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“Acolhimento implicado”: dimensões do primeiro contato com a crise

psíquica grave

Hayanna Carvalho e Ileno Izídio da Costa

O Grupo de Pesquisa e Intervenção Precoce nas Primeiras Crises do Tipo


Psicótico (GIPSI) desenvolveu, ao longo de 12 anos de estudos e atendimentos clínicos,
uma série de compromissos, posturas e conceitos cada vez mais específicos para o
cuidado e atenção a pessoas em primeiras crises e suas famílias. A investigação e escuta
crítica de uma crise desse tipo nos mobiliza a identificar, o mais cedo possível, alguns
indicadores de sofrimento psíquico que, se não recebem um máximo de atenção nas
fases iniciais, podem degringolar em vivências cada vez mais intensas e mais
desorganizadoras (Costa, 2010a). O GIPSI acompanha o desenvolvimento e
aprimoramento das práticas de intervenção precoce nas psicoses, buscando refinar e
questionar os paradigmas e pressupostos a partir de uma leitura crítica, ancorada na
reforma psiquiátrica e em uma abordagem filosófica da loucura.

Dentre os compromissos do GIPSI, está o de considerar a crise “do tipo


psicótico” como uma vivência intensa de sentimentos e pensamentos estranhos, no mais
das vezes com sintomas do que tradicionalmente se denomina “psicose” (Costa, 2003;
2008; 2010; Costa & Carvalho, 2012). O grupo questiona o conceito de psicose e seu
correlato mais comum, a “esquizofrenia”, por concordar, com Szasz (1979) e Foucault
(1975) que a “doença mental”, mais do que um transtorno identificável, refere a um
contexto de práticas adotadas perante o indivíduo identificado como “doente mental”.
Desta forma, Costa (2003), fundador e coordenador do GIPSI, cunhou o termo
sofrimento psíquico grave para salientar que uma crise do tipo psicótico é extremamente
angustiante (causa sofrimento), não tem necessariamente uma etiologia física, mas
antes, trata-se da vivência intensa de uma angústia de ordem psíquica, páthica (Martins,
2005), e que demanda uma atenção e cuidados intensos, difíceis de oferecer, não
somente para o indivíduo, mas para todo o meio imediato em que ele está inserido (daí o
termo grave).
Dentro da especificidade do grupo, nos voltamos também para as primeiras
manifestações de estranhamento, angústia intensa e retraimento social, comuns antes da
eclosão do primeiro “episódio psicótico” identificável. Este momento é denominado
prodrômico. Do grego, prodromo significa aquilo que antecede um evento (Carvalho,
2006; Yung & McGorry, 1996). A intervenção precoce nas psicoses pressupõe que tanto
o estado prodrômico quanto uma primeira crise do tipo psicótico são momentos ainda
sensíveis para intervenções intensas, porquanto ainda há recursos psíquicos, familiares e
sociais para o enfrentamento da crise, diferente de estados já mais cronificados, em que
o significado dos sintomas e das crises já não mais pode ser facilmente transformado.

Além disso, a intervenção precoce pode auxiliar na redução de danos de várias


ordens (Costa, 2008), já que previne o surgimento de novas crises, evita hospitalizações
prolongadas, uso excessivo de medicações psicotrópicas, permite uma reabilitação
social mais pontual e ocupa menos leitos em hospitais gerais (McGorry, 2005).

Dentro dos compromissos do GIPSI, consideramos ainda que, por mais que
sejam identificados sinais e sintomas psicopatológicos próprios dos transtornos
psicóticos em uma primeira crise, este é um momento em que ações podem ser tomadas
e a crise não pode ser tratada como uma “pré-psicose” ou “esquizofrenia”, a priori.
Assim, a intervenção precoce proposta pelo GIPSI é multidisciplinar e abrange, para
além do indivíduo, sua família e rede de saúde. Para fazer isto, mais do que seguir o
paradigma da intervenção precoce, preconizado na III Conferência de Copenhagen
(McGorry, 2005), o GIPSI propõe constante revisão de nossas práticas, por meio da
articulação entre a clínica, a pesquisa e a atuação política na rede de saúde mental do
DF.

Nossas posturas são de questionamento dos termos tradicionalmente utilizados


no cuidado da “psicose” e na intervenção precoce, sempre em busca de fatores que
possam promover a saúde mental, mais do que enfocar na “doença”. Por sermos um
grupo multiprofissional e multiabordagem, possibilitamos que o questionamento dos
termos advenha de uma série de olhares, percepções e críticas, não somente a partir da
psicologia ou do viés médico (Costa, 2003; 2006; 2008; 2010a; 2010b; Costa &
Carvalho, 2012).

