratégias e abordagens de promover
o cuidado e a melhoria da qualidade de vida, por meio de diálogo e
educação em saúde com a comunidade, de acordo com as
necessidades identificadas no território. Podem ainda incentivar o
cultivo de hortas comunitárias para a promoção da saúde alimentar
adequada e saudável, encorajar a população a participar das ações e
iniciativas de atividade física desenvolvidas na comunidade ou no
município, entre outras ações que promovam a saúde. Podem também
estimular a população para realizar ações por onde circulam, seus
locais de trabalho, compras, escolas, lazer, etc para atividades visando
melhorar as condições dos territórios, o que terá repercussão para
melhor qualidade de vida.

Vamos finalizar esta temática fazendo essas reflexões e


compreendendo que a mudança do pensamento sobre os conceitos de
promoção da saúde é um processo contínuo, que deve ser construído
A promoção da saúde
cotidianamente com a como
pode ser definida participação da equipe de saúde e da
um campo de ações e
população.
reflexões que ultrapassam
a ideia da saúde como
ausência da doença,
ampliando este conceito
ao introduzir elementos e
condições influenciam
diretamente na qualidade
de vida da população,
como por exemplo, a
habitação, o saneamento
básico, a renda, o
trabalho, a alimentação, o
meio ambiente, o lazer,
entre outros
determinantes sociais da
saúde (SÍCOLI;
NASCIMENTO, 2003).

19
DETERMINAÇÃO
SOCIOCULTURAL
DO PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA-C
UIDADO: ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Como aconteceu a
evolução do processo
saúde-doença?
Desde a sua concepção biológica até a sua determinação social, o
processo saúde-doença sofreu inúmeras modificações. Vejamos:

Na concepção biológica, Na determinação social o


a saúde era vista como
conceito de saúde é
ausência de doenças, ou
seja, a falta de sintomas ampliado incluindo, além do
como dor, tontura ou aspecto biológico, outros
febre no indivíduo fatores que influenciam a
caracterizando-o como situação individual e
uma pessoa sadia. coletiva, como por exemplo,
o desemprego, a falta de
habitação, etc.

Neste contexto temos a ideia de promoção da saúde como um dos


pilares da concepção da saúde como produto social ao entender que
considera como foco da ação sanitária os determinantes gerais sobre a
saúde. Saúde é assim entendida como produto de um amplo espectro
de fatores relacionados à qualidade de vida, como padrões adequados
de alimentação e nutrição, habitação e saneamento, trabalho,
educação, ambiente físico limpo, ambiente social de apoio a famílias e
indivíduos, estilo de vida responsável e um espectro adequado de
cuidados de saúde (CARVALHO; BUSS, 2009).

21
Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS), os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são os fatores
sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde
e seus fatores de risco na população (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).

Contando a história de
Gerusa e Bia

Gerusa e Bia começaram o dia planejando as visitas domiciliares e


discutindo sobre a situação das famílias de suas microáreas.

Sabe aquela família


Sim, Gerusa. A
de Dona Neuza, que
Dona Neuza que
mora perto do
mora com as duas
mercadinho Santo
filhas e um neto.
Antônio, Bia?

22
Pois é, menina. Fico pensando como Dona
Neuza consegue manter a família só com a
aposentadoria. As filhas dela até tentam
trabalhar para ajudar em casa, mas o
emprego tá difícil viu.

E aquela rua sem calçamento na minha


microárea? À noite, tá um perigo com a
violência e o aumento de furtos!

Verdade, Bia. E nem te falo sobre o problema que


estou enfrentando em relação às vacinas. Nunca vi
tanta resistência das famílias em levar as crianças
para sala de vacinação... e olhe que sempre vejo o
cartão de cada pessoa da família e sempre lembro
as datas, viu?

Nossa, Gerusa. Aqui, eu estou com


aquela menina de 14 anos que vive
isolada no quarto e não conversa com
ninguém da família, nem tá comendo
direito, estou preocupada.

Na próxima reunião, falarei com a equipe sobre esses


problemas individuais e coletivos. Vamos fazer uma
lista das nossas microáreas, Bia? Ou melhor, vamos
falar com os agentes de endemias também? Eles
podem listar outros problemas que não
conseguimos enxergar.

23
Ótima ideia, Gerusa. Então, vamos lá! Eu
vou falar com Tião, e você fala com os
outros ACS para levarmos essa ideia
para próxima reunião. Tchau, tenho que
andar um bocado hoje. À tarde, a gente
volta a se falar para confirmar nossos
contatos.

