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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ

ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA

PRÁTICAS DE ATENÇÃO E CUIDADO V – PAC V

PROFA: IVETE MAROSO KRAUZER

1- INSTRUMENTAIS, AGULHAS E SUTURAS

1.1-CURIOSIDADES HISTÓRICAS: a sutura é um termo genérico para denominar todos


os materiais utilizados para costurar os tecidos do corpo, mantê-los na usa posição normal até
que ocorra a cicatrização. Nos escritos de Hipócrates e Galeno, nos idos de 460 a.C., os
intestinos de ovelha foram citados como sendo o primeiro material de sutura usado para vedar
tecidos. O cirurgião árabe Rhazes é considerado com aquele que usou o gut cirúrgico, ou
catgut, cerca de 900 d.C. Na verdade a palavra catgut é inapropriada porque não tem relação
com um gato, mas teve origem na palavra kitgut, sendo que kit, em árabe significa a viola de
um professor de dança e as cordas de viola originalmente eram usadas como material de
sutura.
As suturas e ligaduras evoluíram e regrediram nas várias culturas e nunca avançou muito,
visto que os problemas de hemorragia, dor e infecção eram impeditivos para o avanço da
ciência. Após o descobrimento da anestesia a evolução dos instrumentais e fios foi mais
rápida.

2- CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL DE SUTURA

2.1-As propriedades gerais do material de sutura são:


 Características físicas: são determinadas pela United States Pharmacopeia (USP), que
determina as propriedade de monofilamentar ou mutifilamentar, contendo várias
fibras trançadas; capilaridade que é a capacidade de absorver líquidos; diâmetro
determinado em milímetros e expresso em tamanhos USP com zeros ( quanto menor o
diâmetro, maior o número de zeros. Os tamanho 0 a 4-0 são as suturas mais usadas na
cirurgia geral; força de tensão ( quantidade de peso necessária para a ruptura da
sutura); força do nó ( força necessária para fazer com que o nó desliza parcial ou
completamente); elasticidade que é a capacidade de recuperar a forma e o
comprimento originais depois de um estiramento; memória , capacidade de uma
sutura de retornar à sua forma original após ser deformada.
 Características de manuseio: estão relacionadas com a rigidez ( quão facilmente pode
ser dobrada) e com o coeficiente de frigidez (quão facilmente a sutura desliza através
do tecido e dá nó). Uma sutura com alto coeficiente de fricção tende a deslizar com
dificuldade através do tecido. No entanto o coeficiente de fricção não deve ser muito
baixo, pois os nós podem desfazer-se facilmente.
 Características da reação tecidual: todos os materiais de sutura causam reação
tecidual, porque são substâncias estranhas. Essa reação tem início com a infiltração de
leucócitos na área de agressão; os macrófagos e os fibroblastos agem e ao redor do
sétimo dia encontra-se presente um tecido fibroso com inflamação crônica. A reação
dura até que a sutura seja encapsulada ( material mão absorvível) ou absorvida pelo
corpo ( material absorvível).

2.2- Tipos de material de sutura: são classificados em absorvíveis e não absorvíveis.


 Sutura absorvível: fio estéril, flexível, preparado de colágeno derivado de
mamíferos saudáveis, ou de um polímero sintético. Pode ser digerida ( através
da atividade enzimática) ou hidrolisada ( reagir com a água dos líquidos
corporais e degradar) e assimilado pelos tecidos durante a cicatrização. São os
gut cirúrgico simples ou cromado, colágeno e polímeros de ácido glicólico.
 Suturas não-absorvíveis: são feixes de material que resistem de modo eficaz à
digestão enzimática em tecido animal vivo. A USP classifica a sutura não
absorvível como:
- Sutura classe I: seda ou fibras sintáticas de monofilamentos, torcidas ou
entrelaçadas.
- Sutura classe II: fibras de algodão ou linho em que o revestimento afeta
de modo significativo a espessura, mas não contribui para a tensão.
- Sutura classe III: composta de fio metálico monofilamentar ou
multifilamentar.

