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DISTÚRBIOS

NEUROLÓGICOS

Belo Horizonte
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................03

1. CONCEITOS DE NEUROPSICOLOGIA........................................................05

2. ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO PSIQUISMO...................................07

3. DOENÇAS NEUROLÓGICAS…………………………………………………...12

4. PATOLOGIAS PSIQUIÁTRICAS...................................................................14

5. SISTEMA NERVOSO: CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURA E FUNÇÕES.......16


6. RELAÇÕES ENTRE AS ÁREAS CEREBRAIS E FUNÇÕES CORTICAIS...20

7. AS BASES NEURAIS DAS EMOÇÕES........................................................26


8. NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTO DA
MENTE...........................................................................................................32

9. REFERÊNCIAS.............................................................................................38

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INTRODUÇÃO

Prezados alunos

Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação


daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.

As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.

Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos


colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e
melhorar nosso trabalho.

Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês


são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que:
aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação
dos nossos/ seus alunos.

Nesta primeira apostila introduzimos conceitos pertinentes à Ecologia e


discorreremos sobre os impactos negativos que acometem o meio ambiente
principalmente pelas atitudes do ser humano, algumas vezes por necessidade e
outras por falta de conscientização de que suas ações podem comprometer o futuro
da vida no planeta.

Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos


serem os mais importantes para a disciplina.

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Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de


redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.

Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar
Dúvidas e aprofundar os conhecimentos.

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1. CONCEITOS DE NEUROPSICOLOGIA

Fonte: www.elianemiotto.com.br

Segundo Luria (1981), a Neuropsicologia é a área específica da Psicologia que tem


como objetivo peculiar a investigação do papel de sistemas cerebrais individuais em
formas complexas de atividades mentais.
Assim Luria acreditava que o propósito da Neuropsicologia era:"…generalizar ideias
modernas concernentes à base cerebral do funcionamento complexo da mente humana e
discutir os sistemas do cérebro que participam na construção de percepção e ação, de fala
e inteligência, de movimento e atividade consciente dirigida a metas." (Luria,1981, p. 4).
Outros autores como Gil (2002) e Mello (1996) acreditam que a Neuropsicologia visa o
estudo dos distúrbios cognitivos, emocionais e comportamentais, bem como o estudo dos
distúrbios de personalidade provocados por lesões do cérebro, que é o órgão do
pensamento e, portanto, a sede da consciência.
A Neuropsicologia surgiu no final do século XIX, início do século XX, estudando os
soldados feridos de guerra, que tinham lesões cerebrais e alterações de comportamento,
memória, linguagem, raciocínio o que possibilitou maior compreensão do papel do cérebro
comandando esses processos. Contudo, somente no final do século XX, que ganhou maior
reconhecimento. Os anos 90 ficaram conhecidos como a "Década do Cérebro", uma vez

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que o aprimoramento de técnicas de neuroimagem possibilitou a confirmação das


interações entre as funções cognitivas e as áreas cerebrais.
Segundo Andrade & cols. (2004), sua criação deu-se a partir da convergência de várias
ciências como, por exemplo: a Psicologia experimental, destacando a importância do
estruturalismo (Wundt), funcionalismo (James) e behaviorismo (Watson e Skinner), com a
Neurologia focada nas alterações comportamentais e a fisiologia. A Psicologia
experimental buscava a compreensão dos comportamentos humanos, das diversas formas
de aprendizagem e das estruturas cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas. A
Neurologia das alterações comportamentais, por sua vez, buscava compreender como as
lesões cerebrais se relacionavam com o funcionamento das cognições e dos
comportamentos dos sujeitos.
Assim sendo com o estabelecimento da Neuropsicologia como campo integrador
dessas multiáreas, um novo e mais acurado método de investigação individual do sistema
nervoso e suas complexas formas de atividades foi desenvolvido.
Além de elucidar os mecanismos de ação por traz das funções cognitivas e dos
comportamentos, a Neuropsicologia tem um papel clínico bem definido que é o de atuar no
diagnóstico e consequente estabelecimento de programas reabilitatórios para indivíduos
com qualquer tipo de sequela neuronal.
Segundo o CFP existem 3 campos de atuações que são fundamentais na profissão do
Neuropsicólogo:
 Diagnóstico
Através do uso de instrumentos (testes, baterias, escalas) padronizados para avaliação
das funções cognitivas, o Neuropsicólogo irá pesquisar o desempenho de habilidades
como atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem,
habilidades acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções
motoras e executivas. Esse diagnóstico tem por objetivo poder coletar os dados clínicos
para auxiliar na compreensão da extensão das perdas e explorar os pontos intactos que
cada patologia provoca no sistema nervoso central de cada paciente. A partir desta
avaliação Neuropsicológica é possível estabelecer tipos de intervenção, de reabilitação
particular e específica para indivíduos e/ou grupos de pacientes com disfunções adquiras
ou não, genéticas ou não, primariamente neurológicas ou secundariamente a outros
distúrbios (Psiquiátricos).

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 Tratamento (Reabilitação)
Com o diagnóstico em mãos é possível realizar as intervenções necessárias junto aos
pacientes, para que possam melhorar, compensar, contornar ou adaptar-se às
dificuldades. Essas intervenções podem ser no âmbito do funcionamento cognitivo, ou
seja, no trabalho direto com as funções cognitivas (memória, linguagem, atenção, etc.) ou
com um trabalho muito mais ecológico, no ambiente de convivência do paciente, junto de
seus familiares, para que atuem como co-participantes do processo reabilitatório; junto a
equipes multiprofissionais e instituições acadêmicas e profissionais, promovendo a
cooperação na inserção ou re-inserção de tais indivíduos na comunidade quando possível,
ou ainda, na adaptação individual e familiar quando as mudanças nas capacidades do
paciente forem mais permanentes ou de longo prazo.
 Pesquisa
A pesquisa em Neuropsicologia envolve o estudo de diversas áreas, como o estudo das
cognições, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação
entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Para tais pesquisas o uso de testes
Neuropsicológicos é um recurso utilizado, para assim ter um parâmetro do desempenho do
paciente nas determinadas funções que estão sendo pesquisadas. Atualmente o uso de
drogas específicas, para estimulação ou inibição de determinadas funções, tem sido
usadas com frequência para observar o comportamento e o funcionamento cognitivo dos
sujeitos em dadas situações. Outra técnica que muito tem contribuído nas Neurociências e
com grande especificidade na Neuropsicologia é o uso de neuroimagem funcional por
Ressonância Magnética (fMRI) e tomografia funcional por emissão de pósitrons (PET-CT)
que permitem mapear determinadas áreas relacionadas a atividades específicas, como por
exemplo recordação de listas de palavras durante o exame. Portanto, fica claro que a
Neuropsicologia é um campo de trabalho e de pesquisa emergente, tanto para a
Psicologia, quanto para as Neurociências, avançando e contribuindo de forma única para a
compreensão do modo como pensamos e agimos no mundo.

2. ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO PSIQUISMO

A partir dos gametas, as células sexuais, que carregam 23 pares de cromossomos


que contém toda a herança genética dos pais, forma-se o zigoto, ou óvulo fecundado, com

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46 pares de cromossomos. A contínua divisão deste, vai formar os mais diferentes e


especializados tecidos, aparelhos e sistemas que vão constituir está maravilhosa e
complexa “máquina” que é o ser humano. Quando enfocamos a parte somática, fica
extremamente fácil entendermos a herança genética. Afinal todos temos olhos e narizes
que são muito parecidos, mas nunca iguais. Obedecemos um padrão de formação de
nossos fenótipos, o que nos caracteriza como espécie, embora guardemos uma
singularidade que nos faz únicos. Da mesma forma se comporta o psiquismo. Herdamos,
como espécie, um modo de desenvolvimento comum a todos, herdamos potenciais para
funcionar, porém cada um de nós um universo psíquico singular. Na diferenciação celular,
a placa embrionária externa invaginar-se-á, formando o tubo neural, que será a base para
a formação do sistema nervoso central. No centro do tubo, logo nas primeiras semanas da
vida embrionária, inicia-se a neurogênese ou formação de neurônios, cujo crescimento
máximo ocorre em torno da 20ª semana e praticamente se completa no 6º mês da vida
pré-natal, prolongando-se por toda a vida, embora de forma muito menos intensa e em
áreas específicas, como os hipocampos. Da 4ª semana até o nascimento, acontece um
intenso movimento de migração neuronal. Os neurônios recém-formados viajam longas
distâncias e enviam seus axônios e dendritos para ocuparem os lugares certos nas
sequências certas. Há uma inacreditável convocação química para orientar este processo.
As neurotrofinas são substâncias que protegem e orientam a migração e fixação e também
selecionam os neurônios. A 60 milionésimos de metro por hora eles viajam para seus
destinos apropriados, fixam-se e enviam seus axônios e dendritos para conectar outros
neurônios. As neurotrofinas vão atraindo ou repelindo os cones terminais crescentes até
que o destino final (velcro molecular) seja atingido. A “pavimentação” da estrada é feita
pelas células gliais. A grande “tarefa” é formar sinapses que durante toda a vida serão
revistas, feitas e desfeitas, conforme a demanda do cérebro. A sinaptogênese perdura por
toda a vida, assim como a mielinização e as ramificações (arborização). Obviamente a
arborização neuronal é muito mais intensa até o final da adolescência, quando o cérebro,
já maduro, necessita maior estabilidade.
O SNC (sistema nervoso central) tem cerca de 100 bilhões de neurônios, faz mais de 100
trilhões de sinapses e, em alguns casos, 10000 sinapses individuais para cada neurônio.
90% dos neurônios formados durante a vida fetal cometem “suicídio apoptótico” após o
nascimento. De 1 trilhão ficam apenas 100 bilhões mais adaptados e funcionais, por

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eliminação competitiva, devido a um processo pré-programado denominado “Morte Celular


Programada”. Por volta dos 5 a 6 anos de idade, existem mais sinapses que em qualquer
outro período da vida. Até o final da adolescência o cérebro “remove” (Poda das Conexões
Sinápticas) metade das conexões existentes. A seleção adequada leva à maturação
saudável, enquanto seleções ruins vão propiciar transtornos psicopatológicos. Alterações
na sinaptogênese podem proporcionar o substrato para o aprendizado, a maturidade
emocional e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras durante a vida. O
“exercício mental é importante para a manutenção da plasticidade (por maior demanda de
fatores neurotróficos). A inatividade pode resultar na “poda de sinapses enferrujadas”.
Todo este processo de “arquitetura” cerebral vai implicar, necessariamente, para seu
funcionamento, na Neurotransmissão, que pode ocorrer por contiguidade como se fosse
um complexo diagrama de “fios” enviando impulsos para suas conexões. O impulso elétrico
do 1º neurônio se transforma em químico na sinapse através do neurotransmissor, e volta
a ser elétrico nos receptores do 2º neurônio. Pode ocorrer também por volume ou difusão,
quando os neurotransmissores se difundem para locais distantes da sinapse (em outros
receptores compatíveis) por “baforadas” químicas num determinado raio de ação.
Quando analisamos o aspecto temporal, observamos que existem sinais de início rápido
que alteram em milissegundo o fluxo de íons. Tomaremos como exemplos o Glutamato
que é um neurotransmissor excitatório e o GABA que é inibitório. Os sinais de início lento
desencadeiam cascatas bioquímicas que podem durar horas ou dias (serotonina,
noradrenalina, dopamina). Sob a ótica da função constatamos eventos pré-sinápticos, onde
o DNA comanda, através do RNAm, a síntese de proteínas (fabricação de
neurotransmissores, enzimas, etc.) e a abertura e/ou fechamento de canais iônicos e,
consequentemente, eventos pós-sinápticos. Sendo liberado, o neurotransmissor procura
seus sítios-alvo (receptores) e desencadeia uma “cascata” de eventos bioquímicos que vão
“ligar ou desligar” genes que por sua vez vão sintetizar novas proteínas. O DNA também
pode “ordenar” a destruição das proteínas. O DNA contém todas as informações
necessárias para mediar a formação, o fortalecimento ou a desconexão de sinapses,
rápido crescimento e movimentação de axônios e dendritos. Alterações na expressão
gênica levam a modificação nas conexões e nas funções neuronais. Portanto, os genes
podem modificar o comportamento. Toda ocorrência mental resulta de uma função
cerebral. O aprendizado e as experiências ambientais também podem modificar os genes

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que serão expressos e, por conseguinte as conexões neurais. Os genes modificam o


comportamento e o comportamento modifica os genes. Se o fluxo normal da
neurotransmissão leva ao desenvolvimento, maturação e funcionamento cerebral sadios, a
neurotransmissão anormal provoca doenças. O conhecimento sobre os problemas
moleculares que acarretam no arranjo dinâmico dos neurônios e na neurotransmissão
pode explicar características de personalidade, aptidões, diferenças de gênero, de
inteligência, de memória, habilidades motoras e doenças. As hipóteses modernas apontam
no sentido de que os genes e seus produtos sejam influenciados por fatores ambientais na
gênese da personalidade.
 A Visão da Psicologia Analítica

O ser psíquico tem sua base em duas estruturas do SNC que regularão, em sua relação
entre si, o funcionamento mental. A grosso modo, o sistema límbico rege a vida instintivo-
emocional e a neocórtex rege a vida racional. É importante observar que as amígdalas,
responsáveis por todos os “disparos emocionais”, já estão completamente formadas ao
nascimento, enquanto que seus “filtros naturais”, os hipocampos, que estruturarão as
memórias racionais, só o estarão por volta dos 5-6 anos de idade e o “grande
operacionalizador” do psiquismo, o córtex pré-frontal, só vai estar inteiramente pronto na
adolescência, o que propicia algumas defasagens interessantes. O início da vida psíquica
é constituído de conteúdos puramente coletivos, pertinentes à espécie. O Inconsciente
Coletivo nada mais é do que o conjunto de arquétipos que contém o padrão organizador do
desenvolvimento psíquico. Estes potenciais são hereditários, assim como os que regem o
desenvolvimento corporal. O arquétipo é, portanto, um conceito genético. É uma
predisposição, um potencial para funcionar psiquicamente. O desenvolvimento individual
se processa segundo os mesmos padrões da evolução cultural. Os mitos são a expressão
cultural do inconsciente coletivo. As figuras mitológicas podem ser entendidas como a
própria expressão dos arquétipos, padrões organizadores da consciência individual e
cultural. A grande “tarefa” é formar consciência (ego) sobre 4 pilares fundamentais: o
ambiente, o corpo, a própria psique e o social. O ego se estrutura recolhendo dados cada
vez mais complexos. A estruturação visa a adaptação à realidade externa, tomando um
caminho socialmente aceitável, através da “Persona” (conjunto de papéis estruturados pela
tradição cultural). Veicula os símbolos sócio-sintônicos. Os símbolos não assimiláveis

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(sobrecarregantes ou sócio-distônicos) vão constituir o inconsciente pessoal ou “sombra”.


Depois de percorrido o caminho da estruturação, onde se afastava cada vez mais do
inconsciente, o ego tende a novamente aproximar-se deste, no sentido de exercer sua
criatividade e consolidar sua individualidade. Todo o caminho da consciência, iniciado no
nascimento e terminado na morte, é denominado Processo de Individuação, que
compreende fases evolutivas (dinamismos arquetípicos), que constatamos serem as
mesmas ocorridas na evolução cultural.

