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Disciplina: Neuropsicopatologias e Neurociências Aplicadas à Educação

Autores: D.ra Jezuina Kohls Schwanz

Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
cobrança de direitos autorais.

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Jezuina Kohls Schwanz

Neuropsicopatologias e
Neurociências Aplicadas à
Educação
1ª Edição

2017

Curitiba, PR

Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

SCHWANZ, Jezuina Kohls


Neuropsicopatologias e Neurociências Aplicadas à Educação / Jezuina
Kohls Schwanz – Curitiba, 2017.
53 p.
Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Neuropsicopatologias e Neurociências


Aplicadas à Educação – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-70-3

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comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
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de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

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Apresentação da disciplina

A disciplina de Neuropsicologias e Neurociências aplicadas à educação, dentre


os diversos temas que abrangem a Neurociência, serão abordados aqueles que são
considerados de maior relevância para sua formação, com foco na educação. Dentre
eles, os diferentes aspectos que englobam o tema memória e a inteligência e o
cérebro humano.
Serão abordados aspectos históricos da neurociência e da neuropsicologia,
relacionando ambas, sobre a memória, principalmente sobre a memória operacional,
conhecida como memória de trabalho, os processos neurobiológicos da leitura e
transtornos que afetam a mesma, distúrbios e dificuldades de aprendizagem, dando
ênfase a dislexia. Por fim foi visto sobre a inteligência e suas relações com o
funcionamento cerebral.

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Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
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AULA 1 – NEUROCIÊNCIA E NEUROPSICOLOGIA

Apresentação da Aula 01

Na aula, serão abordados os aspectos da Neurociência e da


Neuropsicologia em seu contexto histórico, a fim de que se possa compreender
melhor essas duas ciências e como se relacionam.

1.1 Neurociência e Neuropsicologia: Contexto Histórico

Disponível em- http://superinteligente.club/cerebro/

Ao longo da história da humanidade questões que envolvem a mente e


seu funcionamento sempre foram fonte de curiosidade e preocupação. A
Neurociência, embora sendo uma ciência jovem, tem suas bases fixadas em um
período longínquo. Desde simples curiosidades a experimentos macabros os
“estudiosos da mente humana” buscam responder perguntas, tais como: “Onde
está a mente?” “Como a mente humana funciona?”. Possíveis respostas a essas
perguntas podem ser encontradas na filosofia grega antiga.
Resumidamente, alguns desses fatos que acabaram dando origem a
Neurociência:

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• No período neolítico, a fim de expulsar o demônio do corpo que
causavam transtornos, eram realizadas trepanações.
• Na Grécia antiga, filósofos como Demócrito (460- 370 AC) e Hipócrates
(460- 379 AC) trazem a ideia de que a mente localiza-se no cérebro. Já
naquela época acreditava-se que o cérebro estava envolvido nas
sensações, sendo a fonte da inteligência. Aristóteles (384- 322 AC)
acreditava que o coração era a fonte da inteligência do homem.
• Na Idade Média, Galeno (130- 200 DC), a partir de dissecações em
animais, contraria as ideias de Aristóteles, tendo o cérebro como o
responsável pelas emoções.

Vocabulario
Trepanação – ato ou efeito de trepanar; técnica de perfurar
com trepano.
Hoje, na medicina moderna, a trepanação consiste na
abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma
broca neurocirúrgica, visando drenar um hematoma ou inserir
um cateter cerebral.

A partir do século XIX outras descobertas científicas ligadas ao cérebro


e seu funcionamento passaram a fazer parte dos estudos da mente, entre elas
o Raio X em 1895 e a tomografia computadorizada em 1972. Foi nessa época
que começou a aparecer a palavra Neurociência em alguns congressos
médicos.
Na década de 1990, considerada a década do cérebro devido aos
avanços nessa área, dá-se início a inúmeros projetos e pesquisas voltadas ao
mapeamento do cérebro humano.
Como pode-se perceber os enigmas que envolvem a mente humana
suscitam, desde sempre, interesse. Atualmente, as pesquisas em Neurociência
têm ganhado um espaço cada vez maior na medicina. Transtornos que
antigamente eram tratados como castigo divino ou demoníacos, hoje são
diagnosticados e tratados com eficácia, seja através de remédios ou de terapias.
Mas afinal, “o que é Neurociência?"

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Em poucas palavras pode-se dizer que é a ciência que busca a
compreensão do funcionamento do sistema nervoso e suas diferentes funções
como o movimento, o pensamento e as emoções. Para detalhar um pouco mais,
é importante mencionar que para que a Neurociência estude com eficácia as
atividades cerebrais é necessário que outras ciências estejam envolvidas, como:
a genética, a neurologia, a psicologia, a psiquiatria, a pedagogia entre outras.
Ao estudar a história da neurociências não poderia deixar de se
mencionar a importância das descobertas de Luria (1901-1978), durante a
Segunda Guerra Mundial. Nesse período realizou pesquisas em sujeitos com
algum tipo de lesão cerebral, notando alterações em seus comportamentos. A
partir desse ponto passou a unir-se as descobertas da neurociências com os
reflexos percebidos pela psicologia, que passaria a ser chamada de
neuropsicologia.
A partir desses estudos constatou-se que o cérebro humano é formado
por três unidades funcionais distintas, sendo necessárias para toda e qualquer
atividade cerebral.
Para Hennemann (2012):

• A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical,


a vigília e os estados mentais, e é composta pela formação reticular e pelo
tronco encefálico.
• A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar
e armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do
cérebro (lobo parietal, occipital e temporal).
• A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade
mental, constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal).

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Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=3340

Dito isso, foi a partir daí que passou-se a perceber a grande contribuição
de Luria para a área da educação. Nesse sentido:

O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua


estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das
relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela
compreensão dos processos de aprendizagem e seus distúrbios, é
necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as
manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As
disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo),
integração (processamento da informação) e output (expressão da
resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador
entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a
aprendizagem (TABAQUIM, 2003, p. 91).

Além de Luria, Vygotsky também se debruçou no funcionamento cognitivo


do cérebro humano, trazendo grandes contribuições para a Neuropsicologia e
consequentemente para a educação. Ambos abordaram o funcionamento
cognitivo, afirmando que as funções cerebrais estão organizadas em sistemas
funcionais.
Marins (2005, s/p) afirma que:

[...] as funções psíquicas superiores formam sistemas funcionais


complexos que precisam da ação combinada de todo o córtex
cerebral, embora a sua base esteja situada em grupos de células
dispersas que atuam em conjunto, interagindo entre si. Assim, as
funções mentais superiores dependem do cérebro como um todo,
atuando de maneira especializada, com funções específicas,
entretanto dependentes do todo para que cada função seja executada.

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Dito isso, ressalta-se a importância da Neuropsicologia para os estudos
comportamentais e ligados a dificuldades de aprendizagem. Para Damásio
(1994, p. 78):

A finalidade da abordagem neuropsicológica é, pois, a de explicar a


forma como certas operações cognitivas e seus componentes estão
relacionados com os sistemas neurais e seus componentes.

Lembrando que a Neuropsicologia é uma ciência multidisciplinar, que


envolve múltiplas especialidades que se complementam, como: a neurologia, a
fonoaudiologia e a psicologia.
Os rumos que a Neurociência e a Neuropsicologia vem tomando, trazem
grandes esperanças de entender uma infinidade de distúrbios que envolvem a
mente humana. Nesse sentido, Bear (2008, p. 21) afirma:

[...] Apesar dos progressos durante a última década e os séculos que


a precederam, ainda existe um longo caminho a percorrer antes que
possamos compreender completamente como o encéfalo realiza suas
impressionantes façanhas. Entretanto, essa é a graça em ser um
neurocientista: nossa ignorância acerca da função cerebral é tão vasta
que descobertas excitantes nos esperam a qualquer momento.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Para aprofundar seus estudos, leia
o livro intitulado Princípios de
Neurociências (2014) de Eric
Kandel. Nele se terá um panora-
ma de como a Neurociências se
desenvolveu ao longo dos anos.

A Neuropsicologia é uma grande aliada à complexidade que existe na


educação/aprendizagem, sendo um conhecimento imprescindível para
psicólogos e profissionais da educação, visto que são ampliados os

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conhecimentos sobre como todo o processo de aprendizagem se desenvolve,
assim como maneiras de aperfeiçoar ainda mais a forma como ensinar.

1.2 O Sistema Nervoso

As relações entre as funções do sistema nervoso e o comportamento


humano são objeto de estudo da neuropsicologia, a qual tem o intuito de
relacionar a psicologia cognitiva com as neurociências, desvendar a
fisiopatologia do transtorno e encarar racionalmente a estratégia de tratamento.
Alterações nos processos neurais que regem a aprendizagem levam aos
chamados transtornos de aprendizagem, acarretando um prejuízo para o futuro
social da criança, já que perturbam a conduta pedagógica esperada de acordo
com sua inteligência normal.
A aprendizagem é um processo contínuo, que dependente
essencialmente, da memória e da atenção. A capacidade de especialização
cerebral em armazenar dados para a sua utilização posterior permite, mediante
a memória, codificar e decodificar informação.

