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Silva, Luciana *
Firmino, Roberta **
RESUMO
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* Enfermeira.
1 INTRODUÇÃO
** Docente do curso de Especialização em Saúde Mental e Internvenção Psicossocial, terapeuta ocupacional,
especialista em Terapia Ocupacional com Ênfase em Saúde Mental pela Universidade Federal de Minas Gerais.
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1 INTRODUÇÃO
Sob este novo olhar surgem os serviços substitutivos ao modelo asilar, formando uma
rede de atenção à saúde mental. Rede esta constituída tanto pela atenção básica em saúde,
como as unidades básicas de saúde os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospital-dia,
serviços de urgência e emergência psiquiátricas, leito ou unidade em hospital geral, serviços
residenciais terapêuticos, centros de convivência, cooperativas de trabalho e associações de
usuários.
Neste aspecto as oficinas terapêuticas se apresentam como mais uma ferramenta, que
somada a outras colaboram para reabilitação psicossocial do sujeito.Valorizando a história de
vida com suas peculiaridades e regionalidades de forma que este sujeito sinta-se acolhido,
neste contexto, entende-se que as oficinas possibilitam esta ponte entre a loucura e a lucidez,
respeitando o ritmo de cada um.
2 DESENVOLVIMENTO
Mais tarde nasceu a Colônia das Alienadas, também para resolver a superlotação do
Hospício Nacional. Sempre com o objetivo principal, isolar os loucos dos centros urbanos.
Somente em 1918, por iniciativa de Gustavo Riedel é criado na Colônia de Alienadas o
primeiro ambulatório psiquiátrico da América Latina (SAMPAIO, 1988).
Muita coisa mudou e a forma de pensar, num processo histórico e crítico traz a
concepção do homem como ser biopsicossocial. Este pensamento após a Segunda Grande
Guerra sinalizava para a transformação do paradigma da Psiquiatria Clássica (AMARANTE,
1995).
No Brasil, o projeto de lei Paulo Delgado, propôs a extinção progressiva dos hospitais
psiquiátricos, através do impedimento da abertura de novos ou financiamento de outros leitos
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Desta forma, no Brasil, uma grande reforma da assistência à saúde mental foi colocada
em marcha, principalmente, a partir da década de 1970. O resgate das pessoas internadas nos
manicômios, enquanto sujeitos de direitos e cidadãos, e a preconização do respeito às
diferenças e maneiras de vivenciar o sofrimento psíquico foram pressupostos para as ações
desenvolvidas pelos serviços de saúde mental que despontavam como substitutivos às
instituições asilares. Pode-se dizer que o direito à cidadania e o seu reconhecimento nos
espaços públicos e privados para todas as pessoas, entre elas as que vivenciam o transtorno
mental, exigiu o estabelecimento e a criação de espaços de escuta e diálogo onde fosse
possível questionar estereótipos e condutas comportamentais impostas como adequadas.
Desta forma contribui para o desvelamento de discursos e ações que insistem em negar o
direito à diferença, à diversidade, à dúvida e ao conflito existencial.
ocupacional, por ser considerado pesado e sem emoção no próprio termo, é substituído por
"emoção de lidar". Lidar com tinta, papel, dança, costura, lidar com a horta, lidar com os
sentimentos, com a emoção, com os medos e com os prazeres. Lidar com o diferente. As
oficinas terapêuticas são o espaço onde a interação com o material e com a atividade provoca
emoções que posteriormente poderão promover transformação de vida e de sentido.
Mas por que “oficinas”? O termo “oficina” vem sendo muito empregado para designar
atividades desenvolvidas em diversos espaços de cuidados em saúde mental. Neste sentido, as
oficinas podem ser um meio para os usuários sentirem-se sujeitos de suas vidas. As oficinas
se sustentam, segundo Ribeiro (2004 p.105):
O cotidiano pode começar a ser reconstruído dentro das oficinas terapêuticas no lidar
com o outro e com os objetos. A competência social adquirida ao longo da vida implica numa
compreensão e integração com o mundo que o sujeito vive.