Dentre eles estão os fios de seda, algodão, nylon, poliéster, polipropileno e aço
inoxidável.

2.3- Embalagens, estocagem e seleção de suturas: no método seco o material de sutura é


vedado dentro de um invólucro interno primário que pode ou não conter líquidos; depois
dentro de um invólucro externo seco e após é esterilizado. A esterilidade do material é
garantida desde que a integridade da embalagem seja mantida. Existem suturas de cores
diferentes para facilitar a identificação a estocagem das suturas deve ser em local seco e livre
de poeira.
A seleção da sutura depende do procedimento, do tecido que está sendo suturado, das
condições do paciente e da preferência do cirurgião.

2.4- Métodos de ligação dos vasos: uma ligadura é um feixe de material de sutura usado para
circundar e fechar a luz de um vaso para se obter hemostasia, fechar uma estrutura ou evitar o
extravasamento. Pode ser feita com um fio de comprimento longo em carretel, ou pode vir na
forma de fios soltos pré- cortados.
 Ligação com clips: são dispositivos pequenos em forma de V, semelhantes a
grampos, que são colocados ao redor da luz de um vaso ou de uma estrutura para
fechá-lo. É um método rápido de promover a hemostasia.
 Grampos de pele: é um método freqüentemente usado para o fechamento de pele,
diminui o tempo de cirurgia, permitindo uma tensão uniforme ao longo da linha de
sutura e menos distorsão decorrente da sutura manual. São grampos inseridos na pele
com aplicadores, semelhantes a grampeadores.
 Fitas adesivas de pele: a escolha da fita cirúrgica para fechamento de pele se baseia
na capacidade adesiva, força tensiva e porosidade da fita. A mesma deve ser aplicada
sobre a pele seca, com um facilitador de adesão (tintura de benjoim), perpendicular à
borda da ferida, primeiramente de um lado e depois de outro, de modo que possa ser
puxada uma de encontro à outra.

3- AGULHAS CIRÚRGICAS
As agulhas cirúrgicas variam consideravelmente quanto à forma, tamanho, tipo de ponta e
diâmetro. São feitas de aço inoxidável ou aço de carbono. Existem três partes básicas na
agulha sendo o olho, corpo e ponta. Sendo as agulhas com olho (1) tem de ser transpassadas
por um fio de sutura, e dois fios de sutura têm de ser passados através do tecido; de mola(2)
ou agulhas de olho Francesa, nos quais o fio deve ser encaixado através da mola e agulhas
sem olho (3), uma combinação de olho-sutura na qual uma agulha é fixada constantemente
numa ou ambas as extremidades do material de sutura.

A agulha com fio permanente é o tipo de agulha universalmente mais usado.


Quanto ao corpo a agulha pode ser arredondada, triangular ou achatada.Também podem ser
retilíneas ou curvas.
A ponta tem relação com a densidade do tecido a ser penetrado. Por exemplo, tecido delicado
como os intestinos e os rins requerem uma ponta biselada porque rasgam menos o tecido e
deixam um orifício menor. Já a pele exige uma borda cortante.

4- MÉTODOS DE SUTURA – FECHAMENTO DE FERIDAS

A linha primária da sutura traduz as suturas que fecham o espaço morto evitando que o soro
se acumule na ferida e fixa as bordas em aproximação até que ocorra a cicatrização. A linha
secundária de sutura se refere às suturas que suplementam a linha primária. Estas ajudam a
eliminar a tensão sobre a linha primária, reduzem o risco de evisceração ou deiscência.
Uma sutura interrompida é feita em tecidos e vasos, de forma que cada ponto é amarrado
individualmente. As várias técnicas utilizadas para a feitura das suturas interrompidas são
destinadas a alterar o ângulo da puxada e a relação das bordas da ferida uma com a outra.
Uma sutura contínua é uma série de pontos onde somente o primeiro e o último são
amarrados. Com esse tipo de sutura, uma quebra em qualquer ponto significa a destruição de
toda linha de sutura.É mais usada no peritônio e nos vasos sanguíneos. A retenção de suturas
colocadas a uma distância da linha primária fornece uma linha de sutura secundária, alivia
uma tensão indevida e oblitera o espaço morto.A suturas subcuticulares são aquelas
colocadas completamente debaixo da camada epidérmica da pele. Uma sutura em bolsa é
uma sutura circular contínua, colocada ao redor de uma abertura numa estrutura que faz com
que ela se feche. É usada ao redor do apêndice, ceco, cólon, vesícula biliar ou bexiga.

