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23 TESES PELA REFORMA DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO

Pelo resgate de sua identidade e de uma cultura profissionalizante.

Prof. Dr. Edson Marques Oliveira

INTRODUÇÃO

Sou um profissional de Serviço Social há mais de 30 anos e tenho amor a


essa profissão (Serviço Social) e aos profissionais (Assistentes Sociais). Além disso,
honro o compromisso profissional, humano, ético e inovador desse ofício, o qual alia
ciência (conhecimento sistematizado) à ação prática e concreta (intervenção), além
da busca de resultados concretos e objetivos (efeitos da teoria e prática). Como foi
fundada há mais de 100 anos, a exemplo da obra “Diagnóstico Social” (RICHMOND,
1917) e “O que é Serviço Social de Casos” (RICHMOND, 1922) de Mary Ellen
Richmond, de forma crítica, criativa e propositiva, é que proponho o diálogo a partir
das teses aqui elencadas.
O objetivo desta carta é aprofundar e elevar a reflexão urgente do Serviço
Social como profissão, que de postura investigativa critica mas sobre tudo de ações
práticas e interventivas, elevar o seu entendimento e ações profissionais que de fato,
contribuam concretamente para a construção de uma sociedade justa e digna para
todos.
Essa concretização só será possível a partir do acesso a conhecimentos,
serviços e estratégias objetivas e não apenas ideológicas e idealistas, para o
enfrentamento das agruras de nosso tempo, de modo profissional, pautado na
capacidade de uma práxis (agir pensado) e de uma pragma (ação efetuado) e isso
por meio de uma abordagem praxipragmalógica (investigação da ação pensada
sobre a realidade para proposição inovadora e efetiva consolidando assim a
intervenção na realidade), que vai além do mero discurso utópico ilusório e, portanto,
um pensar com um agir profissional objetivo, claro e congruente.
As ideias aqui defendidas (teses) têm origem numa caminhada de mais de 30
anos e são fundamentadas na experiência prática do ensino, da pesquisa e da
busca constante do equilíbrio entre teoria e prática, assim como preconizado por
Richmond há mais de 100 anos. Parto de uma cosmovisão integral e integrada, a

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qual comunga com o conceito internacional de Serviço Social defendendo pela FITS
(Federação Internacional de Trabalho Social) e que deveria ser disseminado no
Brasil pelo CFESS (Conselho Federal de Serviço Social), o que não é feito a muito
tempo. Por isso, infelizmente, a maioria de nossos profissionais no Brasil
desconhecem, evidenciando uma ação deliberada de cerceamento ao acesso a
novos conhecimentos, valores e princípios mundiais do Serviço Social, fato que vem
ocorrendo há mais de 30 anos em nosso país e que precisa ser corrigido. Nesse
sentido, a cosmovisão que defendo tem como fonte e prisma teórico-metodológico
as matrizes de duas tradições filosóficas de conhecimento e que hoje são
apresentadas como paradigmáticas no campo das ciências da gestão e das ciências
humanas e naturais. São elas:
a) Pragmatismo - em seus percursos, notadamente em Charles S. Peirce
(1988), e vertentes contemporâneas como de Sennett ( 2006,2012, 2009, 1999),
entre outros (RORTY, 2005, SANTAELLA,1996); b) Sistêmica - nas versões
tradicionais como de Teoria Geral de Sistemas (BERTALANFFY,1972), Teoria da
Informação (SHANNON, WEAVEER, 1975), Cibernética (WIERNER,1965), e mais
atualmente em Maturana (2001,2005,2001), Maturana e Varela (2001) e
Vasconcelos, (2002) com base na proposta da Biologia do conhecimento e a do
conceito de autopoisis (auto-organização), e; c) Pensamento crítico – o qual não se
limita a um pensador, ou escola ou doutrina, mas tão somente à capacidade e
habilidade lógica de pensar (COHEN,2017 e BUZZI,2002), um pensar que vai além
do aparente, do dado, do posto, do observado, ou seja, e como bem dizia Miguel de
Unamuno, “ a boa ciência ensina sobretudo a duvidar e a ser ignorante.”
O que leva a buscar-se o equilíbrio entre teoria e prática - como é peculiar e
histórico do Serviço Social como ciência social aplicada - a busca por alternativas e
pelo design de projetos e serviços que apresentem soluções para propiciar aos seus
clientes serviços humanos de qualidade, dignidade, e que de fato sejam efetivos e
atendam às reais necessidades para o seu bem-estar e o exercício de sua cidadania
plena e sua sustentabilidade humana efetiva. A visão aqui apresentada é de um
Serviço Social como uma profissão, que é tacitamente diferente de militância
política-partidária-ideológica e de movimentos sociais, ou sindicatos, ativismo social,
atividades as quais têm natureza, identidade, objetivos e sentidos distintos de uma
profissão. Logo, quem é formado nessa área, é considerado um profissional que
deve mesclar a capacidade científica de produzir conhecimento para intervir na

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realidade e trazer resultados tangíveis e satisfatórios aos seus clientes, às
organizações que os contratam e à sociedade que espera um profissional
comprometido com o bem-estar, justiça e dignidade humana. As 23 teses têm a
intenção de suscitar esse diálogo tão necessário e tão urgente. Esse é o meu
convite, quem se dispor que se manifeste, que se movimente, que se expresse, que
proponha, que ouse mudar, fazer diferente! Chega de mais do mesmo... Precisamos
mudar.

1ª Tese: É NECESSÁRIA UMA REFORMA DO SERVIÇO SOCIAL


BRASILEIRO. Por reforma se tem duas fontes de inspiração e um entendimento. A
primeira inspiração, nas obras propostas por Richard Sennet, O artífice (SENNETT,
2009) e Juntos (SENNETT, 2012), em que o atual contexto e complexidade do
mundo no século XXI requerem resgatar a capacidade de juntar cabeça (pensar) e
mãos (o agir) assim como foi o trabalho artesanal no seu auge na idade média,
quando o artífice exercia um processo de trabalho artesanal, o qual foi corrompido
pela lógica do sistema de produção capitalista de divisão do trabalho. Hoje essa
ação pode e deve ser resgatada e aplicada em várias áreas e atividades. O trabalho
artesanal tem três ações precípuas: a) criar algo novo; b) concertar algo que já
existe e foi modificado e; c) reformar, que significa concertar, mas mantendo a sua
forma original.
Nesse sentido, reformar o Serviço Social é resgatar a essência de sua
origem como profissão de intervenção humano-social e como ciência social aplicada,
diferente do rumo que vem tomando, de uma “profissão militante político-ideológico
partidária”. Dessa forma, reformar e retomar a sua essência e as suas origens, para
com isso, mudar a rota de destruição e descaracterização que está em curso, ou
seja, de uma ação mais militante pautada num discurso utópico ilusório (pois não diz
como isso é possível, gerando perda de identidade, confusão e direção aos
profissionais) o que não cabe a uma profissão, e sim, e se muito for, a organizações
militantes como sindicatos, ONGs ativistas, movimentos sociais, mas jamais para
uma PROFISSÃO.
A segunda fonte de inspiração é o exemplo de Martinho Lutero que na Abadia
de Westminster em 31 de outubro de 1517, expôs suas 95 teses "Contra o Comércio
das Indulgências". Assim como Lutero não proponho uma nova profissão, mas, sim,
que a nossa profissão seja uma profissão como foi em seu nascedouro, há mais de

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100 anos. E é claro, considerando a sua dinamicidade de atender ao chamado da
realidade humana de cada tempo-contexto e não meramente um voltar mecânico às
suas origens. O ENTENDIMENTO seria de que esse revisitar as origens e, portanto,
buscar uma reforma, seria na busca e no reencontro da sua essência e magnitude
como preconizado por Mary Ellen Richmond, a qual já via o assistente social de seu
tempo como um artífice das relações sociais, profissão que intervém e produz efeito
prático na vida e realidade humana, e uma ciência que estuda sistematicamente a
realidade para melhor conhecê-la e elaborar junto com seus clientes ações de
intervenção. Assim reformar é ter honestidade intelectual e considerar os erros e
desvios, e humildade de saber que tem que mudar, e agir em prol dessa mudança. A
necessidade de se pensar A REFORMA deve-se primeiro à urgência dos fatos e
evidências que o atual contexto está explicitando: a) perda de espaços profissionais
tradicionais para outras profissões e profissionais; b) urgência de abertura de novos
espaços e alternativas de postos de trabalho; c) um contexto onde os serviços de
atendimento tanto individuais, grupais e comunitários são incessantemente
requisitos; d) outras competências, habilidades e posturas PROFISSINAIS são
exigidas, mas não são ofertadas nas faculdades e nem em cursos de qualificação
contínua - o que leva os profissionais a ficarem defasados e perderem espaços e
oportunidade de trabalho e emprego; e) as demandas e comportamento dos clientes
das organizações, das políticas, dos serviços cada vez requerem mais estudos e
planejamento estratégico interventivo, e menos discursos e defesa de narrativas
globalizantes destituídas de praticidade, materialidade e resultados efetivos para os
cidadãos, políticas públicas, organizações e sociedade; f) formação, currículo,
estágios e formação continuada que estejam conectados às reais demandas e não
em serviços e numa ideologia e um projeto político-partidário, o qual a cada dia se
distancia mais de uma identidade profissional para se limitar a uma militância
descabida sem nexo com a plausibilidade e a realidade das legitimas demandas
profissionais e com atitudes que de fato sejam condizentes com os novos desafios
do século XXI.

2ª Tese: O atual estado teórico e prático do Serviço Social Brasileiro mostra


um distanciamento cada vez maior da origem coerente e congruente que teve. Pois
se criou uma cultura política, filosófica, teórica e epistemológica que não permite o
diálogo saudável, respeitoso e inteligente, e que vem sendo corroído pelo que

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chamo de males do bom pensar. São eles: a) a praga do politicamente correto: só
se fala nisso e só o que agrada e expressa o “pensamento” hegemônico teórico e
político é aceito pela hegemonia, a qual proclama juras de amor pela democracia e
pluralidade, mas de fato e de verdade, não aceita outro ponto de vista que não seja
a “expressão do pensamento hegemônico”, ou seja, se de fato tem pluralidade e
democracia, por que defender a ferro e fogo um único pensamento hegemônico?; b)
visão maniqueísta: quem é marxista é do bem, quem ousa trabalhar com outras
vertentes é do mal, sendo o conservadorismo o bode expiatório predileto desse
maniqueísmo, pois muitos nem sabem o que é conservadorismo, liberalismo e
outras vertentes. No entanto postulam de forma arbitrária uma conduta que leva ao
entendimento maniqueísta de que não sendo marxista não presta, nem é digno de
ser ouvido ou respeitado, pois está a favor de tudo que é ruim no mundo, do
capitalismo, da exclusão, que é favorável a desigualdade, a injustiça, etc.; está
sendo criada uma geração de ignorantes letrados, (KONINCK, 2003) cegos e
fundamentalistas. Esses não defendem mais uma ideia, uma posição teórica, mas
uma religião, um processo fanático e irracional, pois quem não comunga das teses
marxistas é excluído, execrado e desqualificado, mesmo defendendo pluralidade e
democracia no discurso. E as evidências são gritantes: por exemplo, qual foi a última
literatura de outro país ou corrente teórica diferente da hegemônica que você leu nos
últimos 30 anos no Serviço Social Brasileiro? Isso leva ao pior dos males do bom
pensar. c) uma esquizofrenia intelectual: aqui se professa uma teoria e discursos
revolucionários com nítido saudosismo de um socialismo e comunismo cinzento,
como sinaliza Zizek (2011), o qual nunca aconteceu e muito menos funcionou,
negando a dura realidade prática e concreta da história e do seu próprio cotidiano. A
apesar de todas as evidências, muitos ainda continuam a defender uma ideologia
que não vingou em lugar nenhum do mundo, mas a qual insiste que os profissionais
e a categoria como um todo abracem como se fosse uma religião fundamentalista,
em que se deve defender mesmo correndo o risco de perder o emprego, e com a
crença de que fora dela não há salvação e nem sanidade. d) policiamento
epistemológico: gera um processo de contradição política, em que se defende
pluralidade, liberdade e democracia, mas não abre para outras matrizes teóricas, e
ao contrário, fecha-se numa única matriz e vertente que se quer da conta de tudo e
de todas as coisas como se fosse um credo religioso selvático, impedindo a
pluralidade de fato numa perspectiva de diversidade na diferença, ou seja, uma

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pluralidade empática, sendo valorizada uma pluralidade simpática, onde só se
tolera mais do mesmo e o resto é considerado “superado”. Contudo isso não é feito
com argumentos sólidos e lógicos, mas infelizmente com ações e argumentos de
boteco, onde ganha quem bate na mesa do boteco primeiro e com mais força, como
num jogo de truco, e grita: “isso tá superado”, acreditando que, em um passe de
mágica, tudo está resolvido, e o pensamento hegemônico está por cima de todas as
questões. É preciso reformar o modo de pensar, dar liberdade, sermos autênticos,
originais e, principalmente, respeitarmos os diferentes;

