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NEUROCIÊNCIA NUM ESTUDO SOBRE O

AUTISMO

Resumo
Observando-se que no Brasil não existe a preocupação ao atendimento
de crianças autistas questiona-se se na atualidade, algum estudo
significativo já proporciona mudanças no tratamento de pacientes com
deficiência autista? E se é possível desenvolver habilidades sociais
para que o indivíduo autista possa interagir, de forma aceitável, na
sociedade? Objetivou-se abordar o conceito, características e critérios
de diagnóstico do autista; destacando a possibilidade do autista poder
se relacionar com a sociedade permitindo assim o conhecimento de
estratégias usadas na alfabetização da criança autista. A escola recebe
uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e
esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite,
por falta de conhecimento de alguns profissionais da educação. Por
meio da revisão de literatura pudemos responder que a Neurociência
estuda o comportamento das pessoas autistas auxiliando em seu
desenvolvimento e aprendizagem.

Palavras-Chave: Neurociências, Estudo, Sistema Nervoso, Vida


Humana.

Introdução
Questiona-se se na atualidade, algum estudo significativo já
proporciona mudanças no tratamento de pacientes com deficiência
autista? È possível desenvolver habilidades sociais para que o indivíduo
autista possa interagir, de forma aceitável, na sociedade?

Objetivou-se abordar o conceito, características e critérios de


diagnóstico do autista; destacando a possibilidade do autista poder se
relacionar com a sociedade em potencial para aprender; levar o
conhecimento sobre o autismo ao maior número possível de
profissionais envolvidos na educação; e permitir o conhecimento de
estratégias usadas na alfabetização da criança autista.

Observa-se que os profissionais da educação não são preparados para


lidar com crianças autistas e a escassez de bibliografias apropriadas
dificulta o acesso à informação na área, por essa razão justifica-se
entender que a escola tem importante papel na investigação
diagnóstica, pois é o primeiro lugar de interação social da criança
separadas de seus familiares, é onde a criança vai ter maior dificuldade
em se adaptar às regras sociais, tarefa muito difícil para o autista.

Faz-se então necessário entender o processo de desenvolvimento e


aprendizagem e, para isso, utilizaremos como referência a teoria do
desenvolvimento cognitivo de Piaget, que traduz diferentes formas de
organização mental e diferentes estruturas cognitivas, que servirá como
base para realizar um plano de ensino apropriado para cada criança
autista.

Hoje, porém, através da Neurociência, sabe-se que existe a


plasticidade cerebral e que a mesma necessita de muito estímulo
daqueles que estão próximos a estes indivíduos. Os aspectos
educacionais foram estudados, tendo como finalidade a descrição das
principais dificuldades encontradas nesse aspecto, buscando relacionar
como deve ser a educação dos autistas nas escolas e como eles se
apresentam frente a esta educação.

Com base na revisão de literatura a metodologia utilizada é estritamente


bibliográfica a qual segundo Severino (2007) tem como fonte primordial
os registros impressos decorrentes de pesquisas anteriores, como
livros, artigos ou teses que contêm texto analiticamente processados
pelos seus autores.
Neurociência
Compreende-se a neurociência como um campo complexo de pesquisa
pautado em evolução, por se tratar do sistema nervoso e suas
implicações na vida humana. Sendo assim pode-se dizer que a
neurociência estuda o sistema nervoso e seu funcionamento, assim
como suas estruturas e alterações que surgem no decorrer da vida.

A neurociência trabalha três elementos, sendo estes o cérebro, a


medula espinhal e os nervos periféricos. Essa separação existe para
facilitar a assimilação de profissionais e estudiosos.

