Você está na página 1de 17

FAVENI

ARIANE SCRAVONI COSTACURTA VERRONE

A RADIOFREQUÊNCIA COMO COADJUVANTE NO TRATAMENTO DO


ENVELHECIMENTO FACIAL

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO-SP


2023
FAVENI

ARIANE SCRAVONI COSTACURTA VERRONE

A RADIOFREQUÊNCIA COMO COADJUVANTE NO TRATAMENTO DO


ENVELHECIMENTO FACIAL

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em DERMATO
FUNCIONAL

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO-SP


2023
A RADIOFREQUÊNCIA COMO COADJUVANTE NO TRATAMENTO DO
ENVELHECIMENTO FACIAL

Ariane Scravoni Costacurta Verrone1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto
no trabalho”.

RESUMO- Os efeitos da radiofrequência (RF) baseiam-se no aquecimento volumétrico da derme


profunda, aquecendo o colágeno e as fibras elásticas. O calor gerado pela radiofrequência leva à
contração do colágeno, melhorando a firmeza e elasticidade da pele. Além disso, o aquecimento induz a
ativação de fibroblastos, levando à neocolagenização (alterada em diâmetro, espessura e frequência),
com posterior remodelamento tecidual. Esta revisão resume os potenciais mecanismos, aplicações e
tipos de dispositivos de RF atualmente usados como coadjuvante no envelhecimento facial. Uma revisão
bibliografica é o método de pesquisa, foram coletados estudos por meio da base de dados da BVS
(Biblioteca Virtual em Saúde), SciELO, (Scientific Electronic Library Online) e PUBMED. Os resultados têm
aprovado os vários usos da RF, incluindo flacidez da pele, estimulo de colágeno e consequentemente
suavização de rugas. No entanto, muitos estudos utilizam formas subjetivas de avaliação. Concluindo, a
RF é um método de tratamento estético da pele que vem se desenvolvendo rapidamente desde seu
surgimento, há quase duas décadas. Tanto a técnica de aplicação quanto os próprios aparelhos vêm
evoluindo, com outros métodos, como a massagem e outras tecnologias, sendo incorporados para
maximizar os resultados no tratamento de estimulo de colágeno.

PALAVRAS-CHAVE: Radiofrequência. Colágeno. Rejuvenescimento facial.

