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RESUMO
ABSTRACT
This article adresses the impact of Neuropsychology in promoting academic
success for children who face learning difficulties. Based on a review of current
literature, we examine how neuropsychological intervention can positively influence
the academic performance and well-being of these students. We identify the main
challenges faced by children with learning difficulties, highlighting the importance of
a personalized approach that takes into account individual differences in cognitive,
emotional and behavioral skills. The objective of this study is to examine the impact
of Neuropsychology in promoting academic success for children with learning
difficulties. This study was developed through bibliographical research, of an
exploratory type, using a qualitative approach. It was noted that neuropsychological
rehabilitation is a process of vast and intricate nature, presenting a variety of
approaches and strategies, without a standard plan that applies universally.
1
Pós-graduanda do curso: Neuropsicologia com Ênfase em Reabilitação Cognitiva, no Grupo Educacional
Famart.
1 INTRODUÇÃO
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os déficits neuropsicológicos associados às dificuldades de aprendizagem em
crianças, identificando os padrões cognitivos que podem estar impactando
negativamente o desempenho escolar. Desenvolver e implementar estratégias de
intervenção neuropsicológica personalizadas, com base nas necessidades
específicas de cada criança, visando melhorar suas habilidades cognitivas,
emocionais e comportamentais relacionadas à aprendizagem. Avaliar os resultados
da intervenção neuropsicológica ao longo do tempo, analisando o progresso
acadêmico, as mudanças no comportamento e no bem-estar emocional das
crianças, bem como a satisfação dos pais e educadores com o processo de
intervenção.
A promoção do sucesso escolar para crianças com dificuldades de
aprendizagem é uma questão de extrema relevância no campo educacional e de
saúde. Essas crianças enfrentam desafios significativos em seu processo de
aprendizagem devido a diferenças no funcionamento cerebral, que podem impactar
negativamente seu desempenho acadêmico e seu bem-estar emocional. Nesse
contexto, a Neuropsicologia surge como uma disciplina fundamental, oferecendo
uma abordagem integrada que combina conhecimentos da neurociência e da
psicologia para compreender e intervir nas dificuldades específicas enfrentadas por
esses alunos (Hazin et al, 2018).
A intervenção neuropsicológica visa identificar os déficits cognitivos
subjacentes às dificuldades de aprendizagem de cada criança e desenvolver
estratégias personalizadas para superá-los. Ao fornecer uma avaliação abrangente
das habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais da criança, os
profissionais de Neuropsicologia podem oferecer suporte individualizado, ajudando
os alunos a desenvolverem suas potencialidades e a superarem obstáculos no
ambiente escolar (Navatta, 2015).
Portanto, investigar o impacto da Neuropsicologia na promoção do sucesso
escolar para crianças com dificuldades de aprendizagem é essencial para
identificar as melhores práticas e intervenções que possam melhorar
significativamente o desempenho acadêmico e a qualidade de vida desses alunos.
Essa pesquisa pode fornecer insights valiosos não apenas para educadores e
profissionais de saúde, mas também para pais e cuidadores, contribuindo para uma
abordagem mais eficaz e inclusiva na educação de crianças com necessidades
especiais.
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2 NEUROPSICOLOGIA: ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTÓRICOS
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emoção e no comportamento. Em suma, a investigação neuropsicológica oferece
insights valiosos sobre a relação entre o cérebro e a mente, contribuindo para a
compreensão e o tratamento de uma variedade de condições neurológicas e
psicológicas (Santos e Zamo, 2017).
A trajetória da neuropsicologia é marcada por um percurso histórico que se
estende desde os primórdios da civilização até os avanços científicos dos séculos
XIX e XX. Embora tenha sido nesse período que a neuropsicologia consolidou seus
estudos sobre as relações entre lesões cerebrais e comprometimento cognitivo, o
interesse humano em compreender o funcionamento do cérebro remonta a tempos
antigos (Czermainski et al, 2015).
Alcmeão de Crotona, um notável filósofo naturalista e médico grego do
século V a.C., é reconhecido como um dos pioneiros a contemplar o cérebro como
a sede das sensações, contribuindo assim para os fundamentos da psicologia
fisiológica. Avançando no tempo, encontramos Wilhelm Wundt (1832-1920), cujo
trabalho seminal "Princípios da Psicologia Fisiológica" (1874) refletia suas
pesquisas laboratoriais e seu desejo de estabelecer a psicologia como uma ciência.
