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Estilos Comunicacionais

Não existem duas pessoas que ajam exatamente da mesma forma. Todos têm
modos mais ou menos estáveis de comunicar.

Mesmo que se saiba comunicar com diferentes estilos, o padrão básico de


comunicação é razoavelmente fixo e imutável.

Neste sentido, poderemos afirmar que existem estilos de comunicação.


Estes estilos constituem uma forma pessoal de abordar a situação
interpessoal.

Todos temos estilos diferentes de abordagem, consoante as situações, mas há


um que prevalece sempre.

O estilo torna-se assim, como um elemento de eficácia dependente da situação


onde se aplica. É a utilização de um determinado estilo de forma
indiscriminada, que dá origem a problemas de natureza interpessoal.

A adequabilidade é, pois, a essência da comunicação ajustada.

A este nível podemos identificar quatro estilos principais de comunicação:


 Passivo;
 Agressivo;
 Manipulador;
 Assertivo
ESTILO ESTILO
PASSIVO AGRESSIVO

ESTILO ESTILO
MANIPULADOR ASSERTIVO

Todas as pessoas combinam estes estilos em diferentes graus.

No entanto as pesquisas revelam que o estilo assertivo tende a ser mais eficaz
que o agressivo e o passivo, obedecendo a uma lógica que pode ser projetada
pela metáfora: “é mais fácil atrair moscas com mel do que com vinagre”.

Esta tipologia é especialmente apropriada para situações que envolvem


alguma dose de conflito.

Entender os estilos pessoais de comunicação torna-se muito relevante uma vez


que alguns estilos comunicacionais podem constituir uma barreira à
comunicação e normalmente, “um comunicador com um estilo muito vincado
tem dificuldade em comunicar com alguém cujo estilo seja notoriamente
diferente” e é compreensível que as “pessoas sintam mais conforto ao
comunicarem com as pessoas que detenham estilos semelhantes aos seus”.

Para além disso, é muito importante ter em atenção que “as diferenças de
estilo podem resultar em dificuldades comunicacionais”, mas também podem
constituir “formas criativas de resolver problemas”.

Estilo agressivo

Descrição geral
A Agressividade observa-se através de comportamentos de ataque contra as
pessoas e os acontecimentos.

O agressivo necessita de submeter os outros. Fala alto, interrompe e faz muito


barulho, não permitindo que os outros exprimam a sua opinião.

Desgasta psicologicamente as pessoas que o rodeiam.

Pensa que é sempre o vencedor de tudo e de todos. Tem uma autoimagem


grandiosa de si mesmo.

Só não consegue perceber que, se na realidade ele fosse sempre o vencedor,


não necessitaria de ser agressivo.

É completamente cego no relacionamento com os outros. Sente-se como se


fosse o centro do universo. Vê os outros como planetas que gravitam à sua
volta.

Características

A pessoa que utiliza como padrão básico de funcionamento este estilo, tende a
agir como uma pessoa reivindicativa face aos outros. Age como se fosse
intocável e não tivesse falhas nem cometesse erros.

São pessoas com uma elevada necessidade de exibição das suas


competências, evidenciando padrões de comportamento que sugerem
superioridade face aos outros.

São excessivamente críticos.

Na relação com os outros tornam-se tirânicos a ponto de desprezarem os


sentimentos e direitos de quem os cerca. Emitem, de forma sistemática a
opinião que os outros são estúpidos ou ignorantes.
O objetivo principal do agressivo é ganhar aos outros. Não importa o quê, nem
como. O importante é a sensação de superioridade resultante do atropelo dos
direitos dos outros. O ganho através da humilhação é constante.

Exercem um controlo apertado sobre os comportamentos dos outros e não lhes


dão a possibilidade de defesa.

Dificilmente conseguem estabelecer relações confiáveis o que os torna em


indivíduos frustrados e angustiados com a vida. Apresentam de forma
sistemática a necessidade de se sentirem seguros.

Agridem porque se sentem constantemente ameaçados. São artificiais e


brutais na comunicação. É constante a queixa que não são compreendidos e
que os outros não gostam deles.

Atribuem aos outros imensos sentimentos de agressividade, desculpabilizando-


se assim dos seus sentimentos de hostilidade.

