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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional

IRACI LAPIETRA ZACARIAS

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA O


DESEMPENHO ESCOLAR, O CRESCIMENTO
INTELECTUAL E A EMANCIPAÇÃO DO ALUNO

Apucarana - PR
2013
IRACI LAPIETRA ZACARIAS

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA O DESEMPENHO


ESCOLAR, O CRESCIMENTO INTELECTUAL E A
EMANCIPAÇÃO DO ALUNO

Produção Didático Pedagógica apresentada


como requisito parcial ao Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE).
Orientadora: Rejane Christine de Barros
Palma

Apucarana- PR
2013
Título: A importância da leitura para o desempenho escolar, o crescimento
intelectual e a emancipação do aluno.

Autor: Iraci Lapietra Zacarias

Disciplina/Área: Pedagogia

Escola de Implementação do Colégio Estadual do Campo Coronel Luiz


Projeto e sua localização: José dos Santos

Município da escola: Apucarana

Núcleo Regional de Educação: Apucarana

Professor Orientador: Rejane Christine de Barros Palma

Instituição de Ensino Superior: UEL – Universidade Estadual de Londrina

Resumo: Este trabalho consiste em discutir a


importância da leitura para o desempenho
escolar, crescimento intelectual e a
emancipação do aluno. Portanto, adotou-se
como metodologia uma pesquisa
bibliográfica, baseada nas obras de:
Bamberger (2005), Freire (1986), Silva
(1993), Zilberman (1995). Os temas
abordados foram: a leitura e a formação de
leitores, conceito de leitura, a leitura
prazerosa, leitura de mundo, o desafio de
formar leitores e por fim a leitura virtual. O
trabalho possibilitou considerar que a
habilidade de leitura é fundamental para o
progresso escolar do aluno, mas é
necessário que o ensino da leitura seja de
responsabilidades não somente do
professor de Língua Portuguesa, mas de
todas as disciplinas.

Palavras-chave: Aluno, habilidade de leitura, desempenho


escolar.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público: Professores e alunos do ensino médio do


período noturno
A importância da leitura para o desempenho escolar,
o crescimento intelectual e a emancipação do aluno.

ZACARIAS, Iraci Lapietra1


PALMA, Rejane Christine de Barros2

RESUMO

A leitura é uma forma exemplar de aprendizagem e a aquisição do hábito de ler é


um processo muito importante para o desenvolvimento intelectual. Neste sentido,
este trabalho consiste em discutir a importância da leitura para o desempenho
escolar, crescimento intelectual e a emancipação do aluno. Portanto, adotou-se
como metodologia uma pesquisa bibliográfica, baseada nas obras de: Bamberger
(2005), Freire (1986), Silva (1993), Zilberman (1995). Os temas abordados foram: a
leitura e a formação de leitores, conceito de leitura, a leitura prazerosa, leitura de
mundo, o desafio de formar leitores e por fim a leitura virtual. O trabalho possibilitou
considerar que a habilidade de leitura é fundamental para o progresso escolar do
aluno, mas é necessário que o ensino da leitura seja de responsabilidades não
somente do professor de Língua Portuguesa, mas de todas as disciplinas.

Palavras-chave: aluno, habilidade de leitura, desempenho escolar.

1
Professora da Rede Estadual do Estado do Paraná. Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE - 2013). Graduada em Pedagogia
2
Professora Orientadora da (UEL) - PDE
1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo realizar a proposta de estudos desenvolidos