 Os Dinamismos Arquetípicos

Toda vivência externa ou interna é experimentada de forma simbólica e serve ao


propósito de estruturar a consciência. A capacidade de integrar o símbolo à consciência e
discriminá-lo adequadamente confere à personalidade um funcionamento sadio. Se não há
condição de assimilação saudável, o símbolo é envolto por mecanismos de defesa,
permanecendo inconsciente e formando a “Sombra Patológica”, causadora de sintomas
psicopatológicos, atuações, atos falhos, etc. A “Sombra Patológica” resulta de uma
impermeabilização do eixo Ego-Self (altos níveis de cortisol aumentam a atividade da
amígdala e diminuem a do hipocampo).
Os sintomas são a expressão da ação da “Sombra Patológica” sobre a personalidade,
através dos mecanismos de defesa (projeção, negação, repressão, racionalização,
deslocamento, etc., além das defesas psicóticas). O “EGO” regride aos pontos de fixação.
Quanto mais arcaicos, mais graves os sintomas. As defesas, embora resultem numa
conduta precária, protegem o EGO do colapso ou da fragmentação.
A partir da farmacoterapia e da psicoterapia, velhas memórias implícitas (inconscientes)
podem ser reformuladas pela criação de novas rotas neuronais. As vias neuronais
provenientes do córtex pré-frontal e do núcleo da rafe tem um efeito moderador sobre a
amígdala excitada. A psicoterapia opera, provavelmente, através do córtex pré-frontal, e os
medicamentos via rafe, promovendo neuroplasticidade com aumento de fluxo e
metabolismo, comprovados pela neuroimagem. A natureza regressiva da relação
transferencial permite o acesso e a ação da palavra sobre as memórias implícitas

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emocionais (amigdalianas). Estudos recentes demonstram que medicamentos


antipsicóticos, estabilizadores do humor, antidepressivos e ansiolíticos, além de suas
ações específicas, possuem efeito neuroprotetor, evitando a neurotoxicidade que leva à
atrofia e degeneração neuronal promovidas pelo estresse crônico. Os tratamentos mais
eficazes, os que propiciam maior neuroplasticidade, em menor tempo, são os que
combinam farmacoterapia e psicoterapia. Os símbolos provenientes do inconsciente
coletivo possuem uma extraordinária carga desintegrativa, mas por outro lado, são a fonte
de toda a criatividade humana.

3. DOENÇAS NEUROLÓGICAS

Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br

 Parkinson: Doença degenerativa caracterizada pela tríade tremor, rigidez e lentidão


que acomete cerca de 1% dos pacientes acima de 65 anos.

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 Tremor essencial: Nem todo paciente com tremor tem doença de Parkinson. Na
verdade, a maior causa de tremor no mundo é o tremor essencial, uma entidade na
maioria das vezes benigna e de padrão familiar.

 Outros distúrbios do movimento: Coréia, distonia, mioclonias, balismos têm


características peculiares e podem ser consequência de causas vasculares,
degenerativas ou infecciosas.

 Convulsões: São movimentos bruscos e involuntários de todo o corpo resultantes de


descargas elétricas anormais no cérebro. Podem ser benignas quando relacionadas
à febre, ao uso de substâncias ou na epilepsia da infância - ou malignas quando
resultantes de tumores cerebrais de rápida evolução.

 Alzheimer: É a doença neurodegenerativa mais comum no mundo, afetando cerca


de 15% dos idosos acima dos 65 anos. O quadro típico é a desorientação temporal-
espacial que não deve ser confundida com os lapsos normais do idoso. A
progressão da doença é inexorável, mas variável, dependente de fatores genéticos
e uso precoce de medicamentos específicos.

 Derrame cerebral (AVC): Causa mais comum de morte e incapacidade, resulta da


oclusão aguda de vasos cerebrais, geralmente nos idosos, hipertensos, diabéticos,
fumantes e com colesterol alto. O reconhecimento dos sintomas é fundamental para
a minimização de sequelas, já que o tratamento de desobstrução do coágulo deve
ser feito nas primeiras 4.5 horas.

 Dores de cabeça: Existem dezenas de causas, mas as duas mais comum são a
enxaqueca e a cefaléia tensional, ambas de caráter benigno. Às vezes podem
coincidir. As náuseas é a marca registrada da enxaqueca enquanto a dor em faixa
sobre a testa é tipicamente tensional. Atividade física regular é a principal arma
contra qualquer tipo de dor.

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 Meningite: É a infecção das camadas mais externas do cérebro que provoca dor de
cabeça lancinante, febre e rigidez de nuca. Quando há alteração de consciência ou
convulsões muda de nome: meningoencefalite. Os germes causadores dependem da
idade e do estado imunológico. É uma emergência médica.

 Esclerose Múltipla: É uma doença autoimune que afeta a substância branca do


cérebro podendo gerar uma série de sintomas, alguns muito parecidos com um
derrame. Afeta pacientes jovens e hoje conta com uma ampla gama de opções
terapêuticas bastante eficazes.

 Doenças da medula espinhal: ou mielopatias. Podem ser agudas ou crônicas. São


afecções neurológicas caracterizadas por lesões da medula espinal em
consequência de processos infecciosos, doenças autoimunes, doenças sistêmicas
com repercussão neurológica ou entidades idiopáticas isoladas. Os principais
sintomas são paralisa das pernas, perda de sensibilidade e do controle esfincteriano.
Na maioria das vezes o prognóstico é bom.

 Doenças neurológicas funcionais: Tratam-se de manifestações neurológicas variadas


(dor, tonturas, paralisias, desmaios sensações anormais na pele etc) onde o problema
reside na má conexão ou funcionamento entre neurônios, mas SEM lesão neurológica
demonstrável.

4. PATOLOGIAS PSIQUIÁTRICAS

Os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, ao menos 20% da


população mundial. No Brasil, os cuidados com a saúde mental no sistema público
sofreram uma reforma que começou há quase 20 anos e que procura evitar as
internações em hospitais psiquiátricos, criando mecanismos de diagnóstico e
tratamento mais amplos, com equipes multidisciplinares. Um dos exemplos da mudança
é a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, implantados no Brasil em
1986 e que hoje já somam 1.620 em todo o país. Apesar das mudanças, especialistas

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na área consideram a rede de atendimento público ainda insuficiente. Das 436


unidades básicas de saúde do município de São Paulo, por exemplo, 122 oferecem
atendimento psiquiátrico, menos de 30%. Segundo dados da Secretaria Municipal de
Saúde, nenhum hospital municipal faz atendimento ambulatorial psiquiátrico, como
consultas agendadas, por exemplo, e apenas sete hospitais e três prontos-socorros de
gestão municipal atendem emergências. “O resultado disso é uma sobrecarga aos
serviços dos hospitais-escola pela ineficiência do sistema ambulatorial das unidades
básicas de saúde. Todos os dias pelo menos 10 pedidos de internação psiquiátrica não
podem ser atendidos na cidade porque não há vagas”, explica Valentim Gentil Filho,
chefe do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, transtornos mentais são a segunda
causa dos atendimentos de urgência. Uma pesquisa da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) de 2006 realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) de Marília, no interior de São Paulo, mostrou que 16% dos pacientes atendidos
apresentaram transtornos mentais e do comportamento.

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 Transtornos comuns
As doenças psiquiátricas mais comuns na população são a depressão e os
transtornos de ansiedade. Segundo o médico do departamento de psiquiatria da Unifesp
Adriano Resende Lima, aproximadamente 10% das mulheres e 6% dos homens vão ter um
episódio depressivo ao longo da vida. “Hoje a depressão é o segundo maior problema de
saúde pública no mundo, de acordo com dados da OMS [Organização Mundial da Saúde].
É importante a população saber que transtornos depressivos e ansiosos são comuns e
causam grande impacto”, explica o psiquiatra. Segundo ele, é preciso diferenciar
sofrimentos emocionais comuns de um transtorno depressivo. “Não é qualquer tristeza que
é depressão. No caso da doença, há uma tristeza profunda, o indivíduo tem um grande
grau de sofrimento, desânimo acentuado e há a perda da vontade e da capacidade de
realizar tarefas. Nesses casos, a família geralmente fica mobilizada e o indivíduo fica
inativo, improdutivo. ”
Os transtornos ansiosos são: pânico, com incidência de 3,5% na população; e o
transtorno de ansiedade generalizada, com 3,4%. A esquizofrenia é uma doença
considerada rara, que afeta 1% da população. Há duas linhas complementares de
tratamento para os transtornos mentais comuns: o farmacológico, com remédios, e o
psicoterapêutico, com diferentes tipos de terapia. Para a depressão e ansiedade
geralmente são ministrados antidepressivos, que variam de acordo com a natureza do
caso.