1
arianecostacurta@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO

Com a crescente demanda de pacientes por tratamentos de rejuvenescimento e


seu intenso desejo de alcançar essa melhora estética com risco mínimo e rápida
recuperação, várias tecnologias não cirúrgicas de rejuvenescimento foram
desenvolvidas. Uma ampla variedade de dispositivos de alta tecnologia é apresentada
como opções terapêuticas eficazes, seletivas e seguras.
Tradicionalmente, a maioria dos métodos não cirúrgicos destroem a epiderme e
causam feridas dérmicas, levando à remodelação dérmica do colágeno, o que causa o
enrijecimento da pele, atenuando as rugas. A RF é um método de rejuvenescimento
não ablativo e não invasivo.
O calor gerado pela radiofrequência leva à contração do colágeno, melhorando a
firmeza e elasticidade da pele. Além disso, o aquecimento induz a ativação de
fibroblastos, levando à neocolagenização (alterada em diâmetro, espessura e
frequência), com posterior remodelamento tecidual.
Baseado nesse questionamento, este estudo busca recursos dentro do contexto,
á medida que aumenta a demanda por retardar o processo de envelhecimento, o
rejuvenescimento da pele, especialmente a tecnologia cosmética não ablativa da RF,
tornou-se um foco de pesquisa por causa de seus danos mínimos, poucas
complicações e efeitos favoráveis. Os métodos de rejuvenescimento não ablativos
estimulam a capacidade de regeneração do colágeno e incluem principalmente terapia
de RF, entre os quais é amplamente aplicada na clínica.
Assim sendo, este estudo tem como objetivo principal pesquisar dados científicos
publicados nos últimos anos, sobre os potenciais mecanismos, aplicações e tipos de
dispositivos de RF atualmente usados como coadjuvante no envelhecimento facial.
Deste modo a relevância do estudo irá possibilitar informações sobre o tema que
foram associadas ao longo do texto, para os especialistas da área da como também
para pessoas que desejam realizar esse procedimento, e por fim pra elaboração de
novas pesquisas com a mesma temática e população.
Para isto, foi realizado uma revisão bibliográfica, onde analisou-se detalhadamente
sobre o tema em questão, realizou uma pesquisa nos diversos bancos de dados BVS,
SCIELO e PUB, com os temas: Radiofrequência. Colágeno. Rejuvenescimento facial.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Características da pele envelhecida
O envelhecimento da pele inclui o envelhecimento cronológico intrínseco e o
envelhecimento extrínseco, que resulta na perda de função e estética relacionada à
idade. O fotoenvelhecimento resulta da exposição prolongada à luz ultravioleta e é
responsável pela maior parte do envelhecimento da pele. O fotoenvelhecimento é
caracterizado histologicamente por um afinamento da epiderme, diminuição do
colágeno, deposição de fibras elásticas anormais e ectasia dos vasos (SACHS et al.,
2019; SHIN et al., 2019).
A inflamação e a apoptose são consideradas características do
fotoenvelhecimento. No nível molecular, as metaloproteinases da matriz aumentam
durante o processo de envelhecimento, promovendo a degradação das fibras de
colágeno tipo I e tipo III na matriz extracelular (SACHS et al., 2019; SHIN et al., 2019).
A aparência grosseira da pele envelhecida pode ser descrita da seguinte forma.
Ritides e estrias são sinais clínicos proeminentes do envelhecimento da pele facial. O
fotodano e as expressões faciais podem acelerar a formação de rugas finas e grossas
nas áreas frontal, periocular e nasolabial. Com a idade avançada, o aumento do
acúmulo de excesso de pigmentação epidérmica causa manchas na pele, como
melasma e manchas senis (SACHS et al., 2019; SHIN et al., 2019).
Além disso, o aparecimento de flacidez e fraqueza da pele é um problema
frustrante após o parto e a cirurgia bariátrica. A formação de cicatrizes permanentes e a
hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI) são secundárias a outras dermatoses, como
cicatrizes de acne, que também podem prejudicar a estética facial. Essas mudanças na
pele fazem as pessoas parecerem muito mais velhas do que são (SACHS et al., 2019;
SHIN et al., 2019).

2.2 Dispositivos de RF no rejuvenescimento facial


A classificação geral dos dispositivos de RF disponíveis comercialmente é
baseada no número de eletrodos. As quatro técnicas mais comumente usadas são RF
monopolar, unipolar, bipolar e multipolar (BEASLEY, WEISS, 2014; WEISS, 2013).
A radiação de RF faz parte do espectro eletromagnético, com ondas
eletromagnéticas na faixa de 3 kHz a 300 MHz. A terapia de RF é uma tecnologia não
invasiva usada para rejuvenescimento da pele, contorno corporal e redução de peso. A
corrente elétrica gerada pelos eletrodos de RF flui para os tecidos e produz energia
térmica atuando no corpo (LOLIS, GOLDBERG, 2014).
Em 2002, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o dispositivo
de RF monopolar ThermalCool (Thermage, Hayward, CA, EUA) para suavizar as rugas
perioculares. A FDA aprovou posteriormente a terapia de RF para o tratamento da pele
facial em 2006. Desde então, as aplicações da terapia de RF se expandiram para o
tratamento cosmético da pele cervical, abdominal e femoral. Com as vantagens de
poucos efeitos adversos e curto tempo de inatividade do paciente, a RF terapia ganhou
popularidade crescente no rejuvenescimento facial durante a última década
(FITZPATRICK et al., 2003).

