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4º Ano – 1º Semestre
Ano letivo 2020/2021
Docente:
Discente:
4T1E
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Amostra
Instrumento
RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO
Entre o item A12 e o item A31, o Bernardo obteve 10 pontos, aos quais se vão
acrescentar os itens anteriores na prova para obter um resultado bruto (raw score) de 21
pontos, no entanto a partir deste valor, por si só, não se consegue tirar conclusões.
Sem contar com os 5 itens que constituem o teto, o Bernardo errou outros 5 itens
(A17, A18, A21, A22 e A25). Estes, correspondem respetivamente aos seguintes
conhecimentos: Conceito da parte e do todo (informal); representação escrita de
conjuntos até 5 (formal); contagem verbal um a um até 21 (informal); número seguinte:
números de 2 dígitos até 40 (informal) e partição igualitária: Partilha justa de quantidades
discretas (informal). Sendo apenas um dos itens que errou de caráter formal.
Por outro lado, se não contarmos com as 5 respostas corretas que constituem a
base, nem com os itens anteriores na prova que são também cotados como corretos, entre
a base e o teto, o Bernardo acertou 5 itens (A19, A20, A23, A24 e A26). Estes itens
correspondem respetivamente aos seguintes conhecimentos: Escolher o número maior:
comparações numéricas 1 a 5; Escolher o número maior: comparações numéricas 5 a 10;
Enumeração 6 a 10 itens; Contagem verbal decrescente a partir do número 10; Adição
mental: soma do 5 ao 9.
CONCLUSÃO E SUGESTÕES
O Bernardo utilizou a sua fila numérica mental já interiorizada para perceber qual
o número maior e qual o menor, pensando qual vinha antes ou depois na ordem e terá
usado também esta linha para contar de forma decrescente, dado que o menino pensava
primeiro na ordem crescente dos números em voz alta e, de seguida, dizia-os de forma
decrescente.
Aos 5 anos, é esperado por Brissiaud (1989) que as crianças já realizem pequenos
cálculos mentais sem recorrer nem a representações físicas das quantidades, nem à
recontagem. O Bernardo mostra o domínio da adição de pequenas quantidades, pelo
menos do 5 ao 9, fazendo-a mentalmente. O Bernardo utilizou aqui o processo de cálculo
mental, não necessitando de recontar tudo ou utilizar objetos no processo, disse de
imediato uma resposta a partir de um cálculo pensado.
O adulto deve auxiliar a criança neste processo, pode-se trabalhar com a criança
de forma a que ela perceba que no final de uma contagem, o último número representa a
quantidade de objetos que a criança contou, ou seja, que a palavra número tem um duplo
significado. Para além disto, é importante trabalhar com a criança a perceção global das
pequenas quantidades, de modo a que esta consiga dizer a quantidade de pequenas
coleções sem as contar. É da confrontação destes dois modos de tratamento da informação
(perceção visual global e a contagem) que surge a representação numérica das
quantidades, que depois é treinada também de forma escrita. Como sugestão de Brissiaud
(1989), o adulto pode recitar a contagem numérica enquanto a criança aponta para os
objetos correspondentes e pode realizar jogos de dados, dominós, etc. intervindo para
ajudar a criança a perceber o duplo significado das palavras-número que denominam as
constelações. De forma a perceber a representação numérica correspondente à palavra-
número, o adulto pode também utilizar uma fila numérica na parede e pedir à criança para
ir identificando o número à medida que realiza uma contagem, ou ainda, ir buscar uma
quantidade de objetos correspondente ao número desenhado na fila numérica.
Outra dificuldade demonstrada foi a contagem até 21, que pode ser ainda
complicada para crianças nesta idade, salvo as que já pertencem a turmas grandes onde
se conte mais de 21 alunos. É possível que este não seja o caso do Bernardo, dado o
menino revelar dificuldades em todo o género de cálculos, contagens e descobrir o
número seguinte quando tal envolve mais de 2 dígitos. No item A22 é pedido o número
seguinte e o Bernardo poderia não conseguir fazer esta tarefa por ainda não ter uma
perceção de constância do número, no entanto tal é refutado com a resposta correta do
menino ao item A13 (número seguinte:1 a 9). O problema pode, portanto, dever-se a uma
linha numérica mental não tão consolidada e interiorizada a partir do número 10 e/ou
ainda não ter aprendido a mudança de unidade (das unidades para as dezenas). A partir
do número 10 há uma mudança de unidade e é essencial a criança perceber essa mudança
de unidade para compreender a numeração (Brissiaud, 1989).
Brissiaud (1989) sugere que a linha numérica mental seja trabalhada a partir de
uma fila numérica física na parede ou de um calendário. O adulto pode insistir, por
exemplo, na leitura cumulativa da fila numérica. De modo a treinar a mudança de unidade
e fazer a criança perceber que a décima é uma “grande unidade”, a fila numérica pode ter
apenas múltiplos de 5 escritos ou estes estarem destacados de alguma forma, sendo que
antes dos mesmos deve haver 5 “casinhas”, para que a criança perceba que foi um
conjunto de 5 números que foi acumulado (começa a ser percebido que se pode contar de
5 em 5, a partir da acumulação de conjuntos de 5 e assim, mais tarde, poderemos contar
de 10 em 10, acumulando conjuntos de 10, que são as dezenas). Pode também ser
utilizado, por exemplo, o ábaco, a base 10, a adição natural ou os dedos (pedindo dedos
emprestados, cada duas mãos é 1 dez e a criança percebe que pode haver unidades de dez,
ou seja, dezenas). Mais tarde, para treinar e compreender cálculos com números de 2
dígitos, pode também ser utilizado o método, por exemplo, dos “amigos do 10”
(Brissiaud, 1989). Este processo deve, no entanto, ser realizado com calma e
gradualmente, para que a mudança de unidade seja bem compreendida e a linha mental
construída fique bem consolidada com números cada vez maiores.
Clements & Sarama (2011) defendem que é importante uma intervenção a nível
da matemática em crianças dos 3 aos 5 anos, pois este vai predizer o seu sucesso posterior
na educação básica e existem competências a ser desenvolvidas que serão uma fundação
cognitiva para aprendizagens futuras. O conhecimento matemático começa muito antes
das aprendizagens formais e existem meios sociais com menos recursos e menos
oportunidades para matematizar. Desta forma, os educadores e professores devem tomar
em consideração os conhecimentos matemáticos informais das crianças (Clements et al.,
2011). O Tema – 3 avalia este conhecimento informal, definindo-o como o conhecimento
que a criança obteve por vias informais, vias estas, constituídas por interações
espontâneas com o ambiente da criança ao longo das suas rotinas diárias ou na instrução
informal, como a imitação ou interação de/com adultos ou pares e ver programas de
televisão informativos. O teste também avalia conhecimentos formais e define-os como
o conhecimento matemático aprendido na escola e que é relacionado com o conhecimento
informal, é desta relação que surge o significado que a criança dá à informação,
melhorando a sua compreensão.
Baroody, A. J., Bajwa, N. P., & Eiland, M. (2009). Why can’t johnny remember the basic
facts? Developmental Disabilities Research Reviews, 15(1), 69–79.
https://doi.org/10.1002/ddrr.45
Rocha, I., Rodrigues, M., & Menino, H. (2007). Vol2.pdf. In Desenvolvimendo o sentido
do número: Perspetivas e exigências curriculares (1a Edição, p. 65). Gráfica
Torriana.