Até mais tarde, então.


Bom trabalho!

Neste curto diálogo, vimos situações de saúde que são semelhantes


em todo o país. O desemprego, a ausência de uma urbanização
adequada, a violência, a inatividade física, a diminuição de cobertura
vacinal, etc. são determinantes sociais em saúde que influenciam
diretamente nas condições de vida da população.

25
25
Para ampliar seus conhecimentos,
assista ao vídeo que sintetiza as
discussões sobre os DSS. Clique aqui
ou aponte a câmera de seu celular e
escaneie o código QR.

A partir da história de Gerusa e Bia e com as informações do vídeo,


você seria capaz de identificar os determinantes sociais de saúde de
sua microárea? Para tanto, vamos seguir o exemplo da figura 2.

Figura 2 – Determinantes sociais que podem ter influência sobre a situação de saúde
de uma população determinada.

Microárea Determinantes Sociais da Saúde


(DSS)
01 - ACS Gerusa Desemprego, renda familiar insuficiente, diminuição da
cobertura vacinal.

02 - ACS Bia Violência, ausência de pavimentação.

03 - Agentes de Vamos elencar juntos esses DSS de nossa área de


saúde abrangência? Agora é com vocês.
 

Fonte: Elaborada pelos autores.

Sabemos que os problemas de saúde são inúmeros e


que, constantemente, assolam tanto o indivíduo
quanto as famílias. Os agentes de saúde, por
identificarem os DSS, possuem, junto à equipe, maiores
possibilidades de planejar as estratégias de ação para
a promoção da saúde.

Possivelmente, você, agente, já desenvolve uma série


de atividades de promoção da saúde junto com sua
equipe. Vamos comentar sobre isso em nosso fórum
de discussão.

25
POLÍTICA DE REDES
DE ATENÇÃO À
SAÚDE COM VISTAS
À INTEGRALIDADE
DO CUIDADO
Até aqui, construímos
concepções sobre a
Promoção da Saúde e,
baseados no conceito
ampliado de saúde,
identificamos e
priorizamos os DSS.
Neste momento, teremos a oportunidade de pensar sobre o
funcionamento e a organização dos serviços de saúde. Será que a nossa
unidade de saúde tem um planejamento que oferece resolutividade aos
problemas de saúde da população adscrita? A nossa unidade de saúde
tem se conectado às outras unidades de saúde, aos hospitais ou centro
de atenção psicossocial na tentativa de atender às reais necessidades
de saúde da população?

Quando a pessoa é atendida em uma unidade de saúde e por algum


motivo esse serviço não consegue atender suas necessidades, ela,
geralmente, é encaminhada para outra unidade ou serviço de saúde,
com o intuito de resolver a situação.

Os serviços de saúde, por sua vez, devem oferecer a essa pessoa todas
as condições possíveis para atender a tal necessidade. Por isso, as
Redes de Atenção à Saúde (RAS) surgem como estratégia para a
Promoção da Saúde, ao organizar os sistemas de saúde de acordo com
a realidade de cada município. As RAS oferecem ao indivíduo e à
comunidade as oportunidades de resolução frente aos problemas de
saúde.

27
Neste contexto, os agentes de saúde são convidados a compreender o
funcionamento e a organização dos serviços de saúde por meio das
RAS. Para isso, temos como objetivo:

Relembrar as definições sobre Redes de Atenção à Saúde enfatizando


as ações específicas dos agentes de saúde na construção deste
processo.

Vamos analisar a figura 3:

Figura 3 – Organizações dos serviços de saúde: Piramidal e Rede

ORGANIZAÇÃO PIRAMIDAL ORGANIZAÇÃO EM REDE


APS
ATENÇÃO
HOSPITALAR
ESPECIALIZADA

ATENÇÃO
AMBULATORIAL APS

ATENÇÃO
PRIMÁRIA

SISTEMA FRAGMENTADO E
HIERARQUIZADO

Essa concepção hierárquica e piramidal deve ser substituída por


outra, a das redes poliárquicas de atenção à saúde em que
respeitando-se as diferenças nas densidades tecnológicas,
rompem-se as relações verticalizadas, conformando-se redes
policêntricas horizontais (MENDES, 2011).