Incluir a família e a rede de saúde mental no cuidado é fundamental para


levantar esses recursos ainda preservados. No entanto, o próprio conceito de família
também precisa ser criticado, já que também não é estanque e pode envolver uma ampla
dimensão de laços não somente consanguíneos, mas também afetivos e sociais (Costa,
2003; 2008).

O presente trabalho tem por objetivo descrever, a partir do levantamento de


nossa prática, a maneira pela qual uma pessoa em crise e sua família são acolhidas e
atendidas no GIPSI, conforme a nossa especificidade e obedecendo alguns critérios de
exclusão. O grupo realiza atendimentos na clínica escola do Instituto de Psicologia da
Universidade de Brasília, o Centro de Atendimento e Estudos em Psicologia (CAEP). O
acolhimento será descrito principalmente a partir de quatro características: 1.
Encaminhamento; 2. Momentos de funcionamento do GIPSI; 3. Dimensões do
acolhimento e 4. Mecanismos de investigação e acolhimento.

1 Encaminhamento

Uma pessoa em crise pode ser encaminhada para acolhimento no GIPSI por
dois principais meios:

1.1 Critérios e Guia de Encaminhamento de Clientes: o profissional da rede de


saúde entra em contato com a pessoa em crise e sua família e preenche uma ficha com
informações gerais sobre a pessoa, a crise, os familiares mais próximos e seus contatos.
Nessa ficha, há um espaço para descrição sumária da crise e para identificação de
possíveis pródromos ou sintomas psicóticos que o profissional tenha observado.

1.2 Telefone de crise: trata-se de um celular cujo número está disponível para
moradores do DF que estejam em crise ou para seus familiares e profissionais
envolvidos. Dois membros do GIPSI plantonistas são responsáveis por atender às
emergências, direcionar para atendimentos possíveis, agendar acolhimentos no CAEP
ou em visitas domiciliares, a depender das condições da crise. Neste caso, a dupla de
terapeutas é quem preenche a ficha Critérios e Guia de Encaminhamento de Clientes,
pois este é o documento oficial para entrada de clientes para atendimento no GIPSI, o
qual é anexado ao prontuário do cliente no CAEP.

2 Momentos de funcionamento do GIPSI: supervisão e oficinas

O GIPSI se reúne no CAEP duas vezes por semana, para reuniões de quatro
horas, cada. Estão presentes o coordenador e os outros membros do grupo: estagiários,
auxiliares de pesquisa, profissionais voluntários, estudantes de pós-graduação
(especializandos, mestrandos e doutorandos), entre psicólogos, terapeutas ocupacionais,
psiquiatras, dentre outros. Cada membro é distribuído em uma hierarquia que respeita
suas especificidades de conhecimento, em núcleos interligados das diferentes esferas de
atuação do grupo: clínica individual, clínica familiar, psiquiatria, psicossocial,
psicodiagnóstico e pesquisa.

A supervisão se divide entre quatro momentos: informes gerais, informes de


caso, encaminhamentos e acolhimentos (casos novos) e relatos de caso. Os casos
atendidos são inscritos, apresentados e discutidos entre todos os membros presentes,
com uma finalização que decide sobre os próximos passos a serem tomados, a depender
da especificidade do caso e do momento das psicoterapias e outros acompanhamentos
que estejam sendo realizados (terapia ocupacional, psicossocial, acompanhamento
terapêutico etc.).

Além dos encontros regulares das supervisões clínicas, o grupo ainda conta
com mais quatro momentos muito particulares:

2.1 Oficina de boas-vindas: todo início de semestre, o grupo recepciona


membros novatos e apresenta o funcionamento completo, explana sobre cada uma das
várias áreas de funcionamento do grupo, em uma integração e troca de saberes entre
novatos e “antigos”;

2.2 Oficinas vivenciais: ao final do semestre, o grupo se reúne em um espaço


diferente da universidade, durante um dia inteiro, com o propósito de trocar as
experiências adquiridas durante o semestre, questionar suas próprias posturas, elaborar
planejamentos e metas, re-estruturar o próprio funcionamento, em um momento de
experiências afetivas e de cuidado dos cuidadores;