O agressivo procura:
 Dominar os outros;
 Valorizar-se à custa dos outros;
 Ignorar e desvalorizar de forma sistemática o que os outros fazem ou
dizem.

Em grupo

 Quando hierarquicamente superiores, pautam o seu comportamento


pelo autoritarismo, frieza, menosprezo e intolerância. São os ditadores
de bolso.
 Quando hierarquicamente inferiores são contestatários, hostis e contra
tudo e contra todos.

Sinais Clínicos
 Fala alto;
 Interrompe constantemente;
 Faz barulho para evitar que os membros do grupo se pronunciem;
 Incontrolado quando comunica;
 Olha de revés o seu interlocutor;
 Usa a ironia e o sorriso sarcástico;
 Manifesta por mímica o seu desprezo pelos outros ou a sua
desaprovação;
 Usa imagens chocantes ou brutais quando comunica em grupo.

Ideias irracionais

 “Neste mundo é preciso um homem saber impor-se”;


 “Mais vale se lobo que cordeiro”;
 “Dos fracos não reza a história”;
 “As pessoas gostam de ser guiadas por alguém com um temperamento
forte”;
 “Se eu não tivesse aprendido a defender-me já tinha sido devorado há
muito tempo”;
 “Estou cercado por idiotas e imbecis”;
 “Só os fracos e hipersensíveis é que se sentem ofendidos e maltratados
por mim”.

O estilo Passivo

Descrição geral

A atitude passiva é uma atitude de evitamento perante as pessoas e os


acontecimentos. Em vez de se afirmar tranquilamente, o passivo afasta-se ou
submete-se; não age.
Porque não se afirma de forma clara, torna-se geralmente numa pessoa
ansiosa, apresentando com elevada frequência sintomas de natureza
psicossomática (dores de cabeça constantes, tremuras, sudorese elevada,
cansaço, irritabilidade, intranquilidade, etc.).

Sofre de insónias e tem um sono muito frágil. Apresenta frequentes idas ao


médico, sem contudo evidenciar uma doença clara.

O passivo não age porque tem medo das deceções. Tímido, ausente e
silencioso, ele nada faz.

Características

A caraterística mais acentuada assenta no facto do passivo se tornar, com


muita frequência, num explorado e vítima de tudo e de todos.

Raramente está em desacordo com o grupo e fala como se tudo dependesse


do destino ou dos outros.

Fala como se nada pudesse fazer por si próprio e pelos outros. Tende a ignorar
os seus direitos e os seus sentimentos. Evita os conflitos a todo custo.

Dificilmente diz não, quando lhe pedem alguma coisa, porque pretende agradar
a todos. Esquece-se com frequência que é impossível agradar a todos quando
estamos perante um conflito com solução.

A curto prazo, acaba por não agradar a ninguém porque, como é


frequentemente solicitado, não pode fazer tudo o que diz que quer fazer de
forma correta.

Tem muita dificuldade em dizer não e em afirmar as suas necessidades porque


é muito sensível às opiniões dos outros.

Em grupo:
 Sente-se bloqueado e paralisado quando lhe apresentam um problema
para resolver, evidenciando uma elevada falta de iniciativa;
 Tem medo de avançar ou de decidir porque receia a deceção. Presta
atenção aos aspetos negativos de todos os fenómenos. Isto leva-o a
efetuar numerosas antecipações negativas e a manter elevados padrões
de ansiedade debilitante.
 Tem medo de importunar os outros;
 Deixa que os outros abusem dele;
 A sua “cor” é a “cor “ do ambiente; Funciona como o “camaleão” do
grupo. Tem tendência a fundir-se com o grupo. Frequentemente refere
que se tratam de soluções realistas e adaptativas.

Sinais clínicos

 Roer a unhas;
 Mexer os músculos da face, rangendo os dentes;
 Bater com os dedos na mesa;
 Mexer frequentemente os pés;
 Apresenta-se ansioso, com uma postura “artificial” e estudada, com
elevada rigidez, o discurso é “decorado” e raramente apresenta a
espontaneidade ideal;
 Sofre de insónias e usa com frequência uma elevada quantidade de
fármacos, particularmente sedativos e ansiolíticos.

