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Interpretação de exames bioquímicos e

a interação droga x nutriente

Brasília-DF.
Elaboração

Daniela Martins da Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
CONCEITOS......................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
FARMACOLOGIA E INTERAÇÃO ENTRE ALIMENTOS E NUTRIENTES.............................................. 11

CAPÍTULO 2
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DAS INTERAÇÕES................................................. 24

UNIDADE II

UNIDADE II
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS.................................................................................................... 34

CAPÍTULO 1
FÁRMACOS PARA O SISTEMA DIGESTÓRIO............................................................................... 34

CAPÍTULO 2
ANTIDIABÉTICOS...................................................................................................................... 47

CAPÍTULO 3
ANTI-HIPERTENSIVOS E HIPOLIPIDEMIANTES............................................................................... 52

CAPÍTULO 4
ANTI-INFLAMATÓRIOS E ANTI-INFECCIOSOS............................................................................. 67

CAPÍTULO 5
ANTINEOPLÁSICOS.................................................................................................................. 81

CAPÍTULO 6
ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS........................................................................................... 90

UNIDADE III
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS........................................................................... 96

CAPÍTULO 1
OBESIDADE E TRATAMENTO...................................................................................................... 96

CAPÍTULO 2
REGULAÇÃO HORMONAL E MEDICAMENTOS........................................................................ 104
UNIDADE IV
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO..................................................................................................... 111

CAPÍTULO 1
LEITE MATERNO E FÁRMACOS............................................................................................... 111

UNIDADE V
DROGAS DE ABUSO........................................................................................................................... 118

CAPÍTULO 1
INTERAÇÕES DROGAS DE ABUSO VERSUS ALIMENTOS........................................................... 118

UNIDADE VI
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS...................................................................... 126

CAPÍTULO 1
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS......................................................... 126

CAPÍTULO 2
DOSAGEM DE NUTRIENTES E EXAMES EM ORTOMOLECULAR.................................................. 139

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 150

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 151
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Embora a interação alimento-medicamento desperte o interesse dos profissionais da
saúde devido a sua importância, é um assunto que ainda precisa ser estudado e
pesquisado. As informações são frequentemente contraditórias e algumas vezes
inespecíficas. Embora essas interações raramente ocasionem consequências
fatais, é relativamente frequente o surgimento de efeitos adversos, mais ou menos
importantes, imprevisíveis ou que originam respostas farmacológicas diversas em
intensidades nem sempre esperadas para uma determinada dosagem.

Os alimentos podem modificar os efeitos dos fármacos, fundamentalmente por


interferência no seu comportamento farmacocinético, designadamente nos processos
de absorção, distribuição, metabolismo e excreção ou no seu comportamento
farmacodinâmico, originando efeito contrário ao esperado.

Desde a década de 1980, a Joint Commission on Accreditation of Hospital vem


incentivando profissionais como farmacêuticos e nutricionistas a monitorarem as
interações fármaco-nutriente que ocorrem com pacientes internados, bem como
a orientá-los a este respeito quando eles deixam o hospital. Portanto, na equipe
de saúde, esses profissionais desempenham um papel importante na identificação
dessas interações e na educação de pacientes em programas de aconselhamento.

Um maior conhecimento por parte dos profissionais da área da saúde acerca das
interações conduz a um controle mais efetivo de possíveis deficiências nutricionais
e permite a intervenção com estratégias para suplementar essas deficiências. Para
que o profissional possa prescrever um plano dietético de modo apropriado, são
necessários o conhecimento e a correta avaliação da função de órgãos e sistemas.
Sendo assim, a solicitação e a correta interpretação dos exames complementares
impõem-se ao profissional de saúde que avalia o paciente. Os exames laboratoriais
serão responsáveis por detectar insuficiências orgânicas e alterações nas concentrações
de nutrientes e/ou seus metabólitos. Por essa razão, a prescrição de nutrição, seja
oral, enteral e/ou parenteral, pressupõe a correta solicitação e avaliação de exames
laboratoriais.

8
Objetivos
» Compreender as interações entre medicamentos e nutrientes.

» Compreender a função dos medicamentos e como podem prejudicar a


absorção de alimentos.

» Discutir a prevenção e o tratamento da deficiência de nutrientes causada


por medicamentos.

» Fornecer noções sobre os exames laboratoriais necessários para


identificação de deficiência de nutrientes em pacientes utilizando
medicamentos.

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10
CONCEITOS UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Farmacologia e interação entre
alimentos e nutrientes

Conceitos em farmacologia
A farmacologia pode ser definida como o estudo dos efeitos das substâncias químicas
sobre a função dos sistemas biológicos. Foi reconhecida como ciência na segunda
metade do século XIX, quando os princípios científicos passaram a ser considerados
no estabelecimento das práticas terapêuticas. Tendo em vista que, desde as civilizações
mais antigas, remédios com base em ervas ou outros produtos naturais de origem
vegetal, animal ou mineral eram amplamente utilizados para combater as diversas
enfermidades que acometiam o homem e os animais domésticos que com ele conviviam,
surgiu a necessidade de melhorar a qualidade da intervenção terapêutica dos médicos,
que, naquela época, eram proficientes na observação clínica e diagnósticos, porém
amplamente incompetentes quando se tratava de terapia. O avanço de diversas
ciências, como a fisiologia e a química, contribuiu muito no sentido de esclarecer os
mecanismos químicos e biológicos pelos quais os medicamentos atuam e a estrutura
química correspondente a cada substância. Hoje, a medicina moderna baseia-se, em
grande parte, em fármacos como principal instrumento de terapia, já que o estudo dos
medicamentos se aperfeiçoou ao longo do tempo.

Ao falar de interações entre medicamentos e alimentos, é essencial compreender


alguns conceitos básicos acerca dos fármacos. Embora muito utilizados, os termos
“remédio”, “medicamento”, “fármaco” e “droga” possuem significados diferentes.

» Remédio: é uma palavra normalmente usada pelo leigo como sinônimo de


medicamento ou especialidade farmacêutica. Portanto, remédio pode ser tudo
aquilo que cura ou evita as enfermidades. Não só as substâncias químicas podem

11
UNIDADE I │CONCEITOS

ser consideradas remédios, mas também alguns agentes físicos como massagens,
duchas etc.

» Medicamento: é utilizado para prevenção, alívio de sintomas, cura e


diagnóstico de doenças e constituído de princípio ativo ou fármaco adicionado
de veículo. Pode ser considerado o mesmo que fármaco, especialmente quando
se encontra na sua forma farmacêutica.

» Fármaco: sinônimo de princípio ativo, é a substância química de constituição


definida que pode ter aplicação em farmácia como preventivo, curativo ou agente
de diagnóstico (Quadro 1).

» Droga: este termo, também empregado em diversas situações, refere-se à


matéria-prima mineral, vegetal ou animal da qual se podem extrair um ou mais
princípios ativos; sendo assim, os agentes terapêuticos de origem sintética não
são drogas.

Figura 1. Remédio

1 - Ducha ginecológica 2 – Banho de assento 3 – Banho de imersão

Fontes: Imagem 1: Disponível em: https://www.equipofarma.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525


d08d6e5fb8d27136e95/d/u/ducha-gineco.jpg. Acesso em: 16 jan. 2020. Imagem 2: Disponível em: https://th.bing.com/th/id/
OIP.WONHM-V7usnOCLikT_lBUAHaDt?pid=Api&rs=1. Acesso em: 16 jan. 2020. Imagem 3: Disponível em: https://mundoalice.
files.wordpress.com/2011 jan. 1072960erhcfn6zux.jpg?w=535. Acesso em: 16 jan. 2020.

12
CONCEITOS │ UNIDADE I

Figura 2. Medicamento

Fonte: Foto: The Photographer via Wikimedia Commons CC BY-SA Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-
saude/pesquisa-premiada-lista-cinco-formas-de-diminuir-desperdicio-de-remedios/. Acesso em: 16 jan. 2020.

Figura 3. Fármaco

Fonte: Disponível em: https://www.lojacasadesaron.com.br/ginkgo-biloba-em-po-a-granel. Acesso em: 16 jan. 2020.

Figura 4. Droga

1 – Vegetais 2 – Minerais 3 - Animal


Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://blog.tabacariadamata.com.br/plantas-medicinais-indigenas/. Acesso em
16 jan. 2020. Imagem 2: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Caulinita. Acesso em 16 jan. 2020. Imagem 3: Disponível
em: https://www.ativo.com/nutricao/extrato-de-propolis-beneficios/. Acesso: Acesso em 16 jan. 2020.

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UNIDADE I │CONCEITOS

Quadro 1. Finalidade dos fármacos.

FINALIDADE DOS FÁRMACOS EXEMPLOS


Fornecimento de elementos carentes ao organismo Vitaminas, sais minerais, proteínas, hormônios.
Prevenção de uma doença ou infecção Soros e vacinas.
Combate a uma infecção Quimioterápicos, incluindo antibióticos.
Bloqueio temporário de uma função normal Anestésicos e anticoncepcionais orais.
Disfunção (insuficiência cardíaca): cardiotônicos;
Correção de uma função orgânica desregulada hipofunção (insuficiência na suprarrenal): hidrocortisona; hiperfunção
(hipertensão): metildopa.
Destoxificação do organismo Antídotos.
Agentes auxiliares de diagnóstico Radiopacos.

Fonte: Própria

Os medicamentos costumam possuir nomes muito longos e complicados. Para facilitar


a compreensão, existem órgãos internacionais que definem um nome mais curto e
simplificado para os medicamentos, o que conhecemos como nome genérico. No
Brasil, adotamos os nomes dados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e
também pela Farmacopeia Brasileira.

O nome genérico é o nome da substância ativa, aquela que exerce a ação principal
no medicamento. Contudo, os medicamentos podem também possuir um nome
comercial ou marca comercial, que é um nome individual selecionado e usado
pelo fabricante. Os medicamentos com nome comercial podem ser divididos
entre os similares e os de referência. A diferença entre eles é que o medicamento
considerado de referência pertence ao fabricante que o introduziu no mercado
e que tem direito a patente. Após o período de exclusividade da patente, outros
fabricantes podem comercializar esse mesmo medicamento e, se estes forem
registrados com nome comercial, passam a ser similares.

Desde 2003, com a publicação da Resolução RDC 134/2003 e Resolução


RDC 133/2003, os medicamentos similares devem apresentar os testes de
biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para obtenção do registro
para comprovar que o medicamento similar possui o mesmo comportamento no
organismo (in vivo), como possui as mesmas características de qualidade (in
vitro) do medicamento de referência.

Além disso, os medicamentos similares passam por testes de controle de qualidade


que asseguram a manutenção da qualidade dos lotes industriais produzidos. Todos
os medicamentos similares passam pelos mesmos testes que o medicamento genérico.

14
CONCEITOS │ UNIDADE I

Essas informações vocês poderão conferir no site da ANVISA:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/
Medicamentos/Assunto+de+Interesse/Medicamentos+similares

Definições de acordo com a RDC no. 17 de 2 de março de 2007:

BIODISPONIBILIDADE RELATIVA - Quociente da quantidade e velocidade de


princípio ativo que chega à circulação sistêmica a partir da administração
extravascular de um preparado e a quantidade e velocidade de princípio ativo
que chega à circulação sistêmica a partir da administração extravascular de um
produto de referência que contenha o mesmo princípio ativo.

EQUIVALENTES FARMACÊUTICOS: São medicamentos que contêm o mesmo


fármaco, isto é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente
ativa, na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter
excipientes idênticos. Devem cumprir com as mesmas especificações atualizadas
da Farmacopéia Brasileira e, na ausência destas, com as de outros códigos
autorizados pela legislação vigente ou, ainda, com outros padrões aplicáveis de
qualidade, relacionados à identidade, dosagem, pureza, potência, uniformidade
de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade de dissolução, quando for o
caso.

Vejam também a notícia publicada pelo Portal Brasil:

http://www.brasil.gov.br/saude/2014/10/medicamentos-similares-serao-
equivalentes-aos-de-marca

Tabela 1. Nomes dos medicamentos

NOME REFERÊNCIA NOME GENÉRICO NOME SIMILAR NOME QUÍMICO


Aspirina® ácido acetilsalicílico AAS, Melhoral Ácido orto-hidroxibenzóico
Novalgina® dipirona monoidratada Anador [(2,3-dihidro-1,5-dimetil-3-oxo-
fenil-1H-pirazol-4-il)metilamino]
Advil®/Alivium®/Motrin® ibuprofeno Buscofem, Ibuflex, Buprovil Ácido alfa-metil-4(2-metilpropil)-
benzenacético

Fonte: Adaptado de portal.anvisa.gov.br/documents/33836/352400/1.1+Genéricos+registrados+-


+por+nome+do+genérico+27-08-2019/9e4ce425-7915-4cc1-b870-05ee305c1a8f. Acesso em: 16 jan. 2010; Korolkovas &
Burckhalter, 1988.

É interessante que o medicamento genérico ibuprofeno possui três medicamentos de


referência dependendo da forma farmacêutica, conforme tabela seguinte.

15
UNIDADE I │CONCEITOS

Tabela 2. Ibuprofeno

REFERÊNCIA FORMA FARMACÊUTICA


Advil® Suspensão gotas, cápsula dura e comprimidos revestidos de 200 e 400 mg
Alivium® Suspensão oral
Motrin® Comprimidos revestidos de 400 mg

Fonte: portal.anvisa.gov.br/documents/33836/352400/1.1+Genéricos+registrados+-+por+nome+do+genérico+27-08-
2019/9e4ce425-7915-4cc1-b870-05ee305c1a8f. Acesso em: 16 jan. 2010

Os medicamentos são apresentados para comercialização em diferentes formas


farmacêuticas. A forma farmacêutica (Quadro 2) é a maneira como se apresenta um
medicamento pronto para ser administrado. É o estado final em que se apresentam
as substâncias medicamentosas depois de submetidas a uma ou mais operações
farmacêuticas, com o fim de facilitar a administração e obter o efeito desejado.

Quadro 2. Tipos de preparações farmacêuticas.

PREPARAÇÕES FORMAS FARMACÊUTICAS


Soluções
Suspensões
Emulsões
Líquida Xaropes
Elixires
Loções
Linimentos
Comprimidos
Drágeas
Cápsulas
Sólida
Pílulas
Supositórios
Óvulo
Pomadas
Cremes
Semissólida
Pasta
Gel.

Fonte: Própria

16
CONCEITOS │ UNIDADE I

Figura 5. Formas farmacêuticas líquidas de uso oral

1 - Solução oral (gotas) 2 -Suspensão oral 3 – Xarope 4 - Elixir

Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.medicdelivery.com.br/media/catalog/product/cache/1/thumbnail/600x/17f8


2f742ffe127f42dca9de82fb58b1/p/a/paracetamol_gotas_15ml_medley.jpg. Acesso em 25 jan. 2020. Imagem 2: https://
io.convertiez.com.br/m/drogal/shop/products/images/1011820/medium/mylanta-plus-mor-liq-240ml_6493.jpg. Acesso em: 25
jan. 2020. Imagem 3: https://www.drogariacatarinense.com.br/melagriao-xarope-150ml/99370-01. Acesso em 25 jan. 2020.
Imagem 4: https://www.drogal.com.br/elixir-paregorico-30ml-cat/p. Acesso em 25 jan. 2020.

Figura 6. Formas farmacêuticas líquidas de uso tópico

1 – Solução tópica 2 – Suspensão tópica 3 – Loção 4 – Linimento


Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.farmaciacristorei.com.br/merthiolate-incolor-30ml.html. Acesso em 25 jan. 2020.
Imagem 2: http://www.farvet.com.br/produto/114095/cetoconazol-suspensao-oral-20-20ml-antifungico-para-caes-e-gatos.
Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 3: https://www.onofre.com.br/nitrato-de-miconazol-20mg-cimed-genericos-locao-30ml.
html. Acesso em 25 jan. 2020. Imagem 4: https://www.caaspshop.com/gelol-linimento-45ml-7948/p. Acesso em: 25 jan. 2020.

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UNIDADE I │CONCEITOS

Figura 7. Formas farmacêuticas sólidas para uso oral

1 – Comprimidos 2 – Drágeas 3 – Cápsulas 4 – Pílulas

Fonte: Imagem 1: https://www.drogal.com.br/lisador-4-cpr/p. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 2: https://www.bifarma.com.


br/produto/neosaldina-com-4-drageas-1199. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 3: https://hypescience.com/remedio-para-
emagrecer/. Acesso em: 25 jan. 2020. Imagem 4: https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/E89F/production/_99115595_1.
jpg Acesso em: 25 jan. 2020.

Figura 8. Formas farmacêuticas semissólidas

1 – Pomada 2 – Creme 3 – Pasta 4 – Gel

Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.drogariavenancio.com.br/nebacetin-takeda-15g-pomada/p. Acesso em: 06 fev.


2020; Imagem 2: https://www.farmadelivery.com.br/azelan-creme-dermatologico-200mg-g-30g. Acesso em: 06 fev. 2020;
Imagem 3: Disponível em: https://www.panvel.com/panvel/pasta-dagua-lifar-90g/p-307335. Acesso em: 06 fev. 2020; Imagem
4: Disponível em: https://www.drogaraia.com.br/topcoid-5mg-g-gel-40g.html. Acesso em: 06 fev. 2020.

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CONCEITOS │ UNIDADE I

Figura 9. Formas farmacêuticas destinadas à inserção nos orifícios corporais

1 – Supositório 2 – Óvulo vaginal

Fonte: Imagem 1: Disponível em: https://www.araujo.com.br/novalgina-300mg-supositorios/p. Acesso em: 14 fev. 2020;


Imagem 2: Disponível em: https://farmacianovadamaia.pt/en/intimate-hygiene/1591-vagisan-acido-lactico-7-ovulos.html.
Acesso em: 14 fev. 2020.

Os fármacos podem ser administrados por diferentes vias e estão disponíveis


em diversas formas farmacêuticas, adequadas a essas vias (Quadro 3). As vias de
administração podem ser divididas em enteral e parenteral. A enteral é relacionada
ao aparelho digestório (via oral), onde ocorre o efeito de primeira passagem, ou seja,
biotransformação no fígado. A parenteral é aquela que não está relacionada ao aparelho
digestivo, pois não ocorre o efeito de primeira passagem, como, por exemplo, os
fármacos de vias subcutâneas, intramuscular, endovenosa, dérmica, retal, entre outras.

Quadro 3. Vias de administração x formas farmacêuticas.

VIAS FORMAS FARMACÊUTICAS


Oral Comprimidos
Cápsulas
Drágeas
Xaropes
Soluções
Via aérea Aerossóis
Soluções
Via dérmica Pós
Pomadas
Géis
Cremes
Loções
Via transvaginal Óvulos
Pomadas
Cremes
Via retal Supositórios
Pomadas
Cremes
Via oftálmica Colírios
Pomadas estéreis.
Via auricular Soluções de gotejamento.

Fonte: Própria

19
UNIDADE I │CONCEITOS

Vale ressaltar que alguns fármacos, na forma de soluções injetáveis, podem ser
administrados pela via intramuscular, subcutânea, endovenosa, raquidiana ou
intratecal.

Entre as formas farmacêuticas existentes, destacam-se aquelas utilizadas por via oral,
que podem se apresentar na forma líquida ou sólida.

As formas líquidas são de absorção mais rápida em relação às sólidas, pois não dependem
da dissolução do veículo que contém o fármaco, nem da solubilização deste nos líquidos
intracelulares, pois o fármaco já está livre e solubilizado. Entre as formas sólidas, as
cápsulas são as mais prontamente absorvidas, seguidas pelos comprimidos e drágeas.
Isso ocorre pelo fato de a cápsula ser constituída por uma matriz gelatinosa, facilmente
dissolvida em contato com a água, enquanto o comprimido necessita ser desintegrado
para a liberação do fármaco.

A drágea é uma forma especial de comprimido utilizada para impedir que ele entre
em contato com a mucosa do estômago, provocando lesão. É um comprimido normal,
recoberto por uma camada de polímero biodegradável, resistente à dissolução no
estômago, sendo o fármaco liberado apenas próximo ao intestino. A drágea pode ser
comparada a um confete de chocolate que gradualmente será dissolvido ao longo do
sistema digestivo, sendo o fármaco liberado lentamente. A Neosaldina® é um exemplo
desse tipo de medicamento.

Os medicamentos na forma sólida, cuja liberação e absorção são mais lentas, podem ser
considerados mais seguros, pois, além de existir uma possibilidade maior de reversão
dos casos de superdosagem, contêm a dose exata a ser administrada, diferentemente
dos líquidos, cujos limites do frasco dosador nem sempre são respeitados. Embora os
comprimidos que não possuem sulco não devam ser divididos no meio, para evitar erro
de dosagem, é comum essa prática entre as pessoas leigas.

Conceitos em interação entre medicamentos


e nutrientes
Todas as pessoas têm necessidades nutricionais, ou seja, devem ingerir diariamente
certa quantidade de nutrientes para que seu organismo funcione adequadamente. Essa
quantidade varia de indivíduo para indivíduo. Entretanto, a partir de muitos estudos
em populações saudáveis, foi elaborada, pelo Food and Nutrition Board (FNB), uma
tabela de recomendações nutricionais, chamada RDA, que estabelece valores capazes
de cobrir as necessidades da maior parte da população. Esses valores são, então,
utilizados como base para a adequação de nutrientes na dieta, o que só pode ser

20
CONCEITOS │ UNIDADE I

obtido a partir de uma alimentação saudável e variada, ou seja, um indivíduo normal


que se alimenta corretamente, sem restrições alimentares, é capaz de obter todos os
nutrientes necessários para um bom funcionamento do organismo. Entretanto, existem
algumas doenças ou alterações no metabolismo que podem alterar a absorção de
alguns nutrientes, como a anemia e a osteoporose, exigindo assim uma suplementação.
Outro fator considerável são as exigências da vida atual, que levam os indivíduos a
longas jornadas de trabalho, com curtos intervalos, gerando má alimentação e estresse
acentuado. A consequência muitas vezes é a obesidade, que corresponde a um excesso
de calorias e desnutrição.

Assim, os suplementos nutricionais ganharam popularidade rapidamente, visto que


são preparações destinadas a complementar a dieta e a fornecer os nutrientes como
vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos que podem estar faltando ou
não podem ser consumidos em quantidade suficiente na dieta de uma pessoa.

Da mesma forma, o significado das interações entre nutrientes e medicamentos


também está aumentando. Mulheres pós-menopáusicas tomam cálcio e vitamina D
para prevenir a osteoporose; muitos homens tomam betacaroteno e vitamina E para
ajudar a prevenir ataques cardíacos. Um grande número de pessoas conscientes das
necessidades nutricionais estão tomando vitaminas ou minerais por uma variedade
de razões: ajudar a garantir uma gravidez saudável, fortalecer o sistema imunológico,
reduzir o risco de câncer. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar se
esses benefícios para a saúde são significativos, os médicos e os pacientes já aceitam
que as interações droga-nutriente são consideráveis.

Em alguns casos, um mineral ou vitamina pode tornar um medicamento ineficaz, como,


por exemplo, a tetraciclina, que se liga fortemente ao cálcio, formando um complexo
insolúvel; os pacientes que fazem uso desse medicamento são frequentemente alertados
a “evitar os laticínios”. Essa advertência deve estender-se a suplementos de cálcio e até
mesmo a antiácidos com carbonato de cálcio, mas isso nem sempre é feito. Mesmo que
o médico tenha conhecimento que a fenitoína perde 50% da sua eficácia na prevenção
de convulsões quando tomada com a vitamina B6, ele pode não saber quando um
paciente está se automedicando com ela para sintomas pré-menstruais ou síndrome
do túnel do carpo, por exemplo. Assim, a falta de informação sobre os medicamentos e
suplementos que o paciente está utilizando pode gerar consequências graves.

Certos medicamentos podem depletar o corpo de um nutriente específico, como drogas


antilipêmicas (colestiramina) podem interferir com a absorção de um número de
nutrientes, incluindo vitaminas lipossolúveis como A, D, K e, possivelmente, E. Um

21
UNIDADE I │CONCEITOS

suplemento multivitamínico pode ser desejável, mas não deve ser tomado associado ao
medicamento ou logo em seguida.

Um pobre estado nutricional pode prejudicar o metabolismo de drogas. Pessoas que


estão em maior risco de interações droga-nutriente são aquelas que:

» possuem alguma doença hepática, renal ou gastrointestinal;

» são nutricionalmente comprometidas devido a doenças crônicas;

» perderam peso recentemente ou estão desidratadas;

» estão em terapia com múltiplas drogas ou tratamento prolongado; e

» estão nos extremos de idade, com alterações na massa corporal magra,


fluidos corporais e concentração de proteínas plasmáticas totais.

Mais informações sobre o efeito dos fármacos na nutrição podem ser encontradas
no artigo:

ZYL, M. V. The effects of drugs on nutrition. South African Journal of Clinical


Nutritional, v. 24, n. 3, p. S38-S41, 2011. Disponível em: http://www.ajol.info/
index.php/sajcn/article/view/69810/57893. Acesso em: 12 mai. 2020.

Os medicamentos podem afetar o estado nutricional de várias formas; alguns causam


anorexia e perda de peso, outros produzem aumento de peso. Podem diminuir a
motilidade gastrointestinal ou provocar diarreia, vômito e náuseas (Quadros 4, 5 e 6).

Quadro 4. Drogas que produzem alteração no peso.

ANOREXIA OU PERDA DE PESO GANHO DE PESO


Amantadina Antidepressivos tricíclicos (exceto nortriptilina)
Digoxina Valproato
Fluoxetina Betabloqueadores
Levodopa Contraceptivos orais
Lítio Antipsicóticos
Metformina Esteroides
Topiramato Esteroides anabólico
Nortriptilina

Fonte: Própria

22
CONCEITOS │ UNIDADE I

Quadro 5. Drogas que diminuem a motilidade gastrointestinal.

OPIÁCEOS EFEITOS ANTICOLINÉRGICOS


Morfina Antidepressivos tricíclico
Codeína Oxibutinina
Ondansentrona Propantelina

Fonte: Própria

Quadro 6. Drogas que provocam diarreia, vômito e náuseas.

NÁUSEA E VÔMITO DIARREIA


Quimioterápicos eritromicina
Potássio metoclopramina e domperidona
Preparações com ferro misoprostol
Antibióticos Inibidor da bomba de prótons
Anestésicos Antivirais e antirretrovirais
Opiáceos Sais de magnésio
Nicotina Ferro e lítio
Levodopa Acarbose, digoxina e metformina

Fonte: Própria

23
CAPÍTULO 2
Farmacocinética e farmacodinâmica
das interações

Farmacocinética
O fenômeno de interação fármaco-nutriente pode surgir antes ou durante a absorção
gastrintestinal, durante a distribuição e o armazenamento nos tecidos, no processo de
biotransformação ou mesmo durante a excreção. Assim, é importante compreender os
fármacos cuja velocidade de absorção e/ou quantidade absorvida podem ser afetadas
pela presença de alimentos, bem como aqueles que não são afetados. Por outro lado,
muitos deles, incluindo antibióticos, antiácidos e laxativos, podem causar má absorção
de nutrientes.

A maioria dos fármacos administrados oralmente é absorvida por difusão passiva,


enquanto os nutrientes são absorvidos, preferencialmente, por mecanismo de
transporte ativo. A primeira resulta da difusão do fármaco pela membrana plasmática
para dentro da célula epitelial e dali para o sangue, enquanto o segundo envolve
proteínas especializadas, inseridas na membrana plasmática das células que,
gastando energia, transportam o fármaco de fora para dentro da célula e dali para
o sangue. Quando se administra um fármaco por via oral, sua absorção pelo tubo
gastrintestinal e, consequentemente, sua concentração sanguínea são dependentes
de vários fatores, como pode ser visto no Quadro 7.

O alimento é indispensável à manutenção e à ordem da saúde e sua importância está


associada à sua capacidade de fornecer, ao corpo humano, nutrientes necessários
ao seu sustento. Para isso, é fundamental a sua ingestão em quantidade e qualidade
adequadas, de modo que funções específicas como a plástica, a reguladora e a
energética sejam satisfeitas, mantendo assim a integridade estrutural e funcional
do organismo. No entanto, essa integridade pode ser alterada em casos de falta
de um ou mais nutrientes, com consequente deficiência no estado nutricional e
necessidade de suplementação.

Entretanto, os nutrientes também são capazes de interagir com fármacos, sendo


um problema de grande relevância na prática clínica, devido às alterações na relação
risco/benefício do uso do medicamento. Essas interações são facilitadas, pois os
medicamentos, na sua maioria, são administrados por via oral. Os nutrientes podem
modificar os efeitos dos fármacos por interferirem em processos farmacocinéticos, como
24
CONCEITOS │ UNIDADE I

absorção, distribuição, biotransformação e excreção, acarretando prejuízo terapêutico.


A absorção dos nutrientes e de alguns fármacos ocorre por mecanismos semelhantes e
frequentemente competitivos e, portanto, apresentam como principal sítio de interação
o trato gastrintestinal (TGI).

Quadro 7. Fatores que exercem influência sobre a biodisponibilidade.

ASPECTOS RELACIONADOS AOS FÁRMACOS VARIAÇÕES INDIVIDUAIS


Solubilidade Idade
Tamanho da partícula Ingestão de alimentos
Forma farmacêutica Tempo de trânsito intestinal
Efeitos do fluido gastrintestinal Microflora intestinal
Metabolismo pré-sistêmico Metabolismo intestinal e hepático
pKa do fármaco Patologia gastrintestinal
Natureza química (sal ou éster) PH gastrintestinal
Liberação imediata ou lenta
Circulação entero-hepática

Fonte: Própria

Como os alimentos, em algumas circunstâncias, podem tanto afetar a farmacocinética


como a farmacodinâmica dos medicamentos, o clínico deve estar atento a incluir no
seu projeto terapêutico os cuidados mínimos necessários em relação à dieta do seu
paciente.

De um modo geral, mas nem sempre, os alimentos retardam o esvaziamento gástrico


e diminuem o melhor contato dos medicamentos com a mucosa absortiva, com a
consequente diminuição da absorção dos medicamentos. Os alimentos gordurosos
e bebidas ácidas tendem a diminuir de maneira mais intensa o esvaziamento com
pKa mais ácido, diminuindo a absorção dos que apresentam um pKa mais básico
e que são absorvidos no intestino delgado de forma predominante. Os alimentos
grelhados na brasa produzem hidrocarbonetos policíclicos que são indutores das
isoenzimas do citocromo P450, podendo, na dependência das quantidades ingeridas
e da frequência, aumentar o metabolismo hepático dos medicamentos.

O chá e o café formam precipitados insolúveis com alguns medicamentos, entre


os quais se destacam os antipsicóticos clorpromazina e haloperidol, havendo
significativa diminuição da absorção desses medicamentos. Além disso, poderão
antagonizar, por uma ação estimuladora direta no Sistema Nervoso Central (SNC), o
efeito terapêutico dos ansiolíticos e, por uma ação diurética, poderão facilitar a excreção
renal do lítio e causar alguma diminuição do seu nível terapêutico. Obviamente, essa
ocorrência dependerá das quantidades e da frequência de ingestão dessas bebidas.
Deve-se destacar que a cafeína, especificamente, é capaz de bloquear os receptores de

25
UNIDADE I │CONCEITOS

adenosina, os canais de cálcio e a decomposição intracelular do monofosfato cíclico


de adenosina (AMPc). Tais características poderão conduzir a uma significativa
estimulação do SNC, seguida, posteriormente e muito provavelmente, em razão de seu
uso prolongado e em grandes quantidades, de um déficit de memória.

Muitas pessoas possuem a crença errada de que tomar medicamento com leite é
benéfico pois protege o estômago, porém há dois erros nisso: o primeiro é o fato de o
leite, apesar de alcalino, promover ação acidificante no estômago, pois estimula maior
liberação de ácido clorídrico; o outro problema é a interação do cálcio do leite com
alguns medicamentos.