Os campos que especificam a complexidade do sistema nervoso se


dividem em[2]:

• Neuropsicologia estuda a interação existente entre as ações dos


nervos e as funções ligadas à área psíquica.
• Neurociência cognitiva centra-se na capacidade de conhecimento
do indivíduo (raciocínio, memória e aprendizado).
• Neurociência comportamental procura estabelecer uma ligação
entre o contato do organismo e suas emoções e pensamentos a
forma de falar e os gestos utilizados pela pessoa.
• Neuroanatomia considerada uma das partes mais complexas da
neurociência, tem por objetivo compreender as estruturas do
sistema nervoso. Razão pela qual é necessário separar o
cérebro, a coluna vertebral e os nervos periféricos externos para
que se analise item a item com cautela para maior compreensão
sobre a respectiva função de cada parte.
• Neurofisiologia estuda as funções ligadas às várias áreas do
sistema nervoso.
A Neurociência procura estudar as variações entre o comportamento e
a atividade cerebral, tratando-se de um campo interdisciplinar que
abrange várias outras disciplinas como neuroanatomia, neurofisiologia,
neuroquímica, neuroimagem, genética, neurologia, psicologia,
psiquiatria e pedagogia (HENNEMANN, 2012).

Essas ciências reunidas formam a Neurociência e juntas investigam o


sistema nervoso procurando entender como ele se desenvolve, sua
aparência entre indivíduos e espécies bem como ele deixa de funcionar.

Em suma a Neurociência revela como o cérebro produz nosso


comportamento, procurando perceber a individualidade de cada um, e
a partir daí entender como as lesões no cérebro interferem no modo de
ser dos indivíduos.

O desenvolvimento atual das Neurociências é verdadeiramente


fascinante e geram grandes esperanças de que, em breve, tenhamos
novos tratamentos para uma grande gama de distúrbios do sistema
nervoso, que debilitam e incapacitam milhões de pessoas todos os
anos. Apesar dos progressos durante a última década e os séculos que
a precederam, ainda existe um longo caminho a percorrer antes que
possamos compreender completamente como o encéfalo realiza suas
impressionantes façanhas. Entretanto, essa é a graça em ser um
neurocientista: nossa ignorância acerca da função cerebral é tão vasta
que descobertas excitantes nos esperam a qualquer momento (BEAR,
2010, p. 21).

Para Hennemann (2012) através das Neurociências procura-se


perceber a individualidade de cada um, e a partir disso, entender como
as lesões no cérebro interferem no modo de ser dos indivíduos.

A teoria da construção da inteligência de Piaget possibilita-nos


compreender os fenômenos e processo de desenvolvimento e
aprendizagem do sujeito. Essa compreensão nos auxilia, a saber, e a o
que esperar das crianças em determinada idade, além entender de que
forma elas percebem o mundo ao seu redor.
A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo é uma teoria de
etapas, uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por
uma série de mudanças ordenadas e previsíveis conforme diz Pulaski
(1996).

Pulaski (1996, p. 218) diz que para Piaget as ações da criança não se
desenvolvem num mesmo plano no sentido de se tornarem
experiências cumulativas. Elas se diferenciam e conquistam qualidades
novas, transformando-se. Tais ações se constroem em planos
diferentes: sensório-motor, operatório concreto e operatório formal.
Obedecem a uma direção progressiva que parte do plano sensório-
motor e se complexifica e se aperfeiçoa continuamente, e que está
sempre sustentada nas experiências sensório-motoras.

Assim, a construção da inteligência pode ser esquematizada como uma


espiral crescente voltada para a equilibração resultante da combinação
dos processos de assimilação e acomodação.

As definições de estágio, níveis do desenvolvimento caracterizados por


padrões de pensamento ou comportamento sucessivamente
diferenciados, mais complexos e integrados em níveis mais elevados.
São habitualmente característicos de certas faixas etárias cronológicas
(PULASKI, 1996, p. 220).

Nesse processo, ocorrem estados de equilíbrio diferenciados que


expressam a capacidade de adaptação da inteligência. Esta se
consolida ao construir conhecimentos que possibilitam uma ação do
sujeito sobre o meio, voltada para a adaptação.

Segundo Piaget, a capacidade de um aluno resolver problemas de


conservação depende de compreensão de três elementos básicos do
raciocínio: identidade, compensação e reversibilidade. Neste período, o
egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto
de vista de outro), que caracteriza a fase anterior, dá lugar à emergência
da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos
de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e coerente
(COUTINHO, 2001).

