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1.

PSIQUIATRIA E DA ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA

# Antes de Florence, o trabalho era relacionado a vigília, disciplina e punição. Muito relacionado
à igreja, cultura hospitalar, da reclusão e retirada de todas as pessoas que incomodavam pela não
compreensão do outro.
É preciso: cuidado, aconselhamento, acolhimento, medicação. Debater casos, pesquisar,
compreender, organizar, compartilhamento de informações, construção de condutas. Conectar
com o sistema social.
Dependendo do caso: o paciente é inimputável → não é julgado, perante a justiça, da mesma
forma que corresponde a atitude. Ex: um esquizofrênico que bateu em alguém não será julgado
como alguém que tentou homicídio.
Medicamentos psicoterápicos + terapia ocupacional + atividade de recreação → tentar englobar
tudo.

CAPS → faz o acolhimento da pessoa, que procurou ou está em situação crítica.


Depois de analisar e discutir o caso, ocorre o direcionamento.
Tudo se interliga: AB (primária) → CAPS (secundária) → Hospital (terciária) → retorno para o
CAPS para ser acompanhado/aconselhado.

Modelo hospitalocêntrica → Reforma psiquiátrica → Modelo de base comunitária


Fragilidade → muitos problemas são de origem social, e muitos deles não conseguiremos
resolver. Há acolhimento para todas as demandas? para os diferentes tipos de contextos?
# Problemas mentais → multifatoriais.
# VOU FICAR FRUSTRADO!!!!!!!! → É normal, pq não poderei resolver tudo, nem da forma
que eu quero, não sozinho, é preciso de toda a equipe. Lembrar que recaídas podem acontecer
mesmo para aqueles que estão em boas condições e avançados no tratamento.
O suicídio é na maior parte, imprevisível. Apesar das condições externas apresentarem-se
“normais”, somente a pessoa sabe o que realmente sente.
2. REFORMA PSIQUIÁTRICA E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SABER
SOBRE A LOUCURA
Expressão → ‘TREM DE DOIDO” – origem do holocausto brasileiro

# Cultura higienista social – considerar que algumas pessoas não são importantes para a
sociedade, ao invés disso, elas atrapalham. O que leva e conduz até os dias de hoje a
permanência dessa cultura nos centros psiquiátricos.

# Paciente internado → gera uma AIH - que faz o SUS pagar um valor

# Antes da reforma, os centros psiquiátricos eram privados, e além de tirar as pessoas do


convívio social, o plano era internar mais pacientes, para assim obter mais lucro, uma vez que o
governo pagava por isso.

# Hoje surge a ideia do tratamento diferenciado e respeito.


Saiu de um conceito hospitalocêntrico para um de Base Comunitária

# História
- Grécia antiga: loucos tinham poderes divinos
- Idade média: eram demônios
- Séc VII – XIX → psiquiatria > loucura > doença > Escola de Pinel > alienistas
-

# Práticas assistenciais
- Psiquiatria organicista/biológica: revolução pineliana no final do séc XVII, hospital como
espaço para observação, tratamento e cura dos doentes mentais.
- Psiquiatria psicoterápica: influenciada pela psicanálise, que propunha o entendimento da
doença mental como patologia do psiquismo, em contraposição à psiquiatria organicista.
- Psiquiatria social: após a II Guerra Mundial, com o objetivo de restabelecer a mão de
obra dos países o mais rápido possível e, constatação dos efeitos deletérios do hospital
aos pacientes
- Comunidade terapêutica na Inglaterra: Preconizava a participação do doente nos
processos decisórios das atividades das unidades de internação em igualdade de status
com a equipe.
- Psiquiatria preventiva norte americana: marca o surgimento da saúde mental, articulada
aos conceitos da saúde pública // Seu espaço de atuação é a comunidade e seu objetivo de
intervenção os indivíduos considerados em situação de risco para o desenvolvimento ou
agravo mental.
- Psiquiatria de setor da França: Internação psiquiátrica deveria ser algo transitório // o
hospital deveria ser dividido em comunidades esquadrinhadas e responsável por uma área
geográfica e social da comunidade, com equipe de saúde mental e serviços
extra-hospitalares.
- Psiquiatria democrática italiana: preconizava a desinstitucionalização e culminou com a
Lei 180 em maior de 1978, proibindo a construção e utilização do manicômio como
terapêutica e reconhece a função essencial dos equipamentos extra-hospitalares.
- Fatores que influenciam o movimento da Reforma
Descoberta de novos medicamentos e novas modalidades de intervenções terapêuticas
Movimento em favor dos direitos humanos após Segunda Guerra Mundial
A incorporação de componentes sociais e mentais na definição de saúde pela OMS

- Quem impulsionou a reforma


Franco Basaglia - 1924-1980
1961 - deixou a Universidade de Pádova para dirigir o Hospital psiquiátrico de Gorízia
Em 1971, foi transferido para o Hospital psiquiátrico Regional de Trieste, onde acabou com as
medidas institucionais de repressão, valorizando a comunicação com a família e direito à
cidadania.
Visitou o Brasil em 1970, sendo considerado um elemento chave na questão da luta
antimanicomial brasileira.
A reforma começou restrita a transformações técnico-assistenciais do campo institucional
psiquiátrico.
Reforma enquanto sinônimo de modernização ou humanização do hospital psiquiátrico ou,
quando muito, com a introdução de novas técnicas de intervenção terapêutica ou preventiva na
comunidade.