A alta concentração de íons de cálcio presentes no leite poderá formar complexos


menos solúveis e diminuir a absorção dos medicamentos com pKa mais ácido quando
ingeridos conjuntamente.

Figura 10. Interações de leite ou café com medicamentos

Fonte: Disponível em: https://www.vix.com/pt/saude/553794/nenhum-tipo-de-remedio-pode-ser-tomado-com-leite-cafe-


refrigerante-ou-suco. Acesso em: 14 fev. 2020.

Outras interações relevantes são as que ocorrem quando há um grande aporte de


ingestão de ferro, principalmente nas apresentações multivitamínicas e nos sucos de
uva. Poderá ligar-se aos grupos catecol da levodopa, formando complexos insolúveis,
com diminuição da absorção da levodopa. Porém, a mais grave interação dos alimentos
com medicamentos ocorre entre os inibidores da monoamino oxidase (IMAO) e os
alimentos contendo tiramina, principalmente os fermentados, vinhos e queijos. Essa
interação poderá aparecer precocemente, em torno de três horas após a ingestão.
Poderão ocorrer crises hipertensivas graves a ponto de conduzir ao óbito. Caso ocorra
essa interação com surgimento de hipertensão arterial, nos casos leves, deve-se utilizar
a nifedipina 20 mg por via oral, e, nos casos mais graves, o medicamento de escolha é a
fentolamina, na dose aproximada de 5 mg por via intravenosa lentamente. Pelo motivo

26
CONCEITOS │ UNIDADE I

citado, os inibidores da MAO ficaram obsoletos e, com o surgimento de medicamentos


mais modernos, foram sendo substituídos.

Figura 11. Alimentos contendo tiramina que interagem com inibidores da MAO

Fonte: Disponível em: http://interacoesdosmedicamentos.blogspot.com/2015/11/antidepressivos-inibidores-da-mao-x.html.


Acesso em: 14 fev. 2020.

O clínico poderá utilizar, na dieta do paciente depressivo, alimentos ricos em serotonina,


como a alface, a banana, a ameixa e o peito de frango, a fim de potencializar o efeito
terapêutico dos antidepressivos. Poderá fazer uma dieta rica em fenilalanina, que é
precursora da noradrenalina e dopamina, encontrada de forma abundante na carne
vermelha, para também potencializar os antidepressivos. Poderá, ainda, retirar
essa carne vermelha rica em precursores noradrenérgicos/dopaminérgicos dos
pacientes com transtorno de ansiedade em uso de ansiolíticos. Por fim, vale lembrar
que o paciente em estado de carência alimentar, por qualquer razão, apresenta
menor taxa de albumina no plasma, o que pode aumentar significativamente a
fração livre circulante dos medicamentos, com possibilidade maior de ocorrerem
efeitos indesejáveis e tóxicos não previstos.

O processo de absorção dos fármacos pode ser condicionado pelos alimentos


ou por alguns dos seus componentes, quer quanto à velocidade, quer quanto
à quantidade de fármaco absorvida. Essa influência poderá ser de natureza
fisiológica, originando uma modificação do esvaziamento gástrico ou um aumento
da motilidade intestinal, ou de natureza físico-química, em que se destacam os
fenômenos de quelação e de adsorção.

A modificação da velocidade de esvaziamento gástrico é o fator com maior implicação


em relação à absorção, e o efeito poderá ser de atraso, redução, aumento ou antecipação
da absorção.

27
UNIDADE I │CONCEITOS

Analgésicos e anti-inflamatórios, por exemplo, são, com frequência,


administrados com alimentos. O objetivo é diminuir as irritações da mucosa
gástrica provocadas, principalmente, pela administração desses medicamentos
por tempo prolongado. De acordo com a maioria das pesquisas realizadas, os
nutrientes diminuem a velocidade de absorção dos fármacos, provavelmente
por retardarem o esvaziamento gástrico.

Entre os fármacos nos quais se verifica uma redução pronunciada no processo


de absorção, por interação com constituintes da dieta, podem-se destacar as
tetraciclinas que formam quelatos não absorvíveis com íons di ou trivalentes,
particularmente abundantes em alimentos ou bebidas contendo cálcio e em
alimentos fortificados com ferro. Outro exemplo clássico é o da administração
concomitante de fenoximetilpenicilina potássica, por via oral, com alimentos,
o que ocasiona uma notável diminuição na biodisponibilidade do fármaco.
Fazendo com que a absorção da penicilina ocorra, principalmente, no duodeno
e no íleo, devido ao processo de decomposição no estômago decorrente do
pH ácido e da presença de enzimas digestivas, os alimentos que favorecem
a secreção ácida e o retardamento do esvaziamento gástrico constituem
importante fator de diminuição da biodisponibilidade do medicamento.

Existem, porém, alguns medicamentos cuja absorção ou biodisponibilidade


é aumentada pela presença de alimentos. Na maioria das situações, esse
acréscimo na absorção está relacionado com alterações no pH gástrico, na
solubilidade do fármaco ou no esvaziamento gástrico.

As interações que se repercutem no processo de distribuição são pouco relevantes


clinicamente, sendo que as que conduzem a alterações do metabolismo dos fármacos
resultam, principalmente, da interferência das enzimas de fase I, que integram o
sistema enzimático citocromo P450, que, ao sofrer influência dos constituintes da
alimentação, podem resultar em uma inibição ou indução enzimática. Nesse âmbito,
têm sido identificadas numerosas interações, com significado clínico, entre o sumo
de toranja e diversos medicamentos. Essas interações traduzem-se em um efeito
inibitório provocado provavelmente por alguns flavonoides, como a naringenina
encontrada em frutas cítricas, como toranja, laranja, limão, mexerica e outras,
sobre o metabolismo dos fármacos metabolizados pelo CYP 3A4, o que ocasiona
um aumento das suas concentrações plasmáticas, com eventual risco para o doente.
Nessas circunstâncias, as interações conhecidas permitem contraindicar a ingestão
das frutas citadas durante a terapêutica com, por exemplo, terfenadina, diazepam,
carbamazepina, lovastatina, atorvastatina e sinvastatina.

28
CONCEITOS │ UNIDADE I

Figura 12. Frutas com naringenina que interagem com medicamentos metabolizados pelo sistema CYP3A4

Fonte: http://www.farmaciaaguiadeouro.com.br/blog/frutas-citricas-os-verdadeiros-beneficios

No que diz respeito à eliminação dos fármacos, esse processo pode ser condicionado
ao pH urinário, que influencia o processo de reabsorção tubular dos ácidos e das
bases fracas por alteração do grau de ionização das moléculas. Entre os alimentos que
acidificam a urina estão a carne de aves, o peixe, as uvas, o pão e o queijo, sendo que os
frutos (com exceção das uvas), os legumes (com exceção do milho e da lentilha), o leite,
as natas e a manteiga são alimentos suscetíveis de alcalinizar a urina.

Quando administramos um medicamento via endovenosa, não ocorre absorção, pois


o fármaco está totalmente disponível no sangue ao final da injeção, não necessitando
atravessar nenhuma membrana. Ao contrário, na via oral, o fármaco precisa atravessar
várias membranas e nunca é 100% absorvido, sendo parte retida na mucosa e excretada
com as fezes.

A absorção do fármaco pelo trato gastrintestinal pode ser influenciada por:

» presença de alimentos no sistema digestório;

» alteração da motilidade intestinal;

» aumento da absorção de fármacos lipossolúveis;

» variação do pH;

» formação de complexos inativos ou não absorvíveis;

» lesão de mucosa;

» alteração da microflora intestinal; e

» alteração do fluxo sanguíneo.

29
UNIDADE I │CONCEITOS

A absorção dos fármacos ocorre, na sua maioria, já no estômago. Como o sistema


digestivo está envolvido nos processos de digestão e absorção de nutrientes, a presença
de alimentos altera a biodisponibilidade dos fármacos, reduzindo sua concentração
plasmática por interferir na sua absorção pela mucosa intestinal. Esse parâmetro
farmacocinético sofre a maior interferência de alimentos e representa o mais comum e
clinicamente importante tipo de interação entre alimentos e medicamentos.

Tabela 3. Fases da farmacocinética

Fases Descrição resumida da fase


1. Absorção Passagem da substância do local de administração até a corrente sanguínea.
2. Distribuição Transporte da substância através das proteínas plasmáticas.
3. Biotransformação Reações químicas e enzimáticas que transformam a substância em uma forma ativa para que possa
promover efeitos benéficos ao organismo ou para se transformar em uma forma mais hidrossolúvel
para que seja excretada do organismo.
4. Excreção Eliminação da substância do organismo.

Fonte: Própria

Distribuição e metabolismo
Depois de administrada e absorvida, a droga é distribuída, isto é, transportada pelo
sangue e outros fluidos a todos os tecidos do corpo. Apesar de ser um todo funcional, o
organismo divide-se em diferentes compartimentos bem delimitados pelas membranas
biológicas.

Inicia-se a análise da distribuição a partir do momento em que a droga chega ao


sangue, e então são estudados a concentração plasmática da droga, a permeabilidade
do endotélio capilar, a ligação da droga às proteínas plasmáticas e à biodisponibilidade
e o volume de distribuição da droga.

Figura 13. Distribuição dos fármacos na corrente sanguínea

ATRAVESSA AS
PORÇÃO LIVRE FORMA ATIVA
MEMBRANAS
FÁRMACOS NO
SANGUE
PORÇÃO LIGADA
NÃO ATRAVESSA
ÀS PROTEÍNAS FORMA INATIVA
AS MEMBRANAS
PLASMÁTICAS

Fonte: Própria

30
CONCEITOS │ UNIDADE I

No sangue, quase todas as drogas subdividem-se em duas partes: uma livre,


dissolvida no plasma, e outra que se liga às proteínas plasmáticas, especialmente
à fração albumínica. A droga e a proteína formam um complexo reversível,
passível de dissociação. Do ponto de vista farmacológico, somente a parte livre
é que pode ser distribuída, além de atravessar o endotélio vascular e atingir o
compartimento extravascular. A parte ligada às proteínas plasmáticas constitui
fração de reserva das drogas e só se torna farmacologicamente disponível no
momento em que se converte em porção livre. Forma-se, no sangue, um equilíbrio
entre a parte ligada e a parte livre da droga. À medida que a parte livre é utilizada
pelo organismo, a parte ligada vai se desligando para substituir aquela livre que
é distribuída, acumulada, metabolizada e excretada.

Tipos de proteínas plasmáticas:

» Albumina

› É a proteína plasmática mais importante.

› Liga-se a muitas substâncias ácidas.

· Exemplos: varfarina, AINEs, sulfonamidas.

› Liga-se a um número menor de substâncias básicas.

· Exemplos: antidepressivos tricíclicos, clorpromazina.

» Betaglobulinas

› Ligam-se principalmente a hormônios esteroides

» Glicoproteínas ácidas

› Ligam-se principalmente a substâncias básicas

Muitos constituintes dos alimentos também se ligam à albumina e podem competir


com fármacos pelo seu sítio de ligação. Um exemplo disso é a competição que ocorre
entre ácidos graxos livres, cujos níveis são aumentados após refeições ricas em
gorduras, e alguns fármacos que, por se ligarem aos mesmos sítios na albumina,
são deslocados por competição, aumentando os seus efeitos adversos.

As modificações químicas que ocorrem nos fármacos resultam de transformações


enzimáticas que quase sempre ocorrem em sequência e são denominadas reações de
fase I e de fase II.

31
UNIDADE I │CONCEITOS

As reações de fase I consistem em reações de oxidação, redução ou hidrólise, que


normalmente introduzem um grupo funcional mais reativo na molécula, o qual serve
de suporte para uma posterior conjugação, sendo os produtos frequentemente mais
reativos e mais tóxicos que as moléculas originais.

As reações de fase II consistem em reações de conjugação com ácido glicurônico, com


sulfato ou com acetato produzindo metabólitos menos reativos e consequentemente
menos tóxicos.

As reações de fase I e de fase II normalmente ocorrem no fígado, com exceção


de algumas drogas que são metabolizadas no plasma, como alguns bloqueadores
neuromusculares nos pulmões, como as prostaglandinas, ou no intestino, como o
salbutamol. Essas reações ocorrem pela ação de enzimas como, por exemplo, do
complexo enzimático do citocromo P450. Muitas dessas enzimas metabolizam
também nutrientes e têm como cofatores vitaminas e minerais. Isso significa que,
de algum modo, dependendo do fármaco ou do nutriente envolvido, pode haver
competição pelas mesmas enzimas.

Excreção
A eliminação de substâncias, que consiste na sua perda irreversível do corpo,
ocorre por meio de dois processos: metabolismo e excreção. O metabolismo, como
já citado, envolve a conversão enzimática de um componente químico em outro,
enquanto a excreção consiste na eliminação do corpo da substância quimicamente
inalterada ou de seus metabólitos. As principais vias pelas quais as substâncias e
seus metabólitos são removidos do corpo são: os rins, o sistema hepatobiliar e os
pulmões (esse último, importante para anestésicos voláteis/gasosos).

As substâncias são, em sua maioria, removidas do corpo pelos rins, em sua forma
inalterada ou como metabólitos polares. Algumas substâncias são secretadas na
bile pelo fígado; a maioria, porém, é então reabsorvida pelo intestino.

Embora não existam estudos sobre a real interferência dos nutrientes sobre a
excreção de fármacos, o pH da urina pode ser influenciado por alimentos. Entre
os alimentos que alcalinizam a urina estão vegetais, amêndoas, castanhas, coco,
frutas cítricas e produtos derivados do leite. Outros alimentos tendem a acidificar
a urina, como, por exemplo, pão, bacon, milho, lentilha, carnes, peixes, aves e
ovos. Assim, a taxa de excreção de alguns fármacos pode ser modificada.

32
CONCEITOS │ UNIDADE I

Em contrapartida, fármacos como os diuréticos, por sua ação sobre transportadores


renais, podem influenciar a secreção de nutrientes de modo significativo. Esses
medicamentos são utilizados não só para tratamento de edema, mas também como
anti-hipertensivos, sendo utilizados por longo tempo. Diuréticos como os tiazídicos
(hidroclorotiazida), os de alça (furosemida) e o ácido etacrínico produzem depleção de
potássio e aumentam a excreção de magnésio e zinco.

Farmacodinâmica
As interações de natureza farmacodinâmica, que são menos frequentes, ocorrem
quando o efeito do fármaco no seu local de ação é modificado pela presença do alimento
ou concretamente de alguns dos seus constituintes. Nesse tipo de interação, poderá
ser constatado um efeito aditivo resultante da administração concomitante de
fármacos que atuam no SNC (como hipnóticos, anti-histamínicos) com álcool,
que apresenta, igualmente, uma atividade depressora.

Em outras situações, a interação origina um efeito do tipo antagônico. Por


exemplo, como os anticoagulantes prolongam o tempo de protrombina, seu
efeito é antagonizado pela vitamina K, muito abundante em certos alimentos
como aveia, trigo, fígado ou espinafre.

Outro tipo de interação, de natureza farmacodinâmica, com consequências


clinicamente relevantes, está relacionado a alterações na atividade de várias
enzimas. Na literatura, há muitas referências à presença de tiramina em elevada
quantidade em alguns alimentos e bebidas, quais sejam, bebidas alcoólicas
fermentadas (cerveja), queijos curados e fermentados, carnes defumadas e outros
que interferem no tratamento crônico com IMAOs, como já citado. Isso ocorre
devido ao fato de a tiramina ser geralmente metabolizada pelas monoaminoxidases
intestinais e hepáticas que, ao serem inibidas, dão origem a um aumento de
tiramina na corrente sanguínea. Ao atuar como simpaticomimético indireto,
a tiramina pode originar graves crises hipertensivas que, em situações limite,
poderão culminar em hemorragia cerebral e coma. Em 1964, foram registrados
38 casos de hemorragia cerebral, dos quais 21 revelaram-se fatais, em doentes
utilizando IMAOs, que se constatou serem consumidores regulares de queijos e
outros alimentos e bebidas ricos em aminas pressoras, como a histamina, que
são passíveis de determinar a mesma síndrome. Entre esse tipo de alimento estão o
queijo gruyère, alguns peixes e molhos exóticos e o marisco.

33
UNIDADE II
MEDICAMENTOS UNIDADE II
VERSUS ALIMENTOS

CAPÍTULO 1
Fármacos para o sistema digestório

Antiulcerosos e antiácidos
O trato gastrointestinal tem como função armazenar, digerir e absorver nutrientes,
eliminando os resíduos que não são aproveitados pelo organismo. Tal função é regulada
pelo sistema nervoso central, pelo sistema nervoso entérico e por hormônios localizados
no próprio TGI. Náusea, vômito e refluxo podem inibir diretamente a ingestão de
alimentos, enquanto há a recusa de alimento nos casos de gastrite ou úlcera, pela
dor associada ao aumento da secreção de ácido durante o processo de digestão.
A diarreia, por sua vez, está associada a perdas nutricionais tão importantes que
podem levar à morte.

Úlcera é o termo médico para uma ferida aberta. A úlcera péptica desenvolve-se
dentro do revestimento do estômago ou do intestino delgado. De 5% a 10% dos
norte-americanos apresentam uma úlcera péptica em alguma fase da vida. Há dois
tipos de úlcera péptica. A que ocorre no estômago é chamada de úlcera gástrica.
Se a úlcera se desenvolve no intestino delgado, ela é denominada de acordo com o
local onde se apresenta. A mais comum é a úlcera duodenal, que se desenvolve no
duodeno, primeira porção do intestino delgado.

O estômago possui o muco secretado por células especializadas, que, além de secretar
o bicarbonato, formam uma camada inerte semelhante a um gel que protege a mucosa
contra o suco gástrico. O desequilíbrio entre a produção de muco e a secreção ácida
pode resultar em lesão da mucosa, que se manifesta como uma inflamação (gastrite),
podendo progredir para a erosão (úlceras).

34
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

A bactéria Helicobacter pylori (H.pylori) é muito relacionada ao aparecimento


da úlcera, embora se deva verificar a possibilidade de algum distúrbio associado à
hipersecreção de algumas glândulas. Além disso, alimentos condimentados, cigarro,
álcool, alguns medicamentos como o ácido acetilsalicílico e fatores emocionais como
estresse podem alterar a produção de muco e assim expor a parede gástrica à ação do
ácido clorídrico.

O refluxo também pode produzir dor e queimação semelhantes à gastrite e à úlcera,


mas, neste caso, a dor está localizada no esôfago. Isso pode ocorrer quando o
indivíduo come excessivamente no jantar ou deita imediatamente após a refeição
noturna. Quando o paciente apresenta azia e refluxo frequentemente, pode ser o caso
de doença do refluxo gastroesofagiano, cujo tratamento é semelhante ao indicado
para os pacientes com gastrite e úlcera.

As substâncias do trato gastrintestinal que regulam a secreção ácida gástrica podem


ser liberadas na corrente sanguínea como a gastrina, um hormônio local como a
histamina ou um neurotransmissor como acetilcolina liberada por neurônios.

O mecanismo de ação dos três secretagogos sobre a célula parietal não está bem
esclarecido, mas os farmacologistas apresentam a hipótese da célula única. De acordo
com essa hipótese, a célula parietal possui receptores H2 para a histamina, receptores
M2 muscarínicos para a acetilcolina e receptores de gastrina. A estimulação desses
receptores instiga uma bomba de prótons que secreta hidrogênio para o lúmen. O
cloro utilizado para a formação de ácido clorídrico é ativamente transportado para o
interior de canalículos existentes na célula, que se comunicam com a luz das glândulas
gástricas e, portanto, com a luz do estômago.

O tratamento da úlcera (Quadro 8), quando causada pela bactéria H. pylori, é uma
associação de antibióticos e antiácidos ou antiulcerosos, e, quando não é causada pela
bactéria, utilizam-se apenas antiácidos ou antiulcerosos.

35
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Quadro 8. Medicamentos utilizados no tratamento de úlceras.

CLASSE FARMACÊUTICA AÇÃO NOME COMERCIAL NOME GENÉRICO


Antibióticos Amoxil® Amoxicilina
Antiácidos/antiulcerosos Antagonistas de receptor Antak® Ranitidina
H2
Famox® Famotidina
Tagamet® Cimetidina
Inibidores da bomba de Losec®, vitrix® Omeprazol
prótons
Noprol®, zurcal®, Pantozol ® Pantoprazol
Diprox®, lanzol®, prazol® Lanzoprazol
Nexium® esomeprazol
Antiácidos Neutralização do ácido Gastrol®, gelmax®, maalox Associações: bicarbonato de sódio, hidróxido
plus®, gelmax®, simeco plus® de alumínio, hidróxido de magnésio,
simeticona

Fonte: Própria

Podemos dividir os medicamentos utilizados para regulação da secreção ácida gástrica


pelo seu mecanismo de ação, em quatro grupos:

» inibidores da bomba de prótons;

» antagonistas dos receptores H2;

» agentes que aumentam as defesas da mucosa; e

» antiácidos.

Inibidores da bomba de prótons

Pertencem a esse grupo, os medicamentos:

» omeprazol;

» lansoprazol;

» rabeprazol;

» pantoprazol; e

» esomeprazol.

São benzimidazólicos substituídos que se assemelham aos antagonistas dos receptores


de histamina (H2) na sua estrutura, porém possuem mecanismo de ação bem diferente.

36
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Os inibidores da bomba de prótons (iBP) são pró-fármacos ativados em ambiente ácido,


o que explica a necessidade de ser administrado em jejum, cerca de trinta minutos
antes das refeições.

Após sua absorção na circulação sistêmica, na forma de pró-fármaco, difunde-


se nas células parietais do estômago e acumula-se nos canalículos secretores
ácidos, onde é ativado pela formação de uma sulfenamida tetracíclica catalisada
por prótons, retendo o fármaco. Assim, a forma ativada pode ligar-se por
ligação covalente a grupos sulfidrila de cisteínas na H+, K+-Atpase, inativando
de forma irreversível a molécula da bomba.

Dessa forma, somente após a síntese de novas moléculas da bomba, a secreção


de ácido poderá voltar ao normal; com isso, ocorre uma supressão prolongada
da secreção ácida, em torno de 24 a 48h.

Mesmo com meia vida plasmática muito curta, entre 0,5 e 2h do composto
original, como bloqueia a etapa final na produção de ácido, essa classe de
medicamentos é eficaz na supressão ácida.

A inibição da secreção gástrica por medicamentos como os inibidores de


receptor H2 e inibidores da bomba de prótons interfere na secreção do fator
intrínseco, liberado com o HCl pelas células parietais. O fator intrínseco é
essencial para a absorção de vitamina B12 pelo nosso organismo. Portanto, o
tratamento crônico com esses medicamentos pode resultar em sintomas como
fadiga, anemia, formigamento das extremidades ou outros, relacionados à deficiência
da vitamina B12, sendo necessário monitorar seus níveis.

A vitamina B12 é absorvida no trato intestinal por mecanismos ativos ou


de difusão passiva, dependendo do fator intrínseco, que é uma enzima
mucoproteica, presente na secreção gástrica (OLIVEIRA; MARCHINI, 1998).

A dosagem de B12 no sangue é o método padrão para diagnosticar a sua deficiência,


definida quando o valor está abaixo de 150 pg/ml. No entanto, já foi observada
deficiência em pessoas com níveis normais de B12 no exame, o que representa valores
de 200 a 300 pg/ml.

O paciente deve ser orientado a realizar uma dieta rica em vitamina B12, sendo sugerida
a ingestão de ovos, leite e derivados, frutos do mar, fígado e peixe.

Em relação a uma possível suplementação ou tratamento farmacológico, em alguns


casos, deve-se considerar a necessidade de suplementação, como em pacientes idosos

37
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

tratados cronicamente. O tratamento farmacológico pode ser feito por injetáveis ou por
dose oral.

Além da interferência na absorção de vitamina B12, também é importante


analisar que a redução da acidez gástrica produzida pelos medicamentos
antiácidos e antiulcerosos altera a digestão de proteínas e prejudica a perfeita
digestão dos alimentos. Assim, a indicação desses fármacos deveria ser restrita a
situações específicas de desconforto ou necessidade.

Como os antiácidos reduzem o conteúdo gástrico, disponibilizando menor


quantidade de solução para desintegração de comprimidos e dissolução do
fármaco, a velocidade de sua absorção é retardada.

Os antiulcerosos também alteram o pH urinário, modificando a taxa de excreção


de outros fármacos administrados concomitantemente. Além disso, a presença
de alimentos pode reduzir a absorção dos derivados da cimetidina, sendo
recomendada sua administração uma hora antes das refeições.

Os inibidores da bomba de prótons são considerados medicamentos seguros e


raramente provocam reações adversas. Os efeitos mais comuns são náuseas, dores
abdominais, diarreia ou constipação e cefaleia.

Antagonistas dos receptores de histamina (H2)

Pertencem a esse grupo, os medicamentos:

» cimetidina;

» ranitidina;

» famotidina;

» nizatina.

São rapidamente absorvidos pelo intestino.

Inibem a produção de ácido, competindo de modo reversível com a histamina pela


ligação aos receptores H2 na membrana basolateral das células parietais.

São menos potentes que os inibidores da bomba de prótons, entretanto suprimem a


secreção de ácido gástrico em 70% durante 24 horas.

38
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Geralmente os antagonistas dos receptores de H2 são indicados para uso noturno, já


que o determinante mais importante da cicatrização de úlceras duodenais consiste no
nível de acidez noturna.

São absorvidos após administração oral, com concentrações séricas máximas de 1 a 3h.
A absorção pode ser aumentada pela presença de alimento ou diminuída por antiácidos.

Os níveis terapêuticos são alcançados rapidamente após uma dose intravenosa


e se mantêm por 4 a 5 horas (cimetidina), 6 a 8 horas (ranitidina) ou 10 a 12 horas
(famotidina).

A meia vida dos quatro agentes varia de 1,1 a 4h e a duração de ação depende da dose
administrada.

Os efeitos adversos são mínimos e incluem diarreia ou constipação, cefaleia, fadiga e


dor muscular. Com a administração via intravenosa, podem ocorrer efeitos no SNC
como delírios e alucinações. O uso de cimetidina em altas doses e por longo tempo
promove efeitos androgênicos como galactorréia e ginecomastia, redução da contagem
de espermatozoides e impotência nos homens.

Os antagonistas do receptor de H2 podem promover o desenvolvimento de discrasias


sanguíneas como trombocitopenia. Atravessam a placenta e são excretados no leite
materno. Não foram relatados casos de teratogenia, porém seu uso na gravidez deve ser
bem avaliado.

Agentes que aumentam a defesa da mucosa

Alguns agentes são chamados de citoprotetores pois potencializam os mecanismos


de proteção da mucosa e/ou proporcionam uma barreira física sobre a superfície.
Fazem parte de grupo os medicamentos: misoprostol, sucralfato, quelato de bismuto e
carbenoxolona.

» Misoprostol:

› Conhecido com o nome comercial Citotec®, é um análogo metílico da


PGE.

› Após administração oral, sofre rápida absorção e metabolismo em um


ácido livre metabolicamente ativo.

› A meia-vida sérica é de menos de 30 minutos; assim, o misoprostol


deve ser administrado de três a quatro vezes ao dia.

39
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

› É excretado na urina.

› Os efeitos indesejáveis consistem em diarreia e cólica abdominais; além


disso, podem ocorrer contrações uterinas e provocar aborto. Devido
a esse motivo, o misoprostol foi proibido, sendo utilizado apenas em
ambiente hospitalar.

» Sucralfato:

› É um sal de sacarose complexado com hidróxido de alumínio sulfatado.

› Em água e em soluções ácidas, forma uma pasta viscosa e de consistência


firme que se liga seletivamente a úlceras ou erosões por um período de
até 6h.

› Alguns estudos in vitro apontam que o sucralfato pode inibir a ação da


pepsina, além de estimular os mecanismos protetores da mucosa, como
a secreção de muco e de bicarbonato, e produção de prostaglandinas.

› É importante lembrar que o sucralfato pode reduzir a absorção de


alguns medicamentos, como: fluoroquinolona, teofilina, tetraciclina,
digoxina e amitriptilina.

› Já o efeito indesejável mais comum é a ocorrência de constipação.

› Os efeitos colaterais menos comuns são ressecamento da boca, náusea,


vômito, cefaleia e exantema.

» Quelato de bismuto:

› É utilizado em esquemas de combinação no tratamento da infecção


por H. pylori na úlcera péptica, por possuir efeitos tóxicos sobre o
bacilo e também por impedir sua aderência à mucosa ou inibir suas
enzimas proteolíticas. Assim como o sucralfato, o quelato de bismuto
forma uma camada protetora contra o ácido e a pepsina.

› Pequena parte do quelato de bismuto é absorvida e, assim, excretada


pela urina.

› O bismuto promove um escurecimento das fezes, o que pode ser


confundido com um sangramento. Assim, deve-se alertar o paciente
que esse efeito é normal.

40
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

› Esse medicamento não deve ser usado por tempo prolongado devido a
provocar toxicidade.

» Carbenoxolona:

› É derivado da raiz do alcaçuz.

› Promove a produção de muco, que reveste e protege o estômago.

Antiácidos

É muito comum a automedicação com antiácidos de venda livre devido a propagandas


em diversos veículos de comunicação, em que são recomendados para azia, má digestão
e excessos cometidos após as refeições. Entre os mais populares estão os sais de
magnésio e alumínio e o bicarbonato de sódio (Quadro 9).

Quadro 9. Antiácidos mais conhecidos.

NOME DO ANTIÁCIDO NOMES COMERCIAIS


hidróxido de magnésio Leite de magnésia®, Natusgel®, Alca-Luftal®, Gastrol®, Maalox Plus®, Gelmax®,
Mylanta Plus®.
hidróxido de alumínio Pepsamar®, Alca-Luftal®, Engov®, Maalox Plus®, Gastran®, Gastrogel®,
Gelmax®, Mylanta Plus®.
bicarbonato de sódio Alka-Seltzer®, Estomazil®, sal de Andrews®, Sonrisal®.

Fonte: Própria

Hidróxido de magnésio

O hidróxido de magnésio é um sal presente em antiácidos em associação com o hidróxido


de alumínio, pois, se utilizado sozinho, produz diarreia.

Os sais de magnésio não-absorvidos podem causar diarreia osmótica e os sais de


alumínio podem provocar prisão de ventre; sendo assim, esses medicamentos podem
ser indicados para tratamento de constipação ou diarreia. Porém, como esses sais são
excretados pelos rins, não devem ser utilizados por pacientes com insuficiência renal
por muito tempo.

Hidróxido de alumínio

O hidróxido de alumínio combina-se com o cálcio, o fosfato e o ferro presentes nos


alimentos, formando sais insolúveis e aumentando a excreção desses nutrientes nas fezes.
Sendo assim, pacientes com dieta deficiente em cálcio, fósforo ou ferro têm aumentado
o risco de osteoporose, anemia, mialgia, parestesia e fadiga pelo uso prolongado desse

41
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

antiácido. Além disso, o alumínio, se absorvido, pode ser tóxico para o sistema nervoso
central, sendo os idosos e crianças mais suscetíveis a essa intoxicação.

Bicarbonato de sódio

O bicarbonato de sódio produz gazes após a dissociação com o ácido clorídrico,


relacionados aos efeitos adversos de distensão estomacal e flatulência. O uso frequente
e em altas doses produz alcalose, uma vez que o cálcio presente pode ser absorvido.
Quando ingerido com leite, pode gerar a síndrome do leite álcali, caracterizada por
náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, perda de apetite, hipercalcemia
e cálculo renal. Pela presença de sódio, pacientes com insuficiência cardíaca ou
hipertensos, submetidos a dietas com restrição de sódio, devem evitar o uso desses
antiácidos.