Fonte:
https://image.slidesharecdn.com/redesatencaosus-140722134001-phpapp02/9
5/sergioredesatencao-5-638.jpg?cb=1453464677

A figura 3 demonstra duas formas de organização dos serviços de


saúde: a primeira, organizada de forma fragmentada e hierarquizada, e
a outra, baseada nas concepções das RAS. Percebe-se que nas duas
formas o ponto de partida é a Atenção Primária em Saúde (APS)
justamente onde os agentes de saúde realizam suas atividades
laborativas.

28
Vejamos este exemplo de organização
piramidal:

Dona Neuza, moradora da microárea de Gerusa, sentiu tontura


e dor de cabeça. No mesmo momento, Gerusa pediu para
Dona Neuza se dirigir à unidade de saúde (Atenção Primária).
Na unidade de saúde, ao ser examinada pela técnica de
enfermagem, foi identificado pressão arterial elevada. Não
havia médico na unidade de saúde naquele período, Dona
Neuza foi levada ao Pronto Atendimento (Atenção
Ambulatorial). Como os sintomas não diminuíram, mesmo
sendo medicada, o plantonista referenciou Dona Neuza para o
hospital municipal (Atenção Hospitalar Especializada) com o
intuito de reverter o quadro agudo e ter acesso a um
cardiologista.

Agora vejamos este outro exemplo


(organização em rede):

Dona Neuza, moradora da microárea de Gerusa, sentiu


tontura e dor de cabeça. Ao perceber esses sintomas, Gerusa
encaminhou Dona Neuza para a unidade de saúde (Atenção
Primária), onde foi reconhecida pelos outros profissionais de
saúde que já sabiam sobre seu histórico de doença crônica, a
Hipertensão Arterial Sistêmica. Nesse momento foi conferido
o Projeto Terapêutico Singular (PTS), construído pela equipe
de saúde para atender às principais necessidades de saúde
de Dona Neuza que consistia, dentre outros cuidados, na
introdução de medicalização para diminuir o quadro agudo.
Durante a investigação da equipe, foram identificadas as
causas da crise hipertensiva. Tratavam-se do uso
inadequado da medicação e de outras situações que afetam
emocionalmente Dona Neuza, como o desemprego das filhas.

29
Após as discussões sobre o quadro agudo de Dona Neuza, a
equipe de saúde atualizou o PTS, colocando como prioridade
na linha de cuidado o enfrentamento ao desemprego das filhas
com ações específicas para todos os membros da equipe de
saúde. Os agentes de saúde sugeriram que as filhas de Dona
Neuza atualizassem seus currículos e com o apoio da equipe
buscariam outros setores, além da saúde.

Depois de medicada, Dona Neuza passou por exames nos


laboratórios do município e retornou com os resultados para
nova avaliação da equipe de saúde. Ciente das ações que
seriam desenvolvidas para o enfrentamento do desemprego,
conseguiu estabilizar-se emocionalmente e, por conseguinte,
manteve a pressão arterial em níveis normais.

Ao comparar as duas formas de organização dos serviços de


saúde, você, agente, conseguiu entender as principais
diferenças? Percebeu que as RAS oferecem melhores
possibilidades para promoção da saúde?

Alerta: Veja na figura 4 as principais diferenças entre um


sistema de saúde fragmentado e outro baseado nas Redes de
atenção.

30
Figura 4 – Características diferenciais dos sistemas fragmentados e rede
de atenção à saúde.

Sistema Fragmentado APS + Redes de Atenção


● Hierarquia. ● Poliarquia.
● Sem coordenação da ● Atenção coordenada pela APS
atenção. ● Ação proativa e contínua,
● Ação reativa e episódica a baseada em planos de
partir da demanda. cuidados.
● Atenção fragmentada por ● Atenção integrada e
pontos de atenção. organizada em linhas de
● Cuidado centrado em cuidado.
profissionais, especialmente ● Atenção colaborativa e
médicos. multiprofissional, com foco no
● Ênfase em medidas curativas. autocuidado.
● Financiamento por ● Ênfase em medidas integrais
procedimentos . (da promoção à reabilitação).
● Financiamento por valor global.

Fonte: Mendes, 2011.

Para aprofundar seus


conhecimentos sobre as
Para finalizar esta temática, características e os elementos da
apresentamos os elementos RAS, acesse o manual As Redes
das RAS, conforme Mendes de Atenção à Saúde e realize a
(2011): leitura dos capítulos I e II.
Clique aqui.
• População e Regiões de
Saúde
• Estrutura Operacional
• Modelo Lógico de Atenção

31
Aqui finalizamos as temáticas que constituíram a dimensão
conceitual da promoção da saúde. A partir das próximas temáticas,
passaremos a discutir sobre a dimensão prática da promoção da
saúde. onde Levantaremos diversas possibilidades de ações e
estratégias que devem ser realizadas pela equipe de saúde e, em
especial, por você, agente de saúde.