Conforme Piaget, a maioria dos alunos pode ser capaz de usar o


pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais
eles tenham mais experiências ou interesse. Portanto, como o foco
deste trabalho é o autista, faz-se necessário situarmo-nos na
problemática do tema (BANKS, 2002).

Do grego: autos, que quer dizer em si mesmo. A palavra autismo foi


usada pela primeira vez em 1943 pelo Dr. Leo Kanner, um psiquiatra
infantil americano que percebeu em sua atuação profissional um grupo
de crianças que se destacava das demais por duas características
básicas: forte resistência a mudanças e incapacidade de se relacionar
com pessoas (estavam sempre voltadas para si mesmas) (BOSSA,
2000, p. 167).

O autismo passou e passa por um constante processo de investigação


no que diz respeito à sua definição. A educação tem papel fundamental
no desenvolvimento das crianças, sendo conforme Coll (et al, 2004, p.
285), “função de o professor ajudá-las a aproximarem-se desse mundo
de significados proporcionando os instrumentos funcionais dentro da
possibilidade da criança” (apud FRANÇA, SILVA, e MARCELINO,
2014, p. 5).

França, Silva, e Marcelino (2014) dizem ainda que a atividade educativa


objetiva proporcionar o desenvolvimento máximo de habilidades e
competências; garantir um equilíbrio pessoal; estabelecer relações
significativas e até mesmo proporcionar um bem estar emocional. Isso
tudo deve ser objetivo para a educação de todas as crianças, sejam
elas normais ou autistas como proposto neste trabalho. Tais objetivos
educacionais devem ser para todos, pois, os autistas necessitam de
modelos especiais por apresentarem fortes deficiências de
comunicação, interação, linguagem e atenção.

A incapacidade de desenvolver um relacionamento interpessoal se


mostra na falta de resposta ao contato humano e no interesse pelas
pessoas, associada a uma falha no desenvolvimento do
comportamento normal, de ligação ou contato. Na infância, estas
deficiências se manifestam por uma inadequação no modo de se
aproximar, falta de contato visual e de resposta facial, indiferença ou
aversão a afeto e contato físico (GAUDERER, 1985, p. 14).

Felício (2007, p. 25) salienta que, “para educar um autista é preciso


também promover sua integração social e, neste ponto, a escola é, sem
dúvidas, o primeiro passo para que aconteça esta integração”, sendo
possível por meio dela a aquisição de conceitos importantes para o
curso da vida (apud BARBOSA, 2013, p. 8).

A escola deve conduzir o desenvolvimento intelectual e afetivo das


crianças autistas fazendo interações entre os ambientes dos quais ela
faz parte, e, fazendo-as conhecer a realidade existente na sociedade,
proporcionando-lhes saber sobre a humanidade e as relações que a
cercam.

Para Felício (2007, p. 26) os autistas necessitam de ambientes


educacionais estruturados e adequados às suas necessidades.

As crianças autistas têm um maior aproveitamento, quando são


educadas em grupos pequenos, que possibilitem um planejamento
bastante personalizado dos objetivos e procedimentos educacionais em
um contexto de relações simples e, em grande parte, bilaterais; O
ambiente deve facilitar a percepção e compreensão, por parte da
criança, de relações contingentes entre suas próprias condutas e as
contingências do meio; além disso, o educador deve manter uma
conduta educadora estabelecendo, de forma clara e explícita, seus
objetivos, procedimentos, métodos de registro, etc. (COOL et al, 2004,
p. 286).

Felicio (2007, p. 27) diz ser importante haver uma educação que
envolva o autista com seu contexto de vida, de acordo com suas
particularidades, para que assim ele possa interagir de forma a se tornar
familiarizado com aquela situação.

Existem, atualmente, vários enfoques discutidos a respeito dos


conteúdos mais adequados e também dos procedimentos a ser
desenvolvido para a educação dos autistas, levando-se em
consideração a conduta, o nível evolutivo em relação a uma pessoa
normal, análise da capacidade do autista se adaptar ao ambiente em
que vive o nível de interação, etc. Porém, apesar dos vários enfoques
existentes, a educação se torna eficaz com a junção de todos esses
pontos (COOL et al, 2004, p, 281).

