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O homem necessita criar regras que lhe permitam (inter)agir. Estas servirão de base
para identificar o que é certo e o que é errado, o que é permitido e o que não é
permitido, dando previsibilidade à sua conduta.
Para além disso, ao proporcionar uma vida social ordenada e ao atribuir-lhe um papel
ou vários papéis nessa vida, as normas contribuem ainda para oferecer aos indivíduos
uma identidade socialmente reconhecida.
Existem aspetos da vida social que, pela sua importância, possuem vários
mecanismos de regulação que estabelecem as formas aceites de comportamento.
A regulação dos comportamentos passa, neste caso, pelo respeito das regras ditadas
pela autoridade e pela possibilidade de uma sanção em caso de incumprimento.
Assistimos nos dias de hoje a uma mudança radical do poder do Homem sobre os
seus semelhantes e sobre a Natureza.
Somos responsáveis não só pelos efeitos imediatos, mas também pelos efeitos
a longo prazo, do mesmo modo que somos responsáveis por aquilo que aqui
acontece, mas igualmente pelo que acontece no outro lado do planeta.
Estamos assim perante uma responsabilidade mais partilhada e mais exigente. Uma
responsabilidade globalizada.
A maioria das teorias éticas pressupõem que todos nós, enquanto agentes morais:
a) Temos liberdade de escolha das nossas acções. Liberdade implica não
apenas sabermos distinguir o bem do mal, o justo do injusto, mas sobretudo de
agir em função de valores que nós próprios escolhemos. Não há
comportamento moral sem certa liberdade.
b) Somos responsáveis pelas nossas decisões, e portanto pelas
consequências das mesmas. A responsabilidade implica, em sentido global,
sermos responsáveis por nós próprios, mas também pelas outras pessoas.
Na medida em que a minha ação e os valores que a guiam implicam o meu modo de
estar na vida e ver o mundo, devemos concluir que a ação humana possui uma
dimensão ética.
A ética deverá responder à pergunta como devo viver e, nesse sentido, cruza-se com
a política, enquanto esta tenta organizar da melhor maneira a vida da coletividade.
Na relação que cada um estabelece com os outros, na sua vida enquanto cidadão,
cada um confronta a sua consciência moral (a sua voz interior) com as regras e os
valores da sociedade.