2.3 Terapia de RF monopolar


O dispositivo de RF monopolar foi o primeiro dispositivo de RF disponível
comercialmente aprovado para fins cosméticos e consiste em um gerador e uma ponta
portátil. Alguns desses dispositivos são projetados com sistemas de resfriamento para
proteger a epiderme do efeito de aquecimento produzido pela energia de RF (LOLIS,
GOLDBERG, 2015).
Uma almofada de aterramento preenchida com uma pasta condutora de
eletrodos é colocada na superfície do corpo do paciente. Uma corrente elétrica gerada
pelo sistema de RF monopolar é fornecida através da pele, no corpo e finalmente no
eletrodo de aterramento. A derme é então aquecida de 65°C a 75°C, poupando a
epiderme (LOLIS, GOLDBERG, 2015; BEASLEY, WEISS, 2014).
A profundidade de penetração da RF monopolar é de cerca de 20 a 25 mm, que
é mais profundo que o da RF bipolar ou unipolar. Dispositivos de RF monopolares têm
sido amplamente utilizados para alisar e firmar a pele, mas eventos adversos como dor
e queimação durante o tratamento tendem a ser mais frequentes devido à profundidade
de penetração profunda (SUH et al., 2020).
As reações adversas menos frequentes são eritema, cefaleia, cicatrização,
edema, atrofia gordurosa e paralisia facial. Estudos em animais revelaram que a
energia de RF monopolar usada inadequadamente também pode induzir efeitos
oculares, principalmente cataratas. Para evitar essas reações adversas, é necessário
cobrir os olhos do paciente e definir um nível de energia de RF moderado sem
sobreposição imediata ao realizar tratamento de RF monopolar facial (SUH et al.,
2020).
Um estudo clínico utilizou um dispositivo de RF monopolar projetado com grande
potência e um circuito de auto monitoramento para tratamento de rejuvenescimento
facial médio e inferior sem eventos adversos significativos relatados. Cada sujeito foi
submetido a quatro tratamentos seriados em intervalos de 1 mês, e o aumento do
colágeno foi observado 3 meses após o tratamento (MCDANIEL et al., 2014).
Um estudo randomizado duplo-cego revelou que as rugas periorbitais dos
indivíduos melhoraram após o tratamento com o dispositivo de RF monopolar Silk'n
(Home Skinovations, Ltd., Richmond Hill, ON, Canadá). Os dados analisados revelaram
uma diminuição média de 1,49 no escore de Fitzpatrick e uma redução significativa de
ritides (P<0,001) em quase todos os indivíduos com altos escores de satisfação. Além
disso, nenhuma correlação foi encontrada entre o tipo de pele e a melhora das rugas
(GOLD et al., 2017)

2.4 Terapia de RF unipolar


Um dispositivo de RF unipolar possui um único eletrodo e emite energia de RF
em todas as direções sem fornecer corrente elétrica. Esses dispositivos não possuem
almofada de aterramento em contato com o corpo do paciente. A diferença mais
marcante entre um dispositivo de RF unipolar e monopolar está em como eles fornecem
energia. A profundidade de penetração da RF unipolar varia de 15 a 20 mm.Alguns
fabricantes projetaram dispositivos de RF de uso doméstico usando uma peça de mão
unipolar, que é segura, conveniente e compatível com os usuários (LOLIS,
GOLDBERG, 2015).
Um estudo clínico randomizado duplo-cego avaliou o efeito de levantamento de
sobrancelha de um novo dispositivo de RF unipolar baseado em casa (DermaWand;
ICTV Brands, Inc., Wayne, PA, EUA) em mulheres. Cinquenta mulheres com idades
entre 30 e 70 anos foram randomizadas para receber o dispositivo ativo com 100 kHz
ou o dispositivo placebo em cada metade do rosto, e a distância da sobrancelha à linha
do cabelo diminuiu sem efeitos terapêuticos adversos após o tratamento. Este estudo
demonstrou a segurança e a conveniência de um dispositivo de RF unipolar doméstico
no endurecimento da pele facial superior (NOBILE, MICHELOTTI, CESTONE, 2016).
Um estudo retrospectivo foi realizado para avaliar o uso de um novo dispositivo
unipolar de RF conhecido como Tune Face, que é usado para endurecer a pele. Após
um período de acompanhamento de 3 meses em um intervalo de 2 semanas, as
biópsias de pele dos indivíduos revelaram melhora da flacidez da pele e um aumento
nos feixes de colágeno espesso na derme sem dor (SUH et al., 2017).