2.3 Oficinas metodológicas: a depender da necessidade específica do grupo, os


membros se reúnem para discutir particularidades da prática clínica, levantar a literatura
disponível sobre o tema e propor posturas próprias, na construção de nosso paradigma e
modelo de intervenção. Tópicos recentemente discutidos, por exemplo, foram a questão
da influência do uso ou abuso de drogas na crise do tipo psicótica e o estudo de vários
instrumentos psicodiagnósticos importantes para a avaliação das primeiras crises.
2.4 Grupos de estudo e discussão: os membros do grupo levantam a
necessidade de um espaço outro para se dedicarem ao estudo específico da literatura em
uma das esferas de atuação. Exemplos de grupos de estudo construídos no GIPSI são:
acompanhamento terapêutico, família psicótica, introdução à psicanálise, Rorschach e
elaboração de artigos científicos.

É interessante observar que a própria composição do GIPSI também está


sujeita a várias transformações e re-estruturações, por mais que a base de
posicionamentos e compromissos seja algo constante. Por se tratar de um grupo de
pesquisa e clínica, vinculado à universidade e localizado na clínica escola, sua
composição depende de fatores como a vinculação de pesquisadores de várias áreas do
saber e o interesse de professores em vincular ao grupo seus estagiários, pesquisadores
ou residentes. Esta especificidade é, de fato, tanto uma vantagem quanto um desafio, já
que qualquer membro do grupo deve se capacitar a realizar o acolhimento, todos devem
conhecer as etapas e procedimentos envolvidos nele, independentemente de sua área de
formação.

3 Dimensões do Acolhimento

Assim que é agendado o atendimento no CAEP ou a visita domiciliar, a dupla


de terapeutas designados acolhe a família da pessoa em crise em um encontro que dura
de 60 a 90 minutos. Caso seja necessário, conforme decidido em supervisão clínica, a
dupla pode agendar novos acolhimentos familiares ou individuais. Usualmente, com um
ou dois acolhimentos, é possível decidir se o caso é próprio para a especificidade do
grupo ou se deve ser encaminhado para outro serviço.

A noção de acolhimento aqui apresentada é um pouco diferente do conceito


utilizado na atenção básica de saúde. A Política Nacional de Humanização da Saúde
(PNH, Brasil, 2006), elaborada em 2004, teve como objetivo atuar transversalmente na
rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e seu pressuposto é a humanização das práticas
tanto de atenção ao usuário do SUS quanto da gestão do próprio sistema. Um dos
dispositivos da PNH é o acolhimento, uma sistemática de práticas de humanização que
compreendem desde a recepção do usuário no sistema de saúde até a responsabilização
integral de suas necessidades e a atenção que resolve e direciona a solução de sua
demanda. O marco teórico-político é que a atitude humana e o valor ético social se
sobreponham às exigências técnicas e operacionais, para promoção de responsabilidade
e respeito.

Desde 2011, o GIPSI está oficialmente inserido na rede de saúde mental do DF


e tem recebido cada vez mais encaminhamentos de pessoas identificadas como em
primeira crise psicótica ou em estado prodrômico. Dentro em breve, a atuação do GIPSI
será feita no contexto do novo prédio do CAEP, em etapa de construção e que terá o
formato de um Centro de Atendimento Psicossocial-da (CAPS-docente-assistencial),
mais de acordo com a proposta da Reforma Psiquiátrica brasileira (Costa, 2011). No
entanto, o GIPSI tem uma dinâmica própria de acolhimento, a qual inclui e transcende a
proposta de acolhimento como parte da humanização da atenção em saúde básica.

No grupo, o acolhimento é o primeiro contato da família com o atendimento


oferecido e usualmente engloba e integra várias dimensões: individual, familiar, rede,
psiquiátrica, ocupacional e institucional.

3.1 Acolhimento individual

Seja em um encontro familiar ou individual, o acolhimento tem função de


investigar características da dimensão individual da crise. Dentre estas, enfocamos
principalmente os caracteres afetivos, relacionais e sindrômicos do indivíduo neste
primeiro contato. Caracteres afetivos envolvem a dimensão da angústia vivenciada,
quais laços emocionais ainda estão mantidos e quais foram rompidos, as crenças
envolvidas na manutenção ou rompimentos dos laços emocionais, quais são os
sentimentos relacionados à crise.