A grande dificuldade na educação dos autistas, é a de reduzir a rigidez


de sua cognição e sua maneira de agir, diminuindo aqueles rituais
próprios e gestos e ações estereotipadas, a fim de que eles consigam
desenvolver-se de maneira próxima às crianças normais (FRANÇA,
SILVA, e MARCELINO, 2014, p. 4).

Sabemos que, por não desenvolverem adequadamente sua linguagem


e aquisição de símbolos, os autistas acabam não conseguindo se inserir
no mundo das outras pessoas, tornando seus próprios mundos sem
significados, sendo desse modo: “A função do professor é ajudá-las a
aproximarem-se desse mundo de significados e proporcionar os
instrumentos funcionais que estão dentro da possibilidade da criança”
(COOL et al, 2004, p. 285).
Felício (2007, p. 27) completo que o trabalho educacional deve ser feito
de maneira minuciosa por parte do professor, pois os autistas não
aprendem se não estiverem submetidos a condições especiais:

Para promover uma verdadeira aprendizagem, o professor deve ser


muito cuidadoso com: 1) a organização e condições estimuladoras do
ambiente, 2) as instruções e sinais que a criança apresenta 3) os
auxílios que lhe são proporcionados, 4) as motivações e reforços
utilizados para fomentarem sua aprendizagem (COOL et al, 2004, p.
288 apud FELICIO, 2007, p. 27).

Conforme Felício (2007) o contexto educacional apresentado e na


preocupação com uma verdadeira inclusão de crianças com autismo
em instituições de ensino regular é latente a necessidade de se
trabalhar com essas crianças dentro da escola, observando, no entanto,
que:

A escola pública não dá conta de todas as deficiências e suas


necessidades, sendo este talvez o papel das associações de
deficientes ou de pais de deficientes – responsabilizar-se pela
organização e supervisão da metodologia (MANTOAN, 2007, p. 14-
15 apud FELICIO, 2007, p. 27).

Para Felício (2007, p. 27) a intervenção social junto das famílias e


instituições implica construir uma rede que reúna num mesmo espaço
e à volta de uma mesa, os pais, as equipes terapêuticas e pedagógicas
assim como pessoas influentes que fazem parte do contexto familiar.

É na creche, jardim de infância, público ou privado ou ainda na escola


que a criança frequenta que damos início a este processo em que
interatuam os vários parceiros sociais e comunitários nele envolvidos.
Os saberes e os esforços desenvolvidos pelos distintos técnicos e
outros parceiros sociais, até aí dispersos e descoordenados, passam a
convergir num único processo de apoio, mais centrado na família do
que na criança com esta perturbação (RONCON, 2003, p. 56).

Conforme Gauderer, (1985) o autista apresenta-se distante das outras


pessoas, trazendo aos pais a sensação de rejeição e abandono. Com
a culpa em seus sentimentos, os pais buscam reter seus filhos, sendo
tal atitude a necessidade para não se sentirem pior. Dessa forma, os
profissionais devem desenvolver um trabalho com os pais
oportunizando-os a tirarem suas dúvidas e resistências para que o
afastamento de seus filhos traga benefícios não só a eles, mas à família
também.

A educação precisa estar intimamente ligada à socialização e


integração dos autistas, pois o contato com os professores e com as
crianças da escola será fundamental (GAUDERER, 1985).

Sabendo-se não haver cura para o autismo, mas um possível


desenvolver de habilidades sociais, o indivíduo autista passa a interagir
de forma aceitável na sociedade. “Educar uma criança, por mais difícil
que seja, aumenta o sentimento de amor na maioria das pessoas”
(GAUDERER, 1985, p. 127).

Os pais sentem que a criança é parte deles e da família, não querendo


que ela vá embora. Além disso, a criança autista pode ser bastante
cativante, e, sua própria impotência e confusão fazem brotar emoções
profundas nos que lidam com ela. Então, quando começam a fazer
progresso, a alegria que cada pequeno passo avante traz, parece
muitas vezes maior do que o que é dado por uma criança normal
(GAUDERER, 1985, p. 127).