pelo PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional de Capacitação Continuada
da SEED - Estado do Paraná, junto aos professores da rede, que proporciona
rmomentos de estudo e aprofundamento nas questões relacionadas à reconstrução
da prática pedagógica articulando às experiências profissionais os estudos
realizados e os conhecimentos adquiridos durante o curso.
O tema “leitura” foi escolhido por perceber que atualmente o desempenho
escolar dos alunos da educação básica do ensino público não tem demonstrado
bons resultados, a essa dificuldade pode-se atribuir a deficiência no ensino da leitura
e consequentemente as dificuldades de compreensão textual, portanto isso motivou
a realização da pesquisa com os alunos do ensino médio do período noturno no
Colégio Estadual do Campo Coronel Luiz José dos Santos, situado no Distrito de
Pirapó – Município de Apucarana.
Dessa forma, a importância de realizar uma pesquisa que tenha relevância no
contexto escolar voltada à leitura é de fundamental importância em todas as
disciplinas das diversas áreas do conhecimento, a fim de colaborar para o
enriquecimento das práticas pedagógicas nesta instituição de ensino.
O tema proposto requer mais atenção e persistência para promover ações
contínuas no ensino da leitura no ambiente escolar, contribuindo para que essa
prática torne um hábito prazeroso na vida dos alunos não somente na sala de aula,
mas que se estenda por toda a vida.
O questionamento dos professores, em meio a muitas dificuldades
apresentadas pelos alunos pode-se destacar a interpretação das mais variadas
leituras e a falta de argumentação ao realizarem as produções textuais. Percebe-se
que são poucos os alunos que procuram a biblioteca escolar em busca de livros
para leitura de forma espontânea e os poucos alunos que vão à biblioteca o fazem
para a realização de pesquisas solicitadas pelos professores. A leitura acaba
acontecendo apenas na sala de aula com os materiais que o professor disponibiliza
e em especial com o livro didático.
Diante desta problemática, um trabalho voltado ao desenvolvimento da leitura
seria oportuno não somente para a convivência no meio social, mas como
oportunidade e direito do indivíduo de se apropriar desse recurso indispensável que
é o livro e que tanto contribui para o acesso ao mundo do conhecimento.
A escolha das turmas do ensino noturno foi ocasionada por ser um período
complicado devido à falta de interesse crescente que os alunos vêm apresentando e
ao demonstrarem que muitos apenas decodificam a escrita, não conseguem
interpretar informações e não são capazes de fazer anotações, ou extrair a ideia
principal de um texto lido.
Devido a estes motivos anteriormente citados, a escola tem encontrado muita
dificuldade na realização de um trabalho consistente com esses alunos pelo
desinteresse que tem demonstrado pelos estudos. O ensino médio noturno
apresenta um índice considerável de desistência, pelo motivo de os alunos não
conseguirem conciliar trabalho e estudo, não demonstrarem preocupação com
projeto de vida futura o que pode resultar no desinteresse ou desmotivação em
estarem na sala de aula e superarem o cansaço e o desânimo. Dessa forma é
necessário que o aluno compreenda o quanto é valiosa a leitura para sua formação
e vida.
A intenção com esta pesquisa é propiciar experiências de leitura contribuindo
para melhorar o desempenho escolar. Apesar de estar ciente que os resultados
desse trabalho não serão imediatos, acredito em uma iniciativa de ação pedagógica
prazerosa que possa ter continuidade e envolver todo o coletivo escolar por meio da
consciência e reconhecimento da necessidade de saber ler.
Dessa forma buscou-se fundamentar a pesquisa nas obras de Silva (1993),
Zilberman (1995), Freire (1986) e Bamberger (1995). Os temas abordados foram: a
leitura e a formação de leitores, conceito de leitura, a leitura prazerosa, leitura de
mundo e por fim a leitura digital.
Nessa perspectiva busca-se resposta à seguinte questão: De que forma o
pedagogo pode mediar à leitura no ambiente escolar como uma ação pedagógica
incentivadora junto a professores e alunos contribuindo na aquisição do hábito de
ler?
Para tanto, o objetivo geral desta pesquisa visa compreender a importância
da leitura para o desempenho escolar, o crescimento intelectual e a emancipação do
aluno.
2. A LEITURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES

Ao longo de sua história, o homem foi se desenvolvendo e criando condições


que o tornaram um ser social. Dentre essas condições, temos a comunicação que
evoluiu junto com o avanço da sociedade e que sempre foi utilizada para informar e
também como instrumento de dominação. Nos dias atuais, a comunicação, mais do
que nunca, é fundamental na formação do cidadão crítico e consciente de seu papel,
no mundo em que está inserido, sendo capaz de dirigir sua vida e não ser dominado
por outros que tiveram oportunidades de capacitação diferenciadas.
Para que ocorra a transmissão da visão de mundo do indivíduo, seus
sentimentos, desejos e pensamentos a comunicação necessita ser expressa da
forma correta, pois a linguagem própria da comunicação promove o encontro e a
interação entre as pessoas. Esta interação entre as pessoas expressam modos de
vida, comportamentos que obedecem a determinações de caráter social, tornando o
homem um ser social situado num tempo e espaço.
Fazemos parte de um mundo globalizado, em que os meios tecnológicos
avançam em uma velocidade assustadora. Para atuar nesse mundo, em que as
informações viajam em uma velocidade surpreendente, as pessoas que não tiverem
desenvolvido sua capacidade de comunicação, no real sentido da palavra, ficam à
margem de todos esses avanços. Bamberger (1995, p. 11), afirma que:
A leitura favorece a remoção das barreiras educacionais de que tanto se
fala, concedendo oportunidades mais justas de educação principalmente
através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício
intelectual, e aumenta a possibilidade de normalização da situação pessoal
de um indivíduo.

Atualmente a exclusão social ainda se faz presente na sociedade brasileira e


está bem visível no meio escolar, como relata Silva (1994) o ensino no Brasil se dá
por um processo de transferência de responsabilidade, isto é o aluno avança para
série seguinte sem ter se apropriado de conhecimentos das séries anteriores e como
consequência disso não conseguem interpretar ou posicionar-se de forma crítica
diante dos textos que circulam dentro e fora da escola, provocando consequências
negativas como sentimento de incapacidade, repetência e evasão escolar.
Essa realidade é reflexo de uma imposição por resultados positivos, que
apresentem índices educacionais elevados e que forçam a aprovação dos alunos,
mesmo que estes não apresentem as condições mínimas para avançar em sua
seriação. Somem-se a isso fatores como: desvalorização dos profissionais da
educação, violência, número elevado de alunos por turma, diversidade cada vez
maior dos níveis de escolaridade em uma mesma turma. Todos esses fatores
propiciam uma dificuldade cada vez maior de formarmos leitores reais. A maioria
desses problemas é estrutural e depende de uma política de educação maior que
demanda investimentos, legislação específica e um tempo demasiadamente longo.
Enquanto isso não ocorre, estamos observando a formação de analfabetos
funcionais, capazes de decodificar os símbolos, mas incapazes de realizar a
interpretação do que estão lendo, compreender a mensagem ali exposta e interagir
de forma consciente a partir da informação recebida.
Apesar de não termos condições de transformar os problemas estruturais,
podemos tentar modificar nossa realidade próxima, buscando possibilidades de
trabalhos que possam recuperar essa deficiência, além de conscientizar os alunos
sobre a importância do processo de leitura para sua vida cotidiana. Pois, quando a
aprendizagem é significativa, ela ocorre de maneira concreta possibilitando o
indivíduo atuar como cidadão consciente de seus direitos e deveres no meio em que
vive. Para Silva, (2005, p. 24):
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor
cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são
suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar
aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade
justa, democrática e feliz.

2.1 CONCEITO DE LEITURA

De acordo com Silva (2005, p. 94, 95), “O ato de ler é uma necessidade
concreta para a aquisição de significados e, consequentemente, de experiência nas
sociedades onde a escrita se faz presente”.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica mostra que ler é familiarizar-se
com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais, estabelecendo
relações entre os signos explícitos e implícitos, isto é compreender o sujeito
presente na leitura tanto o que está de forma clara, como o que está oculto e atribuir
significados, posicionando sobre os fatos conforme a intenção que cada texto traz.
Portanto, ler não significa somente decodificar os códigos linguísticos, fazer
junções e formar palavras, é muito mais que isso, é compreender, Interpretar e ser
capaz de formar opinião crítica sobre o que lê, ou seja, a leitura é a forma como o
indivíduo pode interpretar os registros de ideias ou informações presentes nos livros,
jornais e dos mais variados textos que circulam na sociedade.
Dessa forma, a leitura propicia o desenvolvimento do raciocínio, a capacidade
de interpretação e de posicionar-se sobre os fatos. Silva, (1996, p. 42), conceitua a
leitura e a sua importância, principalmente através do livro para o ensino escolar:
“Em termos de realidade educacional brasileira, as funções da leitura
podem ser explicitadas da seguinte forma:

- Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e


mais essencial ainda a própria vida do ser humano. (O patrimônio simbólico
do homem contém uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com
e no mundo pressupõe, então atos de criação e recriação direcionados a
essa herança. A leitura, por ser uma via de acesso a essa herança, é uma
das formas do Homem se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo).

