Você está na página 1de 21

CARE

SAÚDE MENTAL
AULA 01
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
A Saúde Mental no Brasil e no mundo. Reforma psiquiátrica brasileira. A organização da assistência em Saúde
Mental. Conceitos básicos de saúde mental. O acolhimento em Saúde Mental. Cuidado clínico de enfermagem em
Saúde Mental. Consulta de Enfermagem em Saúde Mental. Processo de enfermagem e a Sistematização da
Assistência de enfermagem em Saúde Mental e a pessoas acometidas de transtornos mentais e do comportamento.
Vínculo e responsabilização do cuidado.

A atuação em equipe. A rede de atenção à Saúde Mental. A atenção em Saúde Mental nas unidades de Atenção
Primária de saúde. Os CAPS ou CERSAMS. Outros serviços e recursos. Concepção de reabilitação psicossocial.
Mecanismos sociais e psicológicos que influenciam na assistência prestada a esse grupo específico de indivíduos.
Oficinas terapêuticas, centros de convivência e espaços afins. Serviços residenciais terapêuticos ou moradias.
Conselhos de saúde e instâncias afins. Quadros clínicos do sofrimento mental grave. Os quadros psiquiátricos
orgânicos. As psicoses. As neuroses. Enfermagem no Cuidado da Pessoa com Necessidades Especiais. A abordagem
e o tratamento do sofrimento mental. O projeto terapêutico. A atenção à crise. Visitas domiciliares e outras formas
de busca do paciente. A atenção à família. O recurso aos psicofármacos. O uso abusivo de álcool e outras drogas. A
legislação em Saúde Mental.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Planejamento, execução e avaliação da assistência de enfermagem à pessoa
com transtorno mental e/ou em uso abusivo de álcool e outras drogas e à sua
família. Intervenções psicossociais com familiares de usuários da RAPS.
Abordagem da crise. Gestão do Cuidado nos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), Hospitais, Residência Terapêutica, Equipe da Estratégia Saúde da
Família, NASF e Unidade de Acolhimento; Gestão do Cuidado nos com leitos
psiquiátricos. Comunicação Terapêutica. Cuidado clínico de enfermagem em
Saúde Mental. Consulta de Enfermagem em Saúde Mental. Processo de
enfermagem e a Sistematização da Assistência de enfermagem em Saúde
Mental. Abordagem em Grupos de Saúde Mental. Ações nas contenções
Terapêuticas. Administração e manejo de psicofármacos.
A SAÚDE MENTAL NO BRASIL E NO
MUNDO
A história da saúde mental no Brasil e em alguns outros lugares do mundo é
uma narrativa de lutas. Envolve muitos personagens e suas trajetórias;
mobilizações, discussões e rupturas.

(AMARANTE, 2007)
O início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo da
eclosão do “movimento sanitário”, nos anos 70, em favor da mudança dos
modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva,
eqüidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e
usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de
tecnologias de cuidado.
Embora contemporâneo da Reforma Sanitária, o processo de Reforma
Psiquiátrica brasileira tem uma história própria, inscrita num contexto
internacional de mudanças pela superação da violência asilar.
Fundado, ao final dos anos 70, na crise do modelo de assistência centrado no
hospital psiquiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos esforços dos
movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos, o processo da
Reforma Psiquiátrica brasileira é maior do que a sanção de novas leis e
normas e maior do que o conjunto de mudanças nas políticas
governamentais e nos serviços de saúde.
A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de
atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios
diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no
mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações
de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos
sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública.
Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes,
valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços
e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança,
marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios.
Histórico da Reforma: (I) crítica do
modelo hospitalocêntrico (1978-1991)
O ano de 1978 costuma ser identificado como o de início efetivo do
movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O
Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), movimento plural
formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações
de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e
pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, surge neste ano
É sobretudo este Movimento, através de variados campos de luta, que passa
a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos
manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede
privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado
saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas
com transtornos mentais.
A experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua crítica
radical ao manicômio é inspiradora, e revela a possibilidade de ruptura com
os antigos paradigmas, como, por exemplo, na Colônia Juliano Moreira,
enorme asilo com mais de 2.000 internos no início dos anos 80, no Rio de
Janeiro.
Passam a surgir as primeiras propostas e ações para a reorientação da
assistência. O II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, adota o
lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste mesmo ano, é realizada a
I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro).
A EXPERIÊNCIA DE SANTOS - SP
Neste período, são de especial importância o surgimento do primeiro CAPS
no Brasil, na cidade de São Paulo, em 1987, e o início de um processo de
intervenção, em 1989, da Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP) em um
hospital psiquiátrico, a Casa de Saúde Anchieta, local de maus-tratos e mortes
de pacientes.