2.5 Terapia de RF bipolar e multipolar


Com os desenvolvimentos recentes na tecnologia de RF, dispositivos de RF
bipolares e multipolares têm sido usados em vários campos. Um dispositivo de RF
bipolar compreende dois eletrodos sem uma placa de aterramento. A pele do paciente é
posicionada apropriadamente entre os dois eletrodos, e uma corrente elétrica de alta
frequência passa pela pele precisamente a partir de uma peça de mão. A profundidade
de penetração da RF bipolar é aproximadamente metade da distância entre os dois
eletrodos paralelos (cerca de 2 a 8 mm) (SADICK, ROTHAUS, 2016).
Em contraste, os dispositivos de RF multipolares usam três ou mais eletrodos
para fornecer energia térmica. Um eletrodo é o pólo positivo, enquanto os eletrodos
restantes servem como pólos negativos. Esse recurso de dispositivos de RF
multipolares evita o superaquecimento e danos aos tecidos. Os eventos adversos da
terapia de RF bipolar limitam-se a eritema leve e inchaço e geralmente desaparecem
alguns dias após o tratamento (SADICK, ROTHAUS, 2016).
A HPI ou a hipopigmentação raramente são observadas durante o
acompanhamento após o tratamento com RF bipolar. As reações adversas da terapia
de RF multipolar são semelhantes às da terapia de RF bipolar. Tanto a terapia de RF
multipolar quanto a bipolar continuam sendo excelentes opções associadas a um curto
tempo de inatividade e dor leve em comparação com outros dispositivos não ablativos
(SADICK, ROTHAUS, 2016).
Devido ao início rápido e à curta distância fixa da ação, alguns fabricantes
introduziram uma combinação de um dispositivo de RF bipolar e outras tecnologias
cosméticas para aumentar a penetração e fortalecer o efeito. Abordagens de
combinação têm várias vantagens. Por exemplo, a energia de RF é definida no nível
mais baixo para minimizar os efeitos adversos enquanto preserva a eficácia desejada.
Além disso, a dor e a sensação de queimação são menos intensas durante o
tratamento de RF bipolar assistido por vácuo. Além disso, os dispositivos de RF com
vários eletrodos distanciados podem atingir profundidades de pele específicas
(SADICK, ROTHAUS, 2016).
Nelson, Beynet, Lask (2015)  relataram uma série de casos em que 14 pacientes
foram tratados com um dispositivo bipolar de aquecimento dérmico usando uma peça
de mão de RF (InMode Ltd., Irvine, CA, EUA) para endurecimento da pele facial, e os
pacientes não relataram efeitos adversos. De acordo com a visão térmica in vivo
durante a aplicação inicial, a peça de mão de RF liberou energia e tratamento com uma
distribuição de calor uniforme a 43°C. Todos os pacientes apresentaram melhora leve a
significativa em suas visitas de acompanhamento.
Outro estudo mostrou que a tecnologia de RF percutânea pode ser usada para
remover simultaneamente a gordura subcutânea e apertar a parte superior da pele
(LOCKETZ, BLOOM, 2019). Em 2020, um estudo multicêntrico confirmou a capacidade
e a segurança de um dispositivo de RF bipolar percutâneo (Serene Medical, Inc.,
Pleasanton, CA, EUA) para melhorar a aparência das linhas glabelares. A redução das
linhas glabelares durou pelo menos 3 meses e foi sustentada por cerca de 1 ano. Os
eventos adversos infrequentes incluíram sensibilidade, inchaço, hematomas e
parestesia temporária. No entanto, foi um ensaio clínico não randomizado e os dados
de acompanhamento foram coletados por telefone (NEWMAN et al., 2020).