A escola, e em especial, o professor pode assumir um papel importante


na vida de alunos autistas se informados corretamente. O currículo das
escolas deve ser adaptado às necessidades das crianças e não o
contrário. E para isso, é preciso proporcionar oportunidades curriculares
que sejam apropriadas à criança com habilidades e interesses
diferentes.

Diante do exposto, sabe-se que uma educação inclusiva é ponto crucial


para que os alunos especiais se desenvolvam na sociedade. Porém, o
que se observa no atual modelo de currículo para a formação dos
professores que irão atuar nessas situações não é satisfatório para que
estes sejam capazes de atuar com alunos que apresentam
necessidades especiais em classe comum.

O currículo pode ser identificado como um dos obstáculos à Inclusão. A


diferenciação curricular que se procura na Inclusão é a que tem lugar
num meio em que não se separam os alunos com base em
determinadas categorias, mas em que se educam os alunos em
conjunto, procurando aproveitar o potencial educativo das suas
diferenças, em suma, uma diferenciação na classe assumida como um
grupo heterogêneo (RODRIGUES, KREBS, FREITAS, 2005, p. 49).

Pode-se concluir que a educação para todos ainda não é realidade nas
escolas e estas, sem dúvida, não estão preparadas para lidar com as
diversidades existentes. Porém, sabemos que esta mudança só se dará
a partir do momento que houver um esforço de toda a sociedade, unida,
lutando por condições educacionais respeitáveis e agindo
conjuntamente com as autoridades que auxiliarão no processo.

É preciso estar aberto a novas metodologias, novos horizontes


pedagógicos e curriculares, um mínimo aceitável de recursos e um povo
forte vencido pela esperança.

Segundo Bear (2010, p. 21) ainda temos pouco conhecimento


neurocientíficos, mas a base de tudo é essa busca, esse entendimento,
esse comprometimento com a melhora de outros.
Para Mietto (2012) a Neurociência da aprendizagem, em termos gerais,
é o estudo de como o cérebro aprende. É o entendimento de como as
redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, bem
como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma como
as memórias se consolidam e de como temos acesso a essas
informações armazenadas.

Podemos compreender desta forma que o uso de estratégias


adequadas em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará
consequentemente, alterações na quantidade e qualidade destas
conexões sinápticas, afetando assim o funcionamento cerebral de
forma positiva e permanente com resultados extremamente
satisfatórios (MIETTO, 2012).

Conforme Mietto (2012) uma grande descoberta das neurociências é


que através de atividades prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre
as células neurais acontece mais facilmente: as sinapses se fortalecem
e redes neurais se estabelecem com mais facilidade.

Há uma série de regras e lembretes que facilitará o relacionamento


entre o professor e a criança autista. Isto porque o maior desafio para o
profissional é lembrar-se da teoria na hora em que os problemas estão
ocorrendo. Fazer esta transposição do conhecimento teórico para a
prática é muito difícil.

O ensino é o principal objetivo do trabalho com crianças autistas.


Ensinar coisas funcionais para a criança autista é a essência de um
trabalho adequado e a persistência é um grande aliado deste objetivo.

Quando se deseja que a criança olhe para o professor, se segura


delicadamente o rosto dela, direcionando-o para o rosto do professor.
Pode-se falar com a criança, mesmo que seu olhar esteja distante,
tendo como meta um desenvolvimento de uma relação baseada em
controle, segurança, confiança e amor.

O conteúdo do programa de uma criança autista deve estar de acordo


com seu potencial, de acordo com sua idade e de acordo com o seu
interesse. Se a criança estiver executando uma atividade nova de
maneira inadequada, é importante a intervenção rápida do professor,
mesmo que para isso seja necessário segurar a mão da criança ou até
mesmo dizer-lhe a resposta (PEETERS, 2000).

No caso de autista Mercadante (2006) diz que o que se sabe é que os


cérebros de autistas são diferentes em três áreas principais: a
amígdala, ligada à emoção e ao comportamento social, o giro fusiforme
e o sulco temporal superior. As duas últimas costumam ser ativadas
quando se olha para a face de alguém ou se escuta uma voz humana.
Os autistas, ao verem ou ouvirem alguém, ativam outra área,
responsável pela identificação de objetos Hennemann (2013).