5- INSTRUMENTAIS

Os primeiros instrumentos cirúrgicos datam de 2.500 anos a.C, sendo que eram pedras
pontiagudas e pequenos dentes de animais. Os instrumentos antigos gregos, egípcios e hindus
são impressionantes quanto à sua semelhança com os instrumentos contemporâneos. Os
cirurgiões normalmente empregavam ferreiros, amoladores de agulhas e artesãos para a
confecção dos seus instrumentos. Nos meados de 1800 as principais ferramentas dos
cirurgiões eram seus olhos e ouvidos e as facas de cozinha, canivetes, as serras de carpinteiros
e os garfos de mesa faziam o trabalho.

5.1- COMPOSIÇÃO DOS INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS


A maior parte dos instrumentais são feitos de aço inoxidável (composto de ferro, carbono e
cromo), o que significa que pode ter qualidades variáveis. Por exemplo: o aço inoxidável da
série 400 tem algumas características não corrosivas e boa força tensiva.

5.1.1- CATEGORIAS DE INSTRUMENTOS: não existe uma nomenclatura padrão, mas


existe quatro categorias principais de instrumentais: de dissecção, de pinçamento, afastadores
e instrumentos acessórios.
 Instrumentos de dissecção( diérese): esses instrumentos podem ser agudos ou
rombudos, são usados para separar e cortar os tecidos. Os bisturis e as tesouras
fazem parte desses instrumentos.Os bisturis são cabos com uma extremidade
destinada à fixação de lâminas descartáveis.
 Instrumentos de pinçamento( hemostasia): esses instrumentos são especificamente
desenhados para segurar tecidos ou outros materiais. Eles possuem anéis para os
dedos, para fácil manuseio, hastes cujo comprimento é apropriado à profundidade
da ferida; encaixes nas hastes próximas dos anéis, uma articulação que trava. São
divididas em hemostáticas, oclusivas e afastadores.

As pinças hemostáticas são usadas para o fechamento de extremidades cortadas de


um vaso com uma mínima lesão tecidual, impedindo a perda de sangue durante a
dissecção. As garras devem ter ranhuras transversas profundas, de modo que os
vasos possam ser comprimidos com força suficiente para interromper o
sangramento.
As pinças oclusivas têm um serrilhado vertical ou garras especiais com múltiplas
fileiras entrelaçadas de dentes dispostos longitudinalmente para evitar o
extravasamento e minimizar o traumatismo ao pinçar uma alça intestinal, vasos ou
ductos que devem ser reanastomosados.
Os afastadores são usados para a retração do tecido e geralmente têm garras ou
desenho específico. A pinça de Kocher tem serrilhado transversal e dentes grandes
na sua extremidade para agarrar com firmeza tecido denso, escorregadio, como a
fáscia. A pinça de Allis tem dentes finos múltiplos na sua extremidade de forma a
não esmagar ou lesar tecidos. Os afastadores que não são pinças são conhecidos
como fórceps, porque são usados para levantar e segurar tecidos. Os fórceps sem
dentes lesão pouco e seguram tecidos delgados. Os fórceps com dentes seguram
tecidos espessos ou escorregadios que necessitam de uma garra mais intensa.
 Acessórios/instrumentos auxiliares: são destinados a melhorar o uso da
instrumentação básica ou facilitar o procedimento. Estão incluídos as pontas
e tubos de sucção, irrigadores/aspiradores, dispositivos eletrocirúrgicos e
dispositivos de uso especial como as sondas, dilatadores, martelos e chaves
de parafuso.