Como a Atenção Primária à Saúde e a Vigilância em Saúde podem


colaborar para a transformação do modelo exclusivamente biológico
para as intervenções nos demais campos do setor saúde, como a
economia e a cultura? Como os agentes de saúde podem participar
deste processo contínuo de transformação? Vamos juntos apontar,
descobrir e sugerir, de acordo com a realidade do seu município, as
possíveis estratégias de promoção da saúde.

32
AÇÕES DE
PROMOÇÃO DA
SAÚDE, DEMANDAS
E INTERVENÇÕES
SOCIAIS
Você viu na disciplina 7,
mas vamos relembrar...
Vimos na disciplina Fundamentos do Trabalho do Agente de Saúde que,
conforme preconizado pela Política Nacional de Vigilância em Saúde e
pela Política Nacional de Atenção Básica, a integração entre as ações de
Vigilância em Saúde e de Atenção Básica é fator essencial para o
atendimento das reais necessidades de saúde da população. Nesse
sentido, o trabalho conjunto e complementar entre os Agentes de
Combate às Endemias (ACE) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS),
em uma base territorial comum, é estratégico e desejável para identificar
e intervir oportunamente nos problemas de saúde-doença da
comunidade, facilitar o acesso da população às ações e serviços de
saúde e prevenir doenças (BRASIL, 2019).

Portanto, é importante ressaltar que o processo de trabalho dos agentes


de saúde, quando realizado em conjunto ACS e ACE, implica na
construção de intervenções com maiores possibilidades de resolutividade,
considerando a territorialização, a intersetorialidade e a integralidade do
cuidado. Esses princípios da promoção da saúde fortalecem a
organização dos serviços em redes de atenção, estimulam a participação
popular e colaboram para a concretização do conceito ampliado de
saúde.

Nesta temática, teremos como objetivo discutir as possíveis estratégias


de ação baseadas na promoção da saúde que possam colaborar para a
implementação do diagnóstico situacional.

Para elaborar estratégias de ação para a


promoção da saúde, a equipe de saúde deve
considerar estes três princípios que norteiam
a atuação dos profissionais de saúde:

• territorialização;
• intersetorialidade;
• integralidade do cuidado.

34
Os agentes de saúde atuam em uma área delimitada, chamada de
microárea que constitui o território de saúde. A ideia de território não
pode se limitar às questões geográficas somente, mas também a todo o
processo dinâmico que determina as vivências daquela população
como, por exemplo, a migração populacional, o perfil epidemiológico, a
economia local, as condições ambientais, etc. Como já visto
anteriormente, a territorialização favorece o conhecimento sobre as reais
necessidades de saúde da população e, de forma contínua, contribui
para a elaboração do diagnóstico situacional.

Assista ao vídeo sobre


Territorialização na Atenção Básica.
Clique aqui ou aponte a câmera
de seu celular e escaneie o código
QR.

A intersetorialidade compreende a participação de outros setores no


campo da saúde, com vistas a atender às necessidades da população
relacionadas aos aspectos sociais, culturais, ambientais e econômicos.
Durante a realização do diagnóstico situacional, os agentes de saúde
podem se deparar com situações que transcendem o setor saúde e, por
isso é tão importante a formação de parcerias, com serviços ou
profissionais de outros setores (como educação, limpeza urbana e meio
ambiente, assistência social, defesa civil, turismo, entre outros) com
intuito de ampliar as possibilidades de resolução dos problemas de
saúde.

Assista ao vídeo sobre Promoção a


Saúde e Intersetorialidade. Clique aqui
ou aponte a câmera de seu celular e
escaneie o código QR.

35
A ideia da integralidade do cuidado, que permite aos profissionais de
saúde um olhar ampliado sobre o indivíduo considerando não somente
o aspecto biológico, mas também os determinantes sociais em saúde
que interferem no processo saúde-doença.

Para sugerir estratégias de promoção da saúde, precisamos


compreender o impacto destes princípios na nossa forma de fazer a
saúde, especialmente nas condutas diárias como, por exemplo, a visita
domiciliar, a inspeção nos domicílios dos focos da dengue etc.

