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UNIVERSIDADE PAULISTA -– UNIP

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

RELATÓRIO DE VISITA AO INSTITUTO ESPÍRITA BATUÍRA DE


SAÚDE MENTAL

Goiânia/Novembro
2018
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia

RELATÓRIO DE VISITA AO INSTITUTO ESPÍRITA BATUÍRA DE


SAÚDE MENTAL

Relatório apresentado a UNIP como


requisito parcial da disciplina de
Psicopatologia Especial, sob a orientação
da Professora Ms. Elaine Miranda..

Goiânia/Novembro
2018
RELATÓRIO

I – Identificação
Autores: Breno Henrique Gomes Santos - RA: C518HD6, (outros) estagiários
supervisionados pela Professora Msª. Elaine Miranda, CRP 009/3426.

Interessados: Universidade Paulista – UNIP;


Instituto Espírita Batuíra De Saúde Mental.

Assunto: Visita técnica,


-Realização de oficinas terapêuticas.

Período de avaliação: Agosto de 2018 a Dezembro de 2018


-Das 9:00 horas às 11:00 horas

II - Descrição da Demanda

Fundado em 1949, o Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental tem como


propósito prestar assistência a pessoas com transtornos mentais, alcoolismo e drogas. Os
pacientes recebem mediação, alimentação roupas, sapatos, sessões de terapia e reuniões
religiosas, além de prestar serviço à comunidade, como cursos e reuniões públicas. A
instituição está de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Lei no 10.216, de 6 de
abril de 2001. Onde descreve que o ambiente deve proporcionar os direitos das pessoas
com transtornos mentais. No parágrafo único da referida lei estão descritos os direitos
tais como:

“Acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde; ser tratada


com humildade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar
sua saúde; visando alcançar sua recuperação pela inserção na
família e na comunidade; receber o maior número de informação
a respeito de sua doença e de seu tratamento; ser tratada
preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.”

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As visitas propostas pelo programa de estágio supervisionado, teve como intuito
a vivência no ambiente psiquiátrico da Instituição Espírita Batuíra de Saúde Mental, no
qual acolhe pacientes em sofrimento psíquico e dependentes químicos em geral. As
visitas realizadas na Instituição foram interpostas por oficinas terapêuticas e escuta dos
pacientes. As oficinas terapêuticas proporcionam o acesso ao mundo psíquico dos
pacientes, além da sua ressocialização, para Gabbard (1998), as oficinas terapêuticas
têm o papel de ressocialização e reabilitação psicossocial dos usuários. Também
apresentada por Rauter (2000) como a grande empreitada da Reforma, que tem a
finalidade explícita de recuperar o louco como cidadão “por meio de ações que passam
fundamentalmente pela inserção do paciente psiquiátrico no trabalho e/ou em atividades
artísticas, artesanais, ou em dar-lhe acesso aos meios de comunicação etc.” (p. 268).
Durante as escutas o paciente traz muitas informações pertinentes ao seu
sofrimento, sobre sua vida fora da Instituição e o feeling do terapeuta neste momento é
importante na transmissão ao paciente de confiança e segurança.
Sendo assim o objetivo das visitas foi aprofundar os conhecimentos em relação
ao mundo psiquiátrico e institucional, vivenciar as atividades entre pessoas em
sofrimento psíquico. Podendo promover o exercício da cidadania a expressão de
liberdade e ressocialização, além de humanizar e compreender o outro em sua totalidade
e individualidade.

III – Procedimentos
Foram realizadas três visitas a Instituição Batuíra de Saúde Mental, sendo uma
visita técnica e duas visitas de oficinas terapêuticas com os pacientes, todas com
duração de uma hora e quarenta minutos.
A primeira visita foi realizada no dia 26 de setembro de 2018, com o intuito de
conhecer a Instituição e sua estrutura física. Nesta visita pode-se observar que a
Instituição é composta por uma equipe multidisciplinar contando com equipe de
serviços gerais, técnicos de enfermagem, psicólogo, terapeutas ocupacionais,
nutricionista, assistente social, médicos psiquiatras e médicos plantonistas que
compõem a estruturação funcional. A instituição realiza atendimento e acolhimento a
pacientes em estágio de recuperação encaminhados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), assim internação voluntaria, involuntária e compulsória.
Em relação a sua estrutura física a Instituição conta com 130 leitos, divididos
entre a ala masculina e feminina, farmácia, cozinha, refeitório, sala de atendimento

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psicológico, pátio, salão de preces, uma horta, entre outros. Os pacientes da Instituição
contam com atendimento de enfermeiros e médicos 24 horas por dia. Além de
atendimento psiquiátrico a Instituição é responsável pela alimentação e vestimentas dos
internos.
A segunda visita foi realizada no dia 31 de outubro de 2018 por um grupo
constituído por cinco estagiários, foi realizado a oficina de atividade terapêutica, sendo
proposto a pintura com tinta de arvores de natal de palito e pinturas natalinas em folhas
em branco. Foi observado a interação, dinâmica e criatividade dos pacientes no decorrer
da atividade, alguns pacientes de mostraram-se participativos, possibilitando interação e
abertura para diálogo. Com a conversa e escuta descobrimos seus nomes, despertou-se
assunto sobre suas famílias, sobre seus possíveis transtornos, dentre as perguntas feitas
obteve-se respostas logicas e em outras confusas.
Uma alusão a esta segunda visita segundo Guerra (2004), que diferencia as
oficinas como recurso terapêutico, onde o sujeito tem a possibilidade de trabalhar com o
concreto, segundo sua definição é a “Materialidade do Produto”. Neste sentido as
oficinas podem produzir efeitos subjetivos e socializantes. As oficinas estariam num
campo inédito onde se une clínica e política. Pode se entender como política o lidar nas
relações dos participantes das oficinas. Nesta convivência das oficinas o sujeito vai se
introduzindo na cultura, "inserir-se em alguma forma de liame social, ou seja, participar
de um conjunto de signos que o inscrevam enquanto ser social e político à medida que
lhe for possível" (GUERRA, 2004).
A terceira e última visita no dia 21 de novembro de 2018 foi realizada
novamente a oficina de atividades terapêutica, propôs-se a pintura com giz de cera de
imagens diversas em folha, sendo mais uma vez observado a criatividade, interação e
desenvoltura dos pacientes. Enquanto ocorria a atividade alguns pacientes diziam sobre
sua vida fora da Instituição e familiares, alguns com boa verbalização já outros com
dificuldade.

