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NEUROPISCOMOTRICIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender a evolução dos conceitos em neuropsicomotricidade, bem como
a sua função e a sua importância no desenvolvimento humano.
• Analisar a história da neuropsicomotricidade em âmbito mundial e no Brasil.
• Compreender a importância da neuropsicomotricidade para o desenvol-
vimento da aprendizagem, auxiliando na educação, bem como conhecer
as práticas que podem ser aplicadas em contexto escolar.
PLANO DE ESTUDO
Caro (a) aluno (a), neste primeiro encontro você estudará de forma breve sobre o
percurso histórico da neuropsicomotricidade em um contexto mundial e no Brasil. A
psicomotricidade tal qual conhecemos hoje, tem uma história de aproximadamen-
te 150 anos, porém o conceito apresenta-se enraizado desde a idade antiga, há mais
de 5 milhões de anos atrás.
O formação de conhecimento acerca da neuropsicomotricidade ainda não está
completa. A literatura denota que ao longo do tempo essa ciência vem tomando
um espaço cada vez maior, fazendo parte da prática de diversos profissionais da
educação e da saúde: pedagogos, psicopedagogos, educadores físicos, psicólogos,
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e tantos outros mais.
Mesmo tendo consciência do muito que há para vocês explorarem na expe-
riência de outros profissionais, com este estudo, espero que vocês entendam este
conceito de que a integração entre os aspectos emocionais, cognitivos e motores
do ser humano é demasiadamente primordial em seu desenvolvimento global. Isto
é o que a neuropsicomotricidade defende.
Os sintomas de alterações psicomotoras, tais como, hiperatividade, déficit de
atenção, transtornos de lateralidade ou de noção espacial, entre outros, aparecem
quando ocorre um déficit nesta integração somato-psíquica.
A criança passa muito tempo na escola e se é através da interação com o meio
que os elementos neuropsicomotores se desenvolvem, este ambiente deve pro-
porcionar às crianças as mais diversificadas experiências corporais. Os elementos da
neuropsicomotricidade serão temas de encontros seguintes.
Além disso, os transtornos neuropsicomotores afetam diretamente o desempe-
nho da criança na escola, pois interferem nos processamentos mentais. A escola, vem
buscando cada vez mais inserir práticas de educação e reeducação psicomotora em
seu contexto, a fim de otimizar o aprendizado do aluno, pois trabalhando aspectos
motores, a escola consegue melhorar também os aspectos intelectuais.
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NEUROPSICOMOTRICIDADE:
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Olá querido (a) aluno (a) dando início a nossa disciplina de neuropsicomotricidade, vamos enten-
der o que significa este conceito e o quão ele vem se tornando cada vez mais amplo e essencial
para o desenvolvimento global das pessoas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2012), a psicomotricidade é a
ciência que tem como objeto de estudo o homem por meio do corpo em movimento e em
relação ao mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, no qual o corpo
é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos
básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. A psicomotricidade, portanto, busca entender os as-
pectos emocionais, cognitivos e motores nas diversas etapas da vida do ser humano.
““
“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que
inclui as interações cognitivas, sensorio-motoras e psíquicas na compreen-
são das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um
contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos
psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utili-
zando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento
de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos
e outros sujeitos” (COSTA, 2002).
sempre que uma criança apresenta um distúrbio cognitivo, ela tem um déficit in-
telectual. Crianças com dislexia ou hiperatividade são exemplos de crianças com
alterações cognitivas e não necessariamente intelectuais. E cabe aos profissionais
da educação e saúde conhecerem e aplicarem o trabalho da neuropsicomotricida-
de com estas crianças.
Em relação ao aspecto motor, Wallon (1925) já trazia que o movimento é a pri-
meira expressão do psiquismo e a primeira estrutura de relação com o meio, que
funções mentais se formam a partir das funções motoras. Nós conheceremos este
estudioso mais a frente em nossa disciplina. Nesta ciência, o movimento humano é
considerado diferenciado, pois está permeado de inteligência, de intencionalidade.
O movimento de pinça, por exemplo, que utilizamos para escrever, é um movimen-
to complexo e exclusivo do ser humano.
A neuropsicomotricidade é uma ciência que estuda estes aspectos em todas as
etapas da vida do ser humano. Por exemplo, ajuda desde um bebê prematuro, com
dificuldade de sucção e deglutição na amamentação até um idoso que frequen-
temente engasga quando come ou ingere líquido. Perceba que ambos possuem
dificuldade em uma função básica, a alimentação e possuem necessidades psico-
motoras que podem ser trabalhadas.
A Educação Psicomotora, a Reeducação Psicomotora e a Psicomotricidade
Relacional são práticas de aplicação da neuropsicomotricidade que podem ser rea-
lizadas nas escolas, clínicas, nos hospitais, outras instituições e até na própria casa
da criança.
Pós-Universo 11
reflita
Fonte: a autora.
BREVE HISTÓRICO DA
NEUROPSICOMOTRICIDADE
Entendo que é importante conhecermos um pouco do contexto histórico da neu-
ropsicomotricidade para avançarmos para os próximos encontros. Pretendo que com
tais conhecimentos, o aluno crie uma linha de raciocínio própria, porém fundamen-
tada, em torno da neuropsicomotricidade nos dias atuais.
O contexto histórico da neuropsicomotricidade é marcado por diferentes con-
cepções teóricas desenvolvidas por pensadores e cientistas, desde Platão, Aristóteles
e Descartes, passando por Dupré, Wallon, Piaget, Ajuriaguerra, até Ali e Grunspun,
entre muitos outros. Até o século XVIII, a psicomotricidade, não com essa nomencla-
tura, era tratada apenas sob a ótica filosófica. Já o termo psicomotricidade, aparece
pela primeira vez em 1870, devido a uma necessidade médica de encontrar uma
área que explicasse certos fenômenos clínicos. Em 1909, quando o neuropsiquiatra
Dupré iniciou estudos sobre debilidade motora, é que se traçou uma estreita asso-
ciação entre o desenvolvimento da psicomotricidade, inteligência e afetividade.