Vídeo
Assista ao vídeo Neurociências e Aprendizagem: Como o
Cérebro Aprende, e compreenda como ocorre a aprendizagem,
e fatores que influenciam a mesma.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=23I4yU-
jCGM

1.3 Circuitos Frontoestriatais

Circuitos frontoestriatais são um sistema que liga diversas regiões do


lobo frontal aos gânglios da base, participando, com outras áreas cerebrais,
no controle do movimento, cognição e comportamento.

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Fonte: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2014/09/tdah-e-
controle-inibitorio-relevancia.html

Até bem pouco tempo atrás, o sistema motor era dividido erroneamente,
em apenas dois componentes: Piramidal e Extra-piramidal.

Piramidal, constituído pelos neurônios motores corticais e os tratos


constituídos por seus axônios até os neurônios motores da medula
espinhal – o trato córtico-espinhal que passa pelas pirâmides bulbares
(daí o termo piramidal) – ou até os neurônios motores do tronco
encefálico - o trato córtico-nuclear (ou córtico-bulbar, pois se estende
apenas até o bulbo). Extra-piramidal, composto por outros neurônios
motores corticais, situados em áreas diferentes dos neurônios
piramidais e estruturas sub-corticais que incluem os NB, o cerebelo, o
tálamo e alguns núcleos do tronco encefálico, todos eles, direta ou
indiretamente, conectados entre si (HAINES, 1997, apud NETO, 2013,
s/p).

De acordo com Neto, citando Haines (1997), nos últimos anos tem se
valorizado muito as funções não motoras dos Núcleos de Base (NB). Conforme
o autor, diferentes trabalhos designaram cinco circuitos paralelos frontoestriatais
que ligam o córtex frontal ao estriado, ao tálamo e ao globo pálido. Dois deles
possuem função motora e três deles possuem funções comportamentais e
cognitivas. A esse respeito:

Ressalte-se que funções cognitivas, classicamente atribuídas ao


córtex frontal pela neuropsicologia (função executiva, memória de
trabalho e atenção seletiva), estão, na realidade, associadas aos
circuitos iniciados nesta área e que se dirigem a estruturas
subcorticais. Portanto síndromes neuropsicopatológicas associadas
originalmente a disfunções dos lobos frontais podem também ser
determinadas por lesões e/ou alterações em outros pontos

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subcorticais do circuito, como estriado, putâmen e tálamo
(TRIPICCHIO, 2007, s/p.).

A respeito dos cinco circuitos frontoestriados é importante dizer que


possuem uma organização básica semelhante, embora possuam diferenças
funcionais e anatômicas. Ambos originam-se no córtex frontal, mas em áreas
diferentes.
Já os circuitos orbitofrontal, dorsolateral e do cíngulo anterior
originam-se nas áreas que correspondem ao córtex pré-frontal. Os circuitos
oculomotor e motor surgem na área motora suplementar e no campo visual
frontal. O circuito motor dos NB auxilia na execução automática de sequências
motoras, facilitando movimentos desejados ou inibindo os indesejados de acordo
com suas vias diretas e indiretas.

• Córtex Motor- controla e coordena a motricidade voluntária (traumas


nessa área podem causar paralisia ou problemas musculares). O Córtex
motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, o córtex
motor do lado direito é o responsável por controlar o lado esquerdo do
corpo.
• Córtex pré-motor responsável pela aprendizagem motora e pelos
movimentos de precisão. A área de Broca- responsável pela linguagem-
localiza-se na parte frontal do córtex motor.
• Córtex do cerebelo responsável pela coordenação geral da motricidade,
manutenção e equilíbrio corporal

1.4 Transtornos Neuropsicopatológicos

A neuropsicopatologia é o estudo das doenças neuropsicológicas, por


exemplo, estudos demonstram que disfunções nos núcleos de base podem
ocasionar uma série de distúrbios do movimento. Como a doença de Parkinson,
comprovando a influência dos núcleos de base na função motora.
Os circuitos não motores frontoestriatais estariam associados a uma série
de transtornos neuropsicopatólogicos caracterizados pela incapacidade de

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suprimir ou inibir comportamentos. Esses circuitos são os responsáveis pelo
controle cognitivo.
Os transtornos de aprendizagem representam a consequência de um
transtorno na organização funcional do sistema nervoso central, em geral de
caráter leve, mas com consequências de considerável importância para o futuro
social da criança, já que perturbam a conduta pedagógica esperada de acordo
com sua inteligência normal.
As disfunções cerebrais e lesões, interferem no processamento das
informações: recepção; integração, e; expressão, sendo essas informações
envolvidas pelo aprendizado
A avaliação global das funções psicológicas deve levar em conta todo o
mecanismo cerebral, nos seus níveis sucessivos de evolução. Bem como a faixa
etária da criança e o meio na qual está inserida, podendo assim identificar
precocemente alterações no desenvolvimento cognitivo e comportamental da
criança.
Resumidamente, esses são alguns dos transtornos causados:

• O transtorno de hiperatividade com déficit de atenção (THDA) ou


(TDAH);
• A síndrome de Tourette
• E o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

O TDAH ocorre devido uma disfunção da via direta, podendo haver


interrupção recorrente de comportamentos em curso ou da atenção. Esse
transtorno neurobiológico é um dos principais problemas relatados por
professores e pesquisadores, comumente de causas genéticas, sendo bastante
comum entre crianças e adolescentes e frequentemente acompanha o indivíduo
pela vida inteira. O sujeito com TDAH possui padrão de desatenção,
hiperatividade e impulsividade bem maior que em crianças que não possui
transtorno. As funções mais afetadas no portador são: atenção, memória de
trabalho e componentes de funções executivas.

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Fonte:
https://docs.google.com/presentation/d/1x7MohAVVKYlEYhc3efLU_27u3bZE4dGxxYx
w6Pec90M/edit#slide=id.p23

O TDAH é um transtorno ocasiona diversos prejuízos cognitivos que


resultam em dificuldades escolares, interpessoais e outros, afetando a qualidade
de vida do sujeito, sendo um desafio para educadores e pesquisadores.
Quando a estrutura cortical (lobo pré-frontal) tem seu funcionamento
comprometido, a pessoa passa a ter problemas, entre eles, a dificuldade de focar
a atenção.
O TDAH pode ser dividido em:

• Hiperativo impulsivo (maior incidência entre meninos;


• Desatento (maior incidência entre as meninas)
• Combinado;

O TDAH é um distúrbio de realização e não um tipo específico de


problema de aprendizagem. Pessoas com TDAH têm alterações na região frontal
e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é responsável
pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos
inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole,
organização e planejamento.

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Os sujeitos com TDAH apresentam inteligência e capacidade de
aprendizado idênticas a de um sujeito normal e são bastante criativos, mas é
preciso lhes dar chance para se desenvolver e observar as suas dificuldades.
A síndrome de Tourette (ST ou SGT) caracteriza-se como um distúrbio
neuropsiquiátrico que tem como principal característica múltiplos tiques, motores
e ou vocais, surgidos normalmente durante a infância.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é considerado um
transtorno mental que caracteriza-se por obsessões e ou compulsões de
diferentes natureza. No TOC os sujeitos passam a evitar determinados lugares
e objetos tocados por outras pessoas, a fim de obterem alívio para suas
preocupações e fobias. O TOC geralmente tem início no final da adolescência,
por volta dos 20 anos de idade, atingindo cerca de 2 em cada 100 pessoas. A
doença pode se manifestar em crianças também.
A Neurociências e a Neuropsicologia tem contribuído muito na área da
educação. Através de novos aparatos tecnológicos e novas teorias, passou-se a
usar os conhecimentos que se tem sobre o cérebro e seu funcionamento a
serviço da melhoria na área da educação de sujeitos que sofrem algum tipo de
transtorno e que até bem pouco tempo eram excluídos das escolas.

Resumo da Aula 01

Na aula foram abordadas questões relativas às origens da Neurociências


e da Neuropsicologia, como se distinguem e em quais áreas atuam. Foi visto
também como as modernas tecnologias de imagem vem contribuindo para o
avanço dessas duas ciências. Em um segundo momento passou-se a abordar o
cérebro e seus mecanismos com foco os circuitos motores e não-motores
frontoestriatais.

Atividade de Aprendizagem
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A partir dos estudos realizados por Luria, constatou-se que o
cérebro humano é formado por três unidades funcionais
distintas, sendo necessárias para toda e qualquer atividade
cerebral. Quais são elas e como funcionam?

AULA 2 - MEMÓRIA

Apresentação da Aula 02

Nessa aula será abordada uma questão muito cara aos pesquisadores da
mente: a memória. Abordar-se-á principalmente sobre a memória operacional,
mais conhecida como memória de trabalho.