Simeticona (surfactante usado em associação com


antiácidos)

A simeticona, por ser um surfactante que diminui a formação de espuma, pode promover
um efeito benéfico no refluxo esofágico; dessa forma, é incluída em preparações de
antiácidos.

Interação importante de antiácidos com cálcio, fósforo e ferro.

Não administrar antiácidos com leite e derivados.

Laxantes
Um dos principais trabalhos que o cólon realiza é absorver água dos resíduos alimentares.
À medida que o resíduo alimentar permanece no cólon, ele perde progressivamente seu
conteúdo de água. Com o tempo, o resíduo fica muito seco e difícil de passar.

O tempo entre as evacuações pode variar de um indivíduo para outro. Algumas pessoas
evacuam duas ou três vezes por dia. Outras, somente três ou quatro vezes por semana.
Entretanto, se for apenas uma ou duas vezes por semana, já pode ser sinal de constipação.

Com a dieta ocidental, ficou estabelecido que a frequência normal de evacuações é de


pelo menos três vezes por semana.

A constipação pode ocorrer por muitas razões e tende a tornar-se mais comum com a
idade. À medida que a idade avança, os músculos do trato digestivo tornam-se menos
ativos. O estilo de vida também pode mudar. Os fatores que aumentam o risco de

42
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

constipação incluem a ingestão insuficiente de líquidos e de fibras, além de ser efetuado


pouco exercício.

Além disso, certos medicamentos podem tornar a digestão mais lenta, produzindo
constipação. Entre eles estão os narcóticos e os antiácidos que contêm alumínio.

Algumas pessoas com síndrome do intestino irritável experimentam episódios


alternados de diarreia e constipação.

Geralmente, a constipação é uma condição temporária que pode ser facilmente corrigida.
Entretanto, há ocasiões em que pode indicar um problema mais sério.

Estão bem estabelecidos os critérios clínicos para o tratamento da constipação


intestinal infantil, no adulto ou no idoso. Contudo, o uso popular de laxativos
e purgativos sustentado por propagandas de cunho meramente comercial
veiculadas pela mídia e, às vezes, indevidamente sustentado por orientação
médica, persiste como forma de “tratamento” medicamentoso de escolha
daquele “sintoma”, com significante prejuízo para os pacientes.

Os laxantes e purgantes não se prestam para o tratamento de doença alguma


e, em casos excepcionais, mediante orientação médica criteriosa, podem ser
prescritos para a evacuação intestinal abrupta, em geral, necessária como
preparo pré-operatório, para procedimentos radiológicos e endoscópicos
intestinais, entre outros motivos.

Excepcionalmente, sob adequada orientação médica, os laxantes e congêneres


serão aconselháveis, como adjuvante inicial, no tratamento da constipação
intestinal crônica (SANTOS JUNIOR, 2003).

Os termos “laxantes”, “catárticos”, “purgantes”, “laxativos” e “evacuantes”


frequentemente são utilizados como sinônimos. Porém, existe uma diferença:

» Laxação quer dizer: evacuação do material fecal formado no reto.

» Catarse quer dizer: evacuação do material fecal não formado, geralmente


na forma líquida, de todo o intestino grosso.

Os fármacos usados mais comumente produzem laxação, mas alguns são realmente
catárticos, que funcionam como laxantes em doses baixas.

Os laxantes podem atuar pelos seguintes mecanismos:

43
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

» aumento da retenção dos líquidos intraluminais por mecanismos


hidrofílicos ou osmóticos;

» redução da absorção global de líquidos por ações no transporte de líquidos


e eletrólitos nos intestinos delgado e grosso; e

» alteração da motilidade por inibição das contrações segmentares (não


propulsoras) ou estimulação das contrações propulsoras.

Tabela 4. Classificação dos laxantes

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA/FUNÇÃO FÁRMACOS


1. Fármacos ativos no lúmen intestinal
Farelo de aveia
a) Coloides hidrofílicos Formadores de bolo Psílio
Metilcelulose
Leite de magnésia
Citrato de magnésio
b) Fármacos osmóticos Sais inorgânicos ou açúcares não absorvíveis
Sulfato de magnésio
Fosfatos de sódio
Docusato
2, Fármacos umectantes Surfactantes e emolientes fecais Óleo mineral
Lactulose
Difenilmetanos (Bisacodil)
3. Estimulantes ou irritantes inespecíficos Com efeito na secreção de líquidos e na motilidade Antraquinonas (Sene e Cáscara sagrada)
Óleo de rícino
Agonistas do receptor 5-HT4 (Prucaloprida)
Antagonistas dos receptores da dopamina
4. Fármacos procinéticos Atuam principalmente na motilidade
(metoclopramida e domperidona)
Motilídeos (eritromicina)

Fonte: BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012

As interações com alimentos ocorrem principalmente com laxantes emolientes e


estimulantes.

Emolientes

Os emolientes lubrificam e amolecem as fezes, impedindo a sua dessecação, e diminuem


a tensão superficial das fezes.

Essa classe é representada pelo óleo mineral (Nujol®), glicerina e óleo de rícino.

O ducosato de sódio também pode ser classificado como emoliente, embora não seja
lubrificante, pois possui propriedade detergente, reduzindo a consistência das fezes.

44
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Esses laxantes estão associados à deficiência de vitaminas lipossolúveis como caroteno


e vitaminas A, D e K, pois não são absorvidos e, como solubilizam essas vitaminas, elas
são eliminadas nas fezes.

O uso crônico desses laxantes pode ocasionar o aparecimento de letargia, vômito,


queda de cabelo, hiperqueratose, queratomalácia, osteomalacia e até mesmo cegueira
noturna.

Laxantes estimulantes

Os laxantes estimulantes aumentam diretamente a motilidade do intestino, decorrente


da irritação da mucosa intestinal.

São glicosídeos extraídos de várias espécies de plantas (sene, aloe, ruibarbo, cáscara
sagrada).

O efeito laxativo depende da liberação dos compostos antraquinônicos, a partir de


enzimas bacterianas.

Óleo de rícino, que é obtido das sementes de Ricinus comunis, além de ser
emoliente também tem efeito estimulante, pois contém uma substância
chamada ácido ricininoleico que irrita a mucosa gástrica.

Outros laxantes que pertencem a essa classe são a fenolftaleína (Agarol®), o bisacodil
(Lacto-purga® e Dulcolax®) e o picossulfato de sódio (Guttalax®), muito usados na
preparação para exames ou cirurgia intestinal.

O uso crônico de laxantes estimulantes acarreta redução da absorção de glicose e das


vitaminas D e K, bem como de proteínas, cálcio e outros eletrólitos.

A agressão à mucosa gástrica produzida pelos laxantes estimulantes pode alterar a flora
intestinal, produzir inflamações da mucosa e prurido anal, além de cólicas, náuseas e
vômitos.

Seu uso crônico está associado ao aparecimento de nefrite e de uma pigmentação


melanótica benigna da mucosa colônica, além do risco de diarreia crônica, esteatorreia,
cólon catártico, hipoalbuminemia e gastroenteropatia, com perda de capacidade da
musculatura intestinal para evacuação.

O efeito inicial dos laxantes é a redução do peso por perda de líquido pelas fezes, e, como
muitas vezes os laxantes são utilizados com diuréticos em fórmulas para emagrecimento,
ocorre maior perda de água e eletrólitos como potássio e cálcio.

45
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

A hipopotassemia consequente do uso abusivo de laxantes estimulantes pode resultar


em parestesia progressiva e dolorosa, com fasciculação e perda do reflexo do tendão.
A dor e a fraqueza muscular são revertidas pela reposição de potássio, encontrado na
banana, no tomate, em vegetais de folha verde e em cereais. O desequilíbrio eletrolítico
pode ocasionar também distúrbios cardiovasculares como arritmia cardíaca, além de
fraqueza, cansaço e atonia da bexiga. Esses sintomas são agravados pela perda de cálcio
nas fezes que, associada à perda de vitamina D, está relacionada com o aparecimento de
osteoporose e osteomalacia em humanos.

Como os laxantes aceleram o tempo de esvaziamento gástrico, podem reduzir a absorção


de nutrientes e de alguns fármacos, influenciando assim a digestão e a absorção dos
alimentos, podendo reduzir a biodisponibilidade dos nutrientes.

Interações importantes com laxantes:

» emolientes – deficiência de vitaminas A, D e K;

» laxantes estimulantes – redução da absorção de glicose, das vitaminas


D e K, de proteínas, cálcio e eletrólitos.

46
CAPÍTULO 2
Antidiabéticos

O diabetes é um distúrbio metabólico caracterizado pela incapacidade do organismo


de utilizar adequadamente a glicose.

O organismo converte o açúcar dos alimentos em glicose, que, com a ajuda de outros
fatores, como a insulina (hormônio produzido no pâncreas), entra nas células, sendo
utilizada como energia. No organismo diabético, essa glicose não consegue penetrar
nas células, acumulando-se na corrente sanguínea.

Veja algumas referências sobre diabetes, insulina, hipoglicemia e outros assuntos


nos seguintes sites:

Gross et al. Diabetes melito: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle


glicêmico. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 46, n. 4,
p. 16-26, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v46n1/a04v46n1.
pdf. Acesso em: 23 fev. 2020.

RHVida. Entendo o Diabetes. Disponível em: http://www.slideshare.net/1950/


diabetes-431580>. Acesso em: 23 fev. 2020

Sociedade Brasileira de Diabetes. Insulina. Disponível em: https://www.diabetes.


org.br/publico/diabetes/insulina. Acesso em: 23 fev. 2020.

Insulinas
Há vários tipos de insulina, classificadas de acordo com o tipo de ação. As mais
comuns são:

» Insulina de curta duração: leva de 30 a 60 minutos para cair na corrente


sanguínea e tem ação de duas a seis horas.
» Insulina de ação intermediária: depois de aplicada, tem ação de duas a
doze horas.
» Insulina de ação prolongada: demora cerca de duas horas para cair na
corrente sanguínea. Tem ação de até 24 horas.
» Insulina de ação rápida: como o próprio nome diz, é rápida. Depois de
injetada, leva de 5 a 10 minutos para fazer efeito.

47
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Medicamentos
Os hipoglicemiantes orais apresentam mecanismos de ações semelhantes,
compartilhando a propriedade de estimular a secreção de insulina pelas células
β-pancreáticas e/ou sensibilizar receptores periféricos de insulina. Eles pertencem
basicamente a três diferentes classes farmacológicas: sulfonilureias, biguanidas e
tiazolidinedionas.

» Sulfonilureias

› Estimulam o pâncreas a liberar a insulina armazenada e a aumentar a


quantidade de insulina na corrente sanguínea, além de aumentarem a
sensibilidade dos receptores periféricos de insulina.

› Em excesso, podem ocasionar hipoglicemia no usuário.

› Esse medicamento pode aumentar o apetite do paciente, podendo


causar aumento de peso.

» Meglitinidas

› São secretagogos da insulina efetivos por via oral.

› São moduladores dos canais de KATP não sulfonilureias.

› Estimulam a liberação de insulina através do fechamento dos canais


de KATP nas células beta do pâncreas.

» Biguanidas

› Têm ação sobre os receptores da insulina, diminuindo a resistência a


ela.

› Aumentam a atividade da proteinoquinase dependente de AMP.

› Podem causar efeitos colaterais como diarreia e ânsia de vômito,


causando efeitos complexos no fígado.

› A ingestão desses fármacos com as refeições ou a redução da dosagem


pode diminuir tais efeitos adversos, sendo estes transitórios e
diminuindo em algumas semanas de tratamento.

› O uso crônico pode produzir depleção de vitamina B12. Pacientes com

48
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

problemas hepáticos e renais não devem tomar esse medicamento.


Normalmente são receitados para obesos.

» Agonistas do GLP-1

› Produzem uma melhora tanto no controle glicêmico quanto na perda


de peso.

› Estão indicadas para terapia adjuvante em pacientes que não


conseguiram um controle da glicemia com metformina, sulfonilureia
ou a combinação de metformina/sulfonilureia ou metformina/
tiazolidinediona.

» Tiazolidinedionas

› São agonistas potentes e seletivos para os receptores “gama” ativados


pelo proliferador de peroxissomo (PPARγ).

› Em seres humanos, os receptores PPARγ são encontrados em tecidos-


alvo, importantes para a ação da insulina, como tecido adiposo,
musculoesquelético e fígado, levando à redução das concentrações de
glicose no sangue.

› É contraindicado para indivíduos com insuficiência cardíaca.

› Pode ocorrer aumento de peso devido ao uso dessa medicação.

› Entre os principais efeitos adversos observados estão náuseas, vômito,


urina escura, bem como hipoglicemia, anemia e ganho de peso.

» Inibidores da DPP-4

› Em pacientes que possuem diabetes tipo 2, reduzem os níveis de HbA1c


em cerca de 80%.

› São efetivos para controle crônico da glicose quando associados a


hipoglicemiantes orais ou insulina.

» Inibidor da alfaglicosidase

› Não é hipoglicemiante oral, porém é utilizado como adjuvante no


tratamento do diabetes.

› É um medicamento que tem atuação no nível do tubo digestivo.

49
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

› Inibe as enzimas alfaglicosidases que atuam sobre os hidrocarbonetos


dos alimentos, impedindo a absorção do açúcar produzido por eles.

› Com a proliferação do excesso de glicose absorvida pelo intestino


grosso, há a ocorrência de diarreia e flatulência nos usuários dessa
medicação.

Quadro 10. Hipoglicemiantes mais utilizados.

CLASSE NOME GENÉRICO NOMES COMERCIAIS


1. Sulfonilureias – 1.ª geração clorpropamida Diabinese®
glibenclamida Daonil®
2. Sulfonilureias – 2.ª geração glipizida Minidiab®
glimepirida Amaryl®
repaglinida Prandin®
3. Não sulfonilureias - Meglitinidas
nateglinida Starlix®
4. Biguanidas metformina Glifage®
5. Inibidor da alfa glicosidase ascarbose Glucobay®
6. Tiazolidinediona pioglitazona Actos®
exenatida Byetta®
7. Agonista do GLP-1 liraglutida Victoza®
dulaglutida Trulicity®
saxagliptina Onglyza®
8. Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) sitagliptina Januvia®
vildaglipitina Galvus®

Fonte: Adaptado de: BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012

Hipoglicemiantes e interação com alimentos


Entre os hipoglicemiantes orais e adjuvantes utilizados no tratamento do diabetes, a
metformina é a única que apresenta interação com nutriente, produzindo deficiência
de vitamina B12 em cerca de 30% dos pacientes. Isso tem sido atribuído, em parte,
à alteração na motilidade intestinal ou ao excessivo crescimento bacteriano em
função da redução da absorção de glicose pela metformina.

Também existe a hipótese de que haja redução na captação do complexo vitamínico


B12 (fator intrínseco), pois esse hipoglicemiante atua sobre transportadores
de cálcio. Como a captação desse complexo é dependente de cálcio, tem sido
sugerida a suplementação de cálcio para reduzir a deficiência de vitamina B12
pela metformina, além do consumo de leite e derivados e alimentos como fonte de
vitamina B12, como bife de fígado, miúdos, mariscos e ostras.

50
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Como o diabetes tipo 2 é caracterizado por vários distúrbios metabólicos que


levam a um quadro hiperglicêmico, os hipoglicemiantes orais representam
a terapêutica mais adotada, em adição às mudanças no estilo de vida. Farhat
e colaboradores (2007) realizaram um levantamento bibliográfico sobre as
interações desses medicamentos com alimentos e concluíram que apenas a
nateglinida apresenta interação clinicamente importante, ocorrendo redução
de sua absorção.

Para saber mais sobre o tema, leia: FARHAT, F. C. L. G.; IFTODA, D. M.; SANTOS,
P. H. Interações entre hipoglicemiantes orais e alimentos. Saúde Rev., v. 9, n.
21, p. 57-62, 2007. Disponível em: www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/
saude21art08.pdf. Acesso em: 12 mai. 2020.

Ou seja, quando os autores citam uma interação clinicamente importante


indicam um caso no qual a interação do medicamento com alimento resulta
em redução da absorção do medicamento, sendo então a nateglinida o único
hipoglicemiante que sofre esse tipo de interação, diferente da metformina, que
prejudica a absorção de nutrientes.

51
CAPÍTULO 3
Anti-hipertensivos e hipolipidemiantes

Anti-hipertensivos
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares,
explicando 40% das mortes por acidente vascular encefálico e 25% daquelas por
doença arterial coronariana (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA,
2002). Embora, no Estado de São Paulo, a mortalidade por doenças do aparelho
circulatório venha apresentando uma tendência decrescente nos últimos anos, elas
ainda representam 30% do total de óbitos, constituindo-se no principal grupo de
causa de morte.

A hipertensão e suas complicações são, também, responsáveis por um grande número


de hospitalizações, a um custo alto para o sistema de saúde. Além dos custos diretos
com o tratamento dos doentes, a perda de produção decorrente da morbidade e da
mortalidade por hipertensão gera um custo econômico importante para a sociedade.

A hipertensão é uma das principais causas de aposentadoria por invalidez e de


incapacidade temporária.

Tratamentos não medicamentosos e alterações do estilo de vida têm sido


recomendados para o controle da pressão arterial e outras doenças crônicas:
abandono do tabagismo, controle do peso, redução do consumo de bebidas
alcoólicas, exercício físico, redução da ingestão de sal. Alguns autores, entretanto,
questionam a eficácia das intervenções educativas na mudança dos estilos de vida
e, consequentemente, na prevalência dos fatores de risco das doenças crônicas. O
que se observa é que, muitas vezes, torna-se necessário o tratamento do paciente
portador de hipertensão arterial com medicamentos anti-hipertensivos.

Muitos estudos de intervenção têm demonstrado que a terapia anti-hipertensiva reduz


a morbidade e a mortalidade por doenças cardiovasculares, até mesmo em pacientes
idosos com hipertensão sistólica isolada.

Os medicamentos para hipertensão são divididos em seis classes principais


(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2002):

» diuréticos;

» vasodilatadores diretos;

52
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

» inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA);


» bloqueadores dos canais de cálcio; e
» antagonistas do receptor at2 da angiotensina II (aII).
A combinação de fármacos é frequentemente utilizada, já que a monoterapia inicial é
eficaz em apenas 40% a 50% dos casos.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. IV Diretrizes brasileiras de hipertensão


– Capítulo 6: Tratamento medicamentoso. Revista Brasileira de Hipertensão, v.
17, n. 1, p. 31-43, 2010.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. 7ª. Diretriz Brasileira de Hipertensão


Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 3, suppl.3, setembro de
2016.

Tabela 5: Anti-hipertensivos disponíveis

CLASSE DE ANTI-HIPERTENSIVOS FÁRMACOS DO GRUPO NOMES COMERCIAIS


clortalidona Higroton®
hidroclorotiazida Acortiz®
indapamida Natrilix®
Diuréticos furosemida Lasix®
bumetanida Burinax®
espironolactona Aldactone®
amilorida*
metildopa Aldomet®
clonidina Atensina®
Agentes alfa-agonistas de ação central guanabenzo Lisapres®
monoxidina Cynt®
rilmenidina Hyperium®
carvedilol Coreg®
Bloqueadores beta-adrenérgicos ou Betabloqueadores nebivolol Nebilet®
propranolol Inderal®
doxazosina Cardura®
Alfabloqueadores – Bloqueadores alfa-1-adrenérgicos prazosina Minipress®
terazosina Adecur®
hidralazina Hydrapres®
Vasodilatadores diretos
minoxidil** Lonitem®
amlodipino Norvas®
nifedipino Adalat®
felodipino Plentil®
nitrendipino Caltren®
manidipino Manivasc®
lercanidipino Zanidip®
Bloqueadores do canal de cálcio levanlodipino Novanlo®
lacidipino Lacipil®’
isradipino Delatol SRO®
nisoldipino NisolCare®
nimodipino Nimotop®
verapamil Calan®
diltiazem Diltizem®

53
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

benazepril Lotensin®
captopril Capoten®
cilazapril Vascace®
enalapril Vasotec®
fosinopril Zestril®
Inibidores da enzima conversora de Angiotensina
moexipril Univasc®
ramipril Altace®
perindopril Aceon®
quinapril Accupril®
trandolapril Mavik®
candersatan Atacand®
Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II losartan Cozaar®
valsartana Diovan®
Inibidores diretos da renina alisquireno Rasilez®

*Sempre associado com outro diurético como furosemida (Diurisa®) ou hidroclorotiazida (Moduretic®)

**O minoxidil, atualmente, tem sido utilizado topicamente para tratamento da alopecia androgenética

Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016.

Diuréticos

Os diuréticos geralmente são de primeira escolha no tratamento da hipertensão,


sendo utilizados também para redução de edemas. Seu emprego se justifica porque
a diurese reduz a volemia (volume de sangue nos vasos) e, com isso, diminui a
resistência periférica, resultando em menor sobrecarga sobre o coração. Muitas vezes
são utilizados em associação com outros anti-hipertensivos como, por exemplo, os
betabloqueadores (antagonistas β-adrenérgicos), com o objetivo de aumentar a eficácia
farmacológica e reduzir os efeitos adversos, uma vez que a associação permite a redução
da dose administrada para ambos. Como a hipertensão é uma doença crônica, esses
medicamentos serão utilizados por longos períodos e, no caso dos diuréticos, há um
risco elevado de produzir deficiência nutricional.

Os diuréticos aumentam a excreção de sódio e de água do corpo, por meio de uma


ação sobre os rins. O efeito primário consiste em diminuir a reabsorção de sódio e
cloro filtrado, sendo o aumento da perda de água secundário à excreção aumentada de
cloreto de sódio.

Uma das consequências da inibição do transporte de sódio pelos diuréticos tiazídicos


e diuréticos de alça é a perda concomitante de potássio. Sendo assim, o paciente que
utiliza esses diuréticos apresenta hipocalemia (deficiência de potássio), além de outros
efeitos adversos como hipotensão, impotência, hiperglicemia e hiperlipidemia.

Entre os grupos de fármacos utilizados para hipertensão, os diuréticos são os que


apresentam maior efeito sobre o estado nutricional do paciente e, por isso, merecem

54
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

um destaque maior. A perda de nutrientes pelos rins está relacionada ao mecanismo de


ação destes, pois, ao inibirem o transporte do sódio, eles também inibem a reabsorção
de outros íons, que são também excretados pela urina.

A deficiência de potássio originada pelos diuréticos tiazídicos e de alça corresponde


a níveis séricos menores do que 3,5 mmol/L e está associada a náuseas, vômitos,
paralisia muscular, câimbras, arritmias, confusão, sonolência e fadiga. Nesse caso,
recomenda-se a ingestão de alimentos como banana, frutas cítricas e ameixa para
reposição de íons como potássio.

Os diuréticos poupadores de potássio são menos potentes, mas apresentam a vantagem


de não eliminar o potássio. Contudo, existe o risco de hipercalemia (níveis séricos
de potássio acima de 5,5 mmol/L), portanto, nesses pacientes, a recomendação é
a redução desse mineral na alimentação. O excesso de potássio manifesta-se sob a
forma de alterações no ritmo cardíaco e paralisia flácida. Os usuários desses diuréticos
devem procurar enriquecer sua dieta com ácido fólico e cálcio, pois esses nutrientes são
excretados na urina de modo significativo, podendo resultar em anemia, despapilação
lingual, insônia, confusão, fadiga, câimbra, fratura óssea, entre outros.

Há dois tipos de diuréticos: os que atuam diretamente nos túbulos renais,


modificando a sua atividade secretora e absorvente, e aqueles que modificam
o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da
água e sal.

Grupos que atuam diretamente nos túbulos:

» Diuréticos de alça:

› Atuam no ramo ascendente da alça do Néfron (Henle).

› São os mais potentes do todos os diuréticos.

› Inibem o transporte de NaCl para fora do túbulo e para o interior


do tecido intersticial ao inibir o carreador de Na+/K+/2Cl- na
membrana luminal. Ou seja, os diuréticos de alça removem uma
grande quantidade de sódio dos rins, produzindo o aumento do
fluxo urinário.

› São frequentemente utilizados em casos emergenciais e no


tratamento de pacientes com crises de edema pulmonar agudo,
insuficiência cardíaca crônica, cirrose hepática complicada por
ascite, síndrome nefrótica e insuficiência renal.

55
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

» Diuréticos tiazídicos:

› Atuam no túbulo contorcido distal.

› São de uso contínuo na maioria de pacientes com hipertensão


arterial e são os mais utilizados para os cardíacos.

› Os tiazídicos aumentam moderadamente a eliminação de urina e


são os únicos diuréticos que também agem como vasodilatadores
sanguíneos, o que também ajuda a diminuir a pressão arterial.

» Diuréticos poupadores do potássio:

· Atuam nos receptores da aldosterona nos túbulos distais.

· Previnem a perda de potássio, um problema dos outros tipos de


diuréticos acima. Geralmente são associados com os diuréticos
tiazídicos e com os de alça.

· São frequentemente utilizados em pacientes com insuficiência


cardíaca congestiva.

Grupos que modificam o filtrado:

» Diuréticos osmóticos:

› São substâncias farmacologicamente inertes com característica


hidrofílica.

› São filtrados no glomérulo, mas sofrem reabsorção incompleta ou


não são reabsorvidas pelo néfron.

› Retêm água por pressão osmótica.

Podemos então verificar que os diuréticos, além de causarem deficiência nutricional,


também provocam efeitos gastrintestinais como vômito, náusea, anorexia e perda da
sensibilidade gustativa e olfativa, que pode inibir a ingestão de alimentos, aumentando
ainda mais o risco de desnutrição.

56
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Os diuréticos podem promover hipopotassemia, hipomagnesemia e intolerância


a glicose, além de aumentar o ácido úrico. E o diurético poupador de potássio
espironolactona provoca hiperpotassemia.

Assim, é importante estar atento quanto ao tipo de diurético utilizado pelo


paciente, pois, em alguns casos, é necessária a suplementação de potássio ou
a dieta com redução desse mineral, e avaliar a alimentação para controlar a
glicose, incorporar magnésio e evitar alimentos que alteram o ácido úrico.

Anti-hipertensivos que apresentam interações


relevantes

Captopril e outros inibidores da ECA

O captopril tem sua absorção reduzida pela presença de alimento no estômago. Por essa
razão, é recomendado que esse medicamento não seja tomado junto com as refeições:
deve-se tomar pelo menos uma hora antes ou duas horas depois.

Como ele diminui a produção de aldosterona, ocorre a elevação de potássio sérico;


sendo assim, deve-se evitar o consumo de alimentos ricos em potássio, como banana,
melão, laranja e tomate.

Clonidina

A clonidina é uma agonista central de alfa 2 com propriedade anti-hipertensiva. Por


reduzir a excreção de sódio pelos rins, é necessária sua restrição na dieta.

Propranolol

O propranolol tem a absorção retardada por alimentos ricos em carboidratos,


enquanto refeições ricas em proteínas aumentam sua biodisponibilidade.

O aumento da biodisponibilidade do propranolol pela dieta rica em proteínas resulta,


provavelmente, da redução do seu metabolismo de primeira passagem, uma vez que
os aminoácidos absorvidos competem pelas enzimas hepáticas que degradam esse
fármaco.

57
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Hidralazina

Entre os outros fármacos cardiovasculares que apresentam interação com nutrientes,


encontramos o vasodilatador hidralazina, que, além de sofrer redução na sua absorção
em até 80% na presença de alimentos, tem a capacidade de antagonizar a vitamina B6
e aumentar sua excreção renal, causando sua deficiência no organismo.

Como a vitamina B6 está presente na maioria dos alimentos, mas grande parte é perdida
durante o cozimento e processos industriais, recomenda-se a ingestão de alimentos
cuja biodisponibilidade dessa vitamina seja maior, como, por exemplo: banana, nozes,
brócolis, couve-flor e, ainda, carnes, em que a concentração do nutriente em 100 g de
alimento é mais alta.

A hidralazina também aumenta a perda urinária de manganês, sendo importante sua


reposição por meio de alimentos como gérmen de trigo, soja assada e frutas oleaginosas
(nozes, amendoim, amêndoa, avelã).

Hipolipidemiantes
Dislipidemia, hiperlipidemia ou hiperlipoproteinemia é a presença de níveis
elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue.

Os lipídios e o colesterol são transportados pela corrente sanguínea na forma de


complexos macromoleculares de lipídios e proteínas, conhecidos como lipoproteínas.

As lipoproteínas consistem em um cerne central de lipídio hidrofóbico envolvido por


um revestimento mais hidrofílico de substâncias polares – fosfolipídios, colesterol
livre e apolipoproteínas associadas.

Existem quatro classes principais de lipoproteínas, que diferem na sua proporção


relativa de lipídios do cerne e no tipo de apoproteína. Além disso, diferem quanto
a seu tamanho e densidade, e esta última propriedade, que é determinada por
ultracentrifugação, constitui a base de sua classificação em:

» lipoproteínas de alta densidade (HDL);

» lipoproteínas de baixa densidade (LDL);

» lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL); e

» quilomícrons.

58
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

As anormalidades nos lipídios e lipoproteínas são extremamente comuns na


população geral e são consideradas um fator de risco altamente modificável para
doenças cardiovasculares, devido à influência do colesterol, uma das substâncias
lipídicas clinicamente mais relevantes, na aterosclerose. Algumas formas de
dislipidemia podem também predispor à pancreatite aguda.

Existem as dislipidemias primárias, de causa genética, e as dislipidemias


secundárias, provenientes de outros quadros patológicos como, por exemplo, o
Diabetes mellitus.

Para o diagnóstico, são medidos laboratorialmente os níveis plasmáticos de


colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos.

Os níveis dos lípidos existentes são avaliados por meio de análises de sangue,
que deve ser colhido em jejum.

Um nível de colesterol total no soro inferior a 200 mg/dl é considerado um valor


desejável para os adultos, com as LDL abaixo de 130 mg/dl e as HDL acima de
35 mg/dl.

Os níveis de colesterol podem ser expressos como percentagem de HDL, ou seja,


o quociente entre o colesterol total e o colesterol HDL. Uma relação igual ou
inferior a 4,5 é considerada desejável. Se os níveis de HDL forem particularmente
altos e os níveis de LDL correspondentemente baixos, um nível de colesterol
total no soro acima de 200 mg/dl pode não ser prejudicial.

A farmacoterapêutica para quadros de dislipidemia baseia-se em diversas classes de


fármacos, como resinas sequestrantes de ácidos biliares, fibratos, ácido nicotínico,
inibidores seletivos da absorção de colesterol e inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril
coenzima A (HMG-Coa) redutase (estatinas ou vastatinas).

Mecanismo de ação e efeito hipolipemiante dos


inibidores da HMG-Coa redutase

Os inibidores da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (estatinas ou vastatinas) são


fármacos que causam a inibição parcial e reversível da enzima HMG-Coa redutase,
enzima-chave na rota da síntese do colesterol endógeno. Os inibidores da HMG-Coa
redutase possuem uma porção similar ao ácido mevalônico, inibindo a conversão de
HMG-Coa em mevalonato. Em humanos, a biossíntese de colesterol a partir de acetil-
Coa fornece cerca de 60% a 70% do colesterol circulante, o que faz com que a inibição
da via sintética seja uma forma bastante eficiente de terapia hipolipemiante.

59
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

A redução de colesterol intracelular promove um aumento da expressão dos


receptores de LDL (LDL-R) na superfície dos hepatócitos e resulta em maior
recaptação de LDL circulantes. Como um mecanismo hipolipemiante adicional, os
inibidores da HMG-Coa redutase reduzem os níveis de lipoproteínas de muito baixa
densidade (VLDL) por inibição da sua síntese e promoção de seu catabolismo. As
VLDL são precursores das LDL e a inibição de sua produção resulta em uma redução
adicional dos níveis de LDL. A inibição da formação de VLDL é secundária à inibição
da síntese do colesterol, por ser necessário para a formação da lipoproteína e pela
redução dos níveis de apolipoproteína B, a principal apolipoproteína presente em
LDL.

