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Sumário
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NOSSA HISTÓRIA
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A neurociência e a educação
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durante o processo ensino-aprendizagem são estímulos que produzem a
reorganização do sistema nervoso em desenvolvimento, resultando em mudanças
comportamentais.
Figura: Desenho esquemático de um neurônio. Observe o corpo celular que contém o núcleo
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aprendizagem para poderem ter chances de desenvolver as habilidades não
desenvolvidas.
Além dos neurônios, o sistema nervoso é composto por células da glia, que
possuem funções importantes e distintas, como suporte, defesa, auxílio na
transmissão do impulso nervoso, produção de líquor, entre outras. No sistema
nervoso central, além dos 86 bilhões de neurônios, existem 85 bilhões de células da
glia, que são os astrócitos, oligodendrócitos, micróglia e células ependimárias. Estas
células possuem funções variadas e primordiais. Resumidamente, os astrócitos
captam o excesso de neurotransmissores e dão suporte para o estabelecimento dos
neurônios em seus devidos lugares durante o desenvolvimento. Os
oligodendrócitos produzem bainha de mielina, uma substância isolante lipoproteica
que reveste os axônios, facilitando e acelerando a transmissão do impulso nervoso
nos neurônios. A micróglia atua como célula de defesa, enquanto as células
ependimárias produzem o líquor ou líquido encéfalo-espinhal, que reveste todo
nosso sistema nervoso, funcionando como uma barreira mecânica contra impactos.
Todas estas células, sejam elas neurônios ou células da glia compõem o tecido
nervoso, que é a base de construção do encéfalo. O encéfalo humano é um órgão
único, nobre, que juntamente ao cerebelo e tronco encefálico formam o encéfalo. O
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encéfalo é todo o conjunto de estruturas localizadas no interior do crânio. O cérebro
é responsável pelas emoções, raciocínio, aprendizagem, é a sede das sensações e
movimentos voluntários. Ele possui áreas responsáveis por funções específicas e
globais.
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Figura: Lobos cerebrais. Fonte: Netter, 2007.
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Graças à neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais e
da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos educadores,
que aliados a neurociência tem subsídios para a elaboração de estratégias mais
adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, um método de ensino
adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são fatores fundamentais
para que todo esse conhecimento que a neurociências nos viabiliza seja efetivo,
interagindo com as características do cérebro de nosso aluno. Esta nova base de
conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda mais as suas atividades
educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do aprendizado e da transmissão
do saber.
LEMBRE-SE
Cérebro e aprendizagem
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De acordo com a neurociência
LEMBRE-SE
cognitiva, cujo foco de atenção é a
compreensão das atividades cerebrais e dos
A atividade mental estimula a
reconstrução de conjuntos neurais, processos de cognição, a aprendizagem
processando experiências vivenciais
e/ou linguísticas, num fluxo e refluxo de humana não decorre de um simples
informação.
armazenamento de dados perceptuais, e sim
do processamento e elaboração das
informações oriundas das percepções no cérebro. O indivíduo, permanentemente em
busca de respostas para as suas percepções, pensamentos e ações, tem suas
conexões neurais em constante reorganização e seus padrões conectivos alterados
a todo momento, mediante processos de fortalecimento ou enfraquecimento de
sinapses. No cérebro, há neurônios prontos para a estimulação. A atividade mental
estimula a reconstrução de conjuntos neurais, processando experiências vivenciais
e/ou linguísticas, num fluxo e refluxo de informação.
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estruturas cerebrais. Esses diferentes sistemas cognitivos têm como base distintas
operações mentais: uma dada tarefa mental como jogar xadrez, pode ativar diferentes
operações mentais, as quais estão relacionadas a redes neurais de áreas cerebrais
específicas.
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plasticidade cerebral, modifica química, anatômica e fisiologicamente o cérebro,
porque exige alterações nas redes neuronais, cada vez que as situações vivenciadas
no ambiente inibem ou estimulam o surgimento de novas sinapses mediante a
liberação de neurotransmissores. Oferecer situações de aprendizagem
fundamentadas em experiências ricas em estímulos e fomentar atividades intelectuais
pode promover a ativação de novas sinapses.
LEMBRE-SE
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As experiências em sala de aula estimulam reflexões recursivas sobre os
pensamentos, sentimentos e ações, permitindo que a aprendizagem seja concebida
como processo reconstrutivo, envolvendo autor reorganização mental e emocional
daqueles que interagem nesse contexto. Aprender não é somente reconhecer o que,
virtualmente, já era conhecido; não é apenas transformar o desconhecido em
conhecimento. É a conjunção do reconhecimento e da descoberta. Aprender
comporta a união do conhecido e do desconhecido. A memória e a aprendizagem são
fundamentais para a evolução do indivíduo como ser social, pois ultrapassam a
simples apreensão das informações pelo sujeito aprendente, passando a
fundamentar seu pensamento e suas ações. Pensar é, com efeito, um processo, uma
função biológica desempenhada pelo cérebro.
LEMBRE-SE
O cérebro pode ser visto como um sistema dinâmico que tem sua complexidade funcional
subsidiada pela sua interação com outros sistemas nele presentes, não podendo ser
interpretado como depósito estático para o armazenamento de informação.
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dessa maneira que emoção e motivação influenciam a aprendizagem. Os
sentimentos, intensificando a atividade das redes neuronais e fortalecendo suas
conexões sinápticas, podem estimular a aquisição, a retenção, a evocação e a
articulação das informações no cérebro.