Caracteres sindrômicos referem aos sinais e sintomas identificáveis na crise


e/ou no momento imediatamente anterior à eclosão dos sintomas propriamente ditos.
Seguimos o recomendado pela literatura internacional da intervenção precoce e
constituímos um “questionário de pródromos” e de sintomas psicóticos (segundo
Carvalho & Costa, 2006; E. Costa, 2011; McGorry & Edwards, 2002), presentes na
ficha Critérios e Guia de Encaminhamento de Clientes. Tratam-se de sinais, sintomas
ou subsintomas1 comumente identificados em estados prodrômicos ou em primeiras
crises do tipo psicótico.

1
Sentimentos ou manifestações intensas o suficiente para serem reportadas pela família ou indivíduo
como diferentes de seu próprio funcionamento usual, mas que não atingem a gravidade suficiente para
serem considerados sintomas no sentido mais psiquiátrico do termo.
No mais das vezes, a orientação médica é a primeira providência tomada
quando de uma crise do tipo psicótico (Carvalho & Costa, 2006) e um levantamento
sintomatológico provavelmente já foi feito, no sentido de uma anamnese psiquiátrica.
Nossa investigação, no entanto, pretende ir além de uma simples revisão da
sintomatologia na constituição de uma hipótese psicodiagnóstica. Para o GIPSI, a
investigação sindrômica é necessária para que, em supervisão, respondamos à seguinte
pergunta: “esse cliente é nosso?”.

Ademais, verificamos se está presente abuso de álcool ou outras drogas, ou


mesmo se já foi investigada alguma outra condição orgânica que possa ter predisposto o
indivíduo à crise. Isto porque, tanto no caso de uma possível toxicomania, ou de
causação orgânica da crise, identificamos elementos fisiológicos, psicológicos e
familiares que transcendem nossa alçada muito singular de intervenção precoce nas
primeiras crises do tipo psicótico. Caso estejam presentes estas condições, podemos
decidir em supervisão clínica que o caso “não é nosso” e tomar as devidas providências
para que ele seja acolhido em ambiente mais adequado dentro da rede de saúde mental
do DF, um que disponha dos recursos necessários para lidar com a especificidade em
questão.

3.2 Acolhimento familiar

Sobre a família, investigamos a estrutura e dinâmica, na compreensão do


sistema familiar: qual a família nuclear e extensa, se há definidos os sistemas executivo,
parental e filial, quais são os membros e se os mesmos estão disponíveis para uma
psicoterapia familiar. O GIPSI entende, com Palazzoli et al. (1998), entendemos que um
sintoma psicótico é criado dentro de uma interação muito particular na família, tem uma
função importante dentro das relações familiares e somente pode ser bem compreendido
e trabalhado se dentro do contexto familiar. Por isto, é condição importante para
atendimento do GIPSI que a família esteja presente em psicoterapia, em conjunto com a
terapia individual, e que os familiares compartilhem a responsabilidade pelo seu próprio
cuidado.

Reconhecemos que o conceito de família é amplo e não se reduz às definições


ou arranjos tradicionais: um casal heterossexual que gera biologicamente seus filhos.
Por óbvio, a noção de família deve ser muito mais ampla do que isto e abarcar a imensa
diversidade que transcende o conceito mais tradicional de família.
Por mais que seja raro encontrar uma pessoa em primeiras crises que não esteja
morando com os pais, há casos desta natureza e o acompanhamento familiar no GIPSI
deve ser flexível, de forma a abarcar as diferentes naturezas e constituições do indivíduo
em sociedade. Em raras ocasiões, decidimos em supervisão clínica que o
acompanhamento familiar pode ser substituído por uma psicoterapia de casal ou pelo
acompanhamento psicossocial, com outras figuras de referência (amigos, professores,
profissionais de saúde) que amparem os progressos feitos em psicoterapia individual e
psicofarmacoterapia, além de auxiliar no caso do aparecimento de novas crises.

3.3 Acolhimento em Rede

Investigar a rede do indivíduo e de sua família é fundamental. Uma pessoa em


primeira crise se encontra em período frágil e extremamente vulnerável de sua vida.
Entendemos a crise como uma oportunidade de transformação (Costa, 2008), desde que
os recursos necessários estejam presentes. Investigar a rede é avaliar quais são as
condições de acesso à saúde mental e à atenção básica de saúde, quais são as relações de
trabalho ou de fonte de renda da família, se há manutenção das atividades sociais e de
lazer, se as atividades escolares ou de formação estão mantidas, se está presente uma
prática religiosa ou espiritual, transcendente. Todas essas dimensões são fontes de
recursos para o enfrentamento da crise e devem ser atentadas, para o caso de estarem
danificadas ou frustradas.

