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NEUROCIÊNCIAS:
NEUROPSICOLOGIA: CARACTERÍSTICAS E
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formas superiores da atividade consciente, peculiares do homem, e
enfocá-las desde a
ótica da análise científica, explicar causalmente a origem das mesmas
e estabelecer as
leis objetivas a que se subordinam”. Assim, a vida psíquica passa a ser
considerada uma forma de refletir a realidade, é plasmada pelo
cérebro e se explica pelas leis objetivas desta atividade.
A. R. Luria, em estudos com pacientes lesionados, põe em
prática esta concepção, fundando assim a Neuropsicologia como a
investigação da correlação entre o estudo dos mecanismos cerebrais
implicados na atividade consciente do homem, e sua perturbação em
casos de lesão cerebral. Através desta forma de investigação, é
possível um diagnóstico tópico, precoce e mais exato das lesões, o
estabelecimento de programas de ação terapêutica e reeducativa, e
uma forma mais ampla de compreensão da atividade mental e da
psicodinâmica do homem. Dentro desta análise, a Neuropsicologia vai
se basear em alguns conceitos fundamentais:
Análise sindrômica.
Neuroanatomia microscópica
“O neurônio”
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diferenciação do homem dos outros animais, como o sentir, pensar,
aprender, é a
interconexão sináptica entre os neurônios.
Os neurônios possuem a mesma organização geral e aparato
bioquímico que as
demais células do corpo, o que lhes dá especificidade é sua forma
celular, a membrana
mielinizada e as sinapses, que transferem informações de um neurônio
ao outro.
Estas estruturas não param de trabalhar nunca. Mesmo enquanto
dormimos, elas mantêm as funções vegetativas. São formadas de
corpo celular, dendritos e axônios dotados de botões terminais por
onde os neurônios estabelecem contato através das sinapses.
A partir do momento em que os impulsos nervosos chegam nos
botões terminais, ocorre a liberação dos neurotransmissores,
substâncias químicas produzidas pelo próprio organismo e que, em
contato com os receptores próprios, podem excitar ou inibir a
transmissão.
Entretanto, qual a relação entre neurônio, neurotransmissores e
comportamento? É sabido que os animais possuem toda a
programação de seu comportamento no DNA de sues neurônios, ao
passo que o homem nasce praticamente “desprogramado” sendo que
sua aprendizagem se dá pela estimulação, a fim de que as conexões
entre os neurôniosvão se formando.
As células nervosas possuem uma plasticidade enorme, que
permite que um
neurônio possa ter ligação com outros cem mil. Pode-se dizer,
seguramente, que o
comportamento de um indivíduo é o seu neurônio e, o seu neurônio é
aquilo que de certo modo foi seu comportamento em suas primeiras
experiências de vida.
Neuroanatomia macroscópica
“O cérebro”
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Funções:
– Ativação e inibição cortical – consciência, vigília e sono.
Ativadores da 1ª UF:
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– Metabolismo – funções neurovegetativas (fome, sede, alterações
térmicas,
metabólicas, dor, emoções)
– Efeito dinamogênico – a necessidade de receber constantemente
estímulos
externos, informações visuais, auditivas, somestésicas.
– Estimulação cortical – estímulos gerados pela 3ª UF (raciocínio,
volição,
desejos).
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Áreas terciárias ou de associação - integração: também se
constitui
principalmente das camadas II e III, e se relaciona com a função de
integração. É a
responsável pela simbolização. A maior parte dos neurônios desta
área é de caráter
multimodal.
3ª unidade funcional
Toda organização da atividade consciente está vinculada à 3 a UF.
Ela é a
responsável pela programação, regulação, e verificação do
comportamento do homem.
Está localizada na região frontal do córtex.
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representadas pelas divisões pré-frontais. Esta zona não possui
células
piramidais, e, por isso, é conhecida como córtex frontal granular,
ou seja, que
não contém células motoras. Desempenha um papel decisivo na
elaboração de
intenções e programas, e na regulação e verificação das formas
mais
complexas do comportamento humano.
Sensação e percepção
Aprendizagem
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fundamental do desenvolvimento psíquico do indivíduo, referente ao
processo pelo qual o indivíduo capta sinais internos e externos.
Uma criança recém-nascida só tem sensação, ou seja, ela vê,
ouve, mas não tem elementos suficientes para interpretar as
informações, que ainda não fazem muito sentido para ela. A passagem
para o segundo passo representa um avanço em relação ao primeiro:
já se tem a percepção, em que há a formação de uma imagem mental,
mais elaborada que a sensação. Trata-se de imagens visuais,
auditivas, tácteis e outras mais.
A integração de todas as percepções ocorre no terceiro passo,
em que se constitui uma percepção global da informação, material que
serve de base para construir todo o conhecimento. A partir das
imagens formadas pela percepção, e reunidas nas áreas de integração
(terciárias) há matéria-prima básica para as demais funções
cognitivas,permitindo um salto marcante do sensorial para o racional,
constituindo a base da atividade intelectual direta.