Após essa breve reflexão sobre os princípios da promoção da saúde,


vamos priorizar em nosso território os problemas de saúde que são
detectados a todo momento tanto pelo ACS quanto pelo ACE. Essa
identificação de problemas é o que denominamos de diagnóstico
situacional.

Você se recorda que construímos


anteriormente na figura 2 a tabela
dos DSS?

36
Agora, iremos relacionar os DSS com os problemas de saúde e, em
seguida, baseada nos princípios da promoção da saúde
(territorialização, intersetorialidade e integralidade), vamos sugerir
possíveis estratégias de ação para combater tais problemas, conforme
a figura 5:

Figura 5 – DSS e Estratégias de Promoção da Saúde.

Microáre Determinantes Sociais da Estratégias de ação


a Saúde (DSS)

01 - ACS Desemprego, renda familiar Parceria com instituições de


Gerusa insuficiente, diminuição da formação técnica; busca
cobertura vacinal ativa dos faltosos na
vacinação.

02 - ACS Violência, ausência de Parceria com instituições de


Bia pavimentação. combate à violência;
acionar os órgãos
competentes para Projeto
de Urbanização.

03 - Vamos elencar juntos os DSS Vocês podem pensar em


Agentes de nossa área de estratégias para combater
de saúde abrangência? Agora é com os problemas do seu
  vocês. território?

Fonte: Elaborada pelos autores.

Certamente estas estratégias de ação de alguma maneira já vêm sendo


construída por você, agente de saúde, junto à equipe de seu território. O
que devemos destacar neste momento de formação é que você poderá
incrementar em suas atividades esta ideia da elaboração do
diagnóstico situacional relacionado aos DSS e às ações de Promoção da
Saúde.

Para completar esta ideia, vamos iniciar na temática a seguir as


discussões sobre a Atenção Primária à Saúde.

37
PROMOÇÃO DA
SAÚDE NA APS
Você já deve ter
escutado, em algum
momento, durante a sua
trajetória profissional a
seguinte frase:

“É no município que a saúde acontece”.


Isso realmente é verdade quando
pensamos que cada região do Brasil
possui suas peculiaridades e enfrenta
diversos problemas de saúde.

Por conta disto, as respostas aos problemas de saúde também precisam


ser colocadas conforme a realidade de cada município. Essa resposta
começa no primeiro contato do indivíduo ou da população com o serviço
de saúde, ou seja, é a porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Esta conexão inicial entre o indivíduo/população e o serviço de saúde
que chamamos de Atenção Primária à Saúde.

39
A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde
individuais, familiares e coletivas que envolvem
promoção, prevenção, proteção, diagnóstico,
tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde. Essas
ações são desenvolvidas por meio de práticas de
cuidado integrado e gestão qualificada,
realizadas com equipe multiprofissional e
dirigidas à população em território definido, sobre
o qual as equipes assumem responsabilidade
sanitária (BRASIL, 2017).

Nesta temática temos como objetivo discutir as possíveis ações de


promoção da saúde elaboradas pelos agentes de saúde na atenção
primária.

A população brasileira, de um modo geral, ainda busca os serviços de


saúde somente quando a doença aparece por meio dos sintomas. A
busca por hospitais, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) ou por serviço de Pronto Atendimento são bastante comuns no
país devido ao pensamento exclusivamente biológico.

40
Esta mudança para um pensamento de saúde mais ampliado passa
pelo entendimento tanto da população quanto dos profissionais de
saúde sobre a importância da APS. Então, agente de saúde, já imaginou
que você, em algum momento, foi o(a) primeiro(a) profissional de
saúde que atendeu um indivíduo? Pensou que pode ser um diferencial
no processo saúde-doença com seu trabalho na área adscrita?

Para entender um pouco mais sobre a APS, vamos observar o mapa


mental na figura 6.

Figura 6 – Mapa Mental – APS.

É um exemplo da APS
e escolhido como
estratégia prioritária
Surgiu em 1920, com
para expansão e
o relatório DAWSON
consolidação da Concretiza-se em
Atenção Básica no Alma-Ata (1978)
Brasil Concepção
de APS

Estratégia Saúde
da Família Ideia de APS

Atenção Primária
à Saúde
APS forte

Significa melhores Funções Atributos


níveis de saúde e
menores custos

Resolubilidade; Primeiro contato;


Comunicação; Longitudinalidade;
Responsabilização. Integralidade;
Coordenação; Foco na
família; Orientação
Comunitária;
Competência cultural.