- Leitura está intimamente relacionada com o sucesso acadêmico do ser


que aprende; e, contrariamente, à evasão escolar. (Modernamente, a
escola é a principal responsável pelo ensino do ler e escrever. Apesar da
presença marcante dos meios audiovisuais na sociedade e em geral, a
escola ainda parece utilizar o livro como principal instrumento de
aprendizagem nas diferentes disciplinas. Não ser alfabetizado
adequadamente pode significar grandes dificuldades – quase sempre
frustradoras – na aquisição do currículo escolar).

- Leitura é um dos principais instrumentos que permite ao Ser Humano


situar-se com os outros, de discussão e de crítica para se poder chegar à
práxis; (O contexto da maioria das escolas nacionais ainda está longe de
outros recursos de conscientização – a ciência e a cultura chegam às
escolas através do livro; negar isto é formar o modelo da escola ideal, mas
não considerar concretamente as escolas).

- A facilitação da aprendizagem eficiente da leitura é um dos principais


recursos de que o professor dispõe para combater a massificação
galopante, executada principalmente pela televisão; (Mesmo com a
presença marcante de outros meios de comunicação, o livro permanece
como o veículo mais importante para a criação, transmissão e
transformação da cultura).

- A leitura, possibilitando a aquisição de diferentes pontos de vista e


alargamento de experiências, parece ser o único meio de desenvolver a
originalidade e autenticidade dos seres que aprendem. (A tecnologia
exigida na instalação de certos recursos eletrônicos nas escolas brasileiras
parece envolver custos que as autoridades não se predispõem a pagar. Por
outro lado, a utilização desses recursos depende da atualização e
treinamento dos professores. O livro, dadas as suas condições de
produção e manuseio, levanta-se como o recurso mais prático para a
difusão do conhecimento no meio escolar).

De acordo com o autor, é por meio da leitura que o indivíduo adquire o


conhecimento necessário para ter uma vida autônoma, é um instrumento
fundamental na vida escolar do aluno, pois possibilita à oportunidade de
compartilhar experiências, promover o desenvolvimento da personalidade dos
jovens, abrindo as portas do conhecimento, servindo como alavanca para a uma
conquista emancipadora, amplia os horizontes provocando expectativas e
estabelece um conceito global do mundo. O autor enfatiza o livro como sendo o
meio mais prático e mais acessível a todos para promoção da leitura.

2.2 A LEITURA PRAZEROSA

A leitura é uma prática essencial em qualquer área do conhecimento, está


presente em toda parte e o ser humano entra em contato logo nos primeiros anos de
escolarização, por meio do mecanismo da decodificação das letras no período de
alfabetização, portanto não pode ficar somente na decodificação, mas acrescentar
significado e compreensão que é fundamentalmente importante na prática da leitura.
Durante a trajetória acadêmica do aluno, é mais frequente utilizar o livro
didático, apostilas, textos, leitura suplementar e etc..., material que o professor utiliza
como apoio pedagógico durante as aulas, ao se tratar de leitura prazerosa, são
bastante superficiais. Portanto o hábito de ler não está sendo desenvolvido
efetivamente no ambiente escolar. De acordo com SILVA, (1996, p. 33):
(...) na ausência de informações que orientam uma prática mais eficiente, o
ensino da leitura parece ser realizado ao acaso, fazendo com que os
professores ajam através do ensaio-e-erro quando da abordagem de
materiais escritos junto a seus alunos.

Dessa forma seria muito importante se o professor utilizasse o material de


apoio com seus alunos de maneira interessante contribuindo para despertar o
interesse para leitura. O ambiente escolar tem a responsabilidade de desenvolver
ações para incentivar o hábito de ler, pois é o lugar que o aluno recebe as
orientações necessárias para a construção do conhecimento. Em complemento,
Bamberger, (1995, p. 6), afirma:
(...) que professores interessados e informados, sendo eles mesmos bons
leitores, podem fazer com que os alunos experimentem na leitura um prazer
idêntico ao seu, e também que existe esse prazer e o acesso ao livro nas
salas de aula.