3ª Tese: Novas demandas sociais emergem de forma rápida e complexa


(LIPOVTSKY, 2010, 2007, 2013) marcadas por profundas crises ideológicas e de
poder (BOBBIO, 1999) e por novos arranjos éticos e políticos (TAYLOR, 2009).
Ademais, requerem dos profissionais do campo social - mas principalmente dos
assistentes sociais - mais do que só discursos e ideias que esperam a revolução das
superestruturas ou só aprofundamento e disseminando ideologias sem sentido.
Como bem nos lembra Norberto Bobbio: “Tão difícil que palavras usadíssimas como
‘socialismo’, ‘comunismo’, ‘reino da liberdade’, ‘extinção do Estado’ e similares
tornaram-se cada vez mais vagas, evanescentes e de baixa credibilidade [...] Por
isso mesmo não tem nenhum sentido dizer, como faz o revolucionário
repetindo o mote de Marx, que é necessário transformar o mundo, se não se
diz, repito, quais os resultados que se pretende alcançar e quais os meios a utilizar
para isso.” [grifo nosso] (BOBBIO, 199, p. 107 e 108). Esperam-se ações de
profissionais que saibam lidar com as demandas cotidianas, dentro de seus limites
institucionais e profissionais e rompam com a falta de visibilidade e materialidade de
suas ações (SERRA, 2000). E isso requer preparo profissional para saber ler com
criticidade, mas, sobretudo, saber intervir. Isso requer abertura de novos espaços e
manutenção dos espaços históricos e leva a uma formação que caminha junto com a
dinâmica das demandas e desafios da sociedade, e não ao contrário. Tenta formar
intelectuais limitantes que não sabem lidar com as demandas concretas da realidade
e não sabem dizer nada a não ser: “isso não é de minha competência”. Esse
comportamento mostra a face da complexidade da vida em sociedade do século
XXI: ser insuficiente ou dar manutenção e doutrinação de ideias do século XVIII e
ignorar a dura realidade das exigências do real, e mais, rotular essa preocupação
como sendo uma “invasão do pragmatismo no Marxismo” (GUERRA, 2013). A

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preocupação com a intervenção e em dar respostas do COMO fazer é considerada
coisa pequena, diminuta, desprezível, sem importância. Já existem profissionais
teóricos (que nunca tiveram experiência prática profissional, só acadêmica)
questionando “por que nos preocuparmos com a prática?”. É preciso congruência
entre formação e intervenção, e do papel das organizações de fiscalização, ensino,
pesquisa profissional; pois não se deve, como hoje se faz, confundir papel de
representação de uma categoria profissional e ficar na defesa orgânica de
movimentos sociais, ideologias, partidos políticos e esquecer de seu verdadeiro
papel com a profissão (fiscalizar, abrir novos espaços, garantir condições de trabalho
e ganho dignos etc). Logo, deveriam estar mais voltados à profissão do que à
aderência a uma ideologia que defende todas as causas e movimentos sociais
políticos de certo grupo de forma político-partidária.
E isso tem levado a constatação de que hoje ocorre, uma forte negligência de
questões que de fato são do interesse da profissão, como piso salarial, postos de
trabalho e regularização de novas áreas de atuação como na área de Serviço Social
Clínico. Além disso, é necessário potencializar e respeitar a educação na
modalidade EaD, permitir que outras temáticas de pesquisas recebam financiamento
e outros profissionais possam representar a profissão em órgãos como Cnpq,
CAPES, e não ficar no revezamento dos mesmos representantes e os mesmos
beneficiados, e muito menos levantar bandeiras que não cabem a um órgão de
representação profissional. Tais questões são de viés político-partidário-ideológico,
como o aborto, o feminismo, o movimento LGBT, os Sem-terra, etc.
Ocorre ainda, se destacar a recente (setembro de 2017) convocação de se
convocar uma resistência partidária de esquerda como expresso no documento final
do 46º Encontro Nacional do Conselho Federal e os Conselhos Regionais e núcleos
profissionais. É preciso atender às demandas sociais como uma profissão é não
como movimento social, sindical ou uma ONG ativista, afinal, nem todo mundo é de
esquerda, é de direita ( se é que ainda pode-se dizer que isso existe) e nem todo
mundo concorda com defesa ao aborto, nem todo mundo é ateu ou homossexual, ou
heterossexual.
Todas as questões devem sim ser tratadas com ética e com respeito por
todos os cidadãos e profissionais, mas não serem levantadas como bandeiras
exclusivas, pois não cabe a uma profissão e seus respectivos órgãos defender
bandeiras tão específicas. Caso contrário, seria agir por interesse próprio de um

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segmento, e logo, o que pode dar a entender é que de fato, está em curso o
aparelhamento dos equipamentos representativos da categoria para disseminar uma
única forma de ver e agir sobre a profissão e consequentemente a vida, e não a
representação da categoria como um todo. Temos que defender os interesses da
profissão, com ética profissional, respeito, dignidade e justiça.

4ª Tese: Uma profissão para ser profissão deve considerar sua identidade
como profissão (MARTINELLI, 2010, SANTOS, 2011), pois se continuarmos a
considerar como está sendo feito - como uma identidade de classe (seja o que isso
significar) - não seremos mais profissão. Logo, não precisaria ter lei de
regulamentação profissional, código de ética profissional e muito menos
organizações no campo de fiscalização, formação e pesquisa profissional, pois tudo
passaria a ser movimento social, sindicato, ONG etc., qualquer coisa, menos
profissão. Isso ocorre pois se investe tempo e recursos em todas as causas e frentes
das questões sociais do mundo, menos no campo profissional, o que leva a uma
perda de espaços, esvaziamento dos órgãos, baixa participação e desvalorização
profissional. A exemplo, tem-se o que está ocorrendo com o INSS, com o SUS e
com as baixas notas dos cursos no Enad. Essas não são questões só de política
neoliberal, mas de ordem de identidade, prática e materialidade profissional, o que
causa perda de sentido e significado, além de crises existenciais, desorientação e
angústias insolúveis, pois a lógica militante fala mais alto do que a profissional.
No entanto, a vida cotidiana clama, grita, berra com a realidade carne e osso,
diuturnamente, por uma postura cada vez mais profissional (técnica, interventiva,
propositiva). Esse grito da realidade é ensurdecedor, e colide frontalmente com um
discurso vazio destituído do mínimo de plausibilidade concreta de sua realização.
Temos que resgatar nossa real natureza e identidade, de uma profissão centrada no
ser humano, e na busca conjunta de recursos para viabilizar o seu bem-estar, sua
realização, exercício de sua cidadania e de seus direitos e deveres plenos.

5ª Tese. Uma profissão tem sua identidade construída não por um grupo
dito hegemônico, que oprime a todos os seus opositores com ações grotescas e
violentas (como o que ocorreu no chamado Congresso da Virada). Seja no campo
da publicação, nas leis ou nos espaços de formação, a identidade profissional é
formada, como vimos há 100 anos com o trabalho pioneiro de Mary Ellen Richmond

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(1917, 1922), a partir de muito trabalho, tanto de campo como intelectual, mas,
sobretudo, pautada na realidade e não somente atrás dos muros das faculdades.
A identidade, seja ela pessoal ou profissional, é formada a partir da interação
com a dinâmica da vida social (TAYLOR, 2013, BAUMAN, 2005), das demandas dos
sujeitos e atores que interagimos, e não a partir da formação e indução, manipulada,
achacada e imposta de uma única vertente teórica, filosófica, ideológica, política e
partidária. Muito menos por lutas de poder para manter uma hegemonia, onde um
grupo, querendo formar profissionais/intelectuais/militantes, acaba por não fazer nem
uma coisa nem outra. Essas lutas não formam bons militantes, bons intelectuais e
muito menos bons profissionais, ficando um vazio existencial, uma desorientação
ocupacional que vem gerando incertezas e incongruências na relação teoria e
prática. A realidade é mais carne e osso do que a ideologia cega e vazia de
conteúdo e a materialidade de suas ideias.
A construção de uma identidade profissional passa pela aceitação, pelo
respeito e pelo diálogo honesto e fraterno de opiniões e estratégias diferentes, e não
da exclusão do que não expressa o comando hegemônico, que por si só já é contra
a dignidade de uma verdadeira pluralidade. Identidade profissional não é identidade
de classe. Enquanto a primeira agasalha a diversidade, o diferente e faz a gestão do
conflito em prol da profissão, a segunda é ideológica, oprime quem não pertence à
classe hegemônica, é excludente, é sectária e opressora. E isso tem que mudar e a
melhor estratégia e voltarmos a ser simplesmente uma profissão como as demais
profissionais, salvaguardando e destacando as nossas especificidades como
profissão do campo sócio-humano.

6ª Tese. Sem uma identidade profissional adequada, não somos mais uma
profissão, logo, a identidade é resultado do que somos, pensamos, agimos e
interagimos com o nosso cotidiano (SANTOS, 2011, TAYLOR, 2013). Para ser
profissional, devo pensar e agir como profissional, restringir-me a ser e atuar como
profissional, pois isso facilita o estado mental e dá sentido e significado no fazer
profissional cotidiano. Ademais, também dá direção para os processos de formação
assim como para os de investigação e intervenção.
É preciso que a Lei de Regulamentação da Profissão, o Código de Ética, as
Diretrizes Curriculares e as disciplinas nos cursos, sejam revistas e adequadas a
essa lógica da profissão e não da militância. O mercado não contrata militantes para

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militarem em causa própria, e ainda serem pagos para isso. Estado, Organizações,
empresários ou Terceiro Setor, todos querem profissionais que saibam investigar,
planejar e propor ações interventivas efetivas com competência, ética e
humanidade, para saber lidar com as demandas que se mostram cada vez mais
complexas. E isso só pode ser feito por uma profissão, a qual é determinada pela
clareza de nossa identidade como tal.

7ª Tese. A realidade carne e osso, como mostra Unamuno (1988), que


sinaliza que somos chamados para atuar no campo do atendimento individual,
grupal e comunitário. Além disso, evidencia-nos que mais de 80% das atividades
que fazemos são relacionadas ao atendimento, orientação, encaminhamento e
gestão de informações estratégicas de acesso aos direitos. Entretanto não
preparamos os nossos profissionais para isso, e por mais que tentaram descontruir
essa ideia no plano teórico e ideológico, a realidade é mais dura, a realidade é
CARNE E OSSO. Ela grita e berra em nossos rostos e ouvidos de modo que não se
pode ignorar essa realidade. A centralidade de nosso fazer é o ser humano e não as
expressões da questão social, pois são os seres humanos os mais afetados pelas
expressões da questão social. São eles que batem à nossa porta com a esperança
de encontrarem respostas ou pelo menos uma luz para os seus problemas
concretos. São indivíduos que não podem esperar por uma nova ordem societária
utópica e destituída de clareza concreta de sua existência. Enquanto isso, na vida
real, as pessoas estão sem respostas, sem esperança ou sem alternativas e só
recebem “isso não é da minha competência” ou “vou cadastrar no sistema para
receber os benefícios”.
No entanto a formação abandonou essas dimensões e não prepara os seus
profissionais para atuarem no atendimento dessas questões, ao contrário, impedem
que outras visões, modalidades e fontes de inspiração possam ser acessadas, pois
só se dá mais do mesmo, sem trégua para outras experiências e proposições.
Isso ocorre porque desde os anos de 1980 o objeto e, consequentemente, os
objetivos da profissão vem sendo alterados. Porém sem alterar essa
projeção/entendimento não há como alterar o percebido e muito menos o
vivenciado. Novas categorias de análise precisam ser formuladas e/ou adequadas a
partir do resgate do objeto e da missão (razão de existir) de nossa identidade
profissional.

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Há tempos profissionais como Balbina Ottoni Vieira já sinalizavam: “[...]
verifica-se que não houve mudança de significado, mas apenas de enunciado, de
maneira de se expressar [...] Ora se o significado não mudou, admite-se a existência
de uma essência, essência esta que se revela na realidade do momento por
aspectos e por linguagem diferentes; pode, portanto, ser considerada como
uma verdade universal o que o Serviço Social persegue – a realização do
Homem.” (VIEIRA, 1982, p.209), o mundo clama por profissionais que atuem com
competência nessa direção e com esses resultados.

8ª Tese. Retomar a origem do Serviço Social como profissão e como


ciência é resgatar a centralidade de seu objeto, que sempre foi, é, e sempre será o
ser humano e sua realização. No cotidiano o que atendemos e pelo que trabalhamos
não são as expressões da questão social - que por sinal estão muito longe de nosso
alcance factual, talvez próximas do campo do pensamento e dos desejos e na maior
parte do tempo de um sentimentalismos romântico tóxico - mas sim os seres
humanos, as pessoas, cada qual com seus dramas, angústias e aflições.
Assim como nós, profissionais, essas pessoas são afetadas por expressões
da questão social e por elementos muito mais sutis e avassaladores na relação
subjetiva e simbólica da vida humano do século XXI. Como sinaliza o filósofo Byung-
Chul Han, “De um ponto de vista patológico, não é o princípio bacteriano nem o viral
que caracterizam a entrada no século XXI, mas, sim, o princípio neural” (HAN, 2014,
p.9).
As pessoas não querem perder seu tempo com elucubrações ideológicas,
sejam quais forem. Hoje querem apenas entender como enfrentar a sua condição
humana, especificamente os seres humanos em situação e vulnerabilidade social,
uma vez que hoje vivemos em uma sociedade de risco, na qual todos sofrem e
enfrentam dificuldades para se realizar como pessoa em sociedade, buscando
justiça e dignidade.
É nosso dever retomar as origens e reformar o Serviço Social e recolocar sua
centralidade no ser humano, não mais como um ser isolado, mas como um ser
conectado ao seu meio. Desse modo, recolocaríamos esse ser não como vítima de
um sistema, mas como autor de sua história, do desenho das ações concretas as
quais podem dar esperança no enfrentamento de seus desafios cotidianos.

