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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
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1 INTRODUÇÃO
Prezado Aluno!
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS: HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA
Fonte: bravineuropsicologia.com.br
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Através da multidisciplinaridade, a Neuropsicologia se constrói como uma
disciplina de grande relevância na compreensão do comportamento humano, numa
época em que, como nos assinalam Kristensen et al (2001 apud MELO D; et al., 2019),
as grandes teorias da psicologia perdem um pouco de seu poder explicativo à medida
que os avanços científicos foram conduzidos e reciprocamente conduziram a uma
enorme especialização do conhecimento, provocando desse modo o interesse de
muitos pesquisadores, de neurologistas a educadores, que procuram compreender o
funcionamento cerebral por meio do comportamento humano.
Embora o seu campo de estudo envolva áreas como a educação e trabalho, a
Neuropsicologia tem também sua atenção voltada principalmente para a área da
saúde, uma vez que a mesma começou ocupando-se das dificuldades cognitivas
ocasionadas por danos neurológicos específicos. No entanto, suas atividades se
expandiram e ela passou a atuar ainda no diagnóstico diferencial, na profilaxia, e na
reabilitação cognitiva de pacientes com comprometimento tanto neurológico, quanto
estrutural e funcional (RANDON, S/D). Deste modo, percebe-se uma óbvia aplicação
da Neuropsicologia em contextos de saúde, principalmente consultórios clínicos e
ambientes hospitalares. Contudo, a atuação da Neuropsicologia no Brasil, ao contrário
dos grandes centros internacionais de saúde, ainda é bastante tímida, conforme
MELO D; et al., (2019)
A existência da psicologia nos hospitais ainda é recente, passando a ocorrer
somente na década de 50, onde começou com a atuação num modelo herdado do
consultório clínico tradicional. Tal modelo teve dificuldades para efetivar o seu
funcionamento, já que as exigências específicas dos hospitais, como o atendimento
em curtos espaços de tempo, transformavam o modelo clínico tradicional da psicologia
em uma atuação importante, no entanto insuficiente para o contexto hospitalar
(MIYAZAKI et al 2002). Assim, a psicologia hospitalar tentou superar o desafio de
adaptar a sua prática clínica a este novo contexto.
A Neuropsicologia, então, entra nos hospitais com a missão de adaptar-se ao
modelo hospitalar que depende tanto de fatores externos, como as mudanças e
avanços no conhecimento e desenvolvimento de tecnologias da área médicas, as
mudanças nos padrões e modelos de gestão em saúde, quanto de fatores internos,
como a capacidade de atender às exigências do contexto (MIYAZAKI et al, 2002 apud
MELO D; et al., 2019).
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Compreender as possibilidades da Neuropsicologia de se adaptar às
necessidades do contexto, vale sempre analisar como se configura a prática da
Neuropsicologia, que cresce se desenvolvendo progressivamente, contribuindo de
forma significativa para a avaliação diagnóstica interdisciplinar, de pacientes que
possuem comprometimentos neurológicos e/ou psiquiátrico em várias situações,
aumentando as suas possibilidades de atendimento clínico (MALLOY-DINIZ et al,
2010 apud MELO D; et al., 2019).
A década de 1990, a chamada “década do cérebro” foi marcada por uma
revolução nos conhecimentos científicos sobre a psicologia e neuropsicologia. Essa
revolução foi provocada pelo paradigma do processamento da informação e da
metáfora computacional, fazendo surgir uma nova a neuropsicologia cognitiva,
formada, por sua vez, pelo diálogo entre neuropsicologia e psicologia cognitiva. De
acordo com o paradigma do processamento da informação, a mente se comporta
como um software, sendo compreendida como um processador com capacidade
limitada, necessitando de um hardware, que seria representado pelo cérebro, uma vez
que esse é responsável por programar operações e atividades mentais cujos
processos devem ser teoricamente detalhados (CAGNIN, 2010 apud MELO D; et al.,
2019).
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No Brasil, a neuropsicologia iniciou-se a partir da segunda metade do século
XX, com a união de pesquisadores e clínicos de várias áreas da saúde, sobretudo em
função do desenvolvimento da psicologia e da medicina (ANDRADE; SANTOS;
BUENO, 2004 apud MELO D; et al., 2019). Nas décadas de 1950 a 1970, muitos
trabalhos sobre os efeitos de psicofármacos sobre o comportamento ganharam
espaço em estudos científicos.
Segundo Kristensen et al (2001 apud MELO D; et al., 2019) quem primeiro
levantou estudos no país acerca da neuropsicologia foi o médico e psicólogo Antônio
Branco Lefévre (1916-1981 apud MELO D; et al., 2019), sendo apontado como o
introdutor de tais estudos no Brasil e desenvolvendo estudos relacionados a aspectos
evolutivos da linguagem, como afasias, gnosias e praxias, incluindo a avaliação sobre
as funções cognitivas, além de participar de trabalhos práticos sobre distúrbios da
linguagem escrita e falada.
Os estudos que desenvolveram a neuropsicologia sofreram influência de
trabalhos práticos de avaliação topográfica do cérebro de pacientes com epilepsia,
pré e pós-cirúrgicos posteriormente, e também da análise sistemática de outros
distúrbios de comportamento causados por doenças, intoxicações, traumatismos e
infecções, conforme MELO D; et al., (2019).
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Apesar da diferença entre ambas, no processo de avaliação neuropsicológico
é comum o uso de testes psicométricos, entrevistas, observações, provas de rastreio
[...] para identificar rendimento cognitivo funcional e investigar a integridade ou
comprometimento de uma determinada função cognitiva. Podem ser destacados,
dentre seus objetivos, identificar e descrever prejuízos ou alterações no
funcionamento psicológico, clarificar o diagnóstico em casos de alterações não
detectadas por neuroimagem, avaliar a evolução de condições neurodegenerativas,
correlacionar o resultado dos testes com aspectos neurobiológicos e/ou dados obtidos
por neuroimagem, investigar alterações cognitivas e comportamentais que possam
relacionar-se a comprometimentos psiquiátricos e/ou neurológicos. (RAMOS;
HAMDAN, 2016 apud SILVA D; 2020).
A Neuropsicologia estuda, nas áreas científica, clínica e aplicada, a
organização cerebral dos processos cognitivos-comportamentais e de suas alterações
na presença de lesão ou disfunção cerebral (Ardila & Rosselli, 2007 apud
PAWLOWSKI J; 2011). Na área científica, tem como foco fundamental de
conhecimento a análise e a investigação da organização cerebral, incluindo também
pesquisas com objetivo de aprimoramento das técnicas de avaliação
neuropsicológica.
