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TRANSTORNOS

DE
NEURODESENVOLVIMENTO
TICIANA SANTIAGO DE SA

PSICOLOGA, COM MESTRADO EM PSICOLOGIA E


DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
MEMBRO DO NUCLEO CEARENSE DE ESTUDOS E PESQUISA
SOBRE A CRIANÇA-(NUCEPEC) DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEARÁ

CONTATO: ticianasantiagodesa@gmail.com
CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NEUROCIÊNCIAS, ENFOQUE
HISTÓRICO, MULTIDISCIPLINAR, TRANSFORMAÇÕES NAS FORMAS
DE COMPREENSÃO E ANÁLISE DOS TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO.

ENFOQUE CRÍTICO, ATUAL E FUNDAMENTADO PARA AS


INTERVENÇÕES NA ÁREA

ORGANIZAÇÃ
BASE PARA AS DEMAIS AULAS DO CURSO
O DA AULA
PACIÊNCIA COM OS PRIMEIROS SLIDES, ENFOQUE NO TEMA NA
AULA TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO
EXEMPLIFICADOS E CARACTERIZADOS NA SEGUNDA METADE DO
DOCUMENTO

AULA ACOMPANHA LIVRO, CARTILHA E DOCUMENTOS COM FOCO


NOS TRANSTORNOS DISRUPTIVOS DE NEURODESENVOLVIMENTO.
DEFINIÇÃO DE NEUROCÊNCIAS
“Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um
passarinho me diz que somos feitos de histórias.”

“A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que


foi, e contra o que foi, anuncia o que será.”

Eduardo Galeano

5
RENÉ
DESCARTES E A
NEUROPSICOLO
GIA
Dualismo Cartesiano:
IMPLICAÇÕES PARA
NOSSO TEMA
■ Visto como uns dos precursores da neuropsicologia
por introduzir a relação entre filosofia psicológica e
fisiologia.
■ Estabelece a existência de duas substâncias
fundamentais: pensamento (alma) e corpo.
■ Alma seria imaterial, metafísico e o corpo matéria.
Necessidade de uma ponte.
O PROBLE
MA MENTE
X CORPO
■ Realismo (e.g. Matrix)
■ Racionalismo (“cogito ergo
sum”)
■ Psicologia
Cognitiva/Terapias
Cognitivas/Neuropsicologi
a cognitiva

Implicações do dualismo
TESES CONTEMPORÂNEAS SOBRE A
RELAÇÃO MENTE-CÉREBRO
LURIA E A
NEUROPSICOLOGIA
Estabelecimento da relação entre biologia e
cultura.

O desenvolvimento e funcionamento do
cérebro seria influenciado por interações de
fatores biológicos e sociais

Vínculos entre regiões cerebrais seriam


construídos historicamente

Desconstrução da ideia de função. As


atividades complexas não poderiam ser
atribuídas apenas um órgão ou tecido.
Nessa noção de função,
diferentes regiões cumpririam
funções amplas, com seus
componentes a atividade de
outros em casos de dano
cerebral
Noção de sistema: áreas
diferentes trabalhando em
conjunto para que uma
função possa ser
desempenhada.
NEUROPSICOLOGIA
HOJE
Conceito de especialização funcional das regiões cerebrais tem compartilhado
espaço com modelos dinâmicos de redes neurais, processamento de informação e
gradual abandono da metáfora do computador.

Processos cognitivos embasados em um substrato neural, mas motivados por


questões referentes à adaptação do organismo.

Enfatiza o caráter adaptativo dos sintomas e respostas de pacientes neurológicos em


vez de considera-los apenas déficits.
A estrutura do Sistema Nervoso

Sistema Nervoso
A complexidade,
Central- Encéfalo e Encéfalo: Cérebro,
múltiplas funções e
medula espinhal Cerebelo e troco
composição do
(Protegido por ossos, encefálico.
Sistema Nervoso.
crânio e vértebras)

Diferenças do encéfalo Sistema Nervoso


Tipos de células do
humano para os Periférico- Distribuído
Sistema Nervoso.
demais mamíferos. por todo organismo
A tese do organismo ou a indissociabilidade entre corpo e
cérebro se fundamenta na seguinte afirmação: “O cérebro
humano e o resto do corpo constituem um organismo
indissociável, formando um conjunto integrado por meio de
circuitos reguladores bioquímicos e neurológicos mutuamente
interativos”.
PARA CONHECER O CÉREBRO
INDICAÇÃO DE DOCUMENTÁRIO

http://anatpat.unicamp.br/bineucerebrocoro
nal.html
O QUE É
NEUROPLASTICIDADE?
Neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade
neuronal, é a capacidade de o cérebro se adaptar
a mudanças por meio do sistema nervoso.

Trata-se da habilidade do cérebro de reorganizar os


neurônios e os circuitos neurais, moldando-se a níveis
estruturais por meio de aprendizagem e vivências.

A neuroplasticidade permite que os neurônios se


regenerem e que sejam criadas conexões sinápticas –
meios de comunicação entre os neurônios.
Para compreender melhor, imagine que o cérebro funciona por meio dos
neurônios que percorrem diversos caminhos. Esses caminhos seguem
padrões, que podem ser alterados com a neuroplasticidade.

Essa remodelagem é feita por meio de um trabalho que envolve


pensamentos, vivências, emoções, comportamentos, necessidades
pessoais e mesmo o ambiente no qual o indivíduo está inserido.