2.1 A Memória Vista Pela Neurociência

De acordo com Ivan Izquierdo (2002), a memória é composta dos distintos


processos na aquisição, armazenamento e evocação de informações. A
aquisição pode ser chamada de aprendizagem; evocação pode-se chamar de
lembrança ou recordação.

Tudo no cérebro funciona através da memória. Caminhamos, falamos


e nos comunicamos, porque nos lembramos de fazê-lo. O cérebro
manda secretar um ou outro neuro-transmissor ou hormônio quando
estamos tristes ou alegres, ou quando sentimos medo ou prazer,
porque se recorda em fazê-lo. (IZQUIERDO/ s/d, s/p)

Para Glenberg (1997), memória seria a função cognitiva que visa


organizar e reter a história de cada indivíduo, influenciando (consciente ou
inconscientemente) seu modo de pensar e agir. Os princípios biológicos da
memória surgiram a partir de ensaios clínicos cognitivos.
De acordo com o autor a memória humana possui algumas limitações,
uma delas é o “curto espaço de armazenamento”, ou seja, o sujeito é capaz de
armazenar um pequeno número de informações. Para que haja uma seleção do

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que deve-se ou não reter, são necessários diferentes mecanismos, tornando a
memória seletiva.

Fonte: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/09/memoria-e-
aprendizagem.html

A figura traz detalhadamente as áreas de atuação da memória no cérebro.


Como você pode observar, o cérebro possui diferentes sistemas de memória,
com características distintas e que envolvem diferentes redes de neurônios.
Assim, compreende-se que a memória não é processada em uma única
região do cérebro, sendo que os processos neurofisiológicos subjacentes à
memória seriam controlados e modulados pelo funcionamento integrado de
diferentes regiões do sistema nervoso, e a contribuição de cada região para o
processo depende da natureza da informação processada.
Para Izquierdo (2011, p.11) a memória é:

Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A


aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só
“grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de
recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que
gravamos, aquilo que foi aprendido. [...] o acervo de nossas memórias
faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para
o qual não existe outro idêntico.

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Logo memória pode ser considerada como um conjunto de fatos,
emoções e lembranças que a pessoa reúne ao longo da vida, alguns desses
eventos são considerados de curta duração e outros duram por toda vida. A
memória é única, e compõe a identidade de cada sujeito.

2.2 A Memória Vista Pelas Ciências Sociais

Ao longo da história o tema memória vem sendo abordado por diferentes


áreas de atuação. No campo das Ciências Sociais, múltiplas são as
interpretações que estudiosos das mais diversas áreas fizeram a respeito do
conceito de memória. De acordo com Pierre Nora:

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse


sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da
lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações
sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de
longas latências e de repentinas revitalizações (NORA, 1993, p. 9).

O conceito de Memória, assim como descrito por Henri Bergson está


ligado às faculdades individuais do ser humano. Responsável por lembrar de
fatos passados, sejam eles recentes ou remotos. No cotidiano, necessita-se de
aparatos que façam lembrar determinadas coisas, os chamados objetos de
memória. Nesse momento, a arte passa a entrelaçar-se com a memória. Através
de esculturas, monumentos, fotografias, passou-se a lembrar com mais
facilidade de determinados acontecimentos (SCHWANZ, 2016).
Nas lembranças comuns, como as de família, muitas vezes se carrega
algo que faz parte das lembranças de outros. Já para Halbwachs “a lembrança
é, em larga medida, uma reconstrução do passado com a ajuda de dados
emprestados do presente [...]” (1990, p. 71).
Segundo essa ótica, o que a memória realiza é uma reinvenção de um
passado em comum, a qual possibilita novos olhares, para que se entenda
melhor o presente. Essa reconstrução do passado abre novas possibilidades,
não apenas para o presente, mas também para o futuro. A reconstituição da
memória coletiva é fundamental para a manutenção da vida social, tanto no
sentido da sua continuidade, como nas suas transformações.

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Logo, a memória é além de individual - que serve para armazenar
informações do dia a dia, faz com que se tenha uma identidade, reconhecendo-
nos como sujeitos únicos, com uma história particular. A memória é também
moldada por fatos coletivos, coletiva, portanto seletiva.
Conforme explica Candau (2002), os sujeitos não teriam uma memória
coletiva, pois, de acordo com suas vivências, seria impossível que todos
lembrassem, da mesma forma, de um determinado fato social. Mas esses
mesmos sujeitos podem ter a mesma representação do fato, como uma forma
de reivindicação de uma memória única, construindo assim identidades
coletivas.
O autor destaca que as retóricas holistas tendem a construir conjuntos
duráveis e homogêneos para unificar determinados grupos. Assim, pode-se
afirmar que os indivíduos compartilham, principalmente, o que esqueceram
sobre seu passado, pois, nesses grupos, lembrariam diferentemente de
determinados fatos, de acordo com suas vivências.

2.3 Tipos de Memória

Como já visto anteriormente, existem diferentes tipos de memória ou


processos executados pela mesma, esses processos são responsáveis pela
realização de diferentes operações como a de retenção de informações,
recuperação e codificação.
De acordo com Godoy (2012, s/p): “A memória quanto ao tempo de
armazenamento das informações, pode-se classificá-la em memória de trabalho,
memória de curto prazo e memória de longo prazo”.

2.3.1 A Memória Sensorial

A memória sensorial consiste em um sistema de memórias que retém


informações detalhadas recebidas sensorialmente por alguns órgãos do sentido,
por alguns segundos, como o paladar e o olfato. Ela é responsável pelo
processamento inicial de informações. Ela precede o trabalho realizado pela
memória de trabalho.

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A memória sensorial motora consiste em um depósito com capacidade
ilimitada que armazena da saída do sistema sensorial, ou seja, armazena uma
imagem do mundo como ela os recebe através dos órgãos dos sentidos. Estima-
se a duração dessa memória entre 1 e 5 segundos apenas.
Capaz de estocar quantidades limitadas de informação por períodos de
tempo muito curtos. Repositório inicial das muitas informações que,
posteriormente ingressam na memória de curto prazo e na memória de longo
prazo.

2.3.2 Memória Operativa, de Trabalho ou Curta Duração

A memória operativa é também conhecida como memória operacional, de


trabalho ou de curta duração. De acordo com Ivan Izquierdo (2002) a memória
de trabalho seria um sistema gerenciador que teria como função determinar o
contexto em que os fatos acontecem, selecionando-os. Serviria ainda para
manter disponível durante alguns segundos, no máximo poucos minutos, a
informação que está sendo processada no momento.
De acordo com Kosslyn:

A memória de trabalho corresponde à informação ativada nas


memórias de longo prazo, à informação nas memórias de curto prazo
e aos processos de decisão que determinam quais informações são
ativadas nas memórias de longo prazo e retidas nas memórias de
curto prazo [...] Esse tipo de sistema de memória de trabalho é
necessário numa ampla gama de tarefas, tais como a resolução
mental de problemas aritméticos, a leitura, a solução de problemas e
[...] o raciocínio em geral. Todas essas tarefas exigem não somente
alguma forma de armazenagem temporária, como também uma
interação entre as informações armazenadas temporariamente e o
conjunto maior de conhecimento armazenado (KOSSLYN, apud LED,
1998. p. 248).

Pode-se chamar a memória de trabalho também de memória de curto


prazo, pois ela seria responsável por aquelas informações que precisamos reter
apenas por alguns instantes (cerca de 15 segundos) em nossas operações
diárias.
Para Wood (2000, p.32):

[...] a memória operacional consiste na ativação e manutenção de uma


ou mais representações mentais e a execução de passos de

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armazenamento de informação com o objetivo de realizar uma dada
sequência de processamento.

A memória de trabalho pode ser definida como uma memória que possui
uma capacidade temporária de armazenamento de informações, sejam elas
verbais ou visuais. Essas informações são necessárias para a execução de
tarefas complexas e conscientes, como o aprendizado e o raciocínio lógico.
Conforme já visto, a memória de curto prazo pode armazenar muitas
informações, mas não ilimitadas. Portando, uma das faculdades mais
importantes da memória é o esquecimento. O esquecimento pode acontecer de
forma distinta: como resultado de uma interferência ou como resultado da
passagem do tempo.
A memória de curto prazo realiza uma seleção a fim de equilibrar a
quantidade de itens que armazena. A entrada de um novo item na memória
interfere no esquecimento de outros itens que estavam retidos anteriormente.

Importante
Tão importante quanto à capacidade de retenção da memória é
a capacidade de esquecer! Memória é também esqueci-mento.