Na área clínica, avalia e diagnostica indivíduos com danos cerebrais,
investigando a relação do comportamento, das emoções e dos pensamentos
humanos com o cérebro (Barbizet & Duizabo, 1985; Gil, 2002; Hebben & Milberg, 2002
apud PAWLOWSKI J; 2011). Na área aplicada, implementa procedimentos de
reabilitação em casos de patologias do sistema nervoso. As áreas clínica e aplicada
constituem-se na intervenção neuropsicológica ao incluir os processos de avaliação e
reabilitação neuropsicológicas (Labos, Slachevsky, Fuentes, & Manes, 2008 apud
PAWLOWSKI J; 2011).
A avaliação neuropsicológica, constituindo-se em um método de examinar as
funções cognitivas através do estudo da expressão comportamental das disfunções
cerebrais (Lezak et al., 2004 apud PAWLOWSKI J; 2011), é realizada com o auxílio
de entrevistas, instrumentos de desempenho e questionários padronizados (Strauss,
Sherman, & Spreen, 2006 apud PAWLOWSKI J; 2011). Apresenta como objetivos
principais o diagnóstico, o planejamento e a indicação de formas mais adequadas de
tratamento, a intervenção e a recuperação das funções cognitivas de pacientes com
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danos cerebrais e o acompanhamento da evolução do paciente (Burin, Drake, Harris,
2007). Também é utilizada para prover documentação adequada para fins legais e
contribui no desenvolvimento de novas técnicas ou no aprimoramento de técnicas já
existentes de mensuração das funções cognitivas e de reabilitação de pacientes com
dificuldades decorrentes de lesões ou disfunções cerebrais (Camargo et al. 2008 apud
PAWLOWSKI J; 2011).
Uma avaliação neuropsicológica completa deve incluir o exame das funções
cognitivas e emocionais (Labos, Perez, Prenafeta, & Chonchol, 2008; Lezak et al.,
2004 apud PAWLOWSKI J; 2011). A cognição inclui as habilidades atenção,
orientação, memória, linguagem, percepção e pensamento lógico-abstrato, avaliado,
por exemplo, pela realização de cálculos aritméticos.
Também inclui as funções executivas, que se referem às atividades cognitivas
complexas, por exemplo, a resolução de novos problemas, a modificação do
comportamento diante de uma nova informação, a geração de estratégias ou
sequências de ações complexas (Elliot, 2003; Salthouse, 2005 apud PAWLOWSKI J;
2011). A possibilidade de mudanças na personalidade ou nas emoções devido a um
acometimento neurológico também deve ser avaliada, pois são frequentes as
manifestações de desinibição, labilidade afetiva, impulsividade, apatia, afeto
inapropriado, pobre tolerância à frustração, irritabilidade, entre outras (Barrash,
Tranel, & Anderson, 2000; Chow, 2000 apud PAWLOWSKI J; 2011).
Para realizar de maneira adequada uma avaliação neuropsicológica é
necessário o conhecimento clínico sobre o funcionamento cerebral e sobre as
diferentes manifestações comportamentais das disfunções cerebrais. As lesões ou
disfunções cerebrais podem produzir modificações comportamentais que diferem
entre os indivíduos devido à complexidade das conexões neurais (Gil, 2002; Luria,
1973). Além deste aporte teórico neuropsicológico clínico, faz-se necessário o
conhecimento acerca da psicologia cognitiva e experimental, da psicolinguística e da
psicometria (Fonseca, Salles, & Parente, 2008; Serafini, Fonseca, Bandeira, &
Parente, 2008 apud PAWLOWSKI J; 2011).
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com alterações de comportamento e correlaciona-las com lesões cerebrais
(CORTEZE, 2016 apud MELO D; et al., 2019).
A avaliação neuropsicológica (AN), é uma avaliação de essência sistemática,
que observa as relações entre cérebro e comportamento. De acordo com Zillmer et al,
(2008 apud MELO D; et al., 2019), trata-se de um processo neuropsicológico que se
aplica a vários contextos, consistindo então num exame sensível usado para avaliar a
integridade do funcionamento cerebral, explicitando dificuldades psicológicas ou
neurológicas. Sendo assim, é um método útil nos serviços de diagnóstico e em
ambientes de pesquisa clínica quando estão envolvidos aspectos cognitivos e
comportamentais.
Segundo Corteze (2016 apud MELO D; et al., 2019) a avaliação
neuropsicológica possui algumas etapas, sendo elas:
A obtenção dos dados clínicos do paciente, onde essas informações
podem ser obtidas em hospitais ou mesmo através da carta de
encaminhamento dos profissionais (psiquiatra, psicólogo, neurologista)
relatando os sintomas apresentados pelo paciente e o evento
desencadeador (traumatismos, doenças, etc.), além da solicitação para
avaliação da função cerebral, conforme PAWLOWSKI J; (2011).
A avaliação clínica do neuropsicólogo, pois de posse dos dados clínicos,
o neuropsicólogo fará a anamnese, perguntando ao paciente sobre o
início dos sintomas, se utiliza algum medicamento e como se sente em
relação aquela situação, conforme PAWLOWSKI J; (2011).
Aplicação dos métodos neuropsicológicos, com base nas informações
dos profissionais e do paciente, o neuropsicólogo selecionará então o
método mais adequado para a função cerebral em análise. Este pode
ser feito por meio de testes ou baterias neuropsicológicas. Os testes são
utilizados para identificar uma função cognitiva específica e relacioná-la
com as estruturas cerebrais envolvidas. Já as baterias
neuropsicológicas são compostas por um conjunto de testes com o
objetivo de responder dados mais direcionados sobre determinada
função cerebral (CORTEZE, 2016 apud MELO D; et al., 2019).
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Sabe-se que os instrumentos neuropsicológicos são ferramentas fundamentais
e necessárias no processo de avaliação neuropsicológica, e a escolha dos testes pode
mostrar maior qualidade nos resultados. A escolha desses instrumentos utilizados irá
depender das dificuldades apresentadas, tais como sintomas ou qualquer suspeita de
diagnóstico anterior. O avaliador utiliza as informações encontradas com a avaliação,
o conhecimento da doença em questão, o conhecimento da anatomia e funções
cerebrais, além de conhecimento de aspectos do desenvolvimento evolutivo, a fim de
que seja possível prover uma interpretação acertada dos resultados observados nos
instrumentos (MEDEIROS, S/D), conforme MELO D; et al., (2019).
Os testes cognitivos são bastante utilizados pela neuropsicologia, mas eles são
apenas um dos quatro pilares da avaliação neuropsicológica, que são compostos
também pelas etapas da entrevista, da observação comportamental e das escalas de
avaliação de sintomas. Eles auxiliam no diagnóstico, na compreensão da extensão
das perdas funcionais, no estabelecimento dos tipos de intervenções específicas e
adequadas, e a desenvolver um plano de reabilitação (MEDEIROS, S/D), conforme
MELO D; et al., (2019).
Segundo Carazza (2018 apud MELO D; et al., 2019), a visão da avaliação
neuropsicológica reduzida ao uso mecânico dos testes tem sido bastante difundida.