3.4 Acolhimento psiquiátrico

Já foi dito acima que, de forma geral, o primeiro contato com o serviço de
saúde que uma família em crise psicótica estabelece é com um médico, geralmente um
psiquiatra. A formação do grupo de pessoas vinculadas ao GIPSI é algo flutuante.
Sempre há auxiliares de pesquisa, estagiários, profissionais e estudantes de pós-
graduação que são da Psicologia. No entanto, a presença de assistentes sociais,
terapeutas ocupacionais, enfermeiros, antropólogos e, particularmente, psiquiatras,
depende de uma série de fatores vinculados à prática acadêmica, já que o GIPSI também
comporta essa faceta.

Neste sentido, não é sempre que temos um psiquiatra vinculado ao grupo, ou


nossos clientes nem sempre são atendidos por esse psiquiatra. Uma parceria entre o
GIPSI e o acompanhamento psicofarmacológico se faz necessária e o acolhimento pode
ser a primeira oportunidade para se estabelecer esta parceria.

A dupla de terapeutas que faz o acolhimento também deve ter conhecimentos


básicos dos fármacos psicotrópicos mais utilizados no cuidado das crises psicóticas
(antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor) e dominar,
minimamente, quais são os efeitos esperados, possíveis efeitos colaterais e os diferentes
mecanismos de acesso da população a essas medicações. As famílias podem ter dúvidas
quanto a isso e não tê-las resolvido ainda nas primeiras consultas psiquiátricas. Não que
os terapeutas devam alterar ou aconselhar algo diferente do que o psiquiatra
recomendou para a terapia do indivíduo, mas eles podem orientar no sentido de
esclarecer dúvidas. Além disso, crenças populares podem vincular um acompanhamento
psiquiátrico (ou mesmo psicológico) a um estigma extremamente negativo e excludente
e a dupla poderá aproveitar este momento para investigar se esse tipo de crenças está
presente.

3.5 Acolhimento Ocupacional

Além de investigar a rede, os terapeutas devem enfocar da maneira como cada


membro da família faz uso das diferentes instituições disponíveis na rede. Este enfoque
usualmente é feito na pessoa em crise, mas também envolve cada um da família.
Aspectos como frequência ao trabalho ou à escola, acesso a atividades de lazer ou de
vivência religiosas dizem respeito não somente a se as pessoas estão vinculadas à
escola, mas se estão atualmente capacitadas a frequentá-la, quais são os empecilhos e se
há, dentre os membros da família, recursos possíveis para que o funcionamento retorne,
eventualmente, aos níveis desejados pelos familiares.

3.6 Acolhimento institucional

A dupla de terapeutas que realizam o acolhimento deve ser sensível para as


necessidades específicas de um indivíduo e de uma família, entender minimamente o
contexto social e econômico da região onde essas pessoas vivem, quais são as condições
financeiras, de moradia e transporte e se essas condições são suficientes para suprir as
necessidades mais básicas da família, de maneira que ela possa se concentrar no cuidado
mais intenso da crise, na qual, geralmente, todos estão envolvidos. Esse tipo de
investigação é importante principalmente quando acolhemos uma família moradora da
periferia ou de baixa renda.

A dupla deve, portanto, conhecer um pouco sobre o aparato de saúde geral e


mental com que a região conta: se existem CAPS, hospitais gerais, hospital ou
enfermaria psiquiátrica, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), dentre outros serviços
que podem auxiliar em caso de encaminhamentos externos, do aparecimento de novas
crises ou outras necessidades da família. Além disso, possíveis serviços e benefícios
governamentais podem ser oferecidos a pessoas em sofrimento psíquico, a depender de
sua especificidade.

Uma especificidade do GIPSI é o fato de estarmos inseridos no contexto da


universidade. Isto faz com que estudantes frequentemente sejam encaminhados pelos
serviços de orientação educacional da universidade, além de termos também o Hospital
Universitário (HUB) como possível referência.

4 Mecanismos de investigação e acolhimento

As diferentes dimensões do acolhimento são investigadas e integradas


normalmente em um ou dois encontros da dupla de terapeutas com a família acolhida.
Não temos por objetivo que o acolhimento seja simplesmente um momento de
investigação de todos os fatores importantes para a compreensão completa da crise e de
suas implicações. Mais do que isto, o momento de acolhimento é frequentemente muito
angustiante, carregado de afetos os mais complexos, expectativas, esperanças e
questionamentos os mais diversos. A dupla é chamada para ocupar um lugar para além
de investigadores ou entrevistadores. Frequentemente, o que a família mais necessita é
de um espaço de escuta empática, de ventilação e descarga emocional do sofrimento
decorrente e causador da crise, enfim, de apoio.