Fonte: Elaborada pelo Núcleo Pedagógico Mais Conasems

41
Após esta breve análise sobre a APS, podemos falar ainda sobre algumas
características que influenciam a concretização das ações voltadas para
a promoção da saúde, a saber:

1. A atenção colaborativa e centrada na pessoa e na família: ações dos


agentes como o cadastramento no território e a busca de
informações sobre os DSS;
2. O fortalecimento do autocuidado: convidar o indivíduo para ser
proativo e participar do seu próprio cuidado;
3. A importância do estilo de vida: compreender que o cuidado com
alimentação, atividade física e outros comportamentos são
fundamentais para a manutenção da saúde.

A partir destas informações sobre a APS podemos concluir o nosso plano


de intervenção iniciado na figura 2.

Figura 7 – Plano de intervenção dos agentes de saúde diante dos problemas de saúde
do território.

Microárea Determinantes Estratégias Ações específicas dos


Sociais da Saúde de ação ACS e ACE
(DSS)

01 - ACS Desemprego, renda Parceria com EX: Identificar na sua


Gerusa familiar insuficiente, instituições microárea a existência
diminuição da de formação de instituições de
cobertura vacinal. técnica; formação técnica;
busca ativa utilizar o sistema de
dos faltosos informação para
na identificar os faltosos
vacinação na vacina.

03 - Vamos elencar Vocês Agora pensar no que


Agentes de juntos estes DSS de podem realmente os agentes
saúde nossa área de pensar em podem fazer,
  abrangência? Agora estratégias especialmente em
é com vocês. para ações específicas na
combater os APS.
problemas
do seu
território?

Fonte: Elaborada pelos autores.

42
A APS fortalecida com a participação popular e a atuação dos
profissionais e gestores de saúde consegue transformar o pensamento
curativista e implementar ações vinculadas às reais necessidades de
saúde da população brasileira. Cabe também aos agentes de saúde
fomentar suas práticas com ênfase na determinação social da saúde,
incrementando no seu trabalho ações promotoras da dignidade
humana e qualidade de vida.

44
PROMOÇÃO DA
ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E
SAUDÁVEL; DA ATIVIDADE
FÍSICA E HÁBITOS DE VIDA
SAUDÁVEL
Chegamos à última
temática da disciplina
Promoção da Saúde
Na dimensão prática, ainda temos de pontuar as atividades de
promoção da saúde que são inerentes ao cuidado integral, em qualquer
parte do nosso país, como a promoção de hábitos saudáveis, da
alimentação saudável e da atividade física. Assim, a temática tem
como objetivo identificar as ações de promoção da saúde voltadas
para os hábitos do estilo de vida.

A mudança de pensamento do curativismo para a visão ampliada da


saúde traz consigo enormes desafios para qualificar e concretizar o
trabalho dos agentes de saúde baseado nos DSS. Podemos dizer que
orientar o uso adequado de uma medicação é bem menos complexo do
que convencer um indivíduo a mudar seu estilo de vida. Por isso, temos
esse desafio de apontar, sugerir, realizar práticas saudáveis que
favoreçam a qualidade de vida e, finalmente, a concretização da
promoção da saúde.

Para identificar as ações de promoção da saúde podemos lançar mão


de alternativas de cuidado ao tratamento medicamentoso, como, por
exemplo, a alimentação adequada e saudável e atividade física, bem
como as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

Saiba mais sobre as Práticas


Integrativas e Complementares em
Saúde (PICS). Clique aqui
ou aponte a câmera de seu celular e
escaneie o código QR.

45
A alimentação adequada e
saudável é uma dimensão
importante da Promoção da
Saúde.

A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico que:

● garante o acesso permanente e regular, de forma socialmente


justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos
e sociais do indivíduo e que deve estar em acordo com as
necessidades alimentares especiais;
● é referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de
gênero, raça e etnia;
● é acessível do ponto de vista físico e financeiro;
● é harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos
princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer;
● é baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis
(BRASIL, 2014).

Você, agente de saúde conhecedor do perfil da população adscrita ao


seu território tem possibilidade para indicar, sugerir e também construir,
junto com estas famílias, alternativas de alimentação saudável, bem
como discutir, junto aos gestores e outros setores, a acessibilidade aos
nutrientes necessários para qualidade de vida.