Entretanto, mensurar quantitativamente as funções e sintomas não é suficiente para
se estabelecer um diagnóstico correto. E uma das justificativas para isso é que não
existe um instrumento neuropsicológico autossuficiente para avaliar um determinado
componente cognitivo. Desta forma, cabe ao neuropsicólogo escolher os instrumentos
que poderão auxiliar na investigação da hipótese diagnóstica e no esclarecimento dos
possíveis déficits apresentados pelo paciente. Isso porque um bom diagnóstico
precisa, necessariamente, responder a uma série de perguntas (hipóteses).
De acordo com MELO D; et al., (2019) por exemplo, se as características
comportamentais são traços do indivíduo ou é algo que ele apresenta naquele
momento em decorrência de alguma alteração neuropsicológica ou mesmo
consequência de situações contextuais. Alguns testes padronizados e validados
utilizados para população brasileira úteis na avaliação neuropsicológica:
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Conforme MELO D; et al., (2019), NEUPSILIN-inf- Instrumento de Avaliação
Neuropsicológica Breve Infantil: Trata-se de um instrumento neuropsicológico breve
que avalia componentes de oito funções neuropsicológicas, por meio de 26 subtestes:
orientação, atenção, percepção visual, memórias (de trabalho, episódica, semântica),
habilidades aritméticas, linguagem oral e escrita, habilidades visuoconstrutivas e
funções executivas.
O NEUPSILIN-INF permite aos profissionais dimensionarem não só a avaliação
e o diagnóstico, mas também o prognóstico e o delineamento terapêutico. O seu
principal objetivo é identificar e caracterizar o perfil de funcionamento de processos
neuropsicológicos visando a descrição cognitiva associada a diagnósticos em
transtornos do neurodesenvolvimento, em geral, e da aprendizagem, em particular,
quando aliado ao resultado de outros instrumentos e demais procedimentos no
processo de avaliação neuropsicológica, conforme MELO D; et al., (2019).
O Público-alvo é crianças do primeiro ao sexto ano escolar do Ensino
Fundamental (considerando anos de estudo formal), com idades entre 6 e 12 anos e
11 meses. A sua aplicação é individual, sem limite de tempo, sendo que a maioria das
aplicações leva em média 50 minutos (SALLES et al., 2016 apud MELO D; et al.,
2019).
Conforme MELO D; et al., (2019), WISC IV - Escala Wechsler de Inteligência
para Crianças: é um instrumento clínico de aplicação individual que tem como objetivo
avaliar a capacidade intelectual das crianças e o processo de resolução de problemas.
Faixa etária: 6 anos e 0 meses a 16 anos e 11 meses. É composto por 15 subtestes,
sendo 10 principais e 5 suplementares, e dispõe de quatro índices, à saber: Índice de
Compreensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória
Operacional e Índice de Velocidade de Processamento, além do QI Total
(WECHSLER, 2013 apud MELO D; et al., 2019).
Conforme MELO D; et al., (2019), R-2 – Teste não Verbal de Inteligência para
Criança: O objetivo do teste é avaliar o fator G de inteligência de crianças. O seu
público-alvo são crianças com idade de 5 a 11 anos. A aplicação é
realizada individualmente, sem um limite de tempo, sendo que a maioria das
aplicações leva em média 8 minutos. O teste é composto por 30 pranchas com figuras
coloridas de objetos concretos e abstratos, que devem ser aplicadas de acordo com
sua numeração. A criança escolhe a opção que será registrada pelo aplicador na folha
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apropriada. A correção é realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa e
qualitativa, considerando os diferentes tipos de raciocínio exigidos para responder
cada item do teste. O instrumento é restrito a psicólogos (ROSA; ALVES, 2018 apud
MELO D; et al., 2019).
Observação sobre os testes citados acima:
Os testes citados acima são suscetíveis a alterações, portanto aconselhamos
sempre o Psicólogo (a), buscar informações sobre os testes no site SATEPSI
onde o objetivo é de avaliar a qualidade técnico-cientifica de instrumentos
psicológicos para uso profissional, a partir da verificação objetiva de um
conjunto de requisitos técnicos e divulgar informações sobre os testes
psicológicos, para que a comunidade de psicólogas (os) possa aplicar o
determinado teste, conforme MELO D; et al., (2019).
A resolução CFP N° 009/2018 estabelece diretrizes para a realização de
Avaliação Psicológica no exercício profissional do psicólogo e regulamenta o
Sistema de Teste Psicológicos – SATEPSI, bem como estabelece quais
requisitos mínimos os instrumentos devem apresentar para serem
reconhecidos como testes psicológicos, conforme MELO D; et al., (2019).
No site do SATEPSI são apresentados, em duas abas, os instrumentos que
podem ser usados pelas (o) psicólogas (os) na prática profissional (testes
psicológicos favoráveis e instrumentos não privativos do psicológico) e aqueles
que não podem ser utilizados na prática profissional (testes psicológicos
desfavoráveis e testes psicológicos não avaliados), conforme MELO D; et al.,
(2019).
Porém, tanto a avaliação neuropsicológica quanto a psicológica, constituem um
procedimento de investigação clínica, e compartilham alguns dos instrumentos
de avaliação, tais como, entrevistas, observação comportamental, análise de
documentos e uso de testes. Desta maneira, a testagem é somente uma das
etapas de uma avaliação, seja ela neuropsicológica ou psicológica.
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Dessa forma, Malloy-Diniz et al, (2010 apud MELO D; et al., 2019) vai ressaltar
que o exame neuropsicológico é um procedimento de investigação clínica, tendo como
objetivo o esclarecimento de questões sobre os funcionamentos cognitivo,
comportamental e em menor grau emocional de um paciente e, diferentemente de
outras modalidades de avaliação cognitiva, ele parte necessariamente de um
pressuposto materialista, de acordo com o qual todo comportamento, processo
cognitivo ou reação emocional tem como fundamento primordial a atividade de
sistemas neurais específicos.
A neuropsicologia apresenta uma adversidade teórico-conceitual e impulsiona
não apenas a produção de conhecimento como também a eficiência de suas
aplicações. Sobre essa diversidade e sobre a prática clínica da neuropsicologia,
Lamberty (apud MALLOY-DINIZ et al, 2010 apud MELO D; et al., 2019), sugere que o
principal objetivo de um neuropsicólogo clínico é compreender como determinada
condição patológica que afeta o comportamento observável do paciente.
A avaliação neuropsicológica permite inferências sobre a estrutura e a função
do sistema nervoso a partir da avaliação do comportamento do paciente em uma
situação bem controlada de estímulo e resposta. Nela, tarefas são desenvolvidas de
modo cuidadoso para acessar diferentes domínios cognitivos, sendo então usadas
para compreender os comportamentos de um paciente. Segundo Carazza (2018 apud
MELO D; et al., 2019) o processo diagnóstico em Neuropsicologia consiste em
observar, mensurar, testar hipóteses a partir do método de correlações estrutura-
função.