Quadro 11. Hipolipemiantes mais conhecidos.

HIPOLIPEMIANTES NOME GENÉRICO NOME COMERCIAL


Mevacor®
lovastatina
Neolipid®
Reducol®
Androlip®
sinvastatina Clinfar®
Inibidores da HMG-Coa redutase ou estatinas
Sinvastacor®
Zocor®
pravastatina
Mevalotin®
Pravacol®
torvastatina Citalor®
Lipitor®
Resinas de ligação de ácidos biliares colestiramina Questran®
colestipol Colestid®
genfibrozil Lopid®
Sinteroid®
clofibrato
Fibratos Lipofacton®
Lipidil®
fenofibrato
Lipanon®

Fonte: Própria

Atualmente, seis estatinas estão no mercado:

» atorvastatina;
» fluvastatina;
» lovastatina;
» pravastatina;
» rosuvastatina; e
» sinvastatina.

60
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Dados dos maiores estudos randomizados envolvendo esses fármacos mostraram que
as estatinas são as mais eficientes em baixar os níveis de colesterol total (18%
a 25%) e LDL colesterol (25% a 55%). Além disso, reduzem moderadamente
os níveis de triglicerídeos (10% a 15%) e aumentam, da mesma forma, os
níveis de HDL colesterol (5% a 10%). Esses estudos também mostraram que a
utilização de estatinas diminui os riscos de eventos cardíacos fatais e não fatais
independentemente de outros fatores como idade, sexo, tabagismo, diabetes ou
hipertensão.

A sinvastatina e a torvastatina são metabolizadas, inicialmente, no intestino


por enzimas como a CYP3A4. O uso concomitante de suco de toranja (pomelo,
grapefruit), que inibe essa mesma enzima, resulta em um aumento da
biodisponibilidade desses hipolipidemiantes em até quinze vezes, podendo
resultar no aumento dos efeitos adversos, particularmente miopatia e
rabdomiólise (degradação do músculo esquelético).

Segundo Morita e Silva (2008), a grapefruit é uma fruta muito utilizada nos
Estados Unidos da América para fazer sucos e bebidas não alcoólicas; no Brasil,
é conhecida como toranja ou pomelo. Essa fruta e seu suco podem interagir
com alguns medicamentos. É importante alertar os pacientes que fazem uso
de medicamentos que interagem com essa fruta que, no Brasil, existem alguns
produtos que contêm suco de toranja, como as bebidas Schweppes e Fanta
Citrus. Assim, os pacientes devem verificar se, na composição dos produtos,
principalmente os cítricos, existem as expressões: “suco de toranja”, “suco de
grapefruit” ou “suco de pomelo”.

As estatinas são os agentes mais efetivos e mais bem tolerados para o tratamento
da dislipidemia. Esses fármacos são inibidores competitivos da HMG-CoA
redutase, que catalisa uma etapa inicial e limitante de velocidade na biossíntese
do colesterol, convertendo HMG-Coa em ácido mevalônico.

As estatinas mais potentes (ex.: atorvastatina, sinvastatina e rosuvastatina), em


doses mais altas, também podem reduzir os níveis de triglicerídeos causados
pela elevação dos níveis de VLDL.

As estatinas exercem seu efeito principal, redução dos níveis de LDL, graças a
uma porção semelhante ao ácido mevalônico, que inibe competitivamente a
HMG-CoA redutase. Ao reduzir a conversão da HMG-CoA em mevalonato, as
estatinas inibem uma etapa inicial e limitante de velocidade na biossíntese do
colesterol.

61
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

As estatinas afetam os níveis sanguíneos de colesterol ao inibir a síntese hepática


de colesterol, resultando em aumento da expressão do gene do receptor de LDL.
Em resposta ao conteúdo reduzido de colesterol livre no interior dos hepatócitos,
as SREBP ligadas à membrana são clivadas por uma protease e translocadas até
o núcleo. A seguir, os fatores de transcrição ligam-se ao elemento de resposta ao
esterol do gene do receptor de LDL, intensificando a transcrição e aumentando
a síntese dos receptores de LDL. A degradação dos receptores de LDL também
é reduzida. O maior número de receptores de LDL sobre a superfície dos
hepatócitos resulta em remoção aumentada das LDL do sangue, diminuindo
assim os níveis de LDL-C (BRUNTON, CHABNER, KNOLLMANN, 2012).

No livro de Farmacologia de Rang et al., encontramos a informação de que “O


principal efeito bioquímico das estatinas consiste em reduzir as concentrações
plasmáticas de LDL-colesterol” Porém, quando fala dos fibratos, também afirma
“A exemplo dos efeitos das estatinas, que não reduzem as LDL”, o que parece
contraditório. Nos faz entender que pode ser um erro do autor (RANG et al.,
2003).

Já Katzung (2010) diz que os inibidores da redutase (HMG-Coa redutase)


induzem claramente um aumento do número de receptores de LDL de alta
afinidade. Esse efeito aumenta tanto o catabolismo fracional das LDL quanto a
extração hepática dos precursores das LDL (remanescentes de VLDL) do sangue,
reduzindo, assim, os níveis de LDL.

Resinas de ligação de ácidos biliares


A colestiramina e o colestipol são resinas de troca aniônica.

Quando administradas por via oral, sequestram os ácidos biliares no intestino e


impedem a sua reabsorção e circulação entero-hepática.

O resultado consiste em diminuição da absorção do colesterol exógeno e aumento do


metabolismo do colesterol endógeno em ácidos biliares no fígado. Essa situação resulta
em maior expressão dos receptores de LDL nos hepatócitos e, portanto, em remoção
aumentada das LDL do sangue e redução das concentrações plasmáticas de LDL
colesterol. As concentrações de HDL colesterol permanecem inalteradas, e pode haver
aumento indesejável dos triglicerídeos.

62
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Esses medicamentos impedem a absorção de drogas e vitaminas lipossolúveis como:

» Vitaminas:

› A;

› D;

› E;

› K;

› B12 (por inibição do fator intrínseco); e

› ácido fólico.

» Minerais:

› cálcio; e

› ferro.

Fibratos
Dispõe-se de vários derivados do ácido fíbrico (fibratos) incluindo:

» bezafibrato;

» ciprofibrato;

» genfibrozila;

» fenofibrato; e

» clofibrato.

Esses fármacos produzem acentuada redução das VLDL circulantes e, por


conseguinte, dos triglicerídeos, com redução moderada (de cerca de 10%) nas LDL
e aumento de cerca de 10% nas HDL.

O mecanismo de ação dos fibratos é complexo. Essas substâncias atuam com


agonistas no receptor ativado pelo proliferador do peroxissoma alfa (PPARα),
um receptor que pertence à superfamília dos receptores nucleares, que estimula a
degradação β-oxidativa dos ácidos graxos.

63
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Os fibratos estimulam a lipoproteína lípase, com consequente aumento da


hidrólise dos triglicerídeos em quilomícrons e partículas de VLDL, e liberam
ácidos graxos livres para armazenamento no tecido adiposo ou para metabolismo
no músculo estriado. Além disso, essas substâncias provavelmente diminuem a
produção hepática de VLDL e aumentam a captação hepática de LDL. Além desses
efeitos sobre as lipoproteínas, os fibratos reduzem o fibrinogênio plasmático,
melhoram a tolerância à glicose e inibem a inflamação do músculo liso vascular
ao inibirem a expressão do fator de transcrição NF-кB.

Um exemplo dos efeitos das estatinas é que não reduzem as LDL; existe muito
interesse nessas ações, embora ainda não se saiba se elas são clinicamente
importantes.

Os fibratos reduzem a absorção de:

» caroteno;

» glicose;

» ferro;

» vitaminas

› E;

› K;

› B12; e

» eletrólitos como o zinco.

Alguns sintomas associados à deficiência desses nutrientes são:

» fadiga;

» úlceras linguais;

» intumescimento e formigamento das extremidades;

» anemia;

» debilidade;

» letargia mental; e

» redução do paladar e olfato e da capacidade de cicatrização.


64
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Recomendações para reverter as carências nutricionais:

» Devem ser consumidos alimentos ricos em ferro e demais nutrientes,


encontrados em carnes e leguminosas.

» Recomenda-se também a ingestão de suco de frutas cítricas, ricas em


vitamina C, nas refeições, para aumentar a biodisponibilidade do ferro e
controlar a anemia.

Outros hipolipemiantes

Ácido nicotínico

O ácido nicotínico, também chamado niacina ou vitamina B3, inibe a lipase tecidual
(hormônio-sensível) nos adipócitos, reduzindo o fluxo de ácidos graxos livres ao fígado
e limitando, assim, a síntese de triglicérides.

Outros efeitos descritos são a estimulação da síntese hepática de apoA1 (e, portanto, de
HDL) e a promoção do catabolismo hepático da apoB100 (e, portanto, das LDL).

Um efeito colateral relatado é a hiperglicemia; contudo, há evidência de que, com


a formulação de liberação intermediária, as alterações da glicemia são discretas e
transitórias.

Probucol

O probucol reduz os níveis plasmáticos de LDL e de HDL, além de apresentar atividade


antioxidante.

Redução na absorção de alguns nutrientes:

» O uso crônico de probucol está associado à redução do apetite e à alteração


do paladar e do olfato, resultantes da deficiência de zinco.

» Além disso, o uso desse medicamento está associado à redução significativa


da absorção de vitamina E, caroteno e vitamina A.

Sendo assim, pode ser necessária a suplementação ou o aumento da ingestão de alimentos


fontes de zinco, como carnes, frutos do mar, cereais integrais, castanhas, leguminosas,
já que esse mineral é capaz de reverter a anorexia provocada pelo medicamento.

65
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Ácidos graxos ômega-3

Os ácidos graxos ômega-3, que são derivados do óleo de peixes provenientes de águas
frias e profundas, reduzem a síntese hepática dos triglicerídeos.

Os mais importantes são o eicosapentaenoico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA).

Em altas doses (4 a 10 g ao dia), reduzem os triglicérides e aumentam discretamente o


HDLC. Podem, entretanto, aumentar o LDL-C.

Em portadores de doença arterial coronária, a suplementação de 1 g/dia de ômega-3


em cápsulas reduziu em 10% os eventos cardiovasculares (morte, infarto do miocárdio,
acidente vascular cerebral).

Portanto, os ácidos graxos ômega-3 podem ser utilizados como terapia adjuvante na
hipertrigliceridemia ou em substituição a fibratos, niacina ou estatinas em pacientes
intolerantes.

66
CAPÍTULO 4
Anti-inflamatórios e anti-infecciosos

Analgésicos e anti-inflamatórios
Os agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) possuem três ações principais
farmacologicamente desejáveis, todas basicamente resultantes da inibição da
cicloxigenase do ácido araquidônico nas células inflamatórias (isoenzima COX-2) e da
consequente redução na síntese de prostanoides. Essas ações incluem:

» Ação anti-inflamatória:

› A redução das prostaglandinas vasodilatadoras (PGE2, prostaciclina)


está associada a menor vasodilatação e, indiretamente, a menos edema.

› O acúmulo de células inflamatórias não é reduzido.

» Efeito analgésico:

› A diminuição na síntese de prostaglandinas significa menor


sensibilização das terminações nervosas nociceptivas a mediadores da
inflamação, como a bradicinina e a 5-hidroxitriptamina.

› O alívio da cefaleia resulta, provavelmente, de uma redução da


vasodilatação mediada pelas prostaglandinas.

» Efeito antipirético:

› Deve-se, em parte, à diminuição da prostaglandina mediadora


(produzida em resposta ao pirógeno inflamatório, a interleucina-1
é responsável pela elevação do ponto de ajuste hipotalâmico para o
controle da temperatura, causando febre).

Classificação atual dos anti-inflamatórios não-esteroidais:

» Inibidores seletivos da COX-1:

› ácido acetilsalicílico (em baixas doses).

67
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

» Inibidores não-seletivos da COX:

› ácido acetilsalicílico (em altas doses);

› piroxicam;

› indometacina;

› diclofenaco; e

› ibuprofeno, entre outros.

» Inibidores preferencialmente seletivos da COX-2:

› meloxicam;

› etodolaco; e

› nimesulida.

» Inibidores altamente seletivos da COX-2:

› COXIBS:

· rofecoxib (Vioxx®) – proibido!;

· valdecoxib (Bextra®);

· celecoxib (Celebra®); e

· etoricoxib (Arcoxia®).

68
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Figura 14: Síntese de prostanoides e leucotrienos

FOSFOLIPÍDEO

FOSFOLIPASE D FOSFOLIPASE C

ÁCIDO
DIACILGLICEROL
FOSFATÍDICO

FOSFOLIPASE A2 DAG LIPASE

ÁCIDO
ARAQUIDÔNICO

COX – 1/COX - 2 Lipo-oxigenase

PROSTANÓIDES LEUCOTRIENOS

Fonte: Própria

Entre as isoformas da COX, podemos destacar:

» COX 1: constitutiva de manutenção; e envolvida na homeostasia dos


tecidos;

» COX 2: induzida nas células inflamatórias.

É importante destacar que a COX é responsável não somente pela síntese das
prostaglandinas, mas também do tromboxano, que atua como vasoconstritor e
agregante plaquetário. É comum o uso de inibidores seletivos de COX-1 em pacientes
com doenças cardiovasculares, para prevenir a formação de trombos. E os altamente
seletivos COX-2 não inibem a síntese de tromboxanos; dessa forma, os pacientes que

69
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

utilizam essa classe de AINEs, se forem propensos a doenças cardiovasculares, estão


mais suscetíveis à formação de trombos.

Para saber mais sobre o tema, leia: MONTEIRO, E. C. A.; TRINDADE, J. M. F.; DUARTE,
A. L. B. P.; CHAHADE, W. H. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). Temas
de Reumatologia clínica, v. 9, n. 2, p. 53-63, 2008.

Anti-inflamatórios esteroides ou
corticosteroides
Os hormônios corticoides são substâncias sintetizadas a partir do colesterol pelo
córtex adrenal, também chamado córtex suprarrenal, cuja atividade é controlada
grandemente pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) liberado pelo lobo anterior
da hipófise. No córtex adrenal, podem ser distinguidas três zonas ou camadas
histológicas:

» Camada glomerular externa:

› Secreta mineralocorticoides, que atuam primariamente como


reguladores do balanço eletrolítico e aquoso.

› Os mais representativos são a aldosterona e desoxicortona


(desoxicorticosterona).

» Camada fascicular média:

› Sintetiza glicocorticoides, que estão primariamente compreendidos


no metabolismo dos carboidratos, mas também têm atividade anti-
inflamatória, corticotrofina-supressora e anabólica; os representantes
principais são cortisona e hidrocortisona.

» Zona reticular interna:

› Secreta hormônios sexuais.

Entretanto, somente os glicocorticoides apresentam atividade anti-inflamatória


importante, além de suprimir a imunidade.

Os corticoides ou anti-inflamatórios esteroidais diferenciam-se dos AINEs pelo


mecanismo de ação, pois são inibidores da fosfolipase A2, e sua ação tem como
consequência a inibição da formação de prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos,
o que explica seus diversos efeitos terapêuticos.

70
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Foram desenvolvidos vários fármacos derivados semissintéticos dos glicocorticoides,


que são divididos de acordo com as potências. Sendo assim, são classificados segundo
o quadro a seguir.

Quadro 12. Classificação dos glicocorticoides semissintéticos de acordo com sua potência.

TEMPO DE AÇÃO NOMES GENÉRICO/COMERCIAL


Ação curta (8 a 12h) cortisona – hidrocortisona (Solu-cortef®).
Ação intermediária (12 a 36h) prednisolona (Predsim®)
prednisona (Meticorten®)
beclometasona (Beclosol®)
Ação longa (36 a 72h) dexametasona (Decadron®)
betametasona (Celestone®, Diprospan®)

Fonte: Própria

Os corticosteroides apresentam ação anti-inflamatória e imunossupressora pela inibição


da enzima fosfolipase A2. A inativação da fosfolipase A2, logo após a lesão tecidual, faz
diminuir a disponibilidade de ácido araquidônico nas células do foco inflamado, o que
acarreta a diminuição da síntese de seus metabólitos pela via cicloxigenase-2.

O uso prolongado de corticosteroides pode causar efeitos metabólicos profundos e


variados, modificando as respostas imunes do organismo aos diversos estímulos,
sendo contraindicado em várias situações clínicas, como hipertensão, diabetes, úlcera
gastroduodenal e catarata.

Analgésicos utilizados corriqueiramente sem prescrição médica e que parecem inócuos


como o ácido acetilsalicílico (Aspirina®, AAS®) podem ter consequências nutricionais.

Há indícios de que a interação entre o ácido acetilsalicílico e vitamina C possa ocasionar


problemas significativos. Uma recomendação antiga indica a ingestão de alimentos
ricos em vitamina C em pelo menos duas refeições por dia, a fim de facilitar a absorção
de maiores quantidades e melhorar sua biodisponibilidade, já que o organismo não é
capaz de armazená-la.

Aspirina e redução na absorção de nutrientes:

» A Aspirina® pode também reduzir os níveis de outros importantes


nutrientes, como tiamina, ácido fólico e ferro, além de depletar as reservas
orgânicas de vitamina K e aumentar a excreção urinária de aminoácidos.

» Pessoas que tomam aspirina regularmente podem necessitar de


suplementação extra. Por outro lado, uma nova teoria de doença cardíaca
sugere que o excesso de ferro pode ser um problema, e a aspirina forma

71
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

uma proteção no coração por manter baixos os níveis de ferro. É necessário


o monitoramento por meio do hemograma para detectar uma possível
anemia ou deficiência em folato e cobalamina.

Sinais e sintomas do uso crônico e doses elevadas do ácido acetilsalicílico:

» anemia;

» hemorragia;

» redução da capacidade de cicatrização de ferimentos;

» petéquias;

» cãibras nas pernas e nos pés;

» fadiga;

» apatia, entre outros.

Recomendações aos pacientes que fazem uso crônico desse analgésico:

» Ingerir alimentos integrais como fontes de vitaminas do complexo B.


Lembramos que a tiamina (vitamina B1) é perdida no processo de refino
dos alimentos.

» Para reverter a deficiência de vitamina K, vegetais devem ser consumidos


crus, devido a melhor biodisponibilidade, e preferencialmente
acompanhados de óleo ou margarina, para aumentar a absorção.

» As câibras podem ser reduzidas com o consumo de alimentos ricos em


cálcio, potássio e magnésio.

Devido aos efeitos adversos gastrointestinais causados pelos anti-inflamatórios não


esteroidais como diclofenaco (Voltaren®, Cataflan®), cetoprofeno (Profenid®),
ibuprofeno (Advil®, Motrin®), indometacina (Indocid®), piroxican (Feldene®),
aconselha-se que esses medicamentos sejam administrados com alimentos. Não foram
relatadas interações clínicas entre alimentos e AINEs.

De acordo com algumas pesquisas realizadas, os nutrientes podem diminuir a velocidade


de absorção dos fármacos, provavelmente por retardarem o esvaziamento gástrico.

O retardo na absorção de certos fármacos, quando ingeridos com alimentos, nem sempre
indica redução da quantidade absorvida, mas, provavelmente, poderá ser necessário

72
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

um período maior para alcançar sua concentração sanguínea máxima, interferindo


na latência do efeito. Entretanto, substâncias que se complexam com nutrientes estão
frequentemente indisponíveis para absorção.

Nutrientes que prejudicam absorção de


medicamentos

Alguns tipos de alimentos podem interferir significativamente na absorção de fármacos,


especialmente aqueles ricos em fibras. Pelas suas propriedades químicas, as fibras
tendem a combinar-se com os fármacos, reduzindo sua biodisponibilidade.

Paracetamol

Ocorre redução da absorção do paracetamol (Tylenol®) quando administrado com


alimentos ricos em pectina, presente em alguns alimentos como, por exemplo, geleia e
casca de laranja.

Celecoxib

Já o celecoxib (Celebra®) tem seu início de ação retardado pela presença de alimentos
no estômago; sua taxa de dissolução aumenta, representando um acréscimo de cerca de
10% na sua biodisponibilidade em humanos. Sendo assim, no caso do Celecoxib®, há
uma interação positiva entre alimentos e fármaco.

Penicilamina

A penicilamina (Cuprimine®), anti-inflamatório utilizado para tratamento de


inflamações crônicas como doença de Wilson, artrite e cistinúria, apresenta interação
com alimentos. Não é bem absorvida quando administrada com ferro e magnésio.

Como os suplementos geralmente contêm esses nutrientes, devem ser ingeridos


algumas horas antes ou depois da administração da penicilamina. Esse medicamento
também diminui a absorção de cobre, zinco e vitamina B6.

Anti-inflamatórios esteroidais (corticoides) prejudicam absorção de nutrientes:

» Podem provocar a perda de vitamina D3 e interferem na absorção e no


metabolismo do cálcio. O uso crônico gera perda óssea.

» Podem também conduzir a uma diminuição na absorção de potássio,


zinco e vitaminas B6, B12 e ácido fólico. Assim, pode ser necessária a
suplementação desses nutrientes.

73
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Antibióticos e antimicrobianos
O termo “antibiótico” foi designado por Paul Vuillemin em 1889 e vem do grego
anti+bios, que significa “contrário à vida”. Foi definido, por Waksman, em 1940,
como uma substância produzida por microrganismos e que tem a capacidade de inibir
o crescimento e até destruir outros microrganismos. Segundo Benedict e Langlykke
(1947), é um composto químico derivado de organismo vivo ou produzido por este e
que é capaz, em concentrações baixas, de inibir os processos vitais de microrganismos.

Os antibióticos, em sua maioria, são produzidos por microrganismos, porém alguns


resultam de modificação química de antibióticos conhecidos ou de metabólitos
microbianos.

De 3.100 antibióticos, cerca de 2.400 são de origem microbiana. Somente algumas


dezenas são empregadas na medicina devido à maioria carecer de toxicidade seletiva:
são tóxicos ao hospedeiro e ao microrganismo.

O uso indiscriminado produz inúmeros efeitos colaterais e interações medicamentosas,


além de favorecer a resistência bacteriana.

Podem ser classificados de acordo com o seu mecanismo de ação:

» inibição da síntese da parede celular;

» inibição da síntese proteica;

» inibição do metabolismo bacteriano;

» inibição da síntese ou atividade do ácido nucleico; e

» alteração da permeabilidade da parede celular.

Inibição da síntese da parede celular

São os antibióticos β-lactâmicos que atuam inibindo as transpeptidases, que são


enzimas que catalisam a etapa da ligação cruzada final na síntese da peptidoglicana
(constituinte da parece celular bacteriana). Após a sua fixação a sítios de ligação na
bactéria (denominados proteínas de ligação da penicilina), os antibióticos β-lactâmicos
inibem as enzimas autolíticas que degradam peptidoglicanas. Nas bactérias que são
tolerantes a esses antibióticos, as enzimas autolíticas não são ativadas.

74
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Alguns exemplos de fármacos dessa classe são:

» Penicilinas:

› amoxicilina;

› ampicilina;

› benzatina belzilpenicilina; e

› procaína benzilpenicilina.

» Cefalosporinas:

» cefalexina

» cefadroxil

» cefalotina

» cefaclor

» ceftriaxona

» carbapenens

› imipenem

» monobactâmicos

› aztreonam

O uso indiscriminado desses medicamentos fez com que as bactérias expostas produzam
uma enzima conhecida como β-lactamase, que destrói o anel β-lactâmico, existente na
estrutura química desses fármacos e responsável pela sua atividade bactericida.

Para saber mais sobre o assunto, leia: JUNIOR, M. A. S.; FERREIRA, E. S.; CONCEIÇÃO,
G. C. Betalactamases de espectro ampliado (ESBL): um importante mecanismo
de resistência bacteriana e sua detecção no laboratório clínico. Newslab, n. 63,
2004. Disponível em: http://www.newslab.com.br/ed_anteriores/63/ESBL61.
pdf. Acesso em: 12 mai. 2020.

75
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Inibição da síntese proteica

A essa classe pertencem os fármacos:

» Tetraciclinas:

› tetraciclina;

› oxitetraciclina;

› doxiciclina; e

› minociclina.

› Cloranfenicol

» Aminoglicosidios:

› gentamicina;

› tobramicina;

› amicacina;

› neomicina.

» Macrolídios:

› eritromicina;

› clindamicina;

› azitromicina.

Tetraciclinas

Devido à presença de vários grupos capazes de formar diversas pontes de hidrogênio


intramoleculares, as tetraciclinas têm propriedade quelante. Formam complexos
insolúveis com sais de ferro, cálcio, magnésio e alumínio. Portanto, é recomendado
não ingerir leite, laticínios, antiácidos e demais produtos ricos desses sais com a
tetraciclina.

Os efeitos indesejáveis mais comuns consistem em distúrbios gastrintestinais


provocados, inicialmente, por irritação direta e, posteriormente, pela modificação da
microbiota intestinal. Pode ocorrer deficiência das vitaminas do complexo B com o

76
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

uso em longo prazo e vitamina K devido à diminuição da síntese bacteriana no intestino.


Por serem quelantes do cálcio, as tetraciclinas depositam-se nos ossos e dentes em
crescimento, causando manchas e, algumas vezes, hipoplasia dentária e deformidades
ósseas. Por conseguinte, não devem ser administradas a crianças, gestantes ou mulheres
em fase de lactação.

É recomendado que o medicamento seja tomado com água e dentro de um intervalo de


uma a duas horas antes ou após a alimentação.

Aconselha-se a suplementação com cálcio, ferro, magnésio e zinco após três horas da
administração do antibiótico para não reduzir sua absorção.

Tetraciclina interage com os nutrientes:

» ferro;

» cálcio;

» magnésio; e

» alumínio.

É recomendado não associar com:

» leite;

» laticínios; e

» antiácidos.

Possíveis deficiências de nutrientes:

» vitaminas do complexo B; e

» vitamina K.

Recomendação de suplementação com:

› cálcio;

› ferro;

› magnésio; e

› zinco.

77
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Cloranfenicol

O cloranfenicol liga-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano, no mesmo local


que a eritromicina e a clindamicina. Trata-se de um antibiótico de amplo espectro,
bacteriostático e ativo por via oral.

Atualmente, tem sido indicado apenas para uso tópico, no tratamento de conjuntivites
bacterianas.

Devido a sua grande toxicidade, outros antibióticos têm sido indicados para o tratamento
de outras patologias.

Aminoglicosídeos

São administrados de forma injetável. Apresentam ação bactericida de amplo espectro


(porém com baixa atividade contra anaeróbios, estreptococos e pneumococos). A
resistência a esses antibióticos está aumentando.

Os principais efeitos indesejáveis consistem em nefrotoxicidade e ototoxicidade


relacionadas com a dose. É necessário monitorizar os níveis séricos.

Macrolídeos

Podem ser administrados por via oral ou parenteral. São bactericidas e bacteriostáticos.
O espectro antibacteriano é igual ao da penicilina. Os fármacos dessa classe ligam-
se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano, e o sítio de ligação é o mesmo que
o do cloranfenicol e da clindamicina, de modo que os três tipos de agentes podem
competir se forem administrados concomitantemente. Na atualidade, dispõe-se de
vários antibióticos macrolídeos e antibióticos relacionados, entre os quais os dois
mais importantes são a claritromicina e a azitromicina.

Os distúrbios gastrintestinais são comuns e desagradáveis, porém não são graves.

Não apresentam interações com alimentos. A claritromicina não deve ser ingerida
com álcool, pois aumenta os efeitos sedativos deste.

Inibição do metabolismo bacteriano

Os fármacos que representam essa classe são as sulfonamidas e a trimetoprima. As


sulfonamidas são bacteriostáticas; atuam ao interferir na síntese de folato e, portanto,
na síntese de nucleotídeos. Os efeitos indesejáveis incluem hepatite cristalúria
(precipitação dos metabólitos acetilados na urina) e hipersensibilidade.

78
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

A trimetoprima é bacteriostática, atua por antagonismo do folato. Pode ocasionar


deficiência de folato, com consequente desenvolvimento de anemia megaloblástica, que
pode ser evitada mediante administração de ácido folínico.

Inibição da síntese ou atividade do ácido nucleico

Os fármacos que representam essa classe são:

» rifampicina;

» metronidazol; e

» fluoroquinolonas:

› ciprofloxaxino;

› levofloxacino;

› ofloxacino; e

› norfloxacino.

O metronidazol foi introduzido como antiprotozoário, mas também possui atividade


contra bactérias anaeróbicas, como Bacteroides, Clostridia sp. e alguns estreptococos.
O mecanismo de ação consiste na inibição da síntese de ácido desoxirribonucleico e na
degradação do DNA. Mostra-se eficaz no tratamento da colite pseudomembranosa,
uma infecção por clostrídios algumas vezes associada à antibioticoterapia, sendo
também importante no tratamento de infecções graves por anaeróbios (como sepse
secundária à doença intestinal).

A rifampicina é um poderoso agente ativo por via oral, que inibe a RNA-polimerase das
micobactérias. Trata-se de um dos mais ativos agentes antituberculose conhecidos.
Penetra no líquido cefalorraquidiano. Os efeitos indesejáveis não são frequentes
(embora possa ocorrer grave lesão hepática). A rifampicina induz as enzimas
hepáticas envolvidas no metabolismo de fármacos. Acredita-se que esse fármaco
induz a conversão hepática de vitamina D nos seus metabólitos inativos e, em alguns
estudos, demonstrou diminuir a concentração de vitamina D circulante acompanhada
de diminuição das concentrações dos níveis séricos de cálcio circulante. Pode-se
verificar o rápido desenvolvimento de resistência.

O ciprofloxacino é uma fluoroquinolona mais comumente utilizada, que serve como


protótipo. Interfere no superespiralamento do DNA. Tem amplo espectro, sendo
eficaz contra microrganismos tanto gram-positivos quanto gram-negativos. O seu

79
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

uso simultâneo a produtos contendo ferro/antiácidos e magnésio, alumínio ou cálcio


reduz a absorção do fármaco. Deve-se evitar o consumo de leite e iogurte. Por isso, esse
medicamento deve ser tomado uma a duas horas antes ou, pelo menos, quatro horas
depois desses produtos.

Rifampicina reduz concentração de vitamina D e cálcio.

Ciprofloxacino e outros do grupo das Fluoroquinolonas:

» reduzem absorção de:

› ferro;

› magnésio;

› alumínio; e

› cálcio.

» não devem ser associados com:

› leite;

› laticínios; e

› antiácidos.

Alteração da permeabilidade da parede celular

Existem poucos compostos antimicrobianos que atuam na membrana celular, pois a


semelhança na estrutura e na composição química das membranas de células bacterianas
e humanas dificulta a toxicidade seletiva suficiente necessária. As polimixinas são uma
família de antibióticos polipeptídicos das quais o composto mais utilizado clinicamente
é a polimixina E (colistina). A droga é ativa contra bastonetes gram-negativos,
especialmente P. aeruginosa. As polimixinas são peptídeos cíclicos compostos de dez
aminoácidos, seis dos quais são o ácido diaminobutírico. Os grupamentos amino livres,
carregados positivamente, atuam como um detergente catiônico, causando distúrbios
na estrutura de fosfolipídios da membrana celular.