A Política Nacional de Alimentação e


Nutrição (PNAN) tem como função
ampliar ações intersetoriais que possam
enfrentar o cenário de desnutrição
crônica no Brasil, principalmente, em
grupos mais vulneráveis como
indígenas, quilombolas, crianças e,
ainda, o aumento expressivo do
sobrepeso em todas as faixas etárias,
que têm como consequência o elevado
índice de mortes por doenças crônicas
nos adultos.

46
A PNAN incentiva a realização de práticas alimentares apropriadas, por
meio de estratégias de orientação alimentar desde a criança
recém-nascida até os idosos, incluindo informações de nutrientes
acessíveis à população. Nesse contexto, temos a participação dos
agentes de saúde, que podem colaborar na divulgação e discussão
destas informações junto à população de seu território, além de serem
atores estratégicos na identificação de situações de insegurança
alimentar, a fim de orientar as famílias e direcioná-las à rede de
proteção social existente no município.

Outro importante aliado nesta promoção da segurança alimentar é o


Programa Saúde na Escola (PSE), que permite a introdução desta
discussão sobre alimentação saudável nos espaços de ensino e
colabora na construção de estratégias fundamentadas na relação entre
alimentação e saúde, nas dimensões culturais e sociais das práticas
alimentares.
Finalmente, como estratégia para ações de promoção da saúde, temos
a orientação já sacramentada no meio científico: a realização da
atividade física.
A atividade física compreende os movimentos corporais produzidos por
músculos esqueletais que resultam em aumento substancial do gasto
energético. A atividade física está intimamente relacionada com as
condições crônicas e com os resultados sanitários (MENDES, 2012).

47
A PNPS tem como um de seus temas prioritários as práticas corporais e
atividades físicas, que consistem em promover ações, aconselhamento e
divulgação dessas práticas incentivando a melhoria das condições dos
espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando
brincadeiras, jogos, danças populares, entre outras práticas.

A atividade física é importante para o pleno desenvolvimento humano e


deve ser praticada em todas as fases da vida e em diversos momentos,
como ao se deslocar de um lugar para outro, durante o trabalho ou
estudo; ao realizar tarefas domésticas ou durante o tempo livre. Os
exercícios físicos também são exemplos de atividades físicas, mas se
diferenciam por serem atividades planejadas, estruturadas e repetitivas,
com o objetivo de melhorar ou manter as capacidades físicas e o peso
adequado, além de serem prescritos por profissionais de educação física.

Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física
é um exercício físico! Quanto mais cedo a atividade física é incentivada e
se torna um hábito na sua vida, maiores serão os benefícios para sua
saúde. Sendo que alguns desses benefícios são: o controle do peso; a
diminuição da chance de desenvolvimento de alguns tipos de cânceres; a
diminuição da chance de desenvolvimento de doenças crônicas, como a
diabetes (alto nível de açúcar no sangue), pressão alta e doenças do
coração; a melhora da disposição; e a promoção da interação social
(BRASIL, 2021).

48
Os agentes podem ser responsáveis pela identificação de espaços
junto com a equipe de saúde ou então fomentar a discussão com a
população sobre a necessidade de criação de espaços públicos na
área de abrangência para realização das atividades físicas. Nesses
momentos de discussão com a população, podemos trazer também
a relação entre saúde, alimentação e atividade física para a
qualidade de vida e, ainda, apontar os efeitos nocivos do
sedentarismo e da inatividade física como, por exemplo, a maior
probabilidade de desenvolver uma doença crônica ou até mesmo a
morte.

O Guia de Atividade Física para a


população Brasileira traz algumas dicas
interessantes que os agentes de saúde
podem divulgar para as pessoas que
residem no território, segue um exemplo:
Com quem devo fazer atividade física?

Você pode praticar atividade física sozinho ou com companhia, faça


1 como preferir. A maioria dos esportes e jogos é feita com companhia!
Aproveite para chamar os amigos, familiares, vizinhos ou seus colegas
de trabalho!

Os momentos da família reunida também podem ser uma


oportunidade para fazer atividade física, como praticar esportes,
2 passear com o animal de estimação, passear de bicicleta e fazer
atividades na natureza. Ou nas tarefas domésticas, tendo a ajuda uns
dos outros seja lavando a louça, retirando o lixo, contribuindo com a
limpeza ou cozinhando.

49
Os colegas de trabalho também podem ser uma boa companhia
para aumentar a atividade física no deslocamento ativo, no próprio
3
trabalho ou no tempo livre. Uma caminhada é sempre bem-vinda
para ser ativo no seu dia.