- Superação e negação dessa noção


Não a reforma dos hospitais e sim a incorporação e criação de novos espaços para a saúde mental
Não a tutela, custódia e gestão de vidas
Não a instituição total
Não ao controle, ao isolamento, a repressão
- Sim para a superação
Uma sociedade sem manicÔmios
Uma sociedade de inclusão e solidariedade
Uma sociedade que reconhece a cidadania e os direitos dos que sofrem com a doença mental

Reforma Psiquiátrica entendida como um processo complexo no qual 4 dimensões simultâneas


se articulam

Dimensão conceitual: um novo modelo que trabalha com revisão e reconstrução no campo
teórico da ciência, da psiquiatria e da saúde mental.
Dimensão estrutural: na construção e invenção de novas estratégias e dispositivos de
assistência e cuidado, tais como os centros de convivência, os núcleos e centros de atenção
psicossocial, as cooperativas de trabalho,...
Dimensão jurídico-política: temos a revisão de conceitos fundamentais na legislação civil,
penal e sanitária (irresponsabilidade civil, periculosidade, etc) e a transformação, na prática
social e política, de conceitos como cidadania, direitos civis, sociais e humanos.
Dimensão cultural: conjunto amplo de iniciativas que vão estimular as pessoas a repensarem
seus princípios, preconceitos e suas opiniões formadas - com a ajuda da psiquiatria, sobre a
loucura. É a transformação do imaginário social sobre a loucura, não como lugar de morte, de
ausência e de falta, mas como também de desejo e de vida.
- A reforma psiquiátrica no Brasil
Início dos anos 70 - eclosão do movimento sanitário
Crise do modelo de assistência centrado no hospital psiquiátrico
Movimentos sociais pelo direito do paciente psiquiátrico
É um processo político e social composto por diferentes atores
Compreende um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais
Processo marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios.

- Crítica ao modelo hospitalocêntrico


1978 - início efetivo da luta pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil

Período protagonizado pelas denúncias da violência dos manicômios, mercantilização da


loucura, hegemonia da rede assistencialista privada
Adoção do modelo italiano com inspiração
Surgimento das primeiras propostas e ações para reorientação da assistência

Intervenção que teve grande repercussão em todo o país


São implantados em Santos 24 núcleos de atenção psicossocial - NAPS - 24h
Criação de cooperativas para receberem os egressos
Essa experiência passa a ser um marco na reforma psiquiátrica brasileira

→ Com esses fatos verifica-se que a reforma era possível e exequível


- 1988 - Constituição – criação do SUS
- 1989 - Congresso – Projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado
Propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção
progressiva dos manicômios no país → Início da Reforma nos campos legislativo e normativo.

- Começa a implantação da rede Extra - Hospitalar → 1992-200


1922: Os movimentos sociais, à partir da Lei do Deputado Paulo Delgado, buscam aprovações de
leis nos estados que determinam a substituição progressiva dos leitos psiquiátricos por uma rede
integrada de atenção à saúde mental
Na década de 90, a política nacional de saúde mental começa a ganhar contornos mais definidos.
Entra em vigor as primeira Normas Federais regulamentando a implantação de serviços de
atenção diária, fundamentados nas experiências dos CAPS, NAPS e hospitais-dia.
Expansão dos modelos é descontínuo
Não possuem linhas específicas de financiamento
93% dos recursos ainda destinados aos hospitais psiquiátricos
No período 208 CAPS em funcionamento

- Reforma depois da Lei Nacional - 2001-2005


Somente em 2001, após 12 anos de tramitação, que a Lei do Deputado Paulo Delgado é
sancionada.
Ocorreram modificações no texto original
Aprovada lei 10.216/2001 que dispõem sobre a proteção e os direitos das pessoas com
transtornos mentais
Não institui mecanismos claros para progressiva extinção dos manicômios
Vem como novo impulso para reforma
Após aprovação da lei e realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental - participação
de usuários e familiares
2001 - Reforma Psiquiátrica com maior sustentação e visibilidade
São criadas linhas específicas de financiamento aos serviços abertos e substitutivos
Implantação do processo de gestão e redução programada dos leitos psiquiátricos
Criação do Programa de “Volta para Casa”
Incorporado a política de álcool e drogas – redução de Danos
Ações para efetivar a transição do modelo assistencial dependem das várias esferas de governo
→ Período destacado por dois movimentos simultâneos
1. Construção de uma rede de atenção à saúde mental substitutiva
2. Fiscalização e redução progressiva e programada dos leitos psiquiátricos existentes.

3.REDES DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS): ESTRATÉGIAS DE


DESINSTITUCIONALIZAÇÃO E REABILITAÇÃO

######## Um hospital só pode ser filantrópico (Filantropia vem do grego φίλος e άνθρωπος, e
significa "amor à humanidade". O seu antônimo é a misantropia) se ele tiver mais de 60% de
atendimento do SUS.

