Você está na página 1de 5

Impresso por Natália Antunes, CPF 160.264.017-33 para uso pessoal e privado.

Este material pode ser protegido por direitos autorais e


não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/03/2022 16:24:57

GABRIEL SAGRILLO KIRMSE

REFLEXÕES ACERCA DA PRÁTICA PSICANALÍTICA NA INSTITUIÇÃO DE


SAÚDE MENTAL COM BASE NO TEXTO “O ANALISTA CIDADÃO”

Vila Velha
Impresso por Natália Antunes, CPF 160.264.017-33 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/03/2022 16:24:57

2017
GABRIEL SAGRILLO KIRMSE

REFLEXÕES ACERCA DA PRÁTICA PSICANALÍTICA NA INSTITUIÇÃO DE


SAÚDE MENTAL COM BASE NO TEXTO “O ANALISTA CIDADÃO”

Trabalho apresentado para o cumprimento de

uma das exigências da disciplina de Psicologia

Clínica II, do curso de Psicologia da

Universidade Vila Velha (UVV)

Orientador: Prof. Maria Carolina de Andrade


Fre ita s

Vila Velha
2017
Impresso por Natália Antunes, CPF 160.264.017-33 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/03/2022 16:24:57

Perante aos fatos históricos citados no texto, como a descoberta da Europa pelos
militares norte-americanos, e as consequentes mudanças ocorridas na sociedade, Éric Laurent
(1999) nos leva a uma reflexão acerca da melhor conduta que um analista deve possuir. O
autor aponta para dois tipos de analistas, o analista crítico (vazio) e o analista cidadão. O
primeiro se mostra um sujeito sem ideal, apagado, que não acredita em nada. Já o segundo é
aquele que ajuda a civilização a respeitar a articulação entre as normas e as particularidades
individuais, ou seja, um sujeito voltado para a escuta, mas não somente a isso. O analista
cidadão deve, além de ouvir, transmitir o que tem de humanidade, interessando-se para a
particularidade de cada um, que vai muito além de tirar o sujeito de sua particularidade para
colocá- lo com todos universalmente, mas sim de transformar essa particularidade em algo útil
para todos. Buscando exemplificar esse exercício cidadão do analista o autor cita, em
determinado momento do texto, o respeito para com os loucos. Ele orienta os analistas a
opinarem sobre coisas precisas, iniciando pelo campo das psicoterapias onde se incide, de
certo modo, na saúde mental. Nessa perspectiva podemos nos voltar para uma análise sobre a
prática psicanalítica na instituição de saúde mental.
A clínica da loucura foi sendo desprezada ao longo dos séculos, onde as subjetividades
dos sujeitos enclausuravam-se dentro de manicômios. Os analistas devem possuir o dever
ético de se ocupar com os sofrimentos e angustias da sociedade. Laurtent (1999) critica a
posição de intelectual ocupada por diversos analistas, onde estes não possuem ideias e tend em
a se apagarem perante as transformações da sociedade. Além disso, faz- se necessária a
mudança do analista que não se identifica com a sociedade para um analista cidadão que deve
ser “capaz de entender qual foi a sua função e qual lhe corresponde agora” (p.13). Isso
significa compreender que o discurso psicanalítico se refere ao próprio discurso do sujeito, em
sua dimensão mais inventiva, onde o analista ocupa-se de uma clinica sem normas e padrões,
mas não sem princípios e ética.
As instituições possuem duas funções: a de acolher e a de tratar. Para compreender a
função de acolher se faz necessário perceber que ela responde a uma necessidade social. As
demandas que surgem vão muito além das escolhidas pelos analistas nos consultórios. Elas
referem-se às demandas que aparecem acompanhadas de fenômenos clínicos, a certos estados
de psicose (por exemplo) podendo levar o sujeito à uma total exclusão social. É aí que entra o
lugar da Psicanálise, acolhendo o que se é impossível de suportar, utilizando como função de
tratamento um outro olhar sobre os sujeitos. Essa função de acolhedora somada a sua vocação
para lidar com passagens ao ato, na neurose e psicose, permite a criação de uma outra esfera
dentro da instituição, na qual refere-se a uma clinica que opera e que acolhe o sujeito, uma
Impresso por Natália Antunes, CPF 160.264.017-33 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/03/2022 16:24:57

clinica praticada por todos. Essa clinica consiste em apostar no sujeito, em sua capacidade de
discurso, que se junta à posição da equipe que pode auxiliar nessa direção. É uma clinica do
ato e da transferência, pois vai ser o ato que definirá o analista e dará a direção de sua
intervenção e pensar a psicanálise como um norte na formação, nos leva a uma posição de
suposição de saber, que permite ao sujeito produzir e manusear seu próprio saber. A
psicanálise é um saber que busca não saber, para assim permitir que o outro saiba de si
mesmo, pela via do manejo da transferência.
Concluo ressaltando que essas reflexões acerca da instituição de saúde mental são
cruciais para o momento atual da saúde em nosso país. Não adianta ocorrer o aumento de
serviços que substituem o hospital psiquiátrico, a inserção de saberes terapêuticos, maiores
mobilizações de poderes públicos e organizações comunitárias se não houver ét ica na conduta
clinica. Várias instituições tidas como substitutivas do modo asilar demonstram sua propensão
a exclusão e a alienação. As instituições de saúde mental devem convocar os sujeitos a se
implicarem em suas historias e nos cursos da historia de seus semelhantes. Utilizando a
escuta, o analista deve exercer função de agente transformador da sociedade, apostando na
crença da singularidade dos sujeitos e na invenção do novo, desmanchando o que já é
instituído.
Impresso por Natália Antunes, CPF 160.264.017-33 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/03/2022 16:24:57

Referência:
LAURENT, E (1999). O analista cidadão. Curinga Psicanálise e saúde mental, Escola
Brasileira de Psicanálise, Minas Gerais, n. 13, p. 12-19.

MAZARINA, Izabel (1989). Trabalhador de saúde mental: encruzilhadas da loucura. In:


LANCETTI, A. Saúde e Loucura I. São Paulo: Hucitec, p. 69-74.

Você também pode gostar