No entanto, com a publicação da teoria da evolução por Charles Darwin em
1859, houve uma mudança significativa na agenda de interesses da psicologia. As
ideias evolutivas de Darwin influenciaram a mudança para perspectivas
funcionalistas, que enfatizavam a adaptação e a função dos comportamentos, em
detrimento das relações diretas entre mente e cérebro. O acidente de Phineas
Gage, ocorrido em 1848, é um marco histórico nos estudos neurológicos que
destacou a íntima conexão entre lesões cerebrais e comportamento humano. Gage,
um engenheiro ferroviário, sobreviveu miraculosamente depois que uma barra de
ferro atravessou seu crânio durante um acidente de trabalho. Embora tenha
sobrevivido, sua personalidade e comportamento sofreram mudanças dramáticas
(Navatta, 2015).
Antes do acidente, Gage era descrito como um trabalhador exemplar, mas
após o incidente, ele se tornou impulsivo, irresponsável e socialmente impróprio.
Essas mudanças comportamentais chamaram a atenção do médico John Harlow,
que sugeriu que as lesões nos lobos frontais do cérebro de Gage eram
responsáveis por suas alterações de comportamento. Estudiosos posteriores
confirmaram essa hipótese ao reconstruir a trajetória da barra de ferro através do
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crânio de Gage e identificar as áreas específicas do lobo frontal, como o córtex pré-
frontal, que foram danificadas (Czermainski et al, 2015).
O caso de Phineas Gage tornou-se emblemático na neuropsicologia,
evidenciando a importância crítica do cérebro na regulação do comportamento
humano. Além disso, estimulou um interesse crescente no estudo das funções
cerebrais superiores e suas bases neuroanatômicas. Essa história singular
continua a inspirar pesquisadores e profissionais da área, reforçando a
compreensão da complexa interação entre o cérebro e o comportamento humano.
A ascensão da neuropsicologia abre novas perspectivas no campo da
cognição, destacando-se a neuropsicologia cognitiva como uma área de estudo
crucial. Seu foco principal reside na compreensão do funcionamento do cérebro,
tanto em condições normais quanto disfuncionais, através de modelos de
processamento de informações e análises da relação entre cérebro e
comportamento (Costa, 2013).
Um dos principais objetivos da neuropsicologia cognitiva é identificar,
mensurar e descrever mudanças comportamentais, além de investigar déficits
cognitivos e seus impactos na vida diária de indivíduos com comprometimento
neurológico. Nesse sentido, a avaliação neuropsicológica surge como uma
ferramenta fundamental para o diagnóstico e tratamento de diversas condições
médicas. Ao explorar as bases neuroanatômicas e neurofisiológicas dos processos
mentais, a neuropsicologia cognitiva oferece insights valiosos para a compreensão
da mente humana. Seu enfoque interdisciplinar, que integra conhecimentos da
neurociência, psicologia e outras áreas afins, contribui para uma abordagem
abrangente e holística dos distúrbios neurológicos e cognitivos (Tabaquim, 2018).
A reabilitação tem como principal objetivo melhorar a qualidade de vida não
apenas dos pacientes, mas também de seus familiares. Este processo proporciona
uma conscientização sobre as capacidades remanescentes, incentivando o uso de
estratégias compensatórias, a aquisição de novas habilidades e a adaptação às
perdas permanentes. Essa jornada muitas vezes resulta em uma mudança na auto-
percepção e, eventualmente, na aceitação de uma nova realidade (Navatta, 2015).
Dentro desse contexto, a reabilitação cognitiva (RC) desempenha um papel
fundamental. Seu foco é capacitar pacientes e familiares a lidar com as deficiências
cognitivas, oferecendo treinamento específico para melhorar as funções cognitivas
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afetadas. No entanto, é importante notar que a RC é apenas um componente da
reabilitação neuropsicológica (RN). A RN vai além da RC, abordando não apenas
os déficits cognitivos, mas também as alterações comportamentais e emocionais
que podem surgir após uma lesão cerebral ou outra condição neurológica. Isso
envolve a integração da psicoterapia, a criação de um ambiente terapêutico
favorável e o envolvimento ativo dos pacientes e seus familiares no processo de
recuperação (Ramos, 2016).
Além disso, é relevante enfatizar aos pacientes que, embora nem sempre
seja possível restaurar completamente as funções cognitivas prejudicadas, existem
maneiras eficazes de compensá-las. A chave está em planejar cuidadosamente um
programa de reabilitação que leve em consideração as necessidades individuais de
cada pessoa.
