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05/12/2022 21:22 Descomplica

Reabilitando crianças e adolescentes

O recorte da Neuropsicologia à infância e à adolescência se


interessa pelo estudo das funções cognitivas da criança e do
adolescente, sobretudo pensando
comportamentais, emocionais e psicológicos. Para um bom
nos seus efeitos

desenvolvimento prático nesta interface, além de amplo conhecimento


técnico de Neuropsicologia, é necessário um conhecimento robusto em
Psicologia do Desenvolvimento, sobretudo em relação aos principais
marcos do desenvolvimento infantil. A Neuropsicologia fornecerá o exame
neuropsicológico e a reabilitação de casos de diagnósticos ou quadros
sintomatológicos da infância e adolescência com efeitos cognitivos e
comportamentais, assim como de casos de lesões encefálicas adquiridas
(LEAs) durante este período do desenvolvimento.

A plasticidade neuronal é um dos mais cruciais fundamentos e


paradigmas no estudo e intervenção na infância. A neuroplasticidade é
dependente da idade – ou seja, quanto mais jovem o organismo, mais
plástico é o sistema. Sobretudo na primeira e segunda infância,
respectivamente, assim como o sistema nervoso é extremamente
suscetível a fatores de risco, é também amplamente plástico, capaz de se
readaptar. Por isso, a reabilitação cognitiva de crianças e adolescentes
tem um potencial substancial de recuperação para o paciente, que pode
fortalecer, compensar ou substituir completamente a habilidade rebaixada.

Um importante dado epidemiológico, divulgado através de uma


metanálise (POLANCZY et al., 2015), indicou uma prevalência mundial de
transtornos mentais em crianças e adolescentes de 13,4%. Sabe-se que 1

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em cada 10 crianças e adolescentes tem algum diagnóstico de transtorno


mental ou transtorno do neurodesenvolvimento suficientemente grave
para acarretar prejuízos cognitivos, sociais e funcionais. Na maioria destes
casos, a avaliação e intervenção neuropsicológicas serão importantes
aliados no processo de tratamento e reabilitação.

Dentre os principais quadros da infância, os transtornos e as


dificuldades de aprendizagem são amplamente encaminhados para
reabilitação. De acordo com o DSM-5, os Transtornos Específicos de
Aprendizagem são dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades
acadêmicas em pelo menos 1 das seguintes áreas: leitura, compreensão
da leitura, ortografia, expressão escrita, senso numérico e de cálculo e
raciocínio. Em geral, tais quadros são acompanhados de uma série de
rebaixamentos cognitivos que podem ser sistematicamente estimulados e
(re)habilitados.

Além dos Transtornos Específicos de Aprendizagem, outros transtornos


do neurodesenvolvimento como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e
o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são quadros
que apresentam perfis neuropsicológicos com algumas especificidades
que podem gerar problemas adaptativos e funcionais. Em todos estes
quadros – e qualquer outro que apresente disfunções cognitivas –, a
reabilitação neuropsicológica será um diferencial no tratamento.

A literatura científica sobre técnicas interventivas para rebaixamentos


cognitivos e comportamentais na infância passou a ser prolífica a partir da
década de 1970. Desde então, diversos programas e modelos vêm sendo
propostos. Dentre eles, o modelo geral do neurodesenvolvimento é uma
sistematização concreta, amplamente utilizada no mundo inteiro, que
fornece sentido e significado para as avaliações quantificáveis da
evolução do paciente e da eficácia da intervenção. A partir deles, torna-se
possível utilizar o valor heurístico dos estágios clínico-cognitivos, isto é,

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investigar a fundo e apurar o quadro; expandir o modelo neuropsicológico


e incluir questões relativas à pediatria; incorporar atividades de
treinamento cognitivo com atividades terapêuticas; e sustentar uma
equipe interdisciplinar.

Neste modelo, há 6 estágios divididos em 3 grupos, a saber: 1)


Engajamento e Consciência, 2) Domínio e Controle e 3) Aceitação e
Identidade. Em cada estágio, a equipe deve deliberar sobre o progresso
do paciente e predizer o estágio subsequente, incluindo recomendações e
observações pertinentes às estratégias compensatórias adotadas e o
nível de controle do paciente (ABRISQUETA-GOMEZ, 2006).

O REHABIT (Reitan Evaluation of Hemispheric Abilities and Brain


Improvement Training) é um modelo para a prática da Neuropsicologia
infantil que se embasa nos sistemas hierárquicos de funcionamento
cerebral. Primeiramente, as funções críticas são treinadas (atenção,
concentração, memória, etc.). Em seguida, as funções de lateralização
são treinadas (verbal – esquerdo; visuoespacial – direito). Depois, as
funções complexas são treinadas (abstração, formação de conceitos e
lógica). Embora amplamente utilizado, ainda não tem adaptação
brasileira. Contudo, existem diversos pesquisadores de mestrado e
doutorado desenvolvendo programas e modelos de reabilitação infantil,
grande parte utilizando as tecnologias para acessar mais facilmente ao
público e garantir uma maior validade ecológica.

Já o DNRR (Developmental neuropsychological


remediation/rehabilitation) é um modelo focado nas dificuldades de
aprendizagem (linguagem falada/escrita, coordenação, autocontrole,
atenção). Contém sete passos, sendo eles: 1 – perfil neuropsicológico / 2
– contraste e comparação do perfil com as demandas do ambiente (nível
acadêmico, aspectos psicossociais, etc.) / 3 – hipóteses e predições / 4 –
planejamento da intervenção / 5 – monitoramento do plano / 6 – reajustes

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/ 7 – reavaliação de follow-up. Este modelo é amplamente disseminado


em estudos científicos e centros de reabilitação neuropsicológica,
apresentando evidências expressivamente significativas de eficácia e
rapidez.

Além das técnicas de reabilitação (ou habilitação), o Treinamento de


Pais (TP) é um importante aliado na intervenção neuropsicológica na
infância e adolescência. O TP vem sendo amplamente estudado e
divulgado na literatura científica, constituindo-se como uma intervenção
que possibilita uma melhora tanto para o paciente, quanto para seus
responsáveis, que muitas vezes apresentam queixas psicológicas em
decorrência da baixa adaptação às características e necessidades do
filho. A partir de sessões de TP, é possível ensinar aos pais sobre o quadro
cognitivo e sintomatológico da criança/adolescente, fornecendo uma
ampliação do leque de ferramentas disponíveis para os cuidadores
durante o dia a dia com os filhos.

Atividade Extra

O Hospital Israelita Albert Einstein é uma grande potência de cuidados


médicos no Brasil e conta com um Centro de Reabilitação. Neste Centro,
há a oferta de uma gama multivariada de tratamentos, incluindo a
intervenção neuropsicológica. A equipe conta com neuropsicólogos,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e diversos outros profissionais.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=WoDyiHGBIXg

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Referência Bibliográfica

ABRISQUETA-GOMEZ, J.; SANTOS, F. H. Reabilitação neuropsicológica:


da teoria à prática. SP: Artes Médicas, 2006. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/277587337_Reabilitacao_Neuropsico

MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia: aplicações clínicas.


Artmed Editora, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3FYd1mT

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