Por meio desses fatores, a plasticidade permite que novas ligações entre
os neurônios (as sinapses) sejam estabelecidas, alterando completamente
a rede de conexões.

Essa capacidade é de extrema importância para a adaptação de pacientes


com lesões físicas ou cerebrais.
Formas de neuroplasticidade

De forma simplificada, é
Uma delas é o brotamento –
Existem duas principais uma forma de os axônios se
quando há o crescimento de
formas por meio das quais alongarem em direção a
uma área lesionada por
ocorre a neuroplasticidade. neurônios que se encontram
meio de axônios.
afastados.

Nesse caso, quando ocorre


uma lesão ou destruição de
Dessa forma, as
A outra é a ativação de estímulos cerebrais,
necessidades do indivíduo
sinapses latentes. sinapses que até então
são supridas.
estavam adormecidas ficam
ativas.
A neuroplasticidade permite que o cérebro se adapte a
diferentes circunstâncias, principalmente quando
ocorrem lesões.

A neuroplasticidade faz com que o cérebro desenvolva


ainda mais o tato e a audição, de maneira a compensar a
perda da visão.

É por meio dela que as crianças aprendem não só


fatores biológicos, como caminhar e falar, mas também
sociais, como convivência com outras pessoas e
percepção de emoções.
A reabilitação nasceu após a Primeira e a Segunda
Guerras Mundiais de modo a auxiliar um grande número
de soldados vítimas da guerra, com isso os cientistas
empregaram tempo e esforços, afim de estudar e avaliar
os diferentes tipos de lesões cerebrais ocasionadas, e
como elas poderiam afetar negativamente o
comportamento humano.
■ O tratamento multiprofissional e interdisciplinar é
Quem participa condição imprescindível no tratamento de pessoas com
doenças neurológicas já que múltiplas esferas da vida
da reabilitação desta pessoa podem ser influenciadas por essas doenças.
neurológica? ■ A própria pessoa, sua família e a sociedade também
devem de forma ativa participar do processo de
Reabilitação já que o foco final do tratamento é
devolver ao paciente o máximo de funcionalidade
possível. E, para implementar os ganhos terapêuticos
obtidos durante o processo de reabilitação, é necessário
que esses ganhos sejam colocados em prática.

■ Para auxiliar os paciente e a família neste processo, é


necessário profissionais de diferentes áreas:

■ Fisioterapia Nutrição
■ Psicologia Neurologia
■ Medicina Física e Reabilitação
Neuroplasticidade
INDICAÇÃO DE LINKS PARA SABER
MAIS

■ https://www.youtube.com/watch?v=DcjqJ6GJWGg
■ https://www.youtube.com/watch?v=zldNCOXflys
■ https://www.youtube.com/watch?v=-QM0LYsKP7o
■ https://www.youtube.com/watch?v=h1rkL_1V4E4
■ https://www.youtube.com/watch?v=CrpA_o0AGY8
■ https://www.youtube.com/watch?v=ZdLBblubYKU
■ DAMASIO E A NEUROLOGIA
https://www.youtube.com/watch?v=FMWdp7UWGUM

■ https://www.youtube.com/watch?v=SIj3hOMaIIM

■ https://www.youtube.com/watch?v=w8OpY2XRLdE

■ NEUROCIENTISTAS DE REFERENCIA
https://ginasticadocerebro.com.br/galeria-neurocientistas/
https://issuu.com/izadora80/docs/9_revista

■ MATURANA https://www.youtube.com/watch?v=mvH8D4oDMCE

■ O CEREBRO E A NEUROCIENCIA https://www.youtube.com/watch?v=h9AJbriNqSw

■ VARELA
https://www.youtube.com/watch?v=3-VydyPdhhg
ABRAÇA – Associação
Brasieira para Ação por Direitos
das Pessoas Autistas
INDICAÇÕE
https://abraca.net.br/
S DE
REFERENCI
A
https://abraca.net.br/manifesto-da-
neurodiversidade-interseccional-br
asileira/
TGD: TRANSTORNOS GLOBAIS DO
DESENVOLVIMENTO
TGD -- Transtornos Globais do Desenvolvimento Incluir crianças
com TGD -- Transtornos Globais do Desenvolvimento (autismo e
psicose infantil) no ensino regular é um dos maiores desafios da
educação inclusiva.
INDICAÇÃO INICIAL
O programa começa com a psicóloga Marise Bastos explicando o
que é o transtorno e como a escola pode ajudar no tratamento
dos alunos. Para mostrar um exemplo de inclusão, a equipe da
Univesptv conversou com a mãe de um aluno com TGD e com a
coordenadora pedagógica da escola particular de São Paulo
onde ele estuda.
■https://tvcultura.com.br/videos/37128_tgd-transtornos-globai
s-do-desenvolvimento.html
Documentário - Autismo: O mundo neurodiverso
https://www.youtube.com/watch?v=b7JdmA5cPcQ
Um Só Mundo Documentário Autismo
https://www.youtube.com/watch?v=hRPdQpU7NbA
Arthur e o Infinito - Um Olhar Sobre o Autismo
https://www.youtube.com/watch?v=33Fv3_0s0rE
Stimados Autistas - Documentário
https://www.youtube.com/watch?v=qR5JIrKboso
■https://lunetas.com.br/series-e-filmes-sobre-autismo/
■“O nome dela é Sabine” (Elle sappelle Sabine, 2008) é um
documentário francês vencedor do prêmio da crítica internacional
de Cannes em 2007.15 de jan. de 2016
■https://www.youtube.com/watch?v=cGBwUrjASuA
■Aspergirls: Empowering Females with Asperger
Syndrome é um livro de não-ficção escrito pela autora
americana Rudy Simone e publicado em 2010 pela Jessica
Kingsley Publishers O livro aborda as experiências de mulheres
que possuem síndrome de Asperger, daí o neologismo (junção de
"asperger" e "girls", ou "garotas" em inglês). Foi escrito para
ajudar meninas e mulheres que foram diagnosticadas com
Asperger. Não possui tradução para o português.
■02 de abril, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização
do Autismo (Transtorno do Espectro do Autismo - TEA). A data foi
criada em 2007 com a declaração da Organização das Nações
Unidas.
Perfis compartilham trajetória em busca
de diagnóstico, como lidam com
episódios de crise e questões sociais e
familiares