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Com isso seria possível não apenas a sobrevivência, mas um viver com
dignidade, tendo sempre um olhar crítico, mas com proposições criativas, factíveis,
plausíveis, viáveis e efetivas, as quais vão além do atendimento individual. E desta
forma, seria possível o cidadão deixar de ser um mero consumidor de serviços e de
direitos, para transformar-se em protagonista de direitos e deveres.
Do mesmo modo, os profissionais do Serviço Social, deixariam de ser meros
repassadores de direitos, com um discurso de garantidores de direito. Na realidade
atual, não conseguem garantir nem os seus próprios direitos, quanto mais de seus
usuários, no máximo, viabilizar o acesso aos direitos já existentes.
E isso tem resultado na perda de espaços de trabalho, da desvalorização do
profissional e da importância da ação profissional no campo social, que hoje conta
com outros profissionais de outras áreas mais preparados para de fato intervir na
realidade humano-social, vide os cursos da USP-SP na graduação de Gestão de
Políticas Públicas, no curso de Gestão Social da UF da Bahia, ( que vem usando e
aplicando um conceito que foi criado pelo Serviço Social na deca de 1920, o de
Residência Social, criada por Jane Addams), vemos também a regulamentação do
curso e da profissão de Educador Social e de tantas outras especialidades e
profissionais no campo social, que para além da retórica revolucionária estão
mostrando ações concretas, e estão substituindo e ocupando espaços tradicionais
dos assistentes sociais, vide também, o caso dos psicólogos, que no INSS, foram
mantidos e os assistentes sociais excluídos, bem como, o crescente papel nos
Centros de Referencia Social do SUAS, enquanto perdemos espaços profissionais,
os nossos órgãos representativos bloqueiam outras possibilidades, a exemplo do
Serviço Social Clínico que tem crescido em outros países, tanto Europeus como da
América Latina.

Logo, centralizar o ser humano é gerar uma consciência para atender os


direitos humanos ampliados, uma vez que os indivíduos não estão isolados. Para ser
social, é preciso ser e partir do indivíduo que não vive sem o coletivo e nem na
busca do bem-estar comum a todos.

9ª Tese. Nesse sentido, o Serviço Social face à sua história e seu objeto -
o ser humano e principalmente o ser humano em situação de risco e vulnerabilidade
social - é sua centralidade. Logo, não se deve entender que focar no ser humano e

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suas necessidades, seria uma fragmentação do atendimento, muito menos que com
isso estaríamos culpabilizá-lo pelos problemas que enfrenta. Ao contrário, deve-se
focar no ser humano com o entendimento de que ele faz parte de um todo, onde é
afetado e também pode afetar (autopoiesis). Além disso deve-se considerar que ele
necessita de acesso a informações e de conhecimentos que permitam ser mais do
que vítima de um sistema, mas autor e construtor de sua mudança e de sua história.
Portanto, dar centralidade ao ser humano para que possa sanar suas
necessidades e contribuir para sua realização é um ato de cidadania global, de
direitos humanos ampliados, de dignidade e de justiça. Dessa forma é preciso
PROFISSINIALMENTE redefinir o seu olhar, o seu fazer, o que define sua
identidade e especificidade, considerando sua gênese e as experiências, tanto
positivas como negativas até o momento presente, e extrair dessa experiência um
profissão renovada de sentido e significado.

10ª Tese. Sendo assim, o Serviço Social tem como peculiaridade histórica
e evolutiva, auxiliar e mediar o acesso a informações, conhecimentos, serviços e
estratégias aos seus clientes com a finalidade de alcançar o seu Bem-Estar. Na
atualidade destaca-se como especificidade do Serviço Social o processo de acesso
a informações e conhecimentos socialmente relevantes para o exercício pleno da
cidadania e bem-estar dos sujeitos, além de uma sustentabilidade humana efetiva
por meio de ações inovadoras (OLIVERIA, 2013 e 2008). E como isso, o seu método
de trabalho se desdobra em duas fases: 1ª) INVESTIGAÇÃO: i) pesquisa, ii)
diagnóstico, iii) planejamento de possibilidades de intervenção; 2ª) INTERVENÇÃO:
i) execução do que foi planejado, ii) monitoramento, acompanhamento e correções
necessárias, iii) avaliação e retroalimentação da ação planejada.
Isso pode e deve ser aplicado tanto no atendimento de casos individuais,
quanto de grupos, em trabalhos comunitários e institucionais (assessoria e
consultoria - interna e externa).
Essa constatação e evidência histórica é fruto da compreensão de um
processo peculiar do Serviço Social, notadamente na produção do conhecimento
com a finalidade de intervir e mudar a realidade. Desse modo, faz parte de sua
identidade profissional histórica, essa particularidade, a qual é construir
conhecimento a partir da realidade, da demanda e da dinâmica do real vivencial.
Além disso, possui a finalidade de processar dados, informações e gerar

13
conhecimentos para intervir; e intervir para mudar a realidade estudada (de
indivíduos, grupos, comunidades e instituições) e não ficar com elaborações fictícias
e ilusórias de uma nova ordem societária sem dizer como, quando que na prática
não se faz nada de concreto para alterar a realidade de seus clientes. Até porque
uma nova sociedade - e seja qual for o ordenamento que seja dado - será feita
pelas pessoas, pela sociedade e não ditado por um profissional ou por uma
categoria de profissionais-militantes que só dizem o que (ideia, intenção, desejo,
sentimento) sem tocar no como (modo, recursos, estratégias, organização etc). Além
disso quando são colocados em xeque e é denunciada a fragilidade de tal
sentimentalismo romântico, não apresentam uma contra-argumentação teórica,
filosófica e lógica compatível com um pensamento e uma ideia bem fundamentada.
Ao contrário, partem sempre para a desqualificação do pensamento opositor e de
outras proposições, tratando o diferente como sendo de menor importância e, com
isso, gerando um tipo de esquizofrenia intelectual, uma cultura e uma atitude
maniqueísta. Dessa forma, cria-se um imaginário social (TAYLOR, 2004) que é
idealizado no discurso, mas que nega a realidade de carne e osso que bate e grita
diuturnamente à sua porta, sem ter respostas concretas e congruentes gera um
sentimento de perda de direção e identidade profissional.
Devemos tomar como exemplo a vida e a obra de Mary Ellem Richmond, que
escreveu o Diagnóstico Social (RICHMOD,1917) a partir de um trabalho árduo de
mais de 11 anos, com base em mais de 10 mil atendimentos e do estudo
aprofundado de 2.800 casos. Ela elaborou, com maestria, as bases de uma nova
ciência e uma nova profissão chamada Serviço Social. Que possamos voltar a fazer
e valorizar um conhecer feito a partir da prática e não só de saberes puramente
acadêmicos distantes da vida real, restritos aos muros da academia e das bravatas
político-ideológicas sem nenhum compromisso com sua aplicabilidade, pois se
produz e se fala para intelectuais e para praticantes, logo, são lavras e ideias
destituídas de carne e osso, e da mínima possibilidade de sua aplicação no mundo
real e na vida prática-cotidiana profissional. Chega de mais do mesmo que não
funciona.

11ª Tese. O produzir conhecimento, a identidade e a peculiaridade do


Serviço Social se materializa numa ação praxipraglógica que conjuga uma prática
pensada (práxis = ação pensada) com um processo de conhecer para intervir

14
(pragma = ação feita). Logo o seu fazer cotidiano tem que estar com o foco no ser
humano, nas suas necessidades, tanto imediatas como mediatas, com a finalidade
de buscar alternativas para sua realização e bem-estar juntamente com ele.
Assim o papel dos profissionais de Serviço Social (como profissão) é de ser
um mediador e facilitador do acesso a informações e conhecimentos socialmente
relevantes para criar juntamente com seus clientes o design de seu projeto de vida e
de estratégias de enfrentamento e superação de sua condição de risco e
vulnerabilidade social. Desse modo, contribuem com ações concretas que visam
defender os direitos humanos, o acesso a usufruto de direitos e de possibilidades de
ter qualidade de vida, bem-estar e, sobretudo, uma sustentabilidade humana. Nesse
sentido, é preciso ampliar os espaços de formação continuada, alterar os currículos,
alargar os intercâmbios locais, regionais e globais; e, sobretudo, criar uma cultura
plural de conexão de uma rede e uma ecologia de saberes.
12ª Tese. É preciso exercer o papel e a função de facilitador e mediador de
conhecimentos que permitam apoiar, orientar e motivar os sujeitos a serem autores
do design de seu projeto de vida (OLIVEIRA, 2017). O profissional de Serviço Social
deve formar uma visão, ou melhor, uma cosmovisão integral e integrada, a fim de
ver o ser humano como um ser completo, em suas múltiplas dimensões: corporal,
mental, social, econômica, cultural, espiritual etc. (OLIVEIRA, 2013). Do mesmo
modo, deve saber dialogar com os vários conhecimentos e estratégias disponíveis,
tais como criar novas estratégias que visam a uma intervenção crítica, criativa e,
sobretudo, propositiva.
Para isso é necessário cultivar e desenvolver uma pluralidade de fato
(OLIVEIRA, 2004) e não uma pluralidade fingida que contradiz o que se fala com o
que de fato se faz. Em relação a isso, lembremos o ensinamento e aviso profundo
de Cristo, que para além da espiritualidade dessas palavras, as mesmas podem ser
utilizadas como parâmetro de análise crítica para os nossos dias em relação aos
sofismas e ideologias que se impregnaram em nossa profissão: “Acautelai-vos
[assistentes sociais] quanto aos falsos profetas [intelectuais de plantão]. Eles se
aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos
devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas
de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa
produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins.” (Jesus Cristo, Bíblia

15
Sagrada, Mateus, 7: 15 a 17). [grifo nosso], em outros termos, o nosso dizer tem que
refletir com congruência o nosso fazer.

13ª Tese. Nesse sentido essa pluralidade tem que ser empática e não
simpática como atualmente tem sido disseminada. A pluralidade simpática confunde
pluralidade (mais do que um) com ecletismo (supostamente uma mistura de teorias
destituídas de razão). Assim, pluralidade no Serviço Social Brasileiro tem sido
entendida (confundida) com dialogar com outras matrizes que sejam “simpáticas”,
quando não iguais, a exemplo da relação entre o marxismo e o pensamento de
Habermas. Além disso, buscar dialogar com outras que são diferentes pode ser
entendido como ecletismo, ou seja, buscar dialogar com o diferente é coisa do mal,
equivocada, frágil, não é recomendado e na verdade não pode.
Então vemos o maniqueísmo junto com o politicamente correto, o qual,
infelizmente, gera um tipo de esquizofrenia intelectual que separa e evita tudo que
seja diferente, separando as pessoas e impedido o crescimento intelectual e um
policiamento epistemológico pela desqualificação sem argumentação lógica e
factual. Resume-se ainda a um discurso de boteco que ganha a discussão batendo
na mesa e proferindo palavras mágicas como o mantra: “isso está superado” pela
“defesa do projeto ético político”, porém sem apresentar meios para a construção de
alternativas. A pluralidade simpática fala mais do mesmo e sempre, por isso, gera
mais do mesmo, consequentemente, têm-se os mesmos resultados, via de regra só
ideias e nada concreto.
Nisso é preciso estimular a Pluralidade Empática, em que o diálogo existe
principalmente com quem é diferente, ou seja, a unidade verdadeira só existe na
diferença, na diversidade, no respeito ao outro como legítimo. Como diria Maturana
(2001), essa falta de respeito e aceitação e uma mera e fingida tolerância (a
tolerância é uma forma disfarçada de não aceitar o outro) é característica típica da
pluralidade simpática, que não permite a existência da real pluralidade, pois só gera
ressentimento e luta constante pela hegemonia, pelo poder simplesmente pelo
poder, sem respeitar - de fato e de verdade - o outro como legítimo. Isso se deve,
principalmente, à visão do outro como diferente.
Apenas haverá respeito e solidariedade quando de fato as pessoas forem
acolhidas, respeitadas e livres para buscarem e fazerem suas escolhas teóricas,
espirituais, sociais, sexuais, políticas e de cosmovisão de mundo, sem serem

16
rotuladas ou encaixadas em compartimentos e etiquetas do bem e do mal. É preciso
abandonar a visão de que se é marxista é do bem, mas se opta por outra visão é do
mal, pois ninguém quer ser rotulado como sendo do mal. Essa rotulação leva muitos
a criarem uma identidade forjada, mentirosa, só para serem aceitos pela hegemonia,
e com isso não são autênticos e nem agem como de fato são.
Dessa forma, muitos, por sobrevivência, dizem ser uma coisa que não são e,
muitas vezes, nem acreditam só para sobreviver. Assim, criam essa identidade
forjada, ou criptografada, como fizeram os Judeus para fugirem da inquisição, diziam
ser cristãos, mas no recontido do seu cotidiano continuavam a ser Judeus. Outros
muitos declaram juras de amor a Marx, José Paulo Netto e Iamamoto, mas no
cotidiano recorrem a Balbina Ottoni Vieira e outros que falam do fazer teórico/prático
da profissão.
É preciso romper o medo de dizer o que realmente pensam e sentem,
principalmente os profissionais que estão na prática, no cotidiano , no enfrentamento
diário. É preciso também que a academia saia de seus muros, ouça e se conecte
com a realidade, deixando de apresentar teorias e conceitos que não têm conexão
com a prática. Além disso, é preciso abdicar da ideia de verdades imutáveis, pois a
boa ciência deve estar em conexão com a vida, ou como nos ensina Maturana,

A validade da ciência está em sua conexão com a vida cotidiana. Na


verdade, a ciência é uma glorificação da vida cotidiana, na qual os cientistas
são pessoas que têm a paixão de explicar e que estão, cuidadosamente,
sendo impecáveis em explicar somente de uma maneira, usando um só
critério de validação de suas explicações, que tem a ver com a vida
cotidiana [...] (MATURANA, 1999, p. 31).