Portanto, o GIPSI desenvolveu mecanismos para que possamos, ao mesmo


tempo, apoiar uma família em um momento de muita angústia, mas ao mesmo tempo
investigar pontos necessários para tomar decisões terapêuticas e esclarecer possíveis
questionamentos que a família possa ter sobre saúde mental, adoecimento psíquico e
seus desfechos.

Neste artigo, pretendemos esmiuçar cada um desses mecanismos e de que


forma podemos fazer com que elas se integrem em um todo compreensivo e crítico,
formando o acolhimento do GIPSI. Este é mais um desafio, já que os mecanismos não
podem ser, a priori, técnicas psicológicas ou específicas de uma profissão ou
abordagem. Os mecanismos aqui descritos são, de fato, algumas posturas possíveis de
acolher pessoas em sofrimento psíquico que transcendem e questionam as posturas
tradicionais e abrangem nossa forma muito particular de encarar a saúde mental e o
sofrimento psíquico: promovendo saúde, ainda que diante da “doença”.

4.1 Escuta, apoio e ventilação do sofrimento psíquico

Uma das principais dimensões do acolhimento no GIPSI é a escuta crítica e


compreensiva ao indivíduo em crise e a sua família. A escuta é, antes de mais nada, a
consideração de que uma pessoa é e se torna mediante o outro, por meio de suas
palavras (Macedo & Falcão, 2005). Por mais que façamos imagens a respeito do ser do
outro, elas são ilusórias e artífices se a relação não foi considerada como uma
construção feita a partir de um encontro. Neste sentido, oferecer escuta é considerar a
grandeza dos significados contidos dentro do discurso de uma pessoa sobre si mesma. É
compreender que eles fazem sentido e reportam a uma ontologia, a uma história
familiar, a um contexto social e político.

Isto é importante, porque, na maior parte dos casos, como se trata de primeiras
crises, tanto o indivíduo como sua família se encontram em momento de intensa
mobilização e angústia. Perceber-se a si mesmo, aos familiares ou às condições sociais
de maneira estranha, como se algo estivesse “errado, estranho, confuso” é algo
extremamente perturbador e por isso, antes de qualquer coisa, propomos oferecer escuta
e apoio para que a “estranheza” não se sobreponha demasiado ao que se manteve de
“são” entre os membros da família.

De fato, a radicalidade e a extrema dor que comumente acompanham os


estados de crise não são fáceis de entender. Ao ouvir o discurso estranho da pessoa em
crise, “surtada”, a família, o médico e o seio social mais imediato realmente “não
sabem” como ela se sente. Mas o oferecimento de escuta, mais do que ouvir, pode
propor um espaço em que diferentes sentidos são descobertos e integrados. O
sofrimento pode então começar a fazer sentido e não ser mais tão avassalador.

4.2 Holding do indivíduo e da família


É comum ouvirmos das pessoas que acolhemos que “não tinham mais a quem
recorrer”, ou que “não sabiam o que fazer”. Holding é um termo cunhado pelo
psicanalista Winnicott (1983), que quer dizer oferecer apoio egoico, por meio da
identificação, à maneira que uma mãe devotada oferece ao filho.

Isto significa que, mais do que dizer a uma pessoa em crise e à sua família que
uma fala “não faz sentido”, que eles precisam “voltar para a realidade”, o acolhimento
do GIPSI propõe o holding do indivíduo sintomático e sua família, oferecer continência
e pertecimento à sua fala, dar crédito e merecimento ao seu sintoma, com sensibilidade
o suficiente para perceber, naquele momento, do que a família necessita. Isto é
necessário porque não faz sentido prescrever o mesmo procedimento para todas as
famílias, para todas as crises. Cada uma possui características diferentes, específicas
daquele momento e daquelas pessoas. O sintoma faz sentido dentro de um conjunto
complexo de interações entre os membros da família.