Portanto, a aquisição da habilidade de leitura, se deve ao contato contínuo


com os livros, que desperta a motivação e o interesse por ler. Esse incentivo pode
ocorrer tanto no meio familiar com exemplo dos pais ou de outros parentes, ou na
escola na qual é considerada a responsável em promover o conhecimento ao aluno
pela ação mediadora do professor e práticas voltadas ao incentivo à leitura.
É muito importante a mediação do professor para o ensino da leitura, porém
não convém impor ao gosto e interesse do aluno, mas é indispensável que
acompanhe, incentive e respeite sua escolha como forma de motivação para
despertar o desejo, e o prazer em ler. Conforme a orientação da Coleção
Explorando o Ensino – Literatura, (2010, p. 109):
“Cabe ao professor planejar e conduzir tarefas escolares, dentre as quais
está à leitura dos diferentes gêneros, mas a livre escolha dos alunos
também é um momento importante na formação do leitor autônomo. Por
isso é interessante deixar que os alunos façam suas escolhas ou se
orientem pelas escolhas dos colegas.”

Ainda Bamberger (1995, p. 31), diz:


A percepção dessas motivações e interesses esclarece qual é a tarefa do
professor: treinar jovens leitores bem-sucedidos, apresentando-lhes o
material de leitura apropriado, de modo que o êxito não somente inclua
boas habilidades de leitura, mas também o desenvolvimento de interesses
de leitura capazes de durar a vida inteira.

Nesse contexto, o indivíduo é independente para escolher o que lhe convém


conforme seu interesse, porém o professor pode contribuir com essas escolhas,
conforme relata Zilberman (1999, p. 66):
Os professores podem ser de grande valia para despertar a curiosidade
intelectual (...) incitando os alunos a ler, sem outra indicação além de uma
lista, tão extensa e tão variada quanto possível, de livros apropriados à
idade, à inteligência dos jovens leitores e através da qual farão sua escolha
livremente, com o propósito de aprender mais e de se distraírem. O
essencial é despertar o gosto pela leitura.

2.3 LEITURA DE MUNDO

Freire (1986, p. 22), diz que “(...) a leitura de mundo precede sempre a leitura
da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.”
Dessa forma a prática da leitura é fundamental para o indivíduo compreender
melhor o que passa a sua volta, permite a aproximação do sujeito com o
conhecimento, amplia o entendimento, dá significado ao mundo das palavras,
permite situar-se na sociedade de forma participativa, estabelecendo relações entre
o que já sabe com a ideia do outro possibilitando ampliar seus conhecimentos.
Conforme afirma Silva (1996, p. 43):
(...) ao experimentar a leitura, o leitor executa um ato de compreender o
mundo. De fato o propósito básico de qualquer leitura é a apreensão dos
significados mediatizados ou fixados pelo discurso escrito, ou seja, a
compreensão dos horizontes escritos por um determinado autor em uma
determinada obra.

O ato de ler deve estar presente necessariamente no meio escolar, por estar
diretamente relacionado ao desempenho escolar dos alunos. Cabe ao professor a
mediação e organização de atividades voltada para um trabalho contínuo de leitura
na sala de aula, que certamente provocará o gosto dessa prática para toda a vida. A
responsabilidade da escola deve pautar nas orientações de Lajolo (1997, p. 7):
“Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto
mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se
lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas
não pode encerrar-se nela”.