5. SISTEMA NERVOSO: CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURA E FUNÇÕES.

Para analisarmos o sistema nervoso central, é importante termos uma visão geral do
Sistema Nervoso como um todo.
A partir de um núcleo central, distribuem-se por todo o corpo as ramificações mais variadas
da complexa estrutura nervosa. Popularmente, usa-se o termo “cérebro” para identificar a
capacidade racional do homem, o que constitui uma imprecisão. Na verdade, é de todo o
sistema nervoso que dependem as atividades consideradas humanas.
Além disso, a caixa óssea do crânio não contém apenas o cérebro, como se julga
erradamente -, mas uma estrutura muito maior, o encéfalo -, da qual o cérebro é parte

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integrante. Este se divide em duas partes simétricas (hemisférios direito e esquerdo),


ligadas entre si por feixes de fibras nervosas.
O cérebro compreende ainda o diencéfalo, situado entre os dois hemisférios, quase
escondido por eles. Estrutura de grande importância, é responsável pela ligação entre o
sistema nervoso e as glândulas de secreção interna. Além do cérebro, fazem parte do
encéfalo o cerebelo e o tronco cerebral. O primeiro exerce importante papel na
manutenção do equilíbrio corporal e controla as atividades dos diversos grupos
musculares; o tronco cerebral une todas as partes do encéfalo à medula espinhal.
Esse conjunto contido na caixa craniana forma apenas uma parte do sistema nervoso, que
continua pelo tronco abaixo, com a medula espinhal, também protegida por uma caixa
óssea: superpostas e interligadas, as vértebras humanas constituem um canal único.
Protetor da medula.
O encéfalo e a medula espinhal formam uma unidade que constitui o eixo a partir do
qual o sistema nervoso coordena todo o corpo humano. É o neuro-eixo, ou sistema
nervoso central.

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Fonte: www.anatomiadocorpo.com

À medida que cresce, o indivíduo se torna apto a desempenhar funções cada vez
mais diferenciadas. Aprende a falar, a manipular objetos, a controlar e dirigir movimentos
que, pouco a pouco, se tornam automáticos. A aprendizagem é uma capacidade
característica do homem e, como o emprego da lógica, do raciocínio e da capacidade de
abstração, só existe graças ao sistema nervoso, que comanda inclusive o funcionamento
dos órgãos que compõem o corpo humano. E ele que orienta as funções das vísceras,
regula o funcionamento das glândulas e através de inúmeros receptores, capta as
sensações do mundo exterior ou do próprio organismo e se encarrega de preparar
respostas para essas sensações. No entanto, a vasta multiplicidade de funções
desempenhadas pelo sistema nervoso humano não depende apenas do neuro-eixo. Além
do sistema nervoso central existe também uma ampla estrutura periférica que difunde os
estímulos e sensações pelo corpo.

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 Nervos espinhais e cranianos


Trinta e três pares de nervos espinhais e doze pares de nervos cranianos, que emergem,
respectivamente, da medula e do encéfalo, constituem uma parte do sistema nervoso
periférico. Também pertencem à periferia os nervos simpáticos, que inervam as vísceras e
controlam seu trabalho. Enquanto uma parte de toda a estrutura nervosa (sistema nervoso
central e sistema nervoso (periférico) coloca o indivíduo em contato com o meio, outra
parte destina-se a manter em funcionamento o organismo do homem, controlando a vida
vegetativa ou visceral. A primeira é a porção somática e a segunda corresponde
ao sistema nervoso autônomo (também conhecido como sistema simpático), pois o
trabalho dos órgãos internos independe do controle do indivíduo. Todas essas divisões
podem ser consideradas apenas para facilitar a compreensão da complexa unidade que
constitui o sistema nervoso humano. O encadeamento das partes é tão perfeito que é
impossível em termos absolutos pensar em dividi-lo, mas também é quase impossível
tentar compreendê-lo sem estabelecer uma classificação teórica.

 Unidade vital: Sistema Nervoso Central


Todo o sistema nervoso funciona a partir de cada uma das células nervosas que o
constituem: os chamados neurônios. Células muito especializadas, são capazes de captar
estímulos exteriores, como calor, frio, dor (irritabilidade), e de conduzir os estímulos
através do organismo, sob a forma de impulso nervoso (condutibilidade). Essas atribuições
são exclusivas e cumpridas por numerosos neurônios.
Para executar suas importantes funções, as células nervosas têm constituição especial.
Como as outras células do organismo, o neurônio também possui um núcleo e um
citoplasma, embora apresente muitas variedades. No citoplasma das células nervosas
existem elementos característicos: As neurofibrilas e os corpúsculos de Nissl (nome dado
em homenagem ao cientista que os descreveu); e ainda dois tipos de prolongamentos
exclusivos: o axônio (do grego axoon, eixo), também chamado cilindroeixo, e os dendritos.
Existe apenas um axônio para cada célula.

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Às vezes ele chega a medir alguns metros e, em outras células, tem apenas poucos
milímetros. Ao longo de seu percurso, em geral possui poucas ramificações e acaba por
estabelecer contato com outra célula nervosa, um músculo ou uma glândula. O axônio é
constituído por neurofibrilas, em continuação das que compõem o corpo da célula, com a
diferença de que, no trecho pertencente ao cilindro-eixo, estas são envoltas por uma
membrana comum, o axolema. Além do axolema, outra membrana envolve o axônio de
certos neurônios, sem recobrir a porção inicial e a terminal. E uma substância gordurosa,
esbranquiçada, chamada mielina (do grego mie/o, medula). O conjunto formado pelo
axônio e suas membranas constitui uma fibra nervosa; no tecido nervoso podem ser
observados os feixes de fibras nervosas que caracterizam a substância branca, envolvidos
pela mielina. E, nos trechos dos corpos celulares em que não há invólucro de mielina, o
tecido apresenta a cor acinzentada dos corpos celulares e porções de fibra sem o
revestimento de mielina: é a substância cinzenta.
Os outros prolongamentos da célula nervosa – os dendritos – são numerosos, curtos
e muito ramificados. A partir do Sistema Nervoso Central, difundem-se por todo o corpo os
feixes de fibras nervosas, chamados nervos. Alguns têm a finalidade de conduzir os
impulsos que partem do eixo central até os músculos, glândulas ou vísceras: são
constituídos, sobretudo, por fibras motoras ou eferentes. Em contrapartida, outros levam os
impulsos captados pela periferia (pele, músculos, vísceras) até o neuro-eixo: nestes
predominam as fibras sensitivas ou aferentes.

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Ao longo desses feixes existem agrupamentos de células, os gânglios nervosos, que


funcionam como retransmissores dos impulsos. Apenas as ordens motoras dirigidas aos
músculos não passam por essa etapa: vão do neuro-eixo aos músculos, sem passar pelos
gânglios. Na estrutura do sistema nervoso, os neurônios ficam todos ligados uns aos
outros, formando as chamadas cadeias neuronais. Por essas cadeias, os impulsos
nervosos caminham e são retransmitidos. A ligação entre um neurônio e outro,
denominada sinapse, é feita entre a terminação do axônio de uma célula e os dendritos ou
‘o corpo celular de outra. A direção do impulso é do corpo celular para o axônio. A sinapse
é o “interruptor” encarregado de ligar ou desligar uma célula nervosa de outra.

6. RELAÇÕES ENTRE AS ÁREAS CEREBRAIS E FUNÇÕES CORTICAIS

A Neurologia cresce exponencialmente, mas ainda é uma área desafiadora, pois a cada
dia descobrimos que o cérebro não pode ser rigidamente mapeado. Existem variações
anatômicas e funcionais de indivíduo a indivíduo. Existem também as recuperações
funcionais após uma lesão encefálica, que fazem com que nós percebamos que o cérebro
é de fato uma máquina excepcional.
Algumas teorias já foram comprovadas em populações gerais, esquecendo-se os desvios
padrões. Muitas áreas cerebrais já podem ser relacionadas a determinadas funções em
indivíduos saudáveis. Assim, segue abaixo um resumo prático da estrutura e função do
córtex cerebral.