Muitas vezes, a pessoa em crise já entrou em contato com algum tipo de


atendimento mais tradicional da saúde mental e ouviu falar de diagnósticos estanques e
prognósticos negativos, como é comum na “esquizofrenia” ou no “transtorno bipolar”.
Ouvimos famílias desacreditadas de qualquer cuidado, já conformadas com a
cronificação do paciente identificado e um tanto desesperançosas. No acolhimento, a
função de holding pode prover, para essas famílias em estado de “dependência relativa”,
no dizer de Winnicott, um momento em que elas possam restaurar seu sentimento de
esperança e de segurança. Por óbvio, não é possível oferecer garantias, porquanto quem
dispõe dos recursos para enfrentamento, ou quem deverá fortalecê-los, é a própria
família, um sistema interativo de vários indivíduos, cada um com suas próprias riqueza
e angústia psíquicas.

4.3 Esclarecimentos psicoeducativos sobre o que é uma crise e quais recursos para
enfrentá-la

A saúde mental é um conceito novo e a Reforma Psiquiátrica ainda está longe


de alcançar seus ideais mais positivos. Contamos, no DF, com uma das mais deficitárias
redes de saúde mental e, por isso, com poucos profissionais capacitados e realmente
motivados a integrar nossa postura mais renovadora.
Temos em sociedade o forte descrédito pela palavra do “louco”. O fenômeno
psicótico continua atrelado a noções de degeneração e deficiência, a psicose é
frequentemente descrita como “perda de contato com a realidade” e seu prognóstico
costuma ser descrito como muito sombrio. Ao procurar pela primeira vez o consultório
do médico, a família foi mobilizada por um forte estranhamento, a sensação
avassaladora que, de fato, há algo errado. Estando algo errado, estranho demais, lhes
advém a angústia como o impulso em face da urgente necessidade de mudança. O
reducionismo costumeiro de nossa sociedade, o qual busca respostas as mais rápidas e
menos angustiantes (Martins, 2005), faz com que seu sofrimento seja identificado como
uma doença, como se houvesse algo errado dentro da pessoa em crise.

Cabe aqui retomar algumas bases filosóficas que subsidiam o GIPSI em seu
questionamento dos conceitos tradicionais utilizados em saúde mental. Szasz (1960)
discute sobre a prática da psiquiátrica tradicional e aponta a confusão epistemológica
presente no dualismo simétrico entre sintomas mental e físico na metaforização do
cuidado médico ao sofrimento psíquico. Para esse autor, o “sintoma mental” é
intrinsecamente relacionado ao contexto social em que ele é fabricado, dado que nomear
a fala de uma pessoa como um sintoma mental, leia-se diagnosticar, é um ato complexo
que envolve várias dimensões: a atribuição do julgamento do médico, a comparação
entre as ideias e crenças do referido “paciente” e as do observador, a inserção de ambos
em uma cultura e numa história, além das decorrências do próprio diagnóstico para
interesses tanto do médico quanto da família.

Costa (2003) argumenta, com Szasz, que, ao isolar a esquizofrenia, correlato


mais comum da psicose, a psiquiatria não apenas identificou mais uma “doença”, mas
justificou a prática estabelecida de confinar loucos mediante a hospitalização
compulsória. Se uma pessoa é diagnosticada como esquizofrênica, uma possível
institucionalização se torna verdade e, por óbvio, esta decisão não cabe ao sujeito
“esquizofrênico”. Assim, o reconhecimento da doença foi, desde o início, um ato
coercitivo.

Teorias filosofias das últimas décadas denunciaram o paralelo absurdo


desenvolvido entre sintoma mental e físico e também puseram em evidência a
necessidade de considerar o ser humano como um inteiro, integrado, determinando e
determinante de seu meio, dos sistemas em que ele interage e faz parte.
Assim sendo, o acolhimento é também um momento em que certos mitos sobre
a “doença mental”, “psicose”, “esquizofrenia” e outros correlatos são trazidos à tona e
discutidos, desconstruídos em família. Ao oferecer um acompanhamento decerto
diferente do que a família talvez esteja acostumada, considerando a rede pública de
saúde mental de que dispomos, algumas expectativas e esperanças são despertas e
podem conter componentes demasiado fantasiosos ou de grande descrédito.

