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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5

2 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .................................... 6

3 HISTÓRICO DA PSICOFARMACOLOGIA ................................................. 8

3.1 CEBRID .............................................................................................. 10

4 PSICOFARMACOLOGIA .......................................................................... 11

5 FARMACOCINÉTICA ............................................................................... 12

5.1 Principais vias de administração ........................................................ 13

5.2 Distribuição ......................................................................................... 17

5.3 Metabolização .................................................................................... 18

5.4 Excreção ............................................................................................ 19

5.5 Interação entre fármacos.................................................................... 19

6 FARMACODINÂMICA............................................................................... 21

7 A NEUROPSICOFARMACOLOGIA .......................................................... 22

8 NEUROTRANSMISSORES ...................................................................... 25

8.1 Serotonina (5ht) .................................................................................. 27

8.2 Noradrenalina (NA) ............................................................................ 27

8.3 Dopamina (DA)...................................................................................... 28

8.4 Acetilcolina (ACh) .................................................................................. 29

8.5 Glutamato .............................................................................................. 30

8.6 GABA .................................................................................................... 31

8.7 Receptores de neurotransmissores....................................................... 32

9 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS ................................ 33

9.1 Agonistas e antagonistas colinérgicos naturais .................................. 34

10 CATECOLAMINAS ................................................................................ 35

10.1 Catabolismo da catecolamina ......................................................... 35

2
10.2 Neurotransmissores x neuromoduladores....................................... 36

10.3 Identificação dos neurotransmissores ............................................. 37

10.4 Regulação neural ............................................................................ 37

10.5 Etapas da neurotransmissão........................................................... 38

11 PEPTÍDEO ............................................................................................ 38

11.1 Função biológica ............................................................................. 39

11.2 Fármacos que atuam SNC .............................................................. 40

11.3 Fase de absorção ........................................................................... 41

11.4 Processo de biotransformação........................................................ 41

12 FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO .......................................... 42

12.1 Ligados ao fármaco ......................................................................... 42

12.2 Ligados ao organismo ..................................................................... 42

12.3 Fase de distribuição ........................................................................ 43

12.4 Fase de eliminação/excreção.......................................................... 43

12.5 Psicoestimulantes ........................................................................... 44

13 TIPOS DE FORMULAÇÃO DOS PSICOESTIMULANTES ................... 46

13.1 Ritalina ............................................................................................ 46

13.2 Anfetamina ...................................................................................... 47

13.3 Dextroanfetamina ............................................................................ 48

13.4 Metanfetamina ................................................................................ 49

13.5 Piracetam® ..................................................................................... 50

13.6 Reguladores ou estabilizadores de humor ...................................... 51

13.7 Depressores .................................................................................... 52

13.8 Hipnóticos ....................................................................................... 54

13.9 Antidepressivos ............................................................................... 59

13.10 Mecanismo fisiopatológico da depressão ....................................... 61

13.11 Inibidores da monoaminoxidase (MAO) .......................................... 62

3
13.12 Antidepressivos tricíclicos (ADT) .................................................... 63

13.13 Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ssri) .................. 63

13.14 Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina


(SNRI)............................ ........................................................................................ 64

13.15 Inibidores da recaptação neuronial da dopamina ........................... 65

13.16 Terapêuticas de combinação .......................................................... 65

13.17 Antidepressivos tricíclicos (ADT) e inibidores da MAO ................... 65

13.18 SSRI’s e antidepressivos tricíclicos (ADT) ...................................... 66

13.19 SSRI’S e bupropiom ....................................................................... 66

13.20 SSRI’s/ SNRI’s e mirtazapina ......................................................... 66

13.21 O papel do farmacêutico ................................................................. 67

14 FARMACODEPENDÊNCIA ................................................................... 67

14.1 Sinais do vício em medicamentos ................................................... 68

14.2 Diagnóstico de dependência ........................................................... 69

14.3 Como ocorre o tratamento .............................................................. 69

15 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA............................................................. 71

15.1 Conceito .......................................................................................... 71

16 O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE


DOENÇAS................................................................................................................. 73

16.1 A nova CID ...................................................................................... 75

17 PSICOTERAPIA .................................................................................... 77

17.1 Terapia ocupacional: interferência dos psicofármacos no


tratamento................ .............................................................................................. 78

18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 80

19 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ....................................................... 88

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao


da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Fonte: decaturlegal.com

O tecido nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema


nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso periférico é dividido em gânglios, nervos
e receptores. Esse sistema é capaz de conduzir os estímulos do sistema nervoso
central até os órgãos. O sistema nervoso central é o sistema que sente, pensa e, em
geral, controla nosso organismo. Ele é dividido em medula espinhal e encéfalo, que
por sua vez é composto por três partes: cérebro, cerebelo e tronco encefálico,
enquanto o tronco também possui três subdivisões: mesencéfalo, ponte e bulbo.

Principais funções do SNC:


• Função sensorial;
• Função integrativa (pensamento e memória);
• Função motora.
A unidade funcional desse sistema é o neurônio, que pode ser aferente ou
sensitivo (conduz o impulso ao sistema nervoso central), eferente ou motor (conduz
as informações do sistema nervoso central aos músculos e glândulas).
Esses neurônios, quando não estão conduzindo estímulos, estão no que
chamamos de potencial de repouso. Isso significa que o interior da célula está
eletricamente negativo em relação ao meio extracelular, caracterizando uma diferença

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no potencial nas faces das membranas, graças a esse potencial nas faces interna e
externa durante a condução do impulso nervoso é que temos o potencial de ação.
O neurônio é composto por corpo celular, axônio e dendritos. Corpo celular é a
principal parte do neurônio, a qual contém o núcleo, ribossomos, retículo
endoplasmático e a mitocôndria. Se o corpo celular morrer, o neurônio também morre.
Os dendritos ou terminação nervosa são prolongamentos oriundos do corpo celular,
responsáveis por transmitir os impulsos nervosos (mensagem eletroquímica) de
outras células ao corpo celular.

O principal componente do sistema nervoso central é o neurônio, também


temos o dendrito que é a recepção de informação do neurônio e o que
transmite informações é o axônio ele transmite informações para todas as
outras células (KLEIN 2006 apud; MENDONÇA, 2008).

Cada neurônio possui um axônio, que também recebe o nome de fibra nervosa.
Seu tamanho é variável e sua função é transmitir os impulsos nervosos do corpo
celular para a célula seguinte no cérebro. Dependendo do neurônio, esse axônio pode
ser coberto por uma fina camada denominada mielina, e sua função consiste em
acelerar a transmissão do impulso nervoso.
A comunicação entre um neurônio e outro ocorre por meio das sinapses, as
quais são responsáveis pela transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro;
nessa região ocorre a liberação das substâncias transmissoras (neurotransmissores)
que podem ser excitatórias ou inibitórias, responsáveis pela estimulação ou inibição
do outro neurônio.

Fonte: researchgate.net

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3 HISTÓRICO DA PSICOFARMACOLOGIA

O uso de psicofármacos no tratamento dos transtornos mentais, a partir dos


anos 50, mudou radicalmente a falta de perspectivas que até então prevalecia no
campo da psiquiatria e da saúde mental, provocando uma ampla reformulação das
concepções e práticas vigentes, de tal forma que na atualidade, conhecer os
medicamentos existentes, as evidências que embasam seu uso, são essenciais para
um efetivo trabalho nestas áreas, mesmo para aqueles profissionais que se dedicam
preferentemente à prática psicoterápica.
A decisão de utilizar ou não um psicofármaco depende antes de tudo do
diagnóstico que o paciente apresenta, incluindo eventuais comorbidades.

Pode-se dizer que a psicofarmacologia emergiu empiricamente. Por exemplo,


a origem dos antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAO) foi a
partir da observação de que a iproniazida, usada no tratamento da
tuberculose, era capaz de produzir elevação de humor e euforia. A iproniazida
foi introduzida no tratamento de pacientes hospitalizados com depressão
após os estudos iniciais de Crane e Kline, de 1956 e 1958, respectivamente.
Quase simultaneamente à introdução dos IMAO, a pesquisa de novos
compostos anti-histamínicos conduziu ao aparecimento da imipramina
(1958), que foi o primeiro de uma série de antidepressivos tricíclicos
(REVISTA BRASILEIRA PSIQUIATRA, 1999 apud; SCAVONE, 2010).

Nos anos seguintes, o uso de psicofármacos se disseminou amplamente, e o


número de drogas também aumentou progressivamente, muito embora em termos de
eficácia, os compostos mais recentes pouco se diferenciavam dos originais. Um ponto
que evoluiu marcantemente foi a seletividade do fármaco.
Um fármaco seletivo é aquele que atua especificamente sobre um local
desejado; os efeitos colaterais que os fármacos apresentam estão diretamente
relacionados à sua seletividade, ou seja, quanto menor a seletividade, maior a ligação
do fármaco a outros receptores, e isso pode acarretar um efeito não desejado no
organismo.
Avançando no tempo, na década de 1960 surgiram várias teorias para a origem
da depressão, assim como da esquizofrenia; essas teorias embasam a indústria
farmacêutica até os dias de hoje no desenvolvimento de novos fármacos. Mas a
decisão de se utilizar ou não um psicofármaco depende do quadro clínico que o
paciente apresenta.

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Para muitos transtornos mentais, os medicamentos são o tratamento
preferencial, como no caso de esquizofrenia, transtorno bipolar, depressões ou
ataques de pânico.
Em outros, como nas fobias específicas - por exemplo, aracnofobia (medo de
aranhas) - e transtornos de personalidade, as psicoterapias podem ser a primeira
opção. Também existem situações nas quais o melhor tratamento consiste na
associação de terapia e medicamentos.
O médico é o profissional habilitado para decidir qual melhor tratamento para
cada paciente.
Os psicofármacos são constituídos de substâncias, que têm seu uso controlado
e restrito, apenas quem possui um receituário médico pode comprar essas
medicações, segundo as especificações da Portaria nº 344/1998 de 12 de maio de
1998. Aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a
controle especial.
Todo esse controle ocorre principalmente porque essas medicações
apresentam um alto risco de causar dependência química.

Classificação dos psicofármacos


A maneira mais aceita e difundida de classificação dos psicofármacos é a
divisão em três grandes grupos: Estimuladores aumentam ou ativam o funcionamento
do cérebro, enquanto depressores diminuem ou inativam as funções cerebrais. Já os
perturbadores causam confusão e alucinações no sistema nervoso central.
Grupo 1: estimulantes do sistema nervoso central
Estimulantes do sistema nervoso central são amplamente conhecidos como
psicoanalépticos, noanalépticos, timolépticos. Esses estimulantes são fármacos que
produzem um estado de alerta e aumento da vigília. Fazem com que as pessoas
fiquem “ligadas”, “elétricas”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esses fármacos produzem
alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade
reforçadora, sendo, portanto, passíveis de autoadministração (indivíduos usam para
o seu próprio prazer, sem indicação médica). Em outras palavras, essas drogas levam
à dependência química. Exemplos: anfetamina, cocaína e cafeína.
Grupo 2: depressores do sistema nervoso central

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Depressores ou psicolépticos são fármacos que diminuem ou inibem a
atividade do sistema nervoso central. Fazem com que as pessoas fiquem “lentas”,
“desligadas”. Geralmente estão associados a alguma ação analgésica. Exemplos:
álcool, tranquilizantes ou calmantes, soníferos, inalantes, solventes (cola de sapato,
tinta, removedores) e opiláceos (morfina).
Grupo 3: perturbadores do sistema nervoso central
Perturbadores do sistema nervoso central, psicoticomiméticos, psicodélicos ou
psicometamórficos, não alteram o cérebro de forma quantitativa, não ativam e nem
inibem o sistema nervoso central; eles promovem uma mudança qualitativa do
funcionamento do sistema, provocam uma ação perturbadora e o cérebro passa a
funcionar de maneira desordenada. Exemplos: mescalina, ecstasy e maconha.

CEBRID

O CEBRID é o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas e


está localizado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Iniciou suas
atividades em 1978, e desde então vem contribuindo com levantamentos sobre o
consumo de drogas pela população brasileira. No CEBRID também existe uma
divisão de estudos sobre plantas medicinais, visando, quem sabe, a descoberta de
medicamentos fitoterápicos capazes de substituir drogas indutoras de dependência
química.

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4 PSICOFARMACOLOGIA

Fonte: mind.tpkit.ru

A psicofarmacologia é o ramo da farmácia que trata de substâncias


conhecidas como psicotrópicas. As drogas psicotrópicas ou psicofármacos
atuam de forma seletiva no sistema nervoso central (SNC), sendo também
conhecidas como agentes psicoativos ou psicoterápicos. Desta forma,
incluem nesta classe os fármacos que deprimem ou estimulam seletivamente
as ações do SNC, que devido a tais propriedades, fizeram reduzir de forma
considerável o número de internações em hospitais psiquiátricos
(KOROLKOVAS, 1988 apud PIRES, 2010).

A palavra psicotrópica, amplamente utilizada quando nos referimos aos


psicofármacos, pode ser mais bem compreendida se dividirmos a palavra em duas
partes: psico e trópico. Psico, de origem grega, refere-se ao nosso psiquismo (o que
pensamos, sentimos); já a palavra trópico significa ter tropismo por algo, ou seja, ter
atração por algo. Juntando os conhecimentos definimos drogas psicotrópicas como
aquelas que atuam no nosso cérebro e o alteram.
Essas drogas de ação central estão entre as primeiras descobertas pelos seres
humanos primitivos e ainda nos dias de hoje constituem um dos grupos
farmacológicos mais amplamente utilizados no mundo.
Seu grande valor clínico se deve a diferentes áreas de atuação para aliviar a
dor, suprimir movimentos desordenados, induzir o sono ou o despertar, reduzir a
vontade de comer, auxiliar no tratamento e na melhora da qualidade de vida de

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pacientes portadores de doenças neurodegenerativas ou até mesmo de dependentes
químicos.
Além do uso terapêutico, essas substâncias são o maior grupo de substâncias
usadas por pessoas que se automedicam por motivos não terapêuticos, apenas para
benefício próprio. São exemplos a maconha, a cocaína e até mesmo o café. Muito
embora apresentem significados distintos, droga e fármaco são amplamente utilizados
como sinônimos na classe médica.
Droga: o termo tem sua origem na palavra droog, que significa folha seca, pois
antigamente a maioria dos medicamentos era feita à base de vegetais. Atualmente, o
termo pode ser definido como qualquer substância capaz de promover alterações
fisiológicas ou farmacológicas, ou ainda, modificação de quadros patológicos, com ou
sem a intenção de beneficiar o indivíduo. Exemplo: álcool.
Medicamento ou fármaco: droga de ação preventiva, paliativa ou curativa no
organismo doente. Exemplo: diazepam.
Remédio: tudo o que provoca alívio de um sinal e/ou sintoma. Exemplo:
acupuntura.

5 FARMACOCINÉTICA

A farmacocinética é o estudo quantitativo do desenvolvimento temporal dos


processos de absorção, distribuição, metabolização ou biotransformação e excreção
dos fármacos. Esses fatores farmacocinéticos dependem do seu transporte através
das membranas plasmática, das células até chegar ao seu referido local de ação.
Os mecanismos básicos de transporte da membrana são:
• Difusão passiva: difusão simples de um soluto através da membrana
plasmática;
• Difusão facilitada: difusão facilitada por um transportador de membrana.
A maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas, presentes em solução sob
as formas ionizadas e não ionizadas. Em geral, as moléculas não ionizadas são mais
lipossolúveis, e por isso podem difundir-se facilmente pela membrana celular. Por
outro lado, as moléculas ionizadas geralmente não conseguem penetrar na membrana
lipídica por apresentar pouca lipossolubilidade.

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É por isso que a droga ácida é mais bem absorvida em meio ácido, já que fica
na forma não ionizada, o que facilita a difusão entre a membrana, enquanto droga
básica é mais bem absorvida em meio básico, porque fica na forma não ionizada.
Absorção
É a transferência do fármaco do seu local de administração para o local de
ação.
Fatores que influenciam a absorção de fármacos são:
Fatores referentes ao fármaco:
• Lipossolubilidade: quanto maior a lipossolubidade, maior a absorção, e o
contrário também é verdadeiro – quanto menor a lipossolubilidade, menor a
absorção.
• Forma farmacêutica: fármacos líquidos são mais rapidamente absorvidos do
que fármacos sólidos.
Fatores referentes ao local:
• Fluxo sanguíneo, visto que áreas irrigadas com maior fluxo sanguíneo
favorecem a absorção.
• O pH determina ou não a ionização de drogas, e já estudamos que drogas não
ionizadas penetram facilmente na membrana celular.
• Barreiras biológicas dificultam a passagem do fármaco.