A democratização de ensino é a permanência do educando na escola


e a consequente terminalidade escolar, onde o aluno que teve acesso
à escola deve ter a possibilidade de permanecer nela até o nível da
terminalidade significativa, tanto do ponto de vista individual quanto
social.

A educação é por natureza o lugar da construção de uma arquitetura de


valores de um projeto harmonizador de motivações e interesses
individuais e coletivos.

Essa democratização implica em primeiro lugar ao acesso à educação


escolar, significando na sociedade moderna e civilização urbana a
garantia do atendimento às necessidades de escolarização de todo
cidadão, pois desde os atos mais simples à participação dos bens
culturais, da vida econômica à profissional há necessidade da
escolarização.

Acredita-se que a Neurociência seja uma importante ferramenta na


educação como motivadora. A palavra motivo é usada quando nos
referimos ao comportamento humano. As forças que levam os animais
a agirem denominam-se como impulso ou instinto. Logo a palavra
motivo é usada, na linguagem comum, com o sentido de causa.

Estudado pela psicologia, os motivos tem por finalidade determinar as


causas de nossas ações. Ao olharmos para dentro de nós mesmos e
para as pessoas ao nosso redor, perceberemos que somos um ser
único e especial. No mundo, ninguém é igual a nós. Todos nós somos
diferentes uns dos outros.

A preocupação em formar cabeças pensantes que saibam entender e


se expressar em diferentes situações atravessará todos os ciclos do
ensino. É uma postura de ensino que procura levar em consideração a
realidade e os interesses dos próprios alunos.

Assim, podemos dizer que a motivação pelo desejo de novas


experiências, é o que leva os jovens e adolescentes a quebrar a rotina
de suas vidas, procurarem fazer novas aventuras e desafios e fugir da
monotonia. Com isso garantimos, o professor deve aproveitar do
aprendizado do aluno e não apenas acrescentar conteúdos.

Sem motivação não há solução, se você conversar com dez experientes


professores e perguntar o que fazem para despertar o interesse dos
alunos, você vai se deparar com um rol de respostas diferentes.

Cada docente tem um jeito próprio de criar suspense, provocar, atiçar


a curiosidade da turma para a proposta que vai apresentar. No entanto,
alguns comportamentos são comuns a todos eles. Relacionam as
propostas à vida real e sempre explicam o porquê da atividade com
isso, o aluno passa a ver sentido no que está fazendo.

É preciso seduzi-lo a se interessar por aquele conteúdo, e a única


maneira disso ocorrer é através de muita, mas muita motivação
acompanhada de uma postura rígida de ações por parte do professor.

O desprezo, o menosprezo de um aluno por parte do professor gera um


imenso conflito indisciplinar que acaba envolvendo toda a sala de aula.
Depois desse conflito formado, organizá-lo novamente é muito difícil,
logo a motivação envolvendo a todos os presentes em sala de aula
ainda é o melhor recurso.

A neurociência se constitui atualmente como uma grande aliada do


professor para poder identificar o indivíduo como ser único, pensante,
atuante, que aprende de uma maneira toda sua única e especial.

Para Mietto (2012) graças à neurociência da aprendizagem, os


transtornos comportamentais e da aprendizagem passaram a ser mais
facilmente compreendidos pelos educadores uma vez que proporciona
mais subsídios para a elaboração de estratégias mais adequadas a
cada caso.

Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda


mais as suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no
campo do aprendizado e da transmissão do saber. O sistema nervoso
do aluno precisa estar direcionado à experiência. Se o professor não
consegue chamar a atenção do aluno para que as redes neurais sejam
ativadas, ele não vai memorizar e armazenar informações.

O professor deve entender que todos podem aprender desde que as


estratégias de ensino sejam adequadas, motivadoras e estimulantes.
Esse é o papel do profissional da Neurociência, descobrir e adequar
estas estratégias a educação. É o estímulo que a criança e adolescente
recebem do meio externo que fará com que eles adquiram atitudes,
hábitos e valores.