5.1.2- MONTAGEM BÁSICA DA MESA

Na maior parte das salas de cirurgia os instrumentos são dispostos sobre a mesa de Mayo e
suportes, de maneira padronizada, organizada e funcional. Todo objeto usado pela
instrumentadora deve ter o seu lugar próprio sobre a mesa.
A rotina inicia quando a instrumentadora se paramenta, forra as mesas com panos estéreis e
distribui os instrumentos de uma forma padrão.
 Cuidados e manuseio de instrumentos: Um cuidado elementar é que o instrumento
deve ser usado somente para a finalidade que ele foi feito. O uso correto prolonga a
sua vida útil e protegem sua finalidade. As tesouras para tecidos não devem ser usadas
para cortar gazes ou suturas. As pinças hemostáticas não devem ser usadas como
prendedores ou para pinçar tubos de sucção. Durante o procedimento o instrumento
deve ser limpo com uma compressa úmida, ou colocado dentro de uma bacia com
água destilada estéril para evitar que o sangue seque. O soro fisiológico nunca deve
ser utilizado, pois o seu conteúdo de sal é corrosivo. No tempo previsto durante o
procedimento, a instrumentadora deve lavar e secar os instrumentos usados e recolocá-
los sobre a mesa para facilitar a recontagem.
 Ao final da cirurgia os instrumentais devem ser separados das roupas, encaminhados
ao expurgo e colocados imersos em água. As roupas cirúrgicas são colocadas no
hampers e encaminhadas a lavanderia.
 Todos os instrumentais devem ser inspecionados quanto a sua funcionalidade.
 A maioria das instituições realiza contagem dos instrumentais que é feito pela
instrumentadora e circulante.

6- ANTI-SEPSIA PRÉ OPERATÓRIA DAS MÃOS

Durante muitos anos a prática de utilizar escovas para o preparo pré operatório das mãos e
complementação com produto iodado e álcool foi uma recomendação aceita. Além disto os trabalhos
descreviam qual o número de vezes que cada superfície dos dedos palmas , dorso das mãos etc.
deveria ser escovado. À medida em que os conhecimentos foram evoluindo, e sendo realizadas novas
pesquisas as indicações se tornaram mais comprovadas. Hoje, as recomendações para este
procedimento são as seguintes [2] :

• A escovação deve restringir-se às unhas e espaços interdigitais.


• Não há necessidade de escovação de antebraços. A escovação da pele nestes locais sensíveis
pode ocasionar microlesões que serão propícias para a multiplicação de microorganismos
colonizantes das camadas mais profundas da pele.
• A lavagem das mãos com tensoativo (sabão) e complementação com produto alcoólico com
iodo metalóide está cada vez mais em desuso embora ainda recomendado no território
nacional. Os produtos com iodo necessitam para agir com os microorganismos de percentual
de iodo que é liberado gradativamente, o que não tem sido comprovado pelos produtos
citados. Aos poucos estão sendo substituídos por produtos a base de Polivinil-pirrolidona-
iodo que liberam o iodo gradativamente.
• A utilização de degermante à base de clorohexidina e polivinil- pirrolidona- iodo é a opção
mais utilizada e aceita atualmente.
• Após a escovação das unhas e espaços interdigitais, friccionar os antebraços vigorosamente.
• O enxágües será realizado após o uso dos produto degermante com as mãos para cima
deixando a água escorrer pelos antebraços.
• Poderá ser realizada complementação com produto alcoólico após a secagem das mãos com
compressas esterilizadas.
• As luvas cirúrgicas serão colocadas com técnica asséptica: A) Após a secagem com
compressas esterilizadas; B) A pós a secagem com compressas esterilizadas, utilização de
anti-séptico alcoólico e secagem natural.
• A apresentação de 70% (ou 70º - semelhante à 70%) de álcool + 0,5% Clorohexidina pode ser
utilizada como complementação da degermação com clorohexidina.
• A utilização de PVPI alcoólico como complementar pode causar dermatite de contato quando
utilizado sob as luvas.
• Não há recomendação de utilizar álcool puro como complementação à lavagem de mãos com
degermante, pois os compostos à base de clorohexidina e PVPI contém ação residual e o
álcool não.