Principais vias de administração

A via de administração é determinada primariamente pelas propriedades do


fármaco (hidro ou lipossolubilidade, ionização) e pelos objetivos terapêuticos
(necessidade de um início rápido de ação, necessidade de tratamento por longo
tempo, ou restrição de acesso a um local específico). As principais vias incluem as
enterais como oral, sublingual, bucal e retal e as parenterais, como endovenosa,
muscular e outras (WHALE, 2016).

Administração sublingual

A área bucal por completa possui uma rica rede de vasos sanguíneos o que
proporciona uma irrigação significativa nesta região. Os fármacos que são

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administrados por esta via são formulados para possuir um coeficiente de partição
elevado, garantindo assim um caráter lipossolúvel a molécula. A alta lipossolubilidade
é que vai permitir com que o fármaco consiga atravessar, com maior facilidade, a
membrana celular presente nas células dos vasos sanguíneos atingindo a circulação
sistêmica. Uma das vantagens mais importantes que se tem nesta via é que o fármaco
não passa pelo metabolismo hepático antes de chegar na circulação sistêmica, logo
ele não sofre o metabolismo de primeira passagem (GOODMAN & GILMAN, 2012).
Essa via é utilizada quando é necessária uma resposta rápida na ação do
fármaco, uma vez que a região sublingual extremamente irrigada e conectada aos
vasos de bom calibre, especialmente se o fármaco é instável ao pH gástrico ou é
metabolizado rapidamente pelo fígado.

Administração oral

É a via mais comum utilizada dentre as demais vias, isso porque o ato de engolir
é algo natural ao ser humano, portanto ele não necessita, na grande maioria das
vezes, da ajuda de um profissional especializado para ingerir o fármaco. A via oral
(VO) possui várias vantagens, porém possui também desvantagens em relação as
outras vias, como por exemplo: A ação do pH estomacal sobre o fármaco, a
possibilidade do fármaco sofrer metabolismo de primeira passagem, a interação com
alimentos e substâncias ingeridas, dentre outras.
Via de regra cerca de 75% de um fármaco oralmente administrado são
absorvidos em 1-3 h.
Deve-se considerar a motilidade gastrintestinal, o fluxo sanguíneo esplâncnico,
o tamanho das partículas, a formulação e fatores físico-químicos.
As formas de administração por via oral, como comprimidos, drágeas, cápsulas,
xaropes são simples e práticos, conferindo comodidade ao usuário.
Devido às necessidades terapêuticas, as preparações farmacêuticas são
formuladas normalmente de modo a produzir as características de absorção
desejadas.
Assim, as cápsulas podem ser elaboradas de modo a permanecerem intactas
por algumas horas após a ingestão, para retardar sua absorção ou os comprimidos
podem ter um revestimento resistente com a mesma finalidade. Pode-se ter incluído

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numa cápsula uma mistura de partículas de liberação lenta e rápida, para produzir
absorção prolongada. Essas preparações podem reduzir a frequência de
administração necessária, e diminuir os efeitos adversos relacionados com elevadas
concentrações plasmáticas logo após a administração.

Administração retal

É a via na qual a introdução de medicamentos é realizada através do ânus,


sob a forma de supositório, pomada ou creme e/ou clister medicamentoso (é
a introdução de pequena quantidade de líquidos via retal, até 150ml, sendo
que acima desta quantidade é chamado de enteroclisma ou lavagem
intestinal). Esta via é prescrita para medicações que seriam irritativas por
outras vias, para clientes inconscientes, com vômitos frequentes ou que
estejam impossibilitados de deglutir. Como a absorção por esta via é incerta
a equipe de enfermagem deve estar atenta à resposta do cliente à medicação
(SHIROMA, 2014).

Trata-se de uma via desconfortável na maioria dos casos, porém ela é


extremamente útil em muitos quadros clínicos. A região retal possui poucas áreas de
absorção devido à falta das vilosidades intestinais, fazendo com que a absorção seja
mais lenta, porém algumas das principais veias retais (inferior e média) desembocam
na veia cava inferior por intermédio da veia hipogástrica, ocasionando assim a
liberação do fármaco na circulação sistêmica. A via retal também possui a vantagem
de driblar quase que por completo o sistema portal hepático, evitando que
aproximadamente 50% do fármaco sofra o metabolismo de primeira passagem, porém
é de conhecimento clínico que parte do fármaco, mesmo quando administrado por
esta via é direcionado ao fígado. Várias são as classes de fármacos que possuem
administração por essa via, por exemplo: antieméticos, anticonvulsivantes e
antipiréticos.
A absorção por via retal muitas vezes não é confiável, mas esta via pode ser
útil em pacientes incapazes de tomar medicações pela boca (apresentando vômitos,
crianças, idosos, portadores de transtornos psiquiátricos ou em estado de coma).

Administração cutânea

Esta é utilizada principalmente quando se quer um efeito local sobre a pele. A


absorção é considerável, podendo levar aos efeitos sistêmicos. Muitas drogas são mal
absorvidas pela pele devido à baixa solubilidade das mesmas.
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É uma via utilizada apenas para fármacos que não causam danos ao tecido
aplicado. Em caso de administração com um fármaco que não obedeça esse critério
ele poderá causar irritação, dor intensa, descamação e até necrose, logo não são
todos os fármacos que possuem essa via como opção de uso.
Tem-se aumentado o uso de formas de administração transdérmica, em que
o fármaco é incorporado a uma embalagem presa com fita adesiva a uma área de
pele fina. Essas embalagens adesivas produzem um estado de equilíbrio estável e
têm diversas vantagens, especialmente a facilidade de retirada no caso de efeitos
indesejáveis. Contudo, o método só é adequado para certos fármacos relativamente
lipossolúveis, e essas preparações são caras. Vários anticoncepcionais estão sendo
produzidos na forma de adesivos transdérmicos, promovendo um efeito prolongado.
Cremes, loções e pomadas são exemplos de veículos de fármacos para uso tópico.

Administração por inalação

O fármaco inalado entra em contato com a superfície da membrana mucosa do


trato respiratório e também do epitélio pulmonar, onde será difundido por todo o corpo.
A inalação é a via usada para anestésicos voláteis e gasosos. Para esses
agentes o pulmão serve como via de administração e eliminação, e as trocas rápidas
que são possíveis em consequência da grande área de superfície e do grande fluxo
sanguíneo permitem a obtenção de ajustes rápidos na concentração plasmática.

Administração por injeção

A injeção endovenosa é a via mais rápida e mais precisa para administração


de um fármaco. A concentração máxima eficaz que chega aos tecidos depende
fundamentalmente da rapidez da injeção.
Na administração endovenosa não ocorre absorção, apenas distribuição. A
injeção subcutânea ou intramuscular de fármacos produz geralmente um efeito mais
rápido que a administração oral, mas a taxa de absorção depende muito do local de
injeção e de fatores fisiológicos, especialmente do fluxo sanguíneo local. Os fatores
que limitam a velocidade na absorção a partir do local de injeção são: difusão através

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do tecido, remoção pelo fluxo sanguíneo local, formação de complexos entre fármacos
(ex: insulina + protamina, benzilpenicilina) ou injeções oleosas (para hormônios).
As drogas comumente utilizadas apresentam um tamanho molecular pequeno
e, portanto, essas drogas deixam facilmente a circulação por filtração capilar, embora
isso possa ser modificado pela extensão de ligação da droga às proteínas plasmáticas
como a albumina. Em presença de ligação às proteínas, a concentração de droga livre
é menor, a atividade farmacológica diminui, e a depuração da droga por filtração
glomerular e por processos ativos também está diminuída. A proteína ligada serve
como reservatório de fármaco. Uma droga extensamente ligada às proteínas
plasmáticas pode ser deslocada de forma competitiva por outra droga que também
apresente ligação extensa.
Após absorção o fármaco se distribui nos líquidos corporais podendo ser
armazenado nos tecidos, metabolizado ou excretado diretamente. O volume de
distribuição é um volume aparente, pois a distribuição não se dá de forma homogênea
nos líquidos corporais, e este parâmetro é definido como o volume de líquido
necessário para conter a quantidade total do fármaco no corpo na mesma
concentração presente no plasma.

A via de administração parenteral constitui uma das mais empregadas na


veiculação de fármacos e vacinas. Essa via permite a liberação da substância
farmacologicamente ativa em regiões próximas à corrente sanguínea ou
diretamente nela, possibilitando efeito rápido e ação que pode ser sistêmica
ou localizada, dependendo do local de aplicação (BORGHETI-CARDOSO,
2013 apud PINHEIRO, 2016).

A via intramuscular tem a vantagem de absorção relativamente rápida, sendo


adequada para administração de volumes moderados, de veículos aquosos, oleosos,
suspensão ou preparação de depósitos. Suas desvantagens são a dor e o
aparecimento de lesões musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou de pH
distante da neutralidade, promovendo o aparecimento de processos infamatórios.

Distribuição

Depois da absorção ou administração sistêmica na corrente sanguínea, o


fármaco distribui-se para todo o corpo, chegando primeiramente aos órgãos mais
irrigados (maior fluxo sanguíneo) como fígado, rins e cérebro, e depois aos órgãos
menos irrigados, como músculos, vísceras, pele e tecido adiposo.
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Para ser transportado, o fármaco precisa se ligar às proteínas plasmáticas,
sendo a albumina a primeira escolha para os fármacos ácidos, enquanto a
glicoproteína ácida α1, por exemplo, é uma escolha para fármacos básicos.
Essa ligação do fármaco às proteínas é reversível e pode ser afetada por
fatores relacionados com doenças, como hipoalbuminemia secundária e doença
hepática grave. Durante a distribuição, alguns fármacos tendem a acumular-se em
locais específicos, e a este processo damos o nome de reservatório de fármacos; isso
prolonga a ação do fármaco, que pode acarretar efeitos tóxicos, porém é um processo
reversível. Exemplo de formação de reservatório é a tetraciclina, um antibiótico que
se acumula nos ossos.

Metabolização

É considerado um conjunto de alterações químicas que a droga sofre no


organismo, geralmente promovidas por enzimas, tendo a finalidade de facilitar a
excreção do fármaco. Ocorre a incorporação de moléculas hidrofílicas que diminuem
a lipossolubilidade do fármaco, preparando-o para ser eliminado do organismo.
Essas enzimas responsáveis pela metabolização de substâncias estão
presentes em muitos tecidos do corpo, porém em níveis mais altos no fígado e no
intestino delgado. Exemplos de enzimas são as do sistema Citocromo P450.
Em alguns casos, ao invés de tornar a droga inativa e facilitar sua excreção, o
metabolismo promove a bioativação do fármaco, e isso quer dizer que seus
metabolitos se tornam um composto ativo, que nesse caso são conhecidos como pró-
fármacos. Exemplos de pró-fármacos: ciclofosfamida e azatioprina.

Fatores que afetam o metabolismo de fármacos são:


• Idade: tanto neonato quanto idoso têm uma diminuição da funcionalidade
dessas enzimas.
• Fatores genéticos: pessoas com deficiência de enzimas responsáveis pelo
metabolismo dos fármacos. Exemplo: asiáticos têm uma menor quantidade da
enzima responsável pelo metabolismo do álcool, fato esse que justifica a maior
tendência que eles têm de sentir os efeitos tóxicos do álcool.

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• Patologias: doenças que acometem o fígado e intestino delgado, que são os
principais órgãos que realizam a metabolização, podem comprometer essa
etapa da farmacocinética.
• Indução ou inibição enzimática: a indução enzimática aumenta a
biotransformação (lipossolubilidade para hidrossolubilidade) do fármaco.
Exemplos: fenobarbital, rifampicina, fenítoina, carbamazepina e etanol (uso
crônico). A inibição enzimática diminui a biotransformação dos fármacos.
Exemplos de fármacos: cloranfenicol, dissulfiram e etanol (uso agudo).

Excreção

Ocorre quando os fármacos são eliminados sem qualquer alteração ou são


convertidos em metabolitos. As vias excretórias são: renal (urina), biliar, fecal, suor,
leite, lacrimal e salivar.
Fatores que influenciam a excreção renal:
• Patologia renal: qualquer doença que afete o rim e que pode comprometer
essa etapa da farmacocinética.
• ph da urina: na urina ácida, a droga ácida fica na forma não ionizada, sendo
facilmente reabsorvida; já a droga básica fica ionizada, sendo facilmente
excretada.
Drogas ácidas são mais bem excretadas em um meio (pH) básico, porque ficam
na forma ionizada. Drogas básicas são mais bem excretada em um meio (pH) ácido,
porque ficam na forma ionizada.

Interação entre fármacos

É a ação combinada de uma ou mais drogas, administradas sucessiva ou


simultaneamente, podendo induzir a efeitos benéficos ou maléficos. Essas interações
podem ser do tipo sinérgica ou antagônica.
Tipos de sinergismo:
Adição: os efeitos de duas drogas são iguais aos efeitos de cada uma delas
isoladamente (efeito AB = A + B).

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Potencialização: cocaína inibe a captação de noradrenalina e epinefrina, a
aumentando a contração muscular (efeito AB > A + B).

Tipos de antagonismo

Antagonismo químico: droga A e droga B interagem em solução (antes da


administração) e ocorre inativação, precipitação ou diminuição do efeito de uma delas.
Exemplo: quelantes se ligam aos metais pesados e diminuem sua toxicidade.
Antagonismo fisiológico ou funcional: efeito da droga A é oposto ao da
droga B, de modo que uma droga anula o efeito da outra. Exemplo: curare que atua
como relaxante muscular, diminuindo o efeito da estricnina, que tem ação
convulsivante.
Antagonismo farmacológico competitivo: droga A e droga B se ligam ao
mesmo receptor e competem por ele quando administradas sucessiva ou
simultaneamente.
Antagonismo competitivo reversível: uma droga antagonista se liga ao
receptor e impede a ligação da droga agonista. No entanto, quando se aumenta a
concentração do agonista, ele desloca o antagonista do receptor e se liga ao receptor.
Em outras palavras, a substância com maior concentração no receptor é quem se liga
e desenvolve seu efeito.
Antagonismo competitivo irreversível: a droga antagonista se liga
irreversivelmente ao receptor, levando ao aumento da concentração do agonista, sem
deslocar o antagonista do receptor.
Antagonismo farmacocinético: droga A interfere na absorção, distribuição,
metabolismo ou excreção da droga B.
Exemplo de interação na absorção: antiácidos como sal de frutas aumentam
o pH estomacal e diminuem a absorção de drogas ácidas como ácido acetilsalicílico
(AAS).
Exemplo de interação na distribuição: a fenilbutazona, um anti-inflamatório,
diminui a ligação da warfarina, um anticoagulante, às proteínas plasmáticas,
aumentando sua distribuição e, em consequência, seus efeitos (hemorragias).
Exemplo de interação no metabolismo: dissulfiram diminui o metabolismo da
warfarina, reduzindo a coagulação sanguínea e favorecendo a hemorragia.

20
Exemplo de interação na excreção: bicarbonato de sódio aumenta a
excreção urinária de fármacos ácidos como ácido acetilsalicílico (AAS).

6 FARMACODINÂMICA

A Farmacodinâmica investiga os efeitos dos fármacos nos organismos, seus


mecanismos de ação e a relação entre a dose e efeito (GOODMAN; GILMAN, 2012).
É a ciência que estuda e descreve os efeitos terapêuticos de medicamentos e
drogas no organismo, assim como seus efeitos colaterais. Quando o fármaco é
administrado, ele atua em locais específicos do organismo, o primeiro, são o que
chamamos de alvo primário de fármacos ou receptores. Estamos nos referindo a
enzimas, moléculas transportadoras e, canais de íons receptores.
A seguir teremos alguns exemplos:
Enzimas:
São proteínas essenciais para o bom funcionamento do nosso organismo. Elas
possuem a função de catalisador, isso é, elas aumentam a velocidade das reações
químicas que ocorrem no nosso corpo. Vale destacar que elas apenas aumentam a
velocidade, mas não alteram essas reações.
Fármacos da classe terapêutica dos antidepressivos como selegilina e
fenelzina atuam sobre a enzima monoaminoxidase, também conhecida como MAO,
resultando em melhora da depressão.
Moléculas transportadoras:
Também conhecidas como proteínas transportadoras, realizam o transporte
de substância de um local para o outro. Em sua maioria, as substâncias transportadas
têm uma origem hidrofílica e as membranas que devem atravessar têm uma origem
lipofílica. Assim, o transporte não seria possível sem essas moléculas transportadoras
devido a essa diferença de polaridade.
Antidepressivos como amitriptilina intensificam sua ação por bloquearem a
recaptação de noradrenalina por essas moléculas.
Canais de íons:
São proteínas que se localizam ou estão inseridas nas membranas celulares.
Por esses canais passam íons do meio intracelular para o meio extracelular e o
contrário também acontece, ou seja, do meio extracelular para o meio intracelular.