Além das competências que podem ser aprendidas no ambiente das oficinas
terapêuticas o produto destas oficinas poderá ser utilizado como objeto de troca material ou
simbólica a partir do momento em que a produção reinscreve o usuário como sujeito de valor,
capaz de criar e produzir. Promover competências sociais e pessoais é estimular a observar,
compreender as situações, trabalhar uma melhor realização de tarefas e idéias.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vale ressaltar que estas conquistas só se tornaram realidade com o advento da reforma
psiquiátrica. Assim foi cada vez mais sendo questionadas as abordagens de tratamento que
eram realizadas nos manicômios. Esse movimento de luta pela desinstitucionalização visa
restabelecer a cidadania das pessoas com transtornos mentais, por meio da desconstrução do
modelo asilar e dos preconceitos.
Vários espaços e experiências para a atenção em saúde mental têm sido efetivados
nessa perspectiva, tanto como elementos terapêuticos quanto como promotores de reinserção
social, por meio de ações que envolvem o trabalho, a geração de renda e a autonomia do
sujeito. Porém, há que se tomar cuidado a fim de não se incorrer em uma nova
“institucionalização” que pode vir a criar pequenos manicômios na sociedade. Há muito a ser
feito, pessoas continuam à margem da vida, escondidas atrás de dificuldades e barreiras, que
são mínimas e imperceptíveis para alguns, mas que se constituem em obstáculos
intransponíveis nas atividades do cotidiano das pessoas portadores de sofrimento mental. A
solução da maioria dos problemas enfrentados passa por uma mudança do ponto de vista
sócio-cultural e político.
A oficina terapêutica faz parte do processo reabilitador e, desta forma, se mostra como
experiência positiva, atuando no campo da cidadania. É uma maneira também de incentivar a
preparação para o mercado de trabalho, fazendo com que o usuário retome suas atividades e
descubra novas habilidades, na busca por sua independência. O sentido das oficinas
terapêuticas se torna claros na fala de Rauter (2000, p. 271):
A experiência do trabalho das oficinas é positiva quando uma de suas funções é uma
intervenção no âmbito social como transformadora da realidade excludente.
Portanto, para desenvolver este novo paradigma, que é um dos substitutivos em Saúde
Mental, e estas oficinas serem efetivamente terapêuticas, deve-se aprender a convivência
com os não iguais dentro e fora da equipe. A equipe de saúde, a família, a sociedade, devem
estar abertas a um novo equilíbrio social, com a geração e reestruturação de valores. É
preciso mais que uma Reforma Psiquiátrica. É preciso urgente de uma Reforma de
Pensamento e neste sentido, este novo paradigma denominado oficinas terapêuticas, propõem
interdisciplinaridade com equipe multiprofissional.
CONCLUSÃO
ABSTRACT
therapeutic workshops serve as a vehicle for socialization and interaction, hence the work in
the workshops will become a therapeutic resource.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração de Pessoas com Deficiência. São Paulo Ed.
Memnon, 1997.
PÉLBART, Peter Pal. Da Clausura do Fora ao Fora da Clausura. Loucura e Desrazão. São
Paulo.Editora Brasiliense. 1989.
PITTA, A.M.F. O que é reabilitação psicossocial no Brasil, hoje? In: Pitta, A.Org).
Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo, Hucitec, 1996.
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RAUTER, C. Oficinas para quê? Uma proposta ético-estético política para oficinas
terapêuticas. In P. Amarante Org., Ensaios:Subjetividade, saúde mental, sociedade (pp. 267-
277). Rio de Janeiro: Fiocruz.2000.
RIBAS, João Baptista Cintra. O que são pessoas deficientes? São Paulo,Ed. Brasiliense,
2003.