2.6 Mecanismos da terapia de RF no rejuvenescimento


Para alcançar um efeito terapêutico de rejuvenescimento ideal, é essencial
regular a contração do colágeno e diminuir com precisão o volume e o número de
adipócitos. O mecanismo principal de vários métodos de RF é baseado no aquecimento
de tecido focalizado para estimular a desnaturação, remodelação, contração e
regeneração do colágeno (TANG et al., 2021).
Um dispositivo de RF transfere partículas ativamente carregadas para estruturas-
alvo por meio de ondas eletromagnéticas e força as partículas a colidirem para geração
de calor (WEISS, 2013). A profundidade de penetração da energia de RF, que depende
da bioimpedância dos tecidos, do tipo de RF e das configurações iniciais de energia de
RF, está relacionada à temperatura atuante. A bioimpedância aumenta na ordem de
água, nervos, músculos, colágeno e gordura. A profundidade de penetração é
inversamente proporcional à frequência quando a impedância é fixada, o que significa
que a terapia de RF em frequências mais baixas leva a uma penetração mais
profunda.5 (BEASLEY, WEISS, 2014)
Para melhorar de forma permanente e não invasiva as rugas e a flacidez da pele,
a orientação mais crítica é a derme profunda e a camada de tecido mole subcutâneo.
Quando a energia de RF se deposita, os tecidos moles podem atingir a contração
máxima no espaço intersticial entre duas camadas (GENTILE, KINNEY, SADICK,
2018).
Dispositivos de RF monopolares anteriores tinham baixa capacidade de controle
de energia na pele profunda, liberando energia na pele superficial para aquecer
indiretamente a derme e, assim, prejudicar a epiderme; a temperatura mais adequada
para a contração do colágeno, portanto, não pôde ser alcançada. A aplicação de
dispositivos de RF de maneira trapezoidal reversa pode ajudar a aquecer a pele mais
profunda e evitar a ablação epidérmica e a desnaturação das fibrilas de colágeno
(GENTILE, KINNEY, SADICK, 2018).
Alguns dispositivos seletivos de adipócitos são projetados para se concentrar na
camada de tecido adiposo, o que permite que o tecido adiposo aqueça mais
rapidamente do que outras camadas de tecidos ricos em sangue, como a pele e o
músculo. Essa eletrotermólise seletiva mantém a temperatura local em um nível
relativamente baixo e aquece com precisão a camada alvo sem danificar as estruturas
circundantes (SADICK, ROTHAUS, 2016).
Os fibroblastos podem produzir mais colágeno em temperaturas internas acima
de 42°C. A energia térmica de RF atuando na pele leva a uma série de mudanças:
Quando estão dentro da faixa de temperatura adequada, as fibrilas de colágeno se
contraem imediatamente, embora essa contração seja apenas temporária com base na
quebra das pontes de hidrogênio intramoleculares e na mudança da estrutura
helicoidal. A análise histológica revela que a estimulação térmica por RF contribui para
a estimulação microinflamatória local de curto prazo dos fibroblastos, e novo colágeno e
elastina são produzidos a longo prazo (FRITZ et al., 2015).
O Exilis Elite (BTL Industries Inc., Boston, MA, EUA), um RF monopolar
dispositivo mencionado anteriormente nesta revisão, foi usado em áreas abdominais de
porcos uma vez por semana durante 4 semanas, e o volume de colágeno de amostras
de pele foi calculado. Os resultados indicaram que o volume de colágeno aumentou de
9,0% antes da terapia para 25,9% 3 meses após a terapia. Neste estudo, o tratamento
de RF monopolar de múltiplas passagens e baixa energia causou a contração de
colágeno mais aparente (FRITZ et al., 2015).
O uso da terapia de RF para o envelhecimento da pele é eficaz na indução da
regeneração do colágeno. Um dos mecanismos subjacentes é o encorajamento da
expressão do fator transformador de crescimento β, que pode promover o crescimento
do colágeno dérmico e estimular a reparação tecidual. O tratamento com fração bipolar
RF levou à regulação positiva da família de genes Sirtuin, que está envolvida na
regulação de uma variedade de processos antienvelhecimento e uma diminuição na
expressão dos genes FoxO3 e p53 relacionados à apoptose (EL-DOMYATI et al., 2015;
RANGARAJAN et al., 2013).
O primeiro uso da terapia de RF no campo da dermatologia foi para melhorar o
fotoenvelhecimento da pele. Desde então, a terapia de RF tem sido usada no
rejuvenescimento facial, tratamento de tom de pele irregular, contorno facial e corporal
e tratamento de doenças de pele desagradáveis. Além disso, a terapia de RF manipula
o sistema de resfriamento da pele e pode, assim, servir como uma ferramenta estética
benéfica para aquecer e reduzir o tecido adiposo (HARTH, LISCHINSKY, 2015).
A seleção adequada dos pacientes e o manejo criterioso das expectativas são
fundamentais, pois os resultados clínicos obtidos com a RF ainda têm baixa
previsibilidade e reprodutibilidade, não sendo equivalentes aos da cirurgia plástica
(HARTH, LISCHINSKY, 2015).
Dessa forma, definir o tratamento com RF como um rejuvenescimento, técnica
não ablativa que tem ação na retração e contorno da pele moderadamente frouxa em
pacientes sem ptose estrutural, provavelmente levará à satisfação do paciente quanto
aos resultados clínicos (RUSCIANI et al., 2014).
Nesses pacientes - e naqueles em que é desejável evitar as modalidades de
tratamento cirúrgico - a RF oferece uma alternativa não invasiva de tratamento baseada
na retração da pele e do tecido subcutâneo, causando melhora das linhas nasolabiais e
firmeza na região da mandíbula, promovendo a definição de o ângulo cervicomental,
com ausência de complicações ou necessidade de tempo de recuperação (HASSUN,
BAGATIN, VENTURA, 2013) (Figura 1).