Essas respostas advindas dos estímulos são interpretadas como normais ou
patológicas pelo neuropsicólogo. Este, por sua vez, usará não apenas a interpretação
de parâmetros quantitativos, mas se valerá principalmente, da análise dos fenômenos
observados e de sua relação com a queixa principal do paciente ou de seu
representante, da história clínica, da evolução de sintomas, dos modelos
neuropsicológicos sobre o funcionamento mental e do conhecimento de
psicopatologia, conforme MELO D; et al., (2019).
Sua atuação, portanto, é voltada para a avaliação e reabilitação de pessoas
que apresentem alguma alteração cognitiva e/ou comportamental, associada às
diversas patologias que afetam o sistema nervoso central. Aplica-se em crianças,
adultos e idosos (MEDEIROS, S/D), conforme MELO D; et al., (2019).
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Por fim, a importância da Avaliação Neuropsicológica reside no fato de se
procurar identificar e constatar precocemente a presença de algum distúrbio, bem
como o grau de sua evolução. Uma vez identificado algum prejuízo funcional, pode-
se contribuir para a inclusão social da pessoa, por exemplo, desenvolvendo-se novas
estratégias para lidar com as limitações apresentadas, minimizando-as (MEDEIROS,
S/D), conforme MELO D; et al., (2019).
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A avaliação diagnóstica de características comportamentais e cognitivas faz
parte da prática profissional de áreas como a psicologia, a psiquiatria, a neurologia e
a neuropsicologia desde sua constituição como ciência e profissão (ANASTASI &
URBINA, 2000; HAASE et al., 2012; MEYER et al., 2001 apud ALVES M; 2016).
Todas essas áreas têm em comum o comportamento humano como objeto de
estudo e aplicação. Sem dúvida, a complexidade da rede de pensamentos, emoções,
comportamentos e cognições que constitui o funcionamento idiossincrático humano é
condizente com a existência de práticas interdisciplinares entre essas áreas, o que,
por vezes, pode ocasionar dúvidas e equívocos quanto aos limites de atuação
profissional entre, sobretudo em se tratando da avaliação psicológica e
neuropsicológica, conforme ALVES M; (2016).
Não é à toa, portanto, que estudantes e profissionais constantemente se
questionam acerca das semelhanças e diferenças entre os processos de avaliação
psicológica e neuropsicológica, conforme ALVES M; (2016).
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Trata – se de uma área intrinsecamente responsável por possibilitar que teorias
psicológicas possam ter seus postulados teóricos testados, falseados ou corroborados
a partir de sua operacionalização em eventos observáveis (PRIMI, 2003 apud ALVES
M; 2016).
Entretanto, é como processo que a AP se confunde com a avaliação
neuropsicológica (AN). A AP constitui – se em um processo dinâmico e sistemático de
conhecimento a respeito do funcionamento psicológico das pessoas, gerado a partir
de demandas e perguntas específicas, de maneira a orientar ações e decisões futura
(PRIMI, 2010 apud ALVES M; 2016). A condução de uma AP deve estar sempre
pautada em métodos, técnicas e teorias psicológicas cientificamente reconhecidos.
Conforme apontado no início, o processo de avaliação tem propósitos gerais, que
passam por adaptações de acordo com as demandas do contexto em que é
conduzido.
Como os usos e as aplicações da AP são, na atualidade, os mais variados,
incluindo os contextos de clínica, escolar, hospitalar, organizacional, jurídico, esportivo
e de trânsito, também são diversas as demandas que o profissional encontra em cada
um deles, sendo, pois, essencial que tenha conhecimento aprofundado dos métodos,
das pesquisas, das teorias e da legislação pertinente à condução da avaliação
psicológica em cada contexto, conforme ALVES M; (2016).
Já a AN é uma atividade que emerge no campo da neuropsicologia e que
consiste em um método para investigar as funções cognitivas e o comportamento,
relacionando – os com o funcionamento normal ou deficitário do sistema nervoso
central (SNC), com vistas a possibilitar o diagnóstico, a determinação da natureza ou
etiologia dos sintomas, a gravidade das sequelas, o prognóstico, a evolução do caso
e oferecer bases para a reabilitação (Haase et al., 2012 apud ALVES M; 2016).
Considerando que a neuropsicologia surgiu do atendimento a pacientes com
lesões cerebrais, a AN foi orginalmente concebida para avaliar indivíduos que
sofreram danos cerebrais durante o período de guerra e esteve, ao longo do tempo,
majoritariamente presente em consultórios, ambulatórios e hospitais (HARVEY, 2012;
MADER-JOAQUIM, 1996, 2010; RAMOS & HAMDAM, 2016). Atualmente, a AN
responde a demandas também advindas dos contextos educacional e forense (Lezak,
2004).
18
2.5 Avaliação neuropsicológica com crianças
Fonte: neurasdamamae.com.br
Segundo Costa e outros autores (2004 apud Silva C; et al., 2018), a
contribuição da avaliação neuropsicológica na criança é extensiva ao processo de
ensino-aprendizagem, e permite estabelecer algumas relações entre as funções
corticais superiores, como a linguagem, atenção, memória e a aprendizagem
simbólica. Os mesmos autores explicam:
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O modelo neuropsicológico das dificuldades da aprendizagem busca reunir
uma amostra de funções mentais superiores envolvidas na aprendizagem
simbólica, as quais estão, obviamente, correlacionadas com a organização
funcional do cérebro. Sem essa condição, a aprendizagem não se processa
normalmente, e, neste caso, podemos nos deparar com uma disfunção ou
lesão cerebral. (COSTA ET AL., 2004, p. 112 apud Silva C; et al., 2018).
20
Segundo Raz (2005 APUD CAMACHO, 2012 apud Silva C; et al., 2018) as
diferenças relacionadas à idade não são claras e o envelhecimento cognitivo não pode
ser compreendidos, como déficit ou ser usado como critério. O processo de avaliação
é continuo e tem múltiplas interfaces, o desempenho e o resultado vão depender de
um todo e será associado à idade, que sofrem influência de forma direta (RAZ, 2005
APUD CAMACHO, 2012, p. 664 apud Silva C; et al., 2018).
Fonte: clinicas.cotanet.com.br
21
É por este motivo que o paciente deve ser informado sobre como ocorre
avaliação neuropsicológica, que pode também ser realizada antes da consulta.
Estabelecer um rapport, dar oportunidade ao paciente para ficar mais à vontade com
a avaliação e poder compreender que é simples e para seu próprio benefício. O uso
dos instrumentos como os testes neuropsicológicos é decisivo para avaliação e deve
ser flexível, e adequar-se à pessoa examinada de acordo com sua cultura e história
pessoal. Segundo Camacho (2012, p. 665 apud Silva C; et al., 2018) “a aplicação de
uma prova do domínio socioafetivo como a Escala de Depressão Geriátrica pode
ativar emocionalmente o paciente e enviesar resultados uma prova de memória
imediatamente ulterior”.