https://autismoerealidade.org.br/
2021/03/25/autistas-influenciadores/

https://autismoerealidade.org.br/2021/03/25/autistas
-influenciadores/
■Autodiagnosticada com autismo, Lu Viegas é mãe de
autista, professora, ativista e idealizadora do
#VidasNegrasComDeficienciaImportam
Lu Viega Instagram: @umamaepretaautistafalando
Twitter: @luu_viegas
Facebook: Luciana Viegas Caetano
Luciana Viegas é uma autista autodiagnosticada e mãe de
duas crianças, uma delas um garoto autista não verbal.
Ela faz parte da Abraça (Associação Brasileira para Ação
por Direitos das Pessoas Autistas) e é idealizadora do
movimento #VidasNegrasComDeficienciaImportam.
Luciana discute a interseção entre
racismo e capacitismo e como isso afeta a oferta de
acompanhamento da saúde das pessoas negras. Sobre o
maternar atípico, ela conta que pesa uma cobrança ainda
maior por conta de idealizações capacitistas. “Ser mãe
muda a gente. Humaniza, simplifica e enlouquece. Gosto
dessas três palavras pra pensar em maternidade.
Acontece que esse processo quando você é uma mãe
neurodiversa, é intenso e acaba nos deixando um enorme
fardo de culpa.” Luciana também é professora de escola
pública e promove formação de práticas inclusivas em
salas de aula.
■Diagnosticado aos 35 anos, Fábio Sousa busca dar visibilidade a
autistas negros e conta como lida com as peculiaridades do seu autismo
■Tio Faso
Instagram: @seeufalarnaosaidireito, @tiofaso
Twitter: @tiofaso
Facebook: Se eu falar não sai direito
YouTube: Se eu falar não sai direito
■O designer Fábio Sousa é um autista negro que só foi diagnosticado
em 2018, aos 35 anos. Desde então, atua como ativista na
conscientização do autismo. Assim como Luciana, Fabio também discute
as interseções entre racismo e capacitismo em seus perfis. “`Pensar em
negritude no meio [autista] não é segregar, mas juntar as nossas vozes
para falar mais alto”, afirma em uma de suas publicações mais recentes.
■Em seus perfis, Fábio busca aumentar a visibilidade de pessoas
negras autistas e vamos deixar aqui indicações que encontramos no
perfil dele para você conhecer: @rita.louzeiro_art, @desenhistadasruas,
@autistaehamae, @theblackautism, @maeatipicapreta, @sapatao_autista
, @paradoxa_edu, @heyautista, @yaraleone.

■Diagnosticada após os 40 anos, Dani Sales divide experiências pessoais e fala de autismo na
vida adulta
■Vida de autista
Instagram @vidadeautista
Facebook: Vida de autista
YouTube: Vida de autista
■Diagnosticada com autismo em 2017, aos 42 anos, Daniela Sales divide no Instagram
mensagens que vão de memes divertidos a dicas para desenvolver o autoconhecimento e melhorar
a saúde mental.
■Ali também divulga seus vídeos do YouTube, em que discute com mais profundidade temas que
afetam o cotidiano de adultos com autismo. Sexo, relacionamento, emprego, sinais do autismo nos
adultos e medicamentos fazem parte da extensa lista.
■Podcaster, YouTuber, ativista, programador e pesquisador comenta polêmicas e explica
conceitos essenciais para compreender o autismo
■Willian Chimura
Instagram: @chimurawill
YouTube: Willian Chimura
Facebook: Willian Chimura
Twitter: @chimurawill
■Willian Chimura é um jovem ativista que tem autismo leve, é programador e faz mestrado em
Informática para Educação no IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul). Willian é um dos
participantes do podcast Introvertendo, criado, produzido e apresentado só por autistas. Ele
também se dedica a pesquisar como apps e jogos podem contribuir para avaliação e aprendizagem
de crianças com TEA.