21
Benzodiazepínicos atuam sobre os receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA),
especificamente nos canais do íon cloreto, promovendo a abertura desses canais.
Receptor é o local onde o fármaco interage e produz o efeito terapêutico.
Opiáceos como a morfina se ligam no seu receptor µ e desencadeiam seu efeito
analgésico.
Uma substância que se liga a um receptor e produz um efeito de “ativação” é
denominada substância agonista do receptor.
Essa ativação se refere à capacidade que a molécula do fármaco desencadear
uma resposta onde se ligou. Já uma substância que se liga ao receptor sem causar
ativação, impedindo consequentemente a ligação do agonista, é denominada
antagonista do receptor.

Eficácia x afinidade x potência

Esses três termos técnicos diferenciam os tipos de fármacos utilizados na


terapêutica: eficácia é a capacidade de uma droga que, uma vez ligada ao receptor,
desencadeia uma resposta; afinidade é a tendência de o fármaco se ligar ao seu
receptor e, por fim, potência pode ser definida como a capacidade de uma droga
produzir efeitos em baixas concentrações.

7 A NEUROPSICOFARMACOLOGIA

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Fonte: foxcursoseconcursos-es.com

• Neuro = Essa palavra se fez a partir do Grego NEURON, “nervo”;


• Psico = Também do grego que significa, alma;
• Farmaco = É uma substância química ativa, droga ou matéria-prima que
tenha propriedades farmacológicas com finalidade medicamentosa,
utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada para modificar
ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em benefício da
pessoa na qual se administra.
• Logia = Que significa ciência, linguagem e razão.
Um dos temas mais agudos de toda e qualquer perquirição acerca dos limites
da psiquiatria e da psicoterapia, diz respeito ao estatuto de separação e/ou
complementaridade das disciplinas.
Neurociência é a área que se ocupa em estudar o sistema nervoso, visando
desvendar seu funcionamento, estrutura, desenvolvimento e eventuais alterações que
sofra.
Qualquer pessoa que já teve acesso a um computador sabe que existem
basicamente três componentes: a máquina propriamente dita, os programas que
serão instalados (processadores de textos, planilhas, processadores de imagem) e
finalmente os arquivos pessoais.
De maneira sucinta pode-se dizer que o cérebro corresponde à máquina, as
funções automatizáveis e susceptíveis ao desenvolvimento de bons, e às vezes maus,
hábitos correspondem a programas e, finalmente, as circunstâncias históricas e
contextuais constituem arquivos que gravamos nos diferentes locais da máquina e nos
diferentes programas de tal sorte que constituam nossa história pessoal (NERO,
2016).
Há quem defenda que somente pode haver patologia no nível físico, porém isso
deixaria o problema dos hábitos, compulsões e outros problemas sem solução porque
sabemos que a solução para esses casos, embora fortemente dependente de uso de
drogas, requer, paralelamente, o uso de alguma estratégia psicoterapêutica interativa.
Alegar que o problema dos arquivos não corresponde a qualquer patologia
porque nível virtual absoluto é o mesmo que alegar que uma rede internacional de

23
pedofilia que nos chega pela Internet não pode ser patológica porque, no limite,
constituída por uma série de bits e mensagens codificadas.
De maneira geral o distúrbio mais ligado às funções de máquina – logo
cerebralmente determinado de maneira forte – tende a apresentar ritmicidade e alguns
sintomas e sinais claros: insônia, queda de atenção, rendimento físico deficitário, etc.
Os problemas concernentes aos maus hábitos normalmente conjugam sinais e
sintomas relatados pelos pacientes, mas também uma nítida gama de insuficiências
no plano psicossocial.
Os problemas ditos biográficos, embora nem sempre descritíveis como
patologias puras ou claras, costumam levar a um sofrimento auto ou heteropessoal
que, à despeito da ausência de ritmicidades outras e clara inclusão em patologias
psiquiátricas conhecidas, não pode simplesmente ser visto como mero "jeito de ser"
ou traço de personalidade.
Do ponto de vista neurocientífico podem-se distinguir três instâncias que
respondem de maneira mais ou menos precisa pelo dito anteriormente. As dinâmicas
filogenéticas seguem-se duas dinâmicas ontogenéticas, uma lenta e outra rápida,
ambas capazes de dar conta de processos maturacionais do organismo e também de
gravar-lhe a experiência pretérita.
Se a dinâmica lenta maturacional dá conta de fenômenos de aprendizado e de
segregação funcional como o domínio da fala, escrita e modalidades de habilidades,
também a dinâmica rápida de aporte de sensações e informações constitui intenso
cabedal de redirecionamentos intencionalmente mediados de atos e omissões.
Freud apontou para esses fatores no seu célebre projeto, abandonando-o logo
em seguida e construindo uma teoria da vida mental que mais pareceria culturalista
que propriamente cerebralista (NERO, 2016).

A rejeição dos enunciados biológicos realizada pelos comentadores parece


não se basear única e exclusivamente na leitura fiel de sua obra, mas em
certa tendência interpretativa que pressupõe a existência da
incompatibilidade entre diferentes disciplinas – no caso em questão, a
psicanálise e a biologia. (FREUD 1894; apud MARTINS 2010).

Engana-se, no entanto, quem vê no Freud do projeto uma história de insucesso


já superado pelos cem anos que dele nos distanciam.
Freud, ao deparar-se com a dinâmica filogenética e ontogenética lenta, pode
lançar mão de variáveis extralinguísticas e tentar modelar-lhes padrões dinâmicos de

24
tipo redes neurais (não à toa seu Projeto é visto como precursor das atuais redes
neurais artificiais). Porém, quando se lança a explicar a dinâmica ontogenética
contextual rápida, biografia em suma, depara-se com a difícil, se não impossível,
transposição de significados expressos na cadeia narrativo-discursiva e seus
equivalentes neurais.

Embora seu poder patogênico, somente seja, em geral, apenas acessório em


relação ao da herança, há um grande interesse prático ligado ao
conhecimento dessa etiologia, que dará acesso ao nosso trabalho
terapêutico, enquanto a predisposição hereditária, previamente fixada para o
paciente desde seu nascimento, opõe um obstáculo inabordável a nossos
esforços (FREUD 1896, apud MARTINS 2010).

Modelar uma história pessoal é ainda impossível dada a dificuldade, por ora
esperamos, de estabelecer mapas que vão do significado às variedades neuronais.
Excluídas as patologias que requerem nítida e, às vezes única, intervenção
medicamentosa, e também aquelas concernentes a automatismos e hábitos em que
fármacos e terapias comportamentais devem ser indicadas, sobra uma imensa gama
de transtornos de dinâmica ontogenética rápida - significado em constante mutação -
e que costumam dar muita "dor de cabeça" aos pacientes e circundantes e tem
empobrecido o cenário da psiquiatria biológica ao se fazerem ausentes porque,
aparentemente, pouco objetiváveis ou físicas (NERO, 2016).

8 NEUROTRANSMISSORES

Fonte:psicologiaprevitali.com

25
O sistema nervoso é formado pelo encéfalo e medula espinhal, quando se
unem formam um eixo nervoso e assim coordenam todo o organismo, permitindo-o
realizar todas as funções de um corpo humano, exemplo: manipular objetos, controlar
os movimentos, aprender, raciocinar e também coordenar as funções dos órgãos,
glândulas e obter as sensações internas e externas em relação ao organismo (SILVA,
1991).

As células que formam este sistema existem em bilhões, e são chamadas de


neurônios. Os neurônios se comunicam entre si através de impulsos nervosos
captados pelos sentidos do corpo. Esta função de passar e receber
informação é chamada de sinapse. Para que tais impulsos consigam passar
de um neurônio para outro, faz-se necessário a liberação de substâncias
químicas que estimulam ou inibem o neurônio receptor. Essas sustâncias
químicas, formadas e enviadas pelos neurônios, recebem o nome de
neurotransmissores. (ANDRADE, 2003 apud NOGUEIRA, 2018).

Os neurotransmissores são mensageiros químicos que por meio dos neurônios


enviam e permitem a comunicação entre o cérebro e as demais partes do corpo,
portanto a atuação correta dos neurotransmissores é essencial para as tarefas
básicas do nosso organismo, tais como: a contração muscular, o palpitar do coração,
o respirar dos pulmões entre outras funções (BISCAINO, 2016).

As respostas dadas pelos neurônios à um estímulo vai depender da


característica do neurotransmissor e do receptor, essas respostas podem ser
excitatórias ou inibitórias (UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS, UBC, 2012 apud
MOREIRA, 2012).

Existem aproximadamente 12 neurotransmissores conhecidos ou de existência


suposta no cérebro. Dentro da psicofarmacologia, é particularmente importante
conhecer os seis neurotransmissores que são alvos das substâncias psicotrópicas:
• Serotonina;
• Noradrenalina;
• Dopamina;
• Acetilcolina;
• Glutamato;
• GABA (ácido γ-aminobutírico).

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Serotonina (5ht)

Fonte: psiqweb.med

A serotonina (5-HT) além de desempenhar importantes funções no sistema


nervoso, tais como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, da
temperatura corporal, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas,
também regula a saciedade alimentar.

Alterações nos níveis de 5-HT (baixos níveis ou problemas na sinalização


com o receptor) têm sido relacionadas ao aumento do desejo de ingerir doces
e carboidratos. Com quantidades normais de 5-HT, a pessoa atinge mais
facilmente a saciedade e consegue maior controle sobre a ingestão de
açúcares. Os níveis adequados deste neurotransmissor no cérebro
dependem da ingestão alimentar de triptofano (aminoácido precursor da
serotonina) e de carboidratos (NAVES, 2007 apud FEIJÓ, 2010).

Fora do SNC, a serotonina tem um papel importante em funções


gastrointestinais e cardiovasculares (FRANCISCO, 2010).

Noradrenalina (NA)

A noradrenalina é um neurotransmissor sintetizado nas fibras nervosas e


liberado pela medula da supra-renal, também denominada adrenal. Sendo uma
catecolamina, é formada a partir da tirosina, e atua principalmente no sistema
cardiovascular, e manutenção da pressão arterial estando relacionada ao aumento do
influxo de cálcio em nível celular.

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Também está relacionado com a transmissão do sistema nervoso autônomo
simpático e sua sinalização neste sistema dá origem a dilatação dos brônquios, vasos
sanguíneos, e pupilas, aumento dos batimentos cardíacos entre outros.

8.3 Dopamina (DA)

A dopamina faz parte da família das catecolaminas de neurotransmissores,


juntamente com a norepinefrina e epinefrina.
É um inibidor e, dependendo do local onde atua, apresenta diferentes funções.
A dopamina no gânglio basal (no interior do cérebro) é essencial para execução de
movimentos suaves e controlados - a falta de dopamina é a causa da doença de
Parkinson, a qual faz a pessoa perder a habilidade de controlar seus movimentos.
A dopamina se move até o lóbulo frontal regulando o grande número de
informações que vem de outras partes do cérebro.

Comprometer a quantidade do neurotransmisor pode resultar em


pensamentos incoerentes, como na esquizofrenia. Também é responsável
pelo sentimento de euforia, assim como a endorfina. É capaz de acalmar a
dor e aumentar o prazer se estiver em grande quantidade no lóbulo frontal
(GUYTON,1997 apud ANDRADE, 2003).

Este neurotransmissor também é responsável pelo estímulo prazeroso. A


ingestão de alimentos, prática de sexo e algumas drogas de abuso são estimulantes
da liberação de dopamina em regiões como o núcleo accumbens e córtex pré-frontal.
Muitos outros transmissores são derivados de precursores de proteínas, os
chamados” peptídeos neurotransmissores”.
Cerca de 50 peptídeos diferentes têm efeito sobre as funções das células
neuronal. Vários desses peptídeos neurotransmissores são derivados da
proteína pré-opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptídios são responsáveis pela
mediação de respostas sensoriais e emocionais tais como a fome, a sede, o desejo
sexual, o prazer e a dor.

28
8.4 Acetilcolina (ACh)

A acetilcolina estimula o impulso a ser transmitido. Está envolvida na


transmissão de impulsos de células nervosas, de músculos cardíacos à algumas
glândulas, e de células motoras para os músculos do esqueleto.
É o neurotransmissor encontrado em maior quantidade no corpo: estômago,
baço, bexiga, fígado, glândulas sudoríparas, vasos sanguíneos e coração, esses são
apenas alguns órgãos que este neurotransmissor controla.

A acetilcolina ajuda no controle dos tônus musculares, no aprendizado, e nas


emoções. Também controla a liberação do hormônio da pituitária, a qual está
envolvida no aprendizado e na regulação da produção de urina (DEPAULO,
2000 apud ANDRADE, 2003).

A síntese de acetilcolina pelo organismo é vital, pelo seu papel relativo aos
movimentos e à memória - baixos níveis de acetilcolina contribuem para falta de
concentração e esquecimento.
O corpo sintetiza acetilcolina a partir dos nutrientes colina, lecitina,
dimetilaminoetanol, vitaminas C, B1, B5, e B6, e minerais zinco e cálcio. Também é
relacionada à performance sexual, controlando a pressão sanguínea e batimento
cardíaco durante a relação sexual.

Fonte: natalben.com

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Este neurotransmissor está envolvido em muitos comportamentos dentre eles
o aprendizado, a memória, e a atenção.

É o neurotransmissor do sistema nervoso autônomo parassimpático e sua


sinalização neste sistema dá origem a constrição dos brônquios, vasos
sanguíneos, e pupilas, reduz batimentos cardíacos, produz ereção entre
outros. Esse transmissor é importante para a movimentação do nosso corpo
pois sua liberação em músculos promove a contração das fibras musculares.
(ANDRADE R. 2003 apud; MOREIRA, 2012).

A acetilcolina (ACh) é uma molécula simples sintetizada a partir de colina e


acetil-CoA através da ação da colina acetiltransferase. Os neurônios que sintetizam e
liberam ACh são chamados neurônios colinérgicos.
Quando um potencial de ação alcança o botão terminal de um neurônio pré-
sináptico, um canal de cálcio controlado pela voltagem é aberto. A entrada de íons
cálcio, Ca2+, estimula a exocitose de vesículas pré-sinápticas que contém ACh, a qual
é consequentemente liberada na fenda sináptica. Uma vez liberada, a ACh deve ser
removida rapidamente para permitir que ocorra a repolarização; essa etapa, a
hidrólise, é realizada pela enzima acetilcolinesterase.
A acetilcolinesterase encontrada nas terminações nervosas está ancorada à
membrana plasmática através de um glicolipídeo.
Os receptores ACh são canais de cátions controlado por ligantes, composto por
quatro unidades subpeptídicas. Duas classes principais de receptores de ACh foram
identificadas, os receptores muscarínicos e os receptores nicotínicos.
Ambas as classes de receptores são abundantes no cérebro humano. Os
receptores nicotínicos ainda são divididos conforme encontrados nas junções
neuromusculares e aqueles encontrados nas sinapses neuronais. A ativação dos
receptores de ACh pela ligação com o ACh provoca uma entrada de Na+ na célula e
uma saída de K+, provocando a despolarização do neurônio pós-sináptico e no início
de um novo potencial de ação.

8.5 Glutamato

O glutamato é o aminoácido livre mais abundante do sistema nervoso central


(SNC), em sua maioria apresentando funções metabólicas idênticas às exercidas em
outros tecidos, preponderantemente biossíntese de proteínas. Além disso, atua como
principal neurotransmissor excitatório. Considera-se também sua participação no
30
desenvolvimento neural, na plasticidade sináptica, no aprendizado, na memória, na
epilepsia, na isquemia neural, na tolerância e na dependência a drogas, na dor
neuropática, na ansiedade e na depressão.

Este aminoácido não atravessa a barreira hematoencefálica, por isso deve


ser sintetizado no tecido nervoso a partir de glicose e outros precursores. As
enzimas de seu metabolismo estão localizadas nos neurônios e nas células
da glia (CORONA, 2005 apud VALLI, 2014).

A função dos transportadores de glutamato é regular o tempo de sua


concentração na fenda sináptica, muitos deles sendo ativados por uma concentração
baixa desse aminoácido ou sendo levados à morte pelas altas concentrações do
mesmo (10-100µM). No entanto seus papéis fisiológicos ainda são alvos de pesquisa.
Até então não se sabe por que um organismo precisa de tantas formas de transporte
para somente um substrato.