Em outros termos, se uma ciência, que fica só na cabeça dos intelectuais sem
condições de aplicação na prática, é mero prazer solitário intelectual, em si é estéril
e vazia, pois seus frutos são confusão, ilusão e angústia. Ao contrário, precisamos
alimentar a pluralidade empática, buscar um processo dialógico, em que eu
aprendo com o outro e o outro também pode aprender comigo, e juntos
compartilhamos o que cada um tem de melhor para chegarmos a encontrar as
soluções mais adequadas para os problemas concretos do nosso fazer profissional e
científico.

17
Só se vai longe respeitando e aceitando o diferente e não só o que seja
simpático, na pluralidade da simpatia se gera um processo velado de apartheid
epistemológico e político. Mas a pluralidade empática gera o acolhimento; e a
pluralidade simpática a exclusão, uma vez que usa a linguagem da luta, da
discórdia, da hegemonia, da dialética que precisa da síntese para se sobrepor ao
outro, e isso não combina com a democracia. Como nos ensina Maturana:

A conversações de luta não pertencem à democracia. A luta constitui o


inimigo porque necessita dele e obscurece as condições que lhe dão
origem. Na luta há vencedores e derrotados, não o desaparecimento de
inimigos. O derrotado tolera o vencedor esperando uma oportunidade de
revanche. A tolerância é uma negação do outro suspensa temporariamente.
As vitorias que exterminam o inimigo preparam a guerra seguinte.
(MATURANA, 2004,, p. 93, [grifo nosso]).

Pluralidade tem que sair do papel e do discurso e ser uma realidade cotidiana,
vista pelos seus frutos e não só por discursos.

14ª Tese. Devemos mudar o rumo e a atual trajetória profissional de uma


ação que se diz ser profissional, mas se confunde com uma militância que não
representa a maioria, e sim uma hegemonia, que não combina com democracia e
muito menos com pluralidade, além disso gera crises de identidade, tanto
profissionais quanto pessoais.
Profissionalmente porque não sabendo o que faz, como faz, por que faz, gera
perda de espaços de trabalho e dificuldades de se definir junto aos demais atores
(trabalho interdisciplinar com outros profissionais, patrões e clientes). Além disso,
apresenta uma profunda falta de objetividade e clareza - a que viemos de fato - pois
o discurso via de regra busca uma coisa (nova ordem societária, garantia de direitos,
revolução da classe trabalhado sobre a burguesia, resistência ao capitalismo etc.) e
a ação (atendimento, orientação, encaminhamento, entrega e mediação do repasse
de serviços sem alteração de vidas das pessoas, etc.) vai em outra direção, gerando
uma crise de materialidade (SERRRA, 2000).
O pensar ideologicamente fica só no plano das ideias, e a mesma como
sendo a da matriz hegemônica marxista, da forma como ele vem sendo aplicada na
categoria, tem grandes dificuldades de se materializar e de ter alguma plausibilidade

18
como abordagem profissional, por três motivos básicos: i) Marx e Engels criaram o
socialismo científico e o método dialético materialista histórico não para ser adotado
e aplicado por uma profissão, mas como um conjunto de organizações da classe
trabalhadora com a finalidade de subsidiar os movimentos sociais e partidos
políticos, para a passagem de uma sociedade socialista para uma sociedade e
modelo comunista; ii) uma profissão que tem em sua origem e natureza da
intervenção e da investigação da realidade para intervir e modificá-la
(praxpragmalogia) não tem como adotar de forma orgânica e mecânica uma matriz
que não se propõe a essa finalidade profissional e tão somente política e ideológica;
iii) por fim, os seus autores criaram uma abordagem que não é plural, pois foi criada
por Marx e Engels para ser um programa político, e a natureza e função de um
programa político não é ser plural (mais de um) e sim, o de ser aceito, com suas
teses, princípios e objetivos, sendo que quem não aceita é excluído, pois é um
programa político ideológico, e não uma ideia e proposição somente.
Marx e o marxismo, como bem nos lembra Bobbio (1998), não são plurais,
logo, não há como uma profissão que adota organizadamente e mecanicamente
essa ideologia dizer que é plural. Consequentemente isso gera uma incongruência,
pois se tenta forçar o uso e aplicação dessa matriz em todas as áreas e situações,
(intervenção e instrumentos técnicos operativos) as quais requerem pluralidade e
diálogo com outros saberes, e geram sim conflito, e não como alguns dizem, “uma
invasão do pragmatismo” (GUERRA,2013). O que de fato existe em muitas
situações cotidianas da prática profissional, e as vezes até sem perceber, é querer
empurrar à realidade uma teoria que possa dar conta de criar proposições de ações
interventivas, o que não é notadamente lógico.
Isso leva à constatação de outro fator crítico, o da existência de que vivemos
um processo de luto ideológico, em que uma abordagem já morreu, mas as
pessoas não conseguem aceitar essa morte e inviabilidade. Dessa forma, não
passam pelo processo de luto e com isso não conseguem dar continuidade à vida de
forma coerente (OLIVEIRA, 2015), sofrem mas não mudam. Além de não aceitarem
essa morte (que diga-se de passagem em outros lugares do mundo já morreu há
muito tempo) criam dissimulações e sofismas para ocultar essa morte. Tentam,
também, encontrar outros culpados para justificar o seu fracasso, como o
conservadorismo, o neoconservadorismo, a burguesia, o capitalismo, os
empresários, os políticos, mas nunca reconhecem seus erros e equívocos, tanto

19
teóricos quanto políticos e “práticos”, como vemos acontecer na América Latina e no
Brasil no aprofundamento e explicitação da corrupção maquiavélica ( os fins
justificam os meios) dos últimos 15 anos.
Ou seja, tudo é válido para se ficar no poder, e como disse o ex-Secretário da
Educação do governo da Sra. Dilma, o Sr. Mercadante, em gravação de uma
conversa para tentar impedir a delação do Sr. Cervero, na “política tudo é possível”.
Percebe-se que não há autocrítica, escrúpulos, não há reconhecimento de culpa e
de erros, ao contrário, joga-se a culpa da não realização desse projeto utópico
libertário e revolucionário em todos, e se colocam como sendo pobres vítimas
perseguidas, sendo que essa lógica e ideologia há muito tempo em outros países já
foi considerada ultrapassada, como mostrado na obra clássica de Raymond Aron,
“Marxismo, o Ópio dos Intelectuais” (ARON, 2016). Na referida obra, o autor afirma,
já na década de 1960, que hoje para o caso do Serviço Social Brasileiro, essa
constatação se mantém mais do que atual e como um alerta.

Os regimes vitimados por levantes populares ou golpes de Estado não


demonstram pela sua queda vícios morais – são muitas vezes mais
humanos do que os vencedores – e sim erros políticos... A revolução do
tipo marxista não aconteceu porque seu próprio conceito era mítico: nem o
desenvolvimento das forças produtivas nem o amadurecimento da classe
operária prepararam a derrubada do capitalismo pelos trabalhadores
conscientes de sua missão. As revoluções que invocam o proletariado,
como todas as revoluções do passado, assinalam a substituição
violenta de uma elite por outra. Não apresentam caráter algum que
permita saudá-las como o fim da pré-história. (ARON, 2016, p.36). [grifo
nosso].

Isso precisa mudar, esse rumo em que está indo a profissão, de uma
militância descabida que desfigura e nega a nossa origem e os limites naturais que
deve ter uma profissão, levando a cabo um processo esquizofrênico intelectual de
um ideia mental de ação profissional negando a dura realidade dos limites
institucionais que há muito tempo são reais em nossa profissão (FALEIROS, 2008).
Se não bastasse, levam a profissão a um limpo sem precedentes onde a perda de
postos de trabalho, o esvaziamento da categoria e a perda de sentido e significado
profissional estão se esvaindo rapidamente.

20
É preciso resgatar a nossa peculiaridade e centralidade no ser humano e seu
bem-estar, disseminando e alimentado uma linguagem e postura dialógica de uma
pluralidade empática construída a partir de uma ecologia de saberes, da participação
e atuação dos sujeitos da gestão do design dos serviços para o seu bem-estar, e de
uma sociedade mais justa e digna.

15ª Tese. Não cabe mais defender um projeto ético político profissional
organicamente e mecanicamente alinhado a uma única matriz e a uma hegemonia
ideológica e só dizer que existem outros tantos projetos em disputa, mas nunca
deixar que esses outros projetos sejam explicitados ou possam influir na profissão, e
ao mesmo tempo tratar as pessoas que não são devotas (ao projeto hegemônico)
como sendo hereges e profanos (SILVA, 2012). É preciso resgatar a leveza de ter
simplesmente, como todas as demais profissões, um código de ética profissional,
que simplesmente trate das relações entre os direitos e deveres dos profissionais em
relação a si, aos demais profissionais, aos seus clientes e aos valores universais de
dignidade e ética humana.
A centralidade e o dever do profissional devem buscar articular, estimular e
investigar de forma inteligente, crítica, criativa e propositiva, formas éticas, humanas
e profissionais de chegar aos seus fins, assim como é feito por outras categorias
profissionais. Com isso gerar, junto com os seus clientes, as estratégias mais
adequadas e possíveis dentro dos limites reais, concretos e objetivos para a
realização de seu bem-estar e, consequentemente, ter reconhecimento, respeito e
credibilidade para ações profissionais que se propõe a fazer, para se chegar a uma
sociedade mais justa e digna para todos.
Isso requer deixar mudar e resgatar a serenidade de uma profissão e de
profissionais, e não de militantes e de um grupo sectarista que defende todo tipo de
causa social, menos a do interesse de fato de sua categoria como profissão.
A incorporação orgânica e mecânica de uma ideologia-política-partidária e de
uma única matriz e programa político e de lideranças que defendem mais os seus
interesses corporativos, fez essa distorção, a qual precisa ser reformada, corrigida e
focada em suas origens. É urgente resgatar uma profissão que tenha simplesmente
um código de ética profissional, que defenda sua identidade profissional, e não um
projeto ideológico-político-partidário classista unilateral carregado de uma cultura de
resentimento e ódio aos opostos. Precisamos ser mais profissão e menos militância.

21
16ª Tese. Isso leva à retomada e restauração de uma postura e cultura
profissional, que tenha sua dimensão política, mas não política ideológica-
partidária, mas de consciência de seu papel e poder de articular e negociar
(BOBBIO, 2011, p.49) recursos, forças e ações. A dimensão política profissional no
sentido de saber gerenciar a arte de governar, de negociar espaços, e estratégias
para atingir seus objetivos, está na centralidade de atendimento ao ser humano.
Nesse sentido, somos uma profissão centrada no ser humano e na sua realização, e
a ética que permeia essa centralidade não está em uma classe ou em uma
ideologia, mas na abrangente vitalidade de defesa de valores universais, como os
direitos humanos, da justiça, da dignidade para todos, do saber de sua
responsabilidade e caráter para com as suas ações em relação ao seu trabalho e o
quanto isso afeta a vida das pessoas que envolvem esse saber.
Dentro dos limites que temos, é preciso contribuir para uma sociabilidade
justa, digna e, por fim, para a consolidação de uma democracia de fato, forte, plural,
livre, respeitosa, na aceitação do outro como legítimo outro, e assim se contrapor a
uma cultura da violência, da luta pelo poder, do resentimento, simplesmente pelo
poder pela hegemonia, tanto dentro da profissão como externamente na sociedade.
Como bem nos ensina Maturana:

Vivemos uma cultura que valida a competição e a luta, e frequentemente


dizemos que a democracia é a livre disputa pelo poder. Isso é um erro […]
Não existem a competição sadia nem a disputa fraterna […] nossa tarefa é
fazer da democracia uma convivência fundada no respeito que reconhece
a legitimidade do outro num projeto comum, na realização do qual a
pobreza e o abuso são erros que podem e devem ser corrigidos.”
(MATURANA, 2004, p.75).

Isso só é possível se retomarmos a patamares lógicos de uma profissão,


considerando os avanços e conquistas que nesse horizonte são válidos, tanto
teóricos como metodológicos. Estudos como de Payne (1997) e de Peláez (2011)
mostram como recuperar a legitimidade profissional do trabalho com pessoas,
grupos, comunidades, organizações profissionalmente, e não confundindo ações de
militância e hegemonia que só pregam ideais e não fazem nada efetivo de forma
congruente, mais cultura profissional, menos cultura ideológica-politica-partidária.

