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RESUMO

Paralisia cerebral: uma perspectiva no cuidado da atenção domiciliar

INTRODUÇÃO: a encefalopatia crônica não evolutiva da infância foi primeiramente


designada pelo William John Littie – cirurgião ortopédico inglês – em 1843, em um estudo
descritivo com 47 casos de crianças com asfixia perinatal e rigidez muscular (espástica),
predominantemente em membros inferiores. Sigmound Freud sugeriu a expressão “paralisia
cerebral” em 1893, ao estudar a Síndrome de Littie e identificar três principais fatores causais:
materno e congênito (pré-natal), perinatal e pós-natal. Em 1951 fora consagrada a expressão
“paralisia cerebral” por Phelps para se referir ao grupo de crianças com transtornos motores
devido à lesão no sistema nervoso central e para diferenciar, na época, da paralisia infantil. A
definição mais atual de Paralisia Cerebral (PC) demonstra que desordens motoras podem ser
acompanhadas de alterações de sensação, cognição, comunicação, comportamento, epilepsia e
problemas músculo esqueléticos secundários – o que diverge de um desenvolvimento normal
de uma criança nos campos físico, mental, emocional e social. OBJETIVO: o presente estudo
tem como objetivo abordar o papel da atenção primária no envolvimento de pacientes
acometidos pela paralisia cerebral, bem como discorrer sobre suas etiologias, diagnóstico e
condutas. METODOLOGIA: estudo elaborado com base em dados pesquisados na plataforma
do Google Acadêmico e Scielo publicados entre 2018 e 2021, e livros; utilizando-se as
palavras-chave: paralisia cerebral, papel da atenção primária nas paralisias e conduta em
paralisias. CONSIDERAÇÕES: a National Institute of Neurological Disorders and Strokes
(NINDS), no ano de 2006, afirma que a lesão, e os resultados destas agressões ao cérebro,
podem ocorrer antes, durante e depois do nascimento. Em um estudo com tomografia
computadorizada (TC) de paralisia cerebral hemiparética de 15 crianças em 2001 (através da
anamnese) contatou-se fatores de risco para etiologia no período pré-natal em 23%, para o
perinatal em 18% e para período indefinido em 59% – sendo esses: 28% apresentando dados
etiopatogênicos na cavidade córtico-subcortical, 28% no alargamento ventricular unilateral,
15% em malformações (associadas a malformações físicas fora do sistema nervoso central) e
14% em atrofia hemisférica, entre outros achados. É importante frisar que qualquer que seja a
etiologia, a lesão não é reversível e o comprometimento dela resultante é permanente. Para
valor diagnóstico, o tipo e a gravidade da lesão são classificados pela extensão e pela
localização da mesma através da neuroimagem. A classificação da PC é circunscrita pela
natureza da desordem motora envolvida – através da espasticidade, atetose ou ataxia. Pela
NINDS, de 90 a 95% dos casos de PC resultam de quatro tipos de danos cerebrais que
acarretam sintomas típicos, assim como: lesão da substância branca do cérebro (Peri
Ventricular Leucomalácia – PVL), desenvolvimento anormal do cérebro (disgenesia cerebral),
hemorragia cerebral (hemorragias intracranianas) e lesão cerebral causada pela falta de
oxigenação (encefalopatia hipóxico-isquêmica ou asfixia intraparto). O eletroencefalograma
pode auxiliar no diagnóstico das epilepsias associadas. O reconhecimento precoce da PC é
difícil em lactentes com menos de quatro meses, impossibilitando dizer qual o tipo de PC a
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criança poderá vir a desenvolver. A atenção à saúde vem buscando estudar e propor
terapêuticas que visem prevenir, minimizar as sequelas dessas lesões e potencializar
capacidades; seguindo a linha logica de que o tratamento é enganoso, mas, o atendimento e
acompanhamento seriam as melhores formas de se referir às condutas para pacientes com PC.
O atendimento multidisciplinar conta com profissionais médicos, fisioterapêuticos e estruturas
que aumentem o campo de suporte além do ambiente domiciliar e da família. A partir de
2001, o programa de pós-graduação em saúde da criança e do adolescente possibilitou o
estudo deste publico alvo por meio da interdisciplinaridade para o crescimento,
desenvolvimento e técnicas de avaliação, fatores determinantes e programas de intervenção.
CONCLUSÃO: independentemente de suas etiologias, as PCs apresentam lesões e
circunstâncias irreversíveis que contam com o apoio da atenção primária para um desfecho
prognóstico que possa otimizar a vida de indivíduos acometidos pela patologia. Com o auxílio
dos exames de imagem, há de se conquistar a melhor abordagem de modo que possa ser
individualizada à pertinência de cada paciente.

Palavras-chave: Paralisia cerebral. O papel da atenção primária nas paralisias. Conduta em


paralisias.

Área de interesse: Neurologia.

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