Ideias Irracionais

 “Não quero dramatizar a situação”;


 “É preciso deixar as pessoas à vontade”;
 “Não sou o único a lamentar-me”;
 “É preciso saber fazer concessões”;
 “Não gosto de atacar moinhos”;
 “Admito que os outros sejam diretos comigo, mas tenho receio de os
ferir”;
 “Não gosto de prolongar discussões com intervenções pouco
construtivas”.

Consequências comportamentais

 Desenvolve ressentimentos e rancores porque ao longo da sua


existência vai sentindo que está a ser explorado e diminuído;
 Estabelece uma má comunicação com os outros porque não se afirma e
raramente se manifesta (os outros não conhecem os seus desejos,
aspirações, interesses e necessidades);
 Utiliza mal a sua energia vital. A sua inteligência e afetividade são
frequentemente utilizadas para se defender e fugir às situações. Seria
muito mais produtivo se investisse essas energias em ações e soluções
construtivas para si e para os outros;
 Perda do respeito por si próprio, porque muito e não consegue recusar;
 Sofre muito e de forma constante, recorrendo frequentemente ao
psicólogo.

O estilo Manipulador

Descrição geral

O manipulador não se implica em relações interpessoais. Esquiva-se aos


encontros e não se envolve diretamente com as pessoas, nem com os
acontecimentos.

O seu estilo de interação caracteriza-se por manobras de distração ou


manipulação dos sentimentos dos outros.
O manipulador não “abre o jogo”. Nunca fala claramente dos seus objetivos
reais. É muito teatral e está de acordo com todos mesmo que estes estejam em
dissonância. É um falso apaziguador.

Características

A caraterística mais marcante reside no facto deste tipo se considerar hábil nas
relações interpessoais, apresentando e estudando discursos diferentes
consoante as pessoas (ou plateias).

O seu estilo depende estritamente do destinatário ou destinatários. Procura


aperceber-se do que os outros pretendem para adequar o seu “papel”.

Dificilmente aceita a informação direta, preferindo fazer interpretações


pessoais. Diz com frequência: “Poderíamos entender-nos! ...”

Apresenta-se quase sempre como um útil intermediário e considera-se mesmo,


indispensável. Raramente se assume como responsável de um erro. Age por
interpostas pessoas, tirando partido delas para atingir os seus objetivos.

O seu comportamento físico particularmente a sua linguagem corporal, fazem


lembrar um ator em cena. O manipulador nunca apresenta ao grupo as suas
reais intenções e objetivos.

Em grupo (sinais clínicos)

 Apresenta uma relação tática com os outros;


 Tende a desvalorizar o outro através de frases que pretende que sejam
humorísticas e que denotem inteligência e cultura;
 Exagera e caricatura algumas partes da informação emitida pelos
outros. Repete e desfigura a informação fornecida pelos outros e
manipula-a a seu gosto;
 Utiliza a simulação como instrumento. Nega factos e inventa histórias
para mostrar que as coisas não são da sua responsabilidade;
 Fala por meias palavras; é especialista em rumores e “diz-que-disse”;
 É mais hábil em criar conflitos no momento oportuno do que a reduzir as
tensões existentes no seio do grupo;
 Tira partido do sistema (das leis e das regras), adaptando-o aos seus
interesses e, considera que, quem não o faz é estúpido;
 Oferece os seus talentos em presença de públicos difíceis;
 A sua arma preferida é a culpabilidade. Ele explora as tradições,
convicções e os escrúpulos de cada um; faz chantagem moral; ·
Emprega frequentemente o “nós” e não o “eu”; “... falemos
francamente ...”, “... confiemos um no outro ...”;
 Apresenta-se sempre cheio de boas intenções.

Ideias Irracionais

 “Só se pode confiar nos santos”;


 “Ser franco e direto é um erro”;
 “A ação indireta é mais eficaz do que a frontalidade”;
 “Nunca correr riscos... a maquinação é melhor... e evita consequências
negativas”.
Consequências

 Perda de credibilidade à medida que os “truques” manipulatórios vão


sendo descobertos;
 Uma vez descoberto o manipulador vinga-se dos outros e se tem poder,
usa-o para isso;
 Dificilmente recupera a confiança dos outros.