22
17ª Tese. Nesse sentido, a pluralidade da empatia contribui significativamente
para esse fim de recuperar os rumos e a natureza profissional do Serviço Social
no Brasil. Portanto a pluralidade empática deve alargar e não restringir a
comunicação com outras corretes de pensamento, permitir que as pessoas
sejam livres para beber na fonte que desejam, respeitando esses valores universais,
éticos e profissionais, e de uma visão do ser humana integral (mente, corpo, alma,
espírito, social, ecológico, etc.). Com isso, dar-se-á concretude a um viver plural de
fato, respeitado o outro como legítimo, principalmente como ele é diferente, logo,
sem restringir, constranger ou rotular esse ou aquele ponto de vista.
É necessário romper com a visão e o discurso maniqueísta que reina entre
nós, com o uso e aplicação equivocada de uma teoria critica discriminatória, pois se
gerou uma crença na profissão de ser marxista é ser do bem, e defender outra
corrente de pensamento é ser do mal, maniqueísmo puro. Isso confunde as novas
gerações e cria um pensar de ressentimento e de antagonismo violento regado de
ignorância com ar de sapiência, ao ponto de alguns alimentarem a crença de que
para ser assistente social de “verdade” tem que ser marxista, caso contrário, será
um falso profissional.
Com isso têm sido gerados - no cotidiano da formação e da prática
profissional - uma cultura e um imaginário social, onde, de forma mágica, só basta
dizer que é marxista e repetir as palavras de ordem que descrevem esse tipo de
profissional, elevando sua reputação, credibilidade, aceitação e, consequentemente,
causando uma revolução (mesmo que na prática nada esteja mudando e o discurso
e a ideia fiquem só no campo do discurso e da pura e simples ideia). Afirmam que
não tem como não ser marxista (esquizofrenia intelectual pura), e que fora do
marxismo não há salvação.
Dizem, que as mazelas e problemas da profissão (perde postos de trabalho),
é fruto da manipulação dos conservadores, pois agora a modinha intelectual do
momento inteligentinha da vez, é dizer que os culpados são os neoconservadores,
ou seja, todos os que não professam a mesma fé marxista. E com uma facilidade
muito grande, as pessoas e profissionais que não comungam dessa hegemonia, são
taxados de fascistas e amedrontados pela ideia de que devem ser eliminados e
combatidos. Além disso muitos intelectuais têm conclamado a categoria a uma
atitude agressiva e truculenta luta declarada contra os opositores hereges da

23
hegemonia, a exemplo de Guerra (2013), o qual acredita que a preocupação com a
ação prática seja um defeito conservador e pragmático, que precisa ser combatido e
purificado, ou seja: “a teoria crítica de Marx tem que driblar seus ataques e se
depurar de suas contaminações” (GUERRA, 2013, p.46).
Isso é fruto de uma pluralidade que não existe, ou no mínimo de uma
pluralidade simpática que vê no diferente, face a esse perigo de contaminação, que
o mesmo deve ser combatido e tem de ser purificado pois é imundo e pode
contaminar a pureza do pensamento revolucionário altamente intelectualizado, com
esse maldito vírus do querer encontrar ações concretas e efetivas para gerar
congruentemente os resultados objetivos para os seus clientes, onde o melhor
mesmo, é fazer uma análise critica marxista de conjuntura, e só, pois afinal de
contas, se preocupar com o COMO FAZER é coisa ruim, é para impuros e
contaminados.
É preciso resgatar a capacidade de comunicação com outros saberes, da
maturidade intelectual, da honestidade epistemológica coerente e factível, e saber
aceitar e permitir o dialogo sem essa cultura e linguagem da discórdia, da luta que
requer manter o poder hegemônico a todo custo (os fins justificam os meios), o que
precisa mesmo ser combatido é essa epsitemofobia que esta tomando conta de
nossa profissão no Brasil, é preciso então que se cultive o amor biológico proposto
por Maturana, que a meu ver seria um amor político da convivência, ou seja: “
Uma sociedade, [ou profissão, Serviço Social] na qual se acaba o amor entre
seus membros, se desintegra [...] Ser social envolve sempre ir com o outro, e só se
vai livremente com quem se ama.” (MATURANA, 1999, p.206). E amar aqui não
se restringe ao amor romântico, religioso, mas do respeito ao outro, ao seu querer e
as suas escolhas, pois por mais paradoxal que possa parecer, a atual hegemonia
vive também essa contradição, defende tanto o direito e aceitação de segmentos
minoritários como gays, lesbicas, trans, etc. mas se alguém ousa adotar em sua vida
profissional algo que não seja a cartilha marxista é logo considerado impuro, ou uma
pessoa doente, que sofre de compulsão na busca de ações praticas, como destaca
Guerra (2013, p.46) sobre a suposta invasão do pragmatismo no marxismo que é
decorrente de uma “[...] compulsão por teorias de resultados ou “ teorias de ação.”,
precisamos parar com essa trajetória autodestrutiva em que o Serviço Social está
rumando.

24
18ª Tese. Devemos ampliar os espaços de atuação profissional e não
restringi-los. Muito menos ficar só criticando sem se colocar ou propor nada no
lugar. Chega dessa epistemologia gafanhoto (não plantam, mas comem tudo
deixando um rastro de destruição), ou seja, dessa crítica de tudo e de todos, como
se tudo estivesse errado. Fomenta-se toda atividade profissional, que não seja
militante (pelo menos no discurso) só reitera o idealismo e a lógica capitalista, a
exemplo de quem trabalha em Organizações empresariais, mas não se propõe nada
no lugar, são apenas palavras panfletárias de “temos que resistir”, “temos que lutar
contra o avanço neoconservador” da profissão, “temos que eliminar os compulsivos
pela prática”, “temos que driblar os ataques” etc.
Um bom exemplo disso é o caso da área Serviço Social Clínico, que em
outros países da Europa e alguns da America Latina, a exemplo da Argentina, já há
algum tempo, estão abrindo esse espaço e preparando os profissionais para
atuarem nessa área. Isso também já tem sido feito com maior tradição na cultura
norte-américa.
É preciso apoiar, sistematizar, capacitar e normatizar esse espaço profissional
tão importante e significativo e não ficar restringindo e até constrangendo e
humilhando profissionais que queiram trabalhar nessa área. Esse boicote acontece
em nome de uma pseudo crítica, de pessoas que só vivem da teoria nos berços
esplêndidos da academia, sem nunca terem exercido a prática profissional e se
acham capazes de opinar sobre tudo, nesse caso, do Serviço Social Clínico,
alegando-se que a abordagem clínica é positivista e fragmenta o atendimento e
reforça o idealismo e lógica do capitalista, da burguesia, e fere o tal projeto ético
político, em outros termos, são “[...] formas distintas e inconciliáveis de fazer e
compreender a profissão e a sociedade [...] (OLIVEIRA, et.all, 2004, p. 11). Além
disso, caracteriza-se como sendo uma crítica rasa, superficial, preconceituosa,
antiprofissional e puramente ideológica-partidária, pois enquanto isso, espaços
profissionais históricos como do INSS exclui de seu quadro a nossa categoria, por
que será? Além do que, é evidente e notório que o campo comportamental - e
principalmente o campo das doenças mentais e emocionais - cada vez mais
emergem com força na sociedade do século XXI, necessitando de organizações e
profissionais capacitados para esse atendimento especializado. Mas para isso é
preciso preparar profissionais para humanamente e profissionalmente dar o devido
tratamento e atenção, em outros termos, numa era onde as doenças emocionais se

25
alargam e o atendimento individual deixa de ser um processo fragmentado para ser
um direito humano ampliado e de respeito à vida e atenção integral à pessoa, não
podemos restringir as possibilidades de atuação profissional.
Pois não tem cabimento uma categoria profissional permitir que uma minoria
dite as regras do que pode ou não pode fazer, pois a centralidade da ação e do
conhecer do Serviço Social deve ser, como sempre foi, e sempre será, entender a
pessoa e o seu meio para, assim, criar ações concretas de bem-estar para si com
vistas a mudar o seu meio ambiente e coletividade.
Além disso, deve atingir patamares de democracia, civilidade, dignidade e
justiça, e isso só pode ser feito quando as organizações de representação da
categoria assumirem de fato o seu papel de qualificar, ampliar e dar condições legais
e educativas e formação continuada para os seus profissionais e deixar de ficar
levantando bandeiras que nada agregam a esse papel real que eles têm que
assumir.
No caso da abordagem clínica, o Conselho Federal deverá criar condições
legais e junto com as Faculdades e Universidades, criar um curso que qualifique e
profissionalize os assistentes sociais a atuarem nessa área com respaldo técnico,
legal e cientifico. O mesmo deve ser feito para as áreas de assessoria e consultoria,
pois é preciso ampliar e não restringir, nada justifica esse bloqueio.
Ideologias e teorias que não podem ser colocadas na prática, só pagam os
salários dos formuladores, sendo que profissionais que estão no mercado na lida
dura cotidiana da prática, precisam mais do que meras teorias e bravatas
pretensamente carregas de verdades tidas como absolutas e dogmáticas, pois no
final do mês as contas tem que ser pagas. Precisamos de mais espaços de trabalho
e de menos ideologia vazia e sem sentido.

19ª Tese. Precisamos tratar questões como a educação a distância- EaD -


como forma legítima de formação profissional adequada para quem dela optar, em
vez de desqualificar, zombar e execrar quem dela opta como modo de formação e
de trabalho. É preciso exigir, assim como dos cursos presencias, a qualidade do
processo de formação, seja das aulas, do estágio e do TCC. Essa qualidade deve
ser plural empática, interdisciplinar, com instrumentais e elementos técnicos-
operativos de fato congruentes, com acesso a teorias e metodologias de intervenção
efetivas.

26
Sobretudo, é urgente cultivar uma formação continuada e uma postura de
saber aceitar e respeitar, entre outras coisas, essa modalidade EaD como legítima,
sem fazer o escárnio e a execração sistemática e pueril que tem sido feito, mais
eivada de preconceito e de uma crítica obtusa do que dados e argumentos teóricos
consistentes. A exemplo disso, tem-se os documentos e as campanhas realizadas
pelos Conselho Federal e Regionais. A campanha “Diga Não EaD Educação não é
Fast-food” foi impugnada pela Justiça Federal da 3ª Região, através da decisão do
juiz federal Haroldo Nader, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas,
(CAUTELAR INOMINADA 0009128-57.2011.403.6105) por ser considerada ofensiva
e discriminatória, uma vez que "expõe os consumidores deste método ao ridículo,
tratando-os como pessoas de pouca inteligência e discernimento". Mas a defesa de
outros segmentos se branda à democracia, ao respeito, aos direitos humanos etc., E
atenção: isso tudo tem sido feito com o nosso dinheiro e contribuição de anuidades
caras e que muitas vezes não dão nenhum retorno efetivo para a categoria, mas
paga as viagens, as bandeiras e as campanhas ideológicas que não expressam com
certeza a ampla maioria dos profissionais. Tem de fato, apenas servido para
alimentar e disseminar essa cultura de uma profissão militante, que defende a causa
de todas as minorias, menos a da nossa profissão, e o pouco que fazem é com base
numa hegemonia que ignora totalmente a realidade de uma ampla maioria
profissional e que, infelizmente, cala-se face às atrocidades que estamos vivendo
em nosso país.
Nesse sentido, tanto aos alunos quanto os profissionais desse campo da EaD
estão sendo rotulados e estigmatizados como se fosse uma formação desqualificada
e uma modalidade que não forma, muitas vezes até não considerando como
formação, como se o modo presencial, tanto em instituições públicas quanto
privadas, fosse de altíssimo nível e a única forma e maneira de se formar
Profissionais, os resultados do último Enad (2016) estão mostrando bem o contrario.
É preciso considerar que essa população da EaD já é hoje um número maior
e será em pouco tempo a maioria de profissionais, em termos quantitativos, o que
tem levado alguns dos críticos mais argutos a mudarem repentinamente de opinião e
estão agora lecionando em instituições Ead, como se nunca tivessem feito nenhuma
crítica a essa categoria.
Contudo, muita ATENÇÃO, os objetivos dessa repentina mudança se
desdobra em duas: a) continuar a vender a ideia doutrinária da hegemonia de

27
profissionais militantes e dar continuidade à formação de novos adeptos e
seguidores do pensamento hegemônico, e é lógico, garantir a continuidade da venda
de seus livros e convites para palestras; e b) tentar neutralizar uma possível
“ofensiva” desses futuros profissionais, quem vêm com outra mentalidade e já estão
questionando com maior rigor essa doutrinação descabida que existe na profissão e
poderiam (e espero que isso se torne uma realidade um dia) ser a nova geração de
lideranças dos quadros políticos do Serviço Social Brasileiro, abalando os alicerces
da dita hegemonia. .
Logo, como não foi possível remover e acabar com essa modalidade, como
tentaram em vão, a máxima “se não pode vencê-los, junte-se a eles” aqui está sendo
aplicada na íntegra. O medo desse grupo de que profissionais formados na
modalidade EaD, que hoje já estão se tornando maioria, ter força para reivindicar
uma Reforma ou uma legítima virada teórica, metodológica e profissional é iminente,
daí o “sacrifício” de atender a demanda e apesar da contradição, esses críticos
contumazes da EaD estão agora enamorados com essa população, procurando
agradar a gregos e troianos, pois ainda em palestras onde o público exige uma fala
politicamente correta (criticar a Ead) a critica é “dura”, como: “a Ead é culpada pela
mercantilização da educação, da precarização do trabalho docente, e não pode ser
considerada como uma formação, etc”.
Mas quando o público é de maioria EaD, por um passe de mágica, nem se
quer essas críticas são mencionadas! Bando de hipócritas, isso sim, pseudo-
intelectuais ignorantes que nem estudam as bases e fundamentos da EaD, não
conseguem nem sequer seguir o bom exemplo do seu mestre, Marx, que fez críticas
ao capitalismo, mas antes leu os grandes pensadores que formularam e deram as
bases de sua teoria critica.
Mas o pior é que, de forma dissimulada, isso é feito como se nunca tivessem
criticado essa modalidade. Há ainda outros intelectuais militantes, conhecidos
nacionalmente por sua crítica austera a tudo que vem do capitalismo, mas que
quando questionados sobre a modalidade EaD, não fazem críticas para não
comprometerem sua imagem, e é claro, a venda de seus livros e de suas palestras.
Outros grupos, de forma esdrúxula, dizem fazer debates sobre o tema, mas nos
“debates” só tem pessoas com a mesma crítica e a mesma visão. As pessoas que
trabalham na EaD não têm oportunidade de apresentarem seu ponto de vista,
ficando uma única visão, onde que isso é debate¿.