Figura 1 A (antes) e 2B (depois) de quatro sessões de RF.

Em um ensaio clínico, quase 100% dos pacientes apresentaram algum grau de


atenuação da flacidez cutânea decorrente do tratamento com aparelho de RF. Este
estudo evidenciou que muitas vezes os pacientes obtiveram resultados visíveis
rapidamente (em uma semana), porém do ponto de vista clínico eles se tornaram
clinicamente mais perceptíveis três meses após o procedimento, em geral (HASSUN,
BAGATIN, VENTURA, 2013).
Outros estudos de fase posterior comprovaram a presença de melhora três
meses após o tratamento, sendo que o acompanhamento dos pacientes pode
demonstrar resultados ainda melhores seis meses após a aplicação da RF. Apesar de
ter sido comprovado que os efeitos da RF permanecem visíveis por seis meses após
um único tratamento, a longevidade dos resultados clínicos ainda não foi determinada
(RUIZ-ESPARZA, GOMEZ, 2013; ALSTER, TANZI, 2013).
Outros estudos também se preocupam com a técnica de execução do
procedimento, pois pode comprometer o resultado do tratamento com RF. Um aumento
maior da temperatura e sua manutenção em torno de 40ºC durante toda a aplicação
tem o efeito de diminuir a extensibilidade e aumentar a densidade do colágeno,
acarretando uma melhora na flacidez da pele. Em RF, esse efeito é denominado lifting
(CARVALHO et al., 2014).
Existem muitos estudos que demonstram a necessidade de atingir uma
temperatura da pele entre 39ºC e 42ºC (temperatura clinicamente efetiva) para obter
efeitos estéticos com RF (INNA BELENKY et al., 2016).
Alinhado a isso, dispositivos e técnicas de aplicação têm sido aprimorados
visando fortalecer a ação da RF. A técnica de baixa frequência/múltiplas passagens é
um algoritmo de RF eficaz para endurecimento da pele. Uma avaliação da técnica de
passagens múltiplas mostrou que todos os pacientes apresentaram algum eritema ou
edema imediato, a maioria deles completamente resolvido em 48 horas. Houve
ausência de abrasão imediata ou despigmentação no acompanhamento de 6 a 12
semanas. A análise fotográfica das imagens obtidas após a aplicação com a técnica
multipasses confirmou a presença de melhora estética visível na flacidez facial e
cervical em 96% dos pacientes tratados (BOGLE et al., 2013).
Em outro estudo, a aplicação de RF monopolar na face e pescoço com vetor
multipass mostrou-se segura e tolerada por pacientes de todos os fototipos de pele,
sendo a satisfação dos pacientes correlacionada com as imagens (FINZI, SPANGLER,
2013).
O método causa vasodilatação e aumento da irrigação abaixo da área tratada,
além de oxigenação e nutrição do tecido. Com o aumento da circulação, ocorre um
ganho nutricional de oxigênio, nutrientes e oligoelementos no tecido. Há também uma
melhora no sistema de drenagem dos resíduos celulares (toxinas e radicais livres).
Esses efeitos oferecem a oportunidade de melhorar a qualidade dos adipócitos,
causando lipólise homeostática e produção de fibras elásticas de melhor qualidade
(CARVALHO et al., 2014).
Quando o corpo detecta uma temperatura superior ao nível fisiológico, os vasos
capilares se abrem, causando vasodilatação. Por sua vez, isso melhora o trofismo
tissular e a reabsorção do excesso de líquido intercelular, aumentando a circulação
sanguínea (CARVALHO et al., 2014).
O efeito de aquecimento também leva a uma melhora na microcirculação,
resultando no aumento do fluxo sanguíneo para os tecidos adiposos, o que, por sua
vez, causa um aumento do metabolismo destes últimos, homogeneizando a gordura
subdérmica e aumentando a elasticidade da pele. Em teoria, portanto, a tecnologia de
RF pode ser utilizada não apenas na redução da flacidez, mas também na redução das
circunferências corporais (INNA BELENKY et al., 2016).
Inna Belenky et al., (2016) demonstraram que uma exposição térmica de dez
minutos a 43ºC resultava na morte das células dos adipócitos. Na mesma linha de
pesquisa, o autor descreveu um aumento na força da lipólise das células adiposas
devido ao aumento das catecolaminas e do fluxo sanguíneo. Estudos clínicos também
demonstraram a eficácia da RF na redução da gordura localizada e dos contornos
corporais, principalmente quando combinada com mecanismos de massagem ou outras
tecnologias.
A utilização de melhores protocolos e a combinação da RF com outras
tecnologias parecem ser o futuro do uso da RF na dermatologia. Vários sistemas
baseados em RF com fins estéticos (monopolares ou bipolares, aprovados pela FDA)
surgiram - alguns deles combinando RF com outras modalidades de tratamento, como
luz infravermelha, vácuo e massagem mecânica - visando criar sinergismo para
melhorar a circulação sanguínea e, consequentemente, a ação de redução das
circunferências corporais (INNA BELENKY et al., 2016; GOLD, 2013).
A combinação de RF e vácuo foi avaliada como segura e eficaz em vários
estudos. Em geral, o mecanismo de vácuo dá uma contribuição adicional para a
penetração da energia de RF na pele (INNA BELENKY et al., 2016; GOLD et al., 2013).
O estudo histológico de uma área tratada com RF associada ao vácuo mostrou
diminuição da atrofia do colágeno e aumento do edema intersticial, indicando melhora
do trofismo dérmico (INNA BELENKY et al., 2016).
O primeiro aparelho de RF equipado com unidade de vácuo foi descrito por Gold
et al., (2017) Segundo esses autores, houve melhora significativa no aspecto da pele
durante o tratamento e no seguimento de seis meses. Relataram resultados clínicos e
histopatológicos utilizando aparelho bipolar associado a vácuo para tratamento de
rugas, flacidez cutânea, cicatrizes de acne e estrias.
3 CONCLUSÃO