■Fotógrafo e escritor fez série de entrevistas durante a
pandemia e fala do seu desenvolvimento no espectro
■Nicolas Brito
Instagram: @nicolasbritosalesoficial
Facebook: Nicolas Brito Sales
■O fotógrafo, escritor e palestrante autista Nicolas Brito
conta com o apoio da mãe, Anita, para gerenciar seu perfil no
Instagram. Eles contam sobre o desenvolvimento de Nicolas em
relação, por exemplo, à comunicação e à seletividade alimentar
.
■Ao longo do ano passado, conduziu o projeto “Nicolas
entrevista”, com bate papo com influenciadores da comunidade,
como o ex-participante do Pequenos Gênios Pedro Melim, Wilian
Chimura e a atriz Bel Kutner, que tem um filho autista.
■DELICADEZA É AZUL
■https://www.youtube.com/watch?v=CXqI9YmD8GA
■O documentário traz um panorama sobre o autismo e promove reflexões, por exemplo, sobre a busca do
melhor tratamento e questões sobre a inclusão escolar. Além de entrevistas com crianças de diferentes níveis do
espectro, seus familiares, terapeutas, professores e médicos, artistas como Ney Matogrosso e Bob Wolfensom
comentam o valor funcional e poético de cada um dos cinco sentidos. Um novo olhar sobre o autismo com
questionamentos sobre o que significa hoje uma comunicação relevante através dos cinco sentidos. O roteiro que
vai além das dificuldades práticas da síndrome mostra o valor do respeito, do amor e da delicadeza como
elementos transformadores e chama para uma conscientização urgente de que ser diferente é normal
EM UM MUNDO INTERIOR” (2018)
■Link: https://lunetas.com.br/series-e-filmes-sobre-autismo/
■Para ajudar a desconstruir estereótipos que só reforçam o preconceito e mostrar que o espectro autista
configura todo um universo a ser descoberto, respeitado e incluído na sociedade, o
documentário “Em um mundo interior”, o primeiro longa-metragem brasileiro estritamente sobre autismo, traz a
questão do “eu queria que meu filho que…”. Além de remeter diretamente ao chamado “luto do filho idealizado”,
comum após o diagnóstico, fica a provocação: por que idealizamos as crianças – típicas ou atípicas –, se cada uma
vai desenvolver sua própria subjetividade? Um mosaico de sete histórias, conectadas pelo diagnóstico do autismo,
tendo como ponto comum a perspectiva da inclusão e a certeza de que cada sujeito com autismo é diferente do
outro. São relatos de famílias de diferentes classes sociais e regiões do país, que compartilham a rotina de Enzo,
Julia, Roberto, Igor, Isabela, Mathias e Eric, crianças e adolescentes cujas idades variam entre três e 18 anos. Uma
reflexão que se estende não só para pais de crianças com deficiências, transtornos ou limitações específicas, mas
para a sociedade em geral, tão marcada pelo desejo de normatização.

LONGE DA ÁRVORE” (2017)
Baseado no premiado e aclamado livro “Longe da árvore: pais, filhos e a busca da identidade”, de Andrew Solomon, o
documentário fala sobre a família que nascemos e a família que construímos. Um olhar corajoso na jornada de acolhimento e
afeto das relações humanas, traz experiências de diversas pessoas consideradas fora do padrão social e cultural, como indivíduos
que apresentam transtornos, diferenças físicas, mentais, sociais que vão muito além da deficiência. Um retrato de perfis de
pessoas que o autor chama de “identidades horizontais” (isto é, divergentes dos padrões familiares, linguísticos e sociais
predeterminados), sujeitas em graus distintos a influências genéticas e ambientais. Sobre os sentidos de ser diferente e,
principalmente, de aprender a amar e respeitar as diferenças.

COMO SOMOS” (2015)


O documentário conta a história de 12 famílias com algo especial em comum: a convivência com um familiar autista e/ou com
síndrome de Down. O documentário parte do pressuposto de que instituições públicas e privadas dizem não estar preparadas para
receber essas pessoas, mas o questionamento que fica é: E as famílias? Será que foram preparadas?
6 PROJETOS DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO
FEITOS POR CRIANÇAS
https://lunetas.com.br/projetos-de-acessibilidade-e-inclusao-f
eitos-por-criancas/

Para saber EDUCAÇÃO INCLUSIVA: APRENDER JUNTO É


mais...inclusão MELHOR PARA TODO MUNDO
https://lunetas.com.br/educacao-inclusiva-criancas-com-defic
em ação iencia/

MANIFESTO DA NEURODIVERSIDADE
INTERSECCIONAL BRASILEIRA EM LINGUAGEM
SIMPLIFICADA
https://abraca.net.br/manifesto-da-neurodiversidade-intersecc
ional-brasileira-em-linguagem-simplificada/
EQUIDADE
REPRESENTAÇÕE
S
CAPACITISM
O
REPRESENTATIVIDADE
Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no
período do desenvolvimento.

Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a


criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que
acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.

Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na


aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades
sociais ou inteligência.
A IMPORTÂNCIA DA
DIFERENCIAÇÃO
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
A NECESSIDADE DE UMA
COMPREENSÃO SISTÊMICA
Intervenções com família
O DIAGNÓSTICO
A BUSCA PELA EQUIDADE
É frequente a OCORRÊNCIA DE MAIS DE UM TRANSTORNO DO
NEURODESENVOLVIMENTO; por exemplo, indivíduos com transtorno
do espectro autista frequentemente apresentam deficiência intelectual
(transtorno do desenvolvimento intelectual), e muitas crianças com
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam
também um transtorno específico da aprendizagem. No caso de alguns
transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas tanto de excesso
quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (TRANSTORNO
DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL)
Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) caracteriza-se por
déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas,
planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e
aprendizagem pela experiência. Os déficits resultam em prejuízos no funcionamento
adaptativo, de modo que o indivíduo não consegue atingir padrões de
independência pessoal e responsabilidade social em um ou mais aspectos da vida
diária, incluindo comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou
profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade. O atraso global do
desenvolvimento, como o nome implica, é diagnosticado quando um indivíduo não
atinge os marcos do desenvolvimento esperados em várias áreas do funcionamento
intelectual. Esse diagnóstico é utilizado para indivíduos que estão incapacitados de
participar de avaliações sistemáticas do funcionamento intelectual, incluindo
crianças jovens demais para participar de testes padronizados.
■ Uma criança com deficiência intelectual pode obter
resultados escolares muito interessantes. Mas nem sempre
a adequação do currículo funcional ou individual às
necessidades da criança exige meios adicionais muito
distintos dos que devem ser providenciados a todos os
alunos, sem exceção.