4.4 Avaliação psicológica preliminar de sinais e sintomas, histórico da crise e da


constituição familiar

Os conhecimentos sobre sinais e sintomas prodrômicos e psicóticos é


fundamental para que seja feita uma avaliação psicológica preliminar da pessoa em crise
durante o acolhimento. Além disso, devem existir também conhecimentos sobre como
se constitui uma crise, quais são alguns dos fatores envolvidos na eclosão de uma crise
(como a idade, possíveis estressores, existência de uso de drogas) e quais são alguns dos
riscos a que uma pessoa em crise está submetida. É possível, mas não necessário, que
exista atuação agressiva impulsiva, tentativa de suicídio, comportamentos bizarros e
possível desorganização da família e da sociedade em volta. A correta avaliação destes
riscos proporciona um melhor planejamento terapêutico de curto prazo, até que maiores
informações e vínculos estejam disponíveis para o planejamento de mais longo prazo.

Além da avaliação individual, nos voltamos também para a avaliação da


constituição familiar, podemos realizar genogramas rudimentares ou outras imagens que
facilitem a compreensão de como a família se construiu, de forma a entender
minimamente dois pontos: de que maneira a crise se insere no contexto familiar e qual a
disponibilidade da família para atendimento psicoterapêutico, considerando que este
pode ser um critério de exclusão do grupo.

4.5 Levantamento dos recursos de rede para possíveis encaminhamentos

Em muitos momentos, recebemos encaminhamentos de pessoas que preenchem


critérios de exclusão para o GIPSI. Como dito anteriormente, nossa especificidade é a
atenção às primeiras crises do tipo psicótica. Pode parecer um termo bastante amplo e
não explicita, a priori, o que não é uma crise da nossa especificidade. Por óbvio, não
poderíamos nos deter a fazer essas explicitações, dado que cada crise é uma dimensão
em si mesma, carrega seus próprios sentidos e significados e porta, consigo própria, sua
chave de resolução. No entanto, nossa esfera tem várias limitações e não podemos
oferecer, no grupo, o apoio e tratamento adequados caso certas condições estejam
presentes. Essas são, principalmente: ausência de pródromos ou manifestações “do tipo
psicótico”, ausência de rede familiar identificável, possibilidade de causação orgânica
para a crise (traumas, lesões ou intoxicações), existência de abuso ou dependência de
droga.

Quando acolhemos um caso que não faz parte da nossa especificidade, nos
preparamos para encaminhá-lo ao serviço mais adequado. A partir da investigação da
dimensão de rede, esta decisão pode ser tomada com os critérios necessários.

No entanto, o encaminhamento de pessoas em crise para outros serviços


também é um desafio para o GIPSI, já que ainda não dispomos uma rede de saúde
mental satisfatória. CAPS de álcool e outras drogas estão frequentemente lotados ou não
estão disponíveis em dezenas de regiões no DF, não há CAPS para internamento e as
enfermarias em hospitais gerais e o hospital psiquiátrico costumeiramente não têm um
serviço adequado, frequentemente faltam profissionais e medicações, dentre outros
problemas que já são célebres entre aqueles que estudam e/ou dependem dos serviços
públicos de saúde.

“Reflexões Gipsianas”

Ao escrever este artigo, o principal objetivo era descrever, com o máximo de


detalhes, de que forma acolhemos pessoas em crise no GIPSI, de que forma nossos
conceitos, posturas e questionamentos se integram com os aspectos práticos de nossos
atendimentos. Isto se fez cada vez mais importante para a formação de novos membros
que, por estarmos na universidade, são, em sua maioria, estudantes. Isto implica em
alguma rotatividade dentro do grupo e oficinas de boas-vindas são sempre
oportunidades de iniciar o treinamento e rever certas práticas.

Ao levantar as dimensões e dos mecanismos do acolhimento gipsiano, nos


admiramos da quantidade e qualidade das várias práticas que abrigamos ao longo desses
12 anos. De fato, são muitos os conhecimentos que um gipsiano vai acumulando ao
longo de sua prática, ao longo dos acolhimentos, atendimentos e estudos realizados
dentro do grupo. Não nos consideramos, a priori, como um “curso de formação”, mas,
sem dúvida, um gipsiano é formado para ter uma visão abrangente e crítica de uma
vasta área de atuação da saúde mental, seja ele psicólogo, assistente social, enfermeiro,
antropólogo, musicoterapeuta, terapeuta ocupacional ou médico.

Decerto, estar disponível para, estar-com, estar-aí, não se trata de um trabalho


simples. Oferecer acolhimento, escuta, holding, avaliação e educação às famílias em
crise é, de fato, um trabalho complexo, exaustivo, mas sempre uma via de mão dupla.
Somos nós, os gipsianos, também acolhidos, escutados, segurados, avaliados e,
sobretudo, educados, em especial na condição mais aguda da vivência humana: a crise
psíquica grava.

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