Concluindo, a RF é um método de tratamento estético da pele que vem se


desenvolvendo rapidamente desde seu surgimento, há quase duas décadas. Tanto a
técnica de aplicação quanto os próprios aparelhos vêm evoluindo, com outros métodos,
como a massagem e outras tecnologias, sendo incorporados para maximizar os
resultados no tratamento de estimulo de colágeno.
Em termos práticos, a RF se mostrou eficaz para pacientes com boa indicação,
portadores de flacidez leve ou moderada.
Algumas vantagens adicionais do método incluem um alto nível de segurança,
com poucos efeitos colaterais relatados, e a possibilidade de o paciente retomar sua
rotina imediatamente após a realização do procedimento. Sua versatilidade também
deve ser destacada, pois pode ser utilizada após outros tratamentos, como implantes
dérmicos faciais ou lipoaspiração e suas variações, em outros locais do corpo.
Apesar de seu uso poder ser limitado em casos mais graves, a RF é, portanto,
um método terapêutico amplamente utilizado no tratamento da flacidez da pele facial e
corporal, bem como na melhora do contorno corporal, com eficácia comprovada e alto
índice de segurança.

4. REFERÊNCIAS

ALSTER, TS.; TANZI, E. Improvement of neck and cheek laxity with a nonablative
radiofrequency device: a lifting experience Dermatol Surg, 2013.

BEASLEY, KL.; WEISS, RA. Radiofrequency in cosmetic dermatology. Dermatol Clin,


2014.

BOGLE, MA. et al. Evaluation of the multiple pass, low fluence algorithm for
radiofrequency tightening of the lower face. Lasers Surg Med, 2013.

CARVALHO, G F. et al. Avaliação dos efeitos da radiofrequência no tecido conjuntivo.


Rev Bras Med, 2014.

EL-DOMYATI, M. et al. Expression of transforming growth factor-beta after different


non-invasive facial rejuvenation modalities. Int J Dermatol, 2015.
FITZPATRICK, R. et al. Multicenter study of noninvasive radiofrequency for periorbital
tissue tightening. Lasers Surg Med, 2003.