Pode-se também mencionar o esquecimento, que é causado pela simples


passagem do tempo, e acontece, pois a memória de curto prazo, além de possuir
um armazenamento limitado, ele tem curta duração.
Devido ao seu processo de seleção constante, determina-se a informação
a ser armazenada é útil ou se ela já não existe em outros arquivos, como os da
memória de longo prazo.
A memória de curto prazo é fundamental para o aprendizado, mas para
que ocorra o aprendizado é necessário mais do que a memória operacional,
necessita-se também dos mecanismos da memória de longo prazo.
Expandindo o conceito, Baddeley e Hitch (1974) afirmam que a memória
operacional abrange e expande o conceito de memória de curto prazo, sendo
composta por sistemas de armazenamento de informações distintas, interativas
e de capacidade limitada, com o intuito de organizar os distintos processos que

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participam das atividades cognitivas cotidianas, tais como a leitura, a
compreensão, a aprendizagem e a resolução de problemas.
O mecanismo de resgate de informações da memória de longo prazo
estabelecer associações, e é a causa pelo qual a memória de curto prazo é
denominada memória de trabalho.

2.3.3 Memória de Longo Prazo

A memória de longo prazo é assim chamada pela sua capacidade de


armazenar informações durante longos períodos de tempo, como horas, meses,
anos e décadas. As memórias de infância são um exemplo da memória de longa
duração.
A memória de longa duração pode ser evocada a partir de diferentes
mecanismos, arquivos que não são acessados há décadas podem ser evocados
de acordo com a vontade ou devido a fatores externos, como sons, cheiros e
objetos.
A memória é um importante componente da identidade de sujeito. A
memória de longo prazo afeta a maneira de ser e estar no mundo, influenciando
no modo de vida. Ela é a responsável pelo armazenamento de informações, bem
como pelo seu esquecimento.
Godoy (2012), aponta para a existência de dois tipos de memórias de
longa duração. A memória episódica e a memória semântica.

• A memória episódica é a responsável pelas recordações de experiências


pessoais, fatos e acontecimentos individuais.
• A memória semântica associa-se ao conhecimento, palavras, linguagem
e escrita, trabalha com conceitos, ideias as quais uma pessoa pode
associar várias características e com as quais ela pode conectar várias
outras ideias. É importante salientar que as informações da memória
semântica são derivações da memória episódica. A memória semântica
associa-se ao conhecimento, palavras, linguagem e escrita. É uma
estrutura hipotética descrita por psicólogos para descrever uma estrutura
cognitiva a fim de organizar conceitos associados, baseada em
experiências anteriores.
23
Os sistemas de longo e curto prazo estão ligados e transmitem
informações constantes um para o outro. Dito isso, pode haver troca de
informações de um sistema para o outro de acordo com a necessidade do
indivíduo, envolvendo codificação e consolidação de informações.
A memória de longo prazo influencia na tomada de decisões, apontando
fatos relevantes para cada escolha.
A memória implícita, também chamada de memória de procedimento
(não declarativa) é a responsável pelo armazenamento de dados relacionados
com a aquisição de habilidades mediante repetição.

Fonte: http://www.mundoboaforma.com.br/andar-de-bicicleta-perde-barriga/

Pedalar, dirigir um automóvel, pular corda são exemplos de memória


implícita que se adquire mediante a repetição. Depois de adquirida a habilidade,
dificilmente a perde.
As habilidades motoras, sensitivas e intelectuais também são
armazenadas na memória de procedimento. Depois de adquiridas, não se
necessita de consciência para executá-las, tornam-se automáticas.

• A memória implícita pode ser adquirida ou evocada através de dicas


(fragmento de uma imagem, cheiros, sons).
• A memória de procedimentos está ligada as habilidades e hábitos que
depois de apreendidos tornam-se mecânicos, como o caminhar, escovar
os dentes.

24
Memória explícita ou memória declarativa é a responsável por
armazenar e ou evocar informações de fatos e acontecimentos que chegam
através dos sentidos e processos cerebrais internos, sendo consciente. Como
por exemplo, a criação de ideias novas, a dedução e a associação de dados,
assim como guardar acontecimentos do dia a dia e do passado. A memória
explícita compreende os fatos vivenciados pelo sujeito (memória episódica) e
de informações adquiridas pela transmissão do saber de forma escrita, visual e
sonora (memória semântica). A memória declarativa compreende:

• A memória episódica (já citada anteriormente) que engloba eventos que


estão relacionados ao tempo cronológico (datas importantes como
proclamação da república, aniversário de casamento, entre outros).
• A memória semântica é relacionada às palavras e aos seus significados.

A memória possui três operações que interagem reciprocamente e são


interdependentes, que são a codificação, o armazenamento e a recuperação.
De acordo com pesquisas, a codificação das letras se dá pelo modo como
elas soam e não pela maneira como se parecem. É importante um código
acústico, em vez de um código visual na memória de curto prazo.
A informação armazenada na memória de longo prazo parece ser
basicamente codificada semanticamente, isto é, codificada por meio dos
significados das palavras.

Saiba Mais
De acordo com a Teoria da Interferência, o esquecimento
acontece porque uma nova informação interfere na antiga e
finalmente a desloca, na memória de curto prazo. Devido
ao seu processo de seleção constante, determina se a
informação a ser armazenada nos é útil ou se ela já não

25
existe em outros arquivos, como os da memória de longo
prazo.

Assim, cada memória descrita é responsável por um tipo de lembrança e


atuam em diferentes áreas do cérebro. Os estudos relacionados a memória tem
contribuído para se ter o entendimento dos diferentes processos e como eles
afetam no aprendizado da criança e do adulto.

Vídeo
Sobre os tipos de memória e como elas funcionam, assista a
entrevista de Drauzio Varella com Ivan Izquierdo.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=9VVtUCN2xLI&feature=you
tu.be

Resumo da Aula 02

Na aula foi visto a respeito da memória e seus desdobramentos, a partir da


ótica das neurociências e passando pelas ciências sociais. Os diferentes tipos de
memória abordados como a de trabalho, memória de curto e longo prazo, memória
semântica e episódica formam um sistema único que faz com que nos identificamos
com um determinado grupo ou cultura, sendo fortemente responsável pela nossa
identidade.

Atividade de Aprendizagem
Após os conceitos adquiridos, discorra sobre no que consiste a
memória de procedimento.

26
AULA 3- OS PROCESSOS NEUROBIOLÓGICOS DA LEITURA

Apresentação da Aula 03

Nesta aula serão abordados os processos neurobiológicos da leitura e


como alguns transtornos afetam no aprendizado da leitura e da escrita.

3.1 A aquisição da Leitura e da Escrita

A leitura e a escrita são faculdades que marcaram o desenvolvimento


cultural e social do homem. “Mas como se dá essa aquisição?” “Todos possuem
as mesmas habilidades para a leitura?” “Quais são as áreas do cérebro
responsáveis pela leitura e escrita?” Essas e outras perguntas você será capaz
de responder a partir da leitura que irá realizar.

Disponível em: http://literatortura.com/2015/08/o-que-a-leitura-faz-com-o-seu-cerebro-


e-vice-versa/

Os processos de aquisição da leitura ocorrem gradativamente a partir do


momento em que se entra em contato com os sinais gráficos, isso pode ocorrer
durante o processo de escolarização ou mesmo antes. Para que se possa
compreender como esse processo ocorre, faz-se necessário identificar a relação
entre os mecanismos neurofisiológicos da memória operacional, já estudada
anteriormente, e a compreensão em leitura.

27
Importante
A linguagem é fundamental nesse processo, pois através dela
o homem adquiriu a capacidade de se comunicar por meio de
códigos, simbólicos previamente estabelecidos, podendo então
conviver em sociedade.

Nesse sentido, Fonseca (1995, p.318) argumenta:

[...] em termos filogenéticos ou ontogenéticos, a ação precede a


linguagem. Antes da linguagem falada, o gesto prepara a palavra, a
emoção precede a comunicação, a comunicação não-verbal dá origem
à comunicação verbal [...]. A linguagem edifica-se a partir da ação, da
motricidade, para posteriormente se libertar do contexto da ação.

A linguagem escrita surgiu na Mesopotâmia em 4000 a.C


aproximadamente. Naquela época apenas um grupo seleto dominava essa
linguagem. Para Telles, referindo-se ao surgimento da linguagem falada, se tem:
A nível filogenético existe entre a linguagem falada e a linguagem
escrita, uma enorme distância temporal. Morais, J. (1997) refere: “não
se sabe exactamente desde quando é que os homens falam. Foram
encontradas indicações de um desenvolvimento da zona de Broca,
zona associada à produção da linguagem, no Homo habilis, nosso
antepassado de há dois milhões de anos (TELLES, 2006, s/p).

Com o passar dos anos, os povos foram percebendo a importância da


escrita para a vida em sociedade. Hoje os sistemas formais de ensino têm na
leitura seu grande trunfo, mas também um grande problema, pois nem todos têm
as mesmas aptidões para a leitura e a escrita.
É aí que entram a Neurociências, a Neuropsicologia e outras tantas
ciências que dedicam-se a entender como funciona o cérebro humano. Para
Fonseca (1995, p. 320):

A maioria dos seres humanos pode aprender a ler, mesmo que seja
mínimo o contato com a linguagem escrita da sociedade onde o
indivíduo se encontra inserido sócio-culturalmente. Aprender a ler,
portanto, não é um talento especial, é de alguma forma, semelhante à
reparação de automóveis, que pode também subentender uma
herança de especialização do cérebro humano. Aprender a ler, de
qualquer forma, é um processo lento, ao contrário da capacidade para
aprender a falar, que parece envolver um sistema cerebral inato.