6.1- LAVAGEM CIRÚRGICA DE MÃOS

1º TEMPO

1º passo 2º Passo 3º passo

4º passo 5º passo 6º passo

7a 7b 7c

7º Passo
Fricção rotacional do punho, seguido do antebraço até 2 dedos acima do cotovelo

2º TEMPO

Repetir todos os passos até metade do antebraço (do 1º passo até ao 7b)
3º TEMPO

Repetir todos os passos até ao punho, friccionando até a pele ficar completamente seca
(do 1º passo até 7a).

7- MANUSEIO DE MATERIAL ESTERILIZADO

Ao manusear o material esterilizado com técnica asséptica, deve-se obedecer a algumas


normas a fim de mantê-lo estéril:

⇒ é fundamental lavar as mãos com água e sabão antes de manusear o material esterilizado;
⇒ utilizar material com embalagem íntegra, seca, sem manchas, com identificação (tipo de
material e data da esterilização);
⇒ trabalhar de frente para o material;
⇒ manipular o material ao nível da cintura para cima;
⇒ evitar tossir, espirrar, falar sobre o material exposto;
⇒ não fazer movimentos sobre a área esterilizada;
⇒ certificar-se da validade e adequação da embalagem;
⇒ trabalhar em ambiente limpo, calmo, seco e sem corrente de ar;
⇒ manter certa distância entre o corpo e o material a ser manipulado;
⇒ obedecer os demais princípios de assepsia.

A técnica preconizada no manuseio de material esterilizado é:

a) Pacote
- abri-lo, iniciando-se pela extremidade oposta ao manipulador;
- proteger o material exposto com o campo esterilizado que o envolvia;
- tocar com as mãos somente na parte externa do pacote;
- não guardar como material esterilizado um pacote aberto anteriormente;

b) Seringa de vidro
- abrir o pacote conforme explicação anterior;
- manter estéril a parte interna do êmbolo, a parte interna do cilindro e aponta da seringa;
- pegar a seringa pela parte externa do cilindro e encaixar o êmbolo, segurando-o pela parte
terminal.

c) Seringa descartável
- rasgar os invólucros no local onde se encontra a parte terminal do êmbolo;
- manter estéril a parte interna do êmbolo, a parte interna do cilindro e a ponta da seringa.

d) Agulha descartável:
- abrir o invólucro no sentido canhão-bisel ou rasgar lateralmente próximo ao canhão;
- fixá-la à ponta da seringa através do canhão;
- manter a agulha protegida até o momento do seu uso.

8. PRECAUÇÕES UNIVERSAIS.

Tendo em vista que não é possível obter todos os dados clínicos necessários para o
diagnóstico de doenças transmissíveis em uma única abordagem e, levando-se em
consideração a ocorrência de portadores assintomáticos de infecções transmissíveis,
recomenda-se que um sistema de precauções universais seja adotado por todos os
profissionais de saúde, na assistência a todos os pacientes atendidos em instituições de saúde,
independente da doença inicialmente diagnosticada. Deve-se considerar todos como
potenciais portadores do vírus de hepatite B (VHB), vírus da hepatite C (VHC),
citomegalovírus (CMV), vírus da imunodeficiência adquirida (H IV) entre outras doenças
transmissíveis pelo contato com sangue e outros fluidos corporais.
As recomendações de precauções universais são um conjunto de técnicas que devem
ser adotadas para o atendimento de todos os pacientes em qualquer unidade assistência à
saúde (quartos, enfermarias. centro cirúrgico. pronto-socorro. unidades de terapia intensiva.
centros de saúde).
Um dos itens mais importantes nas precauções universais são as medidas de controle de
inoculações com objetos perfurocortantes contaminados com sangue. Objetos
perfurocortantes contaminados precisam ser manipulados cuidadosamente e desprezados com
segurança. A. utilização correta de luvas não protege eficazmente de acidentes com
inoculações. Recomenda-se, além do uso de luvas, cuidado criterioso com a técnica de
utilização dos objetos perfurocortantes utilizados na assistência ao paciente. Progresso
tecnológico em novas versões de modelos seguros desses equipamentos e descarte em
recipientes adequados faz-se necessário para melhor prevenção desses acidentes.