O estilo Assertivo

Descrição geral
As pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos, os seus
interesses e de exprimir os seus sentimentos, os seus pensamentos e as suas
necessidades de forma aberta, direta e honesta.

Estas pessoas para afirmarem os seus direitos, não pisam os direitos dos
outros.

O assertivo tem respeito por si próprio e pelos outros; está sempre aberto a um
compromisso ou negociação. Aceita que os outros pensem de forma diferente
de si; respeita as diferenças e não as rejeita.

A atitude assertiva é designada pelos autores francófonos como autoafirmativa.

Autoafirmar-se significa evidenciar os seus direitos e admitir a sua legitimidade


sem ir contra os direitos dos outros.

Trata-se de uma pessoa que se pronuncia de forma clara, objetiva e


construtiva. Aquele que se afirma deste modo, desenvolve em profundidade as
suas competências relacionais privilegiando a responsabilidade individual de
forma clara e construtiva e evita a neurotização dos relacionamentos.

Direitos da assertividade

Possuir e expressar sentimentos

Cada pessoa tem a sua sensibilidade e reage de forma diferente sem por isso,
ser considerado melhor ou pior que os outros.

Possuir e expressar opiniões

Cada pessoa tem uma visão particular da realidade, o que proporciona uma
infinidade de opiniões diferentes.
Dizer “Não sei”

O direito de dizer “não sei” quando realmente não sabemos, revela capacidade
para aceitarmos as nossas limitações.

Ser escutado

O direito à livre expressão de ideias e sentimentos só faz sentido quando


alguém escuta. A capacidade de escuta vai para além da nossa capacidade de
ouvir.

Cometer erros

Este direito, parte da ideia de que “errar é humano”.

Não ser perfeito

Este direito tem a ver com o referido anteriormente. È importante sabermos


lidar com as nossas limitações que são próprias da condição humana.

Ser responsável pelas minhas atitudes


Pressupõe que junto com a nossa liberdade de escolha, existe também a
responsabilidade de assumirmos as consequências das nossas ações.

Fazer e solicitar pedidos

Somos dependentes uns dos outros e precisamos de todos. É importante


aceitarmos que os outros têm um contributo importante a dar e vice-versa.

Dizer Não

Poderá ser tão assertivo dizer não, como dizer sim, depende do contexto.
Síntese:

ATITUDES PASSIVO AGRESSIVO MANIPULADOR ASSERTIVO


COMO SE SENTE Irritado Pequenino Irritado Esclarecido
COMO Confuso Desprotegido Magoado Valorizado
RECEPTOR Aborrecido Assustado Confuso Respeitado
Inseguro Abusado Sem perceber o Escutado
Frustrado que se passa
Pouco Desiludido
importante Culpabilizado
Com piedade
COMO SE SENTE Desapoiado Descontrolado Frustrado Confiante
SOBRE SI Sem poder Temporariame Amargo Calmo
PRÓPRIO Inadequado nte superior Desapontado Ideias claras
Ignorado Ameaçador Esperto Elevada
Frustrado Inseguro Impotente autoestima
Pouco Baixa Baixa Com sentido
importante autoestima autoestima de poder
Baixa interior
autoestima
RECOMPENSAS Evita Poder Autoproteção Ter
responsabilida Domínio Evita confronto resultados
des Não ter direto Ser claro
Evita riscos necessidade Evita ser Agarrar
Evita rejeição de explicar, rejeitado oportunidade
Evita ser negociar ou diretamente s
culpabilizado escutar os Influencia os Desenvolvim
Evita tomar outros outros porque ento de
decisões eles não se relações
apercebem o honestas
que se está a Aumento do
passar autorrespeito
CONSEQUÊNCIAS Outros não Isolamento Stress Mover-se
A LONGO PRAZO sabem qual a Rejeição Amizades clara e
sua posição Perda de destruídas seguramente
Mal- influência Perda de para as
entendidos Perda de confiança nos metas
Aumento do respeito outros estabelecida
isolamento Perda de Zanga face a si s
Aumenta autorrespeito próprio e face Construção
sentimento de aos outros de relações
rejeição sólidas
Baixa de Construção
Autoestima de respeito
mútuo

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