28
Aprender a falar surge fenomenologicamente, por imitação, sem
qualquer instrução, quase por inatismo, enquanto que aprender a ler,
ou aprender a fazer um laço nos sapatos, envolve bastante tempo de
aprendizagem.

Fonseca ressalta a capacidade do homem para ler e escrever, para ele


esse é um processo lento e que requer um grande tempo de aprendizagem. E
ainda:

[...]. Aprender a falar é, obviamente, diferente de aprender a ler [...]. A


dificuldade de aprender a ler, é muito maior do que a dificuldade de
aprender a falar, uma vez que a apropriação do segundo sistema
simbólico subentende a apropriação do primeiro sistema simbólico,
consubstanciando, consequentemente, uma hierarquização de
sistemas [...]. Duas condições são necessárias satisfazer, para
aprender a falar: substrato neurológico apropriado e desenvolvimento
adequado. Condições estas também necessárias à aprendizagem da
leitura, parecendo ilustrar a estreita interconexão entre os dois
sistemas, como ilustram os trabalhos de Myklebust, 1978 [...]
(FONSECA, 1995, p.321).

A capacidade de leitura segue um processo de adaptações do sistema


nervoso, que por sua vez, precisam ser estimuladas através de processos de
ensino-aprendizagem, ou seja, não é uma capacidade inata. Nesse sentido, para
aprender a ler é necessário que se reconheça que os símbolos representam
unidades que quando juntas formam palavras (BARBANTE et al. 2008). O autor
destaca ainda a importância dos estudos de neuroimagem para a compreensão
dos processos de aquisição da leitura.

Os estudos de neuroimagem para entender as bases biológicas da


leitura nos permitem conhecer os mecanismos cognitivos do
aprendizado em geral. O processo de leitura depende da decodificação
das palavras, fluência e compreensão da escrita. Neste processo,
ocorre inicialmente a análise visual dependente, portanto deste
sistema sensorial e da atenção seguido do processamento lingüístico
da leitura, para a associação grafema-fonema (correspondência
grafofonêmica) e leitura global da palavra (BARBANTE et al., 2008,
s/p.).

De acordo com Binder et al. (1996) a capacidade da leitura requer a


ativação e desenvolvimento de circuitos neurais que ocorrem em determinadas
regiões do cérebro. Isso ocorre mais ou menos no período pré-escolar, e
localizam-se principalmente no hemisfério esquerdo do cérebro.

29
Para Da Costa (2007), a aquisição de novas informações são captadas
pelos caminhos sensoriais e transmitidas para o sistema nervoso central. Dito
isso, a integração sensório-motora cortical é fundamental para a percepção.
Para Barbante et al. (2008, p.33):

O processamento central ocorre em vários níveis de integração mas,


certamente a integração sensório-motora cortical é fundamental para
os mecanismos perceptuais. A extensa área cortical humana
responsável pela associação de informações sensitivo-sensoriais
permite dar sentido às informações que recebemos do ambiente ou
que geramos internamente. O cérebro humano é estruturado por
sistemas complexos bem organizados.

O aprendizado da linguagem oral e escrita compreende diferentes


regiões cerebrais. Na região parieto-occipital, o responsável pelos símbolos
gráficos é o córtex visual primário. As questões visuoespaciais da grafia são
realizadas pelas áreas do lobo parietal. Já com relação a parte de gustação e
olfação, memória de curto e longo prazo, aprendizado auditivo, recuperação de
palavras, compreensão linguística, processamento visual e auditivo, estabilidade
emocional e informações do equilíbrio corporal, é no Lobo Temporal. Após
serem processadas essas informações são reconhecidas e decodificadas.

Fonte: http://cefopna.edu.pt/revista/revista_06/es_01_06_pt.htm

Na figura se tem a descrição de três áreas específicas do cérebro, quais


são:

30
• Inferior Frontal - essa é conhecida como a área da linguagem, onde
acontece a articulação das palavras e a vocalização.
• Parietal Temporal - zona onde acontece a análise das palavras, a
correspondência grafo-fonêmica, a fusão e a sílaba.
• Occipital Temporal - é a zona para onde se concentram todas as
informações dos distintos sistemas sensoriais, nela está armazenado o
modelo neurológico de cada palavra.

De acordo com o exposto deve-se ter percebido que o sistema de


linguagem é formado por diferentes subsistemas, bastante complexos.
Quando se trata do processo de automatização, Vygotsky e Lúria falam
que as funções corticais superiores são, em princípio, funções extracorticais, ou
seja, desenvolvidas pelo intercâmbio da criança com os indivíduos mais
desenvolvidos culturalmente, para depois se tornarem intracorticais ou
individuais.

Saiba Mais
Para Lent (2008), a memória e a aprendizagem tem duas
fases, a fase de aquisição (aprendizagem) e a fase da
evocação (lembrança), para o autor a memória de trabalho é
fundamental para a aquisição do processo de leitura. A
memória tem dois hemisférios, o esquerdo (memória factual)
e o direito (memória autobiográfica).

3.2 Os Sistemas de Linguagem

Conforme Price (2000) existem três modelos de linguagem: o modelo


do século XIX, e dois do século XX.

• Século XIX - basicamente explica o modelo neurológico com os


componentes cognitivos do processamento auditivo e visual das palavras
e com a anatomia;

31
• Século XX - os dois modelos criados no século XX não estão restritos a
anatomia, apesar de algumas semelhanças, destacam caminhos
diferentes para a aquisição da leitura, que não constam no modelo
neurológico;

Estudos recentes demonstram que os neurologistas do século XIX


estavam corretos ao afirmar que:

[...] a repetição de palavras apresentadas, de modo verbal ou visual,


envolve a região posterior da borda do sulco temporal superior e na
borda posterior entre o giro frontal inferior e a ínsula anterior à
esquerda (BARBANTE, 2008, p. 12).

Embora pesquisas neuropsicológicas evidenciarem o envolvimento das


áreas perisilvianas anteriores (Broca) como sendo geradoras e as áreas
perisilvianas posteriores (Wernicke) como receptoras, de acordo com
Barbante (2008, s/p), a área de Broca “está envolvida tanto em percepção
auditiva de palavras e repetição”.
Para Price (2000), os modelos do século XX identificam a região
posterior inferior temporal bilateral durante a tarefa de nomeação, que estaria
relacionada à segunda via de leitura. Essa região em específico não abrangia os
estudos realizados no século XIX.
Barbante (2008, p.13) explica ainda que:

Por outro lado, o giro angular, previamente relacionado ao


processamento visual da palavra, também tem sido implicado como
parte de um sistema semântico distribuído que pode ser “acessado”
durante o processamento de objetos e faces, além da fala. E mais, há
outros componentes do sistema semântico incluindo várias regiões,
novamente nas áreas dos giros temporais inferiores e médios, e lobo
occipital.

Tendo em vista as dificuldades de aprendizagem, os estudos que


envolvem o processo de leitura têm focado apenas nas palavras, o que tem
limitado bastante as pesquisas.

3.3 Distúrbios de Aprendizagem

32
Os distúrbios ou transtornos de aprendizagem têm preocupado muito
educadores, pais e pesquisadores, pois afetam os alunos em diferentes níveis,
os mais comuns estão ligados a aquisição da leitura e da escrita.

Importante
As dificuldades de aprendizagem se referem a um grupo
heterogêneo de desordens, manifestadas por dificuldades na
aquisição e no uso da audição, fala, escrita e raciocínio
matemático. Essas desordens são intrínsecas ao indivíduo e
acredita-se serem uma disfunção de sistema nervoso central.

Os distúrbios de aprendizagem podem ser caracterizados como um


conjunto de problemas que engloba diferentes transtornos relacionados na
maioria das vezes as primeiras etapas do desenvolvimento da criança. Essas
crianças apresentam um desempenho abaixo do esperado para a sua faixa
etária e escolarização, seja na leitura, na escrita ou no raciocínio lógico
matemático. Algumas dessas dificuldades podem ser transitórias, sendo
denominadas dificuldades de aprendizagem.
Já os transtornos permanentes são os chamados distúrbios de
aprendizagem ou dislexia. Tanto os permanentes quanto os temporários podem
ocorrer durante diferentes momentos do processo de ensino-aprendizagem.
Esses transtornos correspondem a déficits funcionais superiores, como
alterações cognitivas, de raciocínio lógico-matemático, de linguagem, atenção
entre outros tantos.
De acordo com Guerra (2002), deve-se diferenciar os problemas de
aprendizagem dos distúrbios de aprendizagem. Para a autora é comum cair no
erro de definir esses dois como sendo a mesma coisa. Para ela o termo
dificuldade está relacionado a questões passageiras, que podem ser superadas
com apoio escolar.
Para Capellini (2004), o termo distúrbio de aprendizagem é utilizado para
uma gama de alterações e dificuldades na aquisição e ou no uso da escrita, da
leitura, da fala, do raciocínio ou da audição. O autor considera distúrbio como
uma disfunção intrínseca, geralmente de origem neurológica, afetando as

33
habilidades na aquisição de um aprendizado. Um indivíduo poderá apresentar
dificuldades escolares por ineficiência de métodos, pela inadequação da escola
e/ou pela pouca capacitação dos educadores, assim como por fatores familiares,
sociais, pessoais dentre outros.