9- PROCEDIMENTO PARA AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS

1 - Lavar as mãos com água e sabão líquido, secar e fazer a anti-sepsia com álcool a
70% glicerinado entre os procedimentos e sempre que houver contato com sangue e outros
fluidos corporais. Realizar este procedimento sempre após a retirada de luvas.
2 - As luvas devem ser utilizadas para a manipulação de sangue e outros fluidos
corporais, membranas mucosas ou pele não íntegra de todos os pacientes para procedimentos
em equipamentos ou superfícies contaminados com sangue ou outros fluidos corporais, para
venopunção e outros procedimentos de acesso vascular. Sempre após a retirada das luvas
realizar o procedimento anterior. As luvas devem ser trocadas após o contato com cada
paciente. Equipes cirúrgicas devem utilizar dois pares de luvas, este procedimento previne os
riscos de contaminação determinados pelo elevado índice de perfuração de luvas durante o ato
operatório.
3 - Utilizar avental fechado sobre as roupas de uso comum ou uniforme de mangas
longas quando houver contato direto com o paciente principalmente em procedimentos com
risco de contaminação com sangue ou outros fluidos corporais. Com exceção de algumas
poucas doenças que exigem isolamento respiratório (uso de avental e máscara para todas as
pessoas que entrem no quarto do paciente), tais como difteria faringeana febres virais
hemorrágicas (febre de Lassa), varicela e herpes zoster disseminado ou portadores de
Staphylococcus aureus resistente a meticilina, (MARSA), os aventais de proteção só devem
ser utilizados quando for prevista a contaminação com sangue ou outro tipo de matéria
orgânica.
Se estiver sendo manipulados grande quantidade de sangue ou outros líquidos corporais
(líquido amniótico, por exemplo), deve ser utilizado um avental impermeável, bem como,
proteção para as pernas e pés ( em procedimento obstétrico principalmente).

4- Cuidados especiais.devem estar presentes para prevenir exposições acidentais a


sangue e outros fluidos corporais provocados por instrumentos perfurocortantes (agulhas.
escalpes, lâminas) durante os procedimentos que os exigem e na, manipulação subsequente
(limpeza, desinfecção, esterilização ou descarte no resíduo hospitalar). As agulhas não devem
ser reencapadas, entortadas ou quebradas, removidas de seringas descartáveis ou manipuladas
de outras formas depois de usadas. Utilizar recipientes de paredes rígidas, resistentes à
punctura, para transporte ou recolhimento de todos os materiais perfurocortantes
contaminados. Os objetos perfurocortantes reutilizáveis devem ser transportados de forma
segura em recipientes de paredes resistentes à perfuração, para a área de reprocessamento de
materiais. Os recipientes utilizados para o descarte desses materiais devem ser preenchidos
apenas até 2/3 de sua capacidade, para que permitam seu adequado fechamento, sem causar
riscos de acidentes. Desprezá-los devidamente selados no lixo hospitalar.
5- Usar máscaras e óculos ou visor quando houver risco de contaminação de mucosas
de face olhos, boca, nariz com respingos de sangue ou outros fluidos corporais.
6- Profissionais de saúde portadores de lesões de pele (ferimentos, dermatite) devem
evitar o contato direto com os pacientes, principalmente em situações de risco de exposição a
sangue e outros fluidos corporais, bem como evitar contato com equipamentos contaminados,
até que a lesão de pele tenha desaparecido. Este procedimento confere proteção tanto ao
profissional de saúde como ao paciente.

10- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- MEEKER, Margareth Huth; ROTTHROCK, Jane C. Cuidados de Enfermagem ao Paciente


Cirúrgico. 10a Ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2002.

- POTTER, P. A; PERRY,A.G. Enfermagem Prática – clínica e prática hospitalar. São Paulo:


Santos Livraria e editora, 1997.

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