O primeiro passo desse processo é a realização de uma avaliação
neuropsicológica abrangente, seguida por uma avaliação comportamental
detalhada. Ao analisar tanto os prejuízos cognitivos quanto as funções intactas, é
possível identificar áreas problemáticas a serem trabalhadas e também avaliar a
eficácia do tratamento ao longo do tempo. É importante ressaltar que aspectos
como hábitos, emoções e motivação podem ter um impacto significativo no
funcionamento diário do paciente e, portanto, devem ser considerados em todas as
etapas da avaliação e do tratamento. Uma abordagem holística que leve em conta
não apenas as deficiências cognitivas, mas também fatores emocionais e
comportamentais, é essencial para o sucesso da reabilitação neuropsicológica
(Giannesi e Moretti, 2015).
Apesar da natureza interdisciplinar da neuropsicologia, é comum que a
avaliação neuropsicológica seja conduzida por psicólogos especializados nesse
campo. Esses profissionais são treinados para compreender a complexa dinâmica
do funcionamento cerebral e suas relações com o comportamento humano,
desempenhando um papel crucial no diagnóstico, prognóstico e reabilitação das
funções cognitivas. A investigação em neuropsicologia também se estende ao
campo do ensino-aprendizagem, oferecendo insights valiosos sobre as relações
entre as funções psicológicas superiores e a aprendizagem simbólica. Ao
correlacionar a organização funcional do cérebro com as dificuldades de
aprendizagem, a neuropsicologia contribui para uma compreensão mais profunda
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dos processos cognitivos envolvidos na aquisição de conhecimento (Hazin et al,
2018).
Essa abordagem integrativa permite que os profissionais da área
educacional desenvolvam estratégias mais eficazes para atender às necessidades
individuais dos alunos e otimizar os ambientes de aprendizagem. Ao reconhecer e
abordar as diferenças individuais no funcionamento cerebral, a neuropsicologia
promove uma educação mais inclusiva e personalizada, beneficiando tanto os
alunos com dificuldades de aprendizagem quanto aqueles que estão em um
processo de desenvolvimento cognitivo típico (Hazin et al, 2018).
A abordagem neuropsicológica no contexto dos transtornos de
aprendizagem parte do pressuposto de que essas condições são resultado da
expressão de anomalias cerebrais específicas, as quais são influenciadas por uma
combinação de fatores genéticos e ambientais que alteram o
neurodesenvolvimento. Quando o processo de instrução não ocorre de forma
adequada, é possível encontrar indícios de disfunção ou lesão cerebral, destacando
a importância da identificação precoce de alterações no desenvolvimento cognitivo
e comportamental (Paula et al, 2014).
A detecção precoce dessas alterações é fundamental para uma intervenção
terapêutica precisa e eficaz. Nesse contexto, a utilização de instrumentos
adequados desempenha um papel crucial. Ferramentas de avaliação
neuropsicológica e neurocognitiva são essenciais para identificar padrões
específicos de funcionamento cerebral e avaliar o impacto dessas anomalias no
processo de aprendizagem e no desenvolvimento global do indivíduo (Giannesi e
Moretti, 2015).
Ao compreender as bases neurobiológicas dos transtornos de aprendizagem
e sua manifestação comportamental, os profissionais de saúde e educação estão
melhor preparados para planejar e implementar intervenções personalizadas e
eficazes. Isso inclui estratégias de ensino adaptadas às necessidades individuais,
suporte psicossocial adequado e encaminhamento para serviços especializados,
quando necessário (Giannesi e Moretti, 2015).
Existem duas modalidades distintas de aprendizagem, cada uma com suas
características únicas: o aprendizado não-associativo e o aprendizado associativo.
No aprendizado não-associativo, encontramos conceitos como habituação e
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sensibilização, que descrevem a resposta do organismo a estímulos repetidos ou
intensificados ao longo do tempo
Por outro lado, o aprendizado associativo envolve a conexão de estímulos
ou eventos diferentes, podendo ser subdividido em condicionamento clássico e
condicionamento operante. No condicionamento clássico, proposto por Pavlov, os
indivíduos aprendem a associar estímulos neutros com respostas reflexas,
enquanto no condicionamento operante, descrito por Skinner, o comportamento é
moldado através de reforços positivos e negativos (Paula et al, 2014).
Embora não haja diferenças fundamentais na forma de aprendizagem ao
longo da escala evolutiva, é no ápice desse processo que encontramos a
plasticidade cerebral em seu máximo potencial. A capacidade do cérebro humano
de adaptar-se e reorganizar-se é impressionante, com sinapses sendo formadas e
desfeitas em questão de segundos no neocórtex. Essa dinâmica neural confere à
espécie humana um incrível potencial de aprendizado e resiliência, permitindo-nos
assimilar novas informações, adaptar-nos a novos desafios e superar obstáculos
de maneiras complexas e inovadoras (Paula et al, 2014).