Vídeo
Sobre a diferenciação de distúrbio e dificuldade, assista ao
vídeo Distúrbios de Aprendizagem, no qual a Dra. Beatriz Braga
Amaral Gurgel, a psicóloga e coordenadora Heloísa Machado
Silva e a Dra. Kátia Burle, psiquiatra e psicanalista, esclarecem
sobre o assunto.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wCBj-
gYguwQ

A Neurociência e a Neuropsicologia tem contribuído para a compreensão


dos fatores comportamentais e ou neurofisiológicos que estão associados às
dificuldades de aprendizagem, traçando novas perspectivas para educadores e
demais pesquisadores da área. Pesquisas nas duas áreas citadas têm mudado
a forma de pensar a cognição, relacionando o cérebro ao comportamento.
Os distúrbios que podem gerar dificuldades na aquisição da leitura são
divididos em duas classes distintas:

• Sensório-motor - são aqueles distúrbios relacionados a déficits


visuais e/ou auditivos e/ou motores;
• Fonológico - distúrbios que afetam o processo fonológico;

Cabe salientar que os processos de aprendizagens englobam a


percepção, a atenção, as funções simbólicas como a linguagem, processos de
raciocínio e memorização bem como as funções executivas.
Estudos mostram que 40% da população em idade escolar indicadas
como portadores de dificuldades de aprendizagem, apenas 3 a 5% apresentam
realmente o distúrbio de aprendizagem, sendo que também se mostrou que
estudantes do 4º ano do ensino fundamental, apenas 5% podem ser

34
considerados leitores competentes, e apenas 7% conseguem resolver
problemas matemáticos de forma coerente. Assim, a alteração mais conhecida
dentre os distúrbios de aprendizagem é a dislexia.

3.4 Dislexia

A dislexia caracteriza-se por ser um transtorno específico de leitura,


tendo como principal característica o baixo desempenho na leitura, isso levando
em consideração a idade cronológica, o nível intelectual e o grau de escolaridade
do indivíduo. Ela tem origem neurológica e distingue-se pela dificuldade na
leitura, bem como na habilidade de decodificação e soletração de palavras, o
que é resultado de um déficit no componente fonológico da linguagem. Possui
deficiência na codificação e fluência ao redigir, apesar de adequada instrução
formal recebida, da normalidade do nível intelectual e ausência de déficits
sensoriais e transtornos psíquicos como causas primárias.
A origem etimológica da palavra dislexia está no Grego, o prefixo dis,
significa dificuldade, e lexis, significa palavra escrita. Na junção dos dois termos
temos a dificuldade com a palavra escrita.
O uso do termo dislexia foi empregado a primeira vez em 1887 pelo
oftalmologista alemão chamado Berlin. Ele usou a palavra para descrever a
perda da capacidade leitora em um sujeito adulto, após ter tido um acidente
vascular cerebral. No ano de 1986 surge o termo “Cegueira Verbal Congênita”
utilizado pelo pediatra inglês Pringle-Morgan a fim de descrever a incapacidade
para a linguagem escrita em um menino de 14 anos.
Já nos anos 20 do século XX, a dislexia foi inserida num conjunto de
perturbações do desenvolvimento chamadas Dificuldades de Aprendizagem.
Para Telles (2006, s/p.):

Este conjunto incluía diversas perturbações como a dislexia,


hiperatividade, déficit de atenção, perturbações cognitivas,
perceptivas, psicomotoras (...) Este conceito globalizante de
“Dificuldades de Aprendizagem” criou sérios obstáculos à
investigação sobre a etiologia, diagnóstico, prevenção e
terapêutica, não só em relação à dislexia, mas também em relação
a todas as outras perturbações do desenvolvimento.

No ano de 1949, foi fundada a Orton Dyslexia Association,

35
contribuído até hoje com as investigações e divulgações dos conhecimentos
científicos relacionados à área. Nas décadas de 30 e 40 ocorreram mudanças
significativas, deslocando as perspectivas neurológicas para as áreas
educacionais e sociais.
Na década de 50, passou-se a pesquisar com mais afinco as causas
da dislexia implementando programas reeducativos. De acordo com Hallgren
(1950) foram realizados vários “estudos de famílias com dificuldades de leitura
e escrita e criou a designação de Dislexia Constitucional”.
Nos últimos anos estudos estão sendo realizados utilizando-se de
tecnologias modernas de imagem a fim de desvendar os mistérios da dislexia.
Esses estudos de imagem permitem observar o que acontece com o cérebro
humano durante a leitura.

Fonte: http://alinebrandaopsicopedagoga.blogspot.com.br/2015_02_01_archive.html

Na figura se tem as áreas do cérebro que comumente são afetadas pela


dislexia. A partir de estudos com imagem (Shaywitz SE, Shaywitz BA, 2003)
observou-se as ativações cerebrais de pessoas normais ao realizarem leituras
de pseudopalavras, quais foram:

• A região frontal inferior esquerda;


• A região parietotemporal que envolve os giros angular supramarginal;
36
• A região posterior de giro temporal superior;
• As regiões occipitotemporais que envolvem porções mesiais e inferiores
do giro temporal e giro occipital.

Esse mesmo estudo realizado com pacientes com dislexia demonstrou


que ocorreu um aumento de ativação localizado no giro frontal inferior, mas em
regiões posteriores ocorreu pouca ativação. Ainda a esse respeito:

Pesquisadores relatam que, em relação aos mecanismos neurológicos


das dificuldades de leitura, alterações referentes à assimetria
hemisférica geram uma organização atípica do hemisfério direito em
crianças e adolescentes com dislexia. Disléxicos apresentam uma
desconexão temporo-parieto-occipital e uma desconexão com o córtex
frontal esquerdo, assim como anormalidades do córtex têmporo-
parietal e do cerebelo em relação a outras regiões do cérebro
(SCHIRMER et al.2004, s/p.).

Saiba Mais
Dislexia Deseidética ou dislexia visual
Dificuldades de natureza visual e espacial, leitura silabada,
sem conseguir realizar a aglutinação e síntese.
Dislexia Disfonética ou dislexia auditiva
Caracteriza-se por dificuldades de descodificação de sons
associados a letras, trocas de fonemas e grafemas;
alterações na ordem das letras e sílabas; omissões e
acréscimos.
Dislexia Aléxica ou visuoauditiva
Deficiência na leitura, não atingindo a capacidade de escrita.
Inabilidade de leitura muito acentuada; Dificuldades a nível
da análise fonética
Dislexia Visuoespacial
Dificuldades na orientação direita – esquerda, problemas no
reconhecimento de objetos familiares pelo tacto; Lacunas na
codificação da informação visual.

De acordo com o exposto é possível compreender que a dislexia


apresenta-se como um distúrbio de aprendizagem que afeta principalmente
questões relacionadas à leitura. Dito isso, cabe salientar que nem sempre

37
dificuldades na aquisição da leitura e da escrita podem ser chamadas de dislexia.
Para que seja feito um diagnóstico correto é necessária uma equipe de
profissionais e exames específicos.
Pais e educadores devem estar atentos aos sinais enviados pelas
crianças que apresentarem alguma dificuldade durante esse processo, a fim de
que possam encaminhá-los para os profissionais adequados.

Vídeo
Assista ao trecho do filme “Como estrelas na Terra”, onde um
professor explica para seus alunos o que é Dislexia. Vídeo Um
professor explica o que é DISLEXIA aos seus alunos.
Disponível em: https://youtu.be/roTYfQ4pCJc

De acordo com a ABD, Associação Brasileira de Dislexia, a pessoa


disléxica apresenta dificuldades com a linguagem e a escrita, dificuldades de
escrever e com a ortografia, lentidão na aprendizagem da leitura, sendo que
pode ocorrer também a disgrafia e a discalculia, dificuldades com a memória de
curto prazo e com a organização.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Para saber mais sobre os temas


abordados nas aulas, é interessante a
leitura do livro Neurociência e Educação,
de Cosenza e Guerra, Porto Alegre:
Artmed, 2011.