Por este motivo, é essencial respeitar e utilizar os instrumentos para avaliação
neuropsicológica adequados para cada paciente e ter o domínio do uso de cada
instrumento. Hipóteses serão levantadas na entrevista de forma que será perceptível
o estado emocional e físico do paciente, conforme Silva C; et al., (2018).
Inúmeros fatores influenciam no desempenho cognitivo de cada pessoa, como
saúde, genótipo, variáveis afetivas e outras, e esses são pontos responsáveis pelo
declínio que os idosos adultos experienciam. Com isso, o psicólogo deve se inquietar
e levantar inúmeras hipóteses. O último momento da avaliação, a entrega dos
resultados, os relatórios são tão importantes quanto a fase da entrevista,
administração, a escolha dos instrumentos da avaliação, conforme Silva C; et al.,
(2018).
No trabalho com adultos idosos o relatório será apresentado, presencialmente,
nas sessões será discutido os pontos fortes, as limitações cognitivas e seu perfil.
Neste momento o paciente é ativo na devolução não será apenas uma entrega de
resultados, o paciente fica livre para falar do processo, e saber como pode aplicar a
sua vida os testes aplicados na avaliação neuropsicológica, conforme Silva C; et al.,
(2018).
22
3 CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Fonte: psicologia.prapassar.com
23
Uma distinção importante é que a avaliação psicológica busca fazer inferências
a respeito de um construto (inteligência, personalidade etc.). Um construto é um
atributo das pessoas, não observável diretamente, que se postula existir e que se
assume estar refletido nos comportamentos observados na testagem. Assim, é um
conceito teórico sobre um atributo latente que explica os comportamentos na testagem
(Cronbach, & Meehl, 1955 apud PRIMI R; 2018). Portanto, a prática da avaliação
psicológica requer conhecimento especializado sobre as teorias psicológicas que irão
definir esses construtos e também sobre psicometria, que irá especificar como
instrumentos psicológicos são construídos para produzir inferências válidas sobre
esses construtos latentes.
24
No estudo com estudantes e psicólogos clínicos de orientação cognitivo
comportamental foi constatado que esses usavam mais o Bender, Desenho da Figura
Humana e o Wartegg em comparação a outros testes (Oliveira, Noronha, & Dantas,
2006 apud GOMES L; 2015). Pesquisas também revelaram uma alta utilização de
testes gráficos em psicodiagnósticos realizados em clínicas-escola (Freitas &
Noronha, 2005; Reppold & Hutz, 2008 apud GOMES L; 2015). A literatura sugere que
os testes gráficos são muito usados devido à possibilidade de uma interpretação
compreensiva, à escassez de testes válidos e às limitações na formação profissional
na área de avaliação psicológica (Noronha, 2002; Oliveira et al., 2006; Reppold &
Hutz, 2008 apud GOMES L; 2015).
A inserção da psicologia na área forense se deu exatamente por conta do uso
de testes psicológicos, vistos como importante medida de comprovação e orientação
(Lago, Amato, Teixeira, Rovinski, & Bandeira, 2009). Num primeiro momento, a prática
do psicólogo era bastante limitada e restrita à testagem. No entanto, esse espaço de
atuação foi aos poucos sendo estendido, o que viabilizou o desenvolvimento de outras
ações nesta área (Lago et al., 2010 apud GOMES L; 2015).
A avaliação psicológica forense é uma atividade ampla e diferente da realizada
no meio clínico, demandando adaptações ao contexto legal e uma atenção maior à
possibilidade de dissimulação e à distorção dos dados (Davoglio & Argimon, 2010
apud GOMES L; 2015).
O uso da avaliação psicológica no contexto jurídico tem sido pautado a partir
de objetivos definidos, o que possibilita responder e recomendar soluções às questões
geradas pela instância jurídica (Lago et al., 2010 apud GOMES L; 2015). Em estudo
realizado no Rio Grande do Sul, foi constatado que 87% dos psicólogos forenses
utilizavam testes psicológicos em suas avaliações, com preferência por técnicas
projetivas e gráficas (Rovinski & Elgues, 1999 apud GOMES L; 2015).
No contexto de recursos humanos, a AP é considerada uma importante
ferramenta na tomada de decisão, sendo bastante solicitada pelas empresas que
visam maior êxito em suas ações de seleção e desenvolvimento de profissionais. Em
processos seletivos, o uso de testes psicológicos tem por objetivo avaliar
conhecimentos e competências do candidato, para que seja traçado um perfil mais
preciso naquele momento, com o intuito de tentar predizer o respectivo desempenho
no cargo (Baumgartl, Pagano, & Lacerda, 2010 apud GOMES L; 2015).
25
Estudos apontaram os testes gráficos como os instrumentos psicológicos mais
utilizados em seleção de pessoal (Baumgartl et al., 2010; Godoy & Noronha, 2005;
Pereira, Primi, & Côrbero, 2003 apud GOMES L; 2015). Outra área na qual a avaliação
psicológica tem sido debatida é na psicologia do trânsito. Os profissionais referem a
necessidade de novos estudos quanto aos procedimentos e instrumentos que têm
sido empregados no exame de condutores (Sampaio & Nakano, 2011; Silva & Alchieri,
2010 apud GOMES L; 2015).
Esta AP busca identificar as condições psicológicas do condutor, aspectos da
personalidade e funções cognitivas, para avaliar se este é capaz dirigir sem colocar
em risco a sua segurança e a de outros (Lamounier & Rueda, 2005 apud GOMES L;
2015). Silva e Alchieri (2010 apud GOMES L; 2015) ponderam que, mesmo com estas
exigências, ainda há muito que se discutir sobre a real contribuição da avaliação
psicológica para a promoção da segurança no trânsito.
Numa revisão de pesquisas sobre psicologia do trânsito, referente ao período
de 2000 a 2009, foi constatado que o teste PMK – Psicodiagnóstico Miocinético e TCR
(Teste Conciso de Raciocínio) eram os testes mais usados na avaliação de
condutores naquele período (Sampaio & Nakano, 2011 apud GOMES L; 2015). Além
do PMK, foram encontrados outros testes gráficos como o HTP, Palográfico e
Wartegg. Silva e Alchieri (2010 apud GOMES L; 2015) relataram resultados
semelhantes em seu estudo, no qual analisaram os dados de avaliação psicológica
de 67 condutores que exerciam atividade remunerada, avaliados na aquisição da
habilitação em 2002 e na renovação da permissão em 2007.
Constataram que o Palográfico e o HTP tinham sido os testes mais utilizados
para avaliar a personalidade dos condutores em 2002. Entretanto, na renovação em
2007, a personalidade foi somente avaliada por meio do Palográfico. Conforme a
Resolução nº 02/2003, atualmente apenas o teste gráfico Wartegg encontra-se com
parecer desfavorável para o uso, desde 11/04/2003 apud GOMES L; 2015).