Ser fisicamente ativo(a) é seguro, mas, em raros casos, precisamos


ficar atentos(as)! Fique atento(a) a alguns sinais e sintomas: ao
4 sentir náuseas, dores, tonturas, suor excessivo ou outros
desconfortos, pare a atividade física. Procure um profissional de
saúde para verificar se está tudo bem. Respeite seus limites!

É importante que você lembre que a prática de atividade física não


depende somente de uma decisão pessoal. Existem diversos
5 fatores individuais, coletivos, ambientais, culturais, econômicos e
políticos que facilitam ou dificultam que você tenha uma vida mais
ativa. Você já refletiu sobre como esses fatores afetam você e sua
comunidade?

Converse com as pessoas sobre esses pontos e procure os


representantes da prefeitura e do governo do estado – como
6 vereadores, deputados, responsáveis pelas secretarias municipais
ou estaduais de saúde, de esporte, lazer, entre outros – para saber
como a comunidade pode tornar sua localidade mais favorável
para a prática de atividade física.

Para além desta identificação de ações


de promoção da saúde, os agentes de
saúde precisam compreender os
desafios para a concretização destas
estratégias. Por isso, a equipe de saúde
deve pensar em estratégias elaboradas
com a comunidade para ampliar estas
práticas saudáveis. Podemos lembrar
que a formação de grupo de ajuda
mútua, a organização de conselhos
locais de saúde e, ainda, a realização
contínua de educação em saúde são
ferramentas que podem contribuir para
a engrenagem da saúde ampliada.

50
Por fim, pode-se mencionar as Práticas Integrativas e Complementares
em Saúde (PICS), que são estimuladas em nível nacional por meio da
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS
(PNPIC) e que podem colaborar para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas e no enfrentamento a uma série de doenças. As PICS
contribuem para a ampliação das ofertas de cuidados em saúde, para
a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas
inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável
de comunidades; motiva as ações referentes à participação social,
incentivando o envolvimento responsável e continuado dos usuários,
gestores e trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das
políticas de saúde, além de proporcionar maior resolutividade dos
serviços de saúde (BRASIL, 2018). São exemplos de PICS: musicoterapia,
arteterapia, acupuntura, fitoterapia etc. Seja um promotor das PICS em
seu município.

Clique no link:

Manual de
implantação de
serviços de práticas
integrativas e
complementares no
SUS.

51
RETROSPECTIVA
Caros ACS e ACE, concluímos nossa disciplina Promoção da Saúde.
Sabemos que existem grandes adversidades no mundo real para a
concretização da Política Nacional de Promoção da Saúde com suas
diretrizes e seus objetivos. No entanto, sabemos também que existem
diversas pessoas que almejam, trabalham e constroem diariamente
estratégias e saberes voltados para o fortalecimento desta concepção
ampliada da saúde.

Durante o período de formação, elaboramos novos saberes e


conhecimentos que, associados ao seu trabalho de combate aos
problemas de saúde em seu território, servem de instrumentos para a
realização dos princípios da promoção da saúde e, consequentemente,
o aumento da qualidade de vida da população brasileira.

Agora, vocês, agentes, junto aos demais atores sociais do SUS


(comunidade e gestores de saúde), podem contribuir ainda mais para a
realização de estratégias de promoção da saúde nas diversas regiões
do nosso país, sempre com o olhar voltado para a coletividade e suas
reais necessidades de saúde.

Busquem informações sobre essa temática para recordar, refletir e


ampliar seus conhecimentos. Na teleaula e na aula interativa você,
agente, encontrará informações complementares que vão contribuir
para seu processo de aprendizagem. Agora participe das atividades
propostas, exercite o seu protagonismo.

Até a próxima disciplina!

53
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, E.; PELICIONI, M. C. F.; WESTPHAL, M. F. Práticas intersetoriais nas
políticas públicas de promoção de saúde. Physis. v. 22, n.4, p.1313-56,
2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312012000400005.
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da Saúde, 2014. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populaca
o_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 31 jan. 2023

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Manual de implantação de serviços
de práticas integrativas e complementares no SUS / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_implant
acao_servicos_pics.pdf. Acesso em: 31 jan. 2023
 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria


de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Anexo I
da Portaria de Consolidação no 2, de 28 de setembro de 2017, que
consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promo
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Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde.
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CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. Promoção da Saúde: conceitos, reflexões,


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