- Estratégias e políticas de desinstitucionalização


Redução de leitos
Passa a política pública, com impulso em 2002
Ministério da Saúde institui mecanismos claros, eficazes e seguros para redução de leitos
Pressupõe de transformações culturais e subjetivas
Pacto das três esferas de governo
•Ainda a distribuição de leitos é grande.

•As bases ainda estão no modelo hospitalocêntrico.

•A grande maioria dos leitos são de hospitais privados.

•A região que possui maior número de leitos psiquiátricos no Brasil é o Sudeste – 60 %.

•Maior impulso do Processo: Implantação dos serviços substitutivos.


- Classificação

•Boa qualidade

•Qualidade suficiente

•Precisam de adequação – revistoria

•Baixa qualidade - descredenciamento

Programa de volta para casa


Criado pela lei 10.708/2003
Objetivos
-Contribuir para o processo de reinserção social das pessoas com longa história de internação
-Realizar pagamento mensal de auxílio de 500,00 reais (portaria 1108 de 2021).
-Ampliar da rede de relação do usuário
-Estimular o exercício pleno dos direitos civis, políticos e de cidadania
-Pagamento feito diretamente ao beneficiário

-Para ter o programa, o município deverá possuir uma rede efetiva de atenção à saúde mental.

-Grande potencial terapêutico.

Dificuldades do programa

Conceitos de rede e território – passos fundamentais para consolidação da reforma


- RAPS: conceito
É um conjunto de diferentes serviços disponíveis nas cidades e comunidades, que articulados
formam uma rede, devendo ser capaz de cuidar das pessoas com transtornos mentais e com
problemas em decorrência do uso de drogas, bem como a seus familiares, nas suas diferentes
necessidades.
No SUS, propõe-se a implantação de uma Rede de serviços aos usuários que seja plural, com
diferentes graus de complexidade e que promovam assistência integral para diferentes demandas,
desde as mais simples às mais complexas/graves.
As abordagens e condutas devem ser baseadas em evidências científicas, atualizadas
constantemente. Esta Política busca promover uma maior integração e participação social do
indivíduo que apresenta transtorno mental.

- Objetivos das RAPS

Objetivos da RAPS
Rede de Atenção Psicossocial
- Normativas: RAPS
- Pontos de atenção da RAPS
As diretrizes e estratégias para a saúde mental no Brasil envolvem o Governo Federal, Estados e
Municípios.

Na RAPS, o usuário recebe atendimento próximo da família com assistência multiprofissional e


cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde.

1) Atenção Primária à Saúde (APS).

2) Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

3) Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e pronto socorro.

4) Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT).

5) Unidades de Acolhimento (UA).


6) Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental.

7) Enfermarias Especializadas em Hospital Geral

8) Hospital-Dia

- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)


Unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário.

Constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica interdisciplinar.

Realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo


aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

São substitutivos ao modelo asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar
(manicômios).
- CAPS 1

- CAPS 2

- CAPS 3
- CAPS i

- CAPS Ad

- CAPS Ad 3
- Serviços Residenciais Terapêuticos - SRT
Moradias em espaços urbanos para portadores de transtornos mentais graves egressos ou não de
hospitais psiquiátricos.
Objetivos

Ter direito a uma moradia.

Reintegração na comunidade.
Metodologia

Máximo 8 moradores.

Deve estar referenciada a um CAPS.

Busca a reinserção social.

Podem acolher pessoas que em algum momento necessitam de moradia.

- Unidades de acolhimento
Cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24h/dia.
Ambiente residencial, para pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, de ambos os sexos.
Devem apresentar acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e demandem acompanhamento
terapêutico e protetivo de caráter transitório.
O tempo de permanência nessas unidades é de até seis meses.
As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário
é acolhido e abrigado enquanto seu tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos outros
pontos da RAPS.

- Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde mental


São serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais.
Prestam atendimento integrado e multiprofissional, por meio de consultas.
Funcionam em ambulatórios gerais e especializados.
Vem para ampliar o acesso à assistência em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias.
Atendem a transtornos mentais mais prevalentes, mas de gravidade moderada, como transtornos
de humor, dependência química e transtornos de ansiedade.
- Hospital-dia
É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de
procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do
paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas.

- Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e Pronto socorro
São serviços para o atendimento de urgências e emergências rápidas.
São responsáveis pela classificação de risco e tratamento das pessoas com transtorno mental
e/ou necessidades decorrentes do uso de drogas em situação de emergência.
Atendimento em momentos de crise forte.
- Alguns desafios da RAPS
Existe a expansão dos serviços abertos, mas isso poderia ser mais rápido.
Assegurar o desenvolvimento do modelo de atenção com foco no cuidado comunitário e integral.
Estimular a produção de autonomia, fundamentados nos princípios do SUS e da Reforma
Psiquiátrica brasileira.
- DESAFIOS
Proteger os CAPS dos desafios da sociedade e da fragilidade da rede, que reproduz práticas
tutelares e cronificantes.
Financiamento.
Referência e contrarreferência.
Recursos humanos.
Outros......

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