26
Neste texto, foram abordadas as principais áreas da avaliação psicológica, nas
quais é possível encontrar o uso de testes psicológicos, em específico, os testes
gráficos. É preciso lembrar que existem outras atuações possíveis, muitas dessas
relacionadas às áreas citadas. Existem muitas possibilidades para o uso da avaliação
psicológica, tais como: orientação vocacional, orientação profissional, seleção em
concursos públicos, perfil para programas de intercâmbio, habilitação para porte de
armas, habilitação para pilotos da aviação civil, assim como para determinados
procedimentos de saúde (ex: cirurgia bariátrica) e entre outras.
Dependendo da pergunta feita para responder ao objetivo da AP, pode ser que
outras técnicas de avaliação (entrevistas, hora de jogo, por exemplo), ou fontes
complementares de informação, sejam mais indicadas que o uso de testes. A
Resolução 009/2018 (CFP, 2018) define testes psicológicos como as “escalas,
inventários, questionários e métodos projetivos/expressivos” que atendam aos
requisitos mínimos estabelecidos em tal documento e esclarece que as fontes
complementares seriam as “técnicas e instrumentos não psicológicos que possuem
respaldo da literatura científica da área e que respeitem o Código de Ética e as
garantias da legislação da profissão” e os “documentos técnicos, tais como protocolos
ou relatórios de equipes multiprofissionais”, conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
Para ilustrar essa questão, tomando como base o exemplo da criança cuja
pergunta de avaliação se constitua em "é possível que esta criança seja desatenta por
apresentar TDAH? ”, a definição se deve ou não usar testes passa também pela idade
da criança. Se ela tem 10 anos, talvez seja importante usar o WISC-IV (Wechsler,
2013), pois o teste permite verificar não só a atenção, mas também memória e
velocidade de processamento que são aspectos importantes de serem investigados
em um possível quadro de TDAH, conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
27
Talvez, além do WISC-IV, seja importante incluir na bateria de testes, por
exemplo, o CAT-H (Miguel, Tardivo, Moraes, & Tosi, 2016 apud SCHNEIDER A et al.,
2018), a fim de identificar se a criança está passando por algum problema de ordem
afetiva (consequente da perda ou separação de algum familiar importante, por
exemplo) que possa estar afetando sua atenção. Isso não quer dizer que o CAT-H
fornecerá a resposta quanto aos baixos escores em um teste cognitivo ser devido à
perda de um familiar, mas dará indícios, por exemplo, de sentimentos de tristeza e
modo de perceber os acontecimentos de sua vida que proverão uma luz sobre o caso:
se é algo cognitivo ou afetivo.
Além disso, caso a criança em avaliação não tenha 10 anos, mas tenha, por
exemplo, cinco anos de idade, as técnicas como hora de jogo, entrevistas com
pais/cuidadores e professores, assim como instrumentos de heterorrelato sejam mais
indicados, até mesmo porque o WISC-IV não possui pesquisas normativas ou de
evidências de validade para crianças com menos de seis anos. Também, ao invés de
usar o CAT-H (Miguel et al., 2016 apud SCHNEIDER A et al., 2018), que está
atualmente com parecer favorável do SATEPSI para crianças de sete a doze anos,
seria indicado usar o CAT-A (Miguel, Tardivo, Silva, & Tosi, 2010 apud SCHNEIDER
A et al., 2018) que permite o uso para crianças de cinco anos, se for necessário o uso
de um teste projetivo.
Mais uma vez observa-se que o psicólogo que pretende trabalhar com AP deve
estar sempre atualizado. Trata-se de uma área em constante evolução, com
publicação de novos testes, novos manuais ou mesmo novas pesquisas de testes já
existentes. Esta é uma área da psicologia que se diferencia do trabalho realizado por
demais profissionais da saúde, justamente pela possibilidade de se usar instrumentos
padronizados. Havendo a possibilidade de se utilizar de testes psicológicos, sempre
que possível, considera-se uma prática importante, pois pela padronização, tanto na
aplicação, quanto no levantamento e interpretação, torna-se mais livre do viés do
avaliador que as entrevistas. Assim, caso seja indicado usar testes psicológicos, o
próximo passo é a consulta ao SATEPSI.
28
3.3 A origem do SATEPSI: as queixas sobre os processos de avaliação
29
no exercício profissional, regulamenta o SATEPSI, o qual possui como função buscar
a qualidade técnica e ética dos serviços do psicólogo.
No anexo da referida resolução são disponibilizados os critérios mínimos em
relação a qualidade psicométrica, incluindo-se a confiabilidade e as evidências
empíricas de validade das interpretações propostas para os resultados dos testes,
conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
Somente após avaliação desses e uma série de outros itens, sempre por dois
avaliadores e depois por uma Comissão Consultiva, formada por psicólogos de
diferentes regiões do Brasil, o SATEPSI fornecerá um parecer favorável ou não para
uso do teste no contexto profissional. Cabe lembrar que, conforme o último edital do
CFP (2017) para atuar como avaliador, o psicólogo interessado deve possuir
doutorado em Psicologia ou em áreas afins e ter publicado, no mínimo, cinco artigos
científicos em revistas classificadas com Qualis A1, A2, B1 ou B2, na área de
Psicologia, nos últimos cinco anos. Dentre as publicações, pelo menos uma deve estar
relacionada à área de avaliação psicológica ou fundamentos e medidas em Psicologia,
conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
O SATEPSI, então, divulga uma lista com os testes que possuem parecer
favorável. Essa lista pode ser encontrada em http://satepsi.cfp.org.br. Neste site, o
órgão também fornece algumas resoluções referentes a área de AP, além de outras
informações como a sessão de “perguntas frequentes” que busca sanar dúvidas
comuns. Em setembro de 2019, a lista do SATEPSI com os testes que apresentam
parecer favorável, continha 159 testes, conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
Apenas para dar um exemplo, destes 159, 13 testes eram diretamente
destinados à avaliação da atenção. Aí surge a dúvida, qual deles devemos escolher
para avaliar o candidato cuja pergunta a ser respondida no processo de AP seja “este
trabalhador tem um nível de atenção dentro do esperado para ocupar um cargo que
envolve trabalhar com materiais químicos perigosos? ”. Para fornecer uma resposta
adequada, se já conhece o contexto, dependemos de informações adicionais, como a
idade do candidato, o nível de escolaridade, se a aplicação será feita individualmente
ou coletiva e do tipo de atenção que o cargo exige (atenção alternada, dividida,
concentrada, etc.), conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
30
De acordo com SCHNEIDER A et al., (2018), ainda com foco no aspecto da
atenção, tomando como exemplo o caso do candidato a CNH, e tendo como norteador
da AP a pergunta “esta pessoa apresenta níveis de atenção necessários para obter a
CNH? ”, a etapa seguinte do planejamento envolve primeiramente a busca por
literatura específica para a avaliação na área do Trânsito, e em seguida a consulta ao
SATEPSI. Ao seguir esse passo, verifica-se a legislação sobre AP no contexto do
trânsito. Consta na Resolução 001/2019 que “institui normas e procedimentos para a
perícia psicológica no contexto do trânsito” a importância da informação acerca da
atenção em seus diferentes tipos, como: atenção alternada; atenção concentrada;
atenção dividida (CFP, 2019). O profissional que trabalha em AP, reforçamos, deve
se manter sempre atualizado.