Porém, o grande marco inicial da neuropsicomotricidade, como campo científico,
se dá em 1925 com a publicação L’Enfant Turbulent de Henry Wallon, relacionada ao
desenvolvimento psicológico da criança. Os estudos de Wallon o permitiram relacio-
nar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos das pessoas.
Segundo este pioneiro da neuropsicomotricidade, o movimento, o pensamento
e a linguagem são unidades inseparáveis, sendo o movimento o primeiro campo
funcional a se desenvolver, servindo de base para o desenvolvimento dos demais
(afetividade, inteligência e pessoa).
Atualmente, defender que a escola deve proporcionar formação integral, con-
templando estes três aspectos (afetivo, intelectual e social) é comum. No início do
século XX, porém, essa ideia foi uma verdadeira revolução no ensino, trazida por
Wallon. Ele foi o primeiro a levar a neuropsicomotricidade para dentro da sala de
aula. Suas obras foram muito importantes para o contexto da neuropsicomotrici-
dade e serviram como influência nas práticas de educação e reeducação propostas
por diversos estudiosos.
14 Pós-Universo
reflita
NEUROPSICOMOTRICIDADE
E APRENDIZAGEM
Como vimos nos encontros anteriores, a neuropsicomotricidade estuda o corpo em
movimento. O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhe-
cer e interagir com o mundo, servindo de base para o desenvolvimento intelectual.
Quando a criança percebe o meio através de seus sentidos, ela passa a responder e
a agir sobre o mundo e sobre os objetos, com os movimentos de seu corpo. Desta
maneira, estará experienciando, ampliando e desenvolvendo também suas funções
intelectuais (OLIVEIRA, 2015).
A neuropsicomotricidade na escola, fazendo jus ao seu conceito, tem como ob-
jetivo promover o desenvolvimento global da criança por meio de experiências
motoras, cognitivas e socioafetivas. E é comum uma criança apresentar dificuldades
na vida escolar como consequência de um desenvolvimento motor inadequado.
As aquisições motoras e intelectuais ocorrem de maneira progressiva e interliga-
da. Para que a criança inicie a alfabetização, é necessário que ela possua um certo
domínio da coordenação motora fina, do esquema corporal, da percepção espacial
e da lateralização. Na escrita, por exemplo, seguimos uma direção gráfica, escreve-
mos e lemos horizontalmente, em linhas, da esquerda para a direita. Por isso, noções
sobre em cima e embaixo, de antes e depois, esquerda e direita, ou seja, de orienta-
ção espacial, temporal e lateralização, são essenciais para este aprendizado. Como
a criança vai escrever se não tiver desenvolvido habilidades motoras finas, como o
movimento de pinça para segurar o lápis?
Em um estudo recente, Morse et al. (2015), demonstraram a importância da
postura para o aprendizado, mais especificamente para a função de memória, mos-
trando como a disposição do corpo no espaço pode afetar o mapeamento cerebral
dos nomes das pessoas e dos objetos, em crianças reais e em modelos robóticos.
Ainda, na aprendizagem, as funções intelectuais relacionadas à memória, como
a memória visual e auditiva, desempenham um papel muito importante. A primeira
permite que a criança forme uma imagem visual das palavras, o que facilita o reco-
nhecimento rápido e instantâneo durante a leitura. Na escrita, permite a utilização
correta da grafia, que depende do fato da palavra a ser escrita, estar ou não retida
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saiba mais
Visto que a neuropsicomotricidade relaciona o movimento com aspectos cognitivos, esta prática
é fundamental para todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem e deve ser iniciada
precocemente para facilitar o processo ensino-aprendizagem da criança. Os elementos neuropsi-
comotores que iremos conhecer no próximo encontro estão diretamente relacionados às funções
intelectuais, como a memória, a atenção, ao processamento de informações.
Vimos aqui que na escola a neuropsicomotricidade pode ser aplicada de forma educativa à todas
crianças, de forma reeducativa para aquelas que já apresentam alguma manifestação de altera-
ção psicomotora ou algum déficit de aprendizagem e ainda, pode-se considerar a aplicação da
psicomotricidade relacional, com objetivo de trabalhar aspectos afetivos por meio da brincadeira.
Assim, com este estudo, podemos dizer que a neuropsicomotricidade é uma ciência que procura
entender o desenvolvimento humano em sua totalidade e que tem por finalidade, associar di-
namicamente afeto, cognição e movimento, ligar o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o
movimento como expressão e o corpo como base para a comunicação.
material complementar
NA WEB
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=mKL3XfPQ5xM>.
referências bibliográficas
COSTA, E.; MELLO, H. Profilaxia Psicomotora Hospitalar: projeto Brincar é Viver– Complexificando
a hospitalização, estabelecendo referenciais e instrumentalizando a ação na infância e adolescên-
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LE BOULCH, J. Rumo a uma ciência do movimento humano. Porto Alegre: editora Artes Médicas,
1987. 239 p.
MORSE, A.F.; BENITEZ, V.L.; BELPAEME, T. et. al. Posture Affects How Robots and Infants Map
Words to Objects. PLoS ONE, v. 10, n. 3, p. 1-17, 2015.
WALLON, H. L’Enfant Turbulent. Paris: Press Universitaires de France, 1984 (originalmente publi-
cado em 1925).
resolução de exercícios
1. D
2. B
3. C