28
Depois dizem que não existe em curso uma ditadura ideológica no Serviço
Social. Por fim, mais triste ainda, é ver representantes do Conselho Federal usando
os nossos recursos para participarem de debates públicos, como em audiências
públicas Federais, totalmente despreparadas, só com bravatas enfadonhas e
ladainhas e lamentos sem consistência, mostrando para as autoridades o
despreparo de uma categoria que quer estabelecer uma nova ordem societária, só
repetindo lamentos e lamúrias do pensamento hegemônico, ignorando dados
concretos como os dos resultados recentes do Enad em que alunos da EaD tiveram
melhores notas do que os presenciais, e de alunos da EaD que têm passado nos
primeiros lugares em concursos públicos.
Essas constatações fazem com que tenhamos que ser honestos, vigilantes e
sóbrios para entender e atender, e dar o devido apoio para a qualidade dessa
formação profissional, mas também de outras, e mudar drasticamente o modo de ver
e agir em relação à EaD e a esse tema da qualificação profissional. Nesse sentido,
podemos afirmar que a questão não é mais que “A EaD é incompatível com o
Serviço Social”, e sim qual a qualidade da educação e formação profissional que
queremos, seja ela EaD, presencial, pública ou privada. Precisamos de mais
EDUCAÇÃO e de menos DOUTRINAÇÃO.

20ª Tese. É preciso romper definitivamente e radicalmente com o


maniqueísmo, com a praga do politicamente correto, e assim romper com uma
trajetória de um profisicídio (suicídio-profissional) para o qual o Serviço Social
está caminhando no Brasil. É necessário também parar com a capacidade ímpar que
hoje é forçada em gerar novos ignorantes letrados, em que graduandos, pós-
graduandos e até mestres, doutores e pós-doutores, utilizam-se de um discurso e
uma eloquência intelectual em que se colocam acima do bem e do mal, impondo a
imensa categoria de profissionais que labuta na prática cotidiana, bem como de
jovens que ainda neófitos no campo intelectual e profissional, estão sendo
doutrinados (porque não é passado o que existe para dar a liberdade de escolha, já
são induzidos a uma única vertente e uma única matriz, só lei as mesmas coias, os
mesmo autores, e quando é passado outras abordagens, se coloca que a marxista é
tida como a melhor, a única e por tanto, sendo uma doutrinação e não educação) a
acreditarem em princípios, valores e teses que nem os que transmitem muitas
vezes acreditam de fato, e não convencem nem os seus vizinhos.

29
Tanto que um olhar mais apurado identificará que o que ensinam, muitas
vezes, não é o que vivem (é pelos frutos que conhecemos as árvores), isso por uma
questão de sobrevivência (identidade criptografada). Um dos piores ensinamentos
doutrinários é que o estudante e os profissionais devem ser militantes em seus
espaços profissionais, que outra profissão ensina isso nas faculdades¿
Por vezes tenho presenciado líderes profissionais e docentes dizerem em alto
e bom som “temos que defender o projeto ético-político do Serviço Social (leia-se
marxismo) mesmo que tenhamos que perder nosso emprego”. Isso deixou de ser
profissionalismo há muito tempo. Trata-se de um ativismo político-ideológico que usa
a profissão como pretexto e plataforma ( no dizer Althusseriano, um aparelhamento
da profissão) para disseminar suas teses e ganhar e doutrinar adeptos à sua causa,
pois suas práticas são bem diferentes de suas palavras, uma vez que não passam
de meros reprodutores, como papagaios de piratas de falas e discursos panfletários
que, em si, não dizem muita coisa, o por isso, para os que estão no limites da prática
profissional, gera angustia e desespero.
Além disso, têm pouca plausibilidade e credibilidade no mundo real, bem
como, menos adequação e possibilidade de se colocar essas ideias e propostas em
prática no cotidiano profissional. Esses espaços, profissionais, por si só já têm sérias
restrições e limitações reais (carne e osso) de atuação, e a situação vem piorando
com a falta de clareza e precisão de responder questões básicas e fundamentais
como: “o que faz o Serviço Social”, “como faz”, “quais os resultados esperados do
que faz” etc.
Para isso é preciso permitir uma formação ampla, plural, democrática (de
verdade e não fingida que está só nos discursos e no papel, mas na prática inexiste)
onde optar por outras visões, teorias, metodologias, paradigmas, como liberalismo,
conservadorismo, estruturalismo, positivismo, ecletismo, fenomenologia, sistemas,
complexidade, entre tantas outras, seja considerado como um exercício pleno de
diálogo entre saberes, necessário para entender o mundo atual, e encontrar
soluções efetivas para questões complexas. Isso só poderá ser feito com visões
diferentes, mas que tenham uma centralidade - como aqui defendido - na realização
do ser humano e as suas relações sociais.
Não se busca direcioná-las previamente e de forma sectária com ar de
salvação apocalíptica, como tem sido feito, mas sim por meio de um processo auto-
organizativo, em que as pessoas se abrem para essa escolha do tipo de sociedade

30
que querem. Nesse contexto, cabe ao profissional de Serviço Social ser um
mediador, decodificador no acesso e na compreensão das informações e nos
conhecimentos sociais relevantes para essa realização, cabendo aos órgãos
representativos do Serviço Social - Conselho Federal, Conselhos Regionais,
ABEPSS entre outros - agirem em conformidade ao seu real papel de defender os
interesses da profissão, seja na formação como no exercício profissional.
Chega de usar esses espaços para servir de interesse e plataforma
político-ideológica-partidária de segmentos que pregam o sectarismos e
discórdia entre as pessoas, mas que no fundo, defendem mais os seus próprios
interesses ideológicos e menos os interesses efetivamente profissionais, como
outras categorias fazem. É preciso – urgentemente - fazer uma crítica e exigir uma
autocrítica dessas lideranças sobre esses posicionamentos, e não considerar que
todos sejam obrigados a seguir a mesma direção, calados, sem pensar e sem serem
respeitados por sua discordância.
As representações não têm que defender todas as causas sociais, até porque
somos e devemos ser uma profissão, e não uma organização ativista, além do
que, não pagamos as anuidades (caras e sem retorno efetivo por sinal) para
alimentar e financiar uma postura e atitude de palanque e plataforma política,
partidária e ideológica, pois não cabe a uma profissão exercer esse papel orgânico
e mecanicista de vinculação a uma única ideologia ou posição política.
Como nos ensina o próprio Marx, as ideologias sempre geram “uma
consciência falsa”, pois no fundo servem só aos interesses de uma minoria que usa
a profissão, os espaços e organizações para impor sua ideologia e suas crenças
sem respeitar e sem considerar o seu real papel, que não é político partidário-
ideológico, nem de classe, nem de orientação sexual específica, muito menos de
posições partidárias, e de temas controversos e complexos como é o caso do
aborto, luta de classes, orientação sexual etc. Entretanto, tão somente de
posicionar adequadamente em defesa dos interesses dos profissionais, da
formação, do exercício profissional e do apoio e amparo aos profissionais no tocante
ao seu crescimento, condições de trabalho e garantia de seus direitos e deveres,
para uma prática profissional ética na defesa dos direitos humanos, da justiça e da
dignidade humana.
Portanto, buscamos mais defesa aos interesses profissionais e menos
uso e aparelhamento político partidário e ideológico da profissão, de seus

31
profissionais e de suas organizações representativas. Não interromper essa
trajetória pode levar a um verdadeiro profisuicídio. Bom exemplo é o que ocorreu
em setembro de 2017 em relação à área de Serviço Social no INSS. Mas claramente
a hegemonia joga a culpa no desmonte neoconservador, burguês, capitalista e
neoliberal. Será que é só isso?

21ª Tese. Nesse sentido, e considerando o percurso de mais de 80 anos de


Serviço Social no Brasil e mais 150 anos a nível mundial, hoje, dadas as novas
demandas sociais, o Serviço Social e seus profissionais devem e podem dar
continuidade ao que Mary Ellen Richmond vislumbrou (RICHMOND, 1922): sermos
artífices das relações sociais, e hoje de forma contextualizada, podemos
afirmar e sermos considerados como os profissionais Designers das relações
sociais (OLIVEIRA, 2017).
Por meio do projetar (Design) de serviços sociais que visam atender as reais
necessidades das pessoas - sejam elas de quais forem as classes, credos,
orientação sexual, religiosa - o que é importante é saber gerencias recursos, articular
forças e saber propor (desenhar, criar) projetos que contribuam efetivamente para a
sustentabilidade humana de seus clientes e usuários, procurando, sobretudo,
envolver e empoderar esses clientes para serem autores dessa projeção de ações
(projetos de intervenção social). Além disso é necessário encorajá-los a superarem o
mero consumo de serviços assistenciais.
Em relação ao assistente social, este deve ser mais do que um mero
repassador desses serviços e benefícios, é preciso ir além do mero repasse e
cadastramento, é necessário investigar e intervir na realidade que é apresentada
cotidianamente pelos seus clientes. O campo de maior crescimento e importância da
economia do século XXI é a área de serviços, logo, o Serviço Social, mesmo que
muitos não admitam - tem se especializado nesse campo. Os assistentes sociais
têm a capacidade de ser articuladores de acesso a informações e conhecimentos
que permitem aos cidadãos exercerem e utilizarem os seus direitos. A boa cidadania
se faz com informação, a qual precisa ser acessada, compreendida e utilizada.
A grande questão é que precisamos alinhar os processos de formação com
as demandas do cotidiano que a sociedade vem exigindo dos profissionais. E hoje o
design se torna uma das disciplinas e conhecimentos de maior importância para

32
essa finalidade (MEGICO, 2016, MAGOLIN, 2004, MAZZINI, 2008,
STICKDORN;SCHNEIDER,20014).
Devemos também alinhar a tradição clássica do Serviço Social aos avanços
de uma visão crítica,e com a criatividade de ação (MAZZINI, 2008), dar ouvido a
trabalhos fantásticos e visionários como da Profa. Úrsula, sobre “Serviço Social da
Era dos Serviços” (KARSCH, 1985), a qual já na década de 1980 visualizava o papel
fundamental do Serviço Social no contexto de um mundo já não apenas industrial
(século XIX), mas um mundo dos serviços, de resgaste da essência do Serviço
Social como profissão e como ciência.
Lembrar que essa formulação de uma profissão e uma ciência, feita por
Richmond (1917) deve considerar as novas demandas e áreas emergentes de
conhecimento, é possível e necessário rever a formação que atenda às
necessidades de uma era dos serviços e, principalmente, da formação de
profissionais que sejam verdadeiros designers dos serviços sociais de qualidade. É
necessária a valorização de outros pesquisadores, profissionais de outras práticas e
outras propostas que não sejam só da dita hegemonia. Consequentemente não será
necessária a luta e a purificação para garantir uma hegemonia, pois essa visão do
design sócio-humano tem como principal valorização a centralidade no ser humano
e na diversidade para encontrar soluções para problemas complexos.
Como bem nos ensina Tim Brown, uma dos maiores especialista em Design
da atualidade,

“O Design Thinking [modo de pensar dos designers] começa com


habilidades que os designers têm aprendido ao longo de várias décadas na
busca por estabelecer a correspondência entre as necessidades humanas
com os recursos técnicos disponíveis considerando as restrições práticas
[...] Ao integrar o desejável do pondo de vista humano ao tecnológico e
economicamente viável, os designers têm conseguido criar os produtos
(processos, serviços e estratégias) que usufruímos hoje.” (BROWN, 2010),

Porém isso só será possível se cultivarmos uma pluralidade empática, um


amor biológico e uma centralidade profissional no ser humano e termos a coragem e
honestidade de mudar e ampliar o diálogo numa ecologia efetiva de saberes.