Veja como o planejamento, nesta etapa, é diferente para cada um dos três
processos de AP citados como exemplo, superadas as etapas de, conforme
SCHNEIDER A et al., (2018)
Elaboração da pergunta acerca do objetivo da avaliação, conforme
SCHNEIDER A et al., (2018).
Da atualização em literatura e referências especializadas;
Do uso de outras técnicas de AP, conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
Da consulta ao SATEPSI, vamos supor então o seguinte exemplo: o
profissional atua no contexto de seleção de pessoas e necessita contratar uma
pessoa para trabalhar com materiais químicos perigosos. Supondo que a
literatura especializada aponta que a atenção é um construto, importante de
ser avaliado, a fim de que o profissional não cometa erros por falta de atenção
que possam vir a ocasionar a morte de outras pessoas, a pergunta “este
trabalhador tem um nível de atenção dentro do esperado para ocupar um cargo
que envolve trabalhar com materiais químicos perigosos? ” Precisa ser
respondida. Conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
Como explicitado, existem diversos testes de atenção com parecer favorável
na lista do SATEPSI, mas qual o teste é mais adequado? Além de consultar o
SATEPSI e a literatura, é preciso ter em mente que quando se organiza uma AP deve-
se usar os instrumentos necessários, mas não mais do que os instrumentos
estritamente necessários (Pacico, Hutz, Schneider, & Bandeira, 2015 apud
SCHNEIDER A et al., 2018).
31
O uso excessivo de testes gera cansaço na pessoa que está sendo avaliada e
pode fazer com ela não responda a todos os itens ou comece a responder de forma
aleatória para se livrar da tarefa. Manuais de testes podem indicar se um instrumento
realmente avalia o que se propõe a avaliar, mas não o quanto agregaria se fosse
usado em conjunto com outros instrumentos. Essa resposta está na literatura da área
que deve sempre ser consultada. A consulta às referências bibliográficas sérias e aos
manuais dos testes é uma estratégia mais ética e técnica do que perguntar em redes
sociais ou a colegas, sem embasamento teórico no que concerne ao construto, ao
contexto e à demanda de avaliação, conforme SCHNEIDER A et al., (2018).
32
diferentes contextos; (c) realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de
indivíduos, de grupos e de organizações; (d) saber buscar e usar o conhecimento
científico necessário à atuação profissional, entre outros, conforme BORSA J; (2016).
Ainda quanto à relevância da formação prática nos cursos de graduação em
Psicologia, o Art. 19 dispõe que o planejamento acadêmico deve assegurar, em
termos de carga horária e de planos de estudos, o envolvimento do aluno em
atividades individuais e de equipe que incluam exercícios em laboratórios, práticas
didáticas como parte de disciplinas ou integradas a outras atividades acadêmicas e
aplicação e avaliação de estratégias, técnicas recursos e instrumentos psicológicos,
conforme BORSA J; (2016).
Nunes et al. (2012 apud BORSA J; 2016) apontam para a importância do uso
de diferentes estratégias e técnicas de ensino, como forma de desenvolver diferentes
habilidades. Citam, por exemplo, a realização de atividades práticas que utilizem os
conceitos teóricos aprendidos em sala de aula, a apresentação de estudos de caso,
as oficinas de elaboração de documentos psicológicos, a realização de pesquisas
científicas sobre avaliação psicológica e a oferta de estágios supervisionados.
Do mesmo modo, salientam que o contato com os instrumentos e o treinamento
na aplicação, no levantamento e na correção dos testes psicológicos é essencial para
a qualidade da formação do psicólogo e deve permitir o desenvolvimento de
competências para uma atuação autônoma e qualificada. Para tanto, é essencial que
o curso de graduação em Psicologia conte com uma estrutura física minimamente
adequada para o bom desenvolvimento da prática da avaliação psicológica, conforme
BORSA J; (2016).
Experiências exitosas são encorajadoras e apontam para soluções aos velhos
problemas pertinentes à formação em avaliação psicológica. Reppold e Serafini (2010
apud BORSA J; 2016) apresentam, por exemplo, a experiência de implantação do
curso de Psicologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
(UFCSPA), na capital do Rio Grande do Sul, o qual conta com sete disciplinas
obrigatórias de psicometria/avaliação psicológica, além de disciplinas eletivas na área.
33
Outro diferencial do curso é a proposta de relacionar teoria e prática por meio de
atividades multidisciplinares de avaliação desenvolvidas pelos alunos em um hospital
psiquiátrico.
34
Um exemplo de clínica-escola especializada em avaliação psicológica é o
Centro de Avaliação Psicológica, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) (Borsa, Oliveira, et al., 2013 apud BORSA J; 2016). Trata-se de um serviço
especializado na realização de avaliações psicológicas e neuropsicológicas e que tem
como finalidade oferecer atividades práticas aos alunos de graduação, de
especialização, de extensão universitária e de mestrado e doutorado do Instituto de
Psicologia da UFRGS.
O objetivo da clínica é promover atividades de ensino, pesquisa e extensão nas
diferentes áreas concernentes à avaliação psicológica, quais sejam: avaliação
cognitiva, afetiva e neuropsicológica de crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Especificamente, o serviço visa a oferecer estágios curriculares e extracurriculares,
fomentar a pesquisa nas suas áreas de abrangência, atender as demandas de
avaliação psicológica da comunidade de Porto Alegre e região metropolitana e
responder às necessidades específicas de avaliação, especialmente aquelas
demandadas por órgãos e agências municipais, estaduais e federais (Borsa, Oliveira,
et al., 2013; Borsa, Segabinazi, Sternert, Yates, & Bandeira, 2013 apud BORSA J;
2016).
Além do atendimento à comunidade e da formação dos alunos, a clínica-escola
pode atuar no sentido de identificar as características da população atendida e
conhecer a prevalência dos problemas mais comuns naquela região específica. Estas
informações podem contribuir para o fomento de políticas públicas em saúde mental
e para gerar serviços efetivos que atendam as demandas reais da comunidade.
Reitera-se a relevância da formação prática, de modo a complementar os
fundamentos teóricos que, obviamente, são essenciais para a formação de psicólogos
habilitados em avaliação psicológica, conforme BORSA J; (2016).