8.6 GABA

O ácido gama-aminobutírico é um aminoácido de baixo peso molecular, que


atua como o principal neurotransmissor inibitório em diferentes vias do Sistema
Nervoso Central (SNC). Ele desempenha um papel importante na regulação da
excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema nervoso.
Seu efeito nootrópico é observado devido à sua ação sobre os denominados
canais de cloro, localizados na membrana sináptica, causando hiperpolarização
neuronal e reduzindo, portanto, tanto a hiperexcitabilidade, como também a ação dos
neurônios inibitórios. Promove, desta forma, um equilíbrio entre excitação/inibição
neuronal. Nos seres humanos, o GABA também é diretamente responsável pela
regulação dos tônus musculares.
O ácido gama aminobutírico (GABA), principal neurotransmissor inibitório do
sistema nervoso central. O GABA modula a atividade de vários neurotransmissores,
incluindo serotonina, dopamina e noradrenalina. A síntese do GABA inicia-se pela
descarboxilação de seu precursor, o glutamato. Diminuição nos níveis de GABA tem
sido descrita no cérebro, líquor e plasma de pacientes bipolares. Também a maioria
dos estabilizadores do humor apresenta efeitos terapêuticos mediados por modulação
gabaérgica (VIEIRA, 2005)

31
GABA naturalmente estimula a produção e lançamento de hormônio de
crescimento humano (HGH) da glândula pituitária. Estudos mostraram que aumento
nos níveis de HGH é associado com anabolismo e ação de lipotrófica, ou a formação
de músculo magro e utilização de gordura de corpo respectivamente. Além disso,
GABA também é reconhecido como um analgésico efetivo e pode reduzir dor dos
músculos e articulações.
O neurotransmissor GABA é indicado como ativador do metabolismo cerebral
no déficit de memória e na dificuldade de atenção e concentração; acidentes do SNC
e suas sequelas; agitação psicomotora; nos quadros de sedação; e é anticonvulsivo
em casos de epilepsia.

8.7 Receptores de neurotransmissores

Fonte: ugc.kn3.net

De acordo com Goldman (2010) os receptores de neurotransmissores de


primeira classe são canais iônicos ativados por ligantes, também conhecidos
por receptores ionotrópicos. Eles passam por uma mudança na forma quando o
neurotransmissor se liga, causando a abertura do canal. Isso pode gerar um efeito
excitatório ou inibitório, dependendo dos íons que possam passar pelos canais e suas
concentrações dentro e fora da célula.

32
Uma vez que as moléculas do neurotransmissor são liberadas de uma célula
como resultado do disparo de um potencial de ação, elas se ligam a receptores
específicos na superfície da célula pós-sináptica. Em todos os casos nos quais esses
receptores foram clonados e caracterizados em detalhe, demonstrou-se que existem
muitos subtipos de receptores para um determinado neurotransmissor.
Além de estar presente nos neurônios pós-sinápticos, os receptores são
encontrados nos neurônios pré-sinápticos. Em geral agem para inibir a liberação de
mais neurotransmissores.
Boa parte dos receptores de neurotransmissores pertencem a uma classe de
proteínas conhecida como serpentina. Essa classe exibe uma estrutura
transmembrana característica, isto é, ela cruza a membrana celular, não apenas uma
e sim sete vezes.
A ligação entre os neurotransmissores e o sinal intracelular é realizado através
da associação ou com proteínas G (pequenas proteínas que se ligam e hidrolizam a
GTP ou com as enzimas proteína quinases, ou com o próprio receptor na forma de
um canal de íon controlado pelo ligante (por exemplo, o receptor de acetilcolina). Uma
característica adicional dos receptores de neurotransmissores é que eles estão
sujeitos a dessensibilização induzida pelo ligante: isto é, eles podem deixar de
responder ao estímulo em seguida a uma exposição prolongada a seus
neurotransmissores (KING, 2000).

9 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

Foram identificados numerosos compostos que agem ou como agonistas ou


antagonistas dos neurônios colinérgicos. A principal ação dos agonistas colinérgicos
é a excitação ou inibição de células efetoras autônomas que são inervadas pelos
neurônios parassimpáticos pós-ganglionares e como tal são chamados de agentes
parassimpatomiméticos.
Os agonistas colinérgicos incluem os ésteres de colina (tais como a própria
acetilcolina) assim como seus compostos protéicos ou alcaloides (KING, 2000).

Agonista: fármacos que se ligam aos receptores fisiológicos e simulam os


efeitos dos compostos endógenos. Agonistas totais / parciais: Agonistas
totais são aqueles que conseguem uma resposta de 100% do receptor
quando ligados ao mesmo. Enquanto os agonistas parciais, independente da

33
dose utilizada, não conseguem obter uma resposta total do receptor.
Agonistas inversos: são fármacos que estabilizam o receptor em seu estado
inativado. Logo, não podem ser chamados de antagonistas, pois alteram a
conformação do receptor. Esta é a principal diferença deles para
os antagonistas que possuem eficácia zero (não alteram a conformação do
receptor – ativa ou inativa). Antagonista Competitivos: Fármacos que se ligam
aos receptores bloqueando o sítio de ligação do agonista, devido a
competição entre o agonista e o antagonista pelo receptor. Normalmente os
antagonistas apresentam maior afinidade pelos receptores no que
comparado aos agonistas do mesmo receptor. Sendo assim, os antagonistas
competitivos podem deslocar o agonista correspondente de seu sitio de
ligação. Vale ressaltar que no antagonismo competitivo, o aumento da
concentração do agonista na biofase irá deslocar o antagonista de seu sítio
de ligação, logo a concentração do agonista influência diretamente (RANG;
2011 apud, VICTOR, 2015).

As respostas dos neurônios colinérgicos podem ser ampliadas pela


administração de inibidores de colinesterase (ChE). Os inibidores ChE tem sido
utilizado como componentes dos gases paralisantes, mas também tem significativas
aplicações medicinais no tratamento de doenças como o glaucoma e a miastenia
grave bem como para terminar o efeito de agentes bloqueadores neuromusculares
tais como a atropina.

Agonistas e antagonistas colinérgicos naturais

Agonistas
• Nicotina: Alcaloide predominante no tabaco. Ativa os receptores de ACh
da classe nicotínica, trava o canal aberto
• Muscarina: Alcaloide produzido pelo cogumelo Amanita muscaria. Ativa
os receptores de ACh da classe muscarínica.
• A-Latrotoxina: Proteína produzida pela aranha "viúva negra". Induz
liberação maciça de ACh, talvez agindo como um ionóforo Ca 2+.
Antagonistas
• Atropina (e compostos relacionados a escopolamina): Alcaloide
produzido pela "dama da noite", Atropa belladonna, bloqueia a ação da
ACh apenas nos receptores muscarinicos.
• Toxina botulínica: Oito proteínas produzida pelo Clostridium botulinum
inibem a liberação de ACh.
• A-Bungarotoxina: Proteína produzida por cobras do gênero Bungarus,
impede a abertura do canal receptor de Ach.
34
10 CATECOLAMINAS

O aminoácido tirosina é o precursor de três distintos neurotransmissores


aminérgicos que contém uma estrutura química denominada catecol. Estes
neurotransmissores são coletivamente chamados de catecolaminas. Os
neurotransmissores catecolaminérgicos são a dopamina (DA), a noradrenalina (NA) e
adrenalina, também conhecida com o epinefrina. Neurônios catecolaminérgicos são
encontrados em regiões do sistema nervoso envolvidas na regulação do movimento,
do humor, da atenção e das funções viscerais.
As catecolaminas exibem efeitos excitatórios e inibitórios do sistema nervoso
periférico assim como ações no SNC, tais como a estimulação respiração e aumento
da atividade psicomotora. Os efeitos excitatórios são exercidos nas células dos
músculos lisos dos vasos que fornecem sangue à pele e às membranas mucosas. A
função cardíaca também está sujeita aos efeitos excitatórios, que levam a um
aumento dos batimentos cardíacos e da força de contração. Os efeitos inibitórios, ao
contrário, são exercidos nas células dos músculos lisos na parede do estômago, nas
árvores brônquicas dos pulmões, e nos vasos que fornecem sangue aos músculos
esqueléticos.
Além de seus efeitos como neurotransmissores, a norepinefrina e a epinefrina
podem influenciar a taxa metabólica. Essa influência funciona tanto pela modulação
da função endócrina como a secreção de insulina e pelo aumento da taxa de
glicogenólise e a mobilização de ácidos graxos. As catecolaminas ligam-se a duas
classes diferentes de receptores denominados receptores α e β-adrenérgicos.

Catabolismo da catecolamina

A epinefrina e a norepinefrina são catabolizadas em compostos inativos pela


ação sequencial das enzimas catecolamine-O-metiltransferase (COMT) e monoamina
oxidase (MAO). Demonstrou-se que os compostos que inibem a ação da MAO
apresentam efeitos benéficos no tratamento de depressão clínica, mesmo quando os
antidepressivos tricíclicos não ineficazes.
A utilidade dos inibidores de MAO foi descoberta por acaso quando os
pacientes submetidos a tratamento da tuberculose com isoniazida mostraram

35
melhoras em seu humor; depois descobriu-se que a isoniazida funcionava inibindo a
MAO.

Neurotransmissores x neuromoduladores

Fonte: amazonaws.com

Os neurotransmissores e neuromoduladores, são moléculas do sistema


nervoso que desempenham um papel fundamental na comunicação intercelular.
Quando estimulados os neurónios libertam estas moléculas que posteriormente vão
atuar em receptores pré e/ou pós-sinápticos, desencadeando uma resposta biológica.
Os neurônios sintetizam mediadores conhecidos como neuromoduladores cujo efeito
é o modular (controlar, regular) a transmissão sináptica. Existem características para
diferencia-los dos neurotransmissores:
• Deve ser sintetizado dentro do neurônio;
• Deve ser encontrado na terminação pré-sináptica e secretado em quantidades
suficientes para agir no local de ação;
• Deve imitar a ação de um transmissor endógeno, quando este for aplicado
exogenamente;
• Deve apresentar mecanismos específicos para sua remoção.

36
Identificação dos neurotransmissores

Neurotransmissores excitatórios: Estes tipos de neurotransmissores têm


efeitos excitatórios sobre o neurônio; eles aumentam a probabilidade de o
neurônio disparar um potencial de ação. Alguns dos principais
neurotransmissores excitatórios incluem epinefrina e norepinefrina.
Neurotransmissores inibitórios: Estes tipos de neurotransmissores têm
efeitos inibitórios sobre o neurônio; eles diminuem a probabilidade de o
neurônio disparar um potencial de ação. Alguns dos principais
neurotransmissores inibidores incluem serotonina e GABA. (PSICOATIVO,
2016 apud; CHERRY KENDRA 2016).

Neurotransmissores ocorrem em terminais pré-sinápticos e fazem a liberação


concomitante atividade neural. Aplicados nas células produzem efeitos idênticos a
estimulação pré-sináptica e podem coexistir numa mesma sinapse.
Os cientistas ainda não sabem exatamente quantos existem, mas mais de 100
mensageiros químicos foram identificados. Quando neurotransmissores são afetadas
por doenças ou drogas, pode haver uma série de diferentes efeitos adversos no corpo.
Doenças como Alzheimer e Parkinson são associadas com déficits desses elementos.

Como identificar
A identificação real de neurotransmissores, na verdade, pode ser muito
difícil. Devido a isso, os neurocientistas têm desenvolvido uma série de diretrizes para
determinar se um produto químico deve ser chamado de neurotransmissor ou não:
• O produto químico deve ser produzido dentro do neurônio.
• As enzimas necessárias precursoras devem estar presentes no neurônio.
• Deve haver suficiente produto químico presente para realmente ter um efeito
no neurônio pós-sináptico.
• O produto químico deve ser liberado pelo neurônio pré-sináptico e o neurônio
pós-sináptico deve conter receptores a que o produto químico se ligará.
• Tem de haver um mecanismo ou recaptação de enzima presente que inibe a
ação química.

Regulação neural

• Neurohormônios: secreção na corrente sanguínea.

37
• Neuromoduladores: secreção a partir de sítios não sinápticos, influenciam
atividade.
• Neuromediadores: secreção em sítios específicos celulares (mensageiros).
• Fatores neurotróficos: produzidas no SNC para reparar lesões (NGF - Fator de
crescimento nervoso).

Etapas da neurotransmissão

Consiste na síntese e armazenamento, liberação na fenda sináptica, difusão e


reconhecimento pelos receptores pós-sináptico, transdução do sinal, transmissão
rápida, transmissão lenta, recaptura do transmissor e desativação do
neurotransmissor.

11 PEPTÍDEO

O termo peptídeo refere-se à união de dois ou mais aminoácidos por


intermédio de ligações peptídicas, que ocorrem entre o grupo carboxila de um
aminoácido e o grupo amina de outro. Quando esses grupos se ligam, ocorre
a formação de água (reação de desidratação) em virtude da perda de uma
hidroxila do grupo carboxila e de hidrogênio do grupo amina (RANIEL, 2018).

Observe o esquema de uma ligação peptídica:

Fonte: uol.com.br

Os peptídeos diferem-se uns dos outros pelo número de aminoácidos e pela


sequência dessas moléculas. De acordo com o número de aminoácidos que possuem,
podemos classificá-los em dipeptídeos, quando são formados por dois
aminoácidos; tripeptídeos, quando são formados por três; tetrapeptídeos, quando são
38
formados por quatro aminoácidos, e assim por diante. Quando temos vários
aminoácidos ligados, usamos a denominação polipeptídeo.
Quando a molécula formada contém poucos aminoácidos ela é chamada de
oligopepetídeo. Quando há muitos aminoácidos ela é chamada de polipeptídio. Como
cada aminoácido de uma cadeia peptídica perdeu um átomo hidrogênio (H) ou uma
hidroxila (OH), cada unidade de aminoácido é chamada de resíduo.

Função biológica

Os grandes peptídeos constituem proteínas, que possuem extrema importância


biológica. Porém, muitos oligopeptídeos e peptídeos pequenos possuem grande
importância biológica, exercendo sua função mesmo em quantidades muito pequenas.
Alguns hormônios, como a insulina, glucagon e corticotrofina são compostos
por menos de 50 resíduos de aminoácidos.
Como peptídeos pequenos de ocorrência natural também podemos citar
a ocitocina, bradicinina, tireotrofina e encefalinas. Os peptídeos estão presentes em
praticamente todas as células do nosso corpo e exercem várias funções importantes.
Enzimas: uma função dos peptídeos é a produção de enzimas. As enzimas
são essenciais em diversos processos metabólicos, que incluem a quebra de
substâncias complexas que precisam ser absorvidas pelo organismo em porções
menores e mais simples. Isso inclui o metabolismo de carboidratos, proteínas e
gorduras através da dieta.
Sistema imunológico: outra função é a criação de anticorpos para o sistema
imunológico. Quando a pele é desgastada por danos causados pelo sol, por lesões
ou até mesmo por acnes, por exemplo, o corpo monta defesas no organismo para se
preparar para uma possível invasão de microorganismos. O organismo gera então um
aumento de glóbulos e peptídeos antimicrobianos para lutar contra uma possível
infecção.
Hormônios: os peptídeos podem aumentar a produção de hormônios que
controlam processos importantes como crescimento e desenvolvimento sexual. Vários
aminoácidos são necessários para produzir o hormônio do crescimento humano, por
exemplo. A ocitocina e a insulina, por exemplo, são peptídeos importantes para a

39
nossa saúde, que na verdade são hormônios relacionados com a função reprodutiva
feminina e com o controle dos níveis de açúcar no sangue.

Fármacos que atuam SNC

Os psicofármacos atuam basicamente alterando a transmissão sináptica


através dos seguintes mecanismos:
• Bloqueio da recaptura de neurotransmissores. O caso clássico de bloqueio da
recaptura ocorre com as drogas antidepressivas tricíclicas, sendo que os
tricíclicos atuam não seletivamente sobre os sistemas noradrenérgicos e
serotoninérgicos, enquanto que os inibidores seletivos atuam apenas em um
dos sitemas (por exemplo: fluoxetina – bloqueia a recaptura de 5-HT). Ainda
outras drogas possuem o mesmo mecanismo como por exemplo a cocaína, só
que o efeito é maior no sistema dopaminérgico.
• Liberação de neurotransmissores (Anfetamina – libera dopamina). Na verdade,
alguns desses fármacos pode também apresentar algum bloqueio da
recaptura, uma vez que competem com o neurotransmissor pela proteína
transportadora.
• Agonistas e antagonistas dos receptores dos diferentes neurotransmissores
e/ou peptídeos (por exemplo, morfina e os peptídeos opiáceos). Os receptores
podem ser pós-sinápticos e/ou pré-sinápticos (exemplo de antagonistas dos
receptores da dopamina são as drogas neurolépticas).
• Inibidores da síntese/armazenamento de neurotransmissores (alfa-metil-
paratirosina, reserpina).
Os fármacos que atuam sobre o SNC o fazem sobre sistemas neurais
específicos de forma aditiva ou competitiva.
De acordo com Gilman, 2010 a definição para a classe desses fármacos, e
suas características, seria, Classe de fármacos que produz efeitos fisiológicos e
psicológicos através de vários mecanismos. Podem ser divididos em fármacos
"específicos" por exemplo, aqueles que afetam um mecanismo molecular identificável
próprio das células alvo, as quais apresentam receptores para aquele fármaco -- e os
agentes "não específicos" que produzem efeitos em diferentes células alvo e agem
através de diversos mecanismos moleculares.