É esta intervenção, com repercussão nacional, que demonstrou de forma


inequívoca a possibilidade de construção de uma rede de cuidados
efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico.
A EXPERIÊNCIA DE SANTOS - SP
Neste período, são implantados no município de Santos Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS) que funcionam 24 horas, são criadas cooperativas,
residências para os egressos do hospital e associações.

A experiência do município de Santos passa a ser um marco no processo de


Reforma Psiquiátrica brasileira. Trata-se da primeira demonstração, com
grande repercussão, de que a Reforma Psiquiátrica, não sendo apenas uma
retórica, era possível e exeqüível
Também no ano de 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei
do deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propõe a regulamentação dos
direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos
manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma
Psiquiátrica nos campos legislativo e normativo.
Sobre as experiências de reformas psiquiátricas, assinale a afirmativa INCORRETA.
A) No Brasil, a reforma psiquiátrica é um processo que surge mais concreta e, principalmente, a partir da conjuntura
da redemocratização, em fins da década de 70.

B) A antipsiquiatria busca destituir definitivamente o valor do saber médico da explicação/compreensão e tratamento


das doenças mentais.

C) A psiquiatria de setor apresenta-se como um movimento de intervenção nas causas ou surgimento das doenças
mentais, objetivando a promoção da saúde mental.

D) A comunidade terapêutica é um processo de reformas restritas ao asilo e marcadas pela adoção de medidas
administrativas, democráticas, participativas e coletivas.
Sobre as experiências de reformas psiquiátricas, assinale a afirmativa INCORRETA.
A) No Brasil, a reforma psiquiátrica é um processo que surge mais concreta e, principalmente, a partir da conjuntura
da redemocratização, em fins da década de 70.

B) A antipsiquiatria busca destituir definitivamente o valor do saber médico da explicação/compreensão e tratamento


das doenças mentais.

C) A psiquiatria de setor apresenta-se como um movimento de intervenção nas causas ou surgimento das doenças
mentais, objetivando a promoção da saúde mental.

D) A comunidade terapêutica é um processo de reformas restritas ao asilo e marcadas pela adoção de medidas
administrativas, democráticas, participativas e coletivas.
Em relação à Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais, considere as seguintes afirmativas:

I. É direito da pessoa portadora de transtorno mental ser tratada com humanidade, respeito e no interesse exclusivo
de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade.

II. A internação compulsória é determinada pelo médico assistente, que levará em conta as condições de segurança
do estabelecimento quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.

III. A internação, em qualquer de suas modalidades, será sempre a primeira indicação de tratamento nos casos em
que o paciente apresentar-se em situação de crise psiquiátrica.

IV. O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar ou responsável legal ou, ainda,
quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

Está CORRETO o que se afirma em:

A) I e IV apenas.

B) II e III apenas.

C) I e II apenas.

D) III e IV apenas.
Conforme se lê em SILVEIRA, BRANTE e STRALEN (2014), denúncias sobre os maus-tratos vividos pelos portadores de
sofrimento mental, em 1978 – aliadas a uma postura crítica sobre as políticas de saúde mental e a assistência
psiquiátrica – levaram ao Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), que suscitou importantes
mobilizações sociais em direção ao Movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira. A partir das ações do MTSM, são
conquistas na área:

A) O processo de avaliação dos serviços e a eleição de novos objetivos para solução dos problemas identificados.

B) O projeto “piloto” do que viria a ser o primeiro Centro Atenção Psicossocial (CAPS) do país, na cidade de São Paulo,
a partir da nova lógica da desinstitucionalização.

C) A fundação da primeira associação de familiares de pessoas com sofrimento mental registrada no Brasil: a
Sociedade de Serviços Gerais para a Integração pelo Trabalho.

D) O fechamento de hospitais psiquiátricos no sudeste, sobretudo em São Paulo, e no sul do país.


ALMEIDA, A.N.S; FEITOSA R.M.M; BOESMANS, E.F.; et al. Cuidado clínico de
enfermagem em saúde mental: reflexões sobre a prática do enfermeiro.
Revista de pesquisa Cuidado é fundamental On line, Jan./mar. 6(1):213-231,
2014.Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/
cuidadofundamental/article/view/3396/pdf_1402

AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: Editora


FIOCRUZ, 2007.

AMARANTE, P.(Coord.) Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica


no Brasil, Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001

SILVEIRA, A.R; BRANTE. A. R. S. D; STRALEN, C.J. Práticas discursivas na


participação social em saúde mental. Saúde Debate. Rio de Janeiro, v. 38, n.
103, p. 783-793, out./ dez., 2014.

Você também pode gostar