33
22ª Tese. Com essa VISÃO DA REFORMA DO SERVIÇO SOCIAL, abre-se
outros horizontes. Entre eles podemos de fato sermos uma profissão que pode
atuar nas esferas tanto públicas, privadas e do terceiro setor, bem como, podemos
ser profissionais formais contratados, seja por concurso público, por carteira
registrada, como autônomos (consultoria e assessoria ou freelancer) entre outras
modalidades. Isso é possível pois as amarras ideológicas já não prendem mais o
profissional. Como já disse, ideologia não paga as contas no final do mês, nem
mesmo põe comida na mesa. Não tem classe trabalhadora para ajudar, você está
só. E nessa individualidade tem que dar conta de suas próprias necessidades, e isso
dentro dos seus reais limites e possibilidades, pois com isso e com essa postura, o
profissional sabe o que faz, como faz, para quem faz e quais os resultados que quer
atingir, além do que pode ser feito em qualquer espaço e atividade profissional, sem
o peso de ter que sustentar um discurso revolucionário em “defesa” de um projeto de
sociedade que não cabe a uma categoria profissional e muito menos a um
profissional. Pois na maioria das vezes, mal dá conta do básico e do cotidiano,
quanto mais de criar uma “nova ordem societária” e “garantir os diretos dos outros”.
Com a visão da Reforma do Serviço Social em prática, o profissional se
sentirá livre para fazer suas escolhas e ações pautadas em sua identidade
profissional e não em uma única classe ou um programa político-ideológico-
partidário. Com a Reforma, a preocupação será o atender ao ser humano e, com
isso, ficará livre para dialogar, viver e trocar saberes e experiências, além de buscar
a inovação contínua com outras áreas sem perder de vista a sua especificidade e
sua centralidade da realização do ser humano.
A sua missão universal é de melhorar o mundo em que está inserido (dentro
dos seus limites e possibilidades). Será possível dormir em paz, sabendo que está
fazendo o seu melhor dentro do seu possível, sem se frustrar por não conseguir
colocar em prática uma utopia impraticável e ilusória que não é profissional, muito
menos ser rotulado como conservador, neoliberal, positivista, funcionalista, eclético,
impuro e compulsivo por querer buscar respostas práticas e efetivas para sua ação
profissional. Tudo isso como se essas escolhas fossem uma heresia, uma blasfêmia,
uma doença, um pecado para a religião fundamentalista que se implantou no curso
com a visão da tal hegemonia, liberdade, liberdade, para ser profissional e não
militante de uma ideologia que não representa os valores da maioria.

34
Na realidade, essa maioria, com mais de 80%, tem alguma crença religiosa e
uma espiritualidade, sendo que a maior parte é cristã e, muitas vezes, tem que
engolir e ficar calada frente às teses que ferem suas crenças. Tais crenças não
devem ser vividas só nos templos, mas na vida cotidiana, o que é diferente de
proselitismo e doutrinação, pois a sociedade e o fazer profissional são laicos, mas
isso não quer dizer que tenhamos que abandonar os princípios, valores e crenças
que nos orientam. A religião e a espiritualidade são partes integrantes da vida do ser
humano e, por isso, devem ser expressadas e vividas em todos os espaços do viver
humano.
Do mesmo modo, a religião civil do marxismo tem sido disseminada e imposta
no Serviço Social. Desse modo, penso que se é para escolher um tipo de
doutrinação – religião por religião - prefiro a minha, o Cristianismo, uma
espiritualidade cristocêntrica que prega e vive o amor ágape (sacrifical), o amor de
acolhimento, do diálogo, do crescimento mútuo, da fraternidade, da busca pela paz e
não estimulando a guerra e discórdia.
Nesse sentido, não devemos calar o nosso crer com o nosso fazer, pois
ciência e religião sempre caminharam juntas, dialogando e contribuindo para a
compreensão da vida, na construção de sentidos e significados profundos em busca
do bem-comum e no horizonte de uma sociedade fraterna, de um novo céu e uma
nova terra de paz e respeito. Esses devem ser construídos no dia a dia com ações
concretas. Não devemos mais aceitar as críticas preconceituosas sobre as origens
de nossa profissão no campo religioso, as quais são parciais e ideologicamente
feitas para disseminar o ateísmo, e um secularismo disfarçado de laicismo e
pretensa racionalidade, em que alunos, professores e profissionais que procuram
defender sua fé e crença são humilhados por expressarem suas opções.
Lembremos (para você que é Cristão e não é um agente secreto do Reino de Deus)
que somos o que somos e seremos cobrados por isso. Como o próprio Cristo nos
adverte: “Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei
diante do meu Pai que está nos céus.” (Mateus 10:33).
Bem como o mesmo Jesus nos prometeu estar junto em todos os momentos,
“ Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mateus, 28,20), em
outros termos, a religião e a espiritualidade saudável contribuem para dar força e
esperança aos profissionais para o enfrentamento das demandas cada vez mais
duras, complexas e cruéis, e também para uma melhor compreensão dos

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fenômenos religiosos como categoria social de estudo. Cristãos assistentes sociais,
vamos acordar.
É preciso evidenciar que a religião não morreu, ao contrário, prolifera e se
expressa de várias formas e afeta profundamente o viver em sociedade e o campo
social. Nesse sentido, e como fenômeno social, deve ser vista e vivida com
liberdade, sobriedade e equilíbrio, e o indivíduo não deve ser reprimido e
desqualificado como tem sido, pois os tempos podem ser líquidos, mas os
desafios são extremamente sólidos.
Precisamos transcender com inteligência e sabedoria a frieza do
materialismo, o reducionismo histórico e científico e o determinismo ortodoxo do
político-ideológico que limitam nossa cosmovisão, pois a vida pode e deve ser
diferente. Precisamos ter fé, esperança em um ser humano e em um mundo melhor.
Não podemos permitir que esses valores sejam solapados em nome de um projeto
ideológico e político ateísta, disfarçado em ciência e racionalidade humanística, que
pede que você anule sua vida em prol de uma ordem societária que é contrária às
suas crenças e valores. Na verdade, pedem que você deixe sua religião e sua
espiritualidade e abrace uma religião secular e civil (PAIM, 2009).
Devemos ser profissionais, mas não podemos deixar de ser o que somos e de
crer no que cremos, até por que em outros países mais desenvolvidos, essa
temática é trabalhada entendendo que a fé, assim como a ciência, são linguagens
diferentes, mas não precisam competir ou se excluir (HARRISON, 2017). Além
disso, questões históricas, como o suposto antagonismo entre criacionismo e
evolucionismo, mostram-se falsas, podendo contribuir significativamente para uma
leitura de mundo e vida (ALEXANDER, 2017). Isso torna-se tão necessário para um
mundo cada vez mais desorientado, que requer a cada dia, com humildade e
honestidade, um olhar sempre pra frente, mas com uma análise do seu passado e a
correção dos erros e falhas para a construção de um futuro que bate à nossa porta a
cada manhã.

23ª Tese. O SERVIÇO SOCIAL NO SÉCULO XXI pode e deve ser UMA
CIÊNCIA SOCIAL APLICADA NA GESTÃO DO DESIGN DE SERVIÇOS SOCIAIS
para o bem-estar e sustentabilidade humana. Tal ciência usa o método de
trabalho unificado e integrado (investigação e intervenção) para estudar, projetar,
prototipar, aplicar (executar) e avaliar projetos de serviços sociais, tanto em

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organizações do primeiro, segundo e terceiro setor, sempre tendo como foco e
centralidade o ser humano - principalmente o ser humano e risco e vulnerabilidade
social. Além disso possui a finalidade de gerar ações (serviços) tanto no nível macro
(institucional e organizacional), meso (para grupos e comunidades) e micro (para
pessoas). Objetiva, também, gerar formas interativas de melhorar sua qualidade de
vida, o exercício de sua cidadania, do seu bem-estar e sua participação e
responsabilidade de mudar a sua vida e da sociedade em que está inserido. Possui
uma cosmovisão integral e integrada, considerando os vários aspectos do viver
humano em uma sociedade paradoxal, complexa, líquida - mas de problemas
sólidos - que requer inteligência, estratégias, ações condizentes, adequadas e
eficientes para sua finalidade maior: o bem-estar humano, a justiça, a dignidade e
preservando os direitos humanos.
Para alcançar isso, deve ser uma profissão com profissionais a serviço da
humanidade, do bem estar e da realização de todos que necessitem de seu tralho e
seu modo peculiar de ler o mundo e intervir nela. Outra forma é por meio da gestão
de informações, conhecimentos e o design de serviços que contribuam para
impactar a vida de seus clientes, e que seus clientes contribuam e influenciem o
meio em que eles estão inseridos. Consequentemente, espera-se que essa
influência e impacto gerem um processo autopoiético de mudança nas
coordenações do modo de viver de cada pessoa, visando ao bem comum a partir de
sua sustentabilidade humana e realização pessoal e coletiva.
Reformar o Serviço Social Brasileiro, hoje, é lembrar que somos e
devemos sempre ser uma profissão e uma ciência. CIÊNCIA que investiga a
realidade com criticidade, mas com a finalidade de conhecer para intervir, e intervir
para mudar, (pessoas, grupos comunidades, organizações). Não basta ficar só
analisando a realidade, mas deve-se viver e exercitar uma pluralidade empática,
uma ecologia de saberes, um processo dialógico, mais do que dialético. Ademais, é
preciso saber apresentar estratégias e ações concretas que gerem impactos e
efetividade dos seus serviços na vida das pessoas e dê sentido, significado e
credibilidade profissional junto à sociedade.
Busca-se uma PROFISSÃO, aquela com o verdadeiro modo de conhecer a
realidade (praxipraglogica = práxis = ação pensada + pragma = ação feita).
Precisamos também ter clareza em definir que a profissão veio para intervir na
realidade humano-social, a fim de contribuir para que as pessoas, grupos,

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comunidades e organizações tenham acesso e compreensão de informações
socialmente relevantes e que possam desenhar seus projetos de vida e de
enfrentamento das lutas cotidianas e conquistar o seu bem-estar, além de sua
sustentabilidade humana (capital e inteligência humana, informação e
conhecimento), capital e inteligência espiritual (transcender ao material e
determinismo histórico), capital e inteligência emocional (empatia e autocontrole),
capital e inteligência social (cooperação e solidariedade) (OLIVEIRA, 2013, p. 67).
Isso deve acontecer por meio de processos inovadores, integrais e integrados
e, com isso, os quais contribuam efetivamente para a construção de uma sociedade,
com ações dentro de seus limites profissionais, cada vez mais democrática, justa e
digna de viver e de o ser humano se desenvolver como ser integral e integrado. A
centralidade, como nos ensinou Mary Ellen Richmond (1917) há cem anos, é o ser
humano e sua realização, como ela mesma afirma: “É em cada uma das relações
sociais do homem que a sua história mental está principalmente escrita, e é nas
relações sociais igualmente que as causas dos infortúnios que ameaçam a sua
felicidade, a realização desta e os meios para assegurar o seu restabelecimento,
devem ser principalmente procurados.” (RICHMOND, 1950, p. 4)[grifo nosso].
Se considerarmos os paradoxos da busca pela felicidade (LIPOVETSKY,
2007) e do esforço global de busca pela mudança da lógica do BIP (Bruto Interno
Bruto) pelo FIB (Felicidade Interna Bruta), percebe-se que felicidade não é comprada
e nem balizada pela lógica alienada de consumo (SENNETT, 1999, 2006), mas pela
conquista de direitos e de uma cultura de reciprocidade e busca do bem
comum. Dessa forma, pode-se dizer que felicidade deve ser construída e
conquista (OLIVEIRA, 2016) e o Serviço Social pode ser uma das disciplinas de
maior importância e contribuição para esse fim, pois vemos que a principal
importância dessa VISÃO DE REFORMA DO SERVIÇO SOCIAL a partir do resgate
de sua origem e natureza como profissão interventiva e ciência social da vida e das
relações sociais é a busca e a centralidade da realização do ser humano.
Pois, antes de tudo, precisamos honrar a vida e a memória de personagens
como Mary Ellen Richmond e Balbina Ottoni Vieira, as quais foram precursoras de
uma profissão e uma ciência chamada Serviço Social, e honrar os sacrifícios feitos
por essas pioneiras e termos o sentimento e dever de dar continuidade a sua obra,
que em grande parte foi distorcida no Brasil. Essa obra, nos lembra bem uma das
poucas estudiosas do pensamento de Richmond no Brasil, Profa. Ilda Lopes, ainda

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está em aberto, pois “Ler Richmond, com olhos voltados para os desafios que
enfrenta!... escava não só o solo fundante da disciplina, mas faz reescrever um
novo texto, concluindo-se que existe uma obra ainda inacabada para o Serviço
Social” (SILVA, 2004, p103) [grifo nosso].