40
Aqueles que apresentam mecanismos não específicos geralmente são
classificados de acordo com a produção de comportamento depressivo ou
estimulante. Aqueles que apresentam mecanismos específicos são classificados por
local de ação ou pelo uso terapêutico específico.
As condições fisiológicas dos indivíduos influenciam os efeitos de fármacos no
SNC:
Ex.: hipnóticos são menos efetivos em indivíduos hiperexcitados.
Com relação as propriedades físico-químicas do fármaco, a forma farmacêutica
e a via de administração afetam a velocidade e a extensão de absorção do fármaco.
Fazem parte desta fase as etapas de desintegração e a dissolução (MOURA JUNIOR,
2015).

Fase de absorção

A absorção de medicamentos consiste em sua passagem para a corrente


sanguínea após administração (MSD, 2018 apud Jennifer, 2018).
A velocidade e a eficiência da absorção dependem da via de administração que
o fármaco é administrado.
Todo medicamento oral é absorvido no TGI (maioria no intestino e alguns
ácidos fracos e substâncias neutras podem ser, em determinada proporção, no
estômago e, através da circulação porta, vai inicialmente para o fígado, onde é
submetido ao processo enzimático de biotransformação ou degradação.

Processo de biotransformação

Efeito de primeira passagem ou metabolismo enzimatico de primeira


passagem:
• É a metabolização do medicamento pelo fígado e pela microbiota
intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica.
• Após uma droga ser administrada por via oral, ela é absorvida pelo
sistema digestivo e entra no sistema porta hepático. Antes de atingir
outros sistemas, ela é carregada através da veia porta hepática para o
fígado.

41
• O fígado metaboliza os fármacos, às vezes de tal maneira que somente
uma pequena quantidade ativa é lançada a partir do fígado em direção
ao resto do sistema circulatório do corpo.
• Os medicamentos administrados pela via oral, sofrem essa
biotransformação no fígado, diminuindo significativamente a
biodisponibilidade no sangue.
• Vias de administração alternativas podem ser usadas, como
intravenosa, intramuscular, sublingual, transdérmica e via retal. Estas
vias evitam o efeito de primeira passagem pois permitem que o fármaco
seja absorto diretamente na circulação sistêmica.
• A degradação do fármaco no fígado depende de sua estrutura química,
pode ser completamente metabolizado ou inativado.
• O fígado é o órgão que prepara a droga para a excreção, necessário
para tornar as substâncias mais polares, mais hidrossolúveis para serem
facilmente eliminadas pelos rins, a mais importante via de eliminação.
(MOURA JUNIOR, 2015).

12 FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO

Ligados ao fármaco

• Fase farmacêutica;
• Propriedades físico-químicas (lipossolubilidade, peso molecular, grau de
ionização, concentração);
• Via de administração.

Ligados ao organismo

• Vascularização do local: quanto mais vascularizado, maior a quantidade


de circulação sanguínea e assim, maior a quantidade de fármaco
circulante;
• Superfície de contato;
• Dose do fármaco a ser administrada;
42
• Concentração do fármaco na circulação sistêmica;
• Concentração do fármaco no local de ação;
• Enfermidades / Patologias;
• Fluxo sanguíneo;
• Motilidade do TGI;
• Velocidade de esvaziamento gástrico;
• Idade;
• Sexo;
• Peso corporal;
• PH do meio.

Fase de distribuição

• Ocorre após a administração do fármaco, seja via oral ou parenteral;


• Nesta etapa a droga é distribuída no organismo através da circulação;
• O processamento da droga no organismo passa primeiramente nos
órgãos de maior vascularização (como SNC, pulmão, coração) e depois
sofre redistribuição aos tecidos de menos irrigação (tecido adiposo, por
exemplo);
• Após a absorção, o fármaco precisa ser distribuído para o corpo, função
desempenhada pela corrente sanguínea;
• É nessa etapa em que a droga chega ao ponto onde vai atuar;
• O fármaco pode ser distribuído “livre” ou “complexado” a proteínas
plasmáticas (MOURA JUNIOR, 2015).

Fase de eliminação/excreção

• Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio


externo.
• O principal sítio de excreção é o rim. Além dele, podemos incluir os
pulmões, fezes, secreção biliar, suor, lágrima, saliva e leite materno.
Retirando desta lista os pulmões para os fármacos gasosos ou voláteis,

43
os demais sítios são quantitativamente menos importantes (JUNIOR,
2015).

Psicoestimulantes

Substâncias psicoestimulantes são aquelas com capacidade de aumentar o


estado de alerta e a motivação, além de possuírem propriedades
antidepressivas, de melhora no humor e no desempenho cognitivo (KUMAR,
2008, apud MORGAN 2017).

Seu efeito é considerado como semelhante à adrenalina na atividade motora,


daí a denominação de adrenérgico, contudo esse não é o único mecanismo de
ativação metabólica do organismo.
Estimulantes do sistema nervoso central (SNC) são usados, frequentemente,
para promover uma melhora cognitiva, que é definida como a ingestão de substâncias,
por indivíduos saudáveis, para aumentar funções mentais como memória, atenção,
concentração, vigília e/ou inteligência. Alguns podem ser empregados no tratamento
de doenças e distúrbios como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), narcolepsia e apneia obstrutiva do sono. Entre os principais efeitos
apreciados pelos usuários de estimulantes do SNC encontram-se aumento da
concentração e da capacidade de memorização, raciocínio mais rápido e diminuição
do sono noturno.

A tolerância a essas drogas não foi estabelecida em estudos científicos, há,


contudo, relatos sugerindo que ocorre uma diminuição na sua eficácia com o
uso prolongado (DULCAN, 1990 apud; PORTAL EDUCAÇÃO, 2017).

O mecanismo de ação central dos psicoestimulantes não é totalmente


conhecido. Acredita-se que a dextroanfetamina aumente as atividades das
catecolaminas no sistema nervoso central (SNC), sobretudo pelo aumento da
disponibilidade de noradrenalina e dopamina na fenda senáptica.
O metilfenidato tem uma estrutura química semelhante à da dextroanfetamina
sendo que o seu efeito parece ser predominantemente dopaminérgico. Há duas
hipóteses em voga sobre os efeitos centrais dos psicoestimulantes (GUALTIERI et al,
1983), defendem que os estimulantes atuam diminuindo as flutuações na vigília,
atenção e reatividade do SNC, aumentando a tenacidade pelo aumento da inibição

44
cortical. (HAENLEIN, 1987), propõem que os estimulantes aumentam a vigília do
SNC, criando uma persistência nas respostas às atividades.
O metilfenidato é o psicoestimulante mais popular na América do Norte, sendo
o único disponível no Brasil até o momento. O início de ação se dá 30 a 60 minutos
após a ingestão, sendo o pico plasmático atingido após 1,5 a 2,5 horas. A meia-vida
plasmática varia entre 2 a 4 horas, sendo a droga inteiramente metabolizada após 12
a 24 horas (WARGIN et al., 1983).
Os efeitos comportamentais atingem o auge 1 a 3 horas após a ingestão e se
dissipam após 3 a 6 horas. A meia-vida plasmática da apresentação de liberação lenta
(não disponível no Brasil) é cerca do dobro da preparação padrão (BIRMAHER et al.,
1989).
Os efeitos comportamentais aparecem após 1 a 2 horas, o pico entre 3 e 5
horas, diminuindo gradativamente até 8 horas após a ingestão. Os efeitos colaterais
dessa droga são poucos, sendo a diminuição do apetite o mais importante. Pode
também reduzir o limiar de convulsão. Não existem efeitos colaterais decorrentes do
uso prolongado do Metilfenidato (WEISS, 1996).
Os psicoestimulantes tem por função potencializar o funcionamento cerebral,
atuando sobre o neurotransmissor dopamina; com isto, ocorre a redução dos sintomas
especialmente da distração e da hiperatividade. Justamente por sua interferência no
metabolismo da dopamina, que é a substância orgânica que envolvida no controle da
motivação, níveis de energia e do prazer, os psicoestimulantes compõem uma
categoria de drogas muito controladas.
Por potencializar o funcionamento do cérebro, os psicoestimulantes
conseguem aumentar a concentração, a memória operacional e a velocidade mental;
também a capacidade de sustentar o esforço mental por tempo mais longo; iniciar e
realizar atividades até o final. Também tem efeito sobre a hiperatividade, por estimular
as áreas cerebrais que comandam a inibição da motricidade (melhoram os freios
comportamentais). Os pensamentos se tornam mais claros, pela melhor organização
das ideias e redução das distrações (JUNDURIAN, 2018).
Psicoestimulantes não são apenas "tarja-preta", que demandam receita para
serem comprados. Exigem uma receita ainda mais restrita (receituário amarela), da
mesma categoria usada, por exemplo, para a prescrição de opiáceos, como derivados

45
de morfina. São medicações que trazem riscos de efeitos colaterais sérios, bem como
risco de desenvolver dependência.
Os psicoestimulantes são comercializados em dois tipos de formulação: de
ação imediata ou de longo alcance (LA). A diferença entre ambos está no mecanismo
de liberação da droga a partir da cápsula, o que afeta diretamente o processo de
absorção pelo organismo. Com a ação imediata, a droga entra na corrente sanguínea
quase que imediatamente - em cerca de 15 minutos já se percebe seu efeito; é
rapidamente metabolizado e "sai" do organismo.
As formulações de longo alcance têm sempre dois pontos de liberação, o que
permite usar apenas uma cápsula por dia e um efeito mais duradouro.

13 TIPOS DE FORMULAÇÃO DOS PSICOESTIMULANTES

Ritalina

Fonte: tarobanews.com

A ritalina é um medicamento indicado para tratar normalmente crianças com


TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) entre outras
doenças do sistema nervoso central. O medicamento foi patenteado em 1994,
e os efeitos colaterais mais frequentes são a ação broncodilatadora, insônia
e a redução do apetite, alterações no humor. A princípio o medicamento tem
o poder de tranquilizar o paciente, estimulando sua concentração e sua
capacidade de focalizar-se em uma atividade por mais tempo, sem a
sensação ou aparência de quem está dopado, ao mesmo tempo sem ficar
agitado (COUTINHO, 2009 apud FERRAZ, 2010).

46
O princípio ativo da Ritalina é o metilfenidato, usado para tratar Transtorno da
Hiperatividade e Déficit de Atenção (THDA) em crianças. Além do tratamento do
TDAH, também é indicado para tratamento da narcolepsia e obesidade, com
restrições.
Os efeitos do metilfenidato normalmente aparecem bem rapidamente e duram
por bem pouco tempo - entre 3 a 4 horas, o que torna necessário tomar o remédio
duas ou mais vezes por dia. Existem também outras formulações de metilfenidato, de
liberação lenta (de longa duração) como Ritalina LA® ou Concerta®, que podem ter
seus efeitos durando entre 6 e 8 horas.
No homem, o sistema nervoso central (SNC) é responsável por receber e
processar informações. Essas informações são distribuídas através dos neurônios,
células pelas quais os impulsos nervosos se propagam até que cheguem à célula alvo.

A comunicação entre os neurônios é feita por meio de sinapses,


predominantemente químicas, que fazem uso de neurotransmissores -
substâncias químicas capazes de causar uma resposta. Os
neurotransmissores agem sobre a célula receptora, e em circunstâncias
normais cada tipo de informação requer determinados neurotransmissores
para transmiti-la ao neurônio seguinte (GUYTON, 2000 apud ANDRADE,
2018).

A quantidade liberada dessas substâncias também é determinada pelo tipo de


sinal a ser encaminhado. Diversas drogas agem justamente aumentando a liberação
de neurotransmissores ou então deixando os neurônios mais receptivos a esses
neurotransmissores. O metilfenidato age no sistema nervoso central inibindo a
recaptação de dopamina - neurotransmissor responsável pelo controle motor, e de
noradrenalina - neurotransmissor responsável pela excitação física, mental e de bom
humor. Neste caso o fármaco impede que as catecolaminas sejam recapturadas pelas
terminações nervosas, assim os neurotransmissores permanecem ativos por mais
tempo no espaço sináptico dando ao indivíduo um aumento da concentração,
coordenação motora e excitação.

Anfetamina

A anfetamina é uma droga sintética, fabricada em laboratório, que estimula o


sistema nervoso central, fazendo com que o cérebro trabalhe muito e mais rápido do
que o normal, deixando as pessoas mais “ligadas”, elétricas, sem sono, isto é, a

47
pessoa fica num estado hiperativo. Sendo seus efeitos muito semelhantes aos da
cocaína.

A anfetamina surgiu no século 19, tendo sido sintetizada pela primeira vez na
Alemanha, em 1887. Cerca de 40 anos depois, a droga começou a ser usada
pelos médicos para aliviar a fadiga, dilatar as passagens nasais e bronquiais
e estimular o sistema nervoso central. Na década de 30, o propósito era o
tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), então
denominado hiperatividade ou disfunção cerebral mínima (RIBEIRO, 2002
apud MARCON, 2012).

Anfetaminas são substâncias simpatomiméticas que têm a estrutura química


básica da β-fenetilamina. Sob esta designação, existem três categorias de drogas
sintéticas que diferem entre si do ponto de vista químico. As anfetaminas,
propriamente ditas, a dextroanfetamina e a metanfetamina. A anfetamina é uma droga
estimulante do sistema nervoso central, que provoca o aumento das capacidades
físicas e psíquicas.
Atualmente, as anfetaminas de uso não terapêuticos são proibidas em vários
países, incluindo o Brasil (desde 2011). Em alguns países da Europa a substância foi
totalmente proibida, sendo encontrada somente de forma clandestina, vinda de outros
locais. A maior parte dos usuários são mulheres que utilizam a droga para o
emagrecimento.

Dextroanfetamina

A Dextroanfetamina é uma substância sintética criada no século XX. Ela é um


tipo de anfetamina (substâncias simpatomiméticas que tem a estrutura química básica
da β-fenetilamina).
Segundo a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), a dextroanfetamina, é um
estimulante do sistema nervoso central e um simpatomimético. Foi também utilizada
no tratamento da narcolepsia e nos distúrbios envolvendo déficits de atenção e
hiperatividade em crianças. Possui múltiplos mecanismos de ação incluindo o
bloqueio de adrenérgicos e dopamina, estimulação da liberação de monoaminas e
inibindo a monaminoxidase.
Quando a dextroanfetamina é absorvida rapidamente por via oral, esta alcança
seu pico plasmático cerca de 1 a 3 horas após sua administração. Possui uma meia-
vida de aproximadamente 8 a 12 horas, o que faz com que seja necessária à sua

48
administração em dois a três tomadas diariamente. Parte da dextroanfetamina é
eliminada através de metabolização hepática e outra é eliminada inalterada na urina.
A acidificação da urina acelera sua excreção.
Considerada o mais potente dos simpaticomiméticos (substâncias que
estimulam o sistema nervoso simpático) devido a sua capacidade de atuar tanto no
sistema dopaminérgico quanto sistema da norepinefrina. No Brasil é comercializada
para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, sob o nome
comercial de Venvanse®.

Metanfetamina

Fonte: seligasaude.com

Por volta de 1887, foi sintetizada em laboratório a metanfetamina. Estimulante


sintético, que possui uma estrutura química semelhante a efedrina (estimulante
natural) encontrado em plantas do gênero Ephedra (MUAKAD, 2013). É uma droga
muito potente e altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema nervoso
central e periférico. Segundo Amaral 2012, a metanfetamina é uma droga estimulante
do sistema nervoso central usada com objetivo terapêutico ou como droga de abuso
quando consumida em doses acima do recomendado.
Usada de forma crônica a metanfetamina, causa nervosismo, irritação e
paranoia. Na realidade uma psicose similar à esquizofrenia com alucinações visuais

49
e auditivas. O comportamento é violento e irregular; altas doses produzem severa
depressão, insônia por muitos dias e, nesse período de “fissura”, o usuário em busca
de relaxamento procura por doses maiores, o que só aumenta a paranoia, a insônia,
nervosismo e sensação de perseguição, com julgamento de “trama contra si”. Isso
tudo gera frustração, causando no indivíduo um comportamento imprevisível e
violento. Aumenta os batimentos cardíacos, a temperatura do corpo, pressão
sanguínea e o ritmo da respiração. Dilata a pupila e produz hiperatividade temporária,
euforia, sensação de aumento de energia e tremores.
Ela tem-se vulgarizado como droga de abuso devido aos seus efeitos
agradáveis intensos tais como a euforia, aumento do estado de alerta, da autoestima,
do apetite sexual, da percepção das sensações e pela intensificação de emoções. Por
outro lado, diminui o apetite, a fadiga e a necessidade de dormir.
Não há uso médico da metanfetamina. Drogas da família das anfetaminas,
como o metilfenidato, são usados para tratamento de algumas doenças, como
a narcolepsia, e o Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças e
adultos. Porém, o potencial de dependência do metilfenidato é muito baixo.