Resumo da Aula 03

Na aula foi abordada uma questão bastante cara aos educadores e


pesquisadores: a aquisição da leitura e da escrita. Teve-se uma breve
38
contextualização histórica até chega à importância das neurociências e dos
estudos de imagem para entender um pouco mais desse fascinante mundo que
é o cérebro humano. Foi visto que a aquisição da leitura passa por diferentes e
complexos processos e envolve diferentes áreas do cérebro. Por último se teve
uma breve explicação do que é a Dislexia e as áreas do cérebro afetadas em
quem possui esse distúrbio.
A aquisição da leitura é um dos principais enigmas para educadores,
neurocientistas e neuropsicólogos, a neurociências abriu caminhos para que
fosse desvendado, pelo menos em partes, como se dá esse processo. Os
distúrbios de aprendizagem deixaram marcas em jovens e crianças ao longo dos
anos, muitos foram incompreendidos e excluídos de uma educação formal. Hoje
educadores e pesquisadores juntam-se para entender quais os mecanismos
responsáveis por essa aquisição e como pode-se estimulá-los. A Dislexia ainda
assusta educadores e pais, mas já é possível compreender e diagnosticar com
mais eficiência.

Atividade de Aprendizagem
De acordo com o que foi estudado, diferencie distúrbios de
aprendizagem de transtornos de aprendizagem.

AULA 4 - A INTELIGÊNCIA E O FUNCIONAMENTO CEREBRAL

Apresentação da Aula 04

Nessa aula será estudado a respeito da inteligência e suas relações com o


funcionamento cerebral, o que irá complementar os estudos em torno do cérebro e
da aprendizagem.

4.1 O que é Inteligência?

39
A palavra inteligência vem do latim intelligentia, derivada de inteligere, e é
composta por dois termos: intus, que significa entre e legere, que significa escolher.
Sendo assim, se tem “aquele que sabe escolher”. Seguindo essa linha de raciocínio
a inteligência estaria mais ligada a sabedoria e escolhas tomadas do que
propriamente a funções cerebrais.
“As funções essenciais da inteligência consistem em compreender e inventar,
em outras palavras, construir estruturas estruturando o real” (Piaget, 1970, p. 36)
Quando se fala em inteligência, se tem dois conceitos a serem abordados,
referentes a psicologia (questões cognitivas e de aprendizagem) e a biologia (que é
a capacidade de adaptação).

Fonte: http://www.similia.com.br/homeopatiaesaude/tag/inteligencia/

Para Anastasi (1977, s/p) a inteligência não é uma capacidade unitária


“[...] a inteligência de um indivíduo em qualquer momento é o produto final de
uma sequência vasta e complexa de interações entre fatores hereditários e
ambientais”.
Em diferentes áreas do conhecimento se tem diferentes definições para o
termo e o que ele representa. Por exemplo, para a Psicologia estaria ligada as
questões cognitivas e de aprendizagem. De acordo com a Biologia a inteligência
está relacionada a capacidade de adaptação ao meio e assim por diante.

4.1.1 O Cérebro e a Inteligência

40
De acordo com o que foi visto, o cérebro humano está dividido em
regiões específicas. Ao analisar a relação do cérebro com a inteligência, há
algumas regiões onde percebe-se a maioria dos estímulos.
Novos aparatos tecnológicos aplicados a pesquisa e o uso da
neuroimagem têm permitido o avanço da Neurociência. As duas últimas décadas
do século XX foram especialmente frutíferas na abordagem da inteligência
humana, baseadas nas propriedades físicas do cérebro.
Ou seja, ao longo de mais de um século de pesquisas envolvendo o
cérebro humano, novas teorias foram sendo criadas. Na última década a Teoria
da Integração Frontoparietal (P-FIT) vem ganhando destaque entre os
pesquisadores.
De acordo com ela, a rede neuronal relacionada à inteligência está
localizada entre os lobos parietais e frontal. Na pesquisa de Haider (2004),
evidenciou-se que as áreas responsáveis pela memória, linguagem e atenção
estão diretamente ligadas a inteligência. Nesse sentido, a integração parietal-
frontal é o ponto de partida para o processamento dessas informações. Mas
estudos recentes demonstram que a inteligência é distribuída através de todo o
cérebro, portanto não está localizada em uma única área.
De acordo com Adolphs, a inteligência depende da capacidade do cérebro
para integrar diferentes tipos de processamentos que encontram-se em
diferentes áreas do cérebro.
“[...] a inteligência depende de dois fatores: ter um córtex pré-frontal que
faça bem o seu trabalho (na distribuição para as outras áreas) e fazer com que
ele se comunique bem com o resto do cérebro”, diz Todd Braver, da universidade
de Washington, coautor do estudo, feito em parceria com cientistas das
universidades americanas de Colorado, Yale e de Liubliana, na Eslovênia.

Saiba Mais
Alguns avanços tecnológicos e ampliação do número de
pesquisas na área da neurociências e a inteligência foram:
● Neuroimagem;
● Base nas propriedades físicas do cérebro;

41
● Depende da capacidade do cérebro para integrar
diferentes tipos de processamentos que encontram-se em
diferentes áreas do cérebro.

4.2 A Psicologia

Como já mencionado anteriormente, de modo geral, a Psicologia vê a


inteligência ligada à cognição, consistindo em mecanismos cognitivos com
finalidades específicas que dependem de instalações neurais duráveis. Conforme o
sistema evolutivo, os seres humanos adquiriram mecanismos de processamento de
informações com finalidades específicas, os chamados mecanismos
computacionais. Cada um desses mecanismos opera de acordo com seus próprios
princípios, ou ainda opera sem estar direcionado a fazê-lo, podendo ser disparados
por determinados eventos.
Na década de 20 do século XX, existiam duas correntes psicológicas
dominantes:

• O Gestaltismo – (conhecimento inato) que defendia que o cérebro contém


estruturas inatas determinantes do modo como o sujeito organiza e entende
o mundo.
• O Behaviorismo – teoria que considera o sujeito como condicionado pelo
meio, ou seja, os conhecimentos são adquiridos de acordo com os estímulos
do ambiente.

Piaget propõe então um novo modelo explicativo em oposição a essas duas


correntes. Para ele o sujeito constrói seu conhecimento a partir de suas próprias
ações. Dito isso, a inteligência seria um produto de todo um processo de adaptação
ao meio. Nesse processo interagem o mundo exterior e as estruturas mentais, em
um processo contínuo de adaptação ao meio.

Saiba Mais

42
As principais questões são sobre as teses que afirmam que
o conhecimento é de origem inata, e o conhecimento sendo
fruto da estimulação do mundo externo, como se fosse uma
“cópia” da realidade, sendo que o conhecer por meio de
interações no ambiente, é o intercâmbio de trocas recípro-
cas sujeito-meio.

Tomando a inteligência como sendo um conjunto de funções mentais, passa-


se a abordar algumas das principais teorias na área da psicologia moderna.

4.2.1 Jean Piaget e o Desenvolvimento Cognitivo

As teorias de Jean Piaget são um marco para pensar o desenvolvimento


cognitivo e a inteligência humana. O autor parte de pesquisas originadas na
observação e em entrevistas feitas com crianças. Estabelecendo uma estreita
ligação entre o sujeito e o ambiente em que vive, investigando a gênese do
conhecimento nos seus estágios de desenvolvimento. De acordo com o autor:

O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e


termina na idade adulta, é compatível ao crescimento orgânico: como
este, orienta-se, essencialmente, para o equilíbrio. Da mesma
maneira que um corpo está em evolução até atingir um nível
relativamente estável – caracterizado pela conclusão do crescimento
e pela maturidade dos órgãos -, direção de uma forma de equilíbrio
final, representada pelo espírito adulto. O desenvolvimento, portanto,
é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um
estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior
(PIAGET, 1983, p. 11).

Para o autor, a inteligência é um processo gradativo que se constrói ao


longo do tempo, passando por diferentes estágios. Desde os reflexos herdados
geneticamente mais simples de um bebê até atingir estruturas mentais mais
complexas.
Sua teoria está alicerçada em 7 principais conceitos. São eles:
• A assimilação - nesse processo o sujeito assimila os dados e
informações que vem do ambiente;
• A acomodação - nesse estágio as estruturas cognitivas passam por
modificações que são resultados da integração dos dados novos
provenientes do meio;

43
• A equilibração - é o processo de auto regulação entre os dois processos
anteriores (assimilação e acomodação), permitindo ao indivíduo adaptar-
se ao meio, progredindo para um pensamento cada vez mais complexo;

• A adaptação - é o processo interno de equilíbrio entre o sujeito e o meio.


Esse processo se dá através dos mecanismos de assimilação e
acomodação;
• Estágios - são as diferentes etapas do desenvolvimento;
• Esquema - o esquema caracteriza-se pela estrutura mental subjacente
que organiza a interação do sujeito com o meio;
• Estruturas cognitivas - configurações de organização mental que dão
ao indivíduo determinadas capacidades intelectuais.

4.2.1.1 Os Estágios do Desenvolvimento de Piaget

Conforme a sua teoria, o desenvolvimento intelectual acontece em quatro


diferentes estágios. São eles: sensório-motor, pré-operatório, estágio das
operações concretas e estágio das operações formais.