Diante disso, a neuropsicologia formula alguns postulados
básicos sobre as
funções psicológicas superiores, tendo em conta que a aprendizagem
é o processo que
leva ao conhecimento, que tem como resultado o próprio
desenvolvimento cognitivo. A
neuropsicologia cognitiva entende a aprendizagem como recepção e
troca de informações entre ambiente e os centros nervosos. A
sensação e a percepção, porta de entrada do mundo exterior, são
essenciais para que se formem as imagens, e estas são a
matériaprima para se chegar ao conhecimento, que é o resultado da
aprendizagem:
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Todos esses processos juntos formam a inteligência, que pode ser
definida como a habilidade de entender, analisar e compreender o
mundo para resolver problemas.
A aprendizagem é um processo bastante complexo que requer um
grande conjunto
de habilidades para ocorrer de forma satisfatória. Por isso mesmo
depara-se muitas vezes com crianças que não conseguem aprender
determinado conhecimento ou habilidade com a mesma facilidade que
seus pares. Neste caso a visão aqui apresentada permite uma
compreensão acerca dos fenômenos que interferem neste processo,
garantindo uma concepção sistêmica.
Acredita-se que a teoria neuropsicológica constitui-se em
instrumento essencial
aos educadores, na medida em que possibilita uma compreensão mais
abrangente da
aprendizagem e, por conseqüência, subsidia uma eficiente ação
pedagógica.
REFERÊNCIAS
Atenção
O termo atenção é de uso corrente e está ligado à atitude do
sujeito frente a um
objeto para percebê-lo adequadamente ou para desenvolver um
pensamento lógico. Luria define como “o fator responsável pela
escolha dos elementos essenciais para a atividade mental, ou para o
processo que mantém uma severa vigilância sobre o curso preciso e
organizado da atividade mental”.
A criança já apresenta sinais da atenção voluntária, denominada
por Pavlov de
“reflexo de orientação”. Entretanto, ao passo que o “reflexo de
orientação” tem origem
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biológica, a atenção voluntária é um ato social formado da interação
da criança com o
meio.
As estruturas cerebrais envolvidas na organização da atenção
são: formação
reticular, sistema límbico e lobos frontais. Existem alguns testes que
podemos utilizar para verificar o nível de amadurecimento dessas
estruturas, através de uma avaliação
neuropsicológica.
Psicogênese da atenção:
o Origem: primária ou secundária
o Natureza: biológica, psicológica ou social
o Duração: imediata ou mediata
o Grau de focalização: difusa ou concentrada
o Origem psíquica: involuntária ou voluntária
Patologias da atenção:
o Verifica-se que os autores possuem diferentes terminologias
para designar
tais patologias. Pode-se dizer que, de modo geral, elas vão desde
uma
incapacidade total de percepção dos estímulos (por fatores
neurológicos ou
não) até a superfixação de um estímulo, em detrimento de todos
os outros.
Movimento voluntário
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identificados no córtex humano da seguinte forma: um para a
preparação do movimento e outro para sua execução.
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Linguagem
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distorções. Por exemplo, quando digo “você viu como aquele professor
é um animal?”,
você entende que estou qualificando-o como uma pessoa que sabe
trabalhar muito bem os conteúdos, que conhece os pressupostos
teóricos da matéria e é capaz de relacionarse com os alunos de uma
forma dinâmica e interessante?
Para entendermos bem o que ocorreu aqui precisamos discutir
sobre a “palavra”,
que é o componente básico da linguagem. Um gesto de apontar o dedo
para a direita é
uma palavra (palavra da linguagem gestual), uma placa com um carro
desenhado e uma faixa vermelha por cima é uma palavra (palavra da
linguagem pictórica) e uma palavra, existem tantas aqui, escrita ou
falada é, apesar de redundante, uma palavra. Desta forma “palavra”
procura designar o uso da linguagem oral.
Para esclarecer isto usamos a definição de A. R. Luria (1981) que
define a palavra como uma “matriz multidimensional complexa”. Por
quê? Porque envolve os seguintes
aspectos:
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. São Paulo: Livros
técnicos e científicos,
1981.
BARBIZET, J. Manual de neuropsicologia. Porto Alegre: Artes Médicas,
1985.
STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
2000.
KANDELL, E. R. Fundamentos da neurociência e do comportamento.
Rio de Janeiro:
Prentice-Hall do Brasil, 1997.
BEAR, M. F. , CONNORS, B. W. PARADISO, M. A. Neurociências:
desvendando o
sistema nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
CHANGEUX, J. P. O homem neuronal. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
SANVITO, W. C. O cérebro e suas vertentes. São Paulo: Rocco, 1991.
KAGAN, A. Uma introdução à afasiologia do Luria. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1997.
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