Aprendizagem e Educação
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O estudo da aprendizagem une a educação com a neurociência. A
neurociência investiga o processo de como o cérebro aprende e lembra, desde o nível
molecular e celular até as áreas corticais. A formação de padrões de atividade neural
considera-se que correspondam a determinados “estados e representações mentais”.
O ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de conexão sináptica, afeta a
função cerebral. Por certo, isto também depende da natureza do currículo, da
capacidade do professor, do método de ensino, do contexto da sala de aula e da
família e comunidade. Todos estes fatores interagem com as características do
cérebro dos indivíduos. A alimentação afeta o cérebro da criança em idade escolar.
Se a dieta é de baixa qualidade, o aluno não responde adequadamente à excelência
do ensino fornecido.
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hemisférios. A neurociência, psicologia e ciências cognitivas somadas à educação,
trazem novo enquadramento e integração destas áreas do conhecimento.
LEMBRE-SE
Os comportamentos que adquirimos
O cérebro é responsável pelas ao longo de nossas vidas resultam do que
emoções, raciocínio, aprendizagem, é
a sede das sensações e movimentos chamamos de aprendizagem ou aprendizado.
voluntários. Ele possui áreas
responsáveis por funções específicas Aprender é uma característica intrínseca do
e globais
ser humano, essencial para sua
sobrevivência. A educação visa ao
desenvolvimento de novos comportamentos num indivíduo, proporcionando-lhe
recursos que lhe permitam transformar sua prática e o mundo em que vive. Educar é
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proporcionar oportunidades e orientação para aprendizagem, para aquisição de
novos comportamentos. Aprendizagem, por sua vez, requer várias funções mentais
como atenção, memória, percepção, emoção, função executiva, entre outras. E,
portanto, depende do cérebro.
O Sistema Nervoso (SN), por meio de seu integrante mais complexo, o cérebro,
recebe e processa os estímulos ambientais e elabora respostas adaptativas que
garantem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie. A evolução nos
garantiu um cérebro capaz de aprender, para garantir nosso bem-estar e
sobrevivência e não para ter sucesso na escola. A menos que o bom desempenho
escolar signifique esse bem-estar e sobrevivência do indivíduo. Na escola o aluno
aprende o que é significativo e relevante para o contexto atual de sua vida. Se a
“sobrevivência” é a nota, o cérebro do aprendiz selecionará estratégias que levem à
obtenção da nota e não, necessariamente, à aquisição das novas competências.
LEMBRE-SE
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As neurociências são ciências naturais, que descobrem os princípios da
estrutura e do funcionamento neurais, proporcionando compreensão dos fenômenos
observados. A. Educação tem outra natureza e sua finalidade é criar condições
(estratégias pedagógicas, ambiente favorável, infraestrutura material e recursos
humanos) que atendam a um objetivo específico, por exemplo, o desenvolvimento de
competências pelo aprendiz, num contexto particular. A educação não é investigada
e explicada da mesma forma que a neurotransmissão. Ela não é regulada apenas por
leis físicas, mas também por aspectos humanos que incluem sala de aula, dinâmica
do processo ensino aprendizagem, escola, família, comunidade, políticas públicas.
Descobertas em neurociências não se aplicam direta e imediatamente na escola. O
trabalho do educador pode ser mais significativo e eficiente se ele conhece o
funcionamento cerebral, o que lhe possibilita desenvolvimento de estratégias
pedagógicas mais adequadas.
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mecanismos cerebrais envolvidos na aprendizagem podem inspirar objetivos e
estratégias educacionais.
LEMBRE-SE
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esclarecer sobre a relação entre comportamento humano e função cerebral.
(BARROS, et al., 2004).
LEMBRE-SE
determinada área cerebral mostra um déficit cognitivo específico, então essa área
poderá estar envolvida na função cognitiva afetada. O estudo aprofundado de
indivíduos com lesão permite compreender o funcionamento cognitivo normal.
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A pedagogia também tem utilizado dos conhecimentos dos mecanismos
cerebrais envolvidos na aprendizagem. À medida que ocorre maturação e a
especialização das redes neuronais ao longo do desenvolvimento infantil e a
participação das diferentes áreas cerebrais na aprendizagem, o material aprendido,
por exemplo, a alfabetização, influencia a organização cerebral. (MENDONÇA;
AZAMBUJA; SCHLECHT, 2008).
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não deve incidir na questão de como a ciência do cérebro é aplicada à prática
educativa, mas sim naquilo que os educadores precisam saber e como podem ser
informados pela investigação neurocientífica. O ponto de partida para o entendimento
mútuo passa pela utilização de um vocabulário que seja igualmente entendido por
neurocientistas e educadores. Os próprios problemas de investigação devem
responder a questões elaboradas pelo trabalho conjunto de modo a ir de encontro
aos reais problemas que ocorrem nos contextos educativos. Quanto maior for o
diálogo, menos espaço haverá para interpretações erradas, sendo mais esclarecedor
por todas as partes.
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REFERÊNCIAS
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MOURÃO-JÚNIOR, Carlos Alberto; OLIVEIRA, Andréa Olimpio; FARIA, Elaine
Leporate Barroso. Neurociência cognitiva e desenvolvimento humano. Temas em
Educação e Saúde, v. 7, 2011.
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