Piracetam®

Fonte: doktersehat.com

O piracetam é um derivado cíclico do GABA. Após a ingestão oral, o pico


plasmático ocorre de 30 a 40 minutos e a droga é quase completamente absorvida. A
meia-vida é de 5 horas a 6 horas, com eliminação após 30 horas. O fármaco não é
50
transformado, sendo excretado sem alteração pelos rins, na proporção de 85% a
100% da dose. Não há ligação com proteínas plasmáticas. O piracetam é quase que
exclusivamente excretado pelos rins, e a dose deve ser reduzida em pacientes com
comprometimento renal (RIZZUTTI,1999).
O Piracetam é uma substância estimulante do cérebro que age no sistema
nervoso central, melhorando várias capacidades mentais como memória ou atenção,
sendo por isso muito utilizado para tratar vários tipos de déficits cognitivos. Está
indicado para melhorar as atividades mentais como memória, aprendizagem e
atenção, sendo, por isso, usado no tratamento da perda de função cerebral durante o
envelhecimento ou após AVC.
No Brasil, é comercializado como substância pura sob os seguintes
nomes:
• Cintilan® (Medley);
• Nootrofic® (Cristália);
• Nootron® (Biosintética);
• Nootropil® (Aventis);
• Piracetam® (Hexal).
Sob a forma associada ou combinada, para aplicação diferenciada, ocorre com
outros nomes comerciais.

Reguladores ou estabilizadores de humor

Desde a década de 60, até o início da década de 80, o lítio teve um papel
predominante no tratamento agudo e profilático dos THB. Desde então, a
carbamazepina e após, gradualmente, o ácido valpróico/valproato foram sendo
usados. Estes dois anticonvulsivantes passaram a ser utilizados em função da
percepção de que nem todos os pacientes respondiam ao lítio (a resposta ao lítio, em
geral, situa-se em torno de 50 a 70%, a depender do tipo de apresentação do episódio
e de outros fatores) e também passaram a ser consideradas como alternativas aos
efeitos colaterais causados por esse estabilizador (o que acarretava menor aderência
ao tratamento ao lítio). Durante a década de 90 novas drogas anticonvulsivantes foram
sendo testadas no tratamento do THB (como a gabapentina, a lamotrigina e o
topiramato), bem como um análogo da carbamazepina, a oxcarbamazepina.

51
Na década de XX foram demonstradas propriedades estabilizadoras de
alguns antipsicóticos atípicos (como da risperidona, da ziprazidona, da
quetiapina e, em especial, da olanzapina) (YATHAM, 2004 apud SHANSIS,
2005).

Estabilizadores do humor são substâncias utilizadas para a manutenção da


estabilidade do humor, não sendo essencialmente antidepressivas nem sedativas.
Segundo a ADEP (Associação de apoio aos doentes Depressivos e Bipolares), existe
presentes, três estabilizadores do humor comprovadamente eficazes:
• O lítio;
• O valproato;
• A carbamazepina.
Cada um destes três estabilizadores do humor tem diferentes ações químicas
no organismo. Se um não for eficaz no tratamento ou tiver efeitos adversos
persistentes o médico tem a possibilidade de escolher outro, ou de combinar dois em
doses que permitam uma melhor tolerância e eficácia.
Mais recentemente outras substâncias foram destinadas a esse fim, como o
divalproato de sódio, oxcarbazepinas, topiramato, lamotrigina. Evidentemente essa
lista tende a aumentar progressivamente, de acordo com as novas pesquisas
psicofarmacológicas.
Alguns outros anticonvulsivantes estão merecendo estudos sobre sua eficácia
como estabilizadoras do humor, como é o caso da lamotrigina e da gabapentina.
O tratamento do transtorno afetivo bipolar sem estes estabilizadores do
humor se complica devido ao fato dos antidepressivos estarem sujeitos a
desencadear crises de euforia, assim como os sedativos terem probabilidade de
desencadear a depressão. Desta forma, tanto o carbonato de lítio, quanto a
carbamazepina são utilizados sempre como coadjuvantes quase indispensáveis do
tratamento.

Depressores

Antipsicoticos
Os antipsicóticos são classificados em típicos (ou de primeira geração ou
tradicionais) e atípicos (ou de segunda geração), de acordo com seu mecanismo de
ação – os típicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2, enquanto que os

52
atípicos bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2 e os receptores serotoninérgicos
5HT2A. Essa diferença no mecanismo de ação determina perfis distintos de efeitos
terapêuticos e efeitos colaterais de cada um desses grupos (CORDIOLI, 2000).
Indicações:
• Esquizofrenia;
• Transtorno psicótico induzido por substancia;
• Transtorno delirante;
• Transtorno psicótico breve;
• Transtorno psicótico devido a condição médica geral.

Ansiolíticos
O CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas,
conceitua ansiolíticos como:
São medicamentos que têm a propriedade de atuar sobre a ansiedade e
tensão. Estas drogas foram chamadas de tranquilizantes, por acalmarem a pessoa
estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar esses tipos de
medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que "destroem" (lise) a ansiedade.
Também são utilizadas no tratamento de insônia e nesse caso também recebem o
nome de drogas hipnóticas, isto é, que induzem sono. Os ansiolíticos mais comuns
são substâncias chamadas benzodiazepínicos, que aparecem em medicamentos
como Valium®, Librium®, Lexotam®, Dormonid® etc.
Classificação ansiolíticos e hipnóticos – benzodiazepínicos:
• Quazepam;
• Midazolam;
• Estazolam;
• Flurazepam;
• Temazepam;
• Triazolam;
• Nitrazepam;
• Zolpidem.
Atuam no organismo do paciente afetando diretamente as áreas do cérebro
responsáveis por controlar a ansiedade e o estado de alerta. Seu efeito provoca uma
sensação de relaxamento. São chamados, também, de tranquilizantes e calmantes.

53
Em alguns casos, são recomendados para o tratamento de insônia, devido à
sonolência que podem provocar.
Os principais ansiolíticos utilizados são os benzodiazepínicos, que agem
diretamente nos neurotransmissores responsáveis por proporcionar o efeito sedativo
e tranquilizante das atividades do sistema nervoso central (SNC).
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país líder
em casos de transtorno de ansiedade, no qual 9,3% da população sofre com esta
doença. Ainda sobre doenças que afetam a saúde mental, a depressão afeta 5,3%
dos brasileiros. Quando falamos desses transtornos, é essencial entender como
funciona o tratamento. Nesse caso, especificamente, como funciona para quem sofre
com a ansiedade.
Ainda que os ansiolíticos não atuem como uma solução para o problema, eles
possibilitam que as pessoas dentro desse quadro possam realizar as atividades do
dia a dia, pois, com esses medicamentos, elas apresentam uma melhora nos sintomas
da doença. Os ansiolíticos não agem sozinhos, e nem devem. Tão importante quanto
um tratamento com medicamentos é a ajuda de um profissional especializado em
saúde mental, como os psicólogos e psiquiatras.
O uso indevido pode provocar diversos efeitos colaterais, proporcionando uma
progressão do quadro ou até mesmo risco de vida ao paciente. Também podem
causar dependência.

Hipnóticos

São fármacos cuja ação principal é induzir e manter o sono, possuem como
características principal a capacidade de induzirem um estado de consciência que é
semelhante, mas não idêntico, ao sono fisiológico, do qual o indivíduo é facilmente
acordado.

Desde a década de 50, a psicofarmacologia vem evoluindo no tratamento da


insônia em busca do hipnótico ideal, que mantenha um sono fisiológico e,
principalmente, que seja seguro para uso em longo prazo, uma vez que a
insônia é um transtorno crônico (MORPHY, 2007 apud CLAUDINO, 2010).

Anestésicos

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Antes da descoberta dos anestésicos, que hoje conhecemos, as dores
reduziam muito a possibilidade da intervenção cirúrgica. Os anestésicos gerais
promovem a depressão generalizada e reversível do Sistema Nervoso Central (SNC)
que promove o bloqueio das modalidades sensitivas de um modo geral, com a perda
da consciência.
O estado anestésico inclui perda da consciência, bloqueio ou insensibilidade à
dor, evitar reflexos autônomos, promover amnésia e relaxamento muscular. Os
anestésicos gerais se dividem em dois grupos:
Anestésicos inalatórios e intravenosos: A seleção do anestésico tem por
finalidade promover um regime anestésico seguro, tomando por base o tipo de
cirurgia, o estado do paciente e a farmacologia.
Agentes Inalatórios: Isoflurano (quase em desuso)
Enflurano
Sevoflurano (Atualmente o mais usado)
Desflurano
Gases anestésicos
Óxido nitroso (ainda usado)
Xenônio (Em estudo, uma esperança, mas nada comprovado).
Fármacos anestésicos intravenosos
Sedativos hipnóticos:
Propofol. – Anestésico de eleição, mas requer suplementação com narcóticos
para analgesia.
Midazolam – Benzodiazepínico. Muito utilizado. Também em anestesia
Pediátrica.
Tiopental – É um barbitúrico de ação rápida.
Etomidadto – Um derivado imidazólico, sua particularidade é estabilidade
cardiovascular.
Cetamina - Produz alucinações no período pós-anestésico
As fases da anestesia são:
1 - Indução: Inconsciência, com o uso de anestésicos, com ajuda dos
adjuvantes ou de anestésicos intravenoso, como por exemplo, o Tiopental.
2 - Manutenção: Quantidade de droga inalada ou infundida, baseada nos
parâmetros clínicos, fornecido pela monitorização.

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3 - Recuperação: Retorno da consciência com a retirada do anestésico.
Todo o processo de analgesia e suas fases geram alguma resposta do
indivíduo que está sendo submetido a este procedimento, e algumas vezes estas
respostas são os efeitos colaterais ou reações adversas. As principais são:
• Ao corpo como um todo: Febre, Cefaleia, Calafrios.
• Relativos ao sistema digestivo: Náuseas, vômitos.
• Relativa o sistema nervoso: Agitação, tontura e sonolência.
O anestésico ideal seria o que apresentasse todas as características,
nenhum agente sozinho é um anestésico ideal:
• Indução rápida e confortável;
• Relaxamento muscular adequado, para tipo de processo cirúrgico;
• Ampla margem de segurança;
• Sustentar a homeostasia durante a cirurgia;
• Rápidas alterações na profundidade anestésica;
• Ausência de toxicidade;
• Ausência de efeitos adversos;
• Eliminação rápida para proporcionar um fácil retorno à consciência.
Antiepilépticos
Fármacos utilizados para controlar e prevenir os surtos ou ataques
convulsivos.
O tratamento farmacológico inicial para suprimir ou reduzir a incidência das
crises está baseado no tipo específico da crise. Assim, as crises tônico-clônicas
(grande mal) são tratadas de modo diferente das crises de ausência (pequeno mal).
Muitos fármacos podem ser efetivos para ambas e a toxicidade do agente é
frequentemente a principal consideração na escolha do fármaco.
A monoterapia é instituída com um único fármaco, até que as crises sejam
controladas ou ocorram sinais de toxicidade. Quando a terapia com um único fármaco
é ineficaz, um segundo fármaco pode ser acrescentado ao regime terapêutico. A
terapia antiepiléptica para as crises tônico-clônicas nunca deve ser interrompida
abruptamente, caso contrário pode ocorrer convulsões.
Fenitoína:
A fenitoína é eficaz na supressão das convulsões tônico-clônicas e parciais e é
o fármaco de escolha para a terapia inicial, particularmente no tratamento de adultos.
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Mecanismo de ação:
A feitoína estabiliza a membrana neuronal para a despolarização por diminuir
o fluxo do íon sódio nos neurônios no estado de repouso ou durante a despolarização.
Também reduz o influxo de íons cálcio durante a despolarização e suprime o disparo
repetitivo dos neurônios.
Ações:
A fenitoína não é depressor generalizado do SNC, como os barbitúricos, porém
promove algum grau de sonolência e letargia, sem progressão para a hipnose. A
fenitoína reduz a propagação de impulsos anômalos no cérebro.
Usos terapêuticos:
A fenitoína é muito eficaz nas crises parciais (simples e complexas), crises
tônico-clônicas e no tratamento do estado epiléptico causado por crises tônico-
clônicas recorrentes. A fenitoína não é eficaz nas crises de ausência, que podem
mesmo piorar se o paciente for tratado com ela.

Carbamazepina:
Ações: A carbamazepina reduz a propagação de impulsos anômalos no
cérebro através do bloqueio de canais de sódio, inibindo assim a geração de
potenciais de ação repetitivos no foco epiléptico.
Usos terapêuticas: A carbamazepina é bastante eficiente em todas as crises
parciais (simples e complexas) e é frequentemente o fármaco de primeira escolha
nesses casos. Além disso, este fármaco é também muito eficaz nas crises tônico-
clônicas e é também usado no tratamento da neuralgia trigeminal.
Tem sido ocasionalmente usado em pacientes maníaco-depressivos com o
sentido de melhorar seus sintomas.

Fenobarbital
Ações: O fenobarbital apresenta atividade antiepiléptica, limitando a
expansão das descargas anômalas pelo cérebro e elevando o limiar de disparo. Seu
mecanismo de ação é desconhecido, porém pode envolver os efeitos inibitórios dos
neurônios mediados pelo ácido y-amino-butírico (GABA). As doses necessárias para
a ação antiepiléptica são menores do que as que causam pronunciada depressão do
SNC.

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Usos terapêuticos:
O fenobarbital promove taxa de resposta favorável de 50% em crises parciais
e não é muito efetivo em crises parciais complexas. Este fármaco tem sido visto como
de primeira escolha nas crises recorrentes da infância, inclusive as causadas pela
febre. Entretanto, o fenobarbital pode deprimir o desempenho cognitivo na criança
tratada por convulsões febris e, então, este fármaco deve ser usado com cautela.
O fenobarbital é também usado no tratamento das crises tônico-clônicas
recorrentes, especialmente em pacientes que não respondem ao diazepam com
fenitoína. O fenobarbital é também usado como sedativo suave no alívio da
ansiedade, tensão nervosa e insônia, apesar de os benzodiazepínicos serem
superiores.

Primidona
A primidona é estruturalmente relacionada ao fenobarbital e assemelha-se a
ele em sua atividade anticonvulsivante. A primidona é escolha alternante nas crises
parciais e tônico-clônicas. Muito da eficácia da primidona vem de seus metabólitos: o
fenobarbital e a fenil-etilmalonamida, que apresentam meias-vidas maiores que o
fármaco-mãe. O fenobarbital é efetivo nas crises tônico-clônicas e nas crises parciais
simples; e a fenil-etil-malonamida, nas crises parciais complexas.
A primidona é frequentemente usada em associação com a carbamazepina e
a fenitoína, permitindo que sejam utilizadas menores doses destes agentes. Ela é
ineficaz nas crises de ausência. A primidona é bem absorvida por via oral.
Ela mostra pouca ligação às proteínas. Este fármaco apresenta os mesmos
efeitos adversos que o fenobarbital.

Ácido Valproico
O ácido valproico diminui a propagação da descarga elétrica anômala no
cérebro. Ele pode potenciar a ação do GABA nas sinapses inibitórias. O ácido
valpróico é o mais efetivo agente disponível para o tratamento das crises mioclônicas.
Ele diminui as crises de ausência, porém é de segunda escolha em razão de seu
potencial hepatotóxico. O ácido valproico reduz a incidência e severidade das crises
tônico-clônicas.

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Etosuximida
A etosuximida reduz a propagação da atividade elétrica anômala no cérebro e
é de primeira escolha na ausência de crises.

Benzodiazepínicos
Muitos benzodiazepínicos mostram atividade antiepiléptica. O clonazepam e o
clorazepato são usados em tratamentos crônicos, enquanto o diazepam é o fármaco
de escolha no tratamento agudo do estado epiléptico. O clonazepam impede o
espalhamento da crise do foco epileptógeno e é efetivo nas ausências e crises
mioclônicas, porém desenvolve tolerância. O clorazepato é efetivo nas crises parciais,
quando usado em associação a outros fármacos.
De todos os antiepilépticos, os benzodiazepínicos são os mais seguros e mais
livres de efeitos adversos severos. Todos os benzodiazepínicos apresentam
propriedades sedativas; assim, podem ocorrer letargia, sonolência e fadiga com doses
elevadas; também podem ocorrer ataxia, tonturas e alterações do comportamento.
Podem ocorrer depressões respiratória e cardíaca, quando usados por via intravenosa
em situações agudas.