O cérebro humano pode ser dividido em áreas de projeção e áreas de associação.


As áreas de projeção são as chamadas áreas primárias e relacionam-se diretamente com

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a sensibilidade ou com a motricidade. As áreas de associação são aquelas que não se


relacionam diretamente com a motricidade ou a sensibilidade – são as áreas secundárias.
As áreas de projeção podem ser divididas em áreas sensitivas primárias e área motora
primária.
 Áreas Sensitivas Primárias
A Área Somestésica ou área da sensibilidade somática geral está localizada no giro pós-
central. É onde chegam as radiações talâmicas que trazem impulsos nervosos
relacionados à temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade
contralateral do corpo. Existe correspondência entre as partes do corpo e as partes da área
somestésica (somatotopia). Para representar essa somatotopia, existe o homúnculo
sensitivo e nele chama a atenção a área de representação da mão, especialmente dos
dedos, o qual é desproporcionalmente grande.

Isso confirma que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo depende da
importância funcional desta parte e não de seu tamanho. Lesões da área somestésica
podem ocorrer, por exemplo, como consequência de AVCs que comprometem as artérias
cerebral média ou cerebral anterior. Há então perda da sensibilidade discriminativa do lado
oposto à lesão. Perde-se a capacidade de discriminar dois pontos, perceber movimentos
de partes do corpo ou reconhecer diferentes intensidades de estímulos (perde a
estereognosia).
 A Área Visual localiza-se nos lábios do sulco calcarino no lobo occipital, sendo
responsável pela recepção visual do campo visual oposto. Sua ablação bilateral
causa cegueira completa.

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 A Área Auditiva está situada no giro temporal transverso anterior. Nela chegam
fibras da radiação auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. Lesões
bilaterais causam surdez completa. Lesões unilaterais causam déficits pequenos,
pois as vias não são totalmente cruzadas.
 A Área Vestibular localiza-se no lobo parietal em uma região próxima ao território
da área somestésica correspondente à face. Portanto, está mais relacionada com a
área de projeção da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva, informando
sobre a posição e o movimento da cabeça.
 A Área Olfatória está situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal.
Sua lesão pode causar alucinações olfatórias.
 A Área Gustativa localiza-se na porção inferior do giro pós-central (lobo parietal),
próxima à ínsula, em uma região adjacente à parte da área somestésica
correspondente à língua. Lesões provocam diminuição da gustação na metade
oposta da língua.
 Área Motora Primária
Ocupa a parte posterior do giro pré-central. Igualmente ao homúnculo sensitivo, a mão é
representada desproporcionalmente, demonstrando que a extensão da representação
cortical é proporcional à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares
envolvidos. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo – através
do qual recebe informações do cerebelo, com a área somestésica e com as áreas pré-
motora e motora suplementar. Por sua vez, a área motora primária dá origem à maior parte
das fibras dos tratos córtico-espinal e córtico-nuclear, principais responsáveis pela
motricidade.
As áreas de associação, por sua vez, podem ser divididas em áreas de associação
secundárias e áreas de associação terciárias.
 Áreas de Associação Secundárias:

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Áreas de Associação Secundárias Sensitivas. São três: área somestésica secundária


(situada no lobo parietal, logo atrás da área somestésica primária); área visual secundária
(localizada no lobo occipital e se estendendo ao lobo temporal); e a área auditiva
secundária (situada no lobo temporal). As áreas secundárias recebem aferências
principalmente das áreas primárias correspondentes e repassam as informações recebidas
às outras áreas do córtex.
Para que se possa entender melhor o significado funcional das áreas secundárias, cabe
descrever os processos mentais envolvidos na identificação de um objeto. Na etapa de
sensação, toma-se consciência das características sensoriais do objeto. Na etapa de
interpretação (gnosia), tais características sensoriais são comparadas com o conceito do
objeto existente na memória do indivíduo, o que permite sua identificação. A etapa de
sensação faz-se na área primária; já a etapa de interpretação envolve processos psíquicos
mais complexos que dependem da integridade das áreas de associação secundárias. Em
casos de lesões das áreas de associação secundárias, ocorrem os casos clínicos
denominados agnosias, nos quais há perda da capacidade de reconhecer objetos, apesar
das vias sensitivas e das áreas de projeção cortical estarem normais. Distinguem-se
agnosias visuais, auditivas e somestésicas, estas últimas geralmente táteis.
Áreas de Associação Secundárias Motoras. São adjacentes à área motora primária,
relacionando-se com ela. Lesões dessas áreas frequentemente causam apraxias, onde há
incapacidade de executar determinados atos voluntários, sem que exista qualquer déficit
motor (áreas relacionadas com o planejamento do ato voluntário).
A área motora suplementar situa-se na face medial do giro frontal superior. Suas principais
conexões são com o corpo estriado via tálamo e com a área motora primária. Relaciona-se
com a concepção ou planejamento de sequências complexas de movimentos e é ativada
juntamente com a área motora primária quando esses movimentos são executados, mas é
ativada sozinha quando a pessoa é solicitada a repetir mentalmente a sequência dos
movimentos.
A área pré-motora localiza-se no lobo frontal na face lateral do hemisfério. Nas lesões
dessa região, os músculos têm sua força diminuída (musculatura axial e proximal dos
membros). Projeta-se também para a área motora primária e recebe aferências do
cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. Através da via córtico-
retículo-espinal, que nela se origina, a área pré-motora coloca o corpo em uma postura

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básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados, a cargo da


musculatura mais distal dos membros.
A área de Broca está situada no giro frontal inferior e é responsável pela programação da
atividade motora relacionada com a expressão da linguagem. Lesões da área de Broca
resultam em déficits de linguagem (afasias). A área de Broca está situada em frente à parte
da área motora que controla os músculos relacionados com a vocalização.
 Áreas de Associação Terciárias:
Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas
secundárias e são responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias
comportamentais.
A Área Pré-Frontal compreende a parte anterior não-motora do lobo frontal. Ela recebe
fibras de todas as demais áreas de associação do córtex, ligando-se ainda ao sistema
límbico. Esta região está envolvida pelo menos nas seguintes funções: escolha das opções
e estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e social do indivíduo,
assim como a capacidade de alterá-los quando tais situações se modificam; manutenção
da atenção; e controle do comportamento emocional.
A Área Temporo-Parietal compreende todo o lobo parietal inferior, situando-se entre as
áreas secundárias auditivas, visual e somestésica, funcionando como centro que integra
informações recebidas dessas três áreas. É importante para a percepção espacial e
esquema corporal. Lesões nessa área originam a Síndrome da Heminegligência (e a
Síndrome de Pusher), muito mais comum em lesões de hemisfério direito (mais
relacionado com processos visuo-espaciais).
As Áreas Límbicas compreendem o giro do cíngulo, o giro para-hipocampal e o
hipocampo. Essas áreas estão relacionadas principalmente com a memória e o
comportamento emocional.

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Abaixo segue uma tabela que resume as áreas cerebrais, distinguindo suas relações
anatômicas e funcionais.

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7. AS BASES NEURAIS DAS EMOÇÕES

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Fonte: mundodapsi.com

As emoções são parte fundamental da experiência humana, pois está associada


com o relacionamento do ser humano com outras pessoas, nos momentos ou sensações
de perigo e na transmissão de alegria, dor, tristeza, podendo muitas vezes causar
problemas, como por exemplo, no caso do estresse ou ansiedade diante de algo ou
alguém. Conhecemos atualmente, diversas patologias advindas do mau funcionamento
das emoções, consequentemente do sistema límbico como estruturas biológicas, não
esquecendo, porém de mencionar o funcionamento psíquico do sujeito, tais como:
transtorno bipolar, pânico, fobias, ansiedade generalizada, depressão, entre outras.
A compreensão do funcionamento psicobiológico das emoções e suas patologias, auxiliaria
o desenvolvimento de pesquisas com a finalidade de tratar esses transtornos, no âmbito
psicológico e psicofarmacológico se for o caso, devolvendo aos sujeitos uma melhora em
sua qualidade de vida individual e social. O presente artigo busca descrever o
funcionamento do sistema límbico e sua relação com as emoções. A metodologia utilizada
para o desenvolvimento do trabalho foi a pesquisa de artigos científicos, periódicos
relacionados ao tema, além de livros que tratam sobre o assunto. A pesquisa, portanto,

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busca descrever o modo de funcionamento neuroantômico e neurofisiológico das emoções.