■ Antes de ir para a escola e até os três anos, a criança deve


se beneficiar de um sistema de intervenção precoce. Os
educadores e outros técnicos do serviço de intervenção
precoce devem pôr em prática um Plano Individual de
Apoio à Família. Este plano define as necessidades
individuais e únicas da criança. Define também o tipo de
apoio para responder a essas necessidades
SÍNDROME Como o próprio nome indica, de fato é uma
doença gerada pelo consumo de álcool
FETAL durante a gestação. Além das características
físicas, como você pode observar na figura a
ALCOÓLICA seguir, a síndrome pode gerar
(SFA) comprometimento no desenvolvimento da
criança, incluindo dificuldades de
concentração e nos estudos em geral
(HAMAD, 2017).

DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits
persistentes na comunicação social e na interação social em
múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em
comportamentos não verbais de comunicação usados para
interação social e em habilidades para desenvolver, manter e
compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação
social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a
presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais
de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e
desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência
de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível
de desenvolvimento. Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva,
inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de
outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou
o nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a
transtornos em geral considerados “de externalização”, tais como o transtorno de
oposição desafiante e o transtorno da conduta. O TDAH costuma persistir na vida
adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional.
Os TRANSTORNOS MOTORES DO NEURODESENVOLVIMENTO incluem o transtorno
do desenvolvimento da coordenação, o transtorno do movimento estereotipado e os
transtornos de tique. O transtorno do desenvolvimento da coordenação caracteriza-se
por déficits na aquisição e na execução de habilidades motoras coordenadas,
manifestando-se por falta de jeito e lentidão ou imprecisão no desempenho de
habilidades motoras, causando interferência nas atividades da vida diária. O transtorno
do movimento estereotipado é diagnosticado quando um indivíduo apresenta
comportamentos motores repetitivos, aparentemente direcionados e sem propósito,
como agitar as mãos, balançar o corpo, bater a cabeça, morder-se ou machucar-se.
Os movimentos interferem em atividades sociais, acadêmicas ou outras. Se os
comportamentos causam autolesão, isso deve ser especificado como parte da
descrição diagnóstica.
Um TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM, como o
nome implica, é diagnosticado diante de déficits específicos na
capacidade individual para perceber ou processar informações com
eficiência e precisão. Esse transtorno do neurodesenvolvimento
manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal,
caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas
habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática.
O desempenho individual nas habilidades acadêmicas afetadas está
bastante abaixo da média para a idade, ou níveis de desempenho
aceitáveis são atingidos somente com esforço extraordinário. O
transtorno específico da aprendizagem pode ocorrer em pessoas
identificadas como apresentando altas habilidades intelectuais e
manifestar-se apenas quando as demandas de aprendizagem ou
procedimentos de avaliação.
É IMPORTANTE MENCIONAR QUE A DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL POSSUI QUATRO NÍVEIS DE GRAVIDADE:
LEVE, MODERADA, GRAVE E PROFUNDA.
UMA ANALISE CRITICA DAS PISTAS
TRANSTORNO DA COMUNICAÇÃO
SOCIAL
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM O CORPO E
O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (APA, 2014),
as características do TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA são:

• dificuldades persistentes na interação social, isto é, dificuldades de apresentar

reciprocidade social e emocional;


dificuldades na expressão da comunicação não verbal;

• apresenta dificuldade para desenvolver, manter e compreender relacionamentos;

• apresenta movimentos motores repetidos e estereotipados;

• tendência a sempre querer as mesmas coisas ou que sejam do mesmo jeito;

• demonstram apego excessivo a objetos incomuns.


A IMPORTANCIA DE
UMA LEITURA
CRITICA
AUTISMO E O MITO DA MÃE GELADEIRA
PARA APROFUNDAR LEITURAS...
TDH E HEREDITARIEDADE
TRANSTORNO OPOSITOR
DESAFIANTE
■ o transtorno opositor desafiante. A nomenclatura do referido transtorno é encontrada no
CID 10 – Classificação Internacional de Doenças como Distúrbio Desafiador e de
Oposição.
■ É importante entendermos que fatores familiares no transtorno opositor desafiante
(TOD) contribuem muito para a formação dos sintomas, bem como para o
agravamento destes.
■ A família é um elemento ativo na construção e formação do repertório psíquico da
criança, isto é, comportamentos, emoções, hábitos e pensamentos conscientes e
inconscientes. O repertório psíquico da criança tem origem no contexto familiar (pais,
irmãos, tios, até mesmo antepassados mais distantes).
■ Conforme Tavares et al. (2015), é grande a possibilidade das crianças que apresentam o
TOD terem sofrido algum tipo de abuso físico (através de trabalhos excessivos e/ou
responsabilidades que não cabem à criança), abuso sexual e/ou abuso emocional.
■ Já no nível funcional, modelos neuropsicológicos relacionam os sintomas de parte das
crianças com TOD à deficiência de controle inibitório e de planejamento executivo
necessários para regular comportamentos e processos cognitivos (TAVARES et al.,
2015).
Uma conduta importante a ter com as
PARA NÃO crianças acometidas pelo transtorno
ESQUECER opositor desafiante é mostrar um novo
repertório comportamental: mostrar
novas maneiras de lidar com
acontecimentos negativos, auxiliar a
lidar com as emoções e, em especial,
auxiliar a lidar com o “não”.
TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM
TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E
ANSIEDADE
QUESTÕES
DE REVISÃO
COMORBIDADES NOS
TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIME
NTO
INDICAÇÃO PARA ASSISTIR O FILME
“UM ALUNO CHAMADO MATHEUS”
TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENT
O
HTTPS://PORTAL.SECAD.ARTM
ED.COM.BR/ARTIGO/DIAGNOS
TICO-E-TRATAMENTO-DO-TRA
NSTORNO-OPOSITIVO-DESAFI
ANTE E CASO CLINICO: vale buscar ler
DEFINIÇÃO
Os critérios diagnósticos para o TOD estão descritos no Manual Diagnósঞco e Estaঠsঞco de
Transtornos Mentais – 5ª edição (DSM-5), como 313.81, e, na Classificação Internacional das Doenças 10ª
edição (CID 10), como F91.3, com descrições bastante semelhantes
DIFERENCI
AL
INDICAÇÃO DE
LEITURA
PARA SABER MAIS
Dispositivos de segurança, psiquiatria e prevenção da criminalidade: o TOD e a
noção de criança perigosa