Gabapentin e Lamotrigine
Pela primeira vez, em muitos anos, estão disponíveis novos fármacos
antiepilépticos. O gabapentin é substância análoga do GABA, porém seu mecanismo
de ação não é conhecido. O lamotrigine inibe a liberação de glutamato e aspartato,
bloqueia os canais de sódio e impede o disparo repetitivo. Ambos os fármacos estão
aprovados para o tratamento das crises parciais simples e complexas, além das crises
generalizadas tônico-clônicas.

Antidepressivos

Os antidepressivos são os medicamentos usados no combate à depressão


podendo ser usados isoladamente ou em associação, de modo a obter uma
recuperação mais rápida e eficaz.

Podem ser classificados de acordo com a estrutura química ou as


propriedades farmacológicas. A estrutura cíclica (anéis benzênicos)
caracteriza os antidepressivos heterocíclicos (tricíclicos e tetracíclicos). Os
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Antidepressivos tricíclicos (ADT) se dividem em dois grandes grupos: as
aminas terciárias (imipramina, amitriptilina, trimipramina e doxepina) e as
aminas secundárias (desmetilimipramina, nortriptilina e protriptilina).
Maprotilina e amoxapina são antidepressivos tetracíclicos (BEZCHLIBNYK,
1999 apud MORENO, 1999).

Preferencialmente, são classificados em função da ação farmacológica, mais


útil na prática clínica porque os antidepressivos de nova geração não compartilham
estruturas comuns. Podemos dividi-los de acordo com o mecanismo de ação
proposto, aumentando a eficiência sináptica da transmissão monoaminérgica
(particularmente de neurônios noradrenégicos e/ou serotonérgicos). Medicamentos
antidepressivos produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda
sináptica através da inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neuronal ou
atuação em autoreceptores pré-sinápticos
Os mecanismos de ação são distintos de um antidepressivo para outro. Há
várias e diferentes classes. Existem os inibidores seletivos da recaptação de
serotonina ou serotoninérgicos (fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram e
escitalopram). Os antidepressivos duais que inibem a recaptura tanto de serotonina
quanto de noradrenalina, conhecidos como os de duplo mecanismo de ação
(venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina). E aqueles que atuam sobre outros
neurotransmissores ou têm mecanismos de ação completamente diferentes como a
agomelatina que atua como agonista em receptores de melatonina (hormônio
produzido pela glândula pineal do cérebro). Os efeitos colaterais variam de acordo
com a classe ao qual o antidepressivo pertence e também de acordo com a tolerância
de cada indivíduo.
Os antidepressivos mais antigos, conhecidos como tricíclicos (clomipramina,
imipramina, amitriptilina) costumam dar mais efeitos colaterais que os mais recentes
(inibidores da recaptação de serotonina e os de duplo mecanismo de ação). Entre os
efeitos colaterais (variável de pessoa para pessoa e de acordo com o tipo de
antidepressivo utilizado) que podem ocorrer temos: alteração do sono e apetite,
alterações gastrintestinais (diarreia ou obstipação intestinal), retenção urinária,
alergias de pele, sudorese, diminuição da libido ou retardo da ejaculação, aumento ou
diminuição de peso, náusea, tontura, tremores – inclusive, alguns deles, de forma
paradoxal, podem aumentar até a ansiedade e agitação nos primeiros dias de
tratamento e por tempo limitado.

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Os efeitos colaterais iniciais podem ser contornados e atenuados nos primeiros
dias ou semanas de tratamento, o médico deve sempre ser consultado e orientar o
seu paciente a respeito. Há alguns antidepressivos que podem ser hepatotóxicos e
exames de sangue devem ser solicitados. Deve-se evitar a parada da medicação por
conta própria. Há pessoas mais sensíveis aos efeitos colaterais, enquanto alguns não
os têm. É muito individual.

Mecanismo fisiopatológico da depressão

A fisiopatologia da depressão, por mais de três décadas, tem sido explicada


por meio da hipótese monoaminérgica e seus desdobramentos. Entretanto, esta
hipótese apresenta algumas deficiências como refratariedade de 30% ao tratamento
com antidepressivos taxa de recaída de até 50% após o primeiro episódio, latência de
14 dias no efeito antidepressivo e um terço dos casos não apresentam remissão
completa dos sinais e sintomas. Desta forma, as pesquisas atuais têm apresentado
outras hipóteses, dentre elas a participação do sistema endócrino e imunológico.

Estudos têm mostrado um aumento da resposta inflamatória durante o curso


da depressão evidenciado por um aumento dos níveis de citocinas pró-
inflamatórias no soro de pacientes. A hipótese citocinérgica sugere que a
vulnerabilidade genética, doenças como câncer e diabetes, doenças auto-
imunes, eventos de vida estressantes e infecções virais, bacterianas e
parasitárias, poderiam estar relacionadas ao desencadeamento dos
transtornos depressivos através da ativação imune sistêmica (RAWDIN,
2013 apud MARZZANI, 2018).

Foi demonstrado em um estudo que indivíduos com diagnóstico de depressão


apresentaram aumento de leucócitos sanguíneos periféricos, elevação na
concentração plasmática de proteínas de fase aguda, diminuição na resposta celular
a mitógenos, redução do número de linfócitos e da atividade de células natural killer
(NK), alteração na expressão de antígenos e aumento nos níveis sanguíneos de
citocinas pró-inflamatórias e seus receptores. Dessa forma, sugere-se que o aumento
na síntese de citocinas pró-inflamatórias e um desequilíbrio na resposta dos linfócitos
Th1 e Th2 poderiam desempenhar um papel relevante na fisiopatologia da depressão
resultando nos sinais e sintomas. Mesmo sendo liberadas perifericamente, as
citocinas pró-inflamatórias podem adentrar e agir no encéfalo, alterando o
metabolismo dos neurotransmissores, a função neuroendócrina através da

61
hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), a plasticidade neuronal com
a diminuição das neurotrofinas e uma maior ativação das vias glutamatérgicas,
influenciando nos comportamentos sinápticos.

Tratamento

Atualmente existem variados tratamentos para depressão, que se podem optar


consoante a gravidade ou duração da doença. As opções de tratamento na fase aguda
incluem a psicoterapia, a farmacoterapia, a combinação da psicoterapia e da
farmacoterapia e a terapia eletroconvulsiva. Dentro destas, a escolha vai ser feita de
acordo com o perfil do paciente e do que lhe é mais apropriado (PLESNIČAR, 2014).

Inibidores da monoaminoxidase (MAO)

Os inibidores da MAO são uma classe de antidepressivos antiga e eficaz,


mas que, devido ao seu perfil de segurança não são usados como tratamento
de 1ª linha (MITSCH, 2013 apud FERNANDES, 2014).

Destacam-se alguns efeitos indesejáveis associados a este grupo, como os


distúrbios do sono, agitação, xerostomia, cefaleias, entre outros.
O seu mecanismo de ação consiste no bloqueio de uma importante via de
degradação intraneuronial dos neurotransmissores amínicos, provocando o aumento
destes na fenda sináptica. Têm, também, ações simpaticomiméticas e de bloqueio de
receptores adrenérgicos que podem contribuir para a ação antidepressiva.
Os inibidores da MAO não seletivos (tipo A e B) e os inibidores que inibem
reversivelmente a MAO-A são os que de facto têm ação antidepressiva.
Todos os inibidores da MAO têm a capacidade de inibir diversos fermentos,
especialmente os fermentos microssómicos hepáticos, que são necessários à
metabolização de substâncias exógenas e fármacos. Deste modo, estes
medicamentos, com a exceção dos inibidores específicos reversíveis de tipo A, são
incompatíveis com alguns fármacos e alimentos, como por exemplo os opiáceos. Em
Portugal estão comercializados a moclobemida (Aurorix ®, Zorix ®) e o pirlindol
(Implementor ®).

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Antidepressivos tricíclicos (ADT)

Estes antidepressivos são assim chamados devido à sua estrutura química


(constituídos por três anéis) e são inibidores da recaptação da noradrenalina e da
serotonina, partilhando a maior parte deles as mesmas propriedades farmacológicas
e clínicas. Foram os primeiros antidepressivos eficazes a serem amplamente
utilizados no tratamento da depressão major no início da década de 60.
Este grupo tem como reações adversas a sedação (variando consoante o
princípio ativo); efeitos anticolinérgicos como a retenção urinária, quadros
confusionais, aumento da pressão intraocular, mucosas secas, obstipação;
hipotensão ortostática; alterações do ritmo cardíaco e agravamento da diabetes pré-
existente.

A sua utilização nos idosos e crianças está contraindicada, mas se


necessário, podem ser utilizados nestes, mas com precaução, requerendo
muitas vezes reduções significativas da dose devido à manifestação de
reações paradoxais. Doses superiores a 100mg por dia estão associadas a
um aumento do risco de morte súbita cardíaca (FIGUEIRA, 2012 apud
FERNANDES, 2014).

Deste grupo fazem parte os seguintes antidepressivos: amitriptilina (ADT ®),


clomipramina (Anafranil ®), dosulepina (Protiadene ®), imipramina (Tofranil ®),
maprotilina (Ludiomil ®), mianserina (Tolvon ®), mirtazapina (Remeron Soltab ®),
nortriptilina (Norterol ®), reboxetina (Edronax ®), trazodona (Triticum ®) e trimipramina
(Surmontil ®).

Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ssri)

Fluoxetina (Prozac ®), sertralina (Zoloft ®), paroxetina (Stiliden ®, Dropax ®,


Seroxat ®, Denerval ®, Paxetil ®), fluvoxamina (Dumyrox ®), citalopram e
escitalopram (Cipralex ®) são os antidepressivos pertencentes a este grupo. Após a
introdução da fluoxetina nos anos 80, este grupo começou rapidamente a substituir os
antidepressivos tricíclicos como tratamento de 1ª linha na depressão, isto porque eram
mais seguros e melhor tolerados (THASE, 2013).
Possuem como mecanismo de ação o bloqueio imediato do transporte neuronal
da serotonina aumentando a disponibilidade sináptica deste neurotransmissor. A sua
eficácia é semelhante à dos outros antidepressivos, mas devido à sua seletividade
63
para com este receptor têm uma vantagem sobre eles, apresentando menos efeitos
adversos associados.

No entanto, os efeitos secundários deste grupo existem. Os mais frequentes


são as cefaleias, a disfunção sexual e sintomas gastrointestinais, por isso
deve-se adicionar um fármaco gastroprotetor nos idosos que sejam
medicados com anti-inflamatórios não esteróides. Nos idosos também podem
causar hiponatrémia, a qual raramente se manifesta nos jovens adultos
(ELLISON, 2012 apud FERNANDES, 2014).

Acredita-se que a combinação entre um SSRI e um inibidor da MAO é perigosa


pois pode ocorrer uma interação farmacológica que leva ao aumento acentuado de
serotonina nas sinapses. Este aumento pode provocar uma Síndrome de Serotonina,
que consiste em rigidez muscular, hipertermia, alterações drásticas no estado mental
e sinais vitais. Os antidepressivos deste grupo que apresentam um maior número de
interações medicamentosas são a fluoxetina, a fluvoxamina e a paroxetina, sendo que
este último está associado a um maior número de sintomas de descontinuação.

Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina


(SNRI)

Os antidepressivos pertencentes a este grupo, como o nome indica, bloqueiam


a recaptação pré-sináptica da serotonina, da noradrenalina e, em menor escala, da
dopamina.
Dos SNRI fazem parte a venlafaxina (Efexor XR ®), o milnacipram (Ixel ®) e a
duloxetina (Cymbalta ®). Os efeitos secundários são muito idênticos aos dos SSRI,
particularmente as náuseas, os vómitos, a disfunção sexual e os sintomas
relacionados com a descontinuação (que à semelhança dos SSRI atenuam-se com a
continuação do tratamento).
Porém, este grupo está mais associado a efeitos adversos dependentes da
ativação noradrenérgica, como o aumento da frequência cardíaca, dilatação pupilar,
sudação excessiva, obstipação e boca seca. O aumento da tensão arterial também é
um dos riscos deste grupo, sendo mais intenso na venlafaxina em doses diárias
superiores a 150mg.

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Inibidores da recaptação neuronial da dopamina

O bupropiom (Elontril ®, Wellbutrin XR ®, Zyban ®) é o exemplo desta classe.


Possui como mecanismo de ação a inibição da recaptação da dopamina, embora
também tenha alguma ação sobre a recaptação da noradrenalina e da serotonina. Os
efeitos secundários mais comuns são as cefaleias, sonolência, insónia, agitação,
diarreia, náuseas, entre outros. Para além do tratamento da depressão major também
é utilizada na cessação tabágica, devido à sua ação no SNC.

Terapêuticas de combinação

Embora exista uma grande variedade de antidepressivos, por vezes o uso


destes no singular não é eficaz. A verdade é que muitos doentes
desenvolvem resistência ao tratamento (quando o tratamento com dois
antidepressivos diferentes não mostra evidências de remissão da depressão,
e a combinação de antidepressivos, de estrutura e mecanismo de ação
diferentes, parece ser uma solução para este problema (RICHELSON, 2013
apud FERNANDES, 2014).

Atualmente não existe nenhum fundamento suficientemente forte que suporte


esta prática. Porém, os cada vez mais seguros perfis de segurança dos
antidepressivos mais recentes, permitem que esta estratégia terapêutica seja cada
vez mais procurada.
As combinações mais usadas são geralmente seguras e são uma maneira de
minimizar os sintomas de descontinuação que muitas vezes se verificam quando se
faz a mudança de um antidepressivo para outro.

Antidepressivos tricíclicos (ADT) e inibidores da MAO

Ao contrário do que se pensava há vinte anos atrás, os prescritores mais


experientes olham para esta combinação como sendo segura e uma mais valia para
aqueles doentes com estados depressivos mais avançados. No entanto, esta
estratégia nunca foi muito bem estudada e os estudos que existem não nos dão
segurança para afirmar que este tratamento é mais eficaz que a monoterapia.

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SSRI’s e antidepressivos tricíclicos (ADT)

Após a sua introdução, os SSRI’s rapidamente substituíram os antidepressivos


tricíclicos como tratamento de 1ª linha na depressão. No entanto, muitos doentes
medicados com SSRI’s desenvolveram a chamada “depressão resistente aos SSRI’s”.
O tratamento para este tipo de depressão pode passar pela combinação entre um
SSRI e um ADT. Outra possibilidade é a substituição do SSRI pelo ADT, contudo
muitos doentes sofrem de sintomas de descontinuação aquando da suspensão da
toma do SSRI. Estudos realizados confirmam que esta combinação é mais segura que
a combinação entre ADT e Inibidores das MAO e é a que oferece maior probabilidade
de remissão.

SSRI’S e bupropiom

No final dos anos 90, esta combinação veio substituir a anterior por diversas
razões, destacando-se o melhor perfil de segurança e menos efeitos
secundários a nível sexual (THASE, 2013 apud FERANADES, 2014).

Ainda não se fizeram ensaios clínicos suficientes que ajudassem a suportar


esta estratégia, no entanto há muitos médicos que optam por esta terapêutica.

SSRI’s/ SNRI’s e mirtazapina

Desde a introdução da mirtazapina nos anos 90 que estas combinações têm


sido bastante prescritas pelos médicos pois acreditava-se que tinha efeitos
sinergéticos e aditivos (THASE, 2013 apud FERNANDES, 2014).

Não existe muita documentação que suporte está terapêutica, mas, a


mirtazapina é muitas vezes prescrita em associação com um SSRI ou a venlafaxina.
De facto, as evidências existentes ainda não são suficientes para comprovar e
suportar as terapêuticas acima mencionadas, mas há certamente a necessidade de
encontrar tratamentos alternativos para os doentes que não respondem aos de 1ª e
2ª linha. Por esta razão, devia ser feita mais investigação nesse sentido.

66
O papel do farmacêutico

As doenças mentais, nas quais se inclui a depressão, são das doenças mais
difíceis de conduzir. É necessária uma monitorização da terapêutica com o
propósito de melhorar as condições de vida do paciente, controlando a
adesão e reduzindo os efeitos secundários (SALAZAR, 2014 apud
FERNADES, 2014).

O farmacêutico é essencial na gestão da terapêutica ao paciente, visto que é


um dos profissionais de saúde a quem as pessoas mais recorrem, devido à
manutenção de uma relação de proximidade e confiança. Além de avaliar a
prescrição, identificando possíveis interações com medicação concomitante ou com
outras patologias, o farmacêutico deve informar aos pacientes (verbalmente e por
escrito) sobre a patologia e o uso correto da medicação, bem como supervisionar a
efetividade e a segurança do tratamento.
Uma informação correta sobre o tratamento é muito importante já que muitas
vezes, por falta de conhecimento, os pacientes abandonam a terapêutica (COSTA,
2010). Alguns estudos comprovam que a intervenção do farmacêutico no seguimento
da doença pode reduzir o risco de suicídio e minimizar as recaídas. Isto só pode ser
conseguido ao identificar, prevenir e solucionar problemas relacionados com a
terapêutica.