• O estágio sensório-motor - (do nascimento até os dois anos) é o


responsável pelo desenvolvimento das capacidades motoras e de
percepção; da coordenação de respostas; resolução de problemas
concretos; adaptação ao meio; é nesse estágio que se dá o início da
função simbólica.

44
• Estágio pré-operatório - (dos dois aos sete anos) responsável pelo
desenvolvimento da função simbólica; do pensamento; da linguagem; do
egocentrismo e do pensamento intuitivo.
• Estágio das operações concretas - (dos sete aos onze anos)
responsável pelo desenvolvimento da reversibilidade e da descentração
(pensar em vários aspectos de uma situação simultaneamente); domínio
das noções de conservação da matéria, peso e volume; desenvolvimento
do pensamento lógico a partir de objetos concretos; capacidade de
classificação e de seriação.
• Estágio das operações formais - (dos onze ao final da adolescência)
nesse estágio dá-se o desenvolvimento do pensamento formal, lógico e
abstrato; desenvolvimento da capacidade de abstração; egocentrismo
intelectual;

Em cada diferente estágio do desenvolvimento existe a construção de


determinadas estruturas de inteligência, necessárias para que a criança passe
para o próximo nível. Para Piaget (1983, apud Costa 1997, s/p) “[...] a inteligência
é adaptação e o seu desenvolvimento está voltado para o equilíbrio, sendo
assim, a ação humana visa sempre a uma melhor adaptação ao meio”.

Curiosidade
Jean Piaget (1896-1980) psicólogo e filósofo, ganhou
reconhecimento no cenário mundial devido a seus trabalhos
no campo da inteligência infantil. Nasceu em 9 de agosto de
1896 na Suíça. Considerado um menino prodígio, com
apenas 11 anos de idade publicou seu primeiro trabalho
sobre o pardal albino, resultado de anos de observação.
Aos 22 anos de idade concluiu seu doutorado em Biologia.
Trabalhou como professor e psicólogo experimental além de
atuar na área de psiquiatria. Em 1919, mudou-se para a
França, passando a desenvolver testes de inteligência em
crianças, nesse mesmo ano dá início aos seus estudos
experimentais sobre a mente humana, o desenvolvimento e
as habilidades cognitivas. Em 1921 volta à Suíça tornando-
se diretor do Instituto Jean Jacques Rousseau da
Universidade de Genebra.

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No ano de 1923 casou e teve três filhos que passaram a ser
parte de suas pesquisas.
Nesse meio tempo desenvolveu diversos campos de estudos
Científicos, dentre eles: a psicologia do desenvolvimento, a
teoria cognitiva e o que veio a ser chamado de epistemologia
genética.
Morreu em Genebra no dia 17 de setembro de 1980.

4.2.2 Howard Gardner e a Teoria das Inteligências Múltiplas

Howard Gardner, psicólogo norte-americano, foi um dos maiores


expoentes na área da psicologia humana, destacando-se nos estudos da
inteligência. Para ele a inteligência é o potencial de cada um e não pode ser
quantificada.

Fonte: https://www.gse.harvard.edu/faculty/howard-gardner

Em 1985, Gardner lança a Teoria das Inteligências Múltiplas, de


acordo com essa teoria, a inteligência humana seria uma capacidade inata, geral
e única, permitindo ao sujeito um desempenho maior ou menor em diferentes
áreas de atuação. Contrário a outras teorias, o autor passou a ver o fenômeno
da inteligência a partir de bases biológicas, psicológicas e cultural. Sua pesquisa
perpassou as seguintes questões:

• O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças superdotadas;

46
• Adultos com lesões cerebrais;
• Populações ditas excepcionais, tais como autistas;
• O desenvolvimento cognitivo através dos milênios.

Seu principal referencial foi Piaget, Gardner debruçou-se sobre suas


pesquisas ampliando-as e por vezes divergindo. Conforme já estudado
anteriormente, Piaget acreditava no fato de que todos os aspectos da
simbolização partiam de uma mesma função semiótica.
No entanto, Gardner acreditava que os processos psicológicos
independentes são usados quando o sujeito entra em contato com os símbolos
linguísticos, numéricos, entre outros; descrevendo o desenvolvimento cognitivo
como uma capacidade de entender e expressar significado em diferentes
sistemas simbólicos de um mesmo contexto cultural.
Sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de
inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso
escola, levou-o a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade
para resolver problemas.

4.2.2.1 Inteligências Múltiplas

Para o autor, as competências intelectuais são independentes umas das


outras, tendo sua origem e limites genéticos próprios. Nesse sentido, os sujeitos
possuem diferentes graus de cada inteligência e maneiras diferentes com que
elas se combinam, organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para
resolver problemas e criar produtos. Gardner identificou 7 tipos de inteligências.

• Inteligência linguística – a inteligência linguística envolve a fala, a


escrita, a leitura, a fluência em idiomas. Seus componentes principais são
uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras (Pode
ser estimulada através da leitura e da escrita, de jogos e pelo uso de
diferentes tecnologias).
• Inteligência Cinestésico-corporal - esse tipo de inteligência está voltada
para as habilidades que envolvem coordenação e destreza física,

47
habilidades motoras para o esporte, artes cênicas ou outras técnicas que
envolvam o uso do corpo (o estímulo se dá através da dança, atividades
esportivas entre outros).
• Inteligência musical - se manifesta através de habilidades para apreciar,
compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons,
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos,
texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música (o
estímulo dessa inteligência se dá através de jogos e atividades rítmicas,
cantar, dançar, tocar instrumentos e compor músicas.
• Inteligência lógico-matemática - de acordo com Gardner é expressa por
uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização, habilidade para
explorar relações, categorias e padrões, através do uso de objetos ou
símbolos, é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para
reconhecer problemas e resolvê-los (ela pode ser estimulada através de
jogos e desafios que envolvam o raciocínio lógico).
• Inteligência espacial – É a capacidade para perceber o mundo visual e
espacial de forma precisa, manipular formas e objetos mentalmente e, a
partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa
representação visual ou espacial (ela pode ser estimulada por
experiências que envolvam artes gráficas e plásticas e de exercícios que
contemplem as habilidades de observação).
• Inteligência interpessoal – É entendida como a habilidade para entender
e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e
desejos de outras pessoas (Pode ser estimulada através de jogos
cooperativos e projetos em grupo).
• Inteligência intrapessoal - É o reconhecimento de habilidades,
necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para
formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa
imagem para funcionar de forma efetiva (pode ser estimulada através de
atividades que de auto avaliação, a introspecção, o falar sobre si mesmo
e sobre seus sentimentos).

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Para o autor todos os sujeitos têm a habilidade de questionar e procurar
soluções para seus problemas mediante o uso de suas múltiplas inteligências,
de acordo com sua bagagem genética e sua interação com o meio. No entanto
o desenvolvimento da inteligência depende dos fatores genéticos, biológicos e
ambientais.

4.2.3 Ideias, Reflexos na Educação e Inteligência

Inteligência não é uma característica absoluta fixada no nascimento, que


permanece estável através do período de vida conforme ainda advogam alguns
conservadores que defendem o mito do QI.
Toda teoria de inteligência precisa ser biologicamente baseada, ou seja,
enraizada na psicologia da estrutura cerebral.
Assim, deve-se refletir sobre alguns aspectos na educação:

• A importância dada às diversas formas de pensar.


• A pluralidade de saberes.
• Os diferentes níveis de inteligência para uma mesma fase.
• A aquisição de conhecimento e a cultura.

Não se pode esquecer que todos possuem inteligência “[...] potencial


biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário
cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa
cultura” (GARDNER, 2000, p. 47).

Vídeo
Assista ao vídeo Howard Gardner – Para cada pessoa, um tipo
de educação, no qual o autor fala sobre as inteligências
múltiplas.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=tLHrC1ISPXE&feature=you
tu.be

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Resumo da Aula 04

Na aula foi visto sobre a inteligência, sua origem e avanços que se teve
em relação a ela com a neurociências com o decorrer dos anos. Também foram
abordados quais as especificidades da inteligência para a psicologia.
Para compreender melhor sobre ela, foram abordadas as concepções de
desenvolvimento, o que autores renomados falam sobre, e as inteligências
múltiplas.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre as inteligências múltiplas e como elas são
divididas.

50
Resumo da Disciplina

Dentre os inúmeros aspectos dessas duas ciências optou-se por abordar


aqueles de maior relevância para a sua formação, desde as bases históricas até
o funcionamento do cérebro propriamente dito, o que abordou-se na primeira
aula. A segunda aula trouxe os diferentes tipos de memória e sua importância
para a área da educação. Na terceira aula foram vistos os processos de
aquisição da leitura e da escrita. Para finalizar se trouxe os principais teóricos
que abordaram o tema inteligência e sua relação com o cérebro humano, além
de se abordar sobre as inteligências múltiplas.

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