DSM recorre a duas estratégias: contar sintomas e avaliar o histórico parental da criança, isto é, identificar
“fatores ambientais”. Esses seriam os seguintes (Goodman; Scott, 2012):
• Nível socioeconômico baixo.
• História parental de psicopatologia.
• Criminalidade parental.
• Características de cuidado parental:
hostilidade, pouco carinho, pouca supervisão,
regras e disciplina inconsistentes
ATENÇÃO

analisar a terapêutica proposta para o TOD. Para isso devemos lembrar


que, de acordo com o DSM-5, não é possível identificar nenhum
mecanismo neurobiológico específico; não é possível definir causas
sociais ou ambientais determinantes; que o TOD não se refere
exclusivamente ao sofrimento , mas também aos problemas que elas
causam para família, escola, colegas; que sua identificação ocorre pela
estratégia de medir a frequência e a intensidade de aparição dos sintomas.
DICA DE ■ PARA SABER MAIS
LEITURA
VALE LER- COMO REFERÊNCIA:
TRECHOS
UM OLHAR DA CLINICA PSIFERENCIAL
Winnicott (1987 [1984]) em seus estudos sobre privação e delinquência, discorre sobre as
origens e funções da agressividade, da agressão e dos comportamentos antissociais,
ressaltando o caráter protetivo que as ações agressivas podem ter na infância. O autor
aponta, ainda, que, em muitos casos, a criança agressiva pode estar dramatizando um
sofrimento ou uma desorganização interior, na tentativa de buscar um limite no outro para
conter aquilo que ela não consegue sozinha:

Quando as forças cruéis ou destrutivas ameaçam dominar as forças do amor, o indivíduo


tem de fazer alguma coisa para salvar-se, e uma das coisas que ele faz é pôr para fora o
seu íntimo, dramatizar exteriormente o mundo interior, representar ele próprio o papel
destrutivo e provocar seu controle por uma autoridade externa. O controle pode ser
estabelecido desse modo, na fantasia dramatizada, sem sufocação séria dos instintos, ao
passo que o controle interno necessitaria ser geralmente aplicado e resultaria num estado
de coisas conhecido clinicamente como depressão. (WINNICOTT, 1987 [1984]: 93-94)
Retomando Winnicott, podemos supor que a agressividade surge no lugar
de uma certa depressão, como se houvesse uma tentativa inconsciente de
se proteger desse sentimento. Ao lermos que a origem da agressão na
infância “está sempre ligada [...] ao estabelecimento de uma distinção entre
o que é e o que não é o eu” (WINNICOTT, 1987 [1984]: 98), propomo-nos
a pensar sobre a importância da oposição e do desafio.
INDICAÇÕES DE LEITURA
DEVEMOS EVITAR
INDICAÇÕES
INDICAÇÃ
O
RECURSOS
EM VÁRIAS
LINGUAGEN
S
E PARA
REFLETIR
RECURSO
S
ABORDAGE
■ ABORDAGENS DE TRATAMENTO
NS ■ Segundo Friedberg e McClure (2001), o melhor tratamento dos transtornos disruptivos é o
multimodal. Para tanto, o primeiro passo seria iniciar com a psicoeducação.
■ O segundo passo seria o ensino de habilidades comportamentais básicas para as crianças e
adolescentes e seus responsáveis. Em seguida, o desenvolvimento de habilidades sociais com
técnicas autoinstrutivas e de empatia. O quarto passo seria o uso de procedimentos cognitivos
mais complexos, como reatribuição, exploração de alternativas e diminuição de atributivos
hostis das crianças. Outro ponto importante é o aumento da capacidade de raciocínio moral
(Friedberg & McClure, 2001).
INDICAÇÃO

PARA SABER MAIS LER ....


LUISELLI, J. K. Caracterís�cas clinicas e tratamento do
transtorno desafiador de oposição. In: CABALLO, V. E.;
SIMON, M. (Orgs.). Manual de psicologia clínica infan�l e
do adolescente: transtornos específicos. 2. ed. São Paulo:
Santos, 2015.
BASC-2 - Há duas versões, ou seja, para professores com 139 questões e

para pais com 160 questões. Ambas analisam a intensidade dos comportamentos.