PRINCIPAIS CONCLUSÕES E SUGESTÕES SOBRE AS 23 TESES


A proposta das 23 teses pela REFORMA DO SERVIÇO SOCIAL
BRASILEIRO não é refundar, não é um saudosismo cinzento e nostálgico do Serviço
Social clássico, não é um chamado antimarxista, ou anti qualquer coisa. É, antes de
tudo, um chamado e apelo para o diálogo, para a inclusão e bom-senso, a
autocrítica, a humildade e a honestidade de reconhecer erros, e a sabedoria em
traçar novos rumos, novas possibilidades, novos arranjos e redes de saberes e
fazeres profissionais. Tudo isso pela busca de soluções inovadoras para questões
complexas onde o trato individual não se restringe a uma visão individualista, mas
como uma possibilidade estratégica de alcançar horizontes coletivos, através do
empoderamento dos sujeitos.
Que a presente proposta possa provocar positivamente para esse diálogo e
para encontrarmos alternativas que levem o Serviço Social Brasileiro como uma das
profissões mais significativas do século XXI. E além disso, vermos ela ser incluída
como disciplina indispensável no quadro de organizações de vital importância para a
vida em sociedade e não como temos visto, ser excluída como disciplina
dispensável. Mais do que qualquer coisa, isso não depende só de estruturas, de
classes políticas e de governos. Assim como uma atividade de caridade se tornou
uma ciência e uma profissão, pelo exemplo e esforço de pioneiros como Richmond,
acredito que hoje também podemos reverter essa trajetória e que assim as
colocações aqui descritas contribuam.
Finalizo com uma mensagem e algumas sugestões de como consultar e
melhor utilizar esse material. A mensagem é uma reprodução de um grande achado
revelado pela Profa. Ilda Lopes numa palestra proferida na Unioeste em Toledo, PR,
em setembro de 2016, em comemoração ao 155º ano de nascimento de Mary Ellem
Richmond. Na ocasião, a professora lembrou que um dos primeiro símbolos do
Serviço Social foi criado por Richmond, em 1927, e nele continha uma mensagem,
como mostra a figura 01, que traduzindo seria: “A tocha que vai de mão em mão e
de geração em geração”.

39
Que possamos ser essa geração a qual sabe resgatar e reformar (consertar
e manter como o original, tirando o que foi distorcido) e que, além de dar a sanidade
e natureza a uma profissão e ciência, possamos ter sabedoria para não cometer os
mesmos erros, como os que foram realizados na reconceituação. Entre eles o erro
de jogar fora e desprezar toda uma construção profissional sem filtrar o que poderia
ser reformado. Precisamos cuidar para não cair no extremo, como estamos hoje, de
um ativismo político-partidário-ideológico que não coaduna com uma profissão que
quer ser significativa e atuante em seu tempo. Que, assim, possamos ser essa
geração que aprofunda, aprimora e redesenha o Serviço social no contexto e
cenário que se mostra líquido, mas com problemas tão sólidos e complexos, e
saibamos passar essa tocha as futuras gerações de profissionais, sabendo honrar a
memória e o trabalho de nossos antecessores.

Fonte: RICHMOND, Mary E. Diagnóstico Social. Tradução por


Dr. José Alberto de Farias, Lisboa: Instituto Superior de Higiene,
1950.

SUGESTÕES PARA MELHOR UTILIZAR AS 23 TESES PARA REFORMA


PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO.

 Leia com criticidade, mas com mente e coração aberto;

40
 Compartilhe, pondere, veja se existe coerência e com o que
você concorda ou discorda;
 Com aquilo que você concorda, procure acrescentar outras
propostas, com o que você discorda, seja prudente e coloque algo no lugar.
Não seja um crítico gafanhoto, que critica por criticar e só pensa em destruir
sem pôr nada no lugar do que foi destruído. Se você observar aqui, eu fiz
esse exercício, critiquei, mas fiz propostas sobre o que critiquei, creio que,
assim, podemos cultivar uma relação dialógica, e não meramente dialética;
 Crie, se possível, grupos de estudos e redes de diálogo;
 Entre nos canais de comunicação que estou criando para
expressar sua opinião e sugestões de encaminhamento. Não entre nesses
canais só para desqualificar ou simplesmente discordar por discordar. Saiba
criticar, mas também propor, seja qual for a sua posição política, ideológica e
teórica, pois quanto mais diferentes olhares tivermos, com intenção de
construir uma profissão, melhores serão as ideias e ações concretas que
surgirão. Contudo, se ficar só na crítica, não será um diálogo, mas um bate
boca sem frutos concretos, nesse sentido, não desperdício o seu e o meu
tempo, vá bater boca e bater na mesa filosófica de botecos, o que quero é um
dialogo inteligente, bem fundamentado;
 No que você e seu grupo concordarem, mandem cartas,
manifestos e solicitações para as organizações aqui citadas e outras
especificas de sua região. Envie também cartas de apoio. Esse tipo de
manifestação será bem-vinda. Sobretudo, dê sugestões concretas e objetivas
para mudarmos o rumo de nossa profissão no Brasil;
 Lembre-se: crítica pela crítica sem proposição é mera disputa
estéril sem razão. Vamos praticar o que aqui sinalizei como pluralidade
empática. Coloque-se em meu lugar, imagine por que escrevi todas essas
coisas, pelo que eu e tantos outros profissionais temos passado, e também o
porquê desse sentimento de urgência de uma Reforma Profissional do
Serviço Social Brasileiro e da urgência do resgate de sua
profissionalização.

41
Finalizando esse espaço de sugestões e melhor aproveitamento desse
material, lembremos o que o grande educador Paulo Frei nos deixou de
legado.

“ É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o


que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua
fala seja a tua prática.”

Que ao resgatar a nossa identidade profissional, possamos sempre nos


lembrar dessa visão de congruência, pois ao contrario, temo que
seguiremos rumo a um vazio sem sentido, de discursos revolucionários
eloquentes de baixa credibilidade pela constatação de seus frutos e
incoerências. Rumo a uma Reforma Profissional e Científica do Serviço
Social Brasileiro, mais profissão, menos ideologia, mais educação e
menos doutrinação.

CANAIS DE COMUNICAÇÃO

FACEBOOK: https://www.facebook.com/23tesesparareforma/

YOUTUBE: 23tesespararefomass@gmail.com

EMAIL: 23tesespararefomass@gmail.com

Sei que não é uma tarefa muito fácil, mas como diz um provérbio Africano:

“Se você quiser ir rápido, vá sozinho, se quiser ir longe, vá acompanhado”. Eu


quero ir longe e profundo, então não quero ir sozinho. Vamos nessa?

BREVE BIOGRÁFIA E CURRÍCULO RESUMIDO DO AUTOR


(“Tudo é dito por um observador”)

42
Observador = Edson Marques Oliveira,

Nasceu em Poções, Bahia, em 27 de abril de 1964, mas foi naturalizado e


cresceu em São Paulo, SP. É casado com Marta e tem dois filhos, Gabriel e Louise.
É cristão membro da Igreja Evangélica Livre de Toledo-PR e membro da ABC2
Associação Brasileira de Cristãos na Ciência. Morou toda sua infância, adolescência
e grande parte de sua juventude na periferia de São Paulo-SP, na Zona Norte, no
bairro do Jardim Ceci, próximo da Vila Nova Cachoerinha. Seus estudos primeiros e
secundários foram em escolas públicas. Sabe sobre a pobreza e os desafios das
expressões da questão social não só de leitura, mas de vivência, afinal, “a vida não
ensina a ser forte, ela obriga” (autor desconhecido). Iniciou sua carreira no Serviço
Social quando fez a graduação em Serviço Social pela Faculdade Paulista de
Serviço Social de São Paulo-SP, obtendo o título de Bacharel em Serviço Social em
1989. Ao longo de sua graduação, participou ativamente como membro do diretório
acadêmico da FAPSS-SP e também do movimento estudantil SESSUNE, e como
conselheiro membro da Gestão de 1990 do Conselho Regional de SP. Antes fez
estágio supervisionado em várias áreas como: Educação, Saúde, Empresa,
Assistência Social e Habitação. Como assistente social, trabalhou na área da Saúde
Mental em São Paulo-SP, Recursos Humanos numa Empresa Metalúrgica
Multinacional Alemã, ZF do Brasil, em Sorocaba-SP onde também foi proprietário de
uma Consultoria denominada Simetria - Gestão Social e de Pessoas. Em 1994,
iniciou o mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, tendo concluído em 1996 com sua Dissertação sobre “Gestão da informação
na prática profissional do assistente social”. Ingressou na vida acadêmica em 1995
na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, campus de Toledo, e teve
passagem por outras unidades de ensino superior como Fasul, Facimed, Ulbra e
Unitins. Na Unioeste, além do cargo de docente, exerceu outras funções como

43
Assessor de Planejamento do campus de Toledo (1996), Diretor de Recursos
Humanos (1997-1999) e Diretor de Extensão (2010-2011). O doutorado foi realizado
em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
sendo sua tese defendida em 2004, com o tema “Empreendedorismo Social no
Brasil: fundamentos e estratégias”. Entre os desdobramentos desse estudo, criou
uma atividade de extensão, o Projeto Casulo Sócio-Tecnológico, que permitiu - com
essa experiência e aplicação do conhecimento no doutoramento – incubando duas
cooperativas para mulheres em risco e vulnerabilidade social, e publicou uma das
suas principais obras: “Empreendedorismo social: da teoria à prática e do sonho à
realidade”, pela editora Qualytimark, do Rio de Janeiro, em 2008. Outro fruto de sua
tese foi ter recebido o Prêmio Ethos/Valor de Responsabilidade Social Empresarial e
sustentabilidade em sua 7ª edição (junho de 2007), recebendo na ocasião, dois
troféus, um por estar entre os três melhores do Brasil, e outro por ser o melhor entre
os três finalistas. Como produto desse trabalho, criou uma disciplina de Núcleo de
Gestão Social e Inovação, trazendo para o Serviço Social o diálogo com outras
ferramentas e abordagens de gestão humana e organizacional, tais como:
empreendedorismo, sustentabilidade, responsabilidade social, economia social e
solidária, coaching, consultoria e assessoria e, mais recentemente, Design Thinking.
Realizou dois Pós-doutrados: em 2014 em Políticas Sociais, Trabalho e
Desigualdades, pelo CES, Universidade de Coimbra, Portugal, e, em 2015, no curso
de Administração na linha Inovação Organizacional na UFPR, que teve como base a
experiência de incubação de cooperativas e empreendimentos sociais. Os dois
estudos de pós-doutorado propiciaram a elaboração e publicação de um livro:
“Gestão de empreendimentos sociais solidários: vivências, experiências e
aprendizados”, publicado pela Edunioeste (no prelo previsto para 2017).
Completando sua formação, vem sempre buscando agregar novas abordagens que
coadunem com a perspectiva que vem trabalhando, de uma visão integral centrada
em atender o ser humano em suas reais necessidades, sempre fazendo conexões
com o Serviço Social e essas abordagens. Uma delas é a formação na área de
coaching, na qual tem três certificações: 1) Coach; 2) Trainer coaching - certificação
internacional em 2006 e 2007 respectivamente, ambas pela Lambent do Brasil e
membro do ICC Comunidade Internacional de Coaching, Inglaterra; 3)
Neurocoaching - certificação Internacional pelo Instituto Brasileiro de Coaching –
IBC, 2013.

44
Vem realizando experimentos e atendimento dessa abordagem e já
apresentou em congressos científicos, nacionais e internacionais, os resultados
desses experimentos e aplicações na área de Serviço Social e também uma
metodologia para o Serviço Social denominada de Coaching Social e de Método
Casulo Sócio-Tecnológico. Mais recentemente (2016), publicou o livro: “Coaching e
Sustentabilidade Humana: a arte e a ciência de ser feliz”, pela Ed. Appris de Curitiba,
em 2016.
Também fez duas formações especializas em Design Thinking, pela Escola
de TD de SP, e de PSYCH-K® basic. Atualmente (setembro de 2017) é professor
Associado do curso de graduação e mestrado em Serviço Social da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, campus de Toledo-PR. Tem experiência
na área de Gestão Social, RH, Políticas Públicas e Serviço Social, com ênfase em
Serviço Social do Trabalho, atuando principalmente junto aos seguintes
temas/áreas: empreendedorismo social, gestão serviços públicos, emancipação
social, responsabilidade social empresarial e administração de recursos humanos,
planejamento, gestão social, políticas públicas e assistência social, formação e
produção de material didático em Serviço Social EaD, coaching executivo, de vida,
carreira e social. Representou a Unioeste no Fórum Paranaense de Economia
Solidária e no Fórum Regional do Oeste do Paraná. Coordena o Programa Casulo
Sócio-Tecnológico e pesquisa sobre gestão e fracasso de empreendimentos sociais
solidários. Atua também na Extensão, coordenando o Programa Casulo Sócio-
Tecnológico de Apoio e desenvolvimento de gestão social, tecnologia social e
sustentabilidade, para pessoas e organizações do primeiro, segundo e terceiro setor,
com três linhas de ação: 1) incubação e inovação em gestão de empreendimentos e
tecnologias sociais, 2) assessoria e consutloria organizacional e pessoal em
desenvolvimento e sustentabildiade e 3) educação sócioempreendedora através de
eventos e cursos voltados para fomentar estratégias emancipatórias de geração de
trabalho e renda, economia solidária e tecnologia social e Sustentabilidade Humana
com base na neurociência, psicologia positiva, Design Thinking, bem-estar e
coaching social, executivo, de vida e carreira. É Líder do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Gestão Social, Inovação, Cultura & Religião - GESICUR e membro do
GEPEC. Sonha com um Serviço Social profissional e científico, e com uma cultural
e identidade profissional dialógica e de uma pluralidade empática efetiva, numa
perspectiva profissional, critica, criativa e inovadora.

45
Contatos: 55.45.999413948
Email: coacholiveira@hotmail.com

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