Teoria Da Emoção
As emoções referem-se a sensações subjetivas que ocorrem em resposta imediata
a estímulos externos que envolvem avaliação subjetiva, processos fisiológicos e crenças
cognitivas.
No século XIX, cientistas como Darwin e Freud, consideraram o papel do encéfalo na
expressão das emoções, onde eram observadas as expressões das experiências
emocionais dos animais e humanos. O psicólogo americano William James em 1984,
propôs que a emoção era a resposta das alterações fisiológicas em nosso organismo, essa
teoria foi contestada por Cannon? Bard, em 1987 que criticou de modo persuasivo a teoria
de James; propondo que a experiência emocional pode ocorrer independente de uma
expressão emocional; onde as emoções podem ser experimentadas mesmo quando não
sentimos as mudanças fisiológicas acontecerem. Trabalhos subsequentes demonstram
que as teorias propostas desde os tempos de James, Lange, Canon e Bard, tem seus
méritos, pois na predição da teoria de Cannon, apesar de o medo e a raiva terem
respostas diferentes estão associados por ter respostas fisiológicas distinguíveis, apesar
de ativarem o Sistema Neurovegetativo (SNV). Em estudos com homens adultos com
lesão na medula, encontrou diminuições relatadas nas experiências emocionais, esse
resultado pode ser utilizado para reviver a teoria de James (BEAR, 2002). O termo sistema
límbico foi popular no ano de 1952, pelo fisiologista americano Paul MacLean. Na metade
do século XIX e início do século XX, as relações entre o corpo e a mente começaram a ser
investigada pela Filosofia, Psicologia, a Psicanálise e a Biologia, onde voltava o interesse
para os processos cognitivos relacionados aos processos mentais, conectadas a memória,
raciocínio e aprendizagem (SILVA,2010).
Com o desenvolvimento de novas técnicas de pesquisas em neurofisiologia e
neuroimagem, ficou mais interessante os estudos neurais nos processos das emoções no
Sistema Límbico, como também no reconhecimento das áreas relacionadas ao processo
da cognição, motivação e memória. Segundo o autor SILVA (2010, p.387) "ademais, as
emoções estão geralmente acompanhadas por respostas autonômicas, endócrinas e
motoras esqueléticas, que dependem de áreas subcorticais do Sistema Nervoso, as quais
preparam o corpo para a ação."

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A Neuroanatomia E Neurofisiologia Do Sistema Límbico


O sistema límbico é formado por estruturas pertencentes a região cortical e subcortical,
por alguns núcleos nervosos e por conexões nervosas que interligam as estruturas;
repetindo as mesmas funções hipotalâmicas com a diferença de as mesmas serem mais
elaboradas e, sofrerem ação do neocórtex. O neurologista francês Paul Broca, publicou um
artigo no ano de 1878, onde designou que a coleção de áreas corticais encontradas na
superfície medial do cérebro, como sendo sistema límbico, pois formam uma borda ao
redor do tronco encefálico. Segundo o autor Bear (2002, p. 584) "de acordo com essa
definição o lobo límbico consiste do córtex ao redor do corpo caloso, principalmente no giro
cingulado, e o córtex na superfície medial do lobo temporal, incluindo o hipocampo."
Por volta de 1930, James Papez, acreditava que houvesse um sistema da emoção que
ligaria como o córtex e o hipotálamo, de forma anatômica os componentes do circuito de
Papez estão interconectados e essas estruturas envolve a emoção, que é constituído pelo
circuito básico das emoções que composto pelo giro do cíngulo, giro parahipocampampal,
hipocampo, fórnix, corpo mamilar, núcleos anteriores do tálamo.
No circuito de Papez, o hipotálamo governa a expressão comportamental da emoção. O
hipotálamo e o neocórtex estão arranjados de tal forma que um pode influenciar o outro,
ligando, assim, a expressão e a experiência da emoção. No circuito, o córtex cingulado
afeta o hipotálamo através do hipocampo e do fórnix (o grande feixe de axônios que deixa
o hipocampo), enquanto que o hipotálamo afeta o córtex cingulado pelo tálamo anterior. O
fato de que a comunicação entre o córtex e o hipotálamo seja bidirecional significa que o
circuito de Papez é compatível com ambas as teorias da emoção, a de James-Lange e a
de Cannon? Bard (BEAR,2002, p.586). Em 1949, McLean propôs que o conceito de
cérebro visceral, era composto pelo rinencéfalo, giro do cíngulo, giro parahipocampal e
hipocampo; essas hipóteses foram corroboradas em 1977, por Lockard, que afirmou que
estas áreas anatômicas eram comuns a todos os mamíferos e responsáveis pelas funções
de comer, beber e reprodução (BARRETO,2010). O hipotálamo é uma parte importante do
sistema límbico, pois controla a temperatura corporal, o impulso para comer e beber, o
controle do peso corporal e algumas funções vegetativas do encéfalo que está intimamente
relacionada ao comportamento. O hipotálamo é uma estrutura distinta do sistema límbico,
sendo um dos elementos centrais do sistema e ao seu redor ficam as estruturas

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subcorticais, incluindo o septo, a área paraolfativa, o epitálamo, o núcleo anterior do


tálamo, parte dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala. E, circundando estás
áreas, encontram-se o córtex cerebral, área orbitofrontal que fica situado na superfície
ventral dos lobos frontais, entendendo-se para o giro subcaloso, anterior ao corpo caloso e
o giro do cíngulo; e, por fim, descendo para a superfície ventromedial do lobo temporal
para o giro para-hipocampal e o uncus. O paleocórtex, que é um anel que circunda as
estruturas profundas intimamentes associadas ao comportamento geral e ás emoções,
funcionando em comunicação bidirecional e ligações associativa entre o neocórtex e as
estruturas límbicas inferiores (GUYTON,1991). O sistema límbico está relacionado às
emoções, em uma complexa relação entre a emoção-razão que se tornou recorrente no
pensamento de diferentes filósofos. A origem dos estudos da emoção no cérebro é algo
recorrente na neurociência que nos remete a época de Aristóteles que falava de uma alma
sensível ligada à emoção e uma alma racional ligada a cognição. Desde muitos anos, que
fisiologistas, filósofos, neurocientistas vem descobrindo os avanços da emoção no
cognitivo. Recentemente cientistas da Universidade de Stanford, Robert Zajonc e da
Universidade de Berkeley, Richard Lazarus entraram em debates sobre os sistemas
neurais da emoção. O cientista Zajonc afirma que o julgamento emocional era fruto da
preparação dos organismos para lutar e fugir e que viam da amígdala, e que respondiam
sem o processo da cognição. Enquanto Lazarus arguiu que a emoção não pode ocorrer
sem uma avaliação cognitiva se experimentarmos sinais de alerta no sistema nervoso
autônomo, nossa resposta vai depender da situação em que é enfrentada pelo indivíduo.
As pesquisas da neurociência têm respondido que os dois cientistas estão certos, por
incrível que pareça, pois, os sistemas neurais da emoção e cognição são independentes e
interdependentes. O sistema límbico é ampliado em um circuito neural que juntos invocam
um papel em diferentes tarefas emocionais, onde é formado pelo hipocampo, hipotálamo,
giro do cíngulo, amígdala, tálamo, núcleos somatossensorial e córtex orbitofrontal
(GAZZANIGA, 2006). A amígdala possui o papel de processar o significado emocional dos
estímulos e gera reações emocionais e comportamentais imediatos. Interagindo com
outros sistemas da memória, particularmente o de memória hipocampal, quando existem
eventos explícitos ou declarativos das propriedades emocionais dos estímulos é de
fundamental importância para aquisição e expressão do aprendizado emocional adquirido
na resposta condicionada aversiva, existe dois modos principais de interação da amígdala

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com a interação da memória declarativas dependentes do hipocampo. O córtex


orbitofrontal tem o papel de regular nossas habilidades de inibir, avaliar e agir com
informação emocional e social, dependendo da tarefa a ser decidida, alguns fatores desses
pode ser mais importante que outros. Se nossa habilidade de processar qualquer
informação está prejudicada, a tomada de decisão ficará alterada, possuindo uma
relevância para processar, avaliar e filtrar informações sociais e emocionais
(GAZZANIGA,2006).
Podemos observar a importância do sistema límbico no papel das atividades
realizadas pelo indivíduo, e no processamento dessas atividades, armazenamento e
avaliação.