IV – Análise

(...) Renan
Na terceira visita foi realizada a Oficina de criatividade terapêutica, participaram
desta atividade duas mulheres, Maria Rita e Lucimar (....) com idades entre 30 e 50
anos. Cada uma teve sua particularidade sendo possível observar suas individualidades.

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Durante a visita a paciente Lucimar, demonstrou ser participativa e criativa,
relatou gostar da pintura, escolheu uma folha em branco e algumas cores de giz de cera,
desenhando um vazo de planta, propomos a pintura do vazo a Lucimar a mesma
demostrou-se espontânea diante ao material pegando as tintas e pincel e iniciando a
pintura do vazo. Com pouca verbalização Lucimar se mostrou bastante monossilábica as
perguntas feitas a seu respeito, sua atenção estava voltada a pintura. Lucimar demostrou
facilidade ao utilizar a tinta e pincel sem borrar ou pintar fora do desenho, concluindo
um vazo completo.
Ao lado de Lucimar estava Fulana , assim que propomos as pinturas a mesma
recusou, deu uma volta olhando os trabalhos sendo realizados em seguida voltou até
nossa mesa se dispondo a realizar a atividade. Fulana mostrou-se ser bastante
comunicativa, disse não querer pintar o desenho da Turma da Monica pois não gostava,
pegou o desenho do cachorro e começou a pintar. Questionamos se o cachorro era dela a
mesma descreve que sim, dando o nome inicialmente de “Caju” ao cachorro desenhado,
com o decorrer da atividade Fulana resolveu mudar o nome do cachorro para “Pipoca”.
Fulana conversava e cantava bastante, preocupada com sua aparência, a toda hora nos
questionava se seu vestido ficaria melhor com outro corte, e nos contou que dança todos
os dias para emagrecer. Fulana comunicava bastante com os demais pacientes porem
não falava sobre sua vida fora da Instituição, trouxe-nos apenas o nome de uma irmã
Janaina.
Não muito diferente, a paciente Maria Rita pedia para mostrar as cores, pintou o
desenho da Turma da Monica sorrindo e com cores fortes. Maria Rita sentou-se distante
dos outros pacientes em uma cadeira sem mesa, chamou uma das estagiarias, e na
própria cadeira começou a pinta. Manifestando maior interesse em contar sobre sua
vida, Maria Rita conta de início ter problemas neurológicos, um médico disse a mesma
que devido a um trauma na infância acarretou-se uma grande chateação, sendo assim a
mesma não pode ficar triste, nervosa, ou levar susto porque pode querer jogar o que tem
nas mãos longe, e mas uma vez repete não poder sofrer chateação (SIC).
Durante a atividade ela conta ter dois filhos uma moça e um rapaz que foram
tirados dela ainda bebês, pois não podia segurar uma criança no colo, poderia jogar no
chão. Maria Rita também salienta que à separavam de sua filha quando estava brincando
com ela, disse ter sido criada pela avó e seu pai, pois foi tirada de sua mãe assim como
seus filhos, sua avó não a deixava procurar a mãe, somente aos 16 anos foi atrás da mãe
porem se perdeu no caminho, sendo amparada por um casal na beira da estrada, a

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mesma não se lembra muito bem detalhes do casal, porem se lembra que eram bons.
Maria Rita dizia repetidamente que não poder se lembrar do passado ou ficar triste, tem
que ficar só alegre (SIC). Diz perder a memória, e não pode andar na rua sozinha, morar
sozinha e que ninguém gosta dela, diz que os filhos ainda não teriam ido visita-la,
sempre repetindo as mesmas falas a respeito da separação da mesma dos filhos. Ao
término de seu desenho Maria Rita olhou e disse que eram seus filhos por se tratar de
um desenho da figura masculina e feminina representados.

V – Conclusão

Goiânia, 24 de novembro de 2018.

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Estagiário(a)

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Estagiário(a)

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Estagiário(a)

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Estagiário (a)

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Estagiário (a)

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Profª. Ms. Elaine Miranda – CRP: 09/3426
Professora Supervisora de Estágio Psicopatologia Especial

Referências

GABBARD, G. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artemed. 1998.

GUERRA, A. M. C. Oficinas em Saúde Mental: Percurso de uma História,


Fundamentos de uma Prática. In Oficinas Terapêuticas em Saúde Mental – Sujeito,
Produção e Cidadania. Rio de Janeiro. Contracapa. 2004.

Rauter, C. (2000). Oficinas para quê? Uma proposta ético-estético-política para


oficinas terapêuticas. In P. Amarante (Org.), Ensaios: Subjetividade, saúde mental,
sociedade (pp. 267-277). Rio de Janeiro: Fiocruz.

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