35
4 ÉTICA NA PROFISSÃO DA PSICOLOGIA E NA ATUAÇÃO EM AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA
Fonte: psicologaemfortaleza.com.br
37
sua responsabilidade na construção da justiça social em diversos contextos e na
dignidade da atuação profissional (Resolução No 010/2005, p. 07), conforme MUNIZ
M; (2018).
De acordo cm MUNIZ M; (2018), além dos princípios, no Código vigente são
elencadas 72 condutas que devem ser praticadas pelo psicólogo no exercício da
profissão. Dessas, 10 são mais específicas à avaliação psicológica e aparecem nos
artigos
1º (são deveres fundamentais do psicólogo), conforme MUNIZ M; (2018).
2º (ao psicólogo é vedado). Fazem parte do artigo 1º: prestar serviço utilizando
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentadas na ciência psicológica
(alínea c); fornecer informações sobre o objetivo do trabalho que será realizado (alínea
f); fornecer informações, a quem de direito, sobre os resultados de serviço psicológico
prestado, transmitindo somente o que for necessário para tomada de decisão que
afetem o usuário ou beneficiário (alínea g); e zelar pela guarda, empréstimo,
comercialização, aquisição e doação de material privativo do psicólogo (alínea i). No
artigo 2º se destaca: emitir documento sem qualidade teórica, técnica e científica
(alínea g); interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas
psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas (alínea h); ser
perito avaliador ou parecerista em situações que há vínculos pessoais ou profissionais
(alínea k); realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou resultados que exponham
pessoas, grupos ou organizações; preservar o sigilo das informações (alínea q). Por
fim, o artigo 18: não divulgar, ensinar, ceder, emprestar ou vender a leigos
instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da
profissão (Resolução No 010/2005), conforme MUNIZ M; (2018).
Os princípios e condutas descritas acima, junto com as demais contidas no
código, são bem explicitadas e organizadas, o que pode levar o leitor (incluindo
psicólogos) a interpretar que as condutas são simples e fáceis de praticar no dia a dia
da avaliação psicológica. No entanto, nem sempre tal interpretação é correta, dado
que é comum na avaliação psicológica se deparar com situações que fazem o
psicólogo refletir sobre sua prática em contraste com o que já está normatizado no
Código, conforme MUNIZ M; (2018).
38
Diante disso, não raro, o profissional psicólogo enfrenta situações nas quais
não há uma conduta ética explícita de como deve agir, nem mesmo ao consultar o
Código de Ética Profissional do Psicólogo, deparando-se, assim, com dilemas éticos.
Um exemplo na avaliação psicológica é o uso ou não de testes projetivos em
processos seletivos, uma vez que foram criados para auxiliar a prática clínica e são
instrumentos que acessam conteúdos além dos necessários para o objetivo da
situação (Hutz, 2009 apud MUNIZ M; 2018).
Outra situação é sobre a avaliação psicológica para redesignação de sexo,
refletir sobre o quanto realmente ela é necessária, o quanto pode ferir a autonomia da
pessoa, como se ela fosse incapaz de decidir sobre sua vida e de suportar as
consequências advindas dessa decisão, conforme MUNIZ M; (2018).
Isso faz ponderar que, o fato da ética ser sempre pensada por humanos, a partir
de suas crenças, experiências e percepções, os faz acreditarem, muitas vezes
veementemente, que estão fazendo o bem, incluindo a crença de que o outro
agradecerá o bem que está recebendo, no futuro se ainda não o percebeu. Ou seja,
o fundamento da moral e da ética que, segundo Hume, é ter prazer ao ver o outro feliz
pode ser ofendido, na medida em que se procura formatar o outro sob padrões e
referências alheios ao seu ser, conforme MUNIZ M; (2018).
É importante ressaltar que os Princípios Fundamentais do Código de Ética
Profissional do Psicólogo (Resolução No 010/2005) são transversais e orientativos
para que o psicólogo estabeleça relações com a sociedade, a profissão, as entidades
e a ciência, possibilitando a necessária reflexão sobre a prática contextualizada com
o social e o institucional. Ou seja, os princípios fundamentais não são as condutas em
si, mas sim um conjunto de ideias norteadoras que perpassam as condutas, estejam
elas descritas ou não no Código, pois uma das funções dos princípios é possibilitar a
reflexão em todas as situações, práticas e relações, conforme MUNIZ M; (2018).
No Brasil, o psicólogo, além do Código de Ética, precisa ter o conhecimento
sobre as resoluções do CFP que normatizam algumas práticas e contextos
específicos da avaliação psicológica (há para outras áreas, mas que não são objetos
do presente artigo). Essas resoluções têm como base o Código de Ética Profissional
do Psicólogo, mas abordam especificidades de determinados contextos nos quais há
o uso da avaliação psicológica, como por exemplo a Resolução No 002/2016 sobre
concursos públicos e processos seletivos, conforme MUNIZ M; (2018).
39
Diversas resoluções já foram modificadas, revogadas ou atualizadas, o que
demonstra o quanto o Sistema Conselhos (Conselho Federal e Regionais) está
sensível às demandas da categoria e sociedade, reafirmando o caráter dinâmico,
transformador, cultural e benéfico de uma Psicologia pautada na ética. Dentre essas
resoluções, a resolução de 009/2018, perpassa e interfere em todas as demais
relacionadas à avaliação psicológica, pois trata justamente de diretrizes básicas para
a realização da avaliação psicológica, incluindo o uso de métodos, técnicas e
instrumentos, embasados na justiça e proteção dos direitos humanos. Ainda,
regulamenta sobre a avaliação para que um teste seja considerado psicológico e
favorável para o uso dos profissionais psicólogos, conforme MUNIZ M; (2018).
Ao vigorar a 009/2018, foram revogadas as Resoluções No 002/2003 e no
005/2012, as Notas Técnicas no 01/2017 e no 02/2017. É importante destacar que a
Resolução No 002/2003 (aprimoramento da No 025/2001) é um marco histórico para
a avaliação psicológica no Brasil ao que se refere a regulamentação do uso, da
elaboração e da comercialização de testes psicológicos em nosso país, conforme
MUNIZ M; (2018).
O principal resultado dessa ação foi o aumento significativo da qualidade dos
testes psicológicos, estabelecendo que apenas podem ser utilizados aqueles que
demonstram comprovações científicas favoráveis de evidências de validade, precisão
e normatização. Esse movimento para a qualificação dos instrumentos propiciou que
a Psicologia como ciência e os psicólogos praticantes desse conhecimento,
oferecessem à sociedade uma atuação ética, garantindo o que está preconizado no
Código de Ética Profissional do Psicólogo, mais especificamente no princípio
fundamental IV – segundo o qual, o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio
do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática – e no artigo 1º dos
deveres fundamentais do psicólogo, referente a prestar serviço utilizando
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentadas na ciência psicológica,
conforme MUNIZ M; (2018).
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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