FINZI, E; SPANGLER, A. Multipass vector (mpave) technique with nonablative


radiofrequency to treat facial and neck laxity. Dermatol Surg. 2013.

FRITZ, K. et al. Efficacy of monopolar radiofrequency on skin collagen remodeling: a


veterinary study. Dermatol Ther 2015.

GENTILE, RD.; KINNEY, BM.; SADICK, NS. Radiofrequency technology in face and
neck rejuvenation. Facial Plast Surg Clin North Am, 2018.

GOLD, MH. et al. Safety, efficacy, and usage compliance of home-use device utilizing
RF and light energies for treating periorbital wrinkles. J Cosmet Dermatol 2017.

GOLD, MH. et al.Treatment of wrinkles and elastosis using vacuum-assisted bipolar


radiofrequency heating of the dermis.: Dermatol Surg, 2013.

HARTH, Y.; LISCHINSKY, D. A novel method for real-time skin impedance


measurement during radiofrequency skin tightening treatments. J Cosmet Dermatol,
2015.

HASSUN, K.M.; BAGATIN, E.; VENTURA, K. F. Radiofreqüência e infravermelho:


[revisão] Rev Bras Med, 2013.

INNA BELENKY. et al. Exploring Channeling Optimized Radiofrequency Energy: a


Review of Radiofrequency History and Applications in Esthetic Fields. Adv Ther, 2016.

LOCKETZ, GD.; BLOOM, JD. Percutaneous radiofrequency technologies for the lower
face and neck. Facial Plast Surg Clin North Am, 2019.

LOLIS, MS.; GOLDBERG, DJ. Radiofrequency in cosmetic dermatology: a review.


Dermatol Surg, 2015.

MCDANIEL. D. et al. Two-treatment protocol for skin laxity using 90-Watt dynamic
monopolar radiofrequency device with real-time impedance intelligence monitoring. J
Drugs Dermatol 2014.

NELSON, AA.; BEYNET, D.; LASK, GP. A novel non-invasive radiofrequency dermal
heating device for skin tightening of the face and neck. J Cosmet Laser Ther, 2015.

NEWMAN, J. et al. Multicenter efficacy trial of a percutaneous radiofrequency system for


the reduction of glabellar lines. Aesthet Surg J, 2020.

NOBILE, V.; MICHELOTTI, A.; CESTONE, E. Ahome-based eyebrows lifting effect


using a novel device that emits electrostatic pulses containing RF energy, resulting in
high frequency, low level transdermal microcurrent pulsations: double blind, randomized
clinical study of efficacy and safety. J Cosmet Laser Ther, 2016.

RANGARAJAN, S. et al. Minimally invasive bipolar fractional radiofrequency treatment


upregulates anti-senescence pathways. Lasers Surg Med, 2013.

RUSCIANI, A. et al. Nonsurgical tightening of skin laxity: a new radiofrequency


approach. J Drugs Dermatol, 2014.

RUIZ-ESPARZA, J.; GOMEZ, JB. Medical face lift: a noninvasive, nonsurgical approach
to tissue tightening in facial skin using nonablative radiofrequency. Dermatol Surg, 2013.

SACHS, DL. et al. Atrophic and hypertrophic photoaging: clinical, histologic, and
molecular features of 2 distinct phenotypes of photoaged skin. J Am Acad Dermatol,
2019.

SADICK, N.; ROTHAUS, KO. Aesthetic applications ofradiofrequency devices. Clin Plast
Surg, 2016.

SHIN, JW. et al. Molecular mechanisms of dermal aging and antiaging approaches. Int J
Mol Sci, 2019.

SUH, DH. et al. A survey on monopolar radiofrequency treatment: The latest update.
Dermatol Ther, 2020.

SUH, DH. et al. Clinical efficacy and safety evaluation of a novel fractional unipolar
radiofrequency device on facial tightening: a preliminary report. J Cosmet Dermatol
2017.

TANG, Z. et al. Comparative study of treatment for striae alba stage striae gravidarum:
1565-nm non-ablative fractional laser versus fractionalmicroneedle radiofrequency.
Lasers Med Sci, 2021.

WEISS, RA. Noninvasive radio frequency for skin tightening and body contouring.
Semin Cutan Med Surg, 2013.

Você também pode gostar