As Bases Neurais Das Emoções


As vias neuronais do sistema límbico são conectadas entre si, integradas
funcionalmente, ao nível do sistema nervoso autônomo, onde são processadas e
ocorrendo um refinamento ao nível das vísceras. Prazer e Recompensa. É uma das
emoções mais antigas a ser estudadas pelos os neurofisiologistas devido a finalidade do
estabelecer a relação do funcionamento cerebral e o circuito encefálico específico. Alguns
cientistas relatam que o centro de recompensa pode ser prolongado até o tronco cerebral.
O centro da recompensa está relacionado ao feixe prosencefálico medial, nos núcleos
lateral e ventromedial do hipotálamo, havendo conexões com o septo, a amígdala, algumas
áreas do tálamo e os gânglios da base. Já o centro de "punição" é descrito com localização
na área cinzenta central que rodeia o aqueduto cerebral de Sylvius, no mesencéfalo,
estendendo-se às zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo, estando relacionado à
amígdala e ao hipocampo e, também, às porções mediais do hipotálamo e às porções
laterais da área teg mental do mesencéfalo (BARRETO,2010,389-390).
Alegria
É associado ao amor, com respostas de expressões faciais de felicidade. Os
gânglios basais, incluindo o estriado ventral e o putâmen, são ativados com a indução da
alegria.
Os gânglios basais recebem uma rica inervação de neurônios dopaminérgicos do sistema
mesolímbico, intimamente relacionados à geração do prazer, e do sistema dopaminérgico
do núcleo estriado ventral. A dopamina age de modo independente, utilizando receptores

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opióides e gabaérgicos no estriado ventral, na amígdala e no córtex órbito-frontal, algo


relacionado a estados afetivos (como prazer sensorial), enquanto outros neuropeptídeos
estão envolvidos na geração da sensação de satisfação por meio de mecanismos
homeostáticos (BARRETO,2010, p.390).
Medo
A amígdala e o hipotálamo estão relacionados a sensação de medo e raiva e, é a
amígdala responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao
medo.
A lesão da amígdala em humanos produz redução da emotividade e da capacidade de
reconhecer o medo. [...] A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as
áreas do córtex cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais. [...]. Os
núcleos basolaterais são as principais portas de entradas da amígdala, recebendo
informações sensoriais e auditivas; já a via amigdalofugal ventral e a estria terminal
estabelecem conexão com o hipotálamo, permitindo o desencadeamento do medo
(BARRETO,2010, p.390).
Raiva
A raiva é manifestada por comportamentos agressivos, sendo uma das emoções
bastante diferenciadas, pois possui como objetivo de um conjunto reflexos de atacar, lutar
e ganhar. Está associada ao hipotálamo, no século XX em um estudo realizado por Flynn
(1960), foi "identificado que esses comportamentos agressivos eram provocados pela
estimulação de áreas específicas do hipotálamo localizadas no hipotálamo lateral e medial,
respectivamente" (BARRETO,2010, p.391).
Reações de luta-fuga
O Sistema Nervoso Autônomo está diretamente envolvido com a situação de luta-
fuga e no processo de imobilização, onde é caracterizado pela capacidade do indivíduo de
percepção a respeito da segurança ou ameaça ao meio em que se encontra.
Em um ambiente ameaçador a amígdala estará livre para desencadear estímulos
excitatórios sobre a região lateral e dorsolateral da substância cinzenta periaquedutal, que
então estimula as vias do trato piramidal, produzindo respostas de luta e/ou fuga
(BARRETO, 2010,p.391).
Tristeza

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A tristeza gera lentidão nos processos fisiológicos e pode estar conectada no


mesmo pólo da depressão, apesar de a tristeza ser algo fisiológico e a depressão, algo
patológico, mas estão relacionadas neurofisiologicamente. Segundo Barreto (2010, p. 391),
"esse sentimento relaciona-se a ativação de áreas centrais, como os giros occipitais inferior
e medial, giro fusiforme, giro lingual, giros temporais póstero-medial e superior e amígdala
dorsal, ressaltando-se, também, a participação do córtex pré-frontal dorsomedial"
Emoção e razão
As informações passam pelo sistema límbico e paralímbicas, para adquirirem
significado emocional, que regiões do córtex frontal e pré-frontal estão relacionadas com a
tomada de decisão e no processo de autonomia. No complexo Córtex Órbito-Frontal (COF)
/ Córtex Pré-frontal (CPF), mantém importante papel com a amígdala, a ínsula, hipotálamo
e córtex cingulado anterior e o córtex orbital, na integração entre a emoção/razão
(BARRETO,2010).

8. NEUROCIÊNCIA, UMA FORMA DE ENTENDER O COMPORTAMENTO DA


MENTE

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Fonte: amenteemaravilhosa.com.br

A neurociência tradicionalmente tem como objetivo entender o funcionamento do


sistema nervoso. Tanto em nível funcional como estrutural, essa disciplina tenta saber
como o cérebro se organiza. Nos últimos anos ela foi mais além, querendo não apenas
saber como funciona o cérebro, mas também a repercussão que esse funcionamento tem
sobre nossos comportamentos, nossos pensamentos e nossas emoções. O objetivo de
relacionar o cérebro com a mente é tarefa da neurociência cognitiva. É uma mistura entre a
neurociência e a psicologia cognitiva. Essa última preocupa-se com o conhecimento de
funções superiores como a memória, a linguagem ou a atenção. Assim, o objetivo principal
da neurociência cognitiva é relacionar o funcionamento do cérebro com as nossas
capacidades cognitivas e nossos comportamentos.
O desenvolvimento de novas técnicas tem sido de grande ajuda dentro desse campo
para tornar possível a realização de estudos experimentais. Os estudos de neuroimagem
têm facilitado a tarefa de relacionar estruturas concretas com diferentes funções, utilizando

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uma ferramenta muito útil para esse propósito: a ressonância magnética funcional. Além
disso, também foram desenvolvidas ferramentas como a estimulação magnética
transcraniana não invasiva para o tratamento de diversas patologias.
O início da neurociência. Não se pode falar sobre o início da neurociência sem citar
Santiago Ramón y Cajal, que formulou a doutrina do neurônio. Suas contribuições aos
problemas de desenvolvimento, à degeneração e à regeneração do sistema nervoso
continuam sendo atuais e continuam sendo ensinadas em universidades. Se tivéssemos
que determinar uma data de início para a neurociência, ela seria situada no século XIX.
Com o desenvolvimento do microscópio e de técnicas experimentais, como a fixação e a
coloração de tecidos ou a pesquisa sobre a estrutura do sistema nervoso e sua
funcionalidade, essa disciplina começou a se desenvolver. Mas a neurociência recebeu
contribuições de diversas áreas do conhecimento que têm ajudado a compreender melhor
o funcionamento do cérebro. É possível dizer que os sucessivos descobrimentos em
neurociência são multidisciplinares.
Ela recebeu grandes contribuições ao longo da história da anatomia, que se encarrega
de localizar cada uma das partes do organismo. A fisiologia mais focada em entender
como nosso corpo funciona. A farmacologia com substâncias externas ao nosso
organismo, observando os efeitos no corpo, e a bioquímica, servindo-se de substâncias
liberadas pelo próprio organismo como neurotransmissores.
A psicologia também realizou importantes contribuições para a neurociência, por meio
de teorias sobre o comportamento e o pensamento. Ao longo dos anos, a visão foi
mudando a partir de uma perspectiva mais localizacionista, na qual se pensava que cada
área do cérebro tinha uma função concreta, até outra mais funcional na qual o objetivo é
conhecer o funcionamento global do cérebro.