As hipóteses que a Neurociência tem levantado para o autismo


contribuem, em especial, para o fim da cultura da subjetividade na
etiologia do autismo. Alterações morfológicas e funcionais dos
Neurônios, no Córtex Cerebral, em estruturas que conectam os dois
hemisférios cerebrais, no Sistema Límbico e no cerebelo são objetos de
pesquisas em autismo e podem, no futuro, contribuir para novos
caminhos em prevenção, diagnóstico e tratamento.

Refletir sobre a integração da pessoa com deficiência mental implica


necessariamente repensar o sentido atribuído à educação. Implica,
portanto, atualizar nossas concepções e dar um nono significado aos
propósitos educacionais, compreendendo a complexidade e a
amplitude que envolve o processo de construção de cada individuo, seja
ou não deficiente.

A educação a que nos referimos tem um caráter amplo e complexo,


envolvendo todas as ações e as relações planejadas ou não, formais
ou informais produzidas pelo individuo e para ele, tendo como propósito
uma atitude continua de preparar e se preparar, formar e se formar, pela
vida e para ela.

Assim entendendo, lembramo-nos de Freinet, para quem a “Educação


não é uma fórmula de escola, mas sim uma obra de vida”.

Considerações Finais
Hoje em dia muito se discute sobre a situação da vida de uma pessoa
com deficiência, principalmente a sua entrada e permanência na escola,
além do preparo dos professores para adaptar a criança deficiente com
o objetivo de prolongar sua permanência na escola.
Não devemos e nem podemos pensar no autismo como algo distante e
condenado ao isolamento em escolas especializadas. Existem
inúmeras possibilidades que podem ser feitas pelo próprio autista,
sendo a principal entre elas fazê-lo acreditar que tem potencial para
aprender.

Crianças autistas necessitam de instruções claras e precisas e o


programa deve ser essencialmente funcional, ligado diretamente a elas.
É preciso saber que ele enxerga o mundo de uma forma diferente, mas
vive no nosso próprio mundo.

Consideram-se as autistas pessoas difíceis de trabalhar e desenvolver,


apresentando inúmeras desordens em seus comportamentos, e para
isso, é necessário o desenvolvimento de estratégias eficazes, assim
como a Neurociência, a fim de alcançá-los em suas limitações. Por
outro lado, os autistas também apresentam inúmeras habilidades que
devem ser também estimuladas e trabalhadas por meio de estratégias,
para que tenham a chance de obter seu espaço dentro da comunidade.

Acredita-se que a Neurociência possa servir de ferramenta


importantíssima no processo de ensino aprendizagem, bem como
descobrir grandes avanços para o desenvolvimento de pessoas
autistas.

A Neurociência busca desvendar o desenvolvimento humano, bem


como seus desvios, numa perspectiva de processo evolutivo da
espécie, e evolutivo individual, além de sócio-histórica.

Não se dá por encerrado este artigo com a esperança de ver futuros


estudos acerca do autismo e professores executando trabalhos efetivos
nas escolas amparados por cursos e profissionais experientes e
capacitados, trazendo sentido e nova realidade à vida dos autistas.
Conclui-se que a aprendizagem ao contrario do que pensam muitos
responsáveis, não depende só das condições internas inerentes ao
individuo que aprende. Ela constitui o corolário do equilíbrio de tais
condições internas de aprendizagem com as condições externas de
ensino inerentes ao individuo que ensina. Piaget nos ajuda a
compreender, a adaptação a situações e exige um equilíbrio e uma
organização entre o processo de assimilação do exterior para o interior
e de acomodação do interior para o exterior.

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Psicológica [online]. 2003, v. 21, n.1, p. 53-57.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e


atual. São Paulo: Cortez, 2007.

[1]
Licenciado em Matemática pela Universidade Guarulhos, Pós-
Graduado em Pedagogia com administração e supervisão escolar, Pós-
Graduado em Matemática, Pós-Graduado em Docência do ensino
Superior pela Universidade Iguaçu (UNIG). Experiência profissional na
Rede Pública e Privada de Ensino nas disciplinas de Matemática e
Física – Atuou como Coordenador Pedagógico, Diretor e Vice-Diretor
de Escola.

[2]
https://neurosaber.com.br/artigos/o-que-e-neurociencia/

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