As alterações nos processos neurais relacionados à aprendizagem podem
ser a origem de diversos transtornos que afetam o desenvolvimento e o
desempenho acadêmico e social dos indivíduos. Esses transtornos podem se
manifestar de várias maneiras, incluindo dificuldades motoras ou psicomotoras,
problemas de compreensão, atenção, desinteresse, memorização e
comportamentais. Ademais, é válido reconhecer que, mesmo que essas alterações
sejam de natureza leve, elas podem ter consequências significativas no futuro
social e acadêmico das crianças. A representação de um transtorno na organização
funcional do sistema nervoso central pode impactar profundamente a capacidade
de uma criança de aprender e se desenvolver de maneira adequada (Hazin et al,
2018)
Giannesi e Moretti (2015) Ressaltam a importância da função executiva na
evocação de memórias. Para que novos conceitos sejam aprendidos, retidos e
recordados, é essencial que haja um gerenciamento eficaz das memórias já
existentes. Isso significa que as memórias preexistentes precisam se adaptar e se
integrar aos novos conceitos adquiridos durante a interação do indivíduo com o
ambiente.
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3 METODOLOGIA
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destacam a complexidade da dificuldade de aprendizagem, que pode ser
influenciada por uma variedade de fatores, desde questões neurológicas até
aspectos emocionais e motivacionais. Compreender esses diferentes aspectos é
essencial para identificar e abordar adequadamente as dificuldades de
aprendizagem, permitindo assim que os indivíduos recebam o suporte necessário
para alcançar seu potencial máximo de desenvolvimento educacional e pessoal
(Tabaquim, 2018).
A reabilitação neuropsicológica visa reabilitar ou habilitar as habilidades
comportamentais, cognitivas e emocionais de crianças e pacientes que apresentam
déficits devido a lesões cerebrais adquiridas ou a um desenvolvimento maturacional
comprometido do Sistema Nervoso Central (SNC). Essa abordagem terapêutica
abrange uma série de intervenções personalizadas, destinadas a ajudar o paciente
a recuperar ou desenvolver suas capacidades cognitivas, emocionais e
comportamentais de maneira eficaz (Siqueira, 2016).
O sucesso da reabilitação neuropsicológica depende da colaboração entre
a equipe multidisciplinar, familiares e o próprio paciente. Ao trabalharem juntos, eles
se concentram não apenas na recuperação das funções cerebrais comprometidas,
mas também no bem-estar físico, psicológico e profissional do indivíduo em
tratamento. Essa abordagem holística reconhece a importância de considerar todos
os aspectos da vida do paciente durante o processo de reabilitação, visando uma
melhoria global da qualidade de vida
Assim, percebe-se que a reabilitação neuropsicológica é um processo de
natureza vasta e intrincada, apresentando uma variedade de abordagens e
estratégias, sem um plano padrão que se aplique universalmente. Cada caso de
deficiência é único, com suas próprias particularidades e desafios, o que demanda
uma compreensão profunda por parte da equipe especializada. Diante dessa
complexidade, é essencial que a equipe profissional envolvida no tratamento esteja
apta a reconhecer e compreender essas particularidades individuais. A elaboração
de um plano de tratamento eficaz requer uma análise cuidadosa do perfil cognitivo,
emocional e comportamental do paciente, levando em consideração suas
necessidades específicas e os recursos disponíveis para atender a essas
demandas de forma eficiente (Tabaquim, 2018).
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5 CONCLUSÃO
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esses serviços ainda é limitado nas instituições públicas de saúde, devido a
restrições estruturais e à escassez de profissionais capacitados. Portanto, é
necessário investir em políticas públicas que promovam o acesso equitativo a
serviços neuropsicológicos de qualidade, garantindo que todos os indivíduos,
independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso ao suporte
necessário para enfrentar desafios cognitivos e comportamentais. Além disso, é
fundamental fortalecer a formação de profissionais capacitados nessa área, a fim
de ampliar a oferta de serviços e garantir um atendimento mais abrangente e eficaz
à população.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORSO, Helena Vellinho; SPERB, Tânia Mara; JOU, Graciela Inchausti de;
SALLES, Jerusa Fumagalli. Metacognição e funções executivas: relações
entre os conceitos e implicações para a aprendizagem. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, Brasília, v. 29, n. 1, p. 21-29, mar. 2013. Disponível em: Acesso em: 22
de março de 2024.
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HAASE, V. G., SALLES, J. F., MIRANDA, M. C., MALLOY-DINIZ, L., ABREU, N.,
ARGOLLO, N.; BUENO, O. F. A. Neuropsicologia como ciência
interdisciplinar: consenso da comunidade brasileira de
pesquisadores/clínicos em neuropsicologia. Revista Neuropsicologia
Latinoamericana, v.4, n.4, p. 1-8, 2016.
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