Diante disso é necessário recorrer às ferramentas necessárias para trazer


além da informação o mundo do conhecimento. Uma ferramenta tão importante para
quem busca conhecimento, que o professor recorre com frequência, ou deveria
recorrer, além das tecnologias, para preparar suas aulas, é o livro, material
inigualável, que permite ao indivíduo um mundo infinito de conhecimento. Os alunos
têm contato com livros no percurso de sua formação, porém muitas vezes acaba
sendo o livro didático o único instrumento de leitura utilizado.
Portanto, se é através da leitura que se consegue buscar conhecimento,
limitando em usar somente o livro didático ou algumas leituras que o professor
proporciona em suas aulas, é muito pouco para adquirir o conhecimento básico e o
hábito de leitura.
Segundo Silva (1995) descreve que a leitura não está presente
somente na disciplina de língua portuguesa, mas também em todas as disciplinas
acadêmicas que tem como objetivo transmitir os conhecimentos, informações,
cultura e valores a novas gerações. Isto é, os professores das diversas áreas
devem estar juntos nas ações pedagógicas referentes à leitura.
Sendo a leitura é um importante recurso para ampliar os conhecimentos e
promover a aprendizagem, é importante a necessidade de trabalhar o ensino da
leitura em conjunto para que o saber se concretize, segundo Zulim (2011, p. 23), o
professor é responsável em pensar e criar situações para trabalhar a leitura, é ela
que vai dinamizar e agitar a vontade de pesquisar e conhecer, quando afirma que:
É possível que, dessa forma, estejamos contribuindo para a formação de
leitores mais autônomos e competentes, sem pensar em leitura como
obrigação escolar, mas como ferramenta com a qual se adquire
conhecimento para uma vida. Pensamos ser isso fundamental porque ler é
construir uma concepção de mundo, é ser capaz de compreender,
analisando e posicionando-se criticamente frente às informações colhidas, o
que permite ao leitor exercer, de forma mais abrangente e complexa, seu
papel de sujeito da própria história.

Portanto, é por meio da leitura que os alunos irão construir seus


conhecimentos, ampliar seu vocabulário, estar em contato com outras ideias,
possibilitando apreciar e opinar sobre os diversos assuntos que circulam no meio em
que está inserido e também aos que se referem ao mundo exterior.

2.4 LEITURA DIGITAL

A difícil tarefa de transformar o aluno em aluno leitor está entre um dos


principais problemas enfrentado pela escola. Despertar o gosto pela leitura
atualmente com o uso desenfreado de outros meios de comunicação, pelos jovens,
como a internet acaba sendo uma disputa aflitiva. Diante de inúmeras atrações que
lhes são oferecidas, é impossível evitar que o aluno escorregue para outros sites de
seu interesse que não contribuem em nada para a sua formação, quando o
professor leva suas turmas para o laboratório de informática.
Embora a meta seja auxiliar o aluno na condição de aluno leitor, ou seja,
torná-lo capaz de compreender, interpretar e criar o seu próprio texto a partir de sua
visão de mundo, a realidade é que a leitura na escola é trabalhada como tarefa
escolar, de forma imposta, contribuindo com o desinteresse e dificultando ainda mais
o trabalho do professor, já que os meios de comunicação audiovisuais tornam-se
mais atrativos que os livros e tem uma influência muito forte na sociedade.
A escola sendo responsável em formar leitores, deve oferecer diversas
formas de leitura para incentivar a clientela, além da leitura impressa, não se pode
deixar de dar ênfase à leitura da esfera digital que atrai as novas gerações pelo fator
de estar atrelada a tecnologia, o que pode ser uma forma de motivação.
À leitura é atribuído um novo olhar, como afirma as DIRETRIZES
CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA (2008, p. 297):
Os processos cognitivos e o modo de ler nessa esfera também mudam (...).
No ambiente digital, o tempo, o ritmo e a velocidade de leitura mudam (...).
A leitura do texto digital exige, diante de tantos suportes eletrônicos, um
leitor dinâmico, ativo e que selecione quantitativa e qualitativamente as
informações (...).

Dessa forma o ensino da leitura tanto no material impresso como o digital


deve estar continuamente no meio escolar, o processo de aquisição do hábito de
leitura é lento e, para tanto se deve ao empenho efetivo do professor, em meio aos
avanços tecnológicos que vem crescendo rapidamente por toda a parte. Faz-se
necessário ressaltar que sem uma metodologia apropriada para o ensino da leitura,
somente o uso das tecnologias não é o suficiente para manter o aluno concentrado.
Segundo Fernandez (2009, p. 01):
Hoje, observo que estamos diante de múltiplas textualidades, maneiras de
ser leitor e de ler coexistindo em distintos espaços que a humanidade
transita. A internet acoplada ao computador vem se constituindo num dos
ambientes no qual a tríade leitor-leitura-texto está a cada dia que passa
sendo redelineada e ressignificada, requerendo de nós, professores e
pesquisadores, um olhar aguçado para compreendermos os diversos
meandros e matizes dessa relação.