80
CAPÍTULO 5
Antineoplásicos

O câncer é uma enfermidade caracterizada pelo crescimento desordenado e


descontrolado de algumas células. Atualmente, está relacionado ao termo “neoplasia
maligna”. Pode afetar pessoas de todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos
de câncer aumenta com a idade, como demonstrado em estudos sobre as correlações
entre números de novos casos de câncer com idade e sexo dos pacientes.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por
exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de
um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas,
ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos, como osso, músculo
ou cartilagem, é chamado de sarcoma. Linfoma é o nome genérico usado para
designar todo tipo de câncer do sistema linfático, e leucemia refere-se ao câncer nas
células jovens sanguíneas que se acumulam na medula óssea (NACIONAL CANCER
INSTITUTE, 2011). Devido à relativa semelhança entre células malignas e normais do
corpo, o grande desafio para o tratamento de cânceres é a distinção entre essas células.
O tratamento da maioria dos casos de câncer consiste na combinação de diferentes
técnicas como, por exemplo, cirurgia e quimioterapia (INSTITUTO NACIONAL DE
CÂNCER – INCA, 2011). Esta última baseia-se na busca por destruição das células
neoplásicas, que têm como característica o fato de dividirem-se muito mais rápido
que a maioria das células normais. Contudo, podem ocorrer efeitos secundários
importantes nas células normais de crescimento rápido, como as gastrointestinais,
capilares e as do sistema imunológico, causando diarreia, náuseas, vômitos, alopecia
e maior susceptibilidade às infecções.

As células normais de todo organismo vivo coexistem em perfeita harmonia citológica,


histológica e funcional. De acordo com suas características morfológicas e funcionais,
determinadas pelos seus próprios códigos genéticos, e com sua especificidade, as
células estão agrupadas em tecidos, os quais formam os órgãos.

Os mecanismos que regulam o contato e a permanência de uma célula ao lado de


outra, bem como os de controle do seu crescimento, ainda constituem uma das áreas
menos conhecidas da biologia. Sabe-se que o contato e a permanência de uma célula
com outra são controlados por substâncias intracitoplasmáticas, mas ainda é pouco
compreendido o mecanismo que mantém as células normais agregadas em tecidos.
Ao que parece, elas se reconhecem umas às outras por processos de superfície, os

81
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

quais ditam que células semelhantes permaneçam juntas e que determinadas células
interajam para executarem determinada função orgânica.

Sabe-se também que o crescimento celular responde às necessidades específicas


do corpo e é um processo cuidadosamente regulado. Esse crescimento envolve
aumento da massa celular, duplicação do ácido desoxirribonucleico (ADN) e
divisão física da célula em duas células filhas idênticas (mitose). Tais eventos
se processam por meio de fases conhecidas como G1- S - G2 - M, que integram
o ciclo celular.

Nas células normais, restrições à mitose são impostas por estímulos reguladores
que agem sobre a superfície celular, os quais podem resultar tanto do contato
com as demais células como da redução na produção ou disponibilidade de certos
fatores de crescimento. Fatores celulares específicos parecem ser essenciais
para o crescimento celular, mas poucos deles são realmente conhecidos.

O mecanismo de controle do crescimento celular parece estar na dependência


de fatores estimulantes e inibidores, e, normalmente, ele estaria em equilíbrio
até o surgimento de um estímulo de crescimento efetivo, sem ativação do
mecanismo inibidor. Tal estímulo ocorre quando há exigências especiais, como,
por exemplo, para reparo de uma alteração tissular. As células sobreviventes
multiplicam-se até que o tecido se recomponha e, a partir daí, quando ficam
em íntimo contato umas com as outras, o processo é paralisado (inibição por
contato).

Em algumas ocasiões, entretanto, ocorre uma ruptura dos mecanismos


reguladores da multiplicação celular e, sem que seja necessário ao tecido,
uma célula começa a crescer e dividir-se desordenadamente. Pode resultar daí
um clone de células descendentes, herdeiras dessa propensão a crescimento
e divisão anômalos, insensíveis aos mecanismos reguladores normais, o que
resulta na formação do que se chama tumor ou neoplasia, que pode ser benigna
ou maligna. A carcinogênese refere-se ao desenvolvimento de tumores malignos,
estudada com base nos fatores e mecanismos a ela relacionados.

Para melhor compreensão sobre a fisiologia do câncer, estatísticas da incidência


de câncer no Brasil e bases do tratamento, consulte as seguintes referências:

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Ações de enfermagem para o controle do


câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. Fisiopatologia do câncer.
Capítulos 2 e 7. Rio de Janeiro: Inca, 2008. Disponível em: http://www.inca.gov.
br/enfermagem/index.asp. Acesso em: 12 mai. 2020.

82
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativa 2010: Incidência de câncer


no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, 2009. Disponível em: http://www.inca.gov.br/
estimativa/2010/estimativa20091201.pdf. Acesso em: 12 mai. 2020.

Existem três abordagens principais para o tratamento do câncer estabelecido: excisão


cirúrgica, irradiação e quimioterapia, e o papel de cada uma delas irá depender do tipo
de tumor e do estágio de seu desenvolvimento. A quimioterapia pode ser utilizada como
terapia propriamente dita ou como adjuvante de outras formas de tratamento.

A quimioterapia do câncer, quando comparada com a das doenças bacterianas,


apresenta um difícil problema. Em termos bioquímicos, os microrganismos diferem
das células humanas tanto do ponto de vista quantitativo quanto do qualitativo,
enquanto as células cancerosas e as células normais, por serem tão semelhantes em
inúmeros aspectos, dificultam a identificação de diferenças bioquímicas gerais e
exploráveis entre elas.

Os agentes antineoplásicos são, em sua maioria, antiproliferativos; a maioria danifica o


DNA e, portanto, desencadeia o processo da apoptose. Além disso, afetam rapidamente
as células normais em rápida divisão e, por conseguinte, tendem a deprimir a medula
óssea, a comprometer a cicatrização, deprimir o crescimento, causar esterilidade e
queda dos cabelos e ser teratogênica. A maioria provoca náusea e vômito.

Os principais agentes antineoplásicos podem ser divididos nas seguintes categorias:

Agentes citotóxicos

Agentes alquilantes e compostos correlatos

» Foram as primeiras drogas utilizadas no tratamento do câncer e, apesar de


sua toxidade, constituem a base de qualquer tratamento quimioterápico.

» Os agentes alquilantes são extremamente reativos e ligam-se facilmente


a grupos fosfatos, aminos, hidroxilas e imidazólicos, que são encontrados
nos ácidos nucleicos.

» Esses agentes afetam tanto as células cancerígenas como as sadias – eles


podem quebrar a cadeia do DNA ou formar pontes entre as cadeias do
ácido nucleico, impedindo a duplicação do DNA e causando a morte da
célula (citotoxidade).

83
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

» Esses agentes causam vômitos, diarreia e uma grande diminuição


no número de glóbulos brancos e vermelhos no sangue, deixando o
organismo debilitado, incapaz de combater uma infecção.

Agentes antimetabólitos

» São antineoplásticos estruturalmente semelhantes aos compostos naturais


encontrados em nosso organismo, como aminoácidos, precursores do
DNA, vitaminas etc.

» Bloqueiam ou subvertem as vias na síntese de DNA.

Antibióticos

» Substâncias de origem microbiana que impedem a divisão das células dos


mamíferos.

» Os antibióticos antitumorais produzem seus efeitos principalmente por


meio de uma ação direta sobre o DNA.

Hormônios

» Cânceres de mama e de órgãos genitais são tratados com hormônios.

» Esses tecidos requerem hormônios, tais como androgênios, progestinas e


estrogênios, para crescimento e desenvolvimento.

» Os antineoplásicos hormonais limitam a ação desses hormônios naturais.

» São extremamente específicos e somente funcionam com certos tipos de


câncer.

Dezenas de produtos vegetais apresentam atividades antineoplásicas. Tomando a


definição de antibióticos no seu sentido lato, esses produtos podem ser considerados
antibióticos. São eles:

› alcaloides da vinca;

› podofilotoxina e análogos;

› colchicina e derivados;

› derivados fenantrênicos;

84
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

› elipticina e compostos relacionados;

› alcaloides benzilisoquinolínicos;

› alcaloides da aporfina;

› camptotecina e outros alcaloides quinolínicos;

› antibióticos pirrolizidínicos;

› naftoquinonas;

› alcaloides diversos; e

› outros produtos vegetais

Quadro 13. Principais antineoplásicos.

CLASSE TIPO DE AGENTE NOMES GENÉRICO/COMERCIAL


Agente alquilante Mostarda nitrogenada ciclofosfamida (Genuxal®);
clorambucil (Leukeran®).
Nitrosureias lomustina (Citostal®);
carmustina (Becenum®).
Derivados da cisplatina carboplatina (Neoplatine®, Platicarb®);
dacarbazina (Faulding®, Dacarb®);
bussulfam (Myleran®).
Antimetabólitos Antagonistas do ácido fólico metotrexato (Metrotex®, Metotrexin®);
citarabina (Citab®, Alexan®, Aracytin®);
Antagonistas das pirimidinas citarabina (Citab®, Alexan®, Aracytin®);
fluoruracil (Efurix®).
Antagonistas das purinas 6-mercaptopurina (Puri-nethol®);
azatioprima (Imuran®).
Antibióticos actinomicina (Dactinomicina®, Cosmegen®);
doxorrubicina (Doxina®, Rubex®);
bleomicina (Blenoxane®).
Hormônios Antiestrogênio tamoxeno (Nolvadex®, Tamoxin®).
Antiandrogênio flutamida (Eulexin®, Tecnoflut®);
ciproterona (Androsteron®).
Compostos vegetais Alcaloides da vinca vincristina (Oncovina®);
vimblastina (Velban®).
Taxanos paclitaxel (Paxel®, Itaxcel®, Taxol®).
Podofilotoxina e análogos etopósido; tenipósido; podofilotoxina

Fonte: Própria

85
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

Orientações ao paciente com câncer


As drogas quimioterápicas geralmente causam irritação nas paredes do estômago e do
intestino, provocando enjoos e vômitos. Esses sintomas ocorrem principalmente no dia
da infusão, podendo-se prolongar por até quatro dias. A intensidade varia de acordo
com o organismo do paciente e com o tipo de quimioterapia utilizada.

Algumas mudanças nos hábitos alimentares auxiliam o paciente no controle desses


sintomas, tais como:

» preferir alimentos com rápida digestão;

» não encher o estômago de uma só vez, preferindo fazer várias alimentações


ao longo do dia, em pequenas quantidades;

» evitar alimentos gordurosos e frituras;

» comer devagar, mastigando bem os alimentos;

» preferir alimentos frios ou em temperatura ambiente.

Outras recomendações importantes são:

» evitar odores fortes;

» procurar não exercer atividades que exijam esforço físico; e

» procurar vestir roupas leves.

Alguns quimioterápicos podem provocar aparecimento de aftas, irritação nas gengivas,


na garganta e até feridas na boca. Isso pode causar muita dor e ainda dificultar a
alimentação. Para evitá-las ou minimizar o sofrimento causado por elas, algumas
medidas podem ser seguidas:

» manter a boca sempre limpa, escovando os dentes com maior frequência;

» cuidar para não ingerir alimentos duros, quentes, ácidos e condimentados;

» procurar usar cremes dentais mais suaves, fazendo bochechos quando


necessário com produtos indicados pelos médicos; e

» ingerir maior quantidade de líquidos (água, chás e sucos)

86
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Alguns dias após a quimioterapia há uma diminuição temporária das defesas do


organismo, que fica predisposto a contrair mais facilmente infecções por vírus, bactérias
e fungos. A febre é um sinal de alerta para a existência de infecções no organismo.

Algumas drogas quimioterápicas podem causar diarreia em maior ou menor


intensidade, dependendo da reação do organismo. Se ela persistir por mais de
24 horas, o paciente deverá obter orientação médica.

Nos casos menos intensos, algumas medidas podem ajudar a diminuir esses
efeitos como:

» procurar manter uma alimentação mais líquida (água, chás e sucos);

» evitar tomar leite e derivados; e

» fazer pequenas refeições, evitando alimentos gordurosos e frituras.

Normalmente, os quimioterápicos atingem o crescimento e a multiplicação das células


que dão origem ao cabelo, podendo provocar sua queda de forma total ou parcial. Não
se pode prever exatamente como e em que proporção os cabelos serão afetados, porém
é importante lembrar que a queda é geralmente temporária. O processo de nascimento
do cabelo se reinicia logo após o término da quimioterapia e, em alguns casos, ainda
durante a quimioterapia (INCA, 2011).

Dependendo do tipo de quimioterapia, o paciente pode apresentar alterações na pele,


como:

» vermelhidão;

» coceira;

» descamação;

» ressecamento; e

» manchas.

As unhas também podem apresentar escurecimento e rachaduras. Alguns desses


efeitos podem ser amenizados pelo próprio paciente, que deverá manter a pele
limpa, fazer uso de hidratante e evitar a exposição ao sol (INCA, 2011).

Segundo estudo realizado por Ferreira e colaboradores (2008), uma avaliação física
em pacientes com câncer em tratamento com quimioterápicos revelou alopecia,
esclerótica ictérica, unhas manchadas, pele descorada, mucosa oral desidratada, língua

87
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

saburrosa, alteração nas capacidades físicas para o trabalho e perda de peso na maioria
deles. As pessoas referiram baixa ingesta hídrica, redução na ingesta alimentar,
intolerância a carne e feijão, aumento no consumo de frutas, vegetais, legumes e sucos.

Alimentação do paciente com câncer


Não há necessidade de grandes modificações na alimentação. No entanto, o paciente
deve incluir nas refeições diárias frutas, verduras, cereais, carnes etc., para que possa
obter todos os nutrientes de que o organismo precisa.

É importante que o paciente esteja sempre bem alimentado para ter melhores condições
de reagir aos efeitos colaterais, ficando também menos predisposto a infecções.

As bebidas alcoólicas devem ser evitadas, tendo em vista que o álcool pode interagir
com os medicamentos utilizados no tratamento, podendo, assim, reduzir os efeitos
esperados e aumentar a intensidade dos efeitos colaterais (INCA, 2011).

Durante o período de tratamento, não há contraindicação à prática de exercícios físicos


ou modalidades esportivas, porém, o indivíduo pode ficar menos disposto. Por essa
razão, o paciente deve estar atento para não forçar suas condições físicas. A maioria dos
pacientes pode e deve continuar trabalhando durante o tratamento. Não há indicação
para que as atividades habituais sejam paralisadas, a menos que sejam bastante pesadas
e exijam muita condição física.

Na maioria das vezes, o paciente precisa apenas ajustar os dias das sessões e os dias
em que os efeitos colaterais estejam mais fortes, para que possa entrar em acordo e ser
dispensado do trabalho.

Interações entre alimentos e antineoplásicos


Os quimioterápicos alteram a proteína intracelular, a síntese de DNA da célula e
o funcionamento do sistema gastrointestinal; portanto, promovem aumento do
catabolismo proteico, depleção ou diminuição da absorção de cálcio, magnésio, zinco,
fósforo, ferro, ácido fólico, vitaminas A, B1, B12 e C, aumentam o ácido úrico e a creatina.

O fluoruracil aumenta a sensibilidade ao doce e altera a sensibilização ao amargo e ao


azedo.

88
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Os antineoplásicos bleomicina, fluoruracil, cisplatina, vincristina e doxorrubicina


podem interferir na absorção no metabolismo, na distribuição e na excreção de macro
e micronutrientes.

A ciclofosfamida e a vincristina induzem a secreção inadequada do hormônio


antidiurético e promovem a eliminação de sódio.

O metotrexato gera deficiência aguda de ácido fólico e diminuição da renovação da


mucosa intestinal, gerando má absorção de vitamina D e cálcio.

A dieta dos pacientes fazendo uso desses medicamentos deve ser ajustada às alterações
do trato gastrointestinal, deve ser hipervitamínica, hiperminerálica, hiperprotídica.
É importante repor os eletrólitos e fornecer quantidade de líquidos suficiente para
equilibrar a hidratação do paciente.

Quimioterápicos promovem depleção ou diminuição da absorção de:

» cálcio;

» magnésio;

» zinco;

» fósforo;

» ferro;

» ácido fólico; e

» vitaminas

› A;

› B1;

› B12; e

› C.

Quimioterápicos promovem aumento:

» ácido úrico; e

» creatina.

89
CAPÍTULO 6
Ansiolíticos e antidepressivos

Ansiolíticos
Os distúrbios da ansiedade, quando clinicamente reconhecidos, incluem:

» distúrbio da ansiedade generalizada;

» distúrbio do pânico;

» fobias; e

» distúrbio do estresse pós-traumático.

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um estado contínuo de excessiva


ansiedade, sem nenhuma razão ou foco claros. Está entre os transtornos da ansiedade e,
consequentemente, transtornos mentais, mais frequentemente encontrados na clínica.
Embora visto inicialmente como um transtorno leve, atualmente se avalia que o TAG
é uma doença crônica, associado a uma morbidade relativamente alta e a altos custos
individuais e sociais. Por exemplo, cerca de 24% dos pacientes classificados como
grandes usuários de serviços médicos ambulatoriais apresentam diagnóstico de TAG
(SCHWEIZER et al., 1995).

Conceitos relacionados ao transtorno de ansiedade generalizada:

» Distúrbio do pânico: são ataques de medo opressivo que ocorrem


associados a sintomas somáticos marcantes, como sudorese,
taquicardia, dores no peito, tremores, asfixia etc. Tais ataques podem
ser induzidos, mesmo em indivíduos normais, pela infusão de lactato
de sódio. A condição parece ter um componente genético.

» Fobias: são medos duradouros de coisas ou situações específicas,


como cobras, espaços abertos, voar ou interações sociais.

» Distúrbio de estresse pós-traumático: é um estado de ansiedade


disparada por lembrança insistente de experiência estressante
passada.

90
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

Os sintomas mais comuns no indivíduo com distúrbio de ansiedade são:

» agitação;

» inquietação;

» distúrbios do sono e/ou gastrintestinais;

» taquicardia; e

» sudorese.

A ansiedade pode ser originada de temor e/ou de fonte imprecisa, levando a um estado
de apreensão ou tensão denominado estado de ansiedade, podendo ocorrer com ou sem
sintomas físicos. O distúrbio do pânico corresponde ao estado de ansiedade em que
ocorre episódio de medo insuportável associado a sintomas somáticos mais intensos,
como o tremor, a dor torácica e a sudorese, até mesmo interferindo nas atividades
produtivas.

Enquanto nos episódios de ansiedade moderada comuns na vida moderna, muitas vezes,
não existe a necessidade do uso de fármacos, quando ocorrem sintomas de ansiedade
grave e crônica, incluindo debilitante, sem melhora com aconselhamento médico e/ou
terapias de comportamento, torna-se necessário o tratamento farmacológico.

Os psicofármacos mais usados pertencem às seguintes classes:

» ansiolíticos e hipnóticos;

» antipsicóticos (também chamados neurolépticos);

» antidepressivos; e

» fármacos para a sintomatologia neurovegetativa.

Os fármacos ansiolíticos e hipnóticos são também conhecidos como hipnóticos-


sedativos (alguns autores chamam de tensiolíticos ou ansiolíticos, ou tranquilizantes
menores), pois o mesmo fármaco pode exercer ambas as funções (sedativa e hipnótica),
dependendo do método de uso e da dose empregada. Em doses elevadas, são utilizados
também para induzir a anestesia cirúrgica.

Os principais grupos de fármacos utilizados como ansiolíticos e hipnóticos são:

» Benzodiazepínicos (diazepam, bromazepan, clonazepam, alprazolam,


lorazepam, entre outros): são agonistas dos receptores GABAérgicos que

91
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

produzem inibição generalizada do sistema nervoso central. Representa


o grupo mais importante usado como ansiolítico e hipnótico.

» Buspirona: agonista do receptor 5-HT1A é ansiolítico, mas não indicado


como sedativo.

» Antagonistas do receptor β-adrenérgico (como propanolol):


também usados para tratar algumas formas de ansiedade, particularmente
em que os sintomas físicos, como sudorese, tremor e taquicardia, são
incômodos. Sua eficácia depende do bloqueio das respostas simpáticas
periféricas, e não de quaisquer efeitos centrais. São algumas vezes usados
por atores e músicos para reduzir os sintomas do medo, mas seu uso em
algumas modalidades do esporte, para minimizar o tremor, é proibido,
como não esportivo.

Leia o seguinte artigo: ARGYROPOULOS, S. V.; SANDFORD, J. J.; NUTT, D. J. The


psychobiology of anxiolitic drug. Part 2: pharmacological treatments of anxiety.
Pharmacology & Therapeutics, v. 88, p. 213-227, 2000.

O uso de suplementos alimentares tem aumentado na última década. Estudos


epidemiológicos sugerem que os pacientes recorrem a suplementos alimentares
devido a certa relutância em tomar medicamentos prescritos ou à insatisfação com
os resultados. Muitas vezes, eles percebem que os suplementos dietéticos podem
ser uma alternativa mais segura ou mais natural.

Pacientes com problemas de saúde mental, incluindo depressão, ansiedade e


distúrbios do sono, estão entre aqueles que usam suplementos alimentares. A
Erva de São João é usada para tratar a depressão. Estudos clínicos comparando
suplementos alimentares com doses baixas de antidepressivos (maprotilina,
amitriptilina, imipramina ou menos que 75 mg/dia) com altas doses de
antidepressivos (Imipramina, 150 mg/dia) não encontraram diferença significativa
entre os tratamentos. A erva kava kava é usada para tratar a ansiedade; ensaios
clínicos demonstram que o efeito dela é superior ao placebo e aproximadamente
equivalente a oxazepam 15 mg/dia ou bromazepam 9 mg/dia. Os agentes estudados
para uso em distúrbios do sono incluem melatonina, valeriana, 5-hidroxitriptamina,
camomila, l-triptofano, lavanda, maracujá, entre outros. As informações técnicas
baseadas em estudos científicos apresentam evidências que orientam o uso e os
possíveis riscos dele resultantes, o que pode ajudar os profissionais de saúde a
tomarem as decisões acerca de o paciente fazer ou não uso de suplementos dietéticos
(CAUFFIELD; FORBES, 1999).

92
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

O suco de grapefruit aumenta a concentração plasmática de buspirona. O provável


mecanismo dessa interação é o retardamento do esvaziamento gástrico e a inibição do
citocromo P450 3A4 mediada pelo metabolismo de primeira passagem de buspirona
causada por sumo de toranja (grapefruit). O uso concomitante de Buspirona com o
sumo dessa fruta deve ser evitado. Estudos também relataram que o sumo de grapefruit
aumenta as concentrações plasmáticas de benzodiazepínicos, como o diazepam. A
inibição da enzima intestinal CYP3A4 por substâncias presentes nessa fruta resulta em
um aumento de até 1,5 vez dos níveis plasmáticos do diazepam, potencializando seus
efeitos adversos, principalmente de sedação.

Os agentes psicotrópicos devem ser sempre evitados com o uso concomitante de bebidas
alcoólicas, já que o etanol é um depressor do SNC. A interação do etanol com outros
depressores, como os benzodiazepínicos, pode ocasionar depressão central importante,
aumentando a possibilidade de depressão respiratória, falência cardiovascular,
hipotermia e coma.

Antidepressivos e estabilizadores do humor


A depressão é o mais comum dos distúrbios afetivos (distúrbios do humor ao invés de
distúrbio do pensamento ou cognição); pode variar de uma condição muito branda,
beirando a normalidade, a uma depressão severa (psicótica), acompanhada de
alucinações e delírios. No mundo inteiro, a depressão é a principal causa de incapacidade
e morte prematura.

Os sintomas da depressão incluem componentes emocionais e biológicos:

» Sintomas emocionais:

› indigência;

› apatia;

› pessimismo;

› baixa autoestima;

› sentimento de culpa, de inadaptação e de feiura;

› indecisão; e

› perda da motivação.

93
UNIDADE II │ MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS

» Sintomas biológicos:

› retardo de pensamento e de ação;

› perda da libido; e

› distúrbio do sono e perda do apetite.

A principal teoria bioquímica da depressão é a hipótese das monoaminas proposta por


Schildkraut, em 1965, que afirma que a depressão é causada por um déficit funcional
das monoaminas transmissoras em certos locais do cérebro, enquanto a mania resulta
de um excesso funcional.

As monoaminas subdividem-se em catecolaminas:

» dopamina;

» noradrenalina; e

» serotonina.

Quadro 14. Categorias de fármacos antidepressivos.

AÇÃO PRINCIPAL CATEGORIA NOMES GENÉRICO/COMERCIAL


imipramina (Tofranil®);
Antidepressivos tricíclicos
amitriptilina (tryptanol®).
fluoxetina (Prozac®);
fluvoxamina (Luvox®);
Inibidores da captação de monoaminas Inibidores seletivos da captação de 5-HT (serotonina)
paroxetina (Pondera®);
sertralina (Zoloft®).
Outros inibidores semelhantes aos antidepressivos maprotilina (Ludiomil®);
tricíclicos reboxetina (Prolift®).
fenelzina (Nardil®);
Inibidores da monoamina oxidase (MAO) tranilciprimina (Parnate®);
moclobemida (Aurorix®).
mianserina (Tolvon®);
Antidepressivos variados bupropiona (Zetron®);
trazodona (Donaren®).

Fonte: Própria

Os antidepressivos inibidores da MAO apresentam interação com alimentos contendo


tiramina, como queijos, vinhos e algumas frutas – como abacate, banana e figo maduros,
peixes, frutos do mar e carnes armazenados por longo tempo, principalmente na forma
de patês. A tiramina é uma amina simpatomimética que é rapidamente inativada
no intestino pela MAO, que, quando inibida pelos antidepressivos como fenelzina e
94
MEDICAMENTOS VERSUS ALIMENTOS │ UNIDADE II

moclobemida, possibilita o surgimento de crises hipertensivas pelo efeito vasoconstritor


da tiramina. Certamente, essa importante interação levou à substituição de inibidores da
MAO por outros antidepressivos mais eficientes e com menor índice de interações
possíveis, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina.

O ganho de peso é comum entre indivíduos utilizando antidepressivos tricíclicos,


enquanto a anorexia é ocasionada pelo uso dos inibidores seletivos de recaptação
da serotonina.

Estudos demonstraram que antidepressivos tricíclicos como imipramina,


amitriptilina e clorpromazina prejudicam a biodisponibilidade de vitamina
B2 (PINTO; HUANG; RIVLIN, 1981). Recomenda-se que a administração de
antidepressivos tricíclicos deve ser feita longe das refeições ricas em fibras, pois
estas diminuem significativamente sua absorção. Transtornos gastrintestinais,
como náuseas, vômitos, constipação ou diarreia, flatulência, estomatite e dor
abdominal, além de problemas gengivais e dentários são pouco frequentes,
mas podem acontecer pelo uso desse medicamento. Já a fluoxetina prejudica a
absorção de aminoácidos como metionina, leucina, fenilalanina e tirosina em
até 30%, podendo representar efeito antinutricional se administrada por longo
tempo. É aconselhado para esses pacientes o consumo de proteínas encontradas
em alimentos de origem animal ou alguns cereais e leguminosas.

A paroxetina induz hiponatremia, isto é, transtorno em que a concentração de


sódio é menor que os valores normais (abaixo de 135 mmol/L). Isso pode acarretar
náuseas, vômitos, cefaleia, mal-estar, confusão, reflexos diminuídos, convulsões,
estupor e coma. Assim, é aconselhada a substituição por outro antidepressivo,
como amitriptilina.

A paroxetina está associada à anemia, recomendando-se suplementação com ferro.


Outros antidepressivos do mesmo grupo, como a sertralina, têm seus níveis aumentados
em cerca de 1,5 vez quando ingeridos com um único copo de suco de grapefruit.

95
TRATAMENTO
DA OBESIDADE UNIDADE III
E HORMÔNIOS
SEXUAIS

CAPÍTULO 1
Obesidade e tratamento

Centro da fome e da saciedade


A obesidade é hoje tão comum na população mundial que está começando a substituir a
desnutrição e doenças infecciosas como a contribuição mais significativa para problemas
de saúde. Em particular, a obesidade está associada com diabetes mellitus, doenças
cardíacas, certas formas de câncer e transtornos do sono. É definida por um índice de
massa corporal (peso dividido pelo quadrado da altura) de 30 kg/m2 ou superior, mas
isso não leva em consideração a morbidade e a mortalidade associadas com graus mais
modestos do excesso de peso, nem o efeito prejudicial da gordura intra-abdominal. A
epidemia global de obesidade resulta de uma combinação de susceptibilidade genética,
aumento da disponibilidade de alimentos ricos em energia e diminuição da necessidade
de atividade física na sociedade moderna. Obesidade não deve mais ser considerada
simplesmente como um problema estético, afetando certos indivíduos, mas uma
epidemia que ameaça o bem-estar global.

Os principais centros neurais responsáveis pela regulação da ingestão dos alimentos


são os núcleos laterais do hipotálamo (centros da fome ou da alimentação) e os núcleos
ventromediais do hipotálamo (centros da saciedade).

Em 1953, Kennedy propôs que um fator humoral, produzido por adipócitos, interferia
negativamente na ingestão energética, em proporção ao grau de adiposidade corporal,
agindo de forma direta no hipotálamo para modulação do balanço de energia.
Entretanto, as bases moleculares dessa hipótese lipostática não foram estabelecidas

96
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

até o descobrimento, em 1994, do gene ob e da sua proteína codificada, denominada


leptina, do grego leptos (magro).

A leptina tem sido implicada na regulação de vários sistemas, incluindo os imune,


respiratório, reprodutivo, hematopoiético e ósseo, além de seu papel no balanço
energético, via sistema nervoso central. Em relação ao balanço energético, tem como
ação primária os neurônios no núcleo hipotalâmico arqueado (NHA), no qual estimula
a expressão de neurotransmissores e hormônios ligados aos mecanismos de inibição da
ingestão alimentar e aumento do gasto energético total, via ativação do sistema nervoso
simpático. Ao mesmo tempo, inibe expressão do neuropeptídeo Y (NPY) e peptídeo
agouti (AgRP), considerados orexigênicos, ou seja, envolvidos nos mecanismos de
aumento da ingestão alimentar e de ação redutora no gasto energético (HERMSDORFF;
VIEIRA; MONTEIRO, 2006).

Regulação do apetite
A descrição das inúmeras substâncias envolvidas na regulação do apetite e no controle
do peso, a identificação dos centros envolvidos e as evidências de suas inter-relações
demonstram a complexidade do comportamento alimentar e da homeostase energética.

A leptina e a insulina são hormônios secretados em proporção à massa adiposa e atuam,


perifericamente, estimulando o catabolismo.

No SNC, a insulina e a leptina interagem com receptores hipotalâmicos favorecendo a


saciedade. Indivíduos obesos têm maiores concentrações séricas desses hormônios e
apresentam resistência à sua ação.

A leptina parece atuar ainda na homeostase energética. Observou-se que, com um balanço
energético positivo, tem-se discreto aumento dos níveis de leptina, independentemente
de alterações prévias no tecido adiposo. Essa alteração parece ser responsável por um
aumento do consumo de oxigênio tissular e por um aumento da termogênese. Estudos
experimentais demonstraram que a insulina tem uma função essencial para também
aumentar o gasto energético e regular a ação da leptina.

Os peptídeos intestinais, combinados a outros sinais, podem estimular (grelina e


orexina) ou inibir (colecistoquinina e oximodulina) a ingestão alimentar. Todos atuam
nos centros hipotalâmicos, que é o grande responsável pelo comportamento alimentar.

No hipotálamo, há dois grandes grupos de neuropeptídeos, os orexígenos (NPY e AgRP)


e os anorexígenos (MSH e CART).

97
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

Evidências demonstram que a saciedade prandial é atribuída predominantemente à


ação da colecistocinina (CCK), que é liberada pelo trato gastrointestinal em resposta
à presença de gordura e proteína. Juntamente com a distensão abdominal, a CCK é
a maior responsável pela inibição da ingestão alimentar em curto prazo. Parece que
a ação da CCK é potencializada pela distensão, indicando um sinergismo entre seus
receptores (além dos receptores de outros moduladores) e os mecanoceptores do
trato gastrointestinal. Esse peptídeo é expresso pelas células da mucosa intestinal, e
sugere-se que a regulação é neural, já que seus níveis plasmáticos aumentam quase que
imediatamente após a ingestão alimentar.