D) ODDRS - Escala de Avaliação de Transtorno Opositivo- Desafiador com oito

itens descrevem as características do TOD em quatro intensidades de apresentação para cada item e pode ser aplicada para pais e
professores. É bem específica para o TOD.

E) DISC - Cronograma de Entrevista Diagnóstica para crianças. É aplicado aos

pais e tem a finalidade de rastrear dados do ambiente para comportamentos

disruptivos em geral, inclusive o TOD. Baseado no DSM e pesquisa detalhes do

perfil comportamental dos últimos seis meses da criança em diferentes contextos


CASO CLÍNICO 1
■ Menino de 5 anos e 7 meses de idade é o filho mais velho de uma prole de 3 crianças,
sendo que possui um irmão de 2 anos de idade e sua mãe está grávida do terceiro filho.
Mostra-se uma criança de diࣱcil manejo, não aceitando regras e limites, agredindo
colegas e o irmão, de quem sente muito ciúme. Sempre foi uma criança de
temperamento mais diࣱcil, porém, o nascimento do irmão acentuou essa caracterísঞca.
■ O menino é compeঞঞvo com as outras crianças e se sente superior a elas. Na escola,
não respeita as figuras de autoridade, quesঞonando ordens e desafiando determinações
da professora em sala de aula. É constantemente chamado pela coordenação para
conversar sobre seu mau comportamento. Não gosta de aঞvidades em grupo,
preferindo somente aঞvidades e desafios individuais.
■ A criança é “paparicada” em diferentes ambientes que frequenta, especialmente, dentro
da família ampliada (ঞos e avós, que o tratam como alguém especial). Não lhe são
impostos limites ou regras claras. Apesar da tolerância na escola e de um trabalho
individualizado, apresenta problemas de relacionamento importante, sendo excluído de
eventos sociais, como aniversários e passeios. O comportamento da criança piorou nas
úlঞmas semanas, após saber da gravidez da mãe ofertando consequências a esses
comportamentos e, por vezes, reforçando-os.
■ Há um ano, a criança foi encaminhada para o tratamento psicoterápico de abordagem psicodinâmica, na qual os resultados
sobre o comportamento se mostram bem pouco evidentes. O terapeuta diz que, no seমng, a criança é afeঞva e disponível,
porém, é ela (a criança) quem determina como a sessão será conduzida, não aceitando falar de assuntos desagradáveis, como
as punições ocorridas em casa e na escola. Não havia nada digno de nota em seu desenvolvimento pregresso, com adequada
evolução dos marcos motores e de linguagem.
■ Entretanto, na época de seu nascimento, seu pai apresentava um quadro de depressão rezava após o falecimento do pai (avô
da criança) e pouco pôde estar presente no cuidado do filho nos primeiros anos de vida. A perda foi também um importante
fator familiar, que determinou o padrão mais permissivo por parte da família paterna. A mãe procurou sanar essas deficiências
no contexto familiar, porém, com o nascimento do segundo filho, ela ficou sobrecarregada e com dificuldades no manejo do
comportamento do menino, que passou a ser de um padrão mais questionador e opositor
.
■ Na avaliação clínica, fica evidente a ausência de alterações do neurodesenvolvimento do paciente, como
falhas atencionais, dificuldades execuঞvas ou do desenvolvimento da inteligência. Entretanto, apresentava
baixo padrão de empaঞa ausência de discrepância interhemisférica e de alterações de linguagem. Os testes
de cognição social se mostravam preservados, porém, com alguns prejuízos em testes de funções
execuঞvas, especialmente, automonitoramento, flexibilidade mental, controle de impulsos e planejamento.
Nos testes projeঞvos, ficam evidentes traços de comportamento opositor, sendo que as produções
mostravam padrão de oposição, desqualificação do outro, desafio constante e possíveis ataques.
■ A avaliação clínica, junto com o padrão emocional e cogniঞvo constatado na avaliação neuropsicológica,
evidenciou o diagnósঞco de TOD, sem a presença de comorbidades psiquiátricas. Tendo em vista a
ausência de sintomas–alvo e a possibilidade de evidente melhora com o tratamento psicofarmacológico,
optou-se pela intensificação do atendimento psicoterápico, com foco no desenvolvimento de estratégias
comportamentais de desenvolvimento de habilidade sociais, empaঞa e controle da raiva, além de
orientação escolar sistemáঞca.
■ Os pais foram encaminhados para orientação comportamental e, assim, treinar habilidades parentais e
desenvolver estratégias adequadas de manejos dos comportamentos disrupঞvos da criança, com redução da
interferência da família estendida, além de organização do contexto familiar, com maior parঞcipação do
pai e com uma melhor divisão das funções parentais.
■ Quais caracterísঞcas no caso clínico 1 levam ao diagnósঞco de TOD
CASO CLÍNICO 2
Uma menina ঞnha 8 anos de idade quando foi encaminhada para atendimento psiquiátrico. Os pais ঞnham
alguma restrição ao atendimento, com receio de medicar a criança; porém, a psicoterapeuta que estava atendendo
o caso já há algum tempo insisঞu, dada a persistência de alguns comportamentos agressivos e opositores que se
manঞnham, apesar de significaঞva melhora observada no ambiente escolar após o início do acompanhamento
psicoterápico, um ano antes. A menina apresentou sinais precoces de atraso do desenvolvimento, com atraso na
fala e para andar. Também apresentou sinais de sofrimento fetal, com Apgar baixo no primeiro minuto, por
hipotonia muscular e ausência de choro e icterícia, necessitando de fototerapia. A menina também nasceu com
luxação congênita do quadril, malformação cardíaca, que se resolveu sem procedimento cirúrgico,