A neurociência cognitiva
A neurociência abarca um espectro muito amplo dentro da ciência. Inclui desde a
pesquisa básica até a aplicada que trabalha com a repercussão dos mecanismos
subjacentes no comportamento. Dentro da neurociência, a neurociência cognitiva tenta
descobrir como funcionam as funções superiores como a linguagem, a memória ou a
tomada de decisões. A neurociência cognitiva tem como objetivo principal estudar as
representações nervosas dos atos mentais. Ela se concentra nos substratos neuronais dos

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processos mentais. Isto é, qual é a repercussão do que ocorre no nosso cérebro em nosso
comportamento e nossos pensamentos? Foram detectadas áreas específicas do cérebro
encarregadas de funções sensoriais ou motoras, mas somente representam uma quarta
parte do total do córtex. São as áreas de associação, que não possuem uma função
específica, as encarregadas de interpretar, integrar e coordenar as funções sensoriais e
motoras. Seriam as responsáveis pelas funções mentais superiores. Áreas cerebrais que
governam as funções como a memória, o pensamento, as emoções, a consciência e a
personalidade são muito mais difíceis de localizar.
A memória está vinculada ao hipocampo, situado no centro do encéfalo. Em relação às
emoções, sabe-se que o sistema límbico controla a sede e a fome (hipotálamo), a
agressão (amígdala) e as emoções em geral. No córtex, onde se integram as capacidades
cognitivas, é o lugar em que se encontra nossa capacidade de ser conscientes, de
estabelecer relações e de realizar raciocínios complexos.

Cérebro e emoções
As emoções são uma das características essenciais da experiência humana normal,
todos as experimentamos. Todas as emoções são expressadas por meio de mudanças
motoras viscerais e respostas motoras e somáticas estereotipadas, sobretudo o movimento
dos músculos faciais. Tradicionalmente, as emoções eram atribuídas ao sistema límbico, o
que continua se mantendo, mas sabe-se que há mais regiões encefálicas envolvidas.
As outras áreas às quais se estende o processamento das emoções são a amígdala e a
face orbitária e medial do lóbulo frontal. A ação conjunta e complementar de tais regiões
constitui um sistema motor emocional. As mesmas estruturas que processam os sinais
emocionais participam de outras tarefas, como a tomada racional de decisões e, inclusive,
os julgamentos morais.
Os núcleos viscerais e motores somáticos coordenam a expressão do comportamento
emocional. A emoção e a ativação do sistema nervoso autônomo estão intimamente
ligadas. Sentir qualquer tipo de emoção, como medo ou surpresa, seria impossível sem
experimentar um aumento na frequência cardíaca, transpiração, tremor… Faz parte da
riqueza das emoções. Atribuir a expressão emocional a estruturas cerebrais confere sua
natureza inata. As emoções são uma ferramenta adaptativa que informa às outras pessoas
sobre o nosso estado emocional. Foi demonstrada a homogeneidade na expressão de

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alegria, tristeza, ira… em diferentes culturas. É uma das maneiras que temos de nos
comunicar e criar empatia com as pessoas.

Memória, o depósito do nosso cérebro


A memória é um processo psicológico básico que remete à codificação, ao
armazenamento e à recuperação da informação aprendida. A importância da memória em
nossa vida cotidiana motivou muitas pesquisas sobre esse tema. O esquecimento também
é o tema central de muitos estudos, já que muitas patologias provocam amnésia, o que
interfere gravemente no dia a dia.
O motivo pelo qual a memória configura um tema tão importante é que nela reside boa
parte da nossa identidade. Por outro lado, apesar do esquecimento no sentido patológico
nos preocupar, a verdade é que nosso cérebro precisa descartar informações inúteis para
dar lugar a novos aprendizados e acontecimentos significativos. Neste sentido, o cérebro é
um especialista em reciclar seus recursos.
As conexões neuronais mudam com o uso ou o desuso destas. Quando retemos
informações que não são utilizadas, as conexões neuronais vão se enfraquecendo até
desaparecer. Da mesma forma, quando aprendemos algo novo criamos novas conexões.
Todos aqueles aprendizados que podemos associar a outros conhecimentos ou
acontecimentos vitais serão mais facilmente lembrados. O conhecimento sobre a memória
aumentou a causa do estudo de casos de pessoas com um tipo de amnésia muito
específico. Em particular, ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a
consolidação da memória declarativa. O famoso caso H.M. reforçou a importância do
hipocampo para estabelecer novas lembranças. Em contrapartida, a lembrança das
habilidades motoras é controlada pelo cérebro, pelo córtex motor primário e pelos gânglios
de base.

Linguagem e fala
A linguagem é uma das habilidades que nos diferencia do resto dos animais. A
capacidade de nos comunicar com tanta precisão e a grande quantidade de nuances para
expressar pensamentos e sentimentos faz da linguagem nossa ferramenta de

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comunicação mais rica e útil. Essa característica de exclusividade da nossa espécie


estimulou muitas pesquisas a se concentrarem no seu estudo.
As conquistas da cultura humana se baseiam, em partes, na linguagem que possibilita
uma comunicação precisa. A capacidade linguística depende da integração de várias áreas
específicas dos córtices de associação nos lóbulos temporal e frontal. Na maioria das
pessoas, as funções primárias da linguagem estão localizadas no hemisfério esquerdo.
O hemisfério direito é responsável pelo conteúdo emocional da linguagem. O dano
específico de regiões encefálicas pode comprometer funções essenciais da linguagem,
podendo causar afasias. As afasias podem apresentar muitas características diferentes,
como, por exemplo, dificuldades na articulação, na produção ou na compreensão da
linguagem.
Tanto a linguagem quanto o pensamento não são sustentados por uma única área
concreta, mas sim pela associação de diferentes estruturas. Nosso cérebro trabalha de
uma forma tão organizada e complexa que quando pensamos ou falamos, ele realiza
múltiplas associações entre áreas. Nossos conhecimentos prévios vão influenciar os
novos, em um sistema de retroalimentação.

Grandes descobertas em neurociência


Descrever todos aqueles estudos de importância na neurociência seria uma tarefa
complicada e muito extensa. As seguintes descobertas eliminaram algumas ideias prévias
sobre o funcionamento do nosso cérebro e abriram novas vias de pesquisa. Essa é uma
seleção de alguns trabalhos experimentais importantes entre os milhares de estudos
existentes:
 Neurogênese (Eriksson, 1998). Até 1998 acreditava-se que a neurogênese ocorria
somente durante o desenvolvimento do sistema nervoso e que depois desse
período os neurônios apenas morreriam e não seriam produzidos novos. Mas, após
as descobertas de Eriksson, foi possível comprovar que inclusive durante a velhice
existe a neurogênese. O cérebro é mais plástico e maleável do que se pensava.
 Contato na criação e desenvolvimento cognitivo e emocional (Lupien, 2000). Nesse
estudo foi demonstrada a importância do contato físico do bebê durante a criação.
Aquelas crianças que receberam pouco contato físico são mais vulneráveis a déficits

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em funções cognitivas que costumam ser afetadas em períodos de depressão ou


em situações de grande estresse como a atenção e a memória.
 Descoberta dos neurônios espelho (Rizzolatti, 2004). A habilidade dos recém-
nascidos de imitar gestos motivou o início desse estudo. Foram descobertos os
neurônios espelho. Esse tipo de neurônio é ativado quando vemos outra pessoa
realizar alguma tarefa. Eles facilitam não somente a imitação, mas também a
empatia e, portanto, as relações sociais.
 Reserva cognitiva (Petersen, 2009). A descoberta da reserva cognitiva tem sido
muito relevante nesses últimos anos. Postula que o cérebro possui a capacidade de
compensar lesões que sofreu. Diferentes fatores como o período de escolarização,
o trabalho realizado, os hábitos de leitura ou a rede social influenciam. Uma grande
reserva cognitiva pode compensar os danos ocorridos em doenças como o
Alzheimer.

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