A leitura digital é considerada qualquer leitura realizada em tela, por meio do


computador, de tablet, celular e etc. diferente da tradicional leitura impressa, porém
vale ressaltar que não importa qual a forma a ser adotada na sala de aula, ambas
requerem a mediação do professor.
Conforme ZULIM, (2011, p. 14):
Ler com os alunos e para os alunos: São duas atitudes positivas que
colaboram para formar o leitor. A afirmação implica em um professor leitor
que, ao abrir espaços de leitura literária em suas aulas, utiliza também ele
esse espaço para ler. E assim, instiga a turma a ler mais um livro, seja pelo
título, seja porque é visto como exemplo. Além disso, dispensar um
“tempinho” no início, no final da aula, ou mesmo antes de liberar a turma
para o intervalo, lendo aos alunos um conto, uma crônica ou um poema
bem escolhidos, capazes de encantar, também contribui, e muito, para
formar leitores.

Ao referenciar a tecnologia pode-se dizer que são todos os artefatos culturais


presentes no dia a dia das pessoas, já não se consegue viver sem fazer uso desses
recursos. No campo da educação percebemos que a tecnologia contribui para
aprimorar e dinamizar as ações pedagógicas e possibilita uma nova forma de
trabalhar o ensino da leitura.

3. CONCLUSÃO PARCIAL

Este trabalho possibilitou maior compreensão e afirmação sobre a importância


da leitura para o crescimento pessoal, bem como para ampliar a visão de mundo do
leitor. Os autores oferecem um amplo panorama sobre o assunto e mostram que a
leitura é um instrumento fundamental na construção do conhecimento, e é
necessário ser vista com maior relevância no processo educativo.
A leitura está totalmente relacionada ao desempenho escolar do aluno, ela
contribui para o aperfeiçoamento do vocabulário, desenvolve sua oralidade, propicia
o desenvolvimento do raciocínio, a capacidade de interpretação e a sua
emancipação. Bamberger (1995) afirma que a leitura remove as barreiras
educacionais e favorece maiores oportunidades na vida das pessoas com relação à
educação, promove o desenvolvimento da linguagem e o crescimento intelectual.
A escola tem um papel muito importante na formação de leitores,
independente do ano e da experiência que o aluno possui sobre leitura, ela deve
promover meios que possibilitem aos alunos adquirirem o gosto e o hábito de ler. É
fundamental a mediação do professor para o ensino da leitura, o exemplo é um
importante incentivo como relata Zilberman (1999, p. 66), “Os professores podem ser
de grande valia para despertar a curiosidade intelectual.”
Dessa forma, propostas que incentivem a leitura no meio escolar com a
participação dos professores podem contribuir neste despertar e na sensibilização
do aluno para o interesse pela leitura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Maria Margarida de: Introdução á metodologia do trabalho
cientifico: 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 6ª ed. - São Paulo:


Ática, 1995.

DCE - Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa do Estado do


Paraná. Curitiba: SEED, 2008.

FERNANDEZ, Marcela Afonso. Percursos e Estilos de Leitura – Navegação nas


Redes Digitais. 2009. Disponível em: http://alb.com.br. Acesso em: 25 nov. 2013.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.


15ª ed. – São Paulo: Cortez, 1986.

KRAMER, S. Leitura e escrita de professores. In: XX Reunião Anual da ANPED,


Setembro de 1997, Anais ....1997. Disponível em: <http:// www.anped.org.br>
Acesso em: 10 /07/09.

LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. 6ª ed. - São


Paulo: Ática, 2002.

Projeto Político Pedagógico.

REZENDE, Lucinea Aparecida de. Leitura e formação de leitores: vivências


teórico-práticas. Londrina: EDUEL, 2009.

SILVA, Ezequiel Teodoro. Conferências sobre leitura-trilogia pedagógica.


Campinas /SP: Autores Associados, 2005.

______. Elementos de Pedagogia da Leitura. 2ª ed. - São Paulo: Martins Fontes,


1993.
______ .Fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 7ª ed.
- São Paulo: Cortez, 1996.

SOARES, M. A necessidade de ler. TV Escola, Brasília, n. 2 –Ag. – Set., 2001.


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ZILBERMAN, Regina. Fim do Livro, fim dos Leitores. São Paulo, 2001.

ZULIM, Leny Fernandes. Literatura no ensino fundamental: da teoria às práticas


em sala de aula. Londrina, PR: Amplexo Editora, 2011.

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