Quando a paciente iniciou na educação infanঞl, começaram os primeiros problemas de comportamento. Houve
dificuldade de adaptação em sucessivas escolas onde ela estudou, por não respeitar regras, comportamento
opositor com os professores e agressividade com os colegas. As sucessivas mudanças de escola por problemas
comportamentais moঞvaram a busca pelo atendimento psicológico, tendo sido trabalhadas habilidades sociais e
de regulação emocional. Houve melhora do comportamento escolar, entretanto, manঞnha-se o comportamento
opositor em casa e na presença dos pais.
Os pais eram bastante ansiosos e queriam sempre acertar no cuidado e no manejo da
criança. Também se senঞam cansados e culpados por toda a situação. Na avaliação
psiquiátrica, a criança se mostrava extremamente irritada e hosঞl, apresentando resistência
para conversar ou realizar aঞvidades lúdicas.

O desenvolvimento do vínculo era bastante dificultado pelo padrão opositor. Foi solicitada
avaliação neuropsicológica para esঞmar o compromeঞmento cogniঞvo que
eventualmente a paciente pudesse apresentar, tendo em vista as múlঞplas dificuldades
apresentadas por ela em diferentes contextos e presentes desde o início da vida. A realização
da avaliação foi bastante trabalhosa, em função das situações de frequente recusa em
realizar os testes e a necessidade de negociações e combinados
■ ruptura e desorganização. Tratava-se de uma criança com perfil de limitação cogniঞva e emocional, associado a um padrão
de TOD. Em reavaliação psiquiátrica, optou-se pela associação de baixa dose de medicação anঞpsicóঞca, visando ao melhor
controle dos sintomas de desregulação emocional e iminente quebra psíquica. Houve melhora dos sintomas comportamentais
em outros ambientes, porém, as dificuldades de manejo parental se manঞnham, havendo momentos de instabilidade e
agressividade no contexto domésঞco.
■ Os pais foram encaminhados ao PCOP, para que os comportamentos inadequados dos pais da filha fossem reconhecidos,
modificados e treinados para a melhora da interação familiar, do alinhamento parental e de novas estratégias de manejo dos
comportamentos disfuncionais da menina.
■ A melhora da paciente foi significaঞva e permanente. Ampliou o repertório de comportamentos adequados, melhorando
habilidades globais, incluindo o aprendizado acadêmico, social e a autoesঞma. O humor se manteve adequadamente estável,
e os ganhos se manঞveram ao longo do tempo. Os pais se tornaram mais asserঞvos e puderam lidar com novas situações–
problema de forma mais tranquila e planejada. O caso desta menina ilustra uma criança com TOD, associado a um transtorno
do neurodesenvolvimento, que se beneficiou do tratamento medicamentoso, mas que apresenta
ATIVIDADE
TOC
SITUAÇÕES
-
PROBLEMA
■ PERSPECTIVA SENSÍVEL PARA ENTENDER OS
TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO
E O NOSSO PAPEL NO TRABALHO COM O TEMA
Presença no cotidiano...

1. Ah, eu fingi demência”: o uso pejorativo da palavra


“demência” é ofensivo para quem vive com alguma
condição decorrente da perda da função cerebral.
2. “Deu uma de João-sem-braço”: coloca a pessoa com
deficiência numa posição de pessoa oportunista, de
quem usa sua condição física como desculpa para se
eximir de alguma responsabilidade.
3. Pior cego é o que não quer ver, desculpa de aleijado é
muleta.
4. “Que mancada!”: associa erros a pessoas com
deficiência física. “Mancar” e “manco” são
denominações pejorativas para pessoas com
dificuldades motoras.
1. “Em terra de cego quem tem olho é rei!”: coloca a pessoa vidente como privilegiada em relação
às pessoas com deficiência visual. Essa frase reforça a ideia da cegueira ou baixa visão como
atributo inferior.

2. “Tão linda, nem parece ser deficiente!”: preconceito que parte da ideia de beleza padrão,
associada a corpos perfeitos. Todos os corpos são lindos em suas diversidades!

3. “Aquela menina PCD”: pessoas com deficiência são, antes de mais nada, pessoas. Indivíduos
únicos, com vivências e personalidades diversas e não devem ter sua existência reduzida à sua
condição de saúde.

4. Deixe de ser retardado, eu já te expliquei isso.


A resposta certa não importa nada, o
essencial é que a pergunta esteja certa.
■ Das indagações, Quintana, Caderno H.

198
Instrumentos e processos de
trabalho: implicações...
199
“Eu não estou mais
aceitando as coisas que
eu não posso mudar. Eu
estou mudando as coisas ANGELA DAVIS,
que não posso aceitar.” filósofa e ativista
americana
Sobre nossos
achados e
construções

201
■ Esquecem facilmente o que
OBRIGADA!!!!!!
tem de fazer;
■ Repelem tudo o que exige
atividade mental prolongada;
VEJAM OS MATERIAIS
■ Distraem-se facilmente
COMPLEMENTARES COM Acom
estímulos insignificantes;
CARACTERIZAÇÃO E AS FORMAS
■ Precisam ler oralmente, não
DE INTERVENÇÃO
conseguem ler
silenciosamente;
CONTATOS:
■ Apresentam dificuldades em
TICIANASANTIAGODESA@GMAIL.C
compreenderem o que lêem;
OM

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