14 FARMACODEPENDÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

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A OMS – Organização Mundial da Saúde, define a farmacodependência como:

Um estado psíquico e algumas vezes também físico, resultante da interação


entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por um
comportamento e outras reações que incluem sempre compulsão para
administrar a droga, de forma contínua ou periódica, com a finalidade de
experimentar seus efeitos psíquicos e às vezes para evitar o desconforto de
sua abstinência. A tolerância pode existir ou faltar e o indivíduo pode ser
dependente de mais de uma droga.

A farmacodependência é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e


se trata de uma doença crônica, ou seja: o indivíduo é afetado a nível físico, mental,
emocional e espiritual.
O grande equívoco da maioria das pessoas quando se fala em vício é pensar
que ele só ocorre com drogas ilícitas ou substâncias como álcool e nicotina. Longe de
pensar que o medicamento prescrito pelo médico pode ter efeitos tão devastadores
quanto, mas isso é mais comum do que imaginamos.
A propensão para o vício é maior para três classes de medicamentos:
estimulantes, normalmente prescritos para pessoas com déficit de atenção; opióides,
que servem para o tratamento de fortes dores; e tranquilizantes ou sedativos,
utilizados para o tratamento de transtornos de sono ou de ansiedade.

Sinais do vício em medicamentos

Ocorre quando existe o abuso nas doses de substâncias pelo próprio paciente
ou até sua ingestão irregular por familiar que tenha acesso fácil.
Comportamentos:
• Necessidade de prescrições frequentes, podendo até consultar mais de
um médico para conseguir várias receitas;
• Utilização de artifícios para conseguir novas prescrições, afirmando que
perdeu a receita anterior, por exemplo;
• Consumo do remédio em quantidade maior que a indicada;
• Busca pelos medicamentos para compra via internet, às vezes por meios
ilícitos e de fontes duvidosas.

68
Diagnóstico de dependência

Pelo menos 3 ou mais manifestações durante os últimos 12 meses:


• Tolerância;
• Abstinência;
• Uso frequente de quantidades maiores ou por períodos mais prolongados do
que o pretendido;
• Desejo persistente ou esforços malsucedidos para controlar o uso;
• Muito tempo é consumido em conseguir, usar ou recuperar-se do uso;
• Abandono ou redução de atividades sociais, ocupacionais ou recreativas
devido ao uso;
• Uso mantido apesar do reconhecimento de problemas físicos ou psicológicos
persistentes ou recorrentes, causados ou agravados pelo uso.

Como ocorre o tratamento

A farmacodependência é a dependência de fármacos, ou seja, de


medicamentos. Trata-se de um estado psíquico ou físico causado pelo consumo
exagerado de fármacos como analgésicos, tranquilizantes, psicofármacos entre
outros.
Quando um indivíduo é farmacodependente, geralmente ele apresenta
diversos sintomas como a alteração do comportamento e as crises de abstinência
quando, por alguma razão, deixa de consumir os medicamentos. Os tratamentos para
farmacodependência variam de indivíduo para indivíduo. Tudo isso precisa ser feito
por profissionais habilitados (REINTER, 2019).
A pessoa está doente e consumindo cada vez mais substâncias nocivas sem
talvez se dar conta do mal que vem causando a si própria. Daí a necessidade de ser
tratada por uma equipe multidisciplinar que possa olhá-la a partir de perspectivas
diversas, oferecendo-lhe o tratamento de que necessita. Veja alguns componentes do
tratamento:
Desintoxicação e abstinência - A desintoxicação é um dos primeiros passos
para os dependentes que buscam a recuperação. Não é uma etapa fácil de ser
cumprida, pois nela surgem as crises de abstinência. Por isso é necessário o apoio

69
de especialistas que possam ajudar de diversas formas o dependente a prosseguir na
sua luta pela reabilitação completa.
Terapia em grupo – quando um dependente está em tratamento, uma das
coisas mais indicadas é a terapia em grupo. Nesses grupos os dependentes relatam
experiências e incentivam uns aos outros a prosseguir com a desintoxicação, o que é
de grande valia, pois a pessoa percebe que não está só na busca pela reabilitação.
Tipos de terapias
São diversas as terapias que podem ser utilizadas tanto de forma individual
como combinada. Veja algumas delas:
Terapia comportamental – consiste em diversas técnicas desenvolvidas por
terapeutas para que o dependente se livre de comportamentos indesejáveis durante
o tratamento.
Terapia ocupacional – tem como principal objetivo fazer com que o
dependente consiga desenvolver canais de expressão e comunicação. Não é um tipo
de terapia comum, porém é uma técnica complementar e eficiente no processo de
recuperação.

A psicoeducação pode ser aplicada não somente em forma de sessão


individual, mas também por meio de exercícios, informações escritas tarefas,
orientações individuais e sessões em grupo. A psicoeducação pode levar ao
paciente maior compreensão sobre si mesmo, auxiliando no desenvolver de
seu tratamento a forma que é reconhecida e fortalecida o vínculo terapêutico
e social quando em grupo, junto com o reconhecimento de melhores opções
para o tratamento da dependência, funcionamento da mesma, etiologia e
qualquer outras características relevantes do caso. O paciente reconhece
através de quais métodos atingirem a melhora do diagnóstico, considerando
a direta influência do autoconhecimento e conhecimento de técnicas possui
no desenvolver do tratamento (ARGIMON et al., 2013 apud SANTOS, D
2014).

70
15 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

Conceito

A síndrome de abstinência é caracterizada por um conjunto de sinais e


sintomas autolimitados, de gravidade variada, devido à interrupção total ou parcial da
substancia, podendo estar associada a diversos transtornos de natureza orgânica e
psiquiátrica.
Pode se definir também como sendo a manifestação de um desajuste
metabólico no organismo provocado pela suspensão do uso de algumas substâncias
com quadro clínico que revela a falta que determinada substância está fazendo ao
metabolismo orgânico.
A característica essencial da abstinência de substância é o desenvolvimento
de uma alteração comportamental mal adaptativa e específica à substância, com
concomitantes fisiológicos e cognitivos, devido à cessação ou redução do uso pesado
e prolongado de uma substância.
De acordo com os postulados de Laranjeira, Nicastri et al. (2000) uma
variedade de fatores influencia o aparecimento e a evolução desta síndrome, como
por exemplo: a vulnerabilidade genética, o gênero, as características individuais
biológicas e psicológicas e os fatores socioculturais.

71
A síndrome específica à substância causa sofrimento ou prejuízo clinicamente
significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.
Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são mais bem
explicados por outro transtorno mental.
A abstinência geralmente, mas nem sempre, está associada com Dependência
de Substância. A maior parte dos indivíduos com Abstinência (talvez todos) tem uma
premência por readministrar a substância para a redução dos sintomas.
O diagnóstico de Abstinência é reconhecido para os seguintes grupos de
substâncias: álcool; anfetaminas e outras substâncias correlatas; cocaína; nicotina;
opióides; e sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos.
Os sinais e sintomas de Abstinência variam de acordo com a substância usada,
sendo a maior parte dos sintomas o oposto daqueles observados na Intoxicação com
a mesma substância. A dose e a duração do uso e outros fatores tais como a presença
ou ausência de doenças adicionais também afetam os sintomas de abstinência.
A Abstinência desenvolve-se quando as doses são reduzidas ou cessadas, ao
passo que os sinais e sintomas de Intoxicação melhoram (gradualmente, em alguns
casos) após a cessação das doses. Algumas síndromes de abstinência podem ser tão
graves a ponto de colocar em risco a vida da pessoa, como é o caso da abstinência
do álcool e da heroína.
Síndrome (estado) de abstinência
• Conjunto de sintomas que se agrupam de diversas maneiras e cuja
gravidade é variável, ocorrem quando de uma abstinência absoluta ou
relativa de uma substância psicoativa consumida de modo prolongado.
O início e a evolução da síndrome de abstinência são limitados no tempo
e dependem da categoria e da dose da substância consumida
imediatamente antes da parada ou da redução do consumo. A síndrome
de abstinência pode se complicar pela ocorrência de convulsões.
Síndrome de abstinência com Delirium
• Estado no qual a síndrome de abstinência se complica com a ocorrência
de delirium, este estado pode igualmente comportar convulsões.
Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”,
publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (2000), a característica primordial

72
da dependência de substâncias corresponde à presença de um conjunto de sintomas
cognitivos, comportamentais e fisiológicos.
Esses sintomas evidenciam que o indivíduo continua a utilizar uma
determinada substância, apesar dos problemas significativos relacionados à mesma
tanto em termos de saúde quanto pessoais e sociais. Sendo assim, existe um padrão
de autoadministração repetida, o qual geralmente resulta em tolerância, abstinência e
comportamento compulsivo de consumo da droga. Resulta de neuroadaptação que
aparece como tolerância no decorrer do uso.
Trabalhos descrevem a síndrome de abstinência como a doença da adição
(DA) acometendo homens e mulheres e não está relacionada somente às drogas, mas
qualquer outra manifestação compulsiva que a pessoa tenha demasiadamente. O
termo adição é utilizado para evitar a terminologia viciado, pois vício tem conotação
negativa que diminui a autoestima do adicto prejudicando sua recuperação.

16 O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados com a Saúde, mais conhecida como CID, é uma das principais
ferramentas epidemiológica do cotidiano médico.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é
publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação
de doenças e outros problemas relacionados à saúde.
A CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande
variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e
causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma
categoria única à qual corresponde um código CID 10.
A CID-10, como é conhecida, foi desenvolvida em 1992 para registar as
estatísticas de mortalidade.
A principal função do CID é monitorar a incidência e prevalência de doenças,
através de uma padronização universal das doenças, problemas de saúde pública,
sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e circunstâncias

73
sociais, apresentando um panorama amplo da situação em saúde dos países e suas
populações.
O CID é utilizado por médicos, outros profissionais de saúde, pesquisadores e
gestores em saúde, empresas, seguros de saúde e organizações de pacientes, para
classificar doenças e problemas em saúde nos registros em saúde.
Esta ferramenta está traduzida em 43 diferentes línguas e presente em mais
de 115 países. A versão mais nova é o CID-10 lançado na 43a Assembleia Mundial
da Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 1990.
Uma nova versão está em revisão com lançamento previsto do CID-11 em 2018.
O DATASUS disponibiliza o programa PESQCID, que permite a partir de um
nome, parte do nome ou código, localizar as informações sobre a CID. Este programa
está disponível para download na página do DATASUS.
Os seguintes códigos são usados pela Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

74
Fonte: scielosp.org

A nova CID

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou em junho de 2018 a nova


Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde (CID-11) após 10 anos de preparação. A nova CID é totalmente eletrônica,”
tornando-a mais fácil de usar e menos propensa a erros”, como afirma a OMS em seu
site oficial.

75
A CID é uma das principais ferramentas epidemiológicas do cotidiano médico
e a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo. O novo
documento contém cerca de 55 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de
morte – a CID-10 continha 14.400.
Entre as novidades da publicação, estão a inclusão do transtorno dos jogos
eletrônicos como um dos problemas de saúde mental, além de capítulos inéditos
sobre medicina tradicional e saúde sexual.
Sua principal função é monitorar a incidência e prevalência de doenças, por
meio de uma padronização universal das mesmas, problemas de saúde pública, sinais
e sintomas, causas externas para ferimentos e circunstâncias sociais, apresentando
um panorama amplo da situação em saúde dos países e suas populações.
De acordo com Dr. Robert Jakob, coordenador da equipe de classificação de
terminologias e padrões da OMS, essa décima primeira edição também reflete o
progresso da medicina e os avanços na compreensão científica. O Dr. Jakob disse
também que outras seções que foram atualizadas de acordo com o conhecimento
atual incluem cardiologia, alergias e doenças do sistema imune, doenças infecciosas,
câncer, demência e diabetes.
O documento será apresentado oficialmente durante a Assembleia Mundial da
Saúde, em maio de 2019, e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022. A versão já
divulgada permitirá aos países planejar seu uso, preparar traduções e treinar
profissionais de saúde.
A CID também é utilizada por seguradoras de saúde cujos reembolsos
dependem da codificação de doenças; gestores nacionais de programas de saúde;
especialistas em coleta de dados; e outros profissionais que acompanham o
progresso na saúde global e determinam a alocação de recursos de saúde.

76
17 PSICOTERAPIA

Fonte: vittude.com

A psicoterapia é uma técnica que usa dos mais variados instrumentos do


método em que é embasada. Sendo, portanto, uma técnica válida e positiva,
visto que utiliza de instrumentos, com eficácia comprovada cientificamente
(RIBEIRO, 1984 apud AZEVEDO, 2018).

A psicoterapia é também, uma forma de autoconhecimento, de crescimento e


aprendizagem. Dessa forma, a psicoterapia não é apenas uma teoria ou técnica que
trata de pessoas doentes, mas uma ação entre duas pessoas, que resulta em maior
envolvimento de ambos com a realidade.
Consequentemente, psicoterapeuta e paciente, juntos, podem estabelecer uma
relação benéfica, que fará com que o paciente, ao adentrar sua própria realidade,
encontre meios para amenizar seu sofrimento psicológico.
A psicoterapia já é um efetivo recurso de mudança e, com a força do contato
humano e dos psicofármacos, quando necessários, garante a eficácia do tratamento.
“Isto nos permite sonhar com um futuro no qual a escolha do medicamento ou a
indicação de psicoterapia sejam feitas, especificamente, analisando as condições de
cada paciente, caso-a-caso.
Atualmente, percebe-se que a psicoterapia e a psicofarmacologia são eficazes
no tratamento de pessoas com transtornos mentais, entretanto, ambas possuem
benefícios e limitações. Na psicofarmacologia, o alivio dos sintomas é mais rápido,
mas existem efeitos colaterais adversos.

77
Na psicoterapia, normalmente, o acompanhamento é feito semanalmente e o
progresso e observado no decorrer do tempo. No entanto, os casos de transtornos
mentais graves demandam uma ação mais imediata. Sendo assim, recentes estudos
indicam que os dois métodos terapêuticos, quando combinados, são mais eficazes
para a saúde mental do paciente do que isoladamente (FRANCO, 2012).

Terapia ocupacional: interferência dos psicofármacos no tratamento

A profissão terapia ocupacional foi criada no início do século XX, nos Estados
Unidos. Teve sua prática reconhecida no contexto da reabilitação física e mental pela
necessidade de reinserir os traumatizados de guerra na sociedade.

No Brasil, a profissão foi criada em 1959. Na área de psiquiatria tinha sua


prática voltada a assistência hospitalocêntrica, com a tarefa de ocupar os
pacientes, num processo de manutenção e organização dos hospitais e de
reabilitação, tendo em vista que, com o advento das terapêuticas biológicas
e farmacológicas, os pacientes melhoravam rapidamente dos sintomas
(BENETTON, 2005 apud RIBEIRO, 2005).

Diante das transformações na assistência psiquiátrica, esta profissão vem


buscando uma legitimidade enquanto área de atuação e de produção de saber. Para
tanto, os terapeutas ocupacionais têm procurado aprimorar-se teórica, técnica e
politicamente para a atuação na rede de serviços substitutivos, em nível de prevenção
e promoção de saúde, tratamento, reabilitação e inclusão social. No final da década
de 1970, algumas terapeutas ocupacionais defendendo a função terapêutica,
incorporam conceitos psicodinâmicos baseados na psicanálise e na psicologia e criam
um método de tratamento. Neste método, a terapia ocupacional é definida por uma
dinâmica relacional entre terapeuta-paciente-atividade em que se compõe uma trilha
associativa num campo transferencial. Este método tem sido amplamente divulgado
entre os terapeutas ocupacionais e aplicado em pacientes com transtornos mentais
graves, com o objetivo de manter a saúde mental e a sociabilidade
O tratamento terapêutico ocupacional consiste na relação paciente-atividade-
terapeuta, na qual o primeiro representa o singular, o segundo, os materiais como
mediadores da relação; e o terapeuta, um constante facilitador.
Alguns problemas podem ser encontrados por um profissional da área como,
determinar em uma avaliação específica se o que se apresenta como déficit cognitivo

78
no paciente é referente ao seu diagnóstico ou a efeitos adversos de psicofármacos de
que faz uso.
Uma vez que o terapeuta ocupacional não tem em sua formação específica um
curso de psicofarmacologia e nem mesmo em farmacologia, uma lacuna pode estar
presente ao planejar um tratamento.
A capacidade física do paciente de executar ações funcionais, a capacidade
cognitiva, as condições sociais e culturais, e as aptidões e interesses, são alguns
dos itens que uma avaliação criteriosa fornece como dados reais e importantes para
um plano de tratamento terapêutico ocupacional.

79
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615.85.

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