Obesos apresentam menor elevação dos níveis de PYY pós-prandial, especialmente em


refeições noturnas, levando a maior ingestão calórica.

A oxintomodulina (OXM) foi recentemente identificada como um supressor da


ingestão alimentar. Esse peptídeo é secretado na porção distal do intestino e parece
agir diretamente nos centros hipotalâmicos para diminuir o apetite, a ingestão calórica
e os níveis séricos de grelina. A OXM atua principalmente em condições especiais, tais
como após cirurgia bariátrica.

A grelina é um dos mais importantes sinalizadores para o início da ingestão alimentar.


Sua concentração mantém-se alta nos períodos de jejum e nos períodos que antecedem
as refeições, caindo imediatamente após a alimentação, o que também sugere um
controle neural.

Esse peptídeo também está envolvido na secreção do hormônio de crescimento (GH) e


no depósito de gordura.

A ação no controle do apetite e dos depósitos energéticos depende da ação hipotalâmica


e do estímulo para secreção do neuropeptídeo Y e do peptídeo agouti (AgRP).

As orexinas A e B, como a grelina, são secretadas pelo trato gastrointestinal e elevam-se


nos períodos de jejum. Atuam estimulando receptores vagais e reduzindo a descarga de
CCK.

Em humanos, doses fisiológicas de grelina e orexinas estimulam o apetite, enquanto a


leptina, o PYY e a OXM, o inibem.

Para regulação da ingestão de alimentos e de armazenamento de energia, uma série


de fatores neuronais, intestinais, endócrinos e adipocitários atuam e interagem, e a
identificação de todos os centros envolvidos e as evidências de suas inter-relações
demonstram a complexidade do comportamento alimentar e da homeostase energética
(HALPERN; RODRIGUES, 2005).

98
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

Hormônios que controlam o apetite:

» Estimulam o apetite: grelina e orexinas.

» Inibem o apetite: leptina, polipeptídeo Y (PYY) e oximodulina (OXM).

Neuropeptídeos:

» Orexígenos:

› Aumentam a ingestão alimentar e diminuem o gasto energético.

› São exemplos o neuropeptídeo Y (NPY) e peptídeo agouti (AgRP).

» Anorexígenos:

› Estão ligados aos mecanismos de inibição da ingestão alimentar e


aumento do gasto energético total, via ativação do sistema nervoso
simpático.

› São exemplos a alfa-melanotropina (alfa-MSH) e CART.

Regulação:

» Leptina inibe expressão de neuropeptídeo Y e AgRP.

» Colecistoquinina (CCK) age junto com leptina, estimulando a redução


do consumo de alimentos.

Fármacos na obesidade
As principais abordagens terapêuticas para a obesidade consistem em dieta
cuidadosamente controlada e exercício físico; entretanto, um número crescente de
pacientes também pode necessitar de agentes contra a obesidade. Esses agentes
poderiam atuar ao suprimir a ingestão de alimentos, aumentar o consumo de energia ou
aumentar a lipólise. A indústria farmacêutica tem se empenhado muito em desenvolver
agentes eficazes contra a obesidade.

No momento atual, apenas duas substâncias conseguiram reduzir o peso corporal de


indivíduos obesos:

» orlistat, que diminui a absorção de gordura ao impedir a degradação de


gordura dietética no trato gastrointestinal; e

99
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

» Sibutramina, que atua principalmente como inibidor nos locais do SNC


que estimulam a ingestão de alimentos.

Nenhum deles é ideal, e muitos outros se encontram em vários estágios de


desenvolvimento, conforme indicado adiante.

O uso de medicamentos no tratamento da obesidade deve sempre ser aliado ao processo


de mudança de estilo de vida, facilitando a adaptação às mudanças dietéticas. Assim,
a farmacoterapia deve servir apenas como auxílio ao tratamento dietético, e não como
estrutura fundamental do tratamento da obesidade, embora muitas vezes seja isso o
que ocorre.

Os fármacos para o combate da obesidade dividem-se em três grupos principais, de


acordo com o seu principal modo de ação, atuando:

» sobre o sistema nervoso central, modificando o apetite ou a conduta


alimentar:

› catecolaminérgico:

· fentermina;

· femproporex;

· anfepramona (dietilpropiona);

· mazindol; e

· fenilpropanolamina.

› serotoninérgico:

· fluoxetina; e

· sertralina.

› serotoninérgico + catecolaminérgico:

· sibutramina

» sobre o metabolismo, incrementando a termogênese (com produção de


calor e maior consumo de calorias):

› efedrina;

› cafeína; e
100
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

› aminofilina.

» sobre o sistema gastrointestinal, diminuindo a absorção de gorduras:

› orlistat.

Medicamentos que diminuem a fome ou


modificam a saciedade
Os medicamentos que modificam a ingestão de alimentos aumentam a disponibilidade
de neurotransmissores (principalmente noradrenalina, adrenalina, serotonina e
dopamina) no SNC.

Os agentes catecolaminérgicos incluem anfepramona (Inibex®), fenproporex


(Desobesi®) e mazindol (Absten®, Fagolipo®), que, apesar de serem aceitos como
tratamento da obesidade, não têm seu uso recomendado, especialmente pelo risco
de abuso e de efeitos colaterais, além da recuperação do peso após a interrupção do
uso. Mesmo com um aumento na perda de peso quando comparados com placebo, os
efeitos colaterais como insônia, boca seca, constipação intestinal, euforia, taquicardia e
hipertensão são muito comuns e importantes.

Inibidores específicos da recaptação de serotonina podem ser utilizados no tratamento


da obesidade e estão indicados quando a obesidade está associada à depressão, ansiedade
ou compulsão alimentar. A fluoxetina (Prozac®) demonstra eficácia na perda de peso
em doses que podem chegar a 60 mg ao dia. A sertralina (Zoloft®) e a bupropiona
(Zyban®) também podem ser utilizadas no tratamento de compulsão alimentar.

A sibutramina (Reductil®, Plenty®) é um inibidor da recaptação de serotonina,


noradrenalina e dopamina utilizada no tratamento da obesidade. Não está associada
à doença valvar cardíaca por não induzir a liberação de serotonina. Em doses entre 5 e
20 mg, associada à dieta hipocalórica, a sibutramina induz a perda de 5% a 8% de peso
corporal inicial em um período de seis meses.

Estudos têm mostrado segurança do uso de sibutramina por períodos de até 18 meses
consecutivos. Apesar de auxiliar no tratamento da obesidade, a sibutramina também
tem efeitos colaterais como taquicardia, elevação da pressão arterial, boca seca, cefaleia,
insônia e constipação intestinal, porém mais brandos e de duração menor que os
associados aos medicamentos noradrenérgicos (JAMES; ASTRUP; FURNER, 2000).

101
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

Medicamentos que reduzem a digestão e a


absorção de nutrientes
A esta categoria destacamos o orlistat, aprovado em 1998. É um derivado parcialmente
hidratado de lipestatina endógena produzida pela Streptomyces toxytricini. É um
inibidor da lipase gástrica e pancreática que reduz em até 30% a absorção de gorduras
da dieta. Tem uma absorção sistêmica reduzida e sofre um metabolismo de primeira
passagem, apresentando uma biodisponibilidade de 1%. Assim, a maior parte do fármaco
administrado é excretada pelas fezes. O uso de 120 mg ao dia de orlistat é suficiente
para reduzir a oferta de gordura e calorias aos tecidos corporais. O tratamento com esse
fármaco por um ano aumenta a perda de peso em cerca de 4% quando comparado ao
placebo.

Na literatura, podemos encontrar relatos que, com o orlistat, verifica-se uma redução de
1,8 a 1,6 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. O colesterol
LDL também é reduzido em 0,27 mmol/l e a glicose em jejum em indivíduos diabéticos
diminuiu 0,8 mmol/l.

Seus efeitos colaterais incluem flatulência, urgência fecal, esteatorreia, incontinência


fecal e redução na absorção de vitaminas lipossolúveis. Esse último efeito adverso pode
ser contornado com a ingestão de suplementos dessas vitaminas duas horas antes ou
depois do uso do medicamento.

O laboratório dinamarquês Novo Nordisk, em 2009, lançou no mercado farmacêutico


um novo medicamento para o tratamento de diabetes que surgiu também como nova
opção para o tratamento da obesidade. A liraglutida – comercializada sob o nome de
Victoza –, quando lançada no Brasil, em 2011, surpreendeu os endocrinologistas com
seu efeito emagrecedor e os efeitos colaterais brandos, muitas vezes imperceptíveis. O
estoque enviado ao país teve de ser reposto já na primeira semana.

É uma incretina, e seu mecanismo de ação é semelhante ao do hormônio GLP1, secretado


pelo intestino delgado distal e cólon. Quando ativada pela ingestão de alimentos,
aumenta a secreção de insulina, diminui o glucagon, retarda o esvaziamento gástrico,
aumenta a saciedade e reduz o apetite. A droga também melhora os níveis de pressão
arterial e colesterol.

A liraglutida tem oito vezes mais hormônio do que o produzido normalmente. Seu
efeito estende-se por 24 horas na corrente sanguínea, enquanto o GLP1 age por apenas
três minutos.

102
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

O diabetes tipo 2 é causado, principalmente, pela obesidade. O Victoza® atua


diminuindo o apetite e controlando os níveis de açúcares no sangue. Por isso, além de
tratar o diabetes, o medicamento também tem efeito emagrecedor. Ressalta-se que o
seu uso, porém, só deve ser feito sob orientação e prescrição médica.

Em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liraglutida com


nome comercial Saxenda em pacientes não diabéticos.

Veja abaixo quais são as condições para uso do medicamento:

» adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) de: 30kg/m² ou maior


(obeso) ou; 27 kg/m² ou maior (sobrepeso) na presença de pelo menos
uma comorbidade relacionada ao peso;

» disglicemia (pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2);

» hipertensão arterial;

» dislipidemia; e

» apneia obstrutiva do sono.

103
CAPÍTULO 2
Regulação hormonal e medicamentos

Regulação da secreção hormonal e


concepção
O controle hormonal do sistema reprodutor em ambos os sexos envolve os esteroides
sexuais das gônadas, os peptídeos hipotalâmicos e as gonadotropinas glicoproteicas da
adeno-hipófise. Os esteroides sexuais estrogênicos são responsáveis pela maturação dos
órgãos reprodutores e pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias,
assim como por uma fase de crescimento acelerado, seguida de fechamento das
epífises dos ossos longos. A partir desse momento, os esteroides sexuais estão
envolvidos na regulação das alterações cíclicas expressas no ciclo menstrual e são
importantes durante a gravidez.

O hormônio regulador da liberação de gonadotrofina (GnRH) é secretado de modo


pulsátil por neurônios peptidérgicos do hipotálamo. Esse hormônio estimula a
hipófise a secretar o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante
(LH). Esses dois hormônios gonadotróficos estimulam a produção de testosterona
no homem, enquanto, na mulher, são liberados em diferentes concentrações,
de acordo com a fase do ciclo menstrual, sendo responsáveis pela liberação de
estrógeno e progesterona.

O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação, cuja duração é de 3-6


dias e durante a qual a camada superficial do endométrio uterino é eliminada.
Ocorre a liberação do hormônio FSH que estimula o desenvolvimento de um
folículo presente no ovário. Ele se desenvolve pelo aumento do número de células
foliculares que ficam em volta do ovócito, que é liberado na ovulação, e estimula a
migração desse folículo para a periferia do ovário, onde é preparado para liberar
o ovócito que está dentro dele.

À medida que esse folículo se desenvolve, ocorre a liberação do estrogênio, que


é responsável pelo espessamento do endométrio para proliferação de glândulas e
capilares sanguíneos; ele faz o feedback negativo com o FSH, isto é, conforme o
folículo se desenvolve, aumenta o nível de estrogênio e diminui o de FSH. Quando
o folículo está maduro, há um pico de estrogênio e de LH, que induz o processo
de ovulação. Ocorre a liberação de ovócito, não de óvulo, pois, para que haja
amadurecimento do gameta, é necessário que ocorra a meiose, dividida em meiose

104
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

primária e meiose secundária. Até então foi descrito o processo até a meiose primária,
que é a etapa na qual o ovócito passa de primário para secundário. Assim, na ovulação,
ocorre a liberação do ovócito secundário, não do óvulo.

O óvulo só será formado se o ovócito for fecundado. Assim, a segunda divisão meiótica é
estimulada. O pico de LH, acompanhado de um pico de FSH, induz a ovulação e, a partir
do momento em que ocorre a liberação do ovócito secundário, ele permanece com as
células foliculares no ovário, formando um corpo cicatricial (ou corpo lúteo, ou corpo
amarelo). O corpo lúteo secreta progesterona e estrogênio, hormônios necessários para
a manutenção da gravidez. As progesteronas são responsáveis pelo espessamento do
endométrio e também pela proliferação de glândulas e capilares. Enquanto o corpo lúteo
estiver ativo, os hormônios serão liberados e ocorrerá o espessamento do endométrio.
Caso não haja fecundação, não há estímulo para o corpo lúteo ficar ativo e a tendência é
que suas células foliculares morram. À medida que esse corpo lúteo degenera, reduzem-
se as taxas dos hormônios estrógeno e progesterona e, ao fim do ciclo, com a baixa dos
hormônios, ocorre a descamação do endométrio.

Vídeo recomendado:

Ciclo menstrual, ovulação e maturação do ovócito. Disponível em: http://www.


youtube.com/watch?v=yuc1pSogmC8. Acesso em: 12 mai. 2020.

Contracepção
Existem dois tipos principais de contraceptivos orais:

» combinações de estrogênio com progestogênio (a pílula combinada); e

» progestogênio isoladamente (a pílula apenas com progestogênio,


chamada de minipílula).

Os anticoncepcionais orais combinados são extremamente eficazes, pelo menos na


ausência de doença intercorrente e de tratamento com fármacos com potencial de
interação. As combinadas dividem-se ainda em monofásicas, bifásicas e trifásicas. Nas
monofásicas, a dose dos esteroides é constante nos 21 ou 22 comprimidos da cartela.
As bifásicas contêm dois e as trifásicas três tipos de comprimidos com os mesmos
hormônios em proporções diferentes.

O estrogênio, na maioria das preparações combinadas (pílula de segunda geração), é


o etinilestradiol, embora algumas preparações contenham, em seu lugar, mestranol. O
progestogênio pode ser a noretisterona, o levonorgestrel, o etinodiol ou, nas pílulas de

105
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

“terceira geração”, o desogestrel ou o gestodeno, que são mais potentes, exibem menos
ação androgênica e provocam menos alterações no metabolismo das lipoproteínas,
mas provavelmente estão associados a um maior risco de tromboembolia do que as
preparações de segunda geração.

O conteúdo de estrogênio é, em geral, de 20-50 microgramas de etinilestradiol ou


seu equivalente, e escolhe-se a preparação com o menor conteúdo de estrogênio e
progestogênio que seja bem tolerada e proporcione um bom controle do ciclo na mulher.

A pílula combinada é tomada durante 21 dias consecutivos, seguidos de um período


de sete dias, provocando sangramento por suspensão. Em geral, os ciclos normais de
menstruação começam logo após a interrupção do tratamento, sendo rara a perda
permanente de fertilidade. As pílulas combinadas com menor quantidade de hormônio
são tomadas por 24 dias consecutivos, seguidos de um período de quatro dias de
intervalo.

O mecanismo de ação ocorre da seguinte forma:

» O estrogênio inibe a secreção de FSH por meio de retroalimentação


negativa sobre a adeno-hipófise e, portanto, suprime o desenvolvimento
do folículo ovariano.

» O progestogênio inibe a secreção de LH e, portanto, impede a ovulação;


além disso, torna o muco cervical menos apropriado para a passagem dos
espermatozoides.

» O estrogênio e o progestogênio atuam em conjunto, alterando o


endométrio de modo a não favorecer a implantação.

As substâncias utilizadas nas pílulas apenas com progestogênio incluem noretisterona,


levonorgestrel, etinodiol ou desogestrel. A pílula é tomada diariamente sem interrupção.
Essa forma de contracepção atua primariamente sobre o muco cervical, que se torna
inóspito aos espermatozoides. O progestogênio provavelmente impede também a
implantação pelo seu efeito sobre o endométrio, bem como sobre a motilidade e a
secreção das tubas uterinas.

A minipílula Cerazette® contém o desogestrel e, ao contrário de minipílulas normais,


previne a ovulação tal como as pílulas combinadas. As minipílulas normais não param
a ovulação e dependem apenas da alteração do muco cervical e do revestimento do
útero, o que a torna uma das mais eficazes minipílulas no mercado. A pílula Cerazette®
é tão eficaz como os contraceptivos orais combinados, mas não contém o estrogênio

106
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

artificial, o que a torna mais segura para uso por mães que amamentam, assim como
mães acima dos 35 anos e que fumam.

A aprovação de um novo contraceptivo oral com a nova progesterona, drospirenona,


traz uma nova opção, embora os riscos e benefícios da nova pílula combinada só
agora tenham começado a ser mais bem elucidados. A pílula Yasmin contém 0,03
mg de etinilestradiol e 3 mg de drospirenona, e outra similar, chamada yas, contém
0,02mg de etinilestradiol e 3 mg de drospirenona; este último princípio ativo citado
é uma progestina sintética quimicamente relacionada à espironolactona. As 3 mg da
drospirenona são equivalentes a 25 mg da espironolactona. Assim, essa progesterona
tem uma ação antimineralocorticoide.

Recentes estudos demonstraram que existe um risco maior de trombose nas mulheres
que utilizam anticoncepcional contendo drospirenona em comparação às que tomam
contraceptivos mais antigos, a base de levonorgestrel.

Quadro 15. Minipílulas.

NOME COMERCIAL COMPONENTE DOSE APRESENTAÇÃO


Exluton linestrenol 0,5mg 28 comprimidos
Micronor noretisterona 0,35mg 35 comprimidos
Nortrel levonorgestrel 0,03mg 35 comprimidos
Cerazette desogestrel 0,075mg 28 comprimidos

Fonte: Própria

Quadro 16. Pílulas combinadas monofásicas.

NOME COMERCIAL COMPONENTE DOSE APRESENTAÇÃO


Diane 35 etinilestradiol 0,035mg 21 comprimidos
Selene acetato de ciproterona 2mg
Evanor levonorgestrel 0,25mg 21 comprimidos
Neovlar etinilestradiol 0,05mg
Femiane gestodeno 0,075mg 21 comprimidos
Harmonet etinilestradiol 0,02mg
Diminut
MInulet gestodeno 0,075mg 21 comprimidos
Gynera etinilestradiol 0,03mg
Mercilon desogestrel 0,15mg 21 comprimidos
Femina etinilestradiol 0,02mg
Primera20
MIcrodiol desogestrel 0,15mg 21 comprimidos
Primera30 etinilestradiol 0,03mg
Siblima gestodeno 0,06mg 24 comprimidos
Mirelle etinilestradiol 0,015mg

Fonte: Própria

107
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

Quadro 17. Pílulas combinadas bifásicas.

NOME COMERCIAL COMPONENTE DOSE APRESENTAÇÃO


Gracial desogestrel 0,025* 22 comprimidos:
etinilestradiol 0,125** 7 comprimidos contendo * e 15 comprimidos contendo **
0,04*
0,03**

Fonte: Própria

Quadro 18. Combinadas trifásicas.

NOME COMERCIAL COMPONENTE DOSE APRESENTAÇÃO


Triquilar levonorgestrel 0,050mg* 21 comprimidos
Trinordiol 0,075mg** 6 comprimidos contendo *, 5 comprimidos contendo ** e 10 comprimidos
contendo ***
etinilestradiol 0,125mg***
0,03mg*
0,04mg**
0,03mg***

Fonte: Própria

Métodos contraceptivos
Os avanços em contracepção têm aumentado o número de opções para mulheres
sexualmente ativas que desejam evitar a gestação.

Entre as diversas opções, podemos citar:

» adesivos contraceptivos;

» anel contraceptivo vaginal;

» dispositivo intrauterino com liberação de levonorgestrel endoceptivo;

» contraceptivo injetável com acetato de medroxiprogesterona/cipionato


de estradiol;

» implante de etonogestrel;

» diafragma;

» cremes e géis espermicidas;

» preservativos.

108
TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS │ UNIDADE III

Anticoncepcionais e interações com alimentos


Muitas pesquisas têm focado a questão da necessidade de suplementação de vitaminas
e minerais em pacientes que fazem uso de anticoncepcionais. As vitaminas afetadas são
vitamina B6, ácido fólico, riboflavina, vitamina C e vitamina A, e os minerais são ferro,
zinco e cobre (ANDERSON, 2010; THORP, 1980; PRASAD et al., 1976).

Estudos indicam que o metabolismo da vitamina B6 é diferente em mulheres que


utilizam contraceptivos orais. Esses achados são baseados em análises de sangue e em
medidas do quanto a vitamina B6 é perdida na urina. Contudo, mesmo com a perda
da vitamina, o consenso científico atual não garante que essas mulheres necessitam
ingerir quantidade de vitamina B6 maiores do que aquelas recomendadas a mulheres
que não utilizam o medicamento.

A deficiência de vitamina B6 pode alterar o metabolismo de triptofano e está associada


ao aparecimento de sintomas como irritabilidade, nervosismo, anemia, insônia, náuseas
matutinas, pele seca e piora no quadro de síndrome pré-menstrual.

É recomendado para mulheres em idade fértil que não utilizam anticoncepcionais o


consumo diário de 1,3 mg de vitamina B6, quantidade que pode ser alcançada em uma
refeição balanceada. As maiores fontes dessa vitamina são as carnes, como a de fígado,
e a banana.

Há muitos casos de mulheres utilizando anticoncepcional que possuem deficiência de


ácido fólico, mas isso está associado também ao seu baixo consumo e a problemas com
a absorção intestinal. É recomendado que essas mulheres incluam na alimentação boas
fontes de ácido fólico, o que também é importante no caso de mulheres que engravidam
após interromper o uso de contraceptivos orais. A recomendação de folato, para
adultos, é de 400 microgramas por dia e, para gestantes, é de 600 microgramas por dia
(PRASAD et al., 1976).

Se a mulher tiver deficiência de riboflavina (vitamina B2) antes de iniciar o uso de


contraceptivos orais, existe uma tendência a agravar o problema com o uso dos
anticoncepcionais. A deficiência dessa vitamina é comum em mulheres de baixa renda
que não têm acesso a uma boa alimentação como carne, leite e vegetais.

A deficiência de vitamina C também é observada, embora ainda não seja bem entendida;
tem sido relacionada a mudanças no metabolismo do cobre. Sendo assim, é recomendada
a ingestão de alimentos contendo essa vitamina. A recomendação diária de vitamina C,
para adultos, em geral, é de 75 a 90 mg.

109
UNIDADE III │ TRATAMENTO DA OBESIDADE E HORMÔNIOS SEXUAIS

Alguns trabalhos têm relatado que a taxa de vitamina A é mais alta em mulheres
que utilizam anticoncepcionais. Aparentemente, isso é benéfico, mas alguns estudos
em animais indicam que a vitamina A pode ser estocada no fígado, gerando uma
hipervitaminose.

Como algumas mulheres que utilizam anticoncepcionais orais perdem menos sangue
menstrual, os pesquisadores têm sugerido menor quantidade de ferro para mulheres
que tomam pílula. A recomendação diária de ferro nas mulheres em idade fértil é de
18 mg/dia. De acordo com o Instituto de Medicina, a recomendação para mulheres
que tomam anticoncepcional é de 10,9 mg/dia. Entretanto, não é necessário que
essas mulheres reduzam a ingestão de alimentos com ferro.

Muitas pesquisas indicam mudanças na saúde geral e necessidades nutricionais


em mulheres que utilizam pílulas anticoncepcionais, porém ainda não há provas
conclusivas de que a pílula altera o estado nutricional. Em geral, os estudos
indicam que essas mulheres têm uma alimentação adequada. Aquelas cuja dieta
não é adequada só irão agravar problemas nutricionais com o uso de pílulas
anticoncepcionais (ANDERSON, 2010; THORP, 1980).

Devido ao potencial para retenção de potássio, as pílulas contendo drospirenona


devem ser evitadas em mulheres com doença hepática ou renal e insuficiência
adrenal. É necessário checar o nível sérico de potássio durante o primeiro mês de
terapia se a paciente utiliza outras drogas que podem elevar os níveis de potássio,
como diuréticos poupadores de potássio, suplementos de potássio, inibidores da
enzima de conversão da angiotensina, anti-inflamatórios não hormonais, heparina
ou antagonistas dos receptores da angiotensina (BAZOTTE; SCHLEICHER;
MARCON, 2005).

110
MEDICAMENTOS E UNIDADE IV
LEITE MATERNO

CAPÍTULO 1
Leite materno e fármacos

Leite materno
O leite materno é fundamental para a saúde das crianças nos seis primeiros meses
de vida por ser um alimento completo, fornecendo componentes para hidratação
(água) e fatores de desenvolvimento e proteção como anticorpos, leucócitos
(glóbulos brancos), macrófago, laxantes, lipase, lisozimas, fibronectinas, ácidos
graxos, gama-interferon, neutrófilos, fator bifidus e outros contra infecções comuns
da infância, isento de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo da
criança. Já foi demonstrado que a complementação do leite materno com água ou
chás é desnecessária, até mesmo em dias secos e quentes. Recém-nascidos normais
nascem suficientemente hidratados para não necessitar de líquidos além do leite
materno, apesar da pouca ingestão de colostro nos dois ou três primeiros dias de
vida. O leite humano, em virtude das suas propriedades anti-infecciosas, protege
as crianças contra infecções desde os primeiros dias de vida. Além de diminuir o
número de episódios de diarreia, encurta o período da doença quando ela ocorre,
diminui o risco de desidratação (UNICEF), evita infecções respiratórias e diminui
o risco de alergias. Há evidências de que o aleitamento promove benefícios a longo
prazo: a Organização Mundial de Saúde publicou evidências de que diminui o risco
de hipertensão, colesterol e diabetes, reduz a chance de obesidade, contribui para o
desenvolvimento cognitivo e promove melhor desenvolvimento da cavidade bucal.
Para a mãe que amamenta, promove proteção contra o câncer de mama e evita uma
nova gravidez nos primeiros seis meses após o parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).

O leite humano é fonte completa de nutrientes para o lactente amamentado


exclusivamente no seio até os seis meses de vida. A composição química do leite materno

111
UNIDADE IV │ MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO

atende também às condições particulares de digestão e do metabolismo nesse período


de vida do recém-nascido.

Vários são os fatores que podem determinar variações na composição do leite


materno, como: estágio de lactação, parto prematuro, tempo de gestação,
esvaziamento da mama, hora e intervalo entre as mamadas, grau de pressão
utilizado para extrair o leite, método e horário de coleta das amostras, técnicas de
análise laboratorial, intervalo entre as gestações e a ingestão de álcool ou drogas.

O leite humano fornece em torno de 70 Kcal/100ml. Os lipídios fornecem 51%


da energia total do leite, os carboidratos, 43% e as proteínas, 6%. Os lipídios,
além de fornecerem energia, também apresentam importantes papéis fisiológicos
e estruturais, sendo ainda o veículo para a entrada das vitaminas lipossolúveis do
leite.

Lactose é o carboidrato predominante do leite. Sua presença auxilia a proliferação


dos Lactobacillus bifidus, que, por inibir o crescimento de microrganismos
gram-negativos, impede o aparecimento de infecções intestinais.

O leite humano é o que contém o menor teor de proteínas, sendo o teor maior no
colostro – primeira secreção da glândula mamária (15,8 g/l). As proteínas do leite
são divididas em caseína e proteínas do soro. A maior quantidade de proteínas do
leite de vaca (82%) está na forma de caseína, enquanto, no leite humano maduro, o
teor de caseína não ultrapassa 25% das proteínas totais. A caseína é uma proteína
importante como provedora de aminoácidos livres ao lactente, além de cálcio e
fósforo, que são constituintes de suas micelas. Já as proteínas do soro do leite
(lactoferrina, imunoglobulinas) são essenciais para a proteção do recém-nascido.

A maioria das vitaminas está presente em quantidades adequadas no leite humano.


Apesar de o leite de vaca conter algumas vitaminas em quantidades superiores ao
leite materno, o aquecimento e a exposição à luz e ao ar inativam e destroem a
maioria delas.

O teor de eletrólitos do leite de vaca é três a quatro vezes superior ao do leite


materno e, associado ao alto teor de proteínas, pode provocar uma sobrecarga renal
que pode levar à retenção de sódio, hiperosmolaridade e aumento da sensação
de sede. Essa sede pode ser interpretada como fome, e mais leite é oferecido à
criança.

O ferro está presente em concentrações semelhantes no leite humano e no leite de


vaca, porém apresenta melhor disponibilidade no primeiro. A lactoferrina, proteína

112
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO │ UNIDADE IV

que se liga ao ferro no leite humano, reduz a quantidade de ferro livre, inibindo a
multiplicação bacteriana.

Quadro 19. Composição do leite materno (100 ml).

VITAMINAS MINERAIS OUTROS


A – 190 mcg Cálcio – 34 mg Água – 87,1 ml
D – 2,2 mcg Fósforo – 14 mg Energia – 70 Kcal
E – 0,18 mg Ferro – 0,05 mg Proteína – 1,1 g
K – 1,5 mcg Zinco – 0,3 mg Caseína:Albumina 40:60
C – 4,3 mg Sódio – 0,7 mEq Lipídeos – 4,2 g
B12 – 0,03 mcg Cloro – 1,1 mEq Carboidratos – 7 g
Tiamina – 16 mcg Potássio – 1,3 mEq
Riboflavina – 36 mcg
Niacina – 147 mcg
Piridoxina – 10 mcg
Folato – 5,2 mcg

Fonte: Própria

Fármacos versus leite materno


Os medicamentos são classificados em categorias de risco para uso na lactação. Os de
nível 1 (L1) são os mais seguros, enquanto os de nível 5 (L5) são contraindicados.
Os níveis 2 (L2), 3 (L3) e 4 (L4) são considerados, respectivamente, seguros,
moderadamente seguros e possivelmente perigosos.

Durante a amamentação, a prescrição de medicamentos deve ser feita somente se


estritamente necessário. É imprescindível o conhecimento dos fatores que determinam
a segurança para uso nesse período. Tais fatores podem estar relacionados com os
aspectos metabólicos e fisiológicos do leite humano, com a mulher, com o lactente
ou com o fármaco. A composição do leite materno varia conforme a fase da lactação
(colostro versus leite maduro) ou até mesmo durante uma mamada (leite anterior
versus leite posterior). Tais alterações influenciam na extensão da transferência de
fármacos do plasma para o leite, causando variações em suas concentrações no leite
materno. Os fármacos transferem-se mais facilmente para o leite materno durante
os primeiros dias de lactação (colostro), pois as células alveolares são menores e o
espaço intercelular largo. A partir da segunda semana pós-parto, há a redução dos
níveis de progesterona seguida de crescimento das células alveolares e estreitamento
dos espaços intercelulares. Assim, ocorre redução da transferência de fármacos para
o leite materno. Porém, a dose absoluta dos fármacos recebida pelo recém-nascido é
baixa, devido ao pequeno volume de colostro ingerido (50 a 60 mL/dia).

113
UNIDADE IV │ MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO

Efeitos dos fármacos sobre o lactente


A exposição do lactente ao fármaco pode ser estimada quantitativamente por meio
de algumas medidas. As mais utilizadas são a razão leite-plasma e a dose relativa no
lactente. Essas medidas tornam-se mais importantes quando as mulheres fazem uso de
fármacos por longos períodos ou quando o fármaco em questão apresenta risco de dano
à saúde da criança, mesmo após única exposição.

A razão leite-plasma foi muito usada para estimar a quantidade do fármaco transferido
para o leite. Ela consiste na razão entre concentrações do fármaco no plasma e no leite
em estado de equilíbrio: razão leite/plasma = concentração do fármaco no
leite/concentração do fármaco no plasma.

Assim, uma razão leite-plasma igual a quatro significa que a concentração da medicação
no leite é quatro vezes maior que a concentração plasmática (MARKS; SPATZ, 2003).
No entanto, essa medida tem pouco valor prático, pois não leva em consideração o
potencial tóxico do fármaco. Razão maior que um não traz preocupação quando
a concentração do fármaco no plasma materno é muito baixa ou se o fármaco não é
absorvido pelo lactente (ITO, 2000). Embora as concentrações de muitos fármacos no
plasma e no leite sejam flutuantes, são utilizadas medidas fixas para o cálculo da razão
(BEGG et al., 2000).

Recomendações
O Quadro 20 contém algumas considerações e recomendações atualizadas sobre
o uso de fármacos durante a lactação. São descritas as principais classes de
medicamentos, ressaltando-se os mais indicados e aqueles que devem ser evitados
ou usados com cuidado durante a amamentação. Informações e observações
referentes a lactantes em tratamento que podem ser importantes na prática para
o profissional de saúde foram descritas por diversos autores e compilada por
Chaves e Lamounier (2004).

Em razão do uso cada vez mais frequente de implante de próteses de silicone


para aumento ou correção de mama, algumas informações podem ser úteis.
Segundo a Academia Americana de Pediatria – AAP (2001), o silicone utilizado
para aumento do volume das mamas foi implantado em cerca de um milhão
de mulheres norte-americanas até o ano de 2001. No entanto, apenas um
estudo relatou disfunção esofagiana em onze crianças amamentadas cujas mães
receberam implantes. Outros estudos não confirmam esses achados. Assim, a AAP
classifica o implante de silicone como compatível com a amamentação.

114
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO │ UNIDADE IV

Quadro 20. Recomendações sobre uso de fármacos na amamentação.

EVITAR USO/USAR COM


GRUPO FARMACOLÓGICO FÁRMACOS RECOMENDADOS
CUIDADO
Benzodiazepínicos lorazepam, midazolam, diazepam, nitrazepam alprazolam
Neurolépticos sulpiride clorpromazina, clozapina, haloperidol,
prometazina
Antidepressivos sertralina, paroxetina, citalopram, fluoxetina, bupropiona, lítio
Antiepiléticos fenitoína, carbamazepina, ácido valproico fenobarbital,
Opioides codeína, propoxifeno, morfina meperidina, metadona
Analgésicos e anti-inflamatórios não paracetamol, ibuprofeno, cetorolaco, celecoxib naproxeno, ácido acetilsalicílico
esteroides
Corticosteroides prednisona, hidrocortisona, dexametasona
Anti-histamínicos loratadina, fexofenadina, terfenadina prometazina, clemastina
Broncodilatadores aminofilina, teofilina, salbutamol
Anti-hipertensivos nifedipina, nimodipina, metildopa, captopril,enalapril, atenolol, acebutolol, diuréticos, reserpina,
propranolol, hidralazina telmisartan
Antiarrítmicos digoxina, verapamil, lidocaína, procainamida, quinidina amiodarona
Antiácidos hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, cimetidina, bicarbonato de sódio
lansoprazol, rabeprazol
Antieméticos domperidona, dimenidrinato metoclopramida
Antiparasitários albendazol, mebendazol, levamisol, praziquantel ivermectina
Antibióticos betalactâmicos, macrolídeos, aminoglicosídeos, sulfonamidas, fluorquinolonas, tetraciclinas, cloranfenicol
metronidazol, clindamicina
Antituberculosos isoniazida, rifampicina, pirazinamida, etambutol, estreptomicina etionamida
Antifúngicos nistatina, miconazol, fluconazol, cetoconazol griseofulvina, anfotericina
Antivirais aciclovir demais antivirais
Antitireoideanos propiltiouracil iodeto de potássio
Antidiabéticos insulina, glibenclamida metformina
Contraceptivos hormonais levonorgestrel, medroxiprogesterona, noretisterona etilnilestradiol
Anticoagulantes heparina, warfarim fenindiona
Imunossupressores azatioprina, ciclosporina

Fonte: Própria

Existem medicamentos que podem alterar o volume do leite materno, aumentando


ou diminuindo sua produção. Denomina-se “galactagogo” o fármaco que possui
efeito potencial de aumentar o volume de leite pela nutriz. Esses fármacos atuam
como bloqueadores de dopamina na hipófise. Entretanto, não há evidências de que
tais medicamentos estimulem a produção láctea em mulheres com níveis elevados
de prolactina ou com tecido mamário inadequado à lactação. Contudo, em mães de
crianças pré-termo, tais medicamentos podem ser eficazes. Apesar de numerosos
fármacos apresentarem efeito potencial para aumentar o volume de leite ou induzir a
lactação, somente a metoclopramida e a domperidona são utilizadas algumas vezes na
prática clínica.

115
UNIDADE IV │ MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO

Veja os artigos abaixo:

Aleitamento.com. Uso da domperidona como um galactagogo. Disponível em:


http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=2032. Acesso
em: 14 mai. 2020.

Chaves et al. Uso de galactogogos na prática clínica para o manejo do aleitamento


materno. Revista Médica de Minas Gerais, vol 18, n. 4 suppl1., 2008. Disponível
em: http://www.rmmg.org/artigo/detalhes/1413. Acesso em: 14 mai. 2020.

CFF. Domperidona: risco de arritmia ventricular e morte cardíaca súbita.


Disponível em: http://www.cff.org.br/pagina.php?id=500. Acesso em: 14 mai.
2020.

Vários são os fármacos com relato de supressão da produção láctea. A maioria deles
age como agonista dopaminérgico, suprimindo a liberação de prolactina. O uso de
qualquer um desses fármacos pode representar risco potencial de déficit ponderal,
principalmente durante o puerpério imediato, período mais sensível para a supressão
da lactação. Deve-se, portanto, retardar ao máximo a sua introdução. Na vigência do
uso desses fármacos, o crescimento do lactente deve ser rigorosamente acompanhado.

As drogas que devem ser evitadas são:

» estrógenos;

» bromocriptina;

» cabergolina;

» ergotamina;

» ergometrina;

» lisurida;

» levodopa;

» pseudoefedrina;

» álcool;

» nicotina;

» bupropiona;

116
MEDICAMENTOS E LEITE MATERNO │ UNIDADE IV

» diuréticos; e

» testosterona.

Embora o conhecimento a respeito dos fármacos na lactação tenha sido muito ampliado,
ainda não se conhecem os efeitos colaterais de muitos medicamentos utilizados pela
nutriz para as crianças amamentadas.

Existe uma discordância entre as informações contidas em bulas e as informações


científicas sobre o tema. A modificação da composição das fórmulas infantis, como
a introdução dos ácidos graxos polinsaturados de cadeia longa, só foi aprovada após
numerosos estudos que comprovaram a sua segurança para o lactente. Assim, seria
esperada a mesma preocupação quando a composição do leite materno é modificada
pela introdução de fármacos ingeridos pela mãe. Contudo, os efeitos de muitos
fármacos, novos ou não, ainda não foram devidamente estudados ou apresentam
divergências na literatura, quando utilizados na lactação. Na última revisão da Academia
Americana de Pediatria sobre o tema, foram incluídos 233 fármacos. Já a maior revisão
acerca do assunto em questão inclui 774 fármacos. Se considerarmos que, no Brasil,
são comercializados aproximadamente 1.500 fármacos, faltam informações sobre
aproximadamente 45% do total. Os anti-inflamatórios não hormonais estão entre os
fármacos mais utilizados no mundo, inclusive pelas nutrizes, porém, entre os 27 anti-
inflamatórios dessa classe comercializados no Brasil, foram encontradas referências
sobre a segurança para uso durante a amamentação de apenas 14 (52%) (CHAVES;
LAMOUNIER; CESAR, 2007).

Algumas drogas são bem conhecidas por reduzirem a produção de leite. Devido ao fato
de o crescimento do lactente estar diretamente relacionado à produção e ingestão do
leite materno, o uso de qualquer uma dessas drogas pode representar risco potencial
de déficit ponderal, principalmente durante o puerpério imediato, época mais sensível
para a supressão da lactação. Portanto, o profissional de saúde deve estar atento caso
o uso de qualquer uma dessas drogas seja realmente necessário, devendo retardar ao
máximo sua introdução (semanas ou meses).

117
DROGAS DE ABUSO UNIDADE V

CAPÍTULO 1
Interações drogas de abuso versus
alimentos

Drogas de abuso e dependência


As drogas de abuso são substâncias que causam dependência e incluem tanto drogas
lícitas como ilícitas. Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética,
que, introduzida no organismo, modifica suas funções. As drogas naturais são
obtidas por meio de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais,
por exemplo, a cafeína, a nicotina, o ópio e o Delta 9 – tetraidrocanabinol
(THC, princípio ativo da maconha). As drogas sintéticas são fabricadas em
laboratório, exigindo, para isso, técnicas especiais. O termo “droga” pode ser
utilizado em várias situações, mas normalmente passa a ideia de uma substância
proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as
sensações, o humor e o comportamento. As drogas estão classificadas em três
categorias: estimulantes, depressoras e perturbadoras das atividades mentais
(despersonalizantes). O termo “droga” envolve analgésicos, estimulantes,
alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e de substâncias
voláteis. As psicotrópicas são aquelas que afetam o sistema nervoso central,
modificando as atividades psíquicas e o comportamento. Essas drogas podem
ser absorvidas de várias formas: por injeção, inalação, via oral ou aplicadas via
retal (supositório).

118
DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE V

Figura 15. Drogas de abuso lícitas e ilícitas

• BENZODIAZEPÍNICOS: • ANFETAMINA: • EUFORIZANTES:


•Tranquilizantes • Inibidores do apetite • Cocaína

DESPERSONALIZANTES
•Indutores do sono
• NICOTINA: • DEPRIMENTES:
DEPRESSORAS

• BARBITÚRICOS: • Cigarro • Alcool

ESTIMULANTES
• Inalantes
•Anestésicos
• CAFEÍNA:
•Sedativos
• Café • ALUCINANTES:
•Anticonvulsivantes • Chá • Maconha
• Haxixe
• ÓPIO E DERIVADOS: • EFEDRINA: • Cogumelo
•Morfina • Descongestionante • LSD
•Heroína
•Codeína • ATROPINA

Fonte: Textos: Própria. Imagem 1: http://www.desintoxicacionopiaceos.com/wp-content/uploads/2015/04/desintoxicacion-


opiaceos-1.jpg; Imagem 2: http://hablemosclaro.org/wp-content/uploads/2017/08/2017-05-31-23-09-04.jpg; Imagem 3:
https://s.thestreet.com/files/tsc/v2008/photos/contrib/uploads/8c65accf-e411-11e7-ae8a-cfb1b33a7975.png.

Nas sociedades ocidentais, as três substâncias não terapêuticas mais utilizadas são
a cafeína, a nicotina e o etanol, todas legalizadas e livremente disponíveis. Muitos
fármacos são administrados em grandes quantidades, embora sua produção, venda
e consumo sejam declarados ilegais na maioria dos países ocidentais, exceto quando
estão sob a direção de um profissional médico. A lista não inclui os fármacos usados
ilicitamente por esportistas para aumentar o seu desempenho físico.

Inicialmente, os fármacos de abuso formam um grupo farmacológico extremamente


heterogêneo; existe pouca semelhança molecular e celular entre morfina, cocaína e
benzodiazepínicos, mas as pessoas acham seu efeito agradável e tendem a procurá-los
para repeti-lo, uma ação que reflete o efeito muito comum a todos os fármacos que
produzem dependência pela ativação dos neurônios dopaminérgicos mesolímbicos.

Esse efeito agradável conhecido como “efeito hedônico” torna-se um problema quando:

» a necessidade torna-se tão insistente a ponto de dominar o estilo de vida


do indivíduo e prejudicar sua qualidade de vida; ou

» o próprio hábito causa dano real ao indivíduo ou à comunidade.

A dependência dos fármacos é definida como um desejo compulsivo que se desenvolve


como resultado de sua administração repetida. O termo mais antigo “vício aos fármacos”
não é claramente definido, mas implica o estado de dependência física.

119
UNIDADE V │ DROGAS DE ABUSO

O “abuso dos fármacos” e o “abuso das substâncias” são termos mais gerais, significando
qualquer uso recorrente de substâncias que são ilegais ou que causam danos ao
indivíduo, incluindo os fármacos no esporte.

Interação com alimentos

Álcool versus alimento

A incidência do alcoolismo é maior entre homens do que entre mulheres. Acomete de


10% a 12% da população mundial e 11,2% dos brasileiros que vivem nas 107 maiores
cidades do país. A incidência é maior entre os mais jovens, especialmente na faixa etária
de 18 a 29 anos, declinando com a idade.

Segundo pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas


Psicotrópicas – Cebrid, entre os estudantes do 1º e 2º grau, as bebidas alcoólicas são
consumidas por mais de 65% dos entrevistados, estando bem à frente do tabaco. Entre
esses, 50% iniciaram o uso entre 10 e 12 anos de idade. Isso é preocupante, pois, de
acordo com pesquisa realizada pelo Departamento de Nutrição da Universidade
Federal de Pernambuco, o consumo das substâncias nessa fase da vida leva à redução
da ingestão de alimentos e repercute negativamente no desenvolvimento nutricional
(RIMAS, 2008).

Acesse o site: https://www.cebrid.com.br/ e saiba mais sobre drogas psicotrópicas.

A desnutrição desenvolve-se como resultado das calorias vazias do álcool, apetite


reduzido e má absorção (absorção inadequada de nutrientes pelo trato intestinal), além
de contribuir para a doença hepática.

A ingestão de álcool pode interferir na gliconeogênese, contribuindo para a desnutrição.


Em sua metabolização, há formação de dinucleotídeo de adenosia e nicotinamida
(NADH). Uma concentração alta dessa coenzima ativa a enzima e desloca a reação
catalisada pela lactato desidrogenase no sentido da formação de lactato. Assim, a via
não segue seu caminho normal de formação de glicose. Dessa forma, uma pessoa que
ingeriu muito álcool e com baixa ingestão de alimentos poderá atingir um estado de
hipoglicemia e desnutrição.

A alta concentração de lactato interfere na enzima que catalisa a reação de síntese de


colágeno, aumentando-a, além de interferir na excreção de ácido úrico.

120
DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE V

Recentemente,  em uma revisão da literatura científica  voltada para as  interações


entre o álcool e alguns alimentos, verificou-se um aumento significativo do número de
nutrientes que sofrem a interferência do álcool.

O álcool pode prejudicar a absorção intestinal e aumentar a excreção renal de folato.


Outras vitaminas, como, por exemplo, niacina, vitaminas B6, A e C, também têm sua
absorção prejudicada pelo seu consumo.

Minerais como magnésio, cálcio, zinco e ferro polivalente (Fe+3) diminuem sua
concentração no organismo à medida que se consome álcool.

Esses efeitos ocorrem principalmente pela sobrecarga hepática decorrente do uso


abusivo do álcool. Os produtos formados durante a transformação do álcool para sua
eliminação decorrem de intensa atividade das células hepáticas. Tal atividade prejudica
a absorção de outras substâncias, como nutrientes importantes para o organismo do
indivíduo (McCABE, 2004).

As deficiências de micronutrientes ocorrem, com frequência, em pacientes com


doença hepática alcoólica ou em alcoolistas sem evidências de doença hepática,
estando, neste caso, relacionadas ao consumo do álcool. Como consequência
dessas deficiências, esses pacientes apresentam, usualmente, anemia, esteatose
hepática, estresse oxidativo e imunossupressão (MAIO; DICHI; BURINI, 2000).

No sistema gastrintestinal, o etanol pode causar câncer, principalmente nas regiões


do esôfago e do estômago. A ação irritativa da mucosa pelo etanol pode resultar em
gastrites e úlceras estomacais e duodenais, além de pancreatite aguda e crônica.

Quanto ao fígado, o que ocorre mais comumente é a esteatose, hepatite alcoólica e


cirrose.

A síndrome alcoólica fetal é um conjunto de sintomas ocasionados pelo consumo de


etanol durante a gravidez, até mesmo efeitos após o parto da criança. É caracterizada
pela combinação de inúmeros fatores, incluindo abortos espontâneos, retardo mental,
malformações no corpo, dificuldade de aprendizagem, fissuras palpebrais, lábio
leporino, recém-nascidos de baixo peso, entre outros problemas.

Os fatores de maior peso nessa síndrome são a capacidade do álcool de atravessar a


barreira placentária e atuação em qualquer parte do organismo humano.

No indivíduo diabético, a associação de hipoglicemiantes orais e álcool pode produzir


crise hipoglicêmica severa, resultando em fraqueza, confusão mental e coma. Outra

121
UNIDADE V │ DROGAS DE ABUSO

interação que pode ser fatal é a associação do álcool com outros depressores do SNC,
como é o caso de ansiolíticos benzodiazepínicos.

Nicotina

Embora as consequências do uso do cigarro sejam conhecidas, o tabagismo continua


matando milhões de pessoas anualmente pelo mundo. Somente no Brasil, cerca de 200
mil pessoas morrem a cada ano devido às doenças relacionadas ao cigarro. Atualmente,
o tabagismo é a maior causa evitável de morte no mundo. Apesar disso, a Organização
Mundial da Saúde estima que 1,2 bilhão de pessoas sejam fumantes. Sabe-se que 1/3
da população adulta mundial é fumante e que 5 milhões de pessoas no mundo morrem
por ano por causa do tabagismo, o que corresponde a seis mortes a cada segundo (OMS,
2000).

Cerca de 90% dos fumantes iniciam o hábito entre 5 e 19 anos de idade, ou seja, em
idade escolar. A OMS, em conjunto com o Centro de Controle de Doenças, promoveu
uma pesquisa mundial para acompanhar e monitorar a prevalência do tabagismo entre
jovens de 13 a 15 anos de idade. Os dados coletados entre 1999 e 2002 mostraram que
15% dos jovens do sexo masculino e 6,6% do sexo feminino fumaram em pelo menos um
dia dos 30 dias anteriores à pesquisa. Esses dados, comparados com os dados do mesmo
estudo dos anos de 1995 e 1999, mostraram aumento da prevalência do tabagismo.

A nicotina, amina terciária volátil, é composta de anéis de piridina e pirrolidina; é


o componente ativo mais importante do tabaco. Quando a temperatura da brasa do
tabaco atinge cerca de 800 ºC, surgem formas racêmicas da nicotina, as quais formam
quatro nitrosaminas com potencial cancerígeno. Todavia, cerca de 35% da nicotina
são destruídos no momento da combustão do cigarro, mais 35% são perdidos com a
fumaça não inalada e 8% com a porção não fumada. Assim, cada cigarro contém 7-9 mg
de nicotina, dos quais pouco mais de 1 mg é absorvido pelo fumante (ROSEMBERG,
2007).

Ainda segundo o autor, a absorção da nicotina pelas membranas celulares depende do


pH. Se o pH é ácido, a nicotina é ionizada, não atravessando facilmente as membranas.
Com o pH fisiológico (pH ~ 7.4), 31% da nicotina não é ionizada, passando facilmente
pelas membranas.

Na sua forma básica, a nicotina é fortemente alcalina e facilmente solúvel tanto em água
como em lipídeos. Na sua forma ionizada, a nicotina é mais difícil de ser absorvida.
Por isso, nos estados alcalinos, nos quais a nicotina é menos ionizável, aumenta sua
biodisponibilidade. Nos fumadores, a nicotina é administrada por via oral. Nas pessoas

122
DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE V

que não inalam o fumo do tabaco, a principal via de administração da nicotina é pela
mucosa nasal. No entanto, a absorção por essa via é altamente dependente do pH.

A nicotina é rapidamente absorvida pelos alvéolos pulmonares e atinge o cérebro em


cerca de 10 segundos. Sua meia-vida é de, aproximadamente, duas horas, e a maior
parte da metabolização é hepática, por meio do citocromo P450. A principal enzima
envolvida nesse metabolismo é a CYP2A6. Estudos de biologia molecular mostram
que há variação individual da capacidade de metabolização da nicotina. Portadores
dos alelos CYP2A6*2 e CYP2A6*3 têm menor probabilidade de serem fumantes e, se
o forem, tenderão a consumir menos tabaco do que os portadores do alelo CYP2A6*1
(ROSEMBERG, 2007)

O metabólito mais importante da nicotina é a cotinina, que pode ser detectada na


urina, na saliva e no sangue. Apenas 5% da nicotina são excretados de forma inalterada
pelos rins.

A molécula da vitamina C termina aniquilada pela nicotina do cigarro, quando as duas


se esbarram na corrente sanguínea. De 33% a 100% de toda a vitamina ingerida pode
terminar inutilizada desse jeito. A falta de vitamina C é uma das explicações para a
incidência de aterosclerose, as placas de gordura nas artérias, comuns nos fumantes.
Dentro dos vasos sanguíneos, a vitamina C, a E e uma família de moléculas protetoras
chamadas fenóis (presentes nas uvas vermelhas) formam uma barreira para impedir
a reação dos radicais livres com o colesterol, que, depois da reação, depositam-se
com facilidade nas paredes das artérias, criando placas que crescem até o sangue não
conseguir mais passar.

Em fumantes, devido ao estresse oxidativo provocado pelo uso do fumo, pode-se


observar elevada concentração plasmática de IL-6, uma citocina pró-inflamatória que
promove a síntese de ácidos graxos e suprime a ação da lipase lipoproteica, elevando a
concentração de triglicerídeos (YASSUE et al., 2006). Portanto, os valores superiores
de triglicerídeos observados nos fumantes pesados podem estar relacionados com a
ação da IL-6, devido ao maior número de cigarros consumidos por dia.

Como os fumantes estão mais susceptíveis ao processo de peroxidação lipídica, a


manutenção de níveis elevados de antioxidantes torna-se imprescindível para a prevenção
das doenças cardiovasculares. Apesar de todos os indivíduos terem apresentado nível
adequado de vitaminas C e E, os valores de referência são determinados como os níveis
que podem evitar a deficiência, não levando em consideração a ação antioxidante.

Ao comparar a ação do tabagismo sobre o sistema antioxidante de fumantes adolescentes


e adultos, estudos verificaram que, de modo similar aos adultos, o tabagismo causa

123
UNIDADE V │ DROGAS DE ABUSO

efeitos negativos no sistema antioxidante de adolescentes (KIM et al., 2003; KIM et al.,
2004).

O mecanismo pelo qual o tabagismo diminui as concentrações plasmáticas de vitamina


C ainda não foi bem estabelecido. O fumo poderia causar menor absorção (PELLETIER,
1968) e aumento no turnover dessa vitamina (KALLNER; HARTMANN; HORNING,
1981). Este último poderia ser atribuído ao aumento do estresse oxidativo pelo uso do
cigarro, necessitando, assim, de uma quantidade maior de vitamina C para combater
os radicais livres formados.

Pelletier (1981) sugere que fumantes apresentam menor absorção dessa vitamina que
os não fumantes, por demonstrarem menor excreção urinária de vitamina C, quando
ambos os grupos foram suplementados com a mesma quantidade de vitamina. Ainda
não se sabe como o tabagismo afeta a absorção de vitamina C. Assim, os fumantes devem
consumir uma quantidade adicional de 35 mg/dia a mais do que os não fumantes. A
recomendação diária de vitamina C para adultos não fumantes é estimada em 75 mg/
dia para mulheres e 90 mg/dia para homens. Essa quantidade pode ser alcançada
consumindo-se um copo de 200 ml de suco de laranja natural, preparado no momento
do consumo (GOMEZ; VENTURINI, 2009).

No que se refere às concentrações plasmáticas de vitamina E, alguns autores


relatam concentrações mais baixas entre os fumantes do que entre os não fumantes
(ELLICKSON; TUCKER; KLEIN, 2001). Bruno et al. (2005) verificaram que, em
fumantes suplementados com vitamina E marcada, essa vitamina desaparece mais
rapidamente do plasma em relação ao que ocorre no plasma dos não fumantes,
indicando aumento na sua utilização, que pode ser atribuído ao aumento dos processos
oxidativos causados pelo fumo. Outros autores, porém, relatam concentração similar
entre os grupos (BATISTA et al., 2009; ROSS et al., 1995; FARUQYE, 1995).

Concentrações reduzidas de selênio foram detectadas em fumantes (ELLINGSEN et


al., 2009) e, como o selênio é um potente antioxidante, cofator da enzima glutationa
peroxidase, exercendo efeito protetor contra o acúmulo de radicais livres, os fumantes
têm um risco aumentado em desenvolver câncer de pulmão, esôfago e bexiga. O
selênio pode exercer efeito protetor por meio de mecanismos inibitórios que regulam a
proliferação celular descontrolada no câncer; é importante que os fumantes consumam
alimentos ricos nesse mineral, como, por exemplo, castanhas, vegetais, carnes e
pescados.

Segundo pesquisa realizada por Mohs e colaboradores (1990), o uso de drogas que
causam dependência, como cocaína e maconha, afeta o comportamento alimentar e a
ingestão de líquidos, o paladar e o peso corporal. Podem-se desenvolver alterações no

124
DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE V

metabolismo de nutrientes específicos: vício em heroína pode causar hipercalemia, e uso


de morfina pode resultar na inibição de cálcio. Aspectos fisiológicos relacionados com
a nutrição, como a liberação de gastrina prejudicada, hipercolesterolemia, hipotermia
e hipertermia, também são percebidos com o uso de morfina. Condições relacionadas
com a nutrição podem afetar a sensibilidade e dependência de drogas e seus efeitos.
Diabetes diminui a sensibilidade e dependência em morfina, a privação de proteína
produz utilização de gordura preferencial com o uso de cocaína baixo, e deficiência de
vitamina D desacelera dependência de morfina.

Durante o uso e/ou retirada da heroína, maconha e cocaína, ocorrem grandes mudanças
na seleção e ingestão de alimentos, o que resultará em ganho ou perda de peso.

125
DEFICIÊNCIA
DE NUTRIENTES UNIDADE VI
E EXAMES
LABORATORIAIS

CAPÍTULO 1
Deficiência de nutrientes e exames
laboratoriais

Deficiência de nutrientes
A dieta influencia todos os estágios do ciclo da vida, fornecendo nutrientes necessários
ao sustento do corpo humano. Alterações de ordem funcional e/ou estrutural,
provocadas por doenças e infecções agudas ou crônicas, levam à utilização de
medicamentos, cujo objetivo é restaurar a saúde. A via preferencial escolhida
para a sua administração é a oral, entre outras razões, por sua comodidade e
segurança.

Fármacos ou bebidas como a cafeína e o álcool podem produzir lesão de mucosa


gástrica, reduzindo sua capacidade absortiva. Essa interação reduz a absorção
de nutrientes e, dependendo do grau da lesão, ocorre deficiência nutricional
importante. Em função disso, recomenda-se, aos pacientes suscetíveis, a
administração de fármacos com as refeições e a redução da ingestão de álcool ou
bebidas contendo cafeína.

O uso de antibióticos, de modo geral, reduz a microflora intestinal, podendo,


com isso, diminuir a produção de vitamina B12 pelas bactérias. Como a principal
fonte de vitamina B12 do nosso organismo é proveniente da síntese pelas bactérias
intestinais, o uso de antibióticos por longo tempo pode produzir sinais de sua
deficiência. Alguns médicos já recomendam reposição do complexo B para os
pacientes que necessitam de longos tratamentos, como é o caso de pacientes com
AIDS ou câncer (GOMEZ; VENTURINI, 2009).

126
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

A microflora intestinal também pode interferir na ação de fármacos como


o metotrexato, um medicamento utilizado para o tratamento de câncer e artrite
reumatoide, cuja absorção é aumentada após metabolização intestinal pelas bactérias.
Pacientes que utilizam metotrexato são orientados a ingerir alimentos ricos em proteínas
e fibras, pois estes favorecem o crescimento da microflora intestinal, aumentando a
biodisponibilidade do medicamento.

A interação entre medicamentos e alimentos pode ocasionar a desnutrição do paciente,


desde a deficiência de uma vitamina ou mineral específico até a deficiência de uma
série deles. Por outro lado, um paciente que possui uma deficiência decorrente de
uma má alimentação ou devido a alguma patologia também pode ter um distúrbio
de absorção de medicamentos ou possuir albuminemia, uma diminuição na taxa
de albumina plasmática, e, assim, correr o risco de sofrer efeitos indesejados e
tóxicos decorrentes do uso do medicamento.

Em alguns casos, é realmente necessária a realização de exames laboratoriais


para verificar a real deficiência de albumina, vitaminas ou minerais, porém, em
algumas situações, apenas a anamnese do paciente e observações de sintomas são
suficientes para avaliação e determinação de uma dieta e/ou suplementação.

A albumina (ALB) é a proteína mais abundante do plasma sanguíneo; devido ao


seu baixo custo, é hoje o parâmetro bioquímico mais utilizado para a avaliação
do estado nutricional. Essa proteína é responsável pela manutenção da pressão
coloidosmótica e funciona como proteína transportadora de zinco, magnésio,
cálcio, ácidos graxos, enzimas e hormônios. Sua síntese depende de uma função
hepática íntegra.

A avaliação dos níveis plasmáticos de ALB no diagnóstico da fase aguda da


desnutrição apresenta como principal fator limitante sua meia-vida biológica
relativamente longa (aproximadamente 20 dias), podendo transcorrer vários dias
até que ocorra uma resposta bioquímica à diminuição da ingestão dietética (LIMA;
REIS, 2012; SOEJIMA; MATSUZAWA, 2005).

Metodologia e interpretação do exame


laboratorial para determinação de
albuminemia
» Material utilizado:

› soro e

127
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

› líquido pleural ou ascético.

» Preparo do paciente:

› jejum de quatro horas.

» Método:

› colorimétrico automatizado

» Valores de referência:

Adultos: Nutrido 3,5 a 4,8 mg/dL


Leve 3 a 3,5 mg/dL
Moderada 2,4 a 2,9 mg/dL
Grave <2,4 mg/dL
Crianças: 0 a 5 dias (< 2,5 Kg) 2,0-3,6 mg/dL
0 a 5 dias (> 2,5 Kg) 3,6-3,6 mg/dL
1 a 3 anos 3,4-4,2 mg/dL
4 a 6 anos 3,5-5,2 mg/dL

A disponibilidade de vitaminas e minerais pelo organismo é avaliada por determinações


bioquímicas, o que será descrito no capítulo a seguir. Os sinais e sintomas da deficiência
de vitaminas e minerais podem ser vistos no Quadro 21.

Quadro 21. Sinais e sintomas de deficiência de vitaminas e minerais.

NUTRIENTE SINAIS E SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA


Vitaminas
A e Caroteno Cegueira noturna, queratomalácia (córnea).
B6 Anemia, insônia, cálculo renal, náuseas matutinas, síndrome pré-menstrual, erupções cutâneas, pele seca, nervosismo, convulsões
infantis.
B12 Fadiga, cardiopatias, anemia perniciosa, úlceras linguais, intumescimento e formigamento das extremidades, debilidade.
C Escorbuto, dificuldade na cicatrização, perda de dentes, gengivite, anemia, fraqueza muscular.
D Raquitismo, osteomalacia.
E Anemia, miopatia, debilidade, alteração dos reflexos, oftalmoplegia, retinopatia, lesão permanente do tecido nervoso com
transtorno psicomotor.
Folato Anemia megaloblástica, depapilação lingual, transtornos nervosos, déficit de memória, insônia, confusão, anorexia e fadiga.
Minerais
Cálcio Câimbras musculares, fratura óssea, osteopenia.
Cobre Neutropenia, anemia microcítica hipocrômica, despigmentação da pele e cabelos.
Cromo Intolerância a glicose, fadiga, alteração do humor.
Ferro Anemia, fadiga, palidez, taquicardia, apatia, dispneia de esforço, sensação de ardor na língua, depapilação lingual.
Magnésio Arritmia, palpitação, cãibras, espasmos musculares, nervosismo, ansiedade, hiperatividade.
Potássio Náuseas, vômito, debilidade e paralisia muscular, retenção de líquidos, confusão, sonolência e fadiga.

Fonte: Própria.

128
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

Exames laboratoriais

Avaliação hematológica do sangue

O sangue periférico é constituído por três diferentes linhagens celulares:

» glóbulos vermelhos, eritrócitos ou hemácias;

» glóbulos brancos ou leucócitos; e

» plaquetas ou trombócitos.

Os principais exames hematológicos compreendem o hemograma e o coagulograma,


conjunto de exames capazes de avaliar as três linhagens de células sanguíneas, em
número e funcionalidade.

Fazem parte do hemograma os seguintes parâmetros:

» contagem de hemácias;

» dosagem de hemoglobina;

» determinação do hematócrito;

» índices hematimétricos (volume corpuscular médio, hemoglobina


corpuscular média, concentração de hemoglobina corpuscular média,
distribuição do tamanho das hemácias);

» leucometria global e específica; e

» exame microscópico do esfregaço de sangue corado.

Apesar de não fazer parte do hemograma, a contagem de reticulócitos também pode


auxiliar em sua avalição e interpretação.

O coagulograma compreende:

» tempo de sangramento;

» tempo de coagulação;

» tempo de protrombina;

» tempo de tromboplastina parcial; e

» contagem de plaquetas.

129
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

O hemograma deve ser realizado com sangue total, utilizando-se o anticoagulante


EDTA, por ser considerado o que melhor preserva as células sanguíneas. Os tubos
a vácuo para a coleta de sangue com EDTA apresentam a tampa com coloração
roxa. O jejum não é obrigatório, mas recomendam-se pelo menos quatro horas de
jejum para eliminar as interferências da turvação do plasma após as refeições, pois
pode interferir na análise do exame. O êxito do exame depende de vários fatores,
entre os quais está a qualidade da amostra sanguínea a ser analisada. Nesse sentido,
torna-se necessário considerar: o profissional bem treinado; as veias do paciente;
o instrumental utilizado; a identificação correta da amostra (etapa pré-analítica);
a relação sangue-anticoagulante; a antissepsia; o tempo de garroteamento; a
homogeneização da amostra; e as condições de biossegurança.

A análise quantitativa das hemácias, dos leucócitos totais e das plaquetas e o cálculo
dos índices hematimétricos são realizados, atualmente, utilizando-se equipamentos
automatizados, o que permite resultados mais precisos.

O hemograma também pode ser realizado por métodos manuais, com uso do
espectrofotômetro para a dosagem de hemoglobina e a câmara de Neubauer para as
contagens celulares.

Métodos comuns de diagnóstico em pacientes


com distúrbios gastrointestinais

I. Hemograma completo:

› Este exame mede um conjunto de dados sanguíneos, incluindo a


quantidade de glóbulos vermelhos e brancos.

› Uma redução nos glóbulos vermelhos (anemia) pode estar associada


com sangramento gastrointestinal. Também chamados de eritrócitos
ou hemácias, os glóbulos vermelhos estão presentes no sangue em
cerca de 4,5 a 6,5 x 106/mm3.

› Uma elevação nos glóbulos brancos pode indicar uma infecção ou


inflamação (gastrite ou úlcera, por exemplo).

› Um adulto normal possui entre 4 mil e 11 mil leucócitos (glóbulos


brancos) por microlitro de sangue.

II. Dosagem do caroteno, vitamina B12 e ácido fólico:

› Os níveis anormais desses nutrientes no sangue sugerem que o

130
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

intestino pode não estar absorvendo os nutrientes dos alimentos e,


no caso de pacientes utilizando inibidores da bomba de prótons, estes
apresentam alteração na liberação do fator intrínseco, afetando a
absorção de vitamina B12.

III. Dosagem de minerais:

› Vômitos ou diarreia intensos podem causar uma anormalidade nos


níveis de sódio e potássio no sangue.

› Um nível muito baixo de potássio pode acarretar riscos cardiovasculares;


sendo assim, para pacientes apresentando diarreia devido ao uso de
laxantes, por exemplo, pode ser necessária a dosagem de potássio e
cálcio.

IV. Endoscopia digestiva alta (esofagogastroduodenoscopia):

› Procedimento permite olhar diretamente o interior do esôfago,


estômago e duodeno.

› Pode ajudar a determinar o que deve estar causando sintomas


como dificuldade de deglutir, azia, náuseas, vômitos, dor torácica,
sangramento ou dor no abdômen superior.

› Esse exame é importante para avaliar a real necessidade da utilização


de medicamentos antiulcerosos.

Exames laboratoriais em pacientes fazendo uso


crônico de laxantes

Monitorar as vitaminas A, D e K (Quadro 23).

Exames laboratoriais em diabéticos utilizando


hipoglicemiantes orais

I. Dosagem de vitamina B12: valores normais podem ser vistos no Quadro


23.

II. Dosagem de cálcio: valores normais podem ser vistos no Quadro 23.

131
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Exames laboratoriais em pacientes utilizando anti-


hipertensivos

Exame de sangue para:

I. Monitorar se os níveis de potássio estão normais em pacientes utilizando


diuréticos de alça e tiazídicos, que podem apresentar esses níveis
diminuídos, e em pacientes utilizando captopril, propranolol e clonidina,
pois podem apresentar os níveis de potássio aumentados.

II. Monitorar os níveis de ácido fólico e cálcio em pacientes utilizando os


diuréticos poupadores de potássio.

III. Monitorar os níveis de vitamina B6 em pacientes utilizando hidralazina.

Exames laboratoriais em pacientes utilizando


antilipêmicos

Exame de sangue para:

I. Dosar vitaminas A, D, E, B12, K e folato; minerais cálcio e ferro em pacientes


utilizando resinas de ligação de ácidos biliares como colestiramina e
colestipol.

II. Dosar caroteno, vitaminas E, K, B12; minerais zinco, ferro e monitorar


glicemia em pacientes utilizando fibratos.

III. Dosar vitaminas A, E e caroteno em pacientes utilizando probucol.

Exames laboratoriais em pacientes utilizando


analgésicos

Tendo em vista que pacientes fazendo uso contínuo de ácido acetilsalicílico podem
apresentar redução na biodisponibilidade da vitamina C e na absorção de tiamina, ácido
fólico, ferro e vitamina K, devem-se monitorar os níveis dessas substâncias no sangue.

132
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

Exames laboratoriais em pacientes utilizando


antibióticos

Tetraciclina

Influência em exames laboratoriais:

» O uso desse antibiótico pode produzir falsas elevações das catecolaminas


urinárias e pode alterar a concentração de ureia sérica, por seu efeito
antianabólico.

» Concentrações séricas de transaminase glutâmico pirúvica (TGP), fosfatase


alcalina, amilase, transaminase glutâmico oxalacético e bilirrubinas
podem estar aumentadas, com a administração de tetraciclinas.

Exames recomendados:

» hemograma para monitorar alterações a longo prazo;

» avaliação da função renal e hepática;

» determinação das concentrações de vitamina B12 e ácido fólico no sangue;

» em pacientes utilizando insulina, monitorar a glicose sanguínea (Quadro


22).

Cloranfenicol

Exame laboratorial:

» Hemograma para monitorar possíveis alterações sanguíneas em


tratamentos prolongados (acima de 10 dias).

Trimetoprima e sulfametoxazol

Exame laboratorial:

» Hemograma, determinação de ácido fólico, monitoramento da glicemia


principalmente em pacientes diabéticos, urinálise para controle de
liberação de cálculos e cristais pela urina.

133
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Rifampicina

Exame laboratorial:

» Monitorar os níveis de vitamina D e cálcio.

Quadro 22. Valores de referência da glicemia (mg/dL).

Diagnóstico Jejum 2h após 75g de glicose Casual


Glicemia normal < 100 < 140 -
Pré-diabetes ≥ 100 e 126 ≥ 140 e 200 -
Diabetes melito ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 com sintomas clássicos

Fonte: Adaptado de Lima & Reis, 2012

Exames laboratoriais em pacientes utilizando


antineoplásicos

Monitorar níveis plasmáticos das vitaminas A, B1, B12, C e folato e os minerais cálcio,
magnésio, zinco, fósforo e ferro, que se apresentam reduzidos nesses pacientes, e dosar
ácido úrico e creatinina, que se encontram elevados.

Alguns critérios são recomendados para aplicação da quimioterapia com intuito


de reduzir os efeitos tóxicos dos antineoplásicos. Veja no site do INCA: http://
www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=101. Acesso em: 12 mai. 2020.

Quanto aos exames complementares no diagnóstico de câncer, veja no link:

http://www1.inca.gov.br/impressao.asp?op=cv&id=50

Metodologia e interpretação do exame laboratorial


de ácido úrico

O principal produto do catabolismo dos nucleosídeos purínicos (adenosina e


guanosina) é o ácido úrico. As purinas do catabolismo dos ácidos nucleicos alimentares
são transformadas diretamente em ácido úrico. Dessa maneira, a dieta tem uma
contribuição considerável na concentração plasmática desse analito.

Alguns pacientes com hiperuricemia podem desenvolver o quadro de gota. Esta ocorre
quando o urato monossódico se precipita nos líquidos corporais supersaturados, o que
origina uma resposta inflamatória e causa dor intensa.

» Material utilizado:

› soro.

134
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

» Preparo do paciente:

› jejum de 8 horas.

» Conservação da amostra:

› até 5 dias entre 2 ºC e 8 ºC.

» Valores de referência:

› homens: 3,5 a 7,2mg/dL;

› mulheres: 2,6 a 6mg/dL.

Metodologia e interpretação do exame laboratorial


de creatinina

Devido à creatinina ser de produção endógena e ser liberada nos líquidos corporais
a uma taxa constante, sendo seus níveis plasmáticos mantidos em valores dentro de
limites estreitos, sua depuração pode ser determinada como um indicador de taxa de
filtração glomerular.

» Material utilizado:

› soro.

» Preparo do paciente:

› jejum não obrigatório.

» Conservação da amostra:

› até 5 dias entre 2 ºC e 8 ºC.

» Valores de referência:

› homens: 0,7 a 1,6mg/dL;

› mulheres: 0,6-1,1mg/dL.

Exames laboratoriais em pacientes utilizando


antidepressivos

Pacientes utilizando paroxetina: exames de sangue e urina para determinação da


concentração de sódio.

135
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Exames laboratoriais em pacientes utilizando pílula


anticoncepcional

Deve ser realizado exame de sangue para determinação das concentrações de vitamina
B6, ácido fólico, riboflavina, vitamina C e vitamina A e de minerais ferro, zinco e cobre.
Pacientes utilizando drospirenona: determinação de potássio.

Avaliação bioquímica do sangue

Ferro

O metabolismo do ferro lembra o de um elemento vestigial, uma vez que pouquíssimas


quantidades estão presentes no plasma ou em outros compartimentos celulares.
As reservas de ferro são controladas de forma muito rigorosa e há, no organismo, a
troca dinâmica entre medula óssea, hemácias, plasma, líquido extracelular, ferritina e
transferrina (BURTIS et al., 2008).

Apesar de ser um dos minerais mais abundantes da crosta terrestre, a deficiência de


ferro é um dos problemas nutricionais mais comuns, que atinge populações em todo o
mundo, até mesmo em países desenvolvidos.

Valores elevados de ferro estão relacionados à hemocromatose hereditária, um


distúrbio genético no qual ocorre um excesso de absorção de ferro. Da mesma maneira,
o excesso de ferro pode ocorrer na anemia sideroblástica, cuja causa do excesso é de
origem desconhecida. Em um tipo hereditário desse distúrbio, há a deficiência de ácido
delta-aminolevulínico sintase nos precursores das hemácias.

O ferro se acumula nas mitocôndrias por causa do gargalo metabólico.

Nos casos de deficiência do ferro, é um distúrbio que pode ocorrer em todas as faixas
etárias. Nas crianças, geralmente, ocorre devido à deficiência alimentar, ao passo que,
nos adultos, muitas vezes indica a perda de sangue.

Vitaminas

Vitaminas são compostos orgânicos indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento


normais do organismo. Conforme sua solubilidade, podem ser classificadas em
lipossolúveis e hidrossolúveis.

Como as células não dispõem de sistemas enzimáticos para sua síntese nas taxas
necessárias, o organismo depende de dietas balanceadas para a sua obtenção. A detecção
136
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

de deficiências limiares em geral é difícil, porém, importante, visto que os estados


carenciais comprometem a eficiência de várias vias metabólicas vitamina-dependentes.

Existem vários fatores que favorecem o aumento ou a redução dos níveis desejados das
vitaminas no organismo. Além da influência das quantidades ingeridas na alimentação,
um indivíduo pode ingerir quantidades suplementares por meio de complexos
vitamínicos, por exemplo, ou pode utilizar medicamentos e substâncias que alterem os
seus níveis.

Em geral, a avaliação do estado vitamínico é feita de duas maneiras: pelos seus níveis
plasmáticos e/ou pela medida da atividade enzimática que tem a vitamina como cofator.
Os níveis normais de cada uma podem ser vistos no Quadro 23.

Minerais

Os minerais são elementos com funções orgânicas essenciais que atuam tanto na forma
iônica quanto como constituintes de compostos (enzimas, hormônios e proteínas do
tecido orgânico).

São nutrientes vitais, que compõem cerca de 4% do peso corporal. Podem ser encontrados
sob a forma não solúvel (como constituintes estruturais de certas partes do corpo) ou
sob a forma solúvel (dissociados em seus íons constituintes).

Recebem o nome de micronutrientes, pois são necessários em quantidades mais


reduzidas do que as proteínas, os lipídios e os carboidratos, porém são essenciais para
uma boa nutrição.

Na avaliação do estado nutricional, as determinações bioquímicas são usadas como


complemento dos dados de história clínica e exame físico. Vários fatores interferentes
devem ser considerados, como, por exemplo, biodisponibilidade do nutriente, função
renal e estados hipercatabólicos.

Os níveis normais dos minerais que podem ser alterados nas interações citadas podem
ser vistos no Quadro 23.

Quadro 23. Valores de referência de vitaminas e minerais em adultos.

NUTRIENTE MATERIAL VALORES NORMAIS


Vitaminas
Caroteno Plasma 0,5-1,5 mg/dL
Soro <0,2 mg/dL = deficiência
Vitamina A Soro 1,05-3,32 mmol/ml

137
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Vitamina D Soro 25-hidroxivitamina D: 10-55ng/ml


1,25-dihidroxivitamina D: 24-65pg/ml
Vitamina C Plasma 11-114 mmol/ml
Vitamina B1 Plasma 0 a 2 mcg/dL
Vitamina B2 Plasma 4 a 24 mcg/dL
Vitamina B6 Plasma 0,5-3 mcg/dL
Sangue
Urina
B12 Plasma 200-1000 ng/dL
100pg/ml = deficiência
Folato Soro 3-10ng/ml
Hemácias Hemácias > 160 ng/ml
<40 mg/ml = deficiência
Vitamina K Plasma 0,13-1,19ng/ml
Vitamina E Plasma 0,5-1,8 mg/dL
Minerais
Cálcio Soro 9-11 mg/dL
Potássio Plasma 3,5-5,0 mEq
Sódio Soro Inferior a 5 mg/dL
Magnésio Soro 1,8-3 mEq/L
Ferro total/sérico Soro Homens: 59 a 158 mcg/dL
Mulheres: 37 a 145 mcg/dL
Ferritina Soro Homens: 18 a 370 ng/ml
Mulheres: 9 a 120 ng/ml
Zinco Soro 80-140 mcg/dL
Cobre Soro 90-125 mcg/dL

Fonte: Adaptado de Lima & Reis (2012)

138
CAPÍTULO 2
Dosagem de nutrientes e exames em
ortomolecular

Recomendação sobre dosagem de nutrientes


Primeiramente vamos diferenciar fortificação de suplementação:

» A fortificação é quando adicionamos um ou mais nutrientes em um


alimento com o fim de reforçar seu valor nutritivo, assim prevenindo as
carências nutricionais. Pode ser a escolha apropriada quando a ingestão
de um determinado nutriente pela maioria da população é inadequada.

» Suplementação alimentar, como o nome diz, vem complementar a


alimentação. É, em outros termos, aquilo que se acresce através de
produtos nutrientes à alimentação básica. Existem vários tipos de
suplementos, bem como as suas finalidades. Recomendado quando as
necessidades específicas de algum subgrupo da população são maiores
do que as da população em geral como, por exemplo, as de crianças,
adolescentes, gestantes, idosos ou atletas.

Os tipos de suplementos que existem são:

» suplementos vitamínicos e minerais;

» energizantes;

» reidratantes;

» proteicos;

» produtos com todos os aminoácidos;

» BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada);

» ornitina e arginina;

» hipercalóricos;

» metabolizadores de gordura;

139
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

» produtos à base de fibras; e

» produtos à base de ervas e fitoterápicos.

Recomendação para suplementação:

» quando a ingestão alimentar de determinado nutriente estiver abaixo


da recomendação média considerada para o indivíduo, associado a
parâmetros bioquímicos que indiquem deficiência;

» quando o indivíduo apresentar sinais e sintomas compatíveis com


prejuízo de função de determinado nutriente; e

» quando existirem condições de doença que promovam a deficiência de


um ou mais nutrientes em particular (considerando a farmacoterapia e
as interações medicamentos versus nutrientes).

De acordo com o Ministério da Saúde, suplementos de vitaminas e/ou minerais isolados


ou combinados entre si são definidos como produtos formulados para suplementar a
dieta dos indivíduos desde que não ultrapassem 100% da RDI. Dosagens acima dessa
quantidade são consideradas medicamentos e devem ser consumidas apenas sob
prescrição médica.

Terapêutica ortomolecular

“Orto” = organizar, realinhar, reorientar

A palavra “ortomolecular” significa, portanto, reorganizar a concentração das


moléculas em termos de minerais, vitaminas, enzimas, aminoácidos, e outros
fatores biológicos, a nível celular.

A terapêutica ortomolecular compreende, a partir dos dados da anamnese e dos exames


complementares, especialmente o exame capilar (análise do cabelo), um importante órgão de
exceção que nos permite, com aproximação de quase 100%, avaliar o balanço mineralógico
intracelular em termos de macro, micro e oligo elementos, bem como de minerais tóxicos.

Fazem parte do tratamento ortomolecular outros procedimentos igualmente importantes:

» mudanças de hábitos alimentares;

» inclusão de fibras na dieta;

» movimento físico;

140
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

» exercícios respiratórios; e

» exercícios de relaxamento

Na natureza e, consequentemente, no nosso organismo, tanto os minerais quanto


as vitaminas, aminoácidos e gorduras, especialmente os triglicerídeos de cadeia
média, agem todos sinergicamente, ou seja, o bom desempenho de um determinado
componente prescinde da presença de outros fatores, especialmente entre os minerais e
as vitaminas. Em nível de metabolismo basal, todos os elementos (proteínas, gorduras,
açúcares e a produção de ATP), dependem da intermediação dos catalizadores, ou seja,
vitaminas e minerais.

Veja o vídeo “Entenda as DRIs - Ingestão Diária Recomendada” do Dr. Clésio


Castro em: https://www.youtube.com/watch?v=F3BCQS0KU1k.

Exames em ortomolecular

Dosagens ideais de nutrientes

Existem deficiências de vitaminas e minerais consequentes de uma ingestão alimentar


inadequada e que acarretam em alterações nas dosagens sanguíneas de vitaminas e
minerais, e, em alguns casos, pode não existir ainda a alteração sanguínea, mas existe
a deficiência alimentar, que, em longo prazo, pode ocasionar esse quadro. Geralmente
são necessários pelo menos seis meses de alimentação inadequada para que as dosagens
sanguíneas sejam alteradas.

Normalmente seguimos as IDR ou RDIs (ingestão diária recomendada), de acordo com


a resolução RDC 269, que apresentam as dosagens adequadas de ingestão para cada
caso, como, por exemplo, adultos saudáveis por sexo e idade, gestante, idosos... Já no
caso de indivíduos portando determinadas patologias, a necessidade será outra.

Para pacientes críticos (com câncer e outras doenças graves) existem recomendações
que podem triplicar o valor da IDR. Não existe dose inicial, depende de cada caso.
Também é importante lembrar que existem as doses preventivas e a dose de tratamento.
Por exemplo: se a pessoa está com uma anemia constatada, a dosagem de ferro pode ser
diferente da dose recomendada. Se estiver com deficiência de folato, a recomendação é
outra.

Doses maiores, que poderíamos chamar de dose de ataque, ocorrem somente quando
há efetivamente uma deficiência sanguínea constatada com uma patologia associada.

141
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Em alguns casos, é necessária a administração por via endovenosa. E cada profissional


deve verificar no conselho de sua profissão o que podem e o que não podem prescrever.

Cada vitamina e cada mineral tem uma quantidade, e cada caso é um caso. Existe a
tabela da IDR que é uma tabela geral, mas podemos chegar até a triplicar esse valor,
dependendo da situação e da patologia.

Também vale lembrar que alguns nutrientes fazem parte de medidas de saúde
pública como, por exemplo, ácido fólico, ferro e iodo.

O tratamento pode ser feito baseando-se na deficiência constatada ou na queixa


de deficiência alimentar, e assim é recomendada a suplementação. A terapia
ortomolecular baseia-se na teoria de que nossa alimentação atualmente não
fornece todos os nutrientes que precisamos devido a uma série de fatores como,
por exemplo, o empobrecimento dos solos e a consequente redução de nutrientes
nos alimentos, em comparação com a qualidade que tinham no passado, e, sendo
assim, acredita-se que todos precisam de suplementação.

Um exemplo de que cada um precisa de uma dosagem determinada é o caso do


ferro: em mulheres, a necessidade diária, dependendo da referência, vai indicar
doses que variam de 9 mg a 18 mg; a gestante precisa de uma dose maior, 27 mg;
porém, se a gestante tiver anemia, a necessidade será maior ainda.

Na maioria das situações vamos nos basear na tabela da IDR. Mas vale ressaltar
que sempre devemos respeitar a recomendação máxima UL, que representa a dose
máxima sem risco de toxicidade, e sempre acompanhar o paciente com os exames
laboratoriais.

Terapia ortomolecular

Em um atendimento pela terapia ortomolecular, alguns exames podem ser utilizados


para avaliação do quadro do paciente.

» O primeiro exame que será realizado é o exame clínico:

› anamnese; e

› exame físico.

» Seguido de possíveis exames laboratoriais, como:

› exame de sangue:

142
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

· bioquímicos;

· hormônios;

· enzimas;

· e outros.

› fezes; e

› urina.

» Alguns exames de imagem também podem ser solicitados, como:

› raio-X;

› ultrassom;

› tomografias; e

› ressonância.

» E o padrão em ortomolecular é o exame de mineralograma capilar.

Alguns ortomoleculares solicitam exames que não são convencionais, como:

» EIS TECK – aparelho que aponta o local do organismo com problemas


funcionais através de diferentes tipos de cores como:

› cinza para regiões sem problemas;

› azul claro e azul escuro para problemas de hipoatividade; e

› amarelo ou vermelho para os problemas de hiperatividade nos órgãos.

» HLB – microscopia de campo claro e escuro, que é o exame da gota de


sangue colhida na hora).

» Biorressonância – Vegatest – nesse método, eletrodos cilíndricos


posicionados nas mãos e pés do paciente em pontos da acupuntura
emitem ondas eletromagnéticas sobre o corpo; assim é emitido um laudo
clínico do paciente.

» Nerve express – sistema computadorizado com um software de tecnologia


russa, que funciona acoplado a um monitor de frequência cardíaca (tipo
Polar). É um procedimento não invasivo, no qual é feita uma medição do

143
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

ritmo cardíaco durante todo o exame, sendo avaliada a variabilidade da


frequência cardíaca, e assim podemos obter uma avaliação quantitativa
do Sistema Nervoso Autonômico. O objetivo é avaliar a habilidade do
organismo em executar suas funções habituais.

» Termografia óptica – permite detectar doenças precocemente. É um


exame de imagem realizado através de um aparelho que mapeia todo o
corpo e emite ondas de infravermelho que captam o calor emitido pelo
corpo. Esse calor é transformado em temperatura para que seja analisada
por um computador. É capaz de detectar desde um problema muscular
até um câncer.

Figura 16: Aparelho EIS TECK

Fonte: Disponível em: https://www.alibaba.com/product-detail/ES-Teck-Complex-Health-Scanning-System_113257812.html.


Acesso em: 21/03/2020

Veja o vídeo sobre o sistema EIS TECK Complex no link: https://www.youtube.


com/watch?v=-otwJN4XcX4.

144
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

Figura 17: HLB – microscopia para análise da gota de sangue

Fonte: Disponível em: https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/microscopia-de-campo-escuro-estudo-da-morfologia-das-


celulas-sanguineas-em-sangue. Acesso em: 21/03/2020.

Observações sobre exame HLB:

» HLB também é conhecido como Dry Blood/Live Blood Ultra darkfield.

» O exame HLB é feito analisando uma gota de sangue através de um


microscópio.

» O objetivo é verificar o dano biológico a partir do aumento da produção


das moléculas de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento
precoce e diversas doenças.

Esse exame pode ser feito em algum laboratório de análises clínicas e os


especialistas em ortomolecular com formação em análises clínicas podem
também realizar esse exame se tiverem um microscópio.

Vale ressaltar que, até o momento em que esse material foi atualizado, em 2020, esse
exame ainda não tinha sido reconhecido pelo conselho de medicina: http://www.
cremesp.com.br/?siteAcao=Pareceres&dif=a&ficha=1&id=9452&tipo=PAREC
ER&orgao=Conselho%20Regional%20de%20Medicina%20do%20Estado%20
de%20S%E3o%20Paulo&numero=44702&situacao=&data=28-07-2010.

Veja o vídeo e saiba mais sobre esse exame em: https://www.youtube.com/


watch?v=xM3ij3knIIE.

145
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Figura 18: Biorressonância – Vegatest

Fonte: Disponível em: https://diariodamanha.com/noticias/bioressonancia-vegateste-metodo-de-tratamento-indolor-e-eficaz/.


Acesso em: 21/03/2020.

A Biorressonância Vegatest é um método de tratamento para doenças, emite


ondas eletromagnéticas pelo corpo, assim identificando doenças; trata, por
exemplo:

» inflamações;

» alergias;

» neurodermite;

» enxaquecas; e

» doenças reumáticas.

Figura 19: Nerve express

Fonte: Disponível em: https://es.dotmed.com/images/listingpics/2425734.jpg. Acesso em: 21/03/2020.

146
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

Figura 20: Termografia óptica

Fonte: Disponível em: https://tourlife.com.br/o-que-e-termografia/. Acesso em: 21/03/2020.

O que é o exame mineralograma?

É a dosagem de minerais de algum tecido do corpo.

Mineralograma capilar, conhecido como “exame do fio de cabelo”, consiste na dosagem


de minerais no cabelo. O cabelo contém todos os minerais presentes no corpo, e o exame
mede se há excesso ou carência dos oligoelementos (minerais) no organismo, e também
dos minerais pesados (tóxicos).

Determinação de radicais livres

Fatores que aumentam os RI:

» tabagismo;

» poluição atmosférica;

» poluição do solo;

» poluição da água;

» uso de agrotóxicos;

» poluição eletromagnética;

» sedentarismo;

» dietas pró-inflamatórias;

» estresse crônico;

» Doenças degenerativas.
147
UNIDADE VI │ DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS

Métodos de análise dos radicais livres:

» dosagem de radicais livres no sangue por quimioluminescência;

» dosagem de MDA (dialdeído malônico ou malondialdeído, substância


que aumenta na vigência de uma reação chamada lipoperoxidação,
ocasionada por radicais livres) na urina;

» dosagem de enzimas antioxidantes como glutationa peroxidase,


superóxido dismutase e catalase;

» dosagem de substâncias antioxidantes, como vitaminas (A, C, E,


betacaroteno, ácido fólico, B12), na qual fazemos a dosagem dos seus
metabólitos, e níveis baixos costumam indicar uma baixa ingesta; e

» HBL – análise de uma gota de sangue, extraída na hora da consulta e


avaliada através de microscópio óptico de alta resolução.

Quando o nível de radicais livres está fora dos níveis fisiológicos, pode ser feita reposição
de antioxidantes necessários. Mas, em muitos casos, inicialmente é feita a mudança de
hábitos de vida e a orientação alimentar.

Ozonioterapia é reconhecida como tratamento complementar no SUS. Disponível


em: https://www.anahp.com.br/noticias/noticias-do-mercado/tratamento-
com-ozonioterapia-sera-oferecido-pelo-sus/. Acesso em: 14 mai. 2020.

Resolução CFM que define ozonioterapia como prática experimental no


País é publicada no Diário Oficial. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/
index.php?option=com_content&view=article&id=27716:2018-07-09-15-34-
31&catid=3. Acesso em: 14 mai. 2020.

Ozonioterapia para que serve? Disponível em: https://www.ozonioterapiabrasil.


com/. Acesso em: 14 mai. 2020.

Ozonioterapia: O que estão escondendo de você pode salvar sua vida. Disponível
em: https://vidalonga.org/ozonioterapia/. Acesso em: 14 mai. 2020.

Vídeo: Ozonioterapia combate problemas nas articulações e vira referência.


Disponível em: http://g1.globo.com/sp/tvtribuna/viverbem/videos/t/
edicoes/v/ozonioterapia-combate-problemas-nas-articulacoes-e-vira-
referencia/6780180/. Acesso em: 14 mai. 2020.

148
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES E EXAMES LABORATORIAIS │ UNIDADE VI

Vídeo: Uso do oxigênio ozônio em medicina humana (Dr.Renato Tadeu dos


Santos). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IPwy2sM1U9U.
Acesso em: 14 mai. 2020.

Artigo: Ozonioterapia em lombociatalgia. Disponível em: http://www.scielo.


br/scielo.php?pid=S1806-00132012000300012&script=sci_abstract&tlng=pt.
Acesso em: 14 mai. 2020.

149
Para (não) finalizar

Neste Caderno, discutimos a questão da interação entre medicamentos/drogas e


alimentos e como os medicamentos podem prejudicar a absorção de nutrientes,
alertando o profissional acerca das medidas que devem ser tomadas para evitar uma
possível desnutrição.

Foi destacado o conhecimento da interpretação de exames que podem ser importantes


na anamnese, de forma a identificar os nutrientes com absorção prejudicada devido ao
uso crônico de determinado fármaco. No entanto, na prática clínica, a solicitação de
exames é dificultada devido a planos de saúde muitas vezes não os autorizarem.

Deve-se utilizar o bom senso e procurar avaliar caso a caso, identificando quando
o exame é realmente importante e quando é possível a identificação de deficiências
nutricionais pelos sintomas apresentados e características do paciente.

O assunto interação droga-nutriente é recente e suas informações são escassas. Nos


últimos anos, porém, podemos observar que as informações estão crescendo, mas
ainda há necessidade de mais estudos sobre o assunto. Com o surgimento de drogas
novas, outras interações surgem. Sendo assim, o profissional da área deve procurar
sempre a atualização das informações em literatura de referência, como revistas e
artigos científicos ou livros.

150
Referências

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Committee